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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório Motilidade do Intestino delgado • O delgado é a porção mais longa do intestino; • Seu comprimento representa 75% do comprimento total do TGI; • Apresenta 3 segmentos pouco diferenciados histologicamente: - Duodeno (5% do intestino delgado); Parte mais próxima ao estômago. - Jejuno (40% do ID); - Íleo (60% do ID); • As principais funções do ID são digestão e absorção dos alimentos, as quais ocorrem predominantemente no duodeno e jejuno proximal. • Na imagem acima está representada toda a extensão do intestino delgado, chamando a atenção para as microvilosidades, que são as dobras na membrana do ID que vão promover uma maior eficiência na absorção, que é uma das funções essenciais desse compartimento gastrointestinal. Funcionalidade • A motilidade atende 3 funções: 1. Mistura do quimo com as secreções, principalmente no duodeno – que é a região onde vai ocorrer a digestão e a absorção; 2. Renovação do contato do quimo com a mucosa intestinal, que vai otimizar os processos absortivos que ocorrem no intestino delgado. 3. Propulsão do quimo no sentido céfalo-caudal em direção ao cólon. Essa propulsão ocorre por peristalses curtas – de 10 a 12 cm, mas também por um gradiente de pressão luminal decrescente no sentido céfalo-caudal. • Como principal padrão motor do intestino delgado estão as segmentações, anéis de contração da musculatura circular que vão dividir o quimo em segmentos ovais, com alternância das contrações. • As linhas pontilhadas indicam onde a contração vai acontecer. Tipos de movimentos de segmentação • Os movimentos de segmentação podem ser classificados de acordo com a forma que eles dividem o quimo. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório • Movimentos regularmente espaçados, movimentos isolados, movimentos irregularmente espaçados e os regularmente pouco espaçados. As segmentações podem ser propulsivas quando ocorrem em áreas adjacentes de maneira sequencial no sentido céfalo-caudal • Os movimentos de segmentação estão mais envolvidos na mistura do quimo com o conteúdo do intestino delgado. Contudo, as segmentações também podem ser propulsivas, ou seja, empurrar o alimento no sentido do cólon, quando ocorrem em áreas adjacentes de maneira sequencial no sentido cefalo- caudal. • O gráfico apresenta a taxa de segmentação em função do comprimento do delgado. • Percebe-se que o ritmo de segmentação por minuto é decrescente, da mesma forma que a pressão também diminui. • É gerado um gradiente de pressão intraluminal decrescente no mesmo sentido, facilitando a propulsão do alimento. Complexo Mioelétrico Migratório • Nos períodos interdigestivos ocorre o Complexo Mioelétrico Migratório. Ele começa no estômago e vai percorrer toda a extensão do intestino delgado. Esse CMM ocorre em fase com a elevação da motilina plasmática. • A função desse complexo mioelétrico é ¨faxinar¨. Ele vai limpar o intestino delgado e vai prevenir a migração bacteriana para as porções proximais do delgado. • No gráfico é possível observar o registro da atividade contrátil obtida de várias distâncias do ligamento de Treitz, que vai demarcar o início do jejuno. • Após a alimentação a atividade motora passa de intermitente para contínua. • A atividade motora ocorre em função da elevação das concentrações de motilina plasmática, que é um hormônio produzido no sistema gastrointestinal. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório Contração das camadas circular e longitudinal • No ID, as ondas lentas não são capazes de gerar a contração. Só haverá contração quando o potencial de ação for alcançado, que são despolarizações acima de um limiar. • Ocorre a contração das camadas circular e longitudinal. • O TGI possui duas camadas musculares lisas (circular e longitudinal. • No passo 1 se observa a contração da musculatura circular (a segunda camada) atrás do bolo alimentar. • No passo 2 ocorre a contração da musculatura longitudinal à frente do bolo alimentar. • No passo 3, contração das camadas circulares que vão propulsionar o bolo alimentar no sentido céfalo-caudal. Reflexos intestinais do delgado • Reflexo peristáltico: quando o intestino se contrai em resposta à distensão da parede, pela presença do quimo no seu interior. Frente a essa contração na porção mais distal a musculatura vai relaxar. Esse reflexo está sob controle estrito do SNE e depende da integridade dos gânglios intramurais. É conhecido como a lei do intestino. • Reflexo intestinointestinal: ocorre quando há uma distensão de uma região extensa do intestino. Essa região vai se contrair e a musculatura do restante do intestino fica inibida ou relaxada. Abrange todo o comprimento mais extenso do intestino e depende tanto do SNA quanto dos plexos intramurais. • Reflexo gastroileal: consiste no aumento da motilidade do íleo em resposta à elevação da motilidade e secreção gástrica. O estomago e o íleo vão interagir de forma reflexa. As vias neurais não são conhecidas. A gastrina aumenta a motilidade do íleo e relaxa o esfíncter ileocecal. Alterações do estado emocional vão afetar a motilidade do ID. Regulação neural da motilidade e do esfíncter ileocecal • É realizada por fibras parassimpáticas colinérgicas produtoras de acetilcolina e vão estimular a motilidade. • Fibras simpáticas noradrenérgicas produtoras de noradrenalina vão inibir a motilidade. • Normalmente o esfíncter ileocecal está fechado, para evitar o refluxo do ceco. • As peristalses curtas do íleo vão promover o relaxamento desse esfíncter. • A passagem do quimo do íleo para o ceco é lenta, permitindo ao cólon absorver adequadamente água e eletrólitos. • A regulação do esfíncter é efetuada tanto pelo SNE quanto pelos nervos extrínsecos do SNA, também modulada por hormônios. Hormônios gastrointestinais • Os principais hormônios gastrointestinais que vão regular a motilidade do delgado são: - Gastrina, colecistocinina e motilina que vão estimular a motilidade, enquanto a secretina vai inibir. - A insulina eleva a motilidade, enquanto o glucagon diminui. - Noradrenalina, liberada pela suprarrenal, inibe as contrações. - A serotonina e as prostaglandinas estimulam a motilidade do intestino delgado. • Algumas substâncias exógenas vão afetar essa motilidade, alterando não apenas o tempo de trânsito do quimo neste segmento, como também os processos de digestão e absorção de macronutrientes, água e eletrólitos.: Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório - Codeína e opioides diminuem a motilidade, aumentando o tempo de trânsito, reduzindo o volume e frequência da excreção fecal. - Os laxantes reduzem o tempo de trânsito, decaindo a absorção de água e de eletrólitos no ID, que vai gerar um aumento de fluidos acima da capacidade que o cólon pode absorver, desencadeando a diarreia. Alterações patológicas da motilidade do delgado • Existem algumas alterações patológicas que estão relacionadas com a motilidade do delgado: - Pseudo-obstrução idiopática: síndrome que envolve falhas da motilidade intestinal, podendo ocorrer alterações das células musculares lisas ou dos plexos intramurais (mioentérico e submucoso). • A diminuição da motilidade do delgdo pode se dar em diversas condições. A mais comum é o íleo paralítico, que surge após cirurgia abdominais (p.ex. apendicite, pancreatite ou abcessos). É ainda associada a doenças metabólicas, como diabetes melito, ou a efeitos de substâncias,como anticolinérgicos. Motilidade do intestino grosso ou cólon • O cólon difere do ID anatômica e funcionalmente. • Ele é dividido em cólon proximal, que vai compreender a região do ceco e o cólon ascendente; cólon transverso e o cólon distal, que compreende o cólon descendente e o cólon sigmóide. • A musculatura longitudinal no cólon é concentrada em três feixes denominados taenia coli, que ocorrem do ceco até o reto, abaixo dos quais concentra o complexo mioentérico. • A musculatura circular é contínua, do ceco ao canal anal, onde ela se espessa formando o esfíncter anal interno. Porções do intestino grosso ou cólon • O aspecto externo do cólon é bastante diferente do apresentado pelo intestino delgado. • Na figura percebem-se dobras da mucosa; porção cecal, mais próxima do ID; colo ascendente; colo transverso; colo descendente; colo sigmóide; reto; ténia do colo (feixes de musculatura); • O cólon também possui a região chada de Haustra, segmentos ovoides de musculatura circular mais concentrada. Esses segmentos não são fixos, formam-se e desfazem conforme as contrações da musculatura. Esfíncter íleo-cecal • Possui a função de evitar o refluxo de material fecal para o íleo. Ele se mantém contraído, reduzindo o esvaziamento do íleo para o ceco. • O controle desse esfíncter e do peristaltismo é realizado pelos: - Reflexo gastroileal, distensão e irritação do íleo. Esse vão promover o aumento do esvaziamento; - Distensão ou irritação química do ceco. Esses vão promover a diminuição do esvaziamento. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório • A pressão e irritação química vão relaxar o esfíncter, promovendo uma excitação do peristaltismo. • Por outro lado, uma pressão ou irritação química no ceco vai inibir o peristaltismo, excitando o esfíncter. • O aumento da atividade contrátil e secretora do estômago provocará uma maior atividade contrátil no íleo e vice-versa. • Da mesma forma, a redução da atividade gástrica reduz a ileal. Cólon e funções motoras • O cólon está envolvido com algumas funções motoras, como: 1. Movimentação com retropropulsão: renova o contato do conteúdo do cólon com a mucosa, otimizando o processo de absorção de água e eletrólitos, que são as principais funções digestivas desempenhadas pelo cólon. - Envolve a região do colo ascendente. 2. Mistura, amassamento e lubrificação: efetuada pelas células caliciformes que estão em grande número na mucosa do cólon transverso e descendente, principalmente. - Envolve as regiões do colo transverso e descendente. 3. Propulsão céfalo-caudal: ocorre ao longo de todo o cólon. 4. Expulsão das fezes oi defecação: envolve o reto e canal anal. • Os principais padrões motores do cólon são as haustrações e os movimentos de massa envolvidos com o processo de defecação. Pressão intraluminal • O que vai determinar a saída do conteúdo do intestino delgado para o cólon é o esfíncter íleo- cecal. • A pressão de repouso desta região é de aproximadamente 20 a 40 mmHg. • Na figura é possível observar que a distensão do íleo induz uma diminuição da pressão no esfíncter, que vai permitir que o conteúdo ileal penetre no cólon. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório • Por outro lado, quando o cólon se contrai, aumenta a pressão no esfíncter e ele se fecha, impedindo o refluxo do conteúdo colônico ao íleo. Haustrações no cólon • A chegada do conteúdo luminal ao cólon vai induzir contrações segmentares. Essas contrações vão movimentar o conteúdo luminal no sentido céfalo-caudal e no sentido oposto, por um processo de retropropulsão. • São movimentos lentos e, fundamentalmente, de mistura e de exposição do conteúdo à mucosa intestinal. • Ne figura podem ser observados exemplos dessas segmentações que são as haustra. • Essas haustrações cessam quando acontece um movimento em massa. Esse movimento contrai grandes extensões do cólon, propelindo o conteúdo no sentido cefalocaudal. Ele ocorre de 1 a 3 vezes por dia. • Nos cólons transverso, descendente e sigmoide, ainda ocorre uma absorção residual de água e íons. • Nos períodos entre defecações, normalmente o reto está vazio, seus movimentos segmentares são mais intensos e frequentes que no cólon sigmoide. • Os esfíncteres anais, tanto interno e externo, estão contraídos tonicamente. Inervação extrínseca parassimpática e simpática do cólon • A inervação parassimpática, aferente e eferente, é efetuada pelo nervo vago até o cólon transverso e pelo nervo pélvico desde o cólon transverso até o esfíncter anal interno. • A inervação simpática parte dos plexos mesentéricos e hipogástricos. • O esfíncter anal externo tem uma musculatura estriada, então vai ser inervado pelo nervo pudendo. • Vimos que o cólon é inervado por fibras simpáticas e parassimpáticas. • Na figura é possível observar o efeito de doses crescentes de acetilcolina sobre a atividade elétrica e motor da musculatura circular do cólon. • Observa-se atividade motora encima e elétrica embaixo. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório • Concentrações crescentes de acetilcolina aumentam tanto a atividade motora quanto a elétrica da musculatura circular do cólon. Reflexo de defecação • O reflexo da defecação é coordenado pela medula sacral e desencadeado por movimento de massa em resposta a reflexos: - Reflexos ortoráxico: Aumento da motilidade do cólon em resposta à mudança da posição horizontal para a vertical. - Reflexos gatrocólico e gastroileal: Estão relacionados em resposta ao aumento da atividade contrátil e secretora gástrica, desencadeado pela chegada do alimento ao estômago depois do desjejum. • Esses reflexos são coordenados pelos nervos vago e pélvico e por hormônios gastrointestinais, como gastrina e CCK. • O reflexo da defecação ocorre quando o reto se distende pela chegada das fezes ao seu interior, devido ao movimento de massa. Essa distensão é passiva e pode provocar o reflexo caso seja suficientemente grande. Nessa situação, ocorre a distensão ativa do reto. • Então, quando as fezes chegam ao interior do reto, ocorre a distensão passiva.Se o reflexo for suficientemente grande, há a distensão ativa, que vai desencadear uma contração ativa do reto. • Existem alguns eventos fisiológicos como mudança postural - reflexo ortocólico e a ingestão de alimentos – reflexos gastrocólico e gastroileal – que podem iniciar o peristaltismo em massa, que vai propelir o bolo fecal para o reto. • O reflexo gastroileal pode ser mediado pelo nervo vago ou pelos nervos intrínsecos ou por ambos. • O reflexo gastrocólico pode ser mediado pelos nervos esplâncnicos pélvicos ou pelos nervos intrínsecos, como continuação do reflexo gastroileal, ou ainda por ambos. • A transmissão da onda peristáltica ocorre pelos nervos intrínsecos. • A conscientização da urgência, que está relacionada com os estímulos visuais e auditivos, Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Digestório juntamente com a memória e o hábito, fazem com que o indivíduo procure ir ao banheiro e faça outras preparações adequadas, causando simultaneamente a contração voluntária dos músculos esfíncteres externos e elevadores do ânus (pelos nervos pudendo e elevador do ânus) para reter as fezes até que prevaleçam as condições adequadas. • A estimulação dos receptores de estiramento retais envia impulsos aferentes para a medula espinal (por reflexos locais) e, assim, para o encéfalo (para a conscientização deurgência). • Os reflexos autônomos locais – pelos nervos esplâncnicos pélvicos - causam contração da musculatura retal e relaxamento de esfíncter interno no esforço de eliminar as fezes. Alterações patológicas da motilidade do cólon • Megacólon congênito: carcaterizado pela ausência do SNE, frequentemente no cólon distal e no esfíncter anal interno, podendo atingir segmentos maiores do cólon e do reto. Os segmentos envolvidos apresentam tônus aumentado, o que reduz o lúmen intestinal, havendo ausência de atividade propulsiva. Por este motivo, o reflexo da defecação é inexistente, ocorrendo constipação intestinal. Há também dilatação das regiões do cólon localizadas acima dos segmentos contraídos, causando o megacólon. O tratamento é cirúrgico. • Síndrome do cólon irritável: caracterizada por alterações da motilidade do cólon sigmoide. Em alguns casos, ocorre aumento da motilidade do cólon sigmoide, acarretando diarreia; em outros, há diminuição da sua motilidade, provocando constipação intestinal. Em ambos casos existe a dor abdominal.
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