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Consulta do adolescente

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Consulta do adolescente 
Vitória Araujo T7 
 
Considerações iniciais 
- Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adolescência 
compreende o período de vida entre 10 e 20 anos incompletos, 
caracterizado por importantes transformações físicas (crescimento 
como um todo e surgimento da puberdade, evidenciada pelos 
caracteres sexuais secundários) reorganização psíquica, 
peculiaridades afetivo-sexuais, comportamentais, socioculturais, 
espirituais. 
-É importante, pois, ressaltar que os adolescentes compõem um grupo 
heterogêneo de indivíduos, necessitando de um olhar atento às 
diferenças individuais. 
-Em qualquer situação, de rotina ou de emergência, a consulta deve 
ser cordial para que os pacientes se percebam valorizados e também 
participativos, exercendo sua proatividade. 
-O pediatra deve, pois, atuar enquanto mediador, apaziguando 
conflitos e dirigindo-se ao adolescente de forma empática, assertiva e 
sincera, para esclarecer dúvidas e orientar, estendendo suas ações aos 
familiares. 
-É preciso que fique claro ao jovem que nada será tratado com seus 
pais/responsáveis sem que ele seja informado previamente, mesmo 
quando é preciso romper o sigilo. 
-Segredos íntimos próprios da adolescência não requerem quebra de 
sigilo, havendo necessidade de informar se houver riscos à saúde ou 
integridade de vida do cliente ou de terceiros. 
-O pediatra deve abordar com visão global, sendo a consulta 
composta das seguintes etapas: Anamnese, Exame Físico, Orientação, 
Medicalização e Encaminhamento, se necessário. 
 
 
 
 
 
Anamnese 
 
-Esse momento da consulta implica coletar informações sobre o 
paciente, familiares e o ambiente onde vive. 
-Necessita ser ampla e abordar os aspectos físicos, psíquicos, sociais, 
culturais, sexuais e espirituais. 
-Momentos da anamnese 
 
 
è Primeiro momento da anamnese: adolescente e familiares 
juntos: 
 
 
� Tópicos a serem abordados 
1. Motivo da consulta – nem sempre é uma patologia, mas 
uma situação ou agravo 
2. Histórico da situação atual e pregressa do paciente, 
incluindo agravos e doenças; 
3. Estado vacinal 
4. Dados da gestação, parto e condições de nascimento, e peso 
ao nascer; 
5. Hábitos alimentares 
6. Condições de habitação, ambiente e rendimento escolar, 
exposição a ambientes violentos, uso de tecnologia da 
informática (tempo em celular, games, computador); 
7. História familiar – refere-se à configuração, dinâmica e 
funcionalidade: 
8. Dados sobre o sono, lazer, as atividades culturais, 
exercícios físicos, religião. 
è Segundo momento da anamnese: a sós com o adolescente 
� Deve ocorrer em ambiente sigiloso 
� Tópicos a serem abordados 
1. A percepção corporal e autoestima; 
2. Relacionamento com a família, ocorrência de conflitos; 
3. A utilização das horas de lazer, as relações sociais; 
4. Espaços por onde o adolescente transita e mantém 
relacionamentos Crenças e atividades religiosas; 
5. Investigar situações de risco e vulnerabilidade a que os 
adolescentes se expõem: 
6. Aspectos relacionados aos comportamentos sexuais, gênero 
e orientação sexual saúde reprodutiva 
7. Ocorrência de acidentes, submissão a violências; 
8. Tempo de exposição às telas digitais – celulares, 
notebooks, televisão e videogames. 
è Terceiro momento da anamnese: com os pais /responsáveis 
� Orientá-los sobre as hipóteses diagnósticas percebidas; 
� Explicações sobre as condutas terapêuticas a serem tomadas. 
Abordagem HEEADSSS na anamnese (AADDOLESSE) 
-Sistema de avaliação criado por Berman HS em 1971, que 
contempla diferentes aspectos de vida dos adolescentes 
-HEADSS (significando cabeça em inglês) 
-Cada letra da sigla corresponde a uma área a ser avaliada: 
è H (home) lar 
è E (education/employment) educação 
è A (activities) atividade com pares 
è D (drugs) drogas 
è S (sexuality) sexualidade 
è S (suicide/depression) suicídio e depressão. 
 
 
Exame físico 
-Deve ser realizado com a máxima discrição e a sua explicação 
prévia do passo a passo é importante para tranquilizar e diminuir 
temores. 
-O exame físico também funciona como boa oportunidade de o 
profissional abordar temas educativos: p.ex. a orientação do 
autoexame das mamas, avaliação do genitais e pilificação, etc 
-Aproveitar o momento após o exame físico e esclarecer sobre o uso 
de preservativo (masculino e feminino) e dos contraceptivos para a 
prevenção de gravidez, enfatizando a dupla proteção (uso do 
preservativo associado a outro método contraceptivo). 
-Roteiro: 
è Devem ser avaliados ou examinados: 
1. Aspectos gerais (aparência física, pele hidratada, 
eupneico, normocorado, etc.); 
2. Peso, altura, índice de massa corporal (IMC)/idade e 
altura/idade 
3. Pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma 
vez/ano e compará-las às curvas de pressão arterial para 
idade) 
4. Acuidade visual com escala de Snellen. (normal 20/20) 
5. Estado nutricional; 
6. Tireoide, cavidade oral, otoscopia; 
7. Coluna Vertebral e postura; 
8. Exame neurológico e mental (sumários); 
9. A genitália deve ser avaliada ao final do exame físico 
10. Maturação sexual - utilizar critérios de Tanner 
(masculino e feminino), orquidômetro para avaliar o 
volume testicular. 
M na escala de Tanner 
• M1 - mama infantil. 
• M2 (8-13 anos) - fase de broto mamário, com elevação 
da mama e aréola como pequeno montículo. 
• M3 (10-14 anos) - maior aumento da mama, sem separação dos 
contornos. 
• M4 (11-15 anos) - projeção da aréola e das papilas para formar 
montículo secundário por cima da mama. 
• M5 (13-18 anos) - fase adulta, com saliência somente nas papilas. 
P – Feminino - Tanner 
• P1 - fase de pré-adolescência (não há pelugem). 
• P2 (9-14 anos) - presença de pêlos longos, macios e ligeiramente 
pigmentados ao longo dos grandes lábios. P3 (10-14,5 anos) - pêlos 
mais escuros e ásperos sobre o púbis. 
• P4 (11-15 anos) - pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é 
consideravelmente menor que a do adulto. 
• P5 (12-16,5 anos) - pelugem do tipo adulto, cobrindo todo o púbis 
e a virilha. 
P- Masculino - Tanner 
• P1 - fase de pré-adolescência (não há pelugem). 
• P2 (11-15,5 anos) - presença de pêlos longos, macios e 
ligeiramente pigmentados na base do pênis. 
• P3 (11,5-16 anos) - pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis. 
• P4 (12-16, 5 anos) - pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é 
consideravelmente menor que a do adulto. 
• P5 (15-17 anos) - pelugem do tipo adulto, estendendo- se até a 
face interna das coxas. 
G – Escala de Tanner 
• G1 (9,5-13,5 anos) - pré-adolescência (infantil). 
• G2 (10-13,5 anos) - crescimento da bolsa escrotal e dos 
testículos, sem aumento do pênis. 
• G3 (10,5-15 anos) - ocorre também aumento do pênis, 
inicialmente em toda a sua extensão. 
• G4 (11,5-16 anos) - aumento do diâmetro do pênis e da glande, 
crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele escurece. 
• G5 (12,5-17 anos) - tipo adulto. 
 
Direito de adolescentes à atenção integral à saúde 
-Atenção em toda a rede de saúde 
-Direito à realização de testes rápidos para gravidez, HIV e sífilis, 
com acolhimento e aconselhamento. 
 
è Até 12 anos incompletos, a testagem e entrega dos exames 
anti- HIV devem ocorrer na presença dos pais ou 
responsáveis. 
è Após 12 anos, a realização desses exames relaciona-se ao 
princípio da autonomia, assim como a participação do 
resultado a outras pessoas, após avaliação de suas 
condições de discernimento. 
-Os adolescentes têm o direito de receber informações sobre qualquer 
aspecto relacionado com sua sexualidade e saúde reprodutiva. 
-Toda e qualquer exigência, como a obrigatoriedade da presença de 
um responsável para acompanhamento no serviço de saúde, constitui 
lesão ao direito maior de uma vida saudável

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