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Trabalho e Organização Empresarial

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79
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Unidade II
Anteriormente, fizemos uma importante passagem por aspectos políticos, econômicos e sociais 
que resultaram na construção do Estado moderno como o conhecemos hoje, organizado a partir de 
leis que são definidas por representantes da sociedade e executadas pelos três poderes da república: 
Executivo, Legislativo e Judiciário. Foi uma longa caminhada para que parte da humanidade, incluído 
o país em que vivemos, identificasse nessa forma de organização social, econômica e política a mais 
efetiva para a garantia do bem comum, do interesse social, embora seja importante reconhecermos 
que essa forma de organização também tem defeitos e aspectos que necessitam de aprimoramento.
Agora, vamos estudar as diferentes formas de organização do trabalho nas atividades empresariais 
ao longo da trajetória histórica da humanidade, para podermos angariar subsídios para refletir e 
analisar as formas como o trabalho se desenvolve na sociedade contemporânea.
Também vamos trabalhar com aportes teóricos que nos auxiliem a compreender as características 
da sociedade em que estamos vivendo na atualidade, marcada essencialmente pelo uso intensivo de 
tecnologias e inovações, algumas das quais talvez não possam ser comparadas com outros momentos 
já vivenciados pela humanidade.
Nesse momento, temos muito mais dúvidas do que certezas em relação ao futuro do trabalho e 
da sociabilidade que ele constrói, porém, com o auxílio dos estudos que vamos fazer, será possível 
identificar o papel essencial dos assistentes sociais na construção de alternativas para a proteção dos 
trabalhadores e para a garantia da proteção da dignidade humana.
5 DEFINIÇÃO DE TRABALHO: FORMAS DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL 
DO TRABALHO
Nosso objetivo é compreender trabalho e sociabilidade no contexto histórico e na sociedade 
contemporânea e a partir dessa compreensão, refletir sobre a atuação do profissional de serviço 
social. Vamos começar refletindo sobre o que podemos entender por trabalho.
Três definições merecem ser analisadas. A primeira, de Sandroni:
 
Trabalho – um dos fatores de produção, é toda atividade humana 
voltada para a transformação da natureza, com o objetivo de satisfazer 
uma necessidade. O trabalho é uma condição específica do homem e, 
desde suas formas mais elementares, está associado a um certo nível de 
desenvolvimento dos instrumentos de trabalho (grau de aperfeiçoamento 
das forças produtivas) e da divisão da atividade produtiva entre os diversos 
membros de um agrupamento social. Assim, o trabalho assumiu formas 
80
Unidade II
particulares nos diversos modos de produção que surgiram ao longo da 
história da humanidade. Na comunidade primitiva, teve caráter solidário, 
coletivo, ao passo que, nas sociedades de classes (escravista, feudal e 
capitalista), se tornou “alienado” como afirmam os teóricos marxistas. 
O trabalho assalariado é típico do modo de produção capitalista, no qual o 
trabalhador, para sobreviver, vende ao empresário sua força de trabalho 
em troca de um salário. Essa forma de trabalho foi analisada por Marx 
e Engels, partindo do conceito de “valor-trabalho” elaborado por David 
Ricardo e Adam Smith. Segundo esse conceito, o trabalho incorporado ao 
produto é o elemento comum a toda espécie de mercadoria, fenômeno 
que determina as relações de troca. Na análise marxista, a capacidade 
de trabalho recebe a denominação de trabalho abstrato, e sua realização 
prática na produção é o trabalho concreto. A medida para avaliar o 
trabalho concreto, incorporado, é dada pelo tempo social necessariamente 
gasto na produção da mercadoria. E isso, ainda segundo Marx, é dado não 
apenas pelo trabalho individual, mas sobretudo pelo trabalho social, em 
determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas. Elemento 
essencial na medida do valor das mercadorias, o trabalho necessariamente 
social é o eixo em que se estrutura a teoria da mais-valia de Marx 
(SANDRONI, 1999, p. 609).
Repare que a definição de Sandroni utiliza conceitos importantes da teoria marxista que estudamos 
anteriormente. Giddens define:
 
Podemos definir o trabalho, remunerado ou não, como a realização de 
tarefas que envolvem o dispêndio de esforço mental e físico, com o 
objetivo de produzir bens e serviços para satisfazer necessidades humanas. 
Uma ocupação ou emprego é um trabalho efectuado em troca de um 
pagamento ou salário regular. O Trabalho é, em todas as culturas, a base da 
economia. O sistema económico consiste em instituições que tratam 
da produção e distribuição de bens e serviços (GIDDENS, 2013, p. 1006).
 Lembrete
A obra de Giddens utilizada para a transcrição é publicada pela 
editora da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, Portugal, e o texto 
foi mantido no original, ou seja, com o uso da língua portuguesa como 
utilizada naquele país.
Outra definição que podemos considerar para nossas reflexões é de Plácido e Silva, que oferece 
uma visão em sentido jurídico, dado o fato de se tratar de um autor da área de conhecimento do 
direito. Ele define:
 
81
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Trabalho [...] todo esforço físico, ou mesmo intelectual, na intenção de 
realizar ou fazer coisa. No sentido econômico e jurídico, porém, trabalho não 
é simplesmente tomado nesta acepção física: é toda ação, ou esforço, ou 
todo desenvolvimento ordenado de energias do homem, sejam psíquicas, 
ou sejam corporais, dirigidas com um fim econômico, isto é, para produzir 
uma riqueza, ou uma utilidade, suscetível de uma avaliação, ou apreciação 
monetária. Assim, qualquer que seja a sua natureza, e qualquer que seja 
o esforço que o produz, o trabalho se reputa sempre um bem de ordem 
econômica, juridicamente protegido (DE PLÁCIDO E SILVA, 1978, p. 1573).
A noção jurídica de trabalho é importante porque sabemos que as relações de trabalho são 
mediadas por leis que no Brasil estão organizadas na Constituição Federal e na CLT, à qual nos 
referimos anteriormente.
Alguns aspectos relevantes da legislação trabalhista brasileira precisam ser conhecidos.
O direito do trabalho é dividido, para efeitos didáticos, em direito individual e direito coletivo. 
O primeiro regula as relações entre o empregador individualmente considerado e seu empregador; e, o 
segundo, trata da organização sindical, das negociações coletivas, das situações que autorizam a prática 
de greve e da representação das diferentes categorias de trabalhadores.
O artigo 3º da CLT define empregado como toda pessoa física que prestar serviços de natureza não 
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Dependência deve ser entendida 
como subordinação, ou seja, o empregado é toda a pessoa que está sob as orientações profissionais 
de seu empregador.
Empregador é definido no artigo 2º da CLT como a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo 
os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige prestação pessoal de serviço.
Para o direito, o que caracteriza uma relação de trabalho são a comprovada existência dos 
seguintes elementos:
• Pessoalidade: o contrato de trabalho exige uma relação entre empregador e empregado que 
deve ser pessoa física como determina a CLT. O trabalho deve ser desempenhado pela própria 
pessoa física contratada, ou seja, não pode ser substituída por outra.
• Não eventualidade ou habitualidade: esse elemento se refere à continuidade da prestação 
de trabalho pela pessoa física a seu empregador, ou seja, há exigência de que a relação entre 
as partes se prolongue no tempo. Em 2017, a Reforma Trabalhista ocorrida no Brasil regulou a 
existência de trabalho eventual, conforme veremos mais à frente.
• Subordinação: o empregado recebe orientações e diretrizes profissionais do empregador e deve 
cumpri-las na execução do trabalho. Nenhum empregado estará obrigado a cumprir ordens que 
o coloquem em risco ou que ofendam sua integridade física, psicológica ou moral.
82
Unidade II
• Onerosidade: o empregado deve receber salário pelos serviços prestados ao empregador.É um 
direito do trabalhador e um dever do empregador.
• Alteridade: quem assume os riscos do êxito ou fracasso da atividade econômica é o empregador 
conforme estipulado no artigo 2º da CLT. O empregado não pode correr riscos decorrentes da 
atividade econômica, ou seja, sua remuneração não pode estar condicionada ao sucesso 
da atividade empresarial do empregador ainda que, em alguns casos, parte da remuneração possa 
ser paga com repartição dos resultados positivos como acontece no pagamento de comissões pela 
venda de produtos ou serviços. Mas isso não pode ocorrer de forma integral porque, se for assim, 
não estará caracterizada a relação de emprego.
Esses são apontados pelos estudiosos como os principais elementos que caracterizam a relação 
de emprego. Sempre que estiverem presentes, a relação de emprego estará caracterizada, ainda que o 
contrato de trabalho não tenha sido formalizado entre as partes. Não é incomum que as pessoas físicas 
sejam contratadas sem representação do contrato na Carteira de Trabalho e, posteriormente, tenham 
que ingressar na justiça do trabalho para demonstrar a existência do vínculo. A prova da existência do 
vínculo é o mesmo que a prova da existência dos elementos que analisamos anteriormente.
A lei permite a contratação de empregados de formas diferentes como, por exemplo, aprendiz, 
empregado em domicílio, em regime de teletrabalho, empregado doméstico, empregado rural, 
trabalhador temporário, trabalhador avulso, trabalhador eventual, estagiário e trabalhador autônomo.
As novidades implementadas no direito brasileiro pela Reforma Trabalhista de 2017 são:
• Empregado em regime de teletrabalho: o teletrabalho não se resume ao trabalho realizado pelo 
empregado em seu domicílio porque pode ser prestado em outros lugares como, por exemplo, 
em coworking ou espaços de compartilhamento que são criados para que as pessoas possam 
compartilhar os equipamentos necessários para seu trabalho (computadores, impressoras, água, 
luz, sala de reuniões, bancadas de escritório etc.). São muito utilizados na atualidade nos grandes 
centros urbanos, em especial por profissionais que atuam em regime de teletrabalho. O artigo 75-B 
da CLT define teletrabalho como a prestação de serviços preponderantemente fora das 
dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação 
que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Estabelece a CLT que a 
prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato 
individual de trabalho, que especificará, ainda, as atividades que serão realizadas pelo empregado. 
O gestor empresarial deve definir claramente em que condições o trabalho será executado e ficar 
atento para garantir que a lei seja cumprida. É obrigação do empregador instruir os empregados, 
de maneira expressa e ostensiva segundo o artigo 75-E da CLT, quanto às precauções a tomar a 
fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. O empregado em regime de teletrabalho assinará 
termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.
• Trabalhador por tempo parcial: esse regime de trabalho foi modificado pela entrada em vigor da 
Reforma Trabalhista de 2017. O artigo 58-A da CLT, alterado pela reforma, define trabalho em regime 
de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a 30 horas semanais sem a possibilidade de horas 
83
TRABALHO E SOCIABILIDADE
suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a 26 horas semanais, com a 
possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. As férias dos empregados 
em regime parcial serão concedidas em períodos que vão de 12 a 30 dias, a depender do número 
de faltas do empregado durante o período aquisitivo. Os empregados contratados em tempo 
parcial também poderão converter 1/3 do período de férias em abono pecuniário. No tocante às 
horas extras, os trabalhadores em regime de até 30 horas semanais não poderão realizá-las e os 
em jornada de 26 horas poderão realizar no máximo 6 horas extras por semana. De acordo com 
a lei, o salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua 
jornada em relação aos empregados que cumpre, nas mesmas funções, tempo integral. O objetivo 
da lei é garantir a proporcionalidade dos salários entre trabalhadores em regime de tempo integral 
com aqueles em regime de tempo parcial.
• Trabalhador por tempo parcial: é outra modalidade introduzida pela Reforma Trabalhista 
de 2017 e está regulado pelo artigo 443, parágrafo 3º da CLT, que define como intermitente o 
contrato de trabalho no qual a prestação de serviços com subordinação não é contínua, ocorrendo 
com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, 
dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, 
exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. O contrato de trabalho intermitente 
deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, 
que não pode ser inferior ao valor horário do salário-mínimo ou àquele devido aos demais 
empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou 
não. E as obrigações trabalhistas – férias, descanso semanal remunerado, 13º salário – deverão 
ser calculadas proporcionalmente aos dias trabalhados.
• Trabalhador por tempo parcial: não se caracteriza como empregado nos termos do artigo 3º 
da CLT, porque não estão presentes os elementos caracterizadores do vínculo empregatício. 
O autônomo organiza seu tempo da forma como julgar conveniente e não há subordinação 
caracterizada em relação àqueles para os quais presta serviços. O artigo 442-B da CLT, modificado 
pela Reforma Trabalhista de 2017, estabeleceu que a contratação do autônomo cumpridas por 
este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a 
qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. O reconhecimento da qualidade de 
empregado depende da existência de subordinação, e se não estiver presente esse elemento, não 
se caracterizará o vínculo e, consequentemente, a relação continuará sendo com um autônomo.
A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento que deve ser apresentado ao 
empregador mediante contra recibo de entrega, para que sejam realizadas as anotações exigidas por lei, 
tais como data da admissão, remuneração e condições especiais de trabalho. O empregador tem prazo 
fixado por lei para proceder às anotações obrigatórias em qualquer atividade profissional.
O encerramento do contrato de trabalho pode decorrer de vontade do empregador ou do 
empregado e, em ambas as hipóteses, deverá ser aplicado o disposto no artigo 477 da CLT, no 
sentido de que o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência 
Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas 
rescisórias no prazo de 10 (dez) dias contados do término do contrato. Tendo ocorrido o período 
84
Unidade II
de aviso-prévio, contados da data final deste. As verbas rescisórias deverão ser pagas em dinheiro, 
depósito bancário ou cheque visado, em conformidade com o que as partes acordarem. Sendo o 
empregado analfabeto, o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro ou depósito bancário. 
O descumprimento do prazo pelo empregador ensejará a aplicação de multa. Também será de 
10 (dez) dias o prazo para pagamento e entrega de documentos para o recebimento dos 
depósitos fundiários e seguro-desemprego, a contar do término do contrato ou da data final 
do aviso-prévio, caso este tenha sido cumprido.
A Reforma Trabalhista de 2017 introduzida pela Lei n. 13.467, de 2017, determinou que as 
despensas coletivas de empregados não precisam de anuência prévia do sindicato e nem de celebração 
de convenção ou acordo coletivo de trabalho. Nos casos em que a empresa tenha criado Plano de 
Demissão Voluntária (PDV)ou Incentivada (PDI), o pagamento dos valores pactuados pelas partes 
ensejará o valor jurídico de quitação plena e irrevogável de direitos decorrentes da relação de trabalho.
No direito trabalhista brasileiro, a rescisão do contrato de trabalho por decisão do empregador 
ocorre por justa causa ou sem justa causa.
Justa causa é a dispensa que decorre de ato incorreto do empregador, tipificado pela lei e que 
gera a possibilidade de imediata ruptura do contrato de trabalho, mesmo que não seja essa a vontade 
do empregado. Existe um rol taxativo para as hipóteses de aplicação de justa causa, no artigo 482 da 
CLT. A situação concreta ensejadora da demissão por justa causa deverá ser provada pelo empregador 
por meio de documentos, testemunhas ou perícia. A jurisprudência brasileira tem sido firme no 
entendimento de que não basta o empregador formalizar um boletim de ocorrência para que a 
situação que deu ensejo a aplicação de justa causa seja comprovada. É preciso que existam elementos 
complementares de prova como documentos, testemunhas e prova pericial.
A demissão por justa causa só ocorrerá nos termos do artigo 482 da CLT quando estiver provado 
ato de improbidade do empregado (desonestidade, por exemplo); incontinência de conduta ou mau 
procedimento; negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregados e, 
quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial 
ao serviço; condenação criminal do empregado passada em julgado e para a qual não tenha ocorrido 
a suspensão da execução da pena; desídia no desempenho das funções; embriaguez habitual ou 
em serviço; violação de segredo da empresa; ato de indisciplina ou de insubordinação; abandono 
de emprego; ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou 
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; 
prática constante de jogos de azar; perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o 
exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado; prática de atos atentatórios 
à segurança nacional.
Demissão sem justa causa ocorre quando não há mais interesse do empregador em manter o 
vínculo com o empregado, sem nenhuma causa especial ou aparente para isso.
A demissão por justa causa do empregado obriga o empregador ao pagamento de saldo de salário e 
férias vencidas caso haja; e a demissão sem justa causa obriga o pagamento de saldo de salário, férias 
85
TRABALHO E SOCIABILIDADE
vencidas e/ou proporcionais, 13º salário, aviso prévio, depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço mais a multa de 40%, juros e correção monetária.
A rescisão do contrato de trabalho pode ocorrer, ainda, por acordo entre empregado e empregador; 
quando o empregado pedir demissão; ou, ainda, quando ocorrer a rescisão indireta, nos casos em que o 
empregado puder comprovar a falta grave do empregador em relação aos deveres que havia assumido.
A área denominada direito coletivo do trabalho é aquela que regula os acordos ou convenções 
coletivas de uma determinada categoria de trabalhadores, direito de greve para as diferentes 
categorias de trabalhadores, negociação coletiva de salários, organização sindical e direito de greve, 
entre outras possibilidades.
Os sindicatos são associações de pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de proteger interesses 
coletivos e individuais de seus membros. A Constituição Federal brasileira determina em seu artigo 8º 
que é livre a associação profissional ou sindical, mas ninguém será obrigado a se filiar ou a se 
manter filiado.
Na atualidade, também a contribuição sindical é ato de vontade do empregado, nos termos do 
artigo 545 da CLT. Essa contribuição chamada de imposto sindical era obrigatória, mas passou a ser 
facultativa por força da chamada Reforma Trabalhista.
A Constituição Federal proíbe que seja criado mais de um sindicato representando a mesma 
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial. A base territorial, por sua vez, não 
poderá ser inferior à área de um município.
A atuação dos sindicatos e demais formas de representação profissional dos empregados é 
fundamental na elaboração de convenções ou acordos coletivos de trabalho, pois em conformidade 
com o artigo 611 da CLT, as convenções e acordos coletivos podem prevalecer sobre a lei quando 
dispuserem sobre alguns temas muito importantes previstos na própria lei, tais como pacto quanto à 
jornada de trabalho; banco de horas anual; intervalo interjornada, respeitado o limite mínimo de 
trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; plano de cargos, salários e funções compatíveis 
com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como 
funções de confiança; regulamento empresarial; representante dos trabalhadores no local de trabalho; 
teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho intermitente; remuneração por produtividade, incluídas 
as gorjetas percebidas pelo empregado e remuneração por desempenho individual; modalidade de 
registro de jornada de trabalho; troca do dia de feriado; enquadramento em grau de insalubridade; 
prorrogação da jornada de trabalho em ambientes insalubres sem prévia licença das autoridades do 
Ministério do Trabalho; participação nos lucros da empresa, entre outras estabelecidas na lei.
As negociações ou acordos coletivos geram normas coletivas para atender as necessidades 
específicas de cada categoria profissional. Assim, empregadores e empregados devem participar das 
negociações coletivas com propósito de buscar bons resultados construídos em conjunto.
86
Unidade II
A Constituição Federal assegura o direito de greve cabendo aos trabalhadores decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devem defender por meio da greve. Essa 
determinação do artigo 9º da Lei Maior do país destaca a responsabilidade pelo uso desse poderoso 
instrumento que é a greve.
Determina a Constituição Federal que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá 
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade durante o período de greve da 
categoria profissional. Determina a Constituição Federal que os abusos cometidos sujeitam os 
responsáveis às penas previstas na lei.
De seu lado, os empregadores deverão ser igualmente responsáveis nas práticas de lockout, palavra 
em inglês que significa bloqueio e que expressa nos termos da CLT a suspensão dos trabalhos por 
determinação dos empregadores nos termos do que dispõe o artigo 722 daquela norma. A prática de 
lockout está sujeita à prévia autorização do tribunal competente e se for efetivada sem ela, sujeitará o 
empregador a sanções. Também incorrerão em sanções os empregadores que se recusarem a cumprir 
as decisões do dissídio coletivo.
A Constituição Federal e a CLT são aplicadas no território nacional por todas as empresas, 
nacionais ou de capital internacional. Além disso, o Brasil possui justiça especializada em área do 
direito do trabalho, composta de magistrados singulares e tribunais regionais, com decisão colegiada 
de desembargadores. Há, ainda, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), com sede em Brasília, que julga 
em última instância os processos judiciais.
Essa organização atende a determinação da Constituição Federal de garantir acesso à justiça 
como direito fundamental de todos.
Ao longo da história, as empresas utilizaram diferentes as formas de organização do trabalho e 
isso, com certeza, repercutiu diretamente nas relações de trabalho.
Vamos conhecer as formas de organização da produção econômica mais estudadas para podermos 
analisar suas características, o impacto para os trabalhadores e para podermos comparar com aquelas 
que são utilizadas na atualidade.
5.1 Formas de organização empresarial
A Revolução Industrial não foi um evento único. Ao contrário, teve diferentes fases e, na atualidade, 
os pesquisadores do tema convergem para a existência de pelo menosquatro fases.
A Primeira Revolução Industrial teria ocorrido entre 1760 e 1830, sempre de forma aproximada porque 
não há delimitação peremptória para fenômenos sociais e econômicos como a mudança na produção. 
A Primeira Revolução Industrial teve início com a invenção da máquina mecânica a vapor e sua utilização 
na indústria têxtil. O carvão era a principal matriz energética, era empregado no setor de transporte, 
de mercadorias e de pessoas, tem início a utilização das estradas de ferro, que resultaram em ganho de 
tempo e ampliação da distribuição dos produtos.
87
TRABALHO E SOCIABILIDADE
A Segunda Revolução Industrial ocorreu no período entre 1830/1850 a 1950 e foi marcada por 
métodos de produção que utilizavam metalurgia, siderurgia e química, o que foi uma mudança 
significativa em relação às tecnologias utilizadas até então. As máquinas passaram a utilizar matriz 
energética do petróleo e elétrica, o que viabilizava a formação de industriais de grande porte que 
ocupavam muito espaço e produziam em série, viabilizando a produção de grande quantidade 
de produtos.
A Terceira Revolução Industrial ocorreu na segunda metade do século XX e se estendeu até o 
final do mesmo século. Foi marcada pela utilização dos conhecimentos de informática e robótica na 
produção industrial e pela utilização dos recursos da rede mundial de computadores, mais conhecida 
como internet. A produção também adquire novas características com a produção por demanda, na 
medida exata da necessidade do mercado, de forma a não incorrer nos efeitos negativos da sobra 
de produção.
Finalmente, a Quarta Revolução Industrial ou a Indústria 4.0 é o momento em que estamos vivendo. 
Um marco histórico importante desse novo período foi a Feira de Hannover, considerada a principal feira 
industrial do mundo, que em 2011 apresentou novos modelos de produção, automatizados e inteligentes, 
para os quais a presença física dos empregados seria necessária apenas para gerenciar a ação das 
máquinas, e não para operá-las, pois, para isso, elas teriam autonomia. Além disso, a Quarta Revolução 
Industrial se caracteriza pelo uso intensivo e essencial da internet, de tecnologias como a inteligência 
artificial e máquinas que conseguem aprender a partir da análise de quantidades gigantescas de dados 
armazenados e disponibilizados para utilização delas.
A Indústria 4.0 é totalmente automatizada na linha de produção, no atendimento de consumidores, 
com sistemas totalmente informatizados e que demandam a utilização de menor número de pessoas.
Figura 19 
88
Unidade II
Quais impactos a Revolução 4.0 tem causado para os trabalhadores? Como está sendo organizado 
o mundo do trabalho a partir da implantação maciça da tecnologia, inclusive substituindo humanos 
por braços robóticos?
A) 
B) 
Figura 20 
Antes de construirmos essa análise, vamos conhecer algumas diferentes formas de organização 
empresarial utilizadas ao longa da história e apreender como elas impactaram nos trabalhadores. 
Em seguida, vamos começar a analisar o mundo do trabalho na atualidade e seu impacto na vida dos 
trabalhadores e nas relações sociais.
A primeira forma de organização empresarial ou industrial mais conhecida e estudada foi 
chamada de modelo fordista ou, simplesmente, fordismo. Foi criada por Henry Ford, fundador da Ford 
Motor Company, empresa norte-americana criada em 1914. Esse sistema foi utilizado por grande 
parte das indústrias no século XX, especialmente entre os anos 1920 e 1970, tornando-se bastante 
conhecido e estudado.
89
TRABALHO E SOCIABILIDADE
As principais características do método fordista de produção industrial são:
• produção em massa, produzir cada vez mais com menor custo e aumento de lucro;
• trabalho em linhas de montagem automatizadas, modelo de esteiras rolantes, com processos de 
produção padronizados que permitiam a aceleração da produção e o barateamento dos custos;
• trabalhadores especializados em uma única atividade e que não conhecem o processo integral de 
produção e, em consequência, aceleração da produção e alienação do trabalhador;
• produção acelerada viabiliza menor tempo para o produto chegar ao mercado de consumo.
Henry Ford, para criar seu método de organização de produção industrial, utilizou conceitos 
e princípios de Frederick Taylor, norte-americano, engenheiro, que escreveu importante obra 
denominada Os princípios da administração científica, publicada em 1911. Taylor viveu no período 
entre 1856 e 1915 e influenciou de tal forma os modelos de produção do século XIX que é reconhecido 
como o pai da administração científica. Suas reflexões são construídas em um momento histórico em 
que a indústria norte-americana teve forte aceleração de crescimento e, em consequência, surgiu a 
necessidade de organizar adequadamente a produção para que ela tivesse eficiência, o que significa 
menores custos, maior celeridade e rápida distribuição para o mercado de consumo.
Taylor tinha uma grande vantagem para construir suas análises e estudos: ele havia começado 
sua vida profissional como operador de máquinas e cursou engenharia no período noturno. Pode, 
portanto, aliar a experiência prática com o conhecimento científico, o que viabilizou as propostas do 
que, mais tarde, seriam conhecidas como sistema taylorista ou, simplesmente, taylorismo.
As principais características do taylorismo são:
• utilizar sempre métodos científicos testados no processo de produção e abandonar os métodos 
empíricos e improvisados;
• selecionar os trabalhadores a partir de suas melhores aptidões e treiná-los para desempenhar 
sua tarefa;
• exercer rigoroso controle sobre o trabalho executado para verificar se estão sendo atendidas as 
regras determinadas;
• criar uma disciplina para a execução do trabalho, ou seja, etapas que deverão ser rigorosamente 
cumpridas;
• singularizar as funções dos trabalhadores, de forma que cada um execute apenas uma tarefa do 
processo de produção industrial.
90
Unidade II
Ao longo do tempo e com o desenvolvimento de estudos sobre administração, outros princípios 
foram incorporados e criados, porém esses anteriormente mencionados são considerados 
os fundamentais.
Ao analisar os principais aspectos do taylorismo, Andressa de Freitas Ribeiro diz:
 
Alguns autores da economia clássica já vinham pensando sobre estratégias 
de organização e controle do trabalho, mas foi Frederick Winslow Taylor 
quem, nas últimas décadas do século XIX, desenvolveu a ideia de gerência 
científica. Nessas décadas já se verificava um enorme aumento do 
tamanho das empresas, o início da organização monopolista da indústria 
e a intencional e sistemática aplicação da ciência a produção. Taylor e 
com ele o taylorismo surge na cadeia de desenvolvimento desses métodos 
e organização do trabalho. O que Taylor propõe é uma gerência científica 
do trabalho, isso significa um “empenho no sentido de aplicar os métodos 
científicos aos problemas complexos e crescentes do controle do trabalho 
nas empresas capitalistas em rápida expansão” (Braverman, 1987: 82).
Taylor propôs a ideia de uma gerência que criasse, através de métodos 
de experimentação do trabalho, regras e maneiras padrões de executar o 
trabalho. Essas regras padrões seriam obtidas pela melhor equação possível 
entre tempo e movimento. Para Taylor a garantia da eficiência era papel 
fundamental da gerência. Assim, criavam-se métodos padronizados de 
execução que deveriam otimizar a relação entre tempo e movimento. O que 
Braverman (1987) afirma é que sempre existiram métodos experimentais 
aplicados ao trabalho, inclusive, os próprios trabalhadores nas oficinas 
buscavam, através da experimentação, a melhor maneira de realizar o seu 
trabalho, o elemento inovador é que o estudo do trabalho, na perspectiva 
de Taylor, deveria ser feito por aqueles que administram e em favor deles.
A formação de uma gerência capaz de pré-planejar e pré-calcular todos 
os elementos do processo de trabalho estava, então, intimamente ligada 
a uma proposta de intensocontrole do trabalho. Taylor elevou o conceito 
de controle a um plano inteiramente novo quando “asseverou como uma 
necessidade absoluta para a gerência a imposição ao trabalhador da 
maneira rigorosa pela qual o trabalho deve ser executado” (Braverman, 
1987, p. 86). Aqui se localiza uma característica fundamental da gerência 
científica proposta por Taylor, a expropriação do saber do trabalhador, a 
divisão entre execução e concepção (RIBEIRO, 2015, p. 65-79).
A necessidade de controle era justificada em razão da necessidade de aumento do volume 
de produção. Se cada trabalhador realizasse sua atividade na quantidade e no tempo planejados, 
os resultados seriam positivos para toda a produção e, consequentemente, o mercado teria mais 
produtos para consumir e gerar lucro para os industriais. Para os trabalhadores, a tarefa se torna 
91
TRABALHO E SOCIABILIDADE
repetitiva, pouco criativa e opressiva, porque existem metas a cumprir para que a produção alcance 
os resultados planejados.
A principal diferença entre o fordismo e o taylorismo está na utilização de tecnologia que foi 
implantada por Ford em seu processo industrial, principalmente com o sistema de esteiras rolantes. 
Essa tecnologia passou a ditar o ritmo da produção e exigir que os trabalhadores acompanhassem 
rigorosamente a velocidade das máquinas.
 Saiba mais
O inglês Charles Chaplin criou um famoso personagem, Carlitos, que 
é protagonista do filme Tempos modernos, de 1936. O filme é sobre um 
operário, Carlitos, que trabalha em uma fábrica em que sua função é apertar 
parafusos durante todo o período de trabalho. É uma crítica às novas 
tecnologias e aos padrões de trabalho daquele momento histórico. Vale a 
pena assistir e pode ser encontrado em plataformas na internet. Assista:
TEMPOS modernos. Direção: Charles Chaplin. EUA: Charles Chaplin 
Productions, 1936. 87 minutos.
O sistema fordista inspirado no taylorismo é considerado um marco de grande importância da 
Segunda Revolução Industrial. Além da indústria automobilística, foi implantado com êxito na indústria 
têxtil e em vários outros setores de produção econômica, contribuindo de forma significativa para 
o aumento da produção e para o consumo de massa. Por outro lado, é criticado por ter submetido 
os trabalhadores a um processo automatizado de trabalho, que favoreceu a alienação e a pouca 
qualificação profissional.
Thomaz Wood Júnior:
Neste novo sistema, o operário não tinha perspectivas de carreira e 
tendia a uma desabilitação total. Além disso, com o tempo, a tendência 
de superespecialização e perda das habilidades genéricas passou a atingir 
também os demais níveis hierárquicos.
A Ford procurou verticalizar-se totalmente, produzindo todos os 
componentes dentro da própria empresa. Isto se deu pela necessidade de 
peças com tolerâncias mais estreitas e prazos de entrega mais rígidos, 
que os fornecedores, ainda num estágio pré-produção em massa, não 
conseguiam atender.
A consequência direta foi a introdução em larga escala de um sistema 
de controle altamente burocratizado, com seus problemas próprios e sem 
soluções óbvias.
92
Unidade II
[...] A crise do petróleo dos anos 70 encontrou as indústrias europeias e 
americana num patamar de estagnação. A ascensão de novos concorrentes, 
vindos do Japão, colocou definitivamente em cheque o modelo de 
produção em massa (WOOD JÚNIOR, 1992).
O próximo modelo de produção industrial que vamos estudar é chamado de toyotismo e foi 
criado no Japão a partir da Segunda Guerra Mundial, mais especificamente a partir de 1948. O Japão 
havia participado do conflito mundial ao lado de Alemanha e Itália e, consequentemente, estava em 
situação econômica e política bastante ruim, com dificuldade de importar matéria-prima, produzir 
em grande escala e exportar sua produção. Nunca é fácil ficar ao lado dos perdedores, e essa era a 
situação do Japão naquele momento histórico.
Três profissionais da área da indústria automobilística japonesa estudaram o sistema de 
produção fordista e concluíram que era possível modificá-lo para aumentar a produção e diminuir 
significativamente os custos, grande objetivo que norteava os estudos que eles estavam fazendo. 
Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013) apresentaram seus 
estudos para a fábrica automotiva Toyota que decidiu implementar o sistema.
E quais são os principais aspectos do sistema toyotista de produção industrial?
Eles propuseram um sistema em que a fábrica só produziria se fossem feitos pedidos pelo mercado, 
ou seja, a produção começaria a ser feita apenas quando as concessionárias de veículos apresentassem 
pedidos em razão de vendas já realizadas para consumidores finais. Com isso a fábrica economizaria 
em aluguel de espaços para estocagem de peças e componentes, diminuiria o desperdício e poderia 
aumentar a produção na medida em que as vendas igualmente aumentassem. Parecem ideias simples, 
mas, acreditem, isso fez da Toyota uma das maiores fabricantes de veículos do mundo com exportações 
significativas para vários países, especialmente para os Estados Unidos da América do Norte, onde os 
veículos Toyota se tornaram campeões de venda no setor.
O Toyotismo tem por objetivo a sincronia entre o fornecimento de matéria-prima, a produção 
dos veículos e a distribuição para o mercado consumidor. Seus pontos fundamentais são, portanto, 
rapidez, flexibilidade e pontualidade. Criaram um sistema que ficou conhecido como just-in-time, 
ou seja, “no tempo certo”. Os fornecedores de matéria-prima deveriam concordar em produzir dessa 
forma, sem venda antecipada de grande quantidade de componentes, mas com fornecimento apenas 
no momento da fabricação do veículo
Assim, podemos resumir o sistema de produção toyotista a partir das seguintes características:
• produção a partir da existência de demanda;
• redução dos estoques ou estoques flexíveis;
• diversificação de produtos distribuídos para o mercado;
93
TRABALHO E SOCIABILIDADE
• uso intensivo de tecnologia principalmente na automação das etapas de produção;
• uso de mão de obra multifuncional e qualificada.
Dois aspectos foram determinantes para que o modelo toyotista se tornasse bem-sucedido: 
a utilização de tecnologia de ponta e mão de obra qualificada liderada por profissionais igualmente 
muito qualificados. O trabalho na linha de produção é realizado por equipes e todos são responsáveis 
por monitorar a qualidade do trabalho realizado, do início ao fim do processo de produção. O sistema 
impõe o aprimoramento constante de todas as fases da operação, o que ficou conhecido no mundo 
da administração de empresas do kaizen, palavra que em japonês significa “melhoria contínua”. Essa 
prática kaizen no modelo toyotista não deve ser aplicada somente ao ambiente de trabalho, mas 
também na vida pessoal dos profissionais que devem buscar constantemente melhorar em tudo o 
que fazem. Esse modelo de concretização de melhoria contínua se adaptou muito bem à situação 
econômica, social e política que o Japão vivia no pós-guerra, um país devastado pela destruição 
e pelos problemas econômicos e que precisava muito de alta produção com baixo custo. Por isso, 
o estímulo para que toda a população atuasse de forma a melhorar continuamente tudo o que 
fazia, em especial na produção de bens para o mercado de consumo internacional. Na atualidade, o 
método kaizen é aplicado na administração empresarial em várias partes do mundo e por empresas 
de diferentes portes.
Mas o toyotismo também aplicou um outro princípio que se mostrou bastante relevante: genchi 
genbustu, que pode ser traduzido como “vá e veja”. Esse princípio parte do pressuposto que para 
corrigir um problema ou melhorar um sistema de produção, é preciso recorrer à fonte, ou seja, ir ao 
local, verificar como ocorre, analisar, propor melhorias, aplicá-las e monitorar os resultados. E esse 
processo deverá ser realizado de modo contínuo, constante, para que nunca se perca a oportunidade 
de conhecer os processose suas possibilidades de melhoria. É uma forma de solução de problemas 
que leva em conta a experiência concretamente vivida, ou seja, que obriga que a pessoa esteja no 
local em que a situação concreta acontece, que no caso da produção industrial, é o chamado “chão 
de fábrica”, onde estão os operários e as máquinas.
Para os trabalhadores o toyotismo resultou em redução de postos de trabalho em razão do uso 
intensivo de tecnologia, embora, para os empregados que mantiveram seus empregos, o trabalho 
tenha se tornado menos repetitivo, porque há valorização do trabalho em equipe e do esforço 
de melhoria contínua na produção, que leva à possibilidade de prêmios por metas de produção. 
Na prática, um estímulo para que os trabalhadores trabalhem sempre cada vez mais horas e com 
menor número de postos de trabalho.
A busca de melhoria constante tornou o toyotismo um dos fatores responsáveis pela implementação 
de certificações de qualidade como o ISO, emitido pela Associação Internacional de Padronização ou, 
em inglês, Internacional Organization for Standartizacion, e que são muito utilizados por empresas em 
todo o mundo, inclusive no Brasil.
94
Unidade II
Erika Batista, ao comentar o trabalho do precursor do toyotismo, Taishii Ohno e os desdobramentos 
do método, afirma:
Ohno cristalizou o envolvimento individualizado do trabalhador e o 
compromisso do trabalho em equipe. A apropriação do saber tácito do 
trabalhador também foi sistematizada para padronizar as operações, 
e o princípio de combinar trabalho em equipe e habilidade individual 
proporcionou o desenvolvimento das aptidões individuais até a mais plena 
capacidade. Para isso foi necessário o foco na iniciativa e comprometimento 
dos trabalhadores, juntamente com o envolvimento da gerência na 
operacionalização das tarefas.
A nova lógica impôs aos operários um sistema de gestão total que 
incorporava ao trabalho repetitivo o trabalho multifuncional, intensificando 
a atividade do trabalho e penetrando na “alma” do trabalhador. 
O dispositivo de regulação desta gestão total se deu pela padronização das 
tarefas, que foram otimizadas através do método de kanban.
Este viabilizou a sincronização do just-in-time e autonomização das 
operações, conferindo maior flexibilidade às operações.
A flexibilidade também foi transferida para a força de trabalho, já 
que a operacionalização do kanban deve contar com a iniciativa e 
multifuncionalidade do operário para ser corretamente ajustado e seguido 
a tempo de evitar o desperdício.
Entretanto, a “autonomia” humana deveria ser “capturada” e controlada 
sempre no limite de sua possibilidade de transferência para as máquinas. 
“A mente industrial extrai conhecimento do pessoal da fabricação, dá o 
conhecimento às máquinas que funcionam como extensões das mãos e 
pés dos operários, e desenvolve o plano de produção para toda a fábrica” 
(OHNO, 1997, p. 65).
Junto à gestão participativa se pode conceber também a ideia dos CCQs, 
cuja função era combinar o sistema JIT ao método kanban e por meio da 
apropriação do saber tácito da força de trabalho. Para isso, o rodízio das 
tarefas foi utilizado como técnica bem como a “auto supervisão”.
É importante destacar que mesmo com as novas técnicas de gestão 
sistematizadas na Toyota, os trabalhos parcelados e repetitivos continuaram 
coexistindo com os de caráter multifuncional e pluriespecializado. 
A novidade se deu em aplicar a todos os tipos as formas de controle do 
processo de trabalho, o que ratifica a suposição inicial de que existe uma 
continuidade nos três métodos de organização do trabalho, continuidade 
com sofisticação, e não superação, daí estas formas serem sociais, e não 
restritas ao espaço de trabalho (BATISTA, [s.d.], p. 10).
95
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Como podemos observar nos sistemas de produção estudados que são considerados os mais 
relevantes e, em outros adotados ao longo desse mesmo período histórico estudado aqui, é que a 
prioridade sempre está na produção para o mercado com resultado de lucro para os investidores; e, em 
contrapartida, o valor do trabalho e do salário é tratado como custo que, necessariamente, precisa ser 
administrado para estar sob controle e não interferir demasiadamente no preço final ao consumidor.
 Lembrete
O volvismo é uma forma de organização empresarial bastante 
mencionada nos estudos sobre o tema.
O processo de globalização ocorrido com o fim da Guerra Fria, final dos anos 1980 e início da 
década de 1990, aprofundou o que podemos chamar de mercantilização da vida, com a criação 
de cada vez maiores necessidades de consumo, impossibilidade de produção individual ou familiar 
porque os custos se tornariam muito incompatíveis com os das grandes indústrias e, portanto, sem 
nenhuma chance de concorrência.
Para os países economicamente mais fortes e que ocuparam o centro da produção mundial a partir 
da globalização, a produção é abundante, tecnológica porque existem recursos para investimento – 
acesso ao crédito, por exemplo –, e dimensionada para redução de custos, o que inclui, muitas vezes, 
utilizar mão de obra mais barata em outros países que estão à margem na escala da economia 
mundial, não ocupam o centro de poder econômico e por isso mesmo são chamados de periféricos.
Na atualidade e já há algumas décadas, não é incomum que empresas de capital norte-americano 
se instalem em países periféricos para que a produção seja mais barata, especialmente em razão do 
valor pago para a mão de obra. Isso obriga o trabalhador a se dedicar mais horas ao trabalho para 
poder ganhar um pouco melhor; ou, em determinadas categorias, como saúde, segurança privada, 
limpeza e educação, a trabalhar em vários empregos para poder somar rendimentos que viabilizem 
uma vida digna.
Há verdadeira patrimonialização da força de trabalho, o que modifica profundamente as relações 
sociais. Para poder ganhar o suficiente, o trabalhador aumenta o número de horas de trabalho, 
mora mais longe do trabalho para pagar mais barato pela moradia, gasta bom número de horas em 
deslocamento especialmente nos grandes centros urbanos e, mesmo assim, não consegue garantir 
empregabilidade, consumo de todos os itens necessários e nem tão pouco qualidade de vida.
Isso repercute na saúde e na segurança do trabalhador ao mesmo tempo que enfraquece o poder 
de negociação dos sindicatos, em vista do temor de redução do número de postos de trabalho. 
Além disso, o sistema globalizado coloca os países periféricos à mercê do movimento do capital que 
ocorre nos países do centro do poder econômico. Por isso, quando um país de economia forte como 
Estados Unidos ou Alemanha, por exemplo, vivenciam uma crise econômica, os países da periferia 
sofrem muito mais porque aumentam as taxas de juros, falta capital para o crédito e consequentemente 
para os investimentos, há redução dos postos de trabalho e aumentam os índices de desemprego.
96
Unidade II
As crises no modelo capitalista são cíclicas e a cada nova crise ocorrem episódios de retração da 
empregabilidade, achatamento salarial e novas exigências para a obtenção de vagas de trabalho – 
experiência, estudo, capacitação técnica –, que nem sempre são acessíveis a todos.
Nas últimas décadas, as relações sociais, econômicas e políticas têm sido fortemente modificadas 
pelo uso das tecnologias de informação e comunicação e pela intensificação das tecnologias digitais.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a chamada sociedade de informação ou sociedade 
tecnológica, que é o período histórico em que vivemos, e refletir sobre as mudanças que ela tem 
trazido para as relações sociais e de trabalho.
 Observação
Indústria 4.0 é o nome utilizado para caracterizar a produção 
econômica no mundo contemporâneo, em que há intensa utilização 
de novas tecnologias, disrupção em relação a processos produtivos 
anteriormente utilizados.
6 TECNOLOGIA, SOCIEDADE E PRODUÇÃO ECONÔMICA
Com toda certeza, você já deve ter ouvido ou lido que vivemos na atualidade em uma sociedade 
de informação.Essa afirmação é repetida na imprensa, nas redes sociais, no ambiente escolar e 
profissional com frequência, mas, acredite, nem sempre quem afirma que vive em uma sociedade 
de informação sabe exatamente o que isso significa, ou, pelo menos, tem uma noção precisa das 
múltiplas possibilidades contidas nessa afirmação.
Também é certeza que você já ouviu por inúmeras vezes as palavras que se tornaram parte do 
nosso vocabulário de alguns anos para cá: informação, big data, inteligência artificial, machine 
learning, sociedade em rede e, mais recentemente, nosso vocabulário ficou repleto de expressões 
como fintechs, insurtechs, sandbox, bitcoins, criptomoedas, entre tantas outras.
Figura 21 
97
TRABALHO E SOCIABILIDADE
São esses elementos que nos fazem ter certeza que estamos, realmente, em um mundo que se 
modifica com rapidez em razão do barateamento e, consequentemente, da utilização em maior escala 
das chamadas novas tecnologias. Essas mudanças estão presentes na nossa forma de falar – com a 
inserção dessas novas expressões como aquelas que utilizamos anteriormente –, em nossa forma de 
nos relacionarmos uns com os outros, na escolha de nossas atividades de lazer e, principalmente, no 
trabalho, área da vida social que passa por significativas mudanças.
De fato, se antes o trabalho era direcionado para a produção de bens para serem consumidos, na 
atualidade, a economia está focada na rentabilidade da utilização de dados de todas as formas, inclusive 
dados pessoais que possam ser utilizados para identificar gostos e vontades dos consumidores e fazer 
chegar a eles de imediato, aquilo que querem consumir.
Dados ou informação se tornaram fonte de riqueza na economia mundial contemporânea. 
Há quem associe os dados com o petróleo e atribua a eles o mesmo valor ou até superior.
Possuir dados, organizá-los de forma objetiva e com vistas ao desenvolvimento de atividades 
econômicas já se tornou objeto de estudo das ciências. É a chamada ciência de dados, que hoje 
já é curso superior em muitas universidades que formam profissionais capacitados para gerenciar, 
analisar e tratar dados que serão utilizados por diferentes áreas, especialmente no fornecimento de 
serviços para os consumidores.
Todas as atividades econômicas, na atualidade, utilizam dados e as perspectivas é que utilizarão 
em cada vez maior quantidade. A importância dos dados na produção econômica não está restrita às 
atividades de maior porte porque também as atividades mais simples utilizam cada vez mais dados 
e informações.
Ao abastecer o veículo no posto de gasolina, cortar cabelo na barbearia, utilizar a academia para 
exercitar-se, fazer compras no supermercado, levar os filhos na aula de natação, tirar uns minutinhos 
durante o dia para tomar um café com amigos na padaria ou cafeteria preferida, em todos os lugares, 
geramos dados a nosso respeito e recebemos informação dessas atividades. Os cartões de débito e 
de crédito, os cartões de afinidade das lojas e supermercados, nossas consultas e compras na rede 
mundial de computadores, os perfis que criamos em redes sociais, todas essas atividades, que muitas 
vezes executamos sem nos atentar para elas, geram dados e informações que podem ser utilizadas 
pelo setor econômico para nos oferecer produtos e serviços.
Dados e informações são, portanto, um valor para a sociedade em que vivemos e para as 
organizações empresariais que nela se formam. São sistematicamente coletados, organizados e 
muitas vezes, compartilhados.
Esse compartilhamento se tornou comum na sociedade contemporânea, que é também conhecida 
como sociedade em rede, como a definiu Manuel Castells:
Rede é um conjunto de nós conectados. Nó é ponto no qual uma curva 
se entrecorta. Concretamente, o que é um nó depende do tipo de redes 
concretas de que falamos. São mercados de bolsas de valores e suas 
centrais de serviços auxiliares avançados na rede dos fluxos financeiros 
98
Unidade II
globais. São conselhos nacionais de ministros e comissários europeus da 
rede política que governa a União Europeia. [...] A topologia definida por 
redes determina que a distância (ou intensidade e frequência de interação) 
entre dois pontos (ou posições sociais) é menor (ou mais frequente, ou 
mais intensa), se ambos os pontos forem nós de uma rede do que se não 
pertencerem à mesma rede. Por sua vez, dentro de determinada rede os 
fluxos não têm nenhuma distância, ou a mesma distância, entre dois nós. 
Portanto a distância (física, social, econômica, política, cultural) para um 
determinado ponto ou posição varia entre zero (para qualquer nó da rede) 
e infinito (para qualquer ponto externo à rede). A inclusão/exclusão em 
redes e a arquitetura das relações entre redes, possibilitadas por tecnologias 
da informação que operam à velocidade da luz, configuram os processos 
e funções predominantes em nossas sociedades (CASTELLS, 2016, p. 554).
Observe que Castells se refere às redes como processos e funções predominantes em nossas 
sociedades, e sinaliza que as redes estão presentes em todas as formas de organização social 
contemporânea, tanto na área econômica e política que ele menciona no início do texto, como em 
todas as demais que compõem a vida humana, como a social, cultural e física.
Mas Castells afirma ainda mais:
 
Uma vez que as redes são múltiplas, os códigos interoperacionais e as 
conexões entre redes tornam-se as fontes fundamentais da formação, 
orientação e desorientação das sociedades. A convergência da evolução 
social e das tecnologias de informação criou uma nova base material 
para o desempenho de atividades em toda a estrutura social. Essa base 
material construída em redes define os processos sociais dominantes, 
consequentemente dando forma à própria estrutura social.
[...]
Em razão da convergência da evolução histórica e da transformação 
tecnológica, entramos em um modelo genuinamente cultural de interação e 
organização social. Por isso é que a informação representa o principal 
ingrediente de nossa organização social, e os fluxos de mensagens e 
imagens entre as redes constituem o encadeamento básico de nossa 
estrutura social (CASTELLS, 2016, p. 554 e 560).
Se a informação representa o principal ingrediente de nossa organização social contemporânea, 
como afirma Manuel Castells, então podemos avaliar a importância dela para a sociedade em que 
vivemos, considerando o fato de que as informações não param de circular entre as redes de relações 
sociais, econômicas, culturais e políticas, porque esse é o modo de viver do nosso tempo atual.
99
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Os estudiosos têm utilizado a denominação “sociedade de informação” ou “sociedade digital” para 
caracterizar esse período em que vivemos, e isso tem uma explicação histórica.
Figura 22 
Luiz Akutsu e José Antonio Gomes de Pinho nos remetem à história da construção da expressão 
“sociedade de informação”. Afirmam os autores:
 
A informação, não só como conceito, mas também como ideologia, está 
intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do computador durante e 
após a II Guerra Mundial (Kumar, 1997). Dois pontos focais aparecem 
como determinantes para a formação da sociedade da informação: a 
computação e a comunicação, que, por sua vez, são diretamente ligadas 
a “dois objetos tecnológicos”: o microcomputador e a rede Internet (Bell, 
citado por Kumar, 1997).
A teoria da sociedade da informação procura não somente analisar as 
transformações provocadas pelas novas TIs, mas também prever mudanças 
que poderão ocorrer em um futuro próximo. Um dos pressupostos da 
teoria da sociedade da informação é que o advento de novas TIs, ao 
possibilitar o acesso a informações a um maior número de pessoas, com 
maior rapidez e menor custo, não somente aumentaria a oferta de bens 
disponíveis para a humanidade por meio da melhoria do gerenciamento 
dos bens de produção, como também diminuiria os conflitos sociais, ao 
permitir aos cidadãos melhor acesso às informações acerca da gestão dos 
administradores públicos,permitindo-lhes acompanhar as administrações, 
avaliar e escolher melhor seus governantes.
Kumar (1997:212) registra que “a ideia de uma sociedade de informação 
foi elaborada sistematicamente, pela primeira vez, por estudiosos 
japoneses em fins da década de 1960”. Citando como exemplo obras de 
Masuda e Kishida, o autor afirma ainda que “os pensadores japoneses 
figuraram entre os mais ativos proponentes da ideia” (Kumar, 1997:212). 
O mesmo autor avalia, entretanto, que o expositor mais eminente do 
modelo teórico da sociedade da informação foi Daniel Bell, cuja teoria 
100
Unidade II
coloca o computador como o “símbolo principal” e “motor principal” das 
mudanças advindas. Na sua obra O advento da sociedade pós-industrial, 
Bell formulou inicialmente a ideia de uma sociedade pós-industrial: 
“A tese apresentada neste livro afirma que no decorrer dos próximos 
trinta ou cinquenta anos presenciaremos o aparecimento do que designei 
como ‘sociedade pós-industrial’, [...] [que] constituirá uma característica 
primordial do século XXI, nas estruturas sociais dos Estados Unidos, Japão, 
União Soviética e Europa Ocidental” (Bell, 1977:10).
Já nessa obra, Bell (1977:516) deixava implícita a denominação de sociedade 
da informação: “a sociedade pós-industrial é uma sociedade de informação, 
assim como a sociedade industrial é uma sociedade de produção de bens”. 
Em outro trecho da mesma obra, reforça essa denominação: “a sociedade 
pós-industrial representa o aparecimento de novas estruturas e princípios 
axiais: uma sociedade produtora de bens transformada em sociedade de 
informação, ou erudita” (Bell, 1977:538) (AKUTSU; PINHO, 2002).
Repare que os aportes teóricos utilizados por Akutsu e Pinho referem-se, principalmente, a aspectos 
da produção econômica e tecnológica para construírem um conceito de sociedade de informação. 
De fato, a caracterização da sociedade de informação como pós-industrial está relacionada diretamente 
ao modo de produção e os novos elementos que ele requer para se desenvolver.
Assim, as sociedades pós-industriais ou de informação possuem quase sempre e respeitadas as 
diferenças econômicas, sociais e culturais que lhe são particulares, as seguintes características:
• Crescimento do setor econômico de serviços: bancos, seguradoras, financeiras e mais 
recentemente, aplicativos que podem ser utilizados nos mais diversos equipamentos eletrônicos 
como celulares, tablets, notebooks ou computadores pessoais. O setor de serviços se torna tão 
relevante economicamente quando o setor industrial.
• Crescimento rápido das tecnologias de informação (TICs): seja em quantidade como em 
possibilidades de acesso. O mundo contemporâneo tem diferentes possibilidades de acesso à 
informação, seja para captação, armazenamento ou tratamento dos dados, seja para utilização na 
vida pessoal ou profissional. Até os bens, ou coisas, já possuem acesso à internet, como televisões, 
carros, relógios e até alguns modelos de geladeira. Também sistemas de alarme, de iluminação 
que podem ser acessados à distância ou monitorados por seus proprietários. O mesmo acontece 
na área de produção econômica em que muitos dispositivos estão conectados à internet e podem 
ser monitorados e acessados à distância por seus usuários.
• Importância do conhecimento e das práticas criativas: são fundamentais na sociedade de 
informação porque o crescimento das possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos está 
diretamente relacionado com a criatividade de quem trabalha com eles. A maior prova disso são 
os incontáveis aplicativos que surgiram nos últimos anos para finalidades as mais diversificadas, 
inclusive para serviços de intermediação de transporte e hospedagem.
101
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Desse modo, a sociedade pós-industrial ou sociedade de informação ou, ainda, sociedade digital, 
vai aos poucos substituindo a ideia de produção industrial que a humanidade conheceu após os três 
primeiros períodos da Revolução Industrial. Por essa razão, está sendo chamada de sociedade 4.0.
Ana Elizabeth Lapa Wanderley Cavalcanti afirma
 
A ciência, as novas descobertas e as novas tecnologias fazem parte da 
sociedade moderna de tal forma que não conseguimos mais pensar em 
nossas vidas sem o uso de equipamentos eletrônicos, mecanismos digitais 
etc. A vida hoje gira ao redor das tecnologias de informação e conhecimento 
(TICs), muitas das nossas atividades são totalmente mecanizadas. Esta é 
uma realidade, a nosso ver, sem volta. Daqui para frente teremos cada dia 
mais uma novidade tecnológica que iremos acrescentar ao nosso dia a 
dia, seja no trabalho, na nossa residência, na relação com os amigos, com 
nossos médicos, com o governo etc.
Essa nova realidade nos traz muita coisa positiva, o desenvolvimento, o 
progresso, a possibilidade de intercâmbio maior entre os povos, maior 
compartilhamento de informações e descobertas, mas também nos traz 
muita coisa negativa, como por exemplo, mudança de comportamento 
social com o afastamento físico entre as pessoas (as cidades estão 
cada dia mais “virtuais”, fazemos praticamente tudo pela internet, por 
exemplo), circulação maior de informações sem confirmação do conteúdo 
com velocidade recorde, produzindo cada vez mais as chamadas fake 
news (contribuindo até mesmo para um movimento de desinformação 
em massa, já que muitos buscam apenas informações em redes sociais 
na internet), e, até mesmo a violação de direitos personalíssimos como 
é o caso da privacidade com a manipulação de dados pessoais sem a 
segurança e o sigilo adequados.
[...] vemos que essa “revolução tecnológica” que estamos presenciando na 
Sociedade de Informação impacta não somente nossas vidas, mas também 
a estrutura governamental, de poder e, logicamente, o sistema jurídico 
(CAVALCANTI, 2020, p.15).
As abordagens podem ser construídas por diferentes áreas do conhecimento – administração, 
economia, direito –, porém o tema continua sendo da mais alta relevância para todas: como 
compreender as características da sociedade de informação e como avaliar os impactos que ela 
produz nas relações de trabalho e na sociabilidade.
Mais recentemente, a sociedade de informação introduziu em seu vocabulário diário um conceito 
importante que tem sido muito difundido: o big data, ou, em tradução literal, “grande volume de 
dados”. Big data é a forma como estamos nos referindo ao volume gigantesco de dados que são 
produzidos pelas pessoas em seus movimentos diários, seja na atividade profissional ou na atividade 
102
Unidade II
particular. Mesmo quando não temos nenhuma intenção de produzir dados a nosso respeito ou a 
respeito das atividades que exercemos, vamos deixando nossas “pegadas digitais” espalhadas por aí e 
esses dados podem significar algumas vantagens ou grande quantidade de problemas.
Walter Sosa Escudero, economista pela Universidade de Buenos Aires, especialista em estatística 
e econometria teórica e aplicada a questões sociais, professor da Universidade de San Andrés e da 
Universidade Nacional de La Plata, ambas na Argentina, afirma
 
O mais óbvio é dizer que big data são “dados maciços”. Porém na realidade 
se refere a um volume e tipo de dados provenientes da interação com 
dispositivos interconectados, como telefones celulares, cartões de 
crédito, caixas automáticos, relógios inteligentes, computadores pessoais, 
dispositivos de GPS e qualquer objeto capaz de produzir informação e 
enviá-la eletronicamente a outra parte (ESCUDERO, 2019, p. 31).
E o professor argentino provoca nossa reflexão quando afirma:
 
Pensem no que fizeram nas últimas duas horas. Se caminharam com 
o celular, muito provavelmente tenham gerado dados de endereços 
geográficos, isso sem falar no uso do GPS para viajar em um carro. 
Ou mesmo se saíram para correr com seu relógio inteligente que lhes 
informa o ritmo cardíaco e o número de passos. Ou se usaram o cartão de 
crédito, viajaram no metrô, se assistiram Netflix, ou deram um “curtir” em 
uma foto de sua tia no Facebook, semandaram ou receberam um e-mail 
ou se buscaram um par de sapatos na Amazon. Tudo gerou dados.
[...]
A diferença entre uma pesquisa sistemática, como uma pesquisa política ou 
essas que são feitas pelo telefone fixo, os dados de big data são anárquicos 
e espontâneos. Toda vez que abrimos o celular para que um aplicativo 
de GPS nos guia até algum lugar, geramos dados, não com o propósito 
de contribuir para nenhuma pesquisa nem estudo científico, mas para 
evitar o trânsito ou se perder. Quer dizer, os dados não são gerados com o 
propósito de criá-los, como as respostas de uma pesquisa tradicional, mas 
como resultado de uma outra ação: ir a uma reunião, pagar um cartão de 
crédito, entrar em um site da web, etc.
Então, os dados do big data não são mais dos mesmos velhos dados 
(de pesquisas, registros administrativos, etc.), mas sim um animal 
completamente distinto. (tradução da autora) (ESCUDERO, 2019, p. 31).
O professor Escudero parece estar completamente correto. Os dados que produzimos na sociedade 
de informação são diferentes daqueles que produzíamos há 10 anos atrás, quando ainda tínhamos 
103
TRABALHO E SOCIABILIDADE
algum controle de nossos dados, sabíamos onde estavam e podíamos gerenciá-lo. Eram tempos 
razoavelmente recentes, de dez ou vinte anos atrás, mas que tinham uma dinâmica de produção 
e utilização de dados bastante diferente. Quem tinha nossos dados pessoais – nome, endereço, 
número do documento, estado civil, gênero masculino ou feminino, profissão –, era a nossa escola, o 
trabalho, o plano de saúde, o clube, o banco e o cartão de crédito. Na atualidade, nossos dados estão 
em milhares de arquivos que desconhecemos, aos quais não temos acesso e não podemos sequer 
gerenciar a forma como esses dados são acessados por aqueles que têm interesse neles.
Quando fazemos uma pesquisa na rede mundial de computadores sobre um produto ou um serviço 
para o qual temos interesse, por exemplo, uma viagem para a Europa para conhecer Portugal, é muito 
comum que no momento seguinte que acessamos a rede social de nossa preferência, o Facebook ou 
Instagram, comecem a ser veiculadas publicidades sobre passagens aéreas, hotéis e pousadas, pacotes 
de viagem e outras ofertas relacionadas com a pesquisa anterior que havíamos feito. Não geramos 
dados porque desejamos, mas porque na sociedade de informação eles se tornaram importantes para 
quase todas as atividades da vida cotidiana e, principalmente, para a produção econômica.
O que acontece não é um fenômeno, mas o trabalho da inteligência artificial ou dos algoritmos 
programados para organizar dados a partir de uma determinada finalidade.
Segundo explica Lee (2019), os dados produzidos permitem aos programas de computadores 
reconhecer padrões porque fornecem muitos exemplos e como os computadores são máquinas mais 
rápidas e com maior capacidade de armazenamento, o círculo produtivo não tem fim. Quando 
mais dados forem disponibilizados, maior capacidade dos programas para treinar os computadores 
para reconhecimento de símbolos, sinais, imagens, sons e outros.
Assim, a inteligência artificial se beneficia dos dados espalhados nas redes de computadores e se 
tornou possível em razão da criação dos algoritmos que são na expressão de Paulo Victor Alfeo Reis 
(2020), verdadeiro procedimento lógico-matemático, finito de passos discretos, e eficaz na solução de 
um problema ou questão pontual.
Como sequência lógica, finita e definida de instruções que devem ser seguidas para a solução de 
um problema ou execução de uma tarefa, o algoritmo se torna um passo a passo, uma receita ou 
trilha a ser seguida para que o resultado pretendido seja viabilizado. Algoritmo é um processo, um 
fluxograma que viabiliza um resultado que será sempre a decisão para um problema colocado.
Em razão da grande quantidade de dados e da criação dos algoritmos que viabilizam a realização 
de tarefas, a inteligência artificial tornou-se realidade na vida cotidiana e está presente em quase 
todos os momentos, ainda que muitas vezes sequer tenhamos percepção ou consciência disso.
Ela seleciona imagens para vermos, filmes para assistirmos, músicas para ouvirmos, viagens e 
ofertas de produtos e serviços que nos são indicados nas redes sociais; além disso, indica caminhos, 
pilota automóveis, trens e vagões de transporte de pessoas e coisas e, em alguns lugares do nosso 
mundo, já entrega pizzas e produtos adquiridos em lojas on-line.
104
Unidade II
A inteligência artificial auxilia no monitoramento da casa e do trabalho executando ordens e 
colocando tudo para funcionar no modo e no tempo certo. E, por vezes, nos oferece sugestões tão 
perfeitamente adequadas que parece nos conhecer melhor que nós mesmos. Cria uma forma de 
dependência, passamos a desejar que a inteligência artificial organize as informações e os dados e 
nos responda o que precisamos ou queremos saber.
Peixoto e Silva definem inteligência artificial como:
 
[...] é uma subárea da ciência da computação que faz modelagens 
computacionais do comportamento humano. Tal construção se dá 
por iniciativas de modelagem de inteligência, identificando formatos 
comportamentais em determinadas situações e buscando, no computador, 
comportamentos da mesma maneira. A diferença será, destacadamente, sob 
o aspecto técnico, a velocidade e a acurácia (PEIXOTO; SILVA, 2019, p. 71).
E Caitlin Mulholand afirma:
 
Por Inteligência Artificial (IA), entende-se todo sistema computacional 
que simula a capacidade humana de raciocinar e resolver problemas, por 
meio de tomadas de decisão baseadas em análises probabilísticas. A IA 
não substitui o gênio e a criatividade humanos, mas permite o rápido 
processamento de uma vasta gama de informações – dados – que, uma 
vez analisados, levam à possibilidade de tomada de decisão, tanto por 
humanos, quanto pelas próprias “máquinas”. O objetivo do desenvolvimento 
da IA é a aceleração de processos de aprendizado e a otimização de seus 
resultados, visando uma maior eficiência e reduzindo o tempo de análise 
de dados necessários para a tomada de decisão (MULHOLAND, 2019, p. 5).
E tudo pode ser apenas o começo de um novo tempo!
É real a possibilidade de algoritmos efetuarem aprendizagem automática e viabilizarem 
sistemas que aprendem por si mesmos ou, como são usualmente chamados, machine learning. E a 
sequência serão as redes neurais artificiais profundas também chamadas de deep learning, ou seja, 
“aprendizado profundo”.
Todas essas inovações tecnológicas são bem-vindas, trazem muitas facilidades para o nosso 
cotidiano, mas, sem dúvida, também trazem concreta sensação de insegurança e preocupação.
Em relação ao nosso objeto de estudo, trabalho e sociabilidade, a preocupação é bastante 
acentuada porque tudo indica que quanto mais tecnologia for utilizada na produção de bens e 
serviços, menor será a quantidade de postos de trabalho que estarão disponíveis. Além disso, os 
postos de trabalho disponíveis vão exigir capacitação técnica e intelectual dos trabalhadores, o que 
sabemos que nem sempre é possível para todos ou que nem todos os trabalhadores têm acesso à 
educação que os capacite para o trabalho nesse mundo digital e tecnológico.
105
TRABALHO E SOCIABILIDADE
O professor norte-americano Michael J. Sandel, filósofo e professor na Universidade de Harvard, 
nos fornece dados importantes sobre esse tema. Afirma Sandel ao analisar a realidade na sociedade 
norte-americana:
 
Do fim da Segunda Guerra Mundial até os anos 1970, era possível para 
quem não tinha diploma universitário encontrar um bom emprego, 
sustentar a família e levar uma vida de classe média confortável. Isso é 
muito mais difícil hoje em dia. Ao longo das últimas quatro décadas, a 
diferença de renda entre quem tem diploma de ensino médio e diploma 
universitário [...] dobrou. Em 1979, pessoas com formação educacional 
superior recebiam aproximadamente 40% a mais do que quem tinha 
ensino médio; em 2000, recebiam 80% a mais.
Apesar de os anos de globalização terem resultadoem recompensas 
valiosas aos que possuem mais titulações, nada fez para os trabalhadores 
mais comuns. De 1979 a 2016, a quantidade de emprego na indústria dos 
Estados Unidos caiu de 19,5 milhões para 12 milhões. A produtividade 
aumentou, mas os trabalhadores ficavam com uma parte cada vez menor 
daquilo que produziam, enquanto executivos e acionistas capturavam 
uma parte maior. No fim da década de 1970, CEOs de grandes empresas 
estadunidenses lucraram trinta vezes mais do que o trabalhador padrão, 
em 2014, eles receberam trezentas vezes mais (SANDEL, 2020, p. 283).
A diminuição do número de postos de trabalho em um país de industrialização avançada e 
economia central como os Estados Unidos sinaliza para riscos que poderão atingir o mercado de 
trabalho nos países de economia periférica e pouco industrializados, como são quase todos os países 
da América Latina.
Para além da redução de postos de trabalho em função da utilização em larga escala da tecnologia, 
existem sinais de que está ocorrendo uma mudança significativa na produção, seja em relação aos 
objetos de produção, seja em relação aos insumos necessários para que ela aconteça.
Vamos compreender melhor essa mudança no próximo tópico deste estudo.
 Observação
Insumo: cada um dos elementos (matéria-prima, equipamentos, 
capital, horas de trabalho etc.) necessários para produzir mercadorias ou 
serviços (HOUAISS, 2001, p. 1629).
106
Unidade II
7 NOVAS FORMAS DE PRODUÇÃO E TRABALHO: PLATAFORMAS DIGITAIS, 
EMPREENDEDORISMO DIGITAL E NECESSIDADE DE PROTEÇÃO JURÍDICA E 
SOCIAL DO TRABALHADOR
Que expressão pode traduzir melhor o mundo em que vivemos na atualidade? Podemos chamar 
a sociedade contemporânea de:
• Sociedade de informação?
• Sociedade do conhecimento?
• Sociedade de tecnologia?
• Sociedade de dados?
• Sociedade em rede?
Figura 23 
Existem muitas denominações possíveis para serem utilizadas com o objetivo de caracterizar a 
sociedade em que vivemos, as mudanças significativas que a tecnologia tem causado em todos os 
quadrantes da vida em sociedade.
Giddens, importante sociólogo britânico, professor na Universidade de Cambridge, identifica que 
estamos vivendo a economia do conhecimento, e afirma:
 
Alguns observadores sugerem que assistimos hoje à transição para um novo 
tipo de sociedade que já não se alicerça na indústria. Alegam que estamos 
a entrar numa fase de desenvolvimento que vai além da era industrial. 
Tem sido utilizada uma variedade de termos para caracterizar esta nova 
ordem social, como os de sociedade pós-industrial, era da informação e 
107
TRABALHO E SOCIABILIDADE
nova economia. Todavia, a designação mais utilizada tem sido economia 
do conhecimento.
É difícil formular uma definição precisa para economia do conhecimento; 
porém, entende-se geralmente por esta expressão uma economia na 
qual as ideias, a informação e as formas de conhecimento sustentam a 
inovação e o crescimento econômico. Uma economia do conhecimento é 
aquela em que grande parte da força de trabalho está envolvida não na 
produção material ou na distribuição de bens materiais, mas em concepção, 
desenvolvimento, tecnologia, marketing, venda e serviços. Podem 
designar-se esses empregados como trabalhadores do conhecimento. 
A economia do conhecimento é dominada pelo fluxo constante de 
informação e de opiniões, bem como pelo poderoso potencial da ciência e 
da tecnologia. Como observou Charles Leadbeater:
Muitos de nós (trabalhadores do conhecimento) fazemos dinheiro no 
ar: não produzimos nada que possa ser pesado, tocado ou facilmente 
medido. A nossa produção não é armazenada em portos, armazéns ou 
colocada em carruagens de comboio. Muitos de nós ganhamos a vida 
fornecendo serviços, avaliações, informações e análises, seja num centro 
de atendimento, no escritório de um advogado, num departamento 
governamental ou num laboratório científico. Todos estamos no negócio 
do ar rarefeito (1999, vii).
Até que ponto a economia do conhecimento se encontra difundida no 
início do século XXI? Um estudo de 1999 realizado pela Organização para 
a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) tentou avaliar a 
extensão da economia do conhecimento entre as nações mais desenvolvidas, 
através da medição da percentagem da produção total dos negócios de 
cada país que podem ser atribuídos a indústrias baseadas no conhecimento. 
Por indústrias baseadas no conhecimento entende-se em sentido lato a 
alta tecnologia, a educação e a formação, a pesquisa e o desenvolvimento, 
bem como o sector financeiro e de investimentos. As indústrias baseadas 
no conhecimento detinham mais da metade da produção dos negócios em 
meados dos anos 90 no total dos países-membros da OCDE. A Alemanha 
detinha a percentagem elevada de 58,6%, tendo os Estados Unidos, o Japão, 
a Grã-Bretanha, a Suécia e a França contribuído com valores acima de 50%.
Em 2006, The Work Fundantion produziu um relatório para a União 
Europeia com dados respeitantes a 2005. Os autores observaram que 
mais de 40% dos trabalhadores na União Europeia encontravam-se em 
indústrias baseadas no conhecimento, registrando-se as percentagens 
mais elevadas na Suécia, na Dinamarca, no Reino Unido e na Finlândia. 
A educação e os serviços de saúde constituíam o maior grupo, a que se 
108
Unidade II
seguiam os serviços recreativos e culturais. No seu conjunto, estes sectores 
empregavam quase 20% dos trabalhadores na União Europeia. Os serviços 
privados, incluindo os serviços financeiros, empresariais e de comunicação, 
representavam 15%.
Os investimentos na economia do conhecimento – sob a forma de educação 
pública, gastos em desenvolvimento de software e em investigação e 
desenvolvimento – representam actualmente uma parte significativa 
dos orçamentos de muitos países. Reconhece-se que a economia do 
conhecimento permanece um fenómeno difícil de analisar, tanto no 
plano quantitativo como no qualitativo. É mais fácil medir o valor das 
coisas físicas do que ideias, pesquisa e conhecimento » sem peso». É, no 
entanto, inegável o facto de a criação e a aplicação do conhecimento 
assumirem crescentemente um papel central na vida económica moderna 
(GIDDENS, 2013, p. 1042).
O texto anterior foi reproduzido no original em português da forma como se escreve em Portugal 
porque a edição da obra é de uma editora de Lisboa.
Veja que Giddens introduz uma nova possibilidade para caracterizarmos a sociedade contemporânea: 
a economia do conhecimento, embora ressalte que se trata de fenômeno difícil de mensurar.
Sally Burch, jornalista britânica que atua de forma independente e é diretora-executiva da Agência 
Latino-americana de Informação, trabalha com a definição de sociedade de informação e sociedade 
do conhecimento. Ela afirma:
 
Estamos vivendo numa época de mudanças ou numa mudança de época?
Como caracterizar as profundas transformações que acompanham a 
acelerada introdução na sociedade da inteligência artificial e as novas 
tecnologias da informação e da comunicação (TIC)? Trata-se de uma 
nova etapa da sociedade industrial ou estamos entrando numa nova era? 
“Aldeia global”, “era tecnotrônica”, “sociedade pós-industrial”, “era – ou 
sociedade – da informação” e “sociedade do conhecimento” são alguns 
dos termos cunhados com a intenção de identificar e entender o alcance 
destas mudanças. Mas, enquanto o debate continua no âmbito teórico, 
a realidade se adianta e os meios de comunicação escolhem os nomes 
que temos de usar.
Fundamentalmente, qualquer termo que usemos é um atalho que nos 
permite fazer referência a um fenômeno – atual ou futuro – sem ter de 
descrevê-lo todas as vezes; mas o termo escolhido não define, por si só, 
um conteúdo. O conteúdo surge dos usos em um dado contexto social 
que, por sua vez, influem nas percepções e expectativas, uma vez que 
109
TRABALHO E SOCIABILIDADE
cada termo carrega consigo um passado e um sentido (ou sentidos), com 
sua respectiva bagagem ideológica. Era de se esperar, então, que qualquer 
termo que se queira

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