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E-book Direito Processual - Prof Nidal

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“Quando você está certo daquilo que pretende alcançar... 
Quando o mundo todo lhe diz que não conseguirá, e ainda assim você 
acredita ser possível... 
Quando você mantém o foco firme no objetivo... 
Quando você crê que DEUS estará presente a cada segundo da tua jornada... 
Quando você compreende que desafios e obstáculos existem tão somente para 
serem superados... 
Com persistência e coragem você consegue... 
E quando finalmente conseguir, desfrute a vitória ... saboreie o sucesso... 
É indescritível a emoção de uma boa conquista... 
Muito obrigado pela parceria, compreensão e paciência”. 
Prof. Nidal Ahmad 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 CAPÍTULO I – PROCEDIMENTOS – IDENTIFICAÇÃO ................................................... 4 
 CAPÍTULO II – AÇÃO PENAL, QUEIXA-CRIME E QUEIXA-CRIME SUBSDIÁRIA............ 7 
1) AÇÃO PENAL ................................................................................................................... 7 
2) QUEIXA-CRIME ............................................................................................................. 10 
3) QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA OU SUBSTITUTIVA - AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA 
PÚBLICA ........................................................................................................................... 17 
 
 CAPÍTULO III – FASE JUDICIAL ................................................................................ 22 
1) DA DENÚNCIA E REJEIÇÃO DA DENÚNCIA ...................................................................... 22 
2) CITAÇÃO ...................................................................................................................... 24 
3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 396 e 396-A CPP .............................................................. 26 
4) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO ........................................................................................... 43 
5) MEMORIAIS OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS ..................................................... 44 
6) EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI - PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO DA 
CONSUBSTANCIAÇÃO ........................................................................................................ 62 
 
 CAPÍTULO IV – RECURSOS ........................................................................................ 69 
1) APELAÇÃO ..................................................................................................................... 69 
2) CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO .................................................................................... 90 
3) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ................................................................................... 98 
4) EFEITO EXTENSIVO – Art. 580 CPP ............................................................................... 117 
5) REFORMATIO IN PEJUS ............................................................................................... 117 
 
 CAPÍTULO V – PRISÃO PROCESSUAL ....................................................................... 120 
1) INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 120 
2) PRISÃO EM FLAGRANTE ............................................................................................... 121 
3) PRISÃO PREVENTIVA: Revogação da prisão preventiva .................................................. 147 
4) PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n. 7960/89) ......................................................................... 164 
 
PADRÃO DE RESPOSTAS ............................................................................................. 174 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 CAPÍTULO I – PROCEDIMENTOS – IDENTIFICAÇÃO 
1) NOTA INTRODUTÓRIA 
Os procedimentos constituem a forma de desenvolvimento do processo, delimitando e 
prevendo os passos e as sequências de atos que deverão ser seguidos ao longo de uma ação penal. 
A ação penal pública é deflagrada com o oferecimento da denúncia. A ação penal 
privada, por sua vez, será deflagrada por meio de uma queixa-crime. 
2) PROCEDIMENTO COMUM 
Nos termos do art. 394 do CPP, a disposição do procedimento comum ocorre da 
seguinte forma: 
a) Ordinário: pena máxima igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade. 
b) Sumário: pena máxima cominada maior de dois anos e inferior a quatro anos de pena privativa 
de liberdade. 
c) Sumaríssimo: Pena máxima até 02 anos (art. 61 da Lei 9099/95). Para as infrações de menor 
potencial ofensivo, na forma da Lei 9.099/95, por exemplo, crime de lesão corporal leve, previsto no artigo 
129, “caput”, do CP, cuja pena máxima não supera dois anos. 
Para a definição do procedimento devem ser consideradas as qualificadoras, bem 
como as causas de aumento de pena e de diminuição da pena, porquanto repercutem no montante da 
pena máxima abstrata prevista na lei. 
Nesse caso, a definição do procedimento tem especial relevância, por exemplo: 
a) no endereçamento da peça queixa-crime, por exemplo. Isso porque se incidir o procedimento 
sumaríssimo, a peça deverá ser direcionada para o Juiz do Juizado Especial Criminal; incidindo o 
procedimento sumário ou ordinário, a peça deverá ser direcionada para o Juiz de Direito da Vara 
Criminal. 
b) no recurso cabível na hipótese de rejeição da denúncia ou queixa-crime. Se o procedimento for 
sumaríssimo, o recurso cabível será apelação, conforme artigo 82 da Lei 9.099/95; se for procedimento 
sumário ou ordinário, o recurso cabível será o recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581, inciso 
I, do CPP. 
01
 
 
 
5 
c) No caso de crime de menor potencial ofensivo, por exemplo, se for adotado o procedimento diverso do 
previsto na Lei 9099/95, será caso de nulidade do processo. 
No caso de concurso de crimes, também devem ser considerados os critérios do 
cúmulo material (concurso material e concurso formal impróprio/imperfeito) e da exasperação da pena 
(concurso formal perfeito e crime continuado). 
No concurso material, nenhum problema se apresenta, já que basta somar as 
penas. Se a soma das penas ultrapassar dois anos, não será adotado o rito sumaríssimo, previsto na Lei 
9099/95. Se a soma das penas for superior a quatro anos, o procedimento será o ordinário, afastando-se a 
procedimento sumário. 
 
 
 
Ex: Crime de associação criminosa (art. 288, “caput”, do CP) segue o procedimento sumário, porquanto 
a sua pena máxima é de 03 anos. Todavia, se o crime é de associação criminosa armada, a pena aumenta até 
metade (art. 288, parágrafo único, do CP), passando a pena máxima a 04 anos e 06 meses. Logo, nesse caso, 
adota-se o procedimento ordinário, pois a pena máxima superou 04 anos. 
Da mesma forma, o crime de furto simples (art. 155, “caput”, CP) adota o procedimento ordinário, pois a 
pena máxima é de 04 anos. Todavia, no crime de tentativa de furto simples, considerando a redução de 1/3 
(fração mínima), a pena máxima ficará em 02 anos e 08 meses, adotando-se, nesse caso, o procedimento 
sumário. Note-se que a redução pela tentativa é de 1/3 a 2/3 (art. 14, parágrafo único, CP). No caso, diminui-
se o mínimo possível, a fim de atingir a pena máxima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DICA: Se a causa for de aumento de pena, considera-se a fração 
máxima, a fim de que incida a pena máxima; na hipótese de causa de 
diminuição da pena, diminui-se o mínimo possível, também para se 
obter a pena máxima abstrata no caso. 
 
 
6 
QUESTÃO 1 - V EXAME 
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário do Poder 
Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição para representar o seu 
filho, solicitara a quantia de dois mil reais paradefendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem averiguar 
a fundo a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo a acusação e 
o entrega ao juiz titular da vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao tomar conhecimento 
do ocorrido, Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de Antônio, na qual 
fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e representa criminalmente pelo fato. O 
Ministério Público oferece denúncia perante o Juizado Especial Criminal, atribuindo a Antônio o cometimento do 
crime de calúnia, praticado contra funcionário público em razão de suas funções, nada mencionando acerca dos 
benefícios previstos na Lei 9.099/95. Designada Audiência de Instrução e Julgamento, recebida a denúncia, 
ouvidas as testemunhas, interrogado o réu e apresentadas as alegações orais pelo Ministério Público, na qual 
pugnou pela condenação na forma da inicial, o magistrado concede a palavra a Vossa Senhoria para apresentar 
alegações finais orais. 
Em relação à situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30) 
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30) 
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? (Valor: 0,65) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 CAPÍTULO II – AÇÃO PENAL, QUEIXA-CRIME E QUEIXA-CRIME SUBSDIÁRIA 
 
1) AÇÃO PENAL 
1.1) CONCEITO 
É o direito de agir exercido perante juízes e tribunais, invocando a prestação 
jurisdicional, que, na esfera criminal, é a existência da pretensão punitiva do Estado. 
1.2) AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA – Art. 24 do CPP 
É aquela em que o Ministério Público poderá propor a ação penal, 
independentemente da manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal. Em outras 
palavras, o Ministério Público poderá oferecer a denúncia de ofício. 
Quando o tipo penal silenciar em relação à natureza da ação penal, será pública 
incondicionada. 
1.3) AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA – Art. 24, parte final, CPP 
a) CONCEITO 
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode 
ser a manifestação de vontade do ofendido ou de ser representante legal (representação), como também a 
requisição do Ministro da Justiça. 
O MP só pode dar início à ação se a vítima ou seu representante legal o 
autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade. Mais ainda: sem a permissão da vítima, nem 
sequer poderá ser instaurado inquérito policial. 
A ação penal pública, seja incondicionada, seja condicionada, é promovida pelo 
Ministério Público por meio de denúncia, que constitui sua peça inicial (art. 100, § 1º, do CP, e art. 24 
CPP). 
b) NATUREZA JURÍDICA DA REPRESENTAÇÃO 
A natureza jurídica da representação é a de condição de procedibilidade da ação 
penal pública. Sem ela, o órgão do MP não pode iniciar a ação penal mediante o oferecimento da 
denúncia. 
Os crimes de ação penal pública condicionada à representação são aqueles em 
que consta no tipo penal a expressão “somente se procede mediante representação”. 
02
 
 
 
8 
c) TITULAR DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
A representação pode ser exercida pelo ofendido ou representante legal. 
Se o ofendido contar com menos de 18 anos ou for mentalmente enfermo, o 
direito de representação cabe exclusivamente a quem tenha qualidade para representá-lo. 
Ao completar 18 anos e não sendo deficiente mental, o ofendido adquire o direito 
de representar. 
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, 
o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do CPP). 
d) PRAZO – Art. 38 CPP 
O direito de representação pode ser exercido dentro do prazo de 06 meses, 
contados do dia em que o ofendido ou seu representante legal veio a saber quem é o autor do crime (art. 
38 CPP). 
Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende nem se prorroga, e cuja 
fluência, iniciada a partir do conhecimento da autoria da infração, é causa extintiva da punibilidade do 
agente (art. 107, IV, CP). 
e) IRRETRATABILIDADE – Art. 25 
Nos termos dos arts. 25 do CPP e art. 102 do CP, “a representação será 
irretratável depois de oferecida a denúncia”. Assim, se o ofendido exerce o direito de representação, pode 
retirá-la antes de iniciar-se a ação penal com o oferecimento da denúncia. 
No contexto de violência doméstica ou familiar contra a mulher, nos crimes de 
ação penal pública condicionada à representação, como, por exemplo, o crime de ameaça (art. 147 do CP), 
será possível a retratação perante o juiz, desde que seja designada audiência especialmente designada 
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público (art. 16 da Lei 
11340/2006). 
 
 
 
 
 
9 
1.4) AÇÃO PENAL PRIVADA 
a) CONCEITO 
É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a 
legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. 
A ação penal privada é promovida mediante queixa-crime do ofendido ou de seu 
representante legal. São aqueles crimes em que no tipo penal consta a expressão “somente se procede 
mediante queixa”. 
 
Questão 04 – XXVI EXAME 
Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu companheiro, foi, em 20 de julho 
de 2017, até a rua em que esta reside. Verificando que o automóvel de Renata estava em via pública, 
Larissa quebra o vidro dianteiro do veículo, exatamente com a intenção de deteriorar coisa alheia. Na 
manhã seguinte, Renata constatou o dano causado ao seu carro, mas não identificou, em um primeiro 
momento, quem seria o autor do crime. Solicitou, então, a instauração de inquérito policial, em 25 de julho 
de 2017. Após diligências, foi identificado, em 23 de outubro de 2017, que Larissa seria a autora do fato e 
que o prejuízo era de R$ 150,00, tendo sido a informação imediatamente passada à vítima Renata. Com 
viagem marcada, Renata somente procurou seu advogado em 21 de fevereiro de 2018, informando sobre 
o interesse em apresentar queixa-crime em face da autora dos fatos. Assim, o advogado de Renata 
apresentou queixa-crime em face de Larissa, imputando o crime do Art. 163, caput, do Código Penal, em 
28 de fevereiro de 2018, perante o Juizado Especial Criminal competente, tendo sido proferida decisão 
pelo magistrado de rejeição da queixa, em razão da decadência, em 07/03/2018. A defesa técnica é 
intimada da decisão. Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Renata, 
responda aos itens a seguir. 
A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime apresentada por Renata? Indique o 
fundamento legal e o prazo de interposição. (Valor: 0,65) 
B) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do magistrado de rejeição da denúncia? 
Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não 
confere pontuação. 
 
 
 
10 
PEÇA: 
QUEIXA-CRIME 
PALAVRA MÁGICA: 
Ação penal privada – 
ofendido procura 
advogado 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
2) QUEIXA-CRIME 
2.1) CONCEITO 
Trata-se, em síntese, da petição inicial da ação penal privada oferecida, via de regra, 
pelo ofendido ou seu representante legal. 
2.2) BASE LEGAL 
 
 
 
 
2.3) IDENTIFICAÇÃO 
O ofendido/vítima de um crime de ação penal privada procura advogado para adotar a 
medida cabível. 
Exemplo da peça queixa-crime do XV Exame da OAB: “(...) Enrico procurou seu 
escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo.” 
 
 
2.4) LEGITIMIDADE – Arts. 30/31 CPP 
 
 
 
 
 
 
OFENDIDO 
REPRESENTANTELEGAL (menor) 
 
CADI (morte ou ausência do 
ofendido) 
CADI (morto) 
 
Art. 30 do CPP 
Art. 31 do CPP 
Base Legal: art. 30 ou 31, 41 e 44, do CPP e art. 100, §2º, do CP 
 
 
11 
A queixa-crime é ajuizada por um advogado contratado pelo ofendido ou seu 
representante legal, detentores da legitimidade para ajuizar a ação penal privada. 
Se o ofendido morre ou é declarado ausente, o direito de oferecer queixa, ou de 
dar prosseguimento à acusação, passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP), 
ressalvado o caso dos art. 236, parágrafo único, do CP, cuja legitimidade será somente do cônjuge enganado. 
2.5) PRAZO DA AÇÃO PENAL PRIVADA – Art. 38 do CPP e 103 do CP 
 
 
 
 
 
 
O prazo para o oferecimento da queixa-crime é de 06 meses, contados a partir da 
data do conhecimento da autoria do crime pelo ofendido ou seu representante legal (art. 38 CPP e 
103 do CP). 
O prazo é decadencial, conforme o art. 10 do CP, computando-se o dia do começo e 
excluindo-se o dia final. Assim, se, por exemplo, o ofendido do crime de calúnia toma conhecimento da autoria 
do fato no dia 12 de março de 2015, a queixa-crime deverá ser oferecida até o dia 11 de setembro de 2015, 
sob pena de decadência e consequente extinção da punibilidade. 
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de 06 meses a contar do 
encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia (art. 29 CPP e 100, § 3º, do CP). 
 
2.6) REQUISITOS DA QUEIXA (IMPORTANTE) – Art. 41 CPP 
 
 
 
 
 
A) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias: 
• Descrever o fato de forma clara e objetiva, mencionando o autor da ação (ofendido/querelante) e o 
ofensor (querelado), a data, local do fato, os meios e instrumentos empregados, a forma como foi 
praticado o crime e o motivo. 
Descrição do FATO e circunstâncias 
Identificação/Qualificação 
Qualificação jurídica 
Pedido de condenação 
Pedido de citação 
Rol de testemunhas 
Valor mínimo indenizatório 
Artigo 387, inciso IV, do CPP. 
Pedido produção de provas 
6 meses DA CIÊNCIA DA AUTORIA 
 
 Art. 38 CPP e art. 103 CP 
PRAZO DECADENCIAL 
Artigo 10 CP 
 
 
 
12 
• Mencionar que a conduta do querelado constitui crime de ação penal privada, destacando e descrevendo, 
ainda, eventuais agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena. 
• Na hipótese de concurso de agentes, a queixa deve especificar a conduta de cada um. Assim, no caso de 
coautoria e participação, deverá ser descrita, individualmente, a conduta de cada um dos coautores e 
partícipes. 
B) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua identificação 
Qualificar é apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o 
querelado, distinguindo-o das demais pessoas: nome, nacionalidade, estado civil, RG, etc... 
 
 
 
C) Classificação jurídica do fato 
O autor deverá indicar o dispositivo (artigo) que se aplica ao fato imputado, não 
bastando a simples menção ao nome da infração. 
D) Rol de Testemunhas 
O momento adequado para arrolar testemunhas, consoante o disposto no art. 41 do 
CPP, é o da propositura da ação. 
E) Pedido de condenação 
2.7) DICAS: 
I) Alguns crimes de ação penal privada previstos no Código Penal: 
Arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria), ressalvada a hipótese do art. 145 e parágrafo único, bem 
como disposto na Súmula 714 do STF. 
Art. 161, § 1º, incisos I e II – Alteração de limites (se não usar de violência e a propriedade for particular). 
Art. 163, “caput”, inciso IV do parágrafo único e art. 164 c/c art. 167 (crime de dano) 
Art. 179 e parágrafo único – fraude à execução 
Art. 184, “caput” – violação de direito autoral 
Art. 236 
Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões – VIII Exame da OAB) 
 
 
OBS: Na prova da OAB, colocar na qualificação única e exclusivamente os dados fornecidos no enunciado 
 da questão, sob pena de ter a peça zerada (podem interpretar que o candidato esteja se identificando). 
 
 
 
13 
II) Na peça, importante mencionar que a queixa-crime está instruída com instrumento de procuração com 
poderes especiais (art. 44 do CPP). 
 
 
 
 
 
 
 
III) Além disso, deve ser feita referência ao disposto no art. 387, IV, do CPP, que dispõe sobre a fixação do 
valor mínimo para a indenização da vítima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS 
ARTIGOS 41 e 44 do CPP 
 
 
14 
ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ... (se crime da competência da 
Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ... Vara Criminal da Justiça Federal Seção Judiciária de ... (se 
crime da competência da Justiça Federal)1 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da Comarca de ... (se a infração 
for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95) 
 
 
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil, profissão, RG..., endereço 
eletrônico..., residente e domiciliado....2, por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes 
especiais em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, com 
base nos artigos 30, 41 e 44, ambos do Código de Processo Penal, e artigo 100, § 2º, do Código 
Penal, contra CICLANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., endereço eletrônico..., 
residente e domiciliado...3, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS4 
1º Parágrafo: localizar (data, hora, local)5 e verbo nuclear do tipo 
2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito 
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras 
II) DO DIREITO 
Mencionar o fato e atribuir o respectivo tipo penal. 
III) PEDIDO 
Ante o exposto, requer o querelante: 
a) o recebimento da queixa-crime; 
b) a citação do querelado; 
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas; 
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas dos artigos ...do CP; 
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP. 
 
1 Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal 
2 Não inventar dados. 
3 Não inventar dados. 
4 Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias, sem inventar dados e somente reproduzir o 
enunciado da questão. 
5 Se o enunciado disponibilizar essas informações. 
 
 
15 
 
ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado) 
1. Nome... 
2. Nome... 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local..., data... 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
 
OBS 1: Se for ajuizada a queixa-crime perante o Juizado Especial Criminal, formular pedido também de 
designação de audiência preliminar ou de conciliação, conforme constou no XV Exame, quando caiu queixa-
crime. 
OBS 2: Como regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a honra será do Juizado 
Especial Criminal (pois a pena máxima é a do crime de calúnia e não supera 2 anos), seguindo o rito lá 
disposto; 
OBS 3: contudo, havendo concurso de crimes entre calúnia e difamação e/ou injúria será excedida a 
competência do JECCrim (a pena máxima superará dois anos), devendo o processo seguir o rito estabelecido 
nos arts. 519 e seguintes do CPP. 
OBS 4: Jamais esquecer de apresentar o rol de testemunhas (sem inventar nomes e dados. Colocar somente 
os fornecidos pelo enunciado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAÇA VOCÊ MESMO! 
 
Para exercitar a peça acima, 
consulte o material disponível na 
pasta “Exercitando Peças”, 
constante no Sistema EAD. O 
enunciado correspondente está 
na apostila “caderno de peças – 
para resolver”, na pág. 102. Já a 
resolução consta na apostila 
“caderno de peças - padrão de 
respostas”, na pág. 109e 
seguintes. 
Após realizar a peça, assista à 
respectiva aula de estruturação! 
 
 
17 
3) QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA OU SUBSTITUTIVA - AÇÃO PENAL PRIVADA 
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
3.1) CABIMENTO DA AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA 
A ação penal privada subsidiária é proposta nos crimes de ação pública, condicionada 
ou incondicionada, quando o Ministério Público deixar de requisitar diligências, promover pelo arquivamento ou 
oferecer denúncia no prazo legal. O MP, via de regra, tem o prazo de 05 dias, réu preso, e 15 dias, réu solto, 
para oferecer a denúncia, conforme art. 46 CPP. 
É a única exceção prevista no próprio art. 5º, LIX, da CF, à regra da titularidade 
exclusiva do MP sobre a ação penal pública. 
Não tem cabimento nos casos de arquivamento do Inquérito Policial ou das peças de 
informação ou, ainda, quando o Promotor Público requerer a devolução dos autos à autoridade policial, 
requisitando a realização de diligencias imprescindíveis para o oferecimento da denúncia. 
Portanto, a ação privada subsidiária só pode ser intentada no caso de inércia do órgão 
do Ministério Público, ou seja, quando o Promotor de Justiça ou Procurador da República (se Justiça Federal) 
não oferece denúncia no prazo legal, não promove pelo arquivamento do inquérito policial ou não requisita 
diligências. 
3.2) BASE LEGAL 
 
 
 
3.3) IDENTIFICAÇÃO 
Verificando-se a inércia do Ministério Público, ou seja, que o Ministério Público, dentro 
do prazo do artigo 46 do CPP, não ofereceu denúncia, não promoveu pelo arquivamento do inquérito policial e 
não requisitou diligências, o ofendido/vítima de um crime de ação penal pública procura advogado para adotar 
a medida cabível. 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA: 
 QUEIXA-CRIME 
 SUBSIDIÁRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
INÉRCIA DO MP 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
Base Legal: art. 29, 41 e 44, do CPP e art. 100, §3º, do CP, e 
artigo 5º, inciso LIX, da CF/88 
 
 
18 
3.4) PRAZO 
O ofendido ou seu representante legal tem o lapso de 06 meses para intentar a 
ação penal subsidiária por meio de queixa substitutiva, contados a partir do dia em que se esgotou o 
prazo para o Promotor de Justiça iniciar a ação penal pública (art. 38, parte final do CPP, e art. 
103, in fine, CP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 02 – Prova aplicada em Porto Alegre – XXV Exame 
No dia 06 de abril de 2017, João retirou Clara, criança de 11 anos de idade, do interior da residência em que 
esta morava, sem autorização de qualquer pessoa, vindo a restringir sua liberdade e mantê-la dentro de um 
quarto trancado e sem janelas. Logo em seguida, João entrou em contato com o pai de Clara, famoso 
empresário da cidade, exigindo R$200.000,00 para liberar Clara e devolvê-la à sua residência. Após o pai de 
Clara pagar o valor exigido, Clara é liberada e, de imediato, a família comparece à Delegacia para registrar o 
fato. Depois das investigações, João é identificado e os autos são encaminhados ao Ministério Público com 
relatório final de investigação, indiciando João. Após 90 (noventa) dias do recebimento do inquérito, os autos 
permanecem no gabinete do Promotor de Justiça, sem que qualquer medida tenha sido adotada. Considerando 
as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) da família de Clara, aos itens a seguir. 
A) Considerando que o crime é de ação penal pública incondicionada, qual a medida a ser adotada diretamente 
pela família de Clara e seu advogado em busca da responsabilização criminal de João? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Em caso de inicial acusatória, qual infração penal deve ser imputada a João? Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 do dia que esgotou o prazo para 
o MP oferecer a denúncia 
6 meses 
 
 
19 
ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca de ... (se crime da competência 
da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ... Vara Criminal da Justiça Federal da Seção Judiciária de ... 
(se crime da competência da Justiça Federal)6 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do ... Juizado Especial Criminal da Comarca de ... (se a infração 
for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95) 
 
 
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., endereço 
eletrônico..., residente e domiciliado....7, por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes 
especiais em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME 
SUBSIDIÁRIA OU SUBSTITUTIVA, com base nos artigos 29, 41 e 44, todos do Código de Processo 
Penal, artigo 100, § 3º, do Código Penal e art. 5º, LIX, da Constituição Federal/88, contra CICLANO 
DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado....8, 
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS910 
1º Parágrafo: localizar e verbo nuclear do tipo 
2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito 
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras 
II) DO DIREITO 
Mencionar o fato e atribuir o tipo penal respectivo. 
III) PEDIDO 
Ante o exposto, requer o querelante: 
a) o recebimento da queixa-crime; 
b) a citação do querelado; 
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas; 
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas dos artigos ...do CP; 
 
6 Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal 
7 Não inventar dados. 
8 Não inventar dados. 
9 Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias, sem inventar dados e somente reproduzir o 
enunciado da questão. 
10 Fazer referência à inércia do MP 
 
 
20 
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local... e data... 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado) 
1. Nome.... 
2. Nome.... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
AÇÃO PENAL 
PÚBLICA 
(DENÚNCIA) 
 
 
 
 
PRIVADA 
(Queixa-crime) 
INCONDICIONADA 
 
CONDICIONADA 
 
Exclusiva 
Personalíssima 
Art. 236, parágrafo único, 
do CP 
Subsidiária da Pública 
Art. 29 do CPP 
 
 
22 
 CAPÍTULO III – FASE JUDICIAL 
 
1) DA DENÚNCIA E REJEIÇÃO DA DENÚNCIA 
 
1.1) INTRODUÇÃO 
A Denúncia é a petição inicial da ação penal pública, oferecida pelo Ministério 
Público contra o responsável pelo fato criminoso. 
Ao receber o inquérito policial ou peças de informação, o Ministério Público, por meio 
do seu agente (Promotor ou Procurador da República), verificando a existência de prova da materialidade de 
fato, indícios de autoria e que o fato constitui, em tese, crime deve oferecer a denúncia. 
Para fins de prova dissertativa da OAB, convém sejam analisadas as causas de 
rejeição da denúncia, previstas no artigo 395 do CPP. 
1.2) REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU DA QUEIXA – ART. 395 
Causas de rejeição da denúncia ou queixa: 
 a) for manifestamente inepta 
b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal 
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal 
 
a) for manifestamente inepta 
Ocorre inépcia da denúncia quando a peça apresentada pelo Ministério Público não 
contém relato compreensível dos fatos ou não observa os requisitos exigidos no artigo 41 do CPP. 
Algumas hipóteses que podem ensejar a inépcia da denúncia, dentre outras: 
a) Descrição dos fatos de forma incompreensível, incoerente, que inviabiliza a produção da defesa. 
b) Descrição extensa, sem pormenorizar o objeto da acusação. 
c) Falta de pedido claro da acusação. 
d) O MP não descrever a conduta de cada um dos acusados,na hipótese de concurso de pessoas. 
b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal 
Pressupostos processuais são elementos que repercutem na própria existência e 
validade do processo (necessidade de ter juiz competente, capacidade postulatória, ausência de litispendência, 
coisa julgada) 
As condições da ação são: 
03
 
 
 
 
 
23 
a) possibilidade jurídica do pedido: fato narrado não constitui crime 
b) interesse de agir – estar prescrita a ação – evidente perdão judicial 
c) legitimidade para agir 
Com relação à legitimidade para agir, particularmente em relação à queixa, pode ser 
rejeitada se oferecida diretamente pela vítima e não por meio do seu procurador; se oferecida por advogado 
sem procuração outorgada pela vítima; se, em caso de morte do ofendido, apresentar-se como querelante 
pessoa que não consta do rol do art. 31 do CPP. 
Haverá ilegitimidade ativa se for oferecida denúncia em crime de ação penal privada 
ou queixa em crime de ação penal pública (sem que se trate de hipótese de ação privada subsidiária). 
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal 
Consiste na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua 
autoria. Em outras palavras, para haver justa causa, a inicial acusatória deve estar acompanhada de um 
suporte probatório mínimo que demonstre a materialidade do delito e indícios suficientes de autoria. 
* Ex: não haver prova suficiente de autoria; ou, ainda, a denúncia apontar autoria 
localizada a partir de prova ilícita, que, uma vez verificada, deve ser desentranhada dos autos (art. 157 do 
CPP). Em sendo considerada ilícita, a prova da autoria será desentranhada dos autos, não restando, portanto, 
nenhum elemento para subsidiar o oferecimento da denúncia. 
 
QUESTÃO 01 – IV EXAME OAB 
Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu namorado, exerce o cargo de 
auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa do rapaz. Ao ler o conteúdo, descobre 
que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), que recebera da empresa em que trabalhava para 
efetuar um pagamento, mas utilizara tal quantia para comprar uma joia para uma moça chamada Júlia. 
Absolutamente transtornada, Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35) 
b) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na correspondência aberta por Maria, 
o que você, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,9) 
 
QUESTÃO 4 - V EXAME OAB 
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro do 
corrente ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, investiu contra o carro de 
João, que já não se encontrava em bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a 
 
 
24 
saber: 2008, 2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu diversos insultos contra João no dia de sua festa de 
formatura, perante seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, 
os fatos foram registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu 
escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis. Você, como 
profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, interpõe Queixa-Crime ao juízo 
competente no dia 18/7/11. 
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de 
clara decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi publicada dia 25 de 
julho de 2011. 
Com base somente nas informações acima, responda: 
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30) 
c) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30) 
d) Qual é a tese defendida? (0,35) 
 
2) CITAÇÃO 
Não sendo caso de rejeição da denúncia, deve o juiz recebê-la, determinando, a 
seguir, a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, se não for o 
caso de suspensão condicional do processo (previsto no artigo 89 da Lei 9.099/9511). 
No processo penal, a regra é citação pessoal e por mandado, observando-se os 
requisitos do art. 351, 352 e 357 CPP. 
Se o réu se oculta para não ser citado, o artigo 362 prevê a possibilidade de citação 
por hora certa, oportunidade em que o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com 
hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de 
Processo Civil. 
Todavia, a partir da entrada em vigor do novo CPC, a citação por hora certa na esfera 
penal segue o procedimento previsto nos artigos 252/254. Assim, quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de 
justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita 
de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, 
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Nos termos do artigo 253 do Novo CPC, no dia e na hora designados, o oficial de 
justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de 
realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da 
 
11 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja 
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
(...) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
 
 
25 
ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou 
subseção judiciárias. 
A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho 
que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a 
receber o mandado. 
Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa 
da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado 
curador especial se houver revelia. 
Conforme o artigo 254 do novo CPC, feita a citação com hora certa, o escrivão ou 
chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da 
juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
Na hipótese de o réu encontrar-se em local incerto e não sabido, a citação será 
feita por edital, suspendendo-se o processo e o prazo prescricional se o réu não comparecer ou não nomear 
advogado, conforme artigo 366 CPP. 
Ressalta-se: somente quando o réu for citado pessoalmente e não apresentar 
resposta à acusação é que o juiz poderá nomear um defensor para realizar a defesa técnica e continuar o 
processo. Se não for caso de citação pessoal, mas citação por edital, deve-se aplicar a regra do art. 366 do 
CPP, suspendendo-se o processo e a prescrição. 
 
Cuidado: 
Nos termos da Súmula 415 do STJ, “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada”. 
Ou seja, na hipótese de um crime com pena máxima de 02 anos o prazo prescricional é de 04 anos. Com 
o recebimento da denúncia, o prazo de prescrição é interrompido,passando a correr novamente o prazo 
de 04 anos. Considere que entre o recebimento da denúncia e a decretação da suspensão do processo e 
do prazo prescricional (em decorrência da citação por edital) tenha se passado 06 meses. A ação ficará 
suspensa por 04 anos se o réu não for localizado. Findo o período de suspensão, o prazo prescricional 
volta a correr pelos 03 anos e 06 meses restantes. Ao término deste período, deverá ser decretada 
extinta a punibilidade do réu pela prescrição da pretensão punitiva.tá certo! 
 
A ausência de citação ou vícios insanáveis no ato citatório constitui causa de nulidade 
absoluta do processo. 
 
 
26 
QUESTÃO 2 - XXIX EXAME OAB 
No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar reformado, efetuou 
dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua casa vazia, localizada no interior de grande quintal, 
com arma de sua propriedade, devidamente registrada e com posse autorizada. 
Apesar de os tiros terem sido efetuados em direção ao interior do imóvel, vizinhos que passavam pela rua 
naquele momento, ao ouvirem os disparos, entraram em contato com a Polícia Militar, que compareceu ao local 
e constatou que as duas munições deflagradas ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia acostada 
ao procedimento. Caio obteve liberdade provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do Art. 15 da Lei 
nº 10.826/03, não sendo localizado, porém, por ocasião da citação, por ter mudado de endereço, apesar das 
diversas diligências adotadas pelo juízo. 
Após não ser localizado, Caio foi corretamente citado por edital e, não comparecendo, nem constituindo 
advogado, foi aplicado o Art. 366 do Código de Processo Penal, suspendendo-se o processo e o curso do prazo 
prescricional, em 04 de abril de 2008. Em 06 de julho de 2018, o novo juiz titular da vara criminal competente 
determinou que fossem realizadas novas diligências na tentativa de localizar o denunciado, confirmando que o 
processo, assim como o curso do prazo prescricional, deveria permanecer suspenso. 
Com base nas informações narradas, na condição de advogado(a) de Caio, que veio a tomar conhecimento dos 
fatos em julho de 2018, responda aos questionamentos a seguir. 
a) Existe argumento para questionar a decisão do magistrado que, em julho de 2018, determinou que o 
processo e o curso do prazo prescricional permanecessem suspensos? (Valor: 0,65) 
b) Existe argumento de direito material a ser apresentado em busca da absolvição de Caio? (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 396 e 396-A CPP 
3.1) PEÇA OBRIGATÓRIA 
A resposta à acusação constitui peça obrigatória, pois, se não apresentada, deverá o 
juiz nomear defensor para oferecê-la, nos termos do artigo 396-A, § 2º, CPP. 
Assim, não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não 
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias. A 
ausência de nomeação de defensor pelo juiz para oferecimento da resposta à acusação gerará nulidade 
absoluta. 
3.2) BASE LEGAL 
 
 
27 
PEÇA: 
RESPOSTA A ACUSAÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
CITAÇÃO 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
3.3) IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A resposta à acusação é oferecida após a citação do acusado. Antes, por óbvio, 
da audiência de instrução. 
Logo, deve haver denúncia, o recebimento da denúncia e a citação do réu. Não 
poderá ter sido realizada audiência de instrução e julgamento. 
DICA: Nem sempre consta expressamente no enunciado toda a sequência dos atos (“foi 
oferecida denúncia e recebida”). Basta, para identificar a peça resposta à acusação, que no 
enunciado conste como último ato processual a CITAÇÃO. 
 
 
 
Base Legal: art. 396 e 396-A do CPP 
 
 
28 
Exemplos: 
Peça XXIV EXAME: “Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à 
residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão desse único 
comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se ocultando para não ser citado e 
realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do mandado de citação e 
intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a conduta do oficial de 
justiça, se assusta e liga para o advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se encontra 
trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato com Patrick por email e este apenas 
consegue encaminhar uma procuração para adoção das medidas cabíveis, fazendo uma pequena síntese do 
ocorrido por escrito. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do advogado de Patrick, a peça 
jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e 
processual pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo. (Valor: 5,00)” “PEDIU PARA PARAR, 
PAROU NA CITAÇÃO: RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
 
Peça XXI Exame: “Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o 
país, Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu 
regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para 
citação. Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para 
apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou 
desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público. 
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, 
diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. 
A peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00)” Pediu para parar, parou na citação: resposta à 
acusação 
Peça VIII Exame: “(...) Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no dia 18 de janeiro 
de 2011.(...)” PEDIU PARA PARAR, PAROU AQUI!!! 
3.4) PRAZO 
Devidamente citado, cumpre ao réu oferecer resposta escrita, por escrito, no prazo 
de 10 dias. O Código de Processo Penal não aponta a partir de quando começa a correr o prazo de citação. 
 
A CONTAR DO 
EFETIVO 
CUMPRIMENTO DO 
MANDADO 
 
 
29 
Por isso, adota-se, por analogia, o art. 406, § 1º, CPP e Súmula 710 do STF, segundo o qual o prazo será 
contado a partir do efetivo cumprimento do mandado e não da juntada do mandado aos autos. 
Defensor Público: prazo em dobro. 
O prazo processual guarda relação, invariavelmente, aos prazos para praticar atos 
processuais. Ex: apresentar resposta à acusação, memoriais, interposição de recursos. 
O prazo processual é disciplinado no artigo 798 do CPP. 
O prazo começa a correr a partir do 1º dia útil da citação. Assim, se a citação ocorreu 
na sexta (dia 05/08), o prazo começará a correr no dia 08/08 (segunda-feira, que será o primeiro dia útil). 
Se o prazo vencer num sábado, domingo, ou feriado, será prorrogado para o 1º dia 
útil. 
Tomemos como o exemplo o prazo considerado no XXI Exame, quando caiu resposta 
à acusação. A ré foi citada no dia 16/03/2015, numa segunda-feira. O prazo começa a correr a partir do 1º dia 
útil (17/03/2015, terça-feira) - 18/03/2015 (quarta) – 19/03/2015 (quinta) – 20/03/2015 (sexta) – 21/03/2015 
(sábado) – 22/03/2015 (domingo) – 23/03/2015 (segunda) – 24/03/2015 (terça) – 25/03/2015 (quarta) – 
26/03/2015 (quinta). 
O último dia do prazo para apresentar a resposta à acusação seria o dia 26/03/2015. 
Se o dia 26/03/2015 tivesse caído num sábado ou domingo, o prazo deveria ser 
prorrogado para o 1º dia útil. Logo, se o dia 26/03/2015 tivesse caído no sábado, o último dia do prazoseria 
28/03/2015 (segunda-feira). 
3.5) CONTEÚDO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
Na resposta à acusação, deve-se buscar eventuais informações que permitam 
desenvolver teses preliminares e de mérito. 
É o momento destinado ao denunciado arguir nulidades, em matéria preliminar, 
consistente, inclusive, em defeitos de natureza processual constantes na peça acusatória e, até mesmo, na 
fase de inquérito (nulidade de provas produzidas no Inquérito), bem como toda matéria de defesa, visando 
à absolvição sumária (art. 397 CPP), oferecer documentos, especificar as provas que pretende produzir e 
arrolar testemunhas. 
Assim, no caso da resposta à acusação, as teses de mérito guardam relação com 
as hipóteses que ensejam a absolvição sumária, previstas no artigo 397 do CPP. 
 
 
30 
Em síntese, na resposta à acusação, assim como nas outras peças, deve-se 
desenvolver uma tese que, ao final, viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, a tese invariavelmente 
guarda relação com o objeto de pedido. 
Nesse sentido, considerando que o pedido correspondente à resposta à acusação 
é de ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, com base no artigo 397 do CPP, as teses de mérito na resposta à acusação 
envolvem, via de regra: 
I) causa excludente de ilicitude 
II) excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade por doença mental 
III) excludente de tipicidade 
IV) causas extintivas de punibilidade 
 
Portanto, na resposta à acusação, deve-se buscar no enunciado: 
A) Preliminares: 
Vícios processuais e procedimentais decorrentes da inobservância de exigências 
legais que podem levar à nulidade do ato e dos que dele derivam e, até mesmo, do processo. 
* Alguns exemplos de preliminares 
B) Mérito 
a) Incompetência absoluta do juízo 
b) Rejeição da denúncia (art. 395) 
c) Nulidade da citação 
d) Nulidade/ilicitude de prova produzida no inquérito policial 
e) Nulidades – art. 564 CPP, I, II, III (“a”, “b”, “c” e “e”) e IV 
f) Nulidade do processo por não ter sido adotado o procedimento adequado. 
 
 
 
31 
Corresponde, basicamente, em invocar causas excludentes de ilicitude, 
culpabilidade, salvo a inimputabilidade e tipicidade. Na resposta à acusação, a extinção da punibilidade 
integra uma das hipóteses de pedido de absolvição sumária, sendo, por isso, excepcionalmente, tratada 
como se mérito fosse. 
I) Algumas causas excludentes de ilicitude 
 
 
 
II) Algumas causas excludentes de culpabilidade 
 
 
 
 
 
FALTA DE POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE 
CULPABILIDADE 
art. 397, II do 
CPP 
INIMPUTABILIDADE PELA 
EMBRIAGUEZ COMPLETA E ACIDENTAL 
art. 28, § 1º, CP 
art.21, CP 
INEXIGIBILIDADE DE 
CONDUTA ADVERSA 
art.22, CP 
ERRO DE 
PROIBIÇÃO 
INEVITÁVEL 
 
 
 
 
ILICITUDE 
COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL 
 
 
 
 
ILICITUDE 
OBEDIÊNCIA 
HIERÁRQUICA 
 
 
 
 
ILICITUDE 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE ILICITUDE 
art. 397, I do 
CPP 
ESTADO DE NECESSIDADE 
art.24, CP 
LEGITIMA DEFESA 
art.25, CP 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
art.23, III, CP 
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 
art.23, III, CP 
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
Causa Supralegal 
 
 
32 
III) Alguns exemplos de excludentes da tipicidade que podem ensejar absolvição sumária 
 
IV) Alguns exemplos de causas de extinção da punibilidade12 
 
 
12 Tratada aqui, excepcionalmente, como mérito, já que o seu reconhecimento enseja absolvição sumária (Art. 397, IV, 
CPP). 
CAUSAS DE 
EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE 
PRESCRIÇÃO 
RESSARCIMENTO DO DANO NO PECULATO CULPOSO 
PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO 
SOCIAL, INCLUSIVE ACESSÓRIOS 
RESSARCIMENTO DO DANO ANTES DO RECEBIMENTO DA 
DENUNCIA NO CRIME DE ESTELIONATO MEDIANTE EMISSÃO DE 
CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS 
art. 171, § 2º, VI, CP e Súmula 554 STF 
HIPÓTESES DO ART. 107,CP 
art.109 a 117 CP 
art.312 § 3º CP 
CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE 
TIPICIDADE 
art. 397, III do 
CPP 
FATO ATÍPICO 
COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL 
CRIME IMPOSSÍVEL 
art.17, CP 
ERRO DE TIPO ESSENCIAL 
art.20, CP 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
SÚMULA VINCULANTE Nº 24 
 
 
33 
3.6) PEDIDO: ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – Art. 397 CPP 
 
 
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido expresso acerca de 
cada tese desenvolvida. Por exemplo, se foi desenvolvida tese que envolva preliminar (incompetência do 
juízo, por exemplo), deve-se pedir expressamente que seja declarada a incompetência do juízo. 
Além disso, após o oferecimento da resposta escrita, abre-se a possibilidade de o 
juiz absolver sumariamente o réu, encerrando o processo, quando incidir, no caso, causa manifesta de 
exclusão da ilicitude do fato; causa manifesta de exclusão da culpabilidade (exceto a inimputabilidade por 
doença mental, seguindo-se o processo nesse caso); o fato narrado evidentemente não constituir crime 
(causas excludentes de tipicidade, por exemplo); ou causa extintiva de punibilidade. 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato 
O juiz estará autorizado a julgar antecipadamente a lide penal quando estiver 
comprovada a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato, prevista, via de regra, nos 
artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. Ou seja, para a decretação da absolvição sumária é necessária a 
existência de prova que permita ao juiz, desde logo, em cognição sumária, obter plena certeza de que o réu 
agiu em legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do 
direito. 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade 
Trata o dispositivo, por exemplo, das causas de exclusão da culpabilidade 
consistente na embriaguez completa acidental (art. 28, §1º, do CP), a falta de potencial consciência da 
ilicitude (erro de proibição inevitável, artigo 21 do CP), coação moral irresistível e obediência hierárquica 
(art. 22 do CP). 
Na hipótese em que a inimputabilidade se encontra comprovada por exame de 
insanidade mental, o Código de Processo Penal não autoriza a absolvição imprópria do agente, pois esta 
implicará a imposição de medida de segurança, o que poderá ser prejudicial ao réu, já que não lhe será 
possível comprovar por outras teses defensivas a sua inocência, sem a imposição de qualquer outra medida 
restritiva. 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime 
Na resposta à acusação, o pedido é de absolvição sumária, 
com base no artigo 397 do CPP. 
 
 
34 
Se o juiz não rejeitar a denúncia e, por conta dos argumentos e provas juntadas 
com a resposta escrita, se convencer que o fato narrado não constitui crime, poderá, agora, absolver 
sumariamente o réu. 
Alguns exemplos: 
Ex: Acusado pela prática de crime contra a ordem tributária apresenta documento demonstrando que o 
tributo supostamente sonegado ainda não havia sido lançado (Súmula Vinculante nº 2413). 
Ex2: erro de tipo essencial invencível. 
Ex3: crime impossível. 
Ex4: princípio da insignificância 
Ex5: fato atípico 
IV – extinção da punibilidade do agente 
Aqui há uma impropriedade do legislador, pois, nos casos de extinção de 
punibilidade, não há análise de mérito, mas causa impeditiva da sua análise. Além disso, o artigo 61 do 
CPP permite que o juiz, em qualquer fase do processo, reconheça a extinção da punibilidade, inclusive de 
ofício. 
De qualquer modo, para fins de resposta escrita, o juiz declara extinta a 
punibilidade e absolve o réu, com base no art. 397, inciso IV, do CPP. 
V – Produção de provas e rol de testemunhas 
Também deve constar pedido expresso de produção de provas, com designação 
de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas 
3.7) RECURSOS 
A absolvição sumária faz coisa julgada material, resolvendo, pois, definitivamente 
o mérito da causa. 
Por isso, da decisão que absolve sumariamente o réu com base no artigo 397, 
incisos I, II e III, cabe apelação. 
 
13 Súmula vinculante nº 24: “Não se tipifica crime materialcontra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, 
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. 
 
 
35 
Quanto à decisão que declara a extinção da punibilidade, impropriamente 
considerada como hipótese de absolvição sumária, a doutrina é uníssona no sentido de que o recurso cabível 
é o recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, VIII, do CPP. 
Não há recurso cabível contra a decisão que não acolhe o pedido de absolvição 
sumária. Nesse caso, assim como na hipótese de recebimento da denúncia ou queixa, a medida cabível é a 
impetração de habeas corpus visando ao trancamento da ação penal. 
3.8) DICAS 
A) Aliado às preliminares e questões de mérito, cumpre ao acusado na resposta escrita oferecer documentos 
e justificações, especificar as provas pretendidas, arrolar testemunhas qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. 
B) Embora não seja comum neste momento processual, cremos ser possível a desclassificação do delito em 
sede de resposta à acusação, como, por exemplo: 
a) desclassificação ensejar incompetência absoluta do juízo (arguida em preliminar); 
Ex: Denúncia pela prática do delito de moeda falsa (art. 289 CP) perante a Justiça 
Federal. Acolhida a tese da falsificação grosseira, alegada na resposta à acusação, haverá desclassificação para 
o delito de estelionato (art. 171 do CP), cuja competência é da Justiça Estadual, nos termos da Súmula 73 do 
STJ. 
b) desclassificação para crime de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, 
que, ao final, redundará na decadência e pedido de absolvição sumária, pela extinção da punibilidade (art. 397, 
inciso IV, do CPP) 
Ex: Conforme admitido no VIII Exame da OAB, possível postular a desclassificação do 
delito, com consequente extinção da punibilidade se desclassificado para crime de ação penal privada, com 
prazo decadencial expirado. No caso do VIII Exame, exigiu-se a desclassificação do crime de extorsão (art. 158 
do CP) para exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP), que se trata de crime, via de regra, de 
ação penal privada. 
 
 
 
 
 
 
36 
3.9) ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A) Endereçamento: juiz da causa 
B) Preâmbulo: nome e qualificação do acusado (não inventar dados), capacidade postulatória (por seu 
procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 396 ou 396-A), nome da peça (resposta escrita ou 
resposta à acusação), frase final (pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); 
C) corpo da peça (teses defensivas) 
D) pedidos: pedidos articulados conforme as teses desenvolvidas. Ex: nulidades, absolvição sumária, com 
base no artigo 397 do CPP e, subsidiariamente, a produção de provas, com designação de audiência de 
instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas. 
E) parte final (local, data, advogado e OAB) 
F) rol de testemunhas 
PEDIDO: 
 
a) seja reconhecida a 
incompetência do juízo; 
 
b) seja rejeitada a denúncia; 
 
c) nulidades (referir todas as 
nulidades enfrentadas na peça); 
 
d) seja o réu absolvido 
sumariamente, com base no 
artigo 397 (apontar o inciso 
correspondente); 
 
e) a produção de provas, com 
designação de audiência de 
instrução e julgamento e oitiva 
das testemunhas arroladas. 
 
NO MÉRITO: 
- Causa excludente de ilicitude 
- Causa excludente de culpabilidade 
- Causa excludente de tipicidade 
- Causa excludente de punibilidade 
 
 
BASE LEGAL: ART. 
396 E 396-A 
PRAZO: 10 DIAS 
 
 
37 
ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO: 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA ... (SE CRIME 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SECÃO 
JUDICIÁRIA DE ... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)14 
Processo nº ... 
 
 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com 
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À 
ACUSAÇÃO, com base nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos fatos e 
fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS15 
II) DO DIREITO 
A) DAS PRELIMINARES16 
B) DO MÉRITO 
* Após identificar e arguir eventuais preliminares contidas no enunciado, deve-se atacar o mérito, 
buscando a absolvição sumária do réu, com base no artigo 397 do CPP. 
* No mérito, busca-se, invariavelmente, no enunciado causas excludentes do crime: ilicitude, 
culpabilidade, tipicidade e, excepcionalmente na resposta à acusação, causas extintivas de punibilidade. 
* O VIII exame da OAB também considerou a desclassificação de um crime para outro. Extorsão (art. 
158 do CP) para Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP), com posterior decadência do direito 
de queixa, pois desclassificado para crime de ação penal privada. 
III) DO PEDIDO17 
Ante o exposto, requer o denunciado: 
a) seja reconhecida a incompetência do juízo; 
b) seja rejeitada a denúncia; 
 
14 Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 
15 Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem transcrever o enunciado. Relatar o crime pelo qual o réu foi denunciado. 
O oferecimento e recebimento da denúncia. Que o réu foi citado 
16 As preliminares são questões que envolvem vícios formais processuais e procedimentais. São questões que levam à nulidade do ato 
ou do próprio processo. Não guardam nenhuma relação com a absolvição (que trata de matéria de mérito) 
17 Deve-se elaborar os pedidos de modo articulado, seguindo-se a ordem das teses desenvolvidas, desde as preliminares 
até o mérito. 
 
 
38 
c) nulidades (referir todas as nulidades enfrentadas na peça); 
d) Absolvição sumária, com base no artigo 397 (apontar o inciso correspondente); 
e) A produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das 
testemunhas arroladas. 
 
ROL DE TESTEMUNHAS18 
 
A) FULANO DE TAL 
B) CICLANO DE TAL 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local...e data...19 
 
______________________ 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
Cuidado: No procedimento crimes de responsabilidade dos funcionários públicos 
(art. 514 do CPP) e tráfico ilícito de entorpecentes (art. 55 da Lei 11.343/2006) há previsão de defesa 
preliminar (que não se confunde com a resposta escrita do art. 396 do CPP). 
A defesa preliminar desses procedimentos especiais visa, em síntese, a convencer 
ao juiz a rejeitar a denúncia ou queixa. Ou seja, tem cabimento antes do recebimento da denúncia ou 
queixa, e o réu é notificado (e não citado) para apresentá-la. 
O equívoco no fundamento legal pode levar a zerar e peça. 
 
 
 
 
18 colocar somente os nomes e dados fornecidos pela banca. não inventar nada. 
19 cuidado com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo 
 
 
39 
PEÇA PROFISSIONAL XXV EXAME 
Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda de sua casa em 
Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do Rio de Janeiro, quando vê o namorado de sua 
sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes. Verificando o risco que sua 
sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro, que não parou de agredi-la. Patrick não tinha 
outra forma de intervir, porque estava com uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito. Ao ver 
que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso 
permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada, tendo ele autorização para tanto. Com 
intenção de causar lesão corporal que garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o 
gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a 
arma não funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e 
compareceu à Delegacia paranarrar a conduta de Patrick. Após meses de investigações, com oitiva dos 
envolvidos e das testemunhas presenciais do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos 
sendo vizinhos que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o Ministério Público 
ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de Patrick como incurso nas sanções penais do 
Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Juntamente com a denúncia, 
vieram as principais peças que constavam do inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes Criminais, na 
qual constava outra anotação por ação penal em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do 
Código Penal, bem como o laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o qual concluiu pela 
total incapacidade de efetuar disparos. Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de 
justiça comparece à residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão 
desse único comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se ocultando para não ser 
citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do mandado de citação e 
intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a conduta do oficial de 
justiça, se assusta e liga para o advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se 
encontra trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato com Patrick por email 
e este apenas consegue encaminhar uma procuração para adoção das medidas cabíveis, fazendo uma 
pequena síntese do ocorrido por escrito. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do 
advogado de Patrick, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses 
jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo. 
(Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para 
dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
40 
PEÇA PROFISSIONAL XXI EXAME 
Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando as 
agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em comunidade 
carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem ter 
familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de 
acesso público, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez 
amizade com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia 
24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão 
da ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um 
grande supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava 
R$18,00(dezoito reais). Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a 
abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu 
os dois produtos escondidos. Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de 
recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes 
Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos 
os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em flagrante 
e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de 
Gabriela pela prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de 
ter opinado pela liberdade da acusada. O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de 
janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à 
acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação da 
denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha 
endereço fixo, não foi localizada para ser citada. No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica 
em melhores condições. Em razão disso, procura um advogado, esclarecendo que nada sabe sobre o 
prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda, que Maria, hoje residente na rua X, na época 
dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de 
março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela e o advogado 
compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu regular prosseguimento 
desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação. Naquele mesmo 
momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da medida 
cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a 
proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público. Considerando a situação 
narrada, apresente, na qual idade de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, diferente do habeas 
corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá 
ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que 
possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
41 
QUESTÃO 3 – XVII EXAME 
Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que 
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth 
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, 
consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto 
com um policial militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago 
localizou Antônio, já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em 
sua cintura, tendo o policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado 
pela prática do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da 
comarca de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que 
o magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar 
resposta à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, 
na qualidade de advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. 
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi 
das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material 
poderia ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. 
(Valor: 0,60) 
 
 
 
QUESTÃO 3 – XV EXAME 
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando 
prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento 
administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao 
mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, 
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela práticado crime 
previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. 
Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela 
Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. 
Diante disso, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor: 
0,60) 
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) 
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
QUESTÃO 1 – VIII OAB 
Em determinada ação fiscal procedida pela Receita Federal, ficou constatado que Lucile não fez constar 
quaisquer rendimentos nas declarações apresentadas pela sua empresa nos anos de 2009, 2010 e 2011, 
omitindo operações em documentos e livros exigidos pela lei fiscal. Iniciado processo administrativo de 
lançamento, mas antes de seu término, o Ministério Público entendeu por bem oferecer denúncia contra 
Lucile pela prática do delito descrito no art. 1º, inciso II da Lei n. 8.137/90, combinado com o art. 71 do 
Código Penal. A inicial acusatória foi recebida e a defesa intimada a apresentar resposta à acusação. 
Atento(a) ao caso apresentado, bem como à orientação dominante do STF sobre o tema, responda, 
fundamentadamente, o que pode ser alegado em favor de Lucile. (Valor: 1,25) 
 
 
 
 
 
 
 
FAÇA VOCÊ MESMO! 
 
Para exercitar a peça acima, 
consulte o material disponível na 
pasta “Exercitando Peças”, 
constante no Sistema EAD. Os 
enunciados correspondentes 
estão na apostila “caderno de 
peças – para resolver”, nas págs. 
32 e 60. Já as resoluções 
constam na apostila “caderno de 
peças - padrão de respostas”, 
nas págs. 35 e 64 e seguintes. 
Após realizar a peça, assista à respectiva aula de 
estruturação! 
 
 
43 
4) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO 
Em não sendo caso de absolvição sumária, o Magistrado designará audiência de 
instrução e julgamento, aonde a produção de prova é concentrada, ou seja, toda prova oral deverá, em 
regra, ser produzida em única audiência. 
Na audiência de instrução, deve-se respeitar a ordem estabelecida pelo 
procedimento legal. 
Primeiramente, ouve-se o ofendido; depois, as testemunhas de acusação; após, 
as testemunhas de defesa e, por fim, proceder-se-á ao interrogatório do réu. Note-se que, para 
viabilizar a ampla defesa, o interrogatório do réu passou a ser o último ato instrutório. 
Se a inversão da ordem de inquirição for determinada pelo juiz sem concordância 
do réu, gera-se nulidade relativa. 
Durante a audiência de instrução e julgamento pode haver, ainda, 
esclarecimentos de perito, acareação, reconhecimento de pessoas e coisas. 
No procedimento comum ordinário, as partes podem arrolar, sem justificar ou 
motivar, até 08 testemunhas cada uma. 
Encerrado o interrogatório, passa-se à fase das diligências, passíveis de serem 
requeridas pelas partes cuja necessidade ou conveniência se origine de circunstâncias ou de fatos 
apurados na instrução. 
Ordenada diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da 
parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Realizada a diligência determinada, as partes 
apresentarão, conforme artigo 404, parágrafo único, do CPP, no prazo sucessivo de cinco dias, suas 
alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 dias, o juiz proferirá a sentença. Trata-se, portanto, de 
hipótese em que será autorizada a cisão da audiência única. 
 
 
 
 
 
POSSÍVEIS NULIDADES 
DURANTE A AUDIÊNCIA DE 
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
INVERSÃO ORDEM 
INQUIRIÇÃO 
AUSÊNCIA CIENTIFICAÇÃO DO DIREITO AO 
SILÊNCIO 
NÃO VIABILIZAÇÃO DE 
CONVERSA PRÉVIA E RESERVADA 
COM DEFENSOR 
AUSÊNCIA DO DEFENSOR 
 
 
44 
PEÇA: 
MEMORIAIS ESCRITOS 
PALAVRA MÁGICA: 
ENCERRADA A 
INSTRUÇÃO 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
5) MEMORIAIS OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
5.1) INTRODUÇÃO 
Declarada encerrada a instrução, passa-se à etapa dos debates orais. Todavia, 
sobretudo no contexto da prova da OAB, os debates orais podem ser convertidos em memoriais escritos em, 
basicamente, três hipóteses: a) complexidade da causa; b) excessivo número de réus; c) quando na audiência 
for ordenada realização de diligência. 
 
5.2) IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA 
Os memoriais são oferecidos após o encerramento da instrução e antes da sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de como identificar a peça extraídos de memoriais que já cobrados pela 
FGV: 
Encerramento da Instrução--------MEMORIAIS------sentença 
 
 
 
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XXVI EXAME 
(...) Na audiência de instrução e julgamento, a vítima Maria foi ouvida, confirmou suas declarações em sede 
policial, disse que tinha 17 anos, apesar de ter esquecido seu documento de identificação para confirmar, 
apenas apresentando cópia de sua matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para demonstrar que, de 
fato, era Maria. José foi ouvido e também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim como os policiais. O 
réu não estava presente na audiência por não ter sido intimado e, apesar de seu advogado ter-se mostrado 
inconformado com tal fato, o ato foi realizado, porque o interrogatório seria feito em outra data. 
Na segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando integralmente os fatos narrados na denúncia, mas 
demonstrou não ter conhecimento sobre as declarações das testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na 
mesma ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material apreendido, o laudo da arma de fogo 
demonstrando o potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem outras anotações. Encaminhados 
os autos para o Ministério Público, foi apresentada manifestação requerendo condenação nos 
termos da denúncia. 
Em seguida, a defesa técnica de Lauro foi intimada, em 04 de setembro de 2018, terça-feira, 
sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para apresentação da medida cabível. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Lauro, redija a peça jurídica 
cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser 
datada do último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) 
 
XXIII EXAME 
(...) Recebida a denúncia, durante a instrução, foi ouvida Cláudia, que confirmou ter deixado seu notebook 
acoplado à tomada, mas que Roberta o subtraíra, somente havendo restituição do bem com a descoberta dos 
agentes da lei. Também foram ouvidos os funcionários do curso preparatório, que disseram ter identificado a 
autoria a partir das câmeras de segurança. Roberta, em seu interrogatório, confirma os fatos, mas esclarece 
que acreditava que o notebook subtraído era seu e, por isso, levara-o para casa. Foi juntada a Folha de 
Antecedentes Criminais da ré sem qualquer outra anotação, o laudo de avaliação do bem subtraído, que 
constatou seu valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o CD com as imagens captadas pela câmera de 
segurança. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação da ré nos 
termos da denúncia. Você, como advogado(a) de Roberta, é intimado(a) no dia 24 de agosto de 
2016, quarta-feira, sendo o dia seguinte útil em todo o país, bem como todos os dias da semana 
seguinte, exceto sábado e domingo. Considerando apenas as informações narradas, na condição de 
advogado(a) de Roberta, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as 
teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) 
 
 
 
 
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XX EXAME 
(...) Após a juntada da Folha de Antecedentes Criminais do réu, apenas mencionando aquele inquérito, e do 
laudo de exame de material, confirmando que, de fato, a substância encontrada no veículo do denunciado era 
“cloridrato de cocaína”, os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela condenação

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