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Babesiose canina É uma doença hemolítica que causa febre, depressão, anemia e icterícia. É transmitida por carrapatos e o agente etiológico são protozoários do gênero Babesia. Tem distribuição cosmopolita (o carrapato está presente no mundo todo). A espécies de Babesia presentes no Brasil são a Babesia vogeli (mais frequente, 90% dos casos) e a Babesia gibsoni (antes elas eram subespécies da Babesia canis, mas com estudos verificou-se que vários aspectos eram muito diferentes, e elas se tornaram espécies). A B. vogeli é uma grande Babesia. É viscerotrópica (tem tropismo por circulação microvascular; isso faz com que se formem micro trombos em capilares de vísceras, gerando quadros de hipóxia e até anóxia disseminada) e é altamente pleomórfica (predominam formas piriformes). A B. gibsoni é menor e menos pleomórfica. Predominam principalmente formas arrendondadas e com cromatina apical. É altamente resistente às drogas usadas no tratamento e é mais patogênica. 1) Transmissão: Vetorial biológica. Carrapato Rhipicephalus sanguineus: Transmissão transovariana (no carrapato, cai na cavidade celomática e infecta os ovários e os ovos, quando a larva eclode ela já está contaminada). Transmissão transestadial (o carrapato é trioxeno, significa que precisa de 3 hospedeiros para completar seu ciclo; o carrapato se infecta em vários estádios de desenvolvimento – se infecta como larva, vai para o ambiente e vira ninfa. Agora quem transmite é a ninfa. Ou se infecta como ninfa e transmite como adulta. Transmissão interestadial: carrapato se infecta e transmite no mesmo estádio de desenvolvimento. Geralmente carrapatos machos pois eles permanecem mais tempo da vida no hospedeiro. Transmissão congênita. Transmissão por transfusão de sangue. **Na Babesia gibsoni não se tem certeza que a transmissão é pelo mesmo carrapato. Tem muita transmissão por mordida de cão, transfusão de sangue e transplacental (isso justifica a sua menor prevalência) 2) Prevalência: No Brasil é uma área endêmica. É mais prevalente em animais adultos (mais tempo de exposição ao ambiente) e mais patogênica em filhotes. A prevalência em Lavras é muito alta. Sempre se deve pensar em Babesiose quando o animal apresentar anemia, apatia, febre e icterícia. 3) Fatores de risco: Presença de carrapatos Animais acima de 1 ano de idade Falta de abrigo Acesso à rua Residência em áreas suburbanas 4) Patogenia É uma doença multivisceral que causa resposta inflamatória e hipóxia disseminada. A forma aguda é menos frequente e está envolvida com cepas de alta virulência. Predomina a forma subclínica e a crônica. Anemia hemolítica imunomediada grave com hemólise intravascular (multiplicação do parasito na célula causando lise) e extravascular (pela eritrofragocitose – macrófagos fagocitam hemácias infectadas). Síndrome do choque hipotensivo: a resposta inflamatória disseminada, caracterizada por grande produção de mediadores inflamatórios (citocinas), promovem estase sanguínea formando micro trombos, que param principalmente em pulmão e cérebro (menores capilares). É mais raro, ocorre geralmente quando as cepas são muito virulentas. Babesiose cerebral: raro. É resultado de doença aguda. Causa alteração no estado de consciência, paresia posterior e tremores musculares (microtrombos cerebrais) Insuficiência renal crônica: deposição de imunocomplexos e clinindros de hemoglobina. Edema pulmonar por lesão vascular: aumentam a permeabilidade endoteliais. Além de tromboembolismo pulmonar. Síndrome respiratória aguda: hipóxia generalizada (em todos os órgãos). A parasitemia é baixa, o que significa que o parasito não costuma aparecer no exame direto porque ele tem tropismo pela microcirculação, permanecendo mais nas vísceras. 5) Sinais Clínicos PI: 7 a 14d. Sinais inespecíficos: anorexia, febre, apatia, petéquias e epistaxe (causa distúrbios de coagulação), esplenomegalia. Em casos graves (aguda): IRA, síndrome respiratória aguda, síndrome neurológica. Leva a síndrome de disfunção múltipla de órgãos. Prognóstico reservado. 6) Patologia Clínica Hemograma: anemia regenerativa e trombocitopenia (é só indicativo, NÃO É DIAGNÓSTICO!). Bioquímica sérica: hiperbilirrubinemia Urinálise: hemoglobinúria e proteinúria. 7) Diagnóstico Parasitológico: esfregaço de ponta de orelha, cauda ou coxim plantar. **o esfregaço pode ser esfregaço interrompido. Pode facilitar. Sorológico: RIFI principalmente para caracterização epidemiológica. Molecular (PCR) Necropsia: esplenomegalia, edema pulmonar, microtrombos 8) Diferencial: Erliquiose canina, Trombocitopenia ciclina canina (Anaplasma platys) 9) Tratamento Para Babesia vogeli: diprionado de imidocarb; diaceturato de diminazeno Para Babesia gibsoni: muito resistente a quimioterapia. Fazer tripla combinação: clindamicina, diaceturato de diminazeno e diprionato de imidocarb. **pode entrar com glicocorticoide para diminuir a repostas inflamatória (a anemia é imunomediada). 10) Prevenção Controle dos vetores: uso de acaricidas. Ex. Nexgard, Seresto, Bravecto. Inspeção sistemática do animal a cada 7 dias a procura do carrapato (ciclo do carrapato dura em média 7 dias).
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