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prevencao_e_controle_de_riscos_em_maquinas_equipamentos_e_instalacoes_ii

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Brasília-DF. 
Prevenção e Controle de risCos 
em máquinas, equiPamentos 
e instalações ii
Elaboração
Vagner Lisoski Duarte
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL ........................................................ 9
CAPÍTULO 1
ANÁLISE DE RISCOS.................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE PROTEÇÃO COLETIVA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .................... 16
CAPÍTULO 3
PROJETOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA .................................................................. 28
UNIDADE II
CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES .............................................................................................. 35
CAPÍTULO 1
CHOQUE ELÉTRICO ................................................................................................................ 35
CAPÍTULO 2
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR E DESFIBRILADORES ....................................................................... 39
CAPÍTULO 3
RISCOS ASSOCIADOS À OPERAÇÃO DO DESFIBRILADOR E CUIDADOS A SEREM 
ADOTADOS .......................................................................................................... 49
UNIDADE III
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ...................................................................................................................... 51
CAPÍTULO 1
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROVISÓRIAS ................................................................................... 51
CAPÍTULO 2
LOCAIS DE RISCO ELÉTRICO ................................................................................................... 57
CAPÍTULO 3
OUTRAS SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM RISCO ELÉTRICO ............................................................ 65
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 73
4
Apresentação
Caro aluno,
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Vídeo 1 – Introdução e Objetivos da Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, 
Equipamentos e Instalações II.
Esta apostila foi elaborada com o intuito de auxiliar os estudantes do curso 
de Engenharia de Segurança do Trabalho e indicar um norte a ser seguido em 
relação à proteção dos trabalhadores, quando se trata de trabalho envolvendo 
eletricidade. 
Quando se aborda esse assunto, o ponto principal consiste exatamente nas questões 
técnicas envolvendo eletricidade ou, o que é mais comum, a falta da técnica. A 
carência de funcionários tecnicamente preparados para lidar com dispositivos 
elétricos provoca altos índices de acidentes em intervenções em instalações 
elétricas. A análise é simples: se o profissional não é treinado corretamente, não 
utiliza os equipamentos especificados de modo correto, ignora as normas técnicas 
e regulamentadoras e não atua de acordo com procedimentos pertinentes, a 
consequência é direta: há uma enorme chance de um acidente de trabalho ocorrer.
Fazendo um paralelo, é como o funcionamento de uma engrenagem: se alguma 
peça não girar corretamente, um efeito indesejado vai surgir em determinado 
momento.
Quando se analisa o acidente de trabalho, percebe-se que, além de todos os males 
que provoca no trabalhador, este também acarreta outros prejuízos à empresa, 
como imagem negativa desta perante a sociedade, perda de rendimento no 
trabalho dos demais funcionários que souberam do acidente de trabalho de um 
colega ou o presenciaram, parada de linhas de produção, perda de insumos e 
danificação de equipamentos. Acrescenta-se a isso o fato de que a empresa deve 
custear não somente o salário dos primeiros 15 dias de afastamento do acidentado, 
como também treinamento do funcionário deslocado para a função ou contratado 
por meio de processo de captação externa. Ainda existem os possíveis passivos 
trabalhistas em função das indenizações a serem pagas.
O investimento em treinamento de funcionários e o atendimento às normas 
vigentes não são apenas recomendados. Sua falta, além de trazer várias 
consequências negativas, como as apresentadas acima, impacta em outras 
esferas, como na ampliação do setor de serviços e fabricação de equipamentos 
para trabalhos com eletricidade, que contribui na arrecadação de impostos do 
8
município e do estado e na valorização dos profissionais, pois o atendimento às 
normas e regulamentações traz a necessidade de emissão de laudos, relatórios 
técnicos, diagramas, fomentando o crescimento dessa área. 
Além disso, uma empresa segura minora o pagamento dos impostos devido 
à diminuição do imposto pago pela empresa. Com a metodologia vigente paraarrecadação do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), as empresas estão 
enquadradas em diferentes graus de riscos, determinados pelo CNAE (Classificação 
Nacional de Atividades Econômicas) da atividade preponderante da empresa, 
existindo um fator de correção, o FAP (Fator Acidentário de Prevenção), que 
penaliza as empresas com o aumento em até 100% da alíquota do SAT caso não 
adotem medidas de prevenção aos acidentes de trabalho, ou as premia com 
a redução em até 50% da alíquota do SAT, caso os números do INSS indiquem 
redução nas ocorrências de acidentes do trabalho.
Dessa forma, espera-se que os assuntos a serem apresentados descrevam a 
importância de se desenvolver, de forma segura, o trabalho envolvendo eletricidade 
e motivem a todos para tentar realizar, no futuro, um excelente trabalho na área 
de prevenção de acidentes.
Objetivos
 » Introduzir conceitos de equipamentos de proteção coletiva e individual, 
bem como de superfícies de trabalho.
 » Discutir os princípios básicos referentes a dispositivos elétricos, 
incluindo eletricidade estática, cabines de força, aterramento e 
para-raios.
 » Identificar e avaliar riscos de modo a estabelecer medidas preventivas 
e corretivas, a nível coletivo, individual e administrativo, em 
instalações elétricas na construção civil e em ambientes explosivos.
 » Prevenir acidentes de origem elétrica.
 » Promover a vigilância da segurança dos trabalhadores.
 » Intervir nos ambientes de trabalho de forma a prevenir acidentes e 
doenças do trabalho.
9
UNIDADE I
SISTEMAS E 
EQUIPAMENTOS DE 
PROTEÇÃO COLETIVA 
E INDIVIDUAL
CAPÍTULO 1
Análise de riscos
Vídeo 2 – Análise de Riscos.
Esta unidade trata dos sistemas de proteção coletiva e individual, com foco no 
trabalho envolvendo eletricidade. No entanto, é preciso atentar que, antes de falar 
de sistemas de proteção coletiva e equipamentos de proteção individual, existe 
uma ordem de priorização na sistemática de proteção do trabalhador.
Primeiramente, vale lembrar os conceitos de perigo e risco. Perigo é a condição 
que pode provocar perda e que ameaça a integridade de uma pessoa. Risco é a 
condição de perigo associada a uma probabilidade, ou seja, a exposição ao perigo.
O conceito de risco leva a outro conceito de grande importância, que é a análise 
de riscos. É um processo realizado por meio da observação e discussão dos fatores 
ambientais de trabalho, proporcionando ações que visam neutralizar os riscos 
identificados, garantindo a integridade física das pessoas e do patrimônio da 
empresa. Tem como objetivo identificar e antecipar os possíveis riscos oriundos da 
atividade e propor a melhor solução para que o trabalho seja realizado com a maior 
segurança possível.
Uma das regras básicas ao se fazer qualquer intervenção em instalações 
elétricas é que uma análise de riscos seja elaborada a fim de contribuir para 
a redução da probabilidade de acidentes. Trata-se, portanto, de um processo 
ativo que envolve desde os trabalhadores da supervisão aos operadores que 
porventura estejam trabalhando na planta em que o processo de análise está 
sendo conduzido. É importante que as observações sobre as tarefas sejam 
feitas do modo como ocorrem na prática, e não apenas como previsto em 
procedimentos escritos para tais tarefas. A aplicação da análise de riscos é 
10
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
indispensável, pois permite ao profissional especializado verificar os desvios 
ocorridos em campo e suas possíveis consequências. Em contrapartida, obriga 
o profissional de segurança a ter uma presença mais contínua nos setores da 
empresa.
A situação a seguir é um exemplo de aplicação de análise de riscos.
Imagine uma sala de aula no terceiro andar de um edifício, a qual é utilizada 
para treinamento de profissionais com idade média de 30 anos. Nessa sala, existe 
uma grande janela que, normalmente, fica aberta. Agora imagine novamente essa 
mesma sala, utilizada por alunos com média de idade de 7 anos. Ao observar as 
duas situações, detecta-se o perigo do local, representado pela janela aberta e 
pelo risco de queda. Apesar de o perigo ser o mesmo, a análise de risco pode 
indicar ações diferentes, pois, na primeira situação, o risco é tolerável, enquanto 
na segunda o risco não é tolerável. Tomando por base esse simples exemplo, 
deve-se perceber que não se deve padronizar a análise de risco para esse perigo.
Isso é fundamental, pois salienta o respeito às características próprias de um local 
na análise de risco, levando em consideração cada pessoa, bem como a situação 
momentânea, entre outras variáveis.
Deve-se evitar a elaboração de uma análise de riscos genérica, como “substituição 
de uma luminária”, na qual facilmente se identificam os perigos de choque 
elétrico, arco elétrico e trabalho em altura, porém existem outras variáveis, como 
as características do local. Suponha um profissional que chega ao local para 
substituir a luminária e encontra várias poças de água ou forro instável. A análise 
genérica não contemplaria esses perigos, pois são particularidades do local onde 
o trabalho será realizado. Dessa forma, é importante evitar a generalização da 
análise de riscos.
Outro aspecto relevante consiste em evitar que a análise de risco seja 
elaborada por apenas um profissional, pois cada um tem uma percepção de 
risco diferente. Portanto, a participação de mais de uma pessoa na análise a 
enriquece, aumentando a quantidade de riscos identificados.
Existem vários métodos para avaliação de riscos, a exemplo da Análise Preliminar 
de Riscos (APR), WHAT IF, HAZOP, FMEA, entre outros. Um método interessante e 
que vale a pena ser citado, por envolver também dados de frequência de exposição, é 
a Valoração do Nível de Riscos (NR), cuja fórmula é destacada abaixo:
NR = PO x FE x GPL x NPL
11
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
Em que:
PO = Probabilidade
FE = Frequência de Exposição
GPL = Grau Máximo de Perda ou Lesão
NPL = Número de Pessoas Envolvidas. 
Levantada cada parcela, basta realizar a multiplicação desses valores para 
encontrar os riscos que devem ser priorizados. 
A seguir, são apresentadas as tabelas com as variáveis utilizadas nesse método, que 
podem ser bastante úteis para aplicação em vários processos:
Tabela 1. Índice PO.
Grau Probabilidade Descrição
1 Improvável possível em circunstâncias extremas
8 Provável não é surpresa que ocorra.
15 Certo esperado
Fonte: Roxo (2006).
Tabela 2. Índice FE.
Frequência de Exposição (FE).
Grau Descrição
0,1 menor que anual
0,2 anualmente
1 mensalmente
2 semanalmente
3 diariamente
4 por hora
5 constantemente
Fonte: Roxo (2006).
Tabela 3. Índice GPL Grau Máximo de Perda ou Lesão.
Grau Descrição
0,1 arranhão ou hematoma.
0,5 laceração ou doença de efeito médio.
1 fratura de um osso menor ou doença ocupacional temporária simples.
2 fratura de um osso maior ou doença ocupacional permanente simples.
4 perda de um membro, um olho ou alguma doença ocupacional mais grave.
8 perda de membros, olhos ou doença ocupacional permanente (séria).
15 acidente fatal.
Fonte: Roxo (2006).
12
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Tabela 4. Índice NPL.
0 Descrição
1 1-2 pessoas
2 3-7 pessoas
4 8-15 pessoas
8 16-50 pessoas
12 mais que 50 pessoas
Fonte: Roxo (2006).
Tabela 5. Índice NR = GPL x PO x FE x NPL.
NR Risco Tempo máximo da ação
0 a 5 Insignificante risco aceito
6 a 10 Baixo < 1 ano
11 a 50 Médio < 3 meses
51 a 100 Alto < 1 semana
101 a 500 Extremo imediato
Acima de 500 Totalmente inaceitável parar atividade
Fonte: Roxo (2006).
Uma vez apresentada a análise de risco, importante ferramenta na prevenção 
de acidentes em trabalhos com eletricidade, o passo adiante é a apresentação da 
Norma Regulamentadora no 10 (NR-10). Ela estabelece medidas de controle do 
risco elétrico a serem adotadas pelas empresas, com a finalidade de preservar 
a integridade física e a saúde dos trabalhadoresque exercem atividades com 
instalações elétricas. 
Vídeo 3 – Medidas de Controle de Risco
A NR-10 introduz medidas de controle de risco e determina que as empresas adotem 
medidas preventivas contra o risco elétrico e outros eventuais riscos que porventura 
existirem na atividade do trabalhador, por exemplo, queda de altura, transporte dos 
trabalhadores, ataques de insetos e animais, temperaturas extremas, riscos ergonômicos, 
entre outros.
A norma estabelece algumas medidas de controle do risco que devem ser adotadas 
pelas empresas:
 » diagrama unifilar;
 » prontuário das instalações elétricas;
 » medidas de proteção coletiva; e
 » medidas de proteção individuais.
13
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
Observe que, interessantemente, o diagrama unifilar e o prontuário das instalações 
elétricas são apenas medidas de controle do risco elétrico, e não medidas de proteção.
O diagrama unifilar se traduz em uma demonstração da instalação elétrica da empresa 
em papel, ou seja, é a medida de controle mais simples e básica que uma empresa 
pode aplicar. Isto é uma das coisas que não se pode admitir: que uma empresa não 
conheça suas próprias instalações elétricas em projeto. Não somente as instalações 
elétricas, mas também as instalações hidráulicas, de gás etc. Conhecendo-se suas 
instalações, a empresa pode prevenir a ocorrência de acidentes. Vale ressaltar que, 
nessa ótica, quando se fala em empresa, associa-se principalmente à figura dos 
encarregados da engenharia e segurança do trabalho, que são os primeiros a serem 
acionados em caso de sinistro, e estes provavelmente serão vocês, alunos, em um 
futuro próximo.
A Norma não estabelece parâmetros de tamanho da empresa para ser necessário 
o mapeamento do diagrama unifilar, o que significa que todas as empresas devem 
ter. Contudo, ela determina algo muito importante: que o diagrama unifilar esteja 
atualizado. Não teria significado prático uma empresa possuir diagrama unifilar e 
este estar desatualizado. Isso seria a mesma coisa de ser inexistente, ou pior: daria a 
sensação de segurança no julgamento de uma situação irreal e acabaria colocando o 
trabalhador em um risco muito maior, semelhante a orientar um cego a atravessar a 
rua com o sinal fechado para o pedestre.
A segunda medida de controle, o prontuário das instalações elétricas, traduz-se em 
uma série de documentos arquivados em uma pasta ou similar que possa comprovar 
o controle sobre os riscos da atividade. Se a empresa mantém atualizado o prontuário 
das instalações elétricas e o implementa, isso representa a realização da gestão 
responsável da segurança e saúde no trabalho.
Diferentemente do diagrama unifilar, para o prontuário das instalações elétricas 
existe uma abrangência definida. Empresas que possuem carga instalada superior a 
75kW são obrigadas a constituir e manter o prontuário das instalações elétricas. O 
valor de 75kW é o limite superior de potência, que foi definido para fornecimento em 
baixa tensão. Normalmente, para faixas de potência superior a essa, passa-se a ter 
maiores graus de complexidade nas instalações.
O prontuário é um arquivo composto por documentos que relacionam as instalações 
elétricas e os controles existentes, os procedimentos, o resultado das inspeções e 
medições do sistema de aterramento, as especificações das proteções coletivas e 
individuais, a comprovação de qualificação dos trabalhadores e o relatório técnico das 
instalações.
14
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
A seguir, são descritos os itens constantes na norma: 
a. conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de 
segurança e saúde, implantadas e relacionadas à NR e descrição das 
medidas de controle existentes;
b. documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra 
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
c. especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o 
ferramental, aplicáveis conforme determina a NR;
d. documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, 
autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
e. resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos 
de proteção individual e coletiva;
f. certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas 
classificadas;
g. relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, 
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.
Devido à sua importância, destaca-se que na alínea “g” é citado que o relatório 
técnico deve apresentar resultados das inspeções nas instalações elétricas do 
estabelecimento e as devidas recomendações acerca de como a empresa deve 
proceder, se for o caso, para adequar itens do próprio prontuário. Esse relatório 
técnico deverá ser elaborado por profissional legalmente habilitado.
Existem empresas especiais que trabalham no sistema elétrico de potência (conjunto 
das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de 
energia elétrica até a medição, inclusive) que, além dos itens citados, também devem 
elaborar o prontuário com a descrição dos procedimentos para emergências e as 
certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual.
Empresas que realizam trabalhos próximos ao Sistema Elétrico de Potência 
deverão atender apenas as alíneas “a”, “c”, “d” e “e” citadas e elaborar o prontuário 
com a descrição dos procedimentos para emergências e as certificações dos 
equipamentos de proteção coletiva e individual.
A norma, por segurança, prevê que atividades desenvolvidas no sistema elétrico 
de potência não deverão ser executadas de forma individual, sendo necessário no 
15
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
mínimo dois trabalhadores para desempenhar a tarefa. Existe previsão também 
que somente pode haver execução das atividades mediante Ordem de Serviço 
devidamente datada e com definição do local onde será executada a atividade.
A empresa não pode se negar a disponibilizar o prontuário das instalações 
elétricas aos seus empregados, pois é um direto do trabalhador conhecer as 
medidas de controle de riscos a que estão submetidos.
Assim, com alguns conceitos revisados e novos conceitos sobre controle de riscos, 
será dado um passo adiante, passando a tratar sobre sistemas de proteção coletiva.
16
CAPÍTULO 2
Sistemas de proteção coletiva e 
equipamentos de proteção individual
Sistemas de proteção coletiva
Vídeo 4 – Sistemas de Proteção Coletiva.
A adoção de medidas de proteção coletiva nas atividades e serviços com instalações 
elétricas nas empresas deverá atender ao que estiver estabelecido na Norma 
Regulamentadora no 9, que prevê a hierarquização das medidas.
A NR-09 estabelece que toda empresa deverá elaborar e implementar o Programa 
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), reconhecendo os riscos existentes na 
atividade dos trabalhadores, por meio das etapas de antecipação e reconhecimento, 
com a finalidade de preservar a saúde e a integridade física dos empregados. Após 
o reconhecimento dos riscos, deverão ser adotadas medidas de proteção, dando 
prioridade às proteções coletivas.
Vale ressaltar que uma velha prática a ser abolida é, mediante a necessidade de 
adoção de medidas de proteção, pensar primeiro no Equipamento de Proteção 
Individual – EPI. Deve-se primeiramente considerar a eliminação do risco 
na sua fonte, e não no agente que pode sofrer o dano, que é o trabalhador. 
Dar uma máscara ou um protetor auricular como primeira solução em vez de 
eliminar a poeira ou o ruído é demonstrar nenhum compromisso com a saúde 
do trabalhador!
Na mesma linha, a Norma Regulamentadora no 10 também hierarquiza as 
medidas de proteção para atividades envolvendo eletricidade, iniciando pelas 
proteções coletivas, e elenca que prioritariamente a desenergização elétrica deve 
ser a primeira medida de proteção coletiva a ser adotada. Obviamente, não tendo 
energia, elimina-seo risco de imediato. Na impossibilidade de desenergização, a 
norma prevê o emprego de tensão de segurança.
Colocar o trabalhador em contato com nível de tensão de segurança que não 
ofereça risco de passagem de corrente elétrica pelo coração já diminui bastante 
o risco de acidente fatal, o que seria o pior caso. O nível de tensão considerado 
seguro é abaixo de 50 Volts para corrente alternada e 120 Volts para corrente 
17
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
contínua. Nesses níveis, é possível tocar no contato energizado sem ocorrer risco 
algum.
Não sendo possível adotar nenhuma dessas duas proteções, parte-se para outras 
medidas coletivas, como isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, 
sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento 
automático.
O processo de desenergizar uma instalação elétrica é uma forma de eliminar o 
risco elétrico, sendo possível se trabalhar com segurança nas instalações elétricas, 
mas não é simplesmente um processo de se desligar a energia. Existe todo um 
sequencial de procedimentos a serem seguidos, conforme abaixo:
 » primeiramente, deve haver o seccionamento, que é o processo de cortar 
a energia de toda ou de parte de uma instalação elétrica, separando-se de 
qualquer fonte de energia elétrica; 
 » depois, deve haver o impedimento de reenergização, que pode ser 
realizado utilizando o sistema Lock-Out/Tag-Out; 
 » deve ser constatada a ausência de tensão, utilizando multímetro 
ajustado para o nível de tensão correto. Nesse ponto, o diagrama 
unifilar pode ser usado para auxiliar o local correto onde deve ser feita 
essa medição; 
 » deve ser providenciado o aterramento temporário com 
equipotencialização dos condutores dos circuitos; 
 » deve haver proteção dos elementos energizados existentes na zona 
controlada;
 » deve ser realizada instalação de sinalização de impedimento de 
reenergização.
O que seria o sistema Lock-Out/Tag-Out? 
Traduzindo para o português, seria “bloqueio e identificação” ou “lacre e 
etiquetagem”. 
Trata-se de um sistema que garante o bloqueio (Lock-Out) da passagem 
inesperada de algum tipo de energia ou produto, no mesmo instante em que 
alguém estiver fazendo um reparo ou manutenção de equipamento. Para 
completar o bloqueio, adicionam-se etiquetas de identificação (Tag-Out), as 
quais alertam sobre o perigo de operar o equipamento e indicam o responsável 
pela interdição.
18
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Sempre que for necessário fazer serviços de manutenção, lubrificação, ajustes, 
troca de peças ou setup de equipamentos, é preciso que estes estejam desligados 
(desenergizados), o que é feito, normalmente, ao desligar a alimentação do 
equipamento. No entanto, apenas isso não é suficiente, visto que uma pessoa 
estranha à operação pode, inadvertidamente, acionar alguma válvula ou botão que 
libera energia, colocando em risco a vida do profissional que executa o trabalho no 
equipamento.
A NR-10 informa que, para considerar um sistema desenergizado, existe a 
necessidade de bloquear o dispositivo ao qual este esteja ligado. O bloqueio 
e etiquetagem fazem parte do método desenvolvido Occupational Safety and 
Health Administration – OSHA, do ministério dos Estados Unidos, para isolar 
máquinas e equipamentos das fontes de energia, a fim de evitar ferimentos.
A norma OSHA no 29 CFR 1910.147 foi mais específica e definiu que o 
procedimento deve ser aplicado sempre que as máquinas ou equipamentos 
receberem energia de uma ou várias fontes. Ela também exige o emprego dos 
procedimentos bloqueio e etiquetagem em máquinas e equipamentos sempre 
que seja preciso colocar ou retirar qualquer proteção ou mecanismo de 
segurança durante a instalação, manutenção, reparo, ajuste, inspeção, operação 
ou procedimento de construção de equipamentos.
Essa norma abre exceção do uso da etiquetagem e bloqueio para as trocas menos 
importantes de ferramentas, ajustes e outras atividades menores que, durante 
a operação normal, sejam de rotina, repetitivas e partes integrantes da utilização 
dos equipamentos de produção, desde que o trabalho seja realizado com meios 
alternativos de proteção. Contudo isso não exclui a desenergização do sistema, 
somente o bloqueio e etiquetagem.
No Brasil, o sistema de bloqueio e etiquetagem foi intensificado após a 
atualização da NR-10, que trata a desenergização como procedimento 
prioritário para garantir a segurança dos profissionais que interagem com 
eletricidade. 
Vídeo 5 – Sistema Lock-Out/Tag-Out
O sistema de bloqueio e etiquetagem pode ser aplicado não apenas para 
a energia elétrica, mas também para energia mecânica, gravitacional e 
pneumática. O sistema é simples, e para cada tipo de energia há um modo 
especial de bloqueio. No mercado, existem vários fabricantes e soluções para 
variadas fontes de energia.
19
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
Para o bloqueio de passagem de corrente elétrica em determinado circuito, 
devem-se bloquear, principalmente, os dispositivos elétricos que alimentam a 
rede.
 » Bloqueios para disjuntores – existem vários modelos de disjuntores 
(monopolares, tripolares, DIN). Como os exemplos a seguir:
Figura 1. Dispositivo para bloqueio de disjuntores DIN.
Fonte: https://www.seton.com.br/dispositivo-de-bloqueio-disjuntores-DIN.html.
Figura 2. Dispositivo para bloqueio de disjuntor monopolar.
Fonte: https://www.seton.com.br/dispositivo-de-bloqueio-disjuntores-monopolar.html.
Figura 3. Dispositivo para bloqueio de disjuntores tripolares.
Fonte: https://www.seton.com.br/dispositivo-de-bloqueio-disjuntores-tripolar.html.
20
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
 » Bloqueios para plug –utilizados quando existe a necessidade de plugar 
tomadas em locais afastados da área de trabalho utilizando algum tipo 
de extensão elétrica. 
Figura 4. Dispositivo para bloqueio de plug modelo 1.
Fonte: https://www.protcap.com.br/produtos/sinalizacao/bloqueio-e-travamento/bloqueio-de-plugue-modelo-steck.
Figura 5. Dispositivo para bloqueio de plug modelo 2.
Fonte: https://www.fg.com.br/bloqueio-seguranca-para-disjuntor-norma-din--schneiderge--90845---brady/p. 
 » Bloqueios para dispositivos pneumáticos – permitem isolar gases sem 
a necessidade de instalar válvulas nas linhas.
Figura 6. Dispositivo para bloqueio de mangueiras.
 Fonte: https://www.fg.com.br/dispositivo-bloqueio-mangueiras.
21
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
 » Bloqueios para Válvulas – permitem bloquear diversos tipos de 
válvulas, conforme exemplos a seguir:
Figura 7. Dispositivo para bloqueio de válvulas de esfera.
Fonte: https://www.fg.com.br/dispositivo-bloqueio- valvulas-esfera.
Figura 8. Dispositivo para bloqueio de válvulas de gaveta.
Fonte: http://www.qualisseg.com.br/sistema-de-bloqueio/477-dispositivos-de-bloqueio-de-valvulas-gaveta-q560-a-q589.
De forma a facilitar a implantação de um sistema de bloqueio e identificação, 
seguem algumas considerações que devem ser seguidas, visto que a aplicação 
desse sistema envolve uma mudança de cultura na empresa, que provavelmente 
enfrentará resistência de alguns. O Engenheiro de Segurança do Trabalho é o 
profissional que se encarregará de fazer cumprir a NR-10 e aplicar corretamente 
os sistemas de bloqueio. 
a. Determinar a quem os sistemas de bloqueio se aplicam e em quais etapas 
serão utilizados.
Usualmente, o sistema tem aplicabilidade a todos os empregados, terceirizados e 
prestadores de serviço que executam manutenção em geral e em equipamentos, 
máquinas e instalações, sujeitos à liberação não controlada de energia.
22
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Exemplos de aplicação: 
 » quando um funcionário é obrigado a remover ou desativar a proteção de 
uma máquina ou outro dispositivo de segurança; 
 » nos serviços de manutenção realizadosdurante uma operação normal de 
produção; 
 » quando um funcionário precisa colocar parte de seu corpo dentro de uma 
máquina ou equipamento em operação;
 » onde exista zona de perigo associada ao ciclo de operação da máquina. 
b. Determinar a quais situações não se aplicam os sistemas de bloqueio.
Geralmente, não se aplicam os sistemas de bloqueio a operações normais de 
produção, mudanças menores de ferramentas, ajustes ou outras pequenas 
atividades que sejam rotineiras, repetitivas e parte integral do uso do equipamento, 
em que se considera que o trabalho é executado com medidas de segurança que 
fornecem proteção efetiva aos trabalhadores. 
Também se excluem os serviços nos quais uma máquina e/ou equipamento 
possam ser controlados ao desconectar o equipamento da fonte de energia por 
um plugue. Quando o plugue ficar sob controle exclusivo do funcionário de 
manutenção, deve-se aplicar um dispositivo de bloqueio do plugue.
O nível de aplicabilidade deve ser definido pela empresa, tendo em vista as 
características do local, equipamento e particularidades do processo de 
produção. Por isso, é importante a análise de risco.
c. Responsabilidade de aplicação do sistema.
 › Gerentes: levar ao conhecimento dos supervisores de seu setor o 
programa e esclarecer a necessidade de seu cumprimento.
 › Supervisores: garantir que todos os funcionários, 
independentemente de serem autorizados ou terceiros, sejam 
treinados e tenham conhecimento do programa. Comprar os 
dispositivos de bloqueio adequados à execução segura dos serviços; 
treinar pessoas autorizadas para a utilização dos dispositivos de 
bloqueio específicos de sua área; desenvolver procedimentos de 
bloqueio/aviso para máquinas e equipamentos de sua área.
23
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
 › Funcionários autorizados: seguir os procedimentos determinados 
pelos supervisores, os requisitos do programa, utilizar somente 
cadeados próprios identificados e sempre carregar consigo a chave de 
abertura.
 › Recursos humanos: assegurar que os novos funcionários, ou aqueles 
exercendo novas funções, que precisem ser treinados, passem por 
treinamento específico.
 › Segurança do Trabalho: garantir que seja realizado o treinamento 
específico de pessoas autorizadas, funcionários e terceirizados. Verificar 
periodicamente se as pessoas autorizadas mantêm o conhecimento 
adquirido no treinamento. Dar conhecimento aos funcionários, 
durante a integração e o treinamento periódico, das regras e dos riscos 
envolvendo os sistemas de bloqueio/aviso; fornecer suporte técnico 
na implantação do programa e na seleção de dispositivos de bloqueio 
aprovados.
d. Aplicação de bloqueio para sistemas elétricos.
Antes da realização de qualquer serviço ou manutenção de máquina ou 
equipamento em que possa ocorrer inesperada energização, acionamento ou 
liberação de energia elétrica, esse equipamento ou máquina deve ser posto 
fora de operação e isolado de todas as fontes possíveis de energia. Para isso, a 
utilização de bloqueios com cadeado terá prioridade no isolamento de fontes de 
energia em equipamentos de sistemas elétricos.
O isolamento de energia e os dispositivos de bloqueio podem ser aplicados apenas 
por funcionários treinados e autorizados para executar o serviço ou manutenção. 
Somente as pessoas que atendam aos requisitos exigidos pela NR-10 podem fazer 
travamento e verificação de seccionamento da energia elétrica.
Todos os funcionários que executam trabalho de manutenção na máquina ou 
equipamento devem ser autorizados e utilizar seu próprio cadeado para bloqueio. 
Desse modo, podem ser empregados dispositivos de bloqueio múltiplo.
e. Distribuição e utilização de cadeados.
Os cadeados de bloqueio devem ser usados tão somente para o fim descrito no 
sistema de bloqueio e etiquetagem, sendo vedada qualquer outra utilização. 
Devem estar codificados, de modo a identificar a pessoa responsável por ele. Não 
é aconselhável o uso de cadeados sem dispositivo de aviso. 
24
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Para cada cadeado deve ser alocada uma identificação de seu respectivo 
profissional. Portanto, para fins de comprovação em auditorias, uma lista ou 
planilha deve ser elaborada. Uma chave reserva deve ficar sob a responsabilidade 
do gestor do sistema. Caso o titular perca sua chave ou não a tenha disponível, o 
gestor do sistema de bloqueio e etiquetagem pode utilizar a chave reserva. 
As reposições de cadeados inutilizados devem ser registradas pelo gestor, 
constando o nome do funcionário autorizado responsável pelo cadeado, a data de 
inutilização do cadeado anterior, além da descrição da causa de sua inutilização.
Finalizadas as atividades que envolvem eletricidade, têm-se o procedimento 
reverso, que é a reenergização das instalações, que deve seguir a sequência abaixo:
a. retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; 
b. retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos 
no processo de reenergização; 
c. remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das 
proteções adicionais; 
d. remoção da sinalização de impedimento de reenergização; 
e. destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.
Equipamentos de Proteção Individual – EPI
Vídeo 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI.
A proteção individual deve ser utilizada apenas quando as medidas de proteção 
coletiva, administrativas ou de organização do trabalho, não forem suficientes 
para eliminar ou minimizar os riscos à integridade física e saúde do trabalhador.
Vale ressaltar que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, 
equipamentos de proteção individual adequados ao risco e em perfeito estado 
de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não 
ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos 
empregados.
No processo de aquisição de equipamento de proteção individual, deve-se 
verificar o Certificado de Aprovação (CA) do EPI. O certificado deve constar 
25
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
no EPI em caracteres indeléveis. O certificado é emitido pela Secretaria de 
Inspeção do Trabalho, sendo o laudo de ensaio do equipamento emitido por 
laboratório de certificação credenciado. 
A conformidade de proteção é avaliada no âmbito do Sistema Nacional de 
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO). O SINMETRO 
é um sistema brasileiro, constituído por entidades públicas e privadas, que 
exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização, qualidade 
industrial e certificação da conformidade. O INMETRO é parte integrante 
do SINMETRO, e este é responsável por emitir laudos de conformidade de 
equipamentos de proteção individual.
A rastreabilidade do laudo é facilmente consultável via site do Instituto Nacional 
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). É importante, para respaldo 
do profissional de Segurança e Saúde do Trabalho, que sejam guardadas as Notas 
Fiscais de aquisição dos EPIs e, se for o caso, também que seja verificado o CA, 
impresso e guardado.
Os Equipamentos de Proteção Individual são classificados em 9 categorias, sendo: 
1. equipamentos de proteção da cabeça (capacete e capuz – também 
chamado de balaclava);
2. equipamento de proteção dos olhos e da face (óculos, protetor facial, 
máscara de solda);
3. equipamentos de proteção auditiva (protetor auditivo – concha ou plug);
4. equipamento de proteção respiratória (respirador purificador de ar não 
motorizado, respirador purificador de ar motorizado, respirador de 
adução de ar tipo linha de ar comprimido, respirador de adução de ar 
tipo máscara autônoma e respirador de fuga);
5. equipamentos de proteção de tronco (vestimentas de proteção, colete à 
prova de balas de uso permitido para vigilantes);
6. equipamentos de proteção de membros superiores (luva, creme contra 
agentesquímicos, manga, braçadeira, dedeira);
7. equipamentos de proteção dos membros inferiores (calçado, meia, 
perneira, calça);
26
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
8. equipamentos de proteção do corpo inteiro (macacão, vestimenta de 
corpo inteiro); e
9. equipamentos de proteção contra queda de diferença de nível 
(cinturão com dispositivo trava-queda, cinturão de segurança com 
talabarte).
Nas atividades em geral envolvendo eletricidade, a utilização do EPI estará 
condicionada a reter a exposição da pele do trabalhador ao contado direto/indireto 
com partes energizadas dos equipamentos e instalações elétricas. 
Dentro das categorias explicitadas, os equipamentos de proteção individual que 
terão praticamente maior importância nesse sentido serão as luvas, mas não será 
descartada a utilização de vestimenta que proteja corpo inteiro do trabalhador, 
cobrindo-o até os punhos, e também o uso de calça e bota isolada. Mas a maior 
importância ainda será a utilização das luvas, devido ao manuseio direto nos 
quadros, disjuntores e fiações.
Normalmente, o recomendado é a utilização de luva de borracha como barreira 
isolante, e sobre ela uma luva de pelica para proteger a de borracha. Não é incomum 
o funcionário se sentir desconfortável ao usar as duas luvas simultaneamente e 
tentar retirar a luva de pelica. O problema é que a luva de borracha é fácil de se 
danificar, bastando um esbarrão em um quadro afiado para rasgar. Dessa forma, 
o cuidado reside em orientar e controlar o uso do EPI por parte dos funcionários, 
evitando o uso incorreto. 
Algo também a se considerar no controle desses equipamentos é que a luva 
apresenta mais de um padrão de tamanho. Ao se adquirir luvas não corretamente 
dimensionadas, podem-se ter luvas folgadas, em que as mãos ficam escorregando e 
saindo facilmente, ou luvas apertadas, que provocam rapidamente cansaço. Dessa 
forma, é essencial avaliar corretamente o dimensionamento do produto antes da sua 
aquisição.
As demais vestimentas que fazem a correta proteção em atividades envolvendo 
eletricidade são a bota com solado de borracha (ou outro material que permita isolar 
eletricamente a passagem de corrente em direção ao solo) e vestimentas de algodão 
tratado ou fibra natural que tenham tramas fechadas para evitar o contato.
Cabe destacar que as vestimentas, além de serem adequadas às atividades, devem 
considerar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. 
Além disso, nos trabalhos em instalações elétricas ou serviços com eletricidade, 
27
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
não é permitido o uso de acessórios pessoais, como brincos, correntes, pulseiras 
e relógios.
O risco elétrico, em geral, possui medidas eficientes, tanto coletivas quanto 
individuais, para mitigá-lo. A execução das atividades seguindo as etapas 
de desenergização, bloqueio e posterior energização (após a finalização 
das atividades), desde que corretamente realizadas, minimiza a exposição 
ao trabalhador ao risco. Os EPIs utilizados possuem determinada isolação, 
conforme o nível de tensão na qual o trabalho é executado, majorando a 
segurança na realização deste. 
No entanto, o risco elétrico envolve certa complexidade, que provém da 
formação de arco elétrico. Para este, a mitigação do risco será realizada por meio 
de projetos específicos para o correto dimensionamento, os quais serão vistos 
no próximo capítulo.
28
CAPÍTULO 3
Projetos de proteção individual e 
coletiva
Projetos de Proteção Individual
Vídeo 7 – Projetos de proteção individual.
Primeiramente, é importante caracterizar o que seria o arco elétrico e a magnitude 
que temos na presença dele. O arco elétrico é uma fonte de calor extremo que pode 
alcançar 20.000 K nos terminais do arco e 13.000 K em sua parte intermediária, 
respectivamente 4 e 2,6 vezes mais altas que superfície do sol, estimada em 5000 
K. Sendo assim, é a segunda mais poderosa fonte de calor da terra, ficando atrás 
somente de alguns tipos de raio laser que podem atingir 100.000 K. 
A quantidade de energia produzida por arcos elétricos pode ultrapassar 100 
cal/cm²/s. Para se ter ideia da magnitude desse valor, a pele humana exposta a 
essa quantidade de energia atingirá, em ½ segundo, a temperatura de 500 ºC, e 
a água aumentaria seu volume em torno de 500 vezes. Esse efeito seria similar 
ao de uma explosão, pela quase instantaneidade da expansão.
Como mencionado, o arco elétrico pode atingir temperaturas altíssimas, 
ocasionando queimaduras graves, as quais podem facilitar a infecção hospitalar, 
além, é claro, de outros males. Por esse motivo, enfatiza-se a importância da 
proteção. A NR-10 estabelece a necessidade de vestimenta especial a fim de 
proteger o profissional contra as queimaduras, a qual deve ter características de 
não inflamabilidade, ou seja, o fogo deve extinguir-se rapidamente do tecido. Essas 
vestimentas devem ser especificadas por um profissional habilitado na área de 
elétrica, visto que cálculos específicos são exigidos para determinar com precisão 
o nível adequado para a vestimenta. 
Para a correta especificação, deve-se realizar o cálculo de ATPV (Arc Thermal 
Performance Value). A ATPV é uma característica diretamente relacionada 
ao tecido do qual a vestimenta é constituída, bem como da sua tecnologia de 
fabricação. É definida como o valor da energia incidente sobre o material ou sistema 
multicamadas do material que resulta em 50% de probabilidade de transferência 
de calor suficiente para causar o início de uma queimadura de segundo grau, em 
cal/cm².
Existe mais de uma metodologia para chegar ao valor de ATPV. Tem-se, por 
exemplo, a NFPA 70E – Standard for Electrical Safety in Workplace e a IEEE 
29
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
1584 – Guide for Performing Arc flash Hazard Calculations, ambas com o 
objetivo de proteger os profissionais que trabalham perto ou em instalações e/ou 
equipamentos elétricos energizados.
Por exemplo, na NFPA 70E, os riscos são classificados de 0 a 4, sendo 0 para menor 
risco e 4 para o risco maior, de acordo com as tarefas realizadas em equipamentos 
energizados. O nível de proteção, última coluna da tabela 6, é definido em ATPV.
Tabela 6. Características das Vestimentas de Proteção.
Categoria de 
Risco/Perigo
Descrição da Vestimenta Nível mínimo de Proteção contra 
arco do EPI [J/cm²(cal/cm²)]
0
Não fundante (non melting), material flamável (isto é, algodão sem 
tratamento, lã, raion, seda, ou a combinação desses materiais), com 
gramatura mínima de 152 g/m²
Não Aplicável
1 Camisa e calça antichamas ou macacão antichama 16,74 (4)
2 Camisa calça antichamas ou macacão antichama 33,4447 (8)
3
Camisa e calça antichamas ou macacão antichama, e roupa de proteção 
contra arco selecionada de forma que atenda aos requisitos mínimos do 
nível de proteção desejado
104,60 (25)
4
Camisa e calça antichamas ou macacão antichama, e roupa de proteção 
contra arco selecionada de forma que atenda aos requisitos mínimos do 
nível de proteção desejado
167,36 (40)
Fonte: NFPA 70E (2018).
O nível de exposição à energia incidente ainda é baseado na distância de trabalho 
do rosto do trabalhador e da área do peito (caixa torácica) em relação à fonte do 
arco para determinada tarefa a ser executada. Existem ainda as considerações 
sobre a exposição fatores como distância e corrente de curto circuito, que entram 
na conta ao calcular o ATPV. Devido a esses parâmetros, existe a necessidade de 
se ter o auxílio do engenheiro eletricista para calcular situações específicas.
Nos projetos de proteções coletivas que mitigam a questão do arco voltaico, 
existem zonas de controle e risco que vão definir onde deverá ser colocada a 
superfície de isolamento, quando for o caso. O diagrama com a identificação 
dessas zonas é apresentado a seguir: 
Figura 9. Zonas controlada e de risco.
Fonte: redeseletricas.wordpress.com.
30
UNIDADE I│ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Em que:
PE – Ponto energizado;
ZR – Zona de risco;
zcP – Zona controlada;
Zl – Zona livre;
SI – Superfície isolante.
Sendo assim, dependendo da complexidade do sistema, devem-se considerar outras 
variáveis (corrente de curto-circuito, distância de trabalho, tempo de duração do 
arco, sistema aterrado ou não etc.). Para casos que são mais simples, pode-se utilizar 
metodologia mais simplificada que utiliza tabelas e a classe de tensão.
Para esse tipo de metodologia, verifica-se primeiramente o nível de tensão e 
classifica-se o risco, de acordo com as tabelas a seguir:
Tabela 7. ATPV – Painéis de 220 e 127 volts.
Classificação da categoria de risco – Painéis com nível de tensão de 220/127 V
Etapa
Categoria de 
risco (ATPV)
Necessidade de uso de 
luvas isolantes
Necessidade de utilização 
de ferramentas isolantes
Manobras de disjuntores e chaves fusíveis com 
manopla externa.
0 Não Não
Manobra de fusíveis ou chaves fusíveis com 
acionamento direto.
0 Não Não
Trabalhos próximos de partes energizadas, incluindo 
testes de tensão.
1 Sim Sim
Remoção ou instalação de disjuntores ou chaves 
fusíveis.
1 Sim Sim
Remoção de cobertura, deixando partes 
energizadas expostas.
1 Não Sim
Fonte: Santos Júnior (2013).
Tabela 7. ATPV – Painéis de 380 e 440 volts.
Classificação da categoria de risco Painéis com nível de tensão de 220/127 V
Etapa
Categoria de 
risco (ATPV)
Necessidade de uso 
de luvas isolantes
Necessidade de utilização de 
ferramentas isolantes
Manobras de disjuntores e chaves fusíveis com manopla externa. 0 Não Não
Manobra de fusíveis ou chaves fusíveis com acionamento direto. 2 Não Não
Trabalhos próximos de partes energizadas, incluindo testes de 
tensão.
2 Sim Sim
Remoção ou instalação de disjuntores ou chaves fusíveis. 2 Sim Sim
Remoção de cobertura, deixando partes energizadas expostas. 2 Sim Sim
Fonte: Santos Júnior (2013).
31
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
Tabela 8. ATPV – Painéis acima 1.000 volts.
Classificação da categoria de risco Painéis com nível de tensão de 220/127 V
Etapa
Categoria de 
risco (ATPV)
Necessidade de uso de 
luvas isolantes
Necessidade de utilização 
de ferramentas isolantes
Operação de chave seccionadora e/ou disjuntor de 
média tensão com as portas do cubículo fechadas.
2 Sim Não
Trabalhos próximos a partes energizadas, incluindo teste 
de tensão.
4 Sim Sim
Aplicação de aterramento temporário, após teste de 
tensão.
4 Sim Sim
Inspeção de cabos isolados em área em poço de inspeção 
ou outra área confinada.
4 Sim Não
Inspeção de cabos isolados em área aberta. 2 Sim Não
Fonte: Santos Júnior (2013).
Finalmente, baseado no nível do ATPV, informa-se ao fornecedor que este deve ter 
a vestimenta apropriada.
Projetos de proteção coletiva
Vídeo 8 – Projetos de proteção coletiva.
Quando falamos do projeto de instalação elétrica, algumas medidas devem ser 
consideradas para determinadas situações. Uma das situações mais comuns é a 
ocorrência de sobretensões. As sobretensões são uma elevação brusca na tensão do 
sistema elétrico, que ultrapassa os limites normalmente projetados.
Elas podem ser de curta duração (da ordem de microssegundos), podendo ser 
provocadas por descargas atmosféricas ou por manobras na rede (manutenção, 
desligamentos de equipamentos por conta de chuvas, chaveamento de circuitos etc.). 
Já a sobretensão permanente, mais rara, é consequência de grandes manobras e 
avarias na rede de distribuição por conta de queda de árvores, ventanias e outros.
Uma medida simples de proteção é a colocação de Dispositivos de Proteção 
contra Surtos (DPS), projetados para evitar a elevação brusca de tensão. Esse 
dispositivo não deve ser confundido com disjuntor comum, visto que este último 
serve para evitar a elevação brusca de corrente, que na maioria das vezes é 
causada por curto-circuito.
Existem três classes de DPS:
 » Classe I: instalações sujeitas às descargas diretas nos para-raios da 
edificação ou descargas vindas pela rede elétrica. Usadas em indústrias, 
edifícios de elevada altura etc.;
32
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
 » Classe II: instalações elétricas gerais, que muito provavelmente 
receberão “surtos” somente pela rede elétrica. Utilizadas em 
residências, comércios e edificações de pequeno porte;
 » Classe III: instalações elétricas com equipamentos muito sensíveis 
aos “surtos elétricos”. Usadas em hospitais (centros cirúrgicos), centros 
de telecomunicações etc.
Os DPS funcionam utilizando varistores. O varistor é um componente eletrônico 
que, abaixo da tensão de disparo, apresenta alta resistência elétrica e, acima da 
tensão de disparo, apresenta baixa resistência. Ele fica instalado em paralelo com 
o fio neutro e o fio fase. Quando a tensão sobe acima da tensão de disparo, o 
varistor provoca um curto-circuito entre o fio neutro e o fio fase. 
Mas há de se pensar: o curto-circuito não é ruim? O que ocorre é que isso é muito 
rápido a ponto de não provocar calor. Quando perdura por tempo muito elevado, 
o varistor queima. A tensão permanecendo elevada por maior tempo vai provocar 
aumento de corrente, e o circuito desliga ao sentir a corrente induzida.
Como mencionado, as sobretensões podem ocorrer por descargas atmosféricas 
nas redes de transmissão. Essas descargas são nada mais do que os raios elétricos. 
E esses raios não caem apenas na rede de transmissão, mas também podem cair 
na edificação. 
Para proteção em caso de ocorrência desses raios, deve-se ter dimensionamento de 
um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
O SPDA é um sistema de proteção contra raios que tem como objetivo escoar para 
o solo, no caminho mais curto e mais rápido possível, os raios que eventualmente 
atinjam a edificação onde estão instalados. Dessa forma, o principal objetivo de um 
SPDA é garantir a segurança das pessoas e dos bens patrimoniais. Apesar disso, um 
SPDA nunca poderá garantir uma proteção 100%, uma vez que se trata de um evento 
da natureza sobre o qual o homem não tem controle. Dessa forma, a única coisa que o 
homem pode fazer é agir preventivamente.
Existe mais de um método para projeto de SPDA que pode ser utilizado. Por 
exemplo, podem ser utilizados os seguintes métodos:
 » ângulo de proteção (Método Franklin);
 » esfera rolante ou fictícia (modelo eletrogeométrico);
 » condutores em malha de gaiola (Método Faraday).
33
SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL │ UNIDADE I
Independentemente do método escolhido, para a sua utilização, devem ser 
seguidos os seguintes passos:
I. definir o nível de proteção – deve-se selecionar em tabela o nível de 
proteção exigido para a edificação que se deve proteger;
II. definir o método e espaçamento – ao ser definido o nível de proteção, 
deve-se consultar a tabela, determinando o método a ser utilizado e o 
espaçamento entre os condutores de descida;
III. definir condutor – determinados os parâmetros anteriores, deve-se 
definir o tipo de condutor e consequentemente a seção (bitola) deste.
A seguir, é apresentado um sistema pelo método de Gaiola de Faraday em prédios:
Figura 10. Método de Gaiola de Faraday em prédios.
Fonte: PROCOBRE (2011).
Em que:
1. subsistema de captação (por cima) – condutor por cima da platibanda 
percorrendo todas as periferias dos diferentes níveis horizontais;
2. subsistema de captação (na lateral) – condutor na lateral externa da 
platibanda percorrendo todas as periferias horizontais;
3. subsistema de descida – condutores verticais dispostos 
preferencialmente nas quinas da edificação e distribuição pelo 
perímetro da edificação, obedecendo ao espaçamento especificado;
34
UNIDADE I │ SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
4. subsistema de anéis intermediários horizontais (captação lateral) – 
condutores horizontais, com seção mínima de 35mm², instalados a 
cada 20m de altura, percorrendo a periferiaexterna da edificação e 
interligando as descidas;
5. subsistema de malha de aterramento – cabo de cobre nu, com 
seção mínima de 50mm², circundando a periferia do prédio, 
distando aproximadamente 1m da edificação, enterrado a 0,5m de 
profundidade e conectado no mínimo a uma haste “Copperweld” de 
alta camada para cada descida;
6. subsistema de equalização de potencial – interligação de todas 
as malhas de aterramento e massas metálicas ao terminal de 
aterramento principal ou ligação equipontencial principal. 
Em relação ao aterramento, esse é o meio responsável pelo escoamento das 
correntes dos raios no solo, sem provocar tensões de passo perigosas e mantendo 
baixa a queda de tensão na resistência de terra. As correntes dos raios penetram 
na instalação pelos captores e são conduzidas até o aterramento por meio das 
descidas, que são ligadas aos eletrodos de aterramento.
Os eletrodos de aterramento podem ser em cobre, aço galvanizado a quente ou 
aço inoxidável, não sendo permitido o uso de alumínio. É possível também utilizar 
o aço revestido de cobre (Copperweld) com uma camada mínima de 254mm. O 
eletrodo de terra pode ter a forma de cabo, barra chata ou redonda ou tubo, com 
seções mínimas de 50mm2 para o cobre, 80mm2 para o aço galvanizado e 100mm2 
para aço inoxidável.
Apesar da popularidade dos eletrodos anteriores, é importante destacar que, 
desde fevereiro de 1998, a NBR no 5.410/2008 (última atualização) declara como 
eletrodo de aterramento preferencial das instalações aquele que utiliza a ferragem 
da fundação do concreto armado. Essa solução resulta em uma baixíssima 
resistência de aterramento (geralmente menor do que 1ohm) e, principalmente, 
proporciona uma equalização completa dos potenciais das diversas massas e da 
estrutura da edificação, graças à interligação com a ferragem das lajes.
Finalizando esse assunto, deve ser observado que a presença do engenheiro 
eletricista é de suma importância para o projeto das instalações. Logo, o engenheiro 
de segurança deve atentar a ter um bom relacionamento com esse profissional e 
realizar um serviço a quatro mãos, com o intuito de aumentar a segurança dos 
trabalhadores que estão sob sua responsabilidade. 
35
UNIDADE IICHOQUE ELÉTRICO 
E DESFIBRILADORES
CAPÍTULO 1
Choque elétrico
Vídeo 9 – Choque Elétrico.
Se uma instalação elétrica é bem projetada e executada, dificilmente teremos 
a ocorrência de choques elétricos, tão comuns em nosso dia a dia. No caso de 
acontecer uma descarga elétrica, um sistema de proteção deveria atuar para 
que, em um pequeno espaço de tempo, não cause danos às pessoas leigas ou 
profissionais habilitados na execução dos serviços de eletricidade. 
O tema abordado nesta Unidade tem como objetivo aguçar as ideias dos 
profissionais que lidam diretamente com as instalações elétricas. Vamos lá?
Voltando aos conceitos básicos de funcionamento de qualquer dispositivo 
elétrico, têm-se três elementos que compõe qualquer equipamento elétrico 
encontrado nas variadas instalações elétricas: 
 » a resistência, que é responsável pela transformação da energia elétrica 
em outra forma de energia, como calorífica, luminosa, mecânica, 
sonora etc.; 
 » a indutância e a capacitância, que se traduz na maioria das 
vezes na presença de indutores e capacitores, que são elementos 
armazenadores de energia responsáveis por criação de campos 
eletromagnéticos. Esses elementos aparecem nos transformadores, 
reatores e na formação dos campos eletromagnéticos dos motores;
 » a diferença de potencial (tensão elétrica), que serve para que haja 
circulação de corrente elétrica e a produção de potência elétrica ativa, 
ou seja, a grandeza que determina o quanto uma lâmpada é capaz de 
emitir luz, um motor elétrico pode produzir trabalho, um chuveiro 
36
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
consegue aquecer água, entre outros. O conjunto das potências 
elétricas, ativa e reativa, dá origem à potência aparente.
Observe que, para um equipamento funcionar, é necessário que ele seja 
conectado, por meio de condutores, à uma instalação elétrica. Esta é submetida 
a uma tensão elétrica, cujos valores podem colocar em riscos as pessoas que 
operam os equipamentos. 
Duas situações podem ocorrer quando o corpo humano é submetido a uma tensão 
elétrica causada por falha de isolamento das partes condutoras ou por contato 
direto com as partes vivas. A primeira situação é que a corrente passará pelo corpo 
humano direto ao chão. A segunda situação é que a corrente passará pelo corpo 
humano de um condutor para outro. 
O nível da tensão é o que vai provocar a quantidade de corrente que vai passar 
pelo corpo humano. Dessa forma, as normas que tratam do assunto recomendam 
que os valores que estão em uma faixa de tensão segura não deveriam ser 
superiores a 50 volts (corrente alternada) nos locais residenciais e 25 volts 
(corrente alternada) em áreas externas, canteiros de obras, estabelecimentos 
pecuários, campings etc.
O choque elétrico vai se traduzir no conjunto de perturbações de natureza e 
efeitos diversos, que se manifestam no organismo humano ou animal, quando 
este é percorrido por corrente elétrica. As manifestações relativas ao choque 
elétrico, dependendo das condições e intensidade da corrente, podem ser desde 
uma ligeira contração superficial até uma violenta contração muscular, que 
pode provocar a morte.
O choque elétrico também pode ser considerado como “o efeito patofisiológico que 
resulta da passagem de uma corrente elétrica, chamada de corrente de choque, 
através do organismo humano, podendo provocar efeitos de importância e gravidades 
variáveis, bem como fatais” (FUNDACENTRO, 2007, p.11).
Os riscos chegam a ser tão elevados que existe a Norma Regulamentadora no 16 – 
NR-16, que, no seu Anexo 4, reconhece a situação de periculosidade nas atividades 
decorrentes da exposição à energia elétrica, dando direitos aos empregados 
expostos a receber adicional de periculosidade de 30%.
O choque elétrico por contato direto – quando se toca diretamente num 
condutor ativo de uma instalação – ocorre, geralmente, pela falta de 
conhecimento, negligência ou imprudência das pessoas. No entanto, esse 
37
CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES │ UNIDADE II
tipo de contato é raro. O que mais oferece risco é o contato indireto – quando 
se toca numa parte da instalação que é condutora temporariamente, em 
geral por uma falta elétrica, mas que está isolada das partes condutoras da 
instalação –, pois ocorre mais frequentemente, representando um perigo 
maior aos trabalhadores.
Os principais efeitos que uma corrente elétrica produz no corpo humano são a 
tetanização, a parada respiratória, a queimadura e a fibrilação ventricular.
A tetanização é a paralisia muscular provocada pela circulação da corrente 
elétrica por meio dos tecidos nervosos que controlam os músculos. Esse efeito 
sobrepõe-se ao comando cerebral. Até certo valor, entre 6 a14mA em mulheres 
e 9 e 3mA em homens, em corrente alternada de 50 a 60hz, tem-se o limite de 
largar, que é o valor limite para que uma pessoa, tendo em mãos um objeto 
energizado, ainda consiga largá-lo. Ultrapassando esse limite, a corrente provoca 
contração total do músculo, o que impede que a pessoa largue o objeto utilizando 
os músculos voluntariamente.
A parada respiratória acontece quando, durante a tetanização, os músculos 
peitorais e os pulmões são paralisados e interrompem a respiração. Se a corrente 
permanece, a pessoa perde a consciência e morre por asfixia ou sofre lesões 
irreversíveis nos tecidos cerebrais. Por essa razão, é importante a respiração 
artificial no socorro imediato (no máximo três ou quatro minutos após o acidente).
A queimadura ocorre quando a passagem da corrente elétrica pelo corpo 
humano é acompanhada do desenvolvimento de calor devido ao efeito joule. 
Esta pode se tornar mais intensa nos pontos de entrada e saídas de corrente e 
mais grave quanto maior a corrente e o tempo de permanência. Na alta tensão, 
a queimadurainterna pode romper as artérias, causando hemorragia.
A fibrilação ventricular ocorre quando as fibras musculares do ventrículo 
vibram desordenadamente, estagnando o sangue dentro do coração. No ser 
humano, o músculo cardíaco contrai-se 60 a 100 vezes por minuto em virtude 
dos impulsos elétricos gerados no nódulo sinoatrial do coração. Quando, às 
vezes, somam-se e sobrepõem-se impulsos externos, devido ao choque elétrico, 
dependendo da intensidade da corrente e da duração do contato, a frequência 
do batimento poderá ser alternada, produzindo arritmia, e o órgão não será 
mais capaz de exercer sua função vital. A fibrilação ventricular é praticamente 
irreversível, pois, apesar dos bons resultados que podem ser conseguidos pelo 
pronto atendimento com desfibriladores cardíacos, não há tempo para utilizá-los, 
já que o período para comprometimento do coração e cérebro é de apenas três 
minutos.
38
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
Todos os anos, ocorrem milhares de acidentes e muitas pessoas morrem ou ficam 
gravemente feridas em consequência de choques elétricos. Quando ocorre um 
acidente, o atendimento rápido pode salvar a vítima, mas é preciso saber como 
agir. Os primeiros três minutos após o choque são vitais para o atendimento do 
acidentado. Contudo, alguns cuidados são essenciais no atendimento:
 » não tocar na pessoa acidentada em contato com instalação elétrica 
energizada;
 » se o choque ocorrer dentro de casa, desligar imediatamente o disjuntor 
ou chave geral;
 » caso o acidente ocorra na rede elétrica externa, contate imediatamente a 
empresa distribuidora de energia;
 » não sendo possível desligar a energia, afaste a pessoa da instalação 
com material isolante (que não permite que a eletricidade passe 
através dele) e seco, como um cabo de vassoura, um jornal dobrado, 
cano plástico ou corda. Suba em algum material isolante, como tapete 
de borracha ou pilha de jornais secos;
 » chame o pronto-socorro ou leve a vítima para o hospital, com o cuidado 
de não agravar eventuais lesões;
 » caso seja necessário e se souber, aplique técnicas de reanimação, como 
respiração boca a boca e massagem cardíaca.
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CAPÍTULO 2
Fibrilação ventricular e desfibriladores
Vídeo 10 – Fibrilação ventricular e desfibriladores.
De forma a compreender profundamente o que trata a fibrilação ventricular e como 
funcionam os desfibriladores, é importante entender os conceitos de funcionamento 
do coração.
O coração é um órgão muscular que promove a circulação do sangue pelo corpo. 
É composto por duas partes distintas, as quais agem como bombas pulsáteis 
independentes: o lado direito, responsável pelo bombeamento do sangue venoso 
para o pulmão, e o lado esquerdo, que bombeia o sangue arterial para os órgãos 
periféricos.
Cada um desses lados é subdividido em duas câmaras internas, o átrio e o 
ventrículo, as quais são ligadas entre si por válvulas cardíacas. Enquanto os átrios 
podem ser considerados bombas fracas de escorva, responsáveis por bombear para 
os ventrículos o sangue que chega ao coração, são os ventrículos que imprimem a 
força principal de bombeamento.
Os movimentos realizados pelo coração para promover o bombeamento do sangue 
são conhecidos como batimentos cardíacos. Os eventos que ocorrem entre o início e 
o final de cada batimento constituem o ciclo cardíaco, o qual consiste em um período 
de relaxamento, a diástole, intercalado por um período de contração, a sístole.
O coração possui um sistema especializado de autoexcitação, responsável por gerar 
impulsos rítmicos capazes de promover a contração ritmada do músculo cardíaco 
e realizar a condução desses impulsos, rapidamente, para todo o coração. Quando 
esse sistema funciona normalmente, a contração dos átrios é realizada cerca de 1/6 
de segundo antes dos ventrículos, de modo a conduzir o sangue para as câmaras 
ventriculares antes que estas se contraiam e bombeiem o sangue para os pulmões e 
para circulação periférica.
As células cardíacas passam por ciclos de despolarização e repolarização, nas 
quais íons (Na+, Ca++ e K+) atravessam de dentro para fora e depois de fora para 
dentro das células. A despolarização ocorre quando um fluxo de íons atravessa o 
sarcolema (membrana celular) e promove a redução da concentração de cargas 
40
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
negativas no interior da célula, com consequente diminuição da diferença de 
potencial transmembrana. A repolarização ocorre quando um fluxo de íons 
atravessa a membrana celular seletiva no sentido de restaurar o potencial de 
repouso da célula.
Conforme uma onda de despolarização percorre no coração durante um batimento 
cardíaco, o interior das células tende a ficar com uma concentração maior de cargas 
positivas e uma pequena parte da corrente elétrica produzida passa para os tecidos 
vizinhos, alcançando a superfície do corpo. Tal corrente elétrica gera um pequeno 
potencial elétrico, o qual pode ser registrado por meio de eletrodos externos colocados 
sobre a pele e dispostos em lados opostos do coração. O registro desse potencial 
elétrico é frequentemente utilizado para monitorar a atividade cardíaca de pacientes 
e é denominado eletrocardiograma (ECG). 
Um registro típico de ECG é mostrado na figura a seguir:
Figura 11. Representação de um ECG normal.
0,2 sec
5mm
1 sec
QRS complexQT intervalPR interval
S – T 
segment
SQ
P – R 
segment
T wave
+1
0
M
ili
vo
lt
s
P wave
Fonte: Ramos e Souza (2007).
Quando se torna irregular, o ritmo cardíaco é chamado de arritmia cardíaca. Essas 
arritmias podem ser por batimentos muito lentos ou de maneira descoordenada ou 
esporádica. Obviamente, tais disfunções podem ser fatais, uma vez que podem alterar 
drasticamente a função de bombeamento do coração.
Uma das arritmias cardíacas é a fibrilação ventricular, que ocorre quando impulsos 
cardíacos circulam por todas as direções pela massa muscular ventricular, 
41
CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES │ UNIDADE II
estimulando primeiramente uma região, depois outra e, por fim, voltando para 
reexcitar o mesmo músculo ventricular por várias vezes, sem cessar (movimento 
circular).
Quando uma fibrilação ventricular ocorre, muitas regiões dos ventrículos se 
contraem ao mesmo tempo em que outras regiões ventriculares estão se relaxando. 
Isso impede a contração coordenada de todo o músculo ventricular. Como resultado, 
as câmaras ventriculares não se distendem nem se contraem, permanecendo em uma 
situação indeterminada de contração parcial, bombeando quantidades desprezíveis 
de sangue, ou nenhum sangue.
Para corrigir a fibrilação ventricular, força-se a aplicação de um pulso de corrente 
elétrica atravessando o coração, que promove a despolarização (contração) de uma 
grande quantidade de fibras musculares ventriculares que estavam polarizadas 
(relaxadas) e ao mesmo tempo prolongando a contração das fibras que já estavam 
contraídas. Se uma massa crítica (75% a 90%) das fibras responde simultaneamente 
a essa contração forçada, quando estas retornarem ao estado de repouso, estarão 
em condições de responder ao marca-passo natural do coração, restabelecendo o 
bombeamento efetivo de sangue.
Uma vez iniciada a fibrilação ventricular, a probabilidade de sobrevivência 
cai 10% a cada minuto decorrido. Dessa forma, quanto mais rápido houver a 
intervenção e forem utilizados equipamentos médicos adequados, tanto maior 
será a chance de sobrevivência do paciente.
Normalmente, o coração é capaz de bater de forma síncrona após a desfibrilação 
elétrica. Para uma célula cardíaca individual, o choque não necessita ser 
maior do que o pulso gerado pelo próprio marca-passo do coração. Nesse 
sentido, um desfibrilador é um estimulador semelhante a um marca-passo 
cardíaco de larga escala, que não deve provocar danos ao coração.
Para produzir a mesma densidade de corrente que o marca-passo cardíaco natural, 
a desfibrilação requer eletrodos corretamente posicionados, conforme Figura 13,e de grande superfície, pelos quais circulam correntes de dezenas de ampères, 
sendo que grande parte dessas correntes acabam passando ao redor e não através 
do coração. Dessa forma, é de grande importância na eficácia do tratamento a 
aplicação de corrente correta passando pelo coração.
42
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
Figura 12. Posicionamento adequado dos eletrodos efetiva desfibrilação.
ApicalEsternal
Fonte: ANVISA (2011). 
A tecnologia dos desfibriladores evoluiu com estudos de eficácia no tratamento. 
Desfibriladores mais antigos usavam aplicação de choque monofásico e hoje 
evoluíram para choque bifásico, ou seja, com inversão do pulso. A impedância torácica 
de homens adultos submetidos a desfibrilação em hospitais varia de 25 a 175 ohms, 
sendo o valor médio de 58 ohms. Dessa forma, uma das características incorporadas 
aos desfibriladores bifásicos é medir a impedância do indivíduo durante a utilização 
do equipamento.
No pulso de desfibrilação bifásico, durante a aplicação do choque no paciente, 
é formado um circuito RC, em que o paciente representa a resistência em série 
com o capacitor. A componente resistiva, nesse caso, pode variar de acordo com a 
impedância transtorácica do paciente. Esta sendo medida, o equipamento ajusta a 
largura do pulso aplicado. A figura apresenta larguras diferentes de pulso de acordo 
com a impedância transtorácica.
Figura 13. Larguras diferentes de pulso de acordo com a impedância transtorácica.
25Ω
50 Ω
75 Ω
100 Ω
125 Ω
150 Ω
175 Ω
360 J
Fonte: ANVISA (2011).
43
CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES │ UNIDADE II
A figura acima mostra a variação da duração dos pulsos para diferentes valores 
de impedância. Para corrigir e ajustar a duração do pulso de desfibrilação, os 
equipamentos que utilizam essa tecnologia medem o valor de impedância 
transtorácica do paciente antes do choque para que o circuito de controle 
possa ajustar o tempo de duração da descarga, garantindo a entrega da energia 
previamente selecionada.
Estudos têm mostrado que formas de ondas bifásicas apresentam desempenho 
superior às monofásicas no tratamento das fibrilações ventriculares. Além disso, 
os choques bifásicos produzem menos lesões ao tecido cardíaco. Outro aspecto 
importante é que os desfibriladores bifásicos, com menores valores de energia, 
alcançam o mesmo nível de sucesso que os monofásicos, representando maior 
segurança ao paciente.
Outra evolução são os Desfibriladores Externos Automáticos (DEA). O DEA 
difere dos desfibriladores convencionais porque podem analisar o ritmo 
cardíaco e determinar se a desfibrilação será necessária; isso elimina a 
necessidade de o operador interpretar o sinal de ECG antes da desfibrilação.
Figura 14. Modelo de DEA.
Fonte: https://www.primecirurgica.com.br/desfibrilador-externo-automatico-dea-aed-plus-zoll-p5223/. 
O DEA foi concebido para ser utilizado principalmente em emergências, em 
que os operadores não são treinados no suporte de vida avançado, tais como 
bombeiros, agentes policiais e paramédicos. Os DEA podem ser automáticos ou 
semiautomáticos.
Os modelos automáticos exigem apenas que o operador posicione os eletrodos 
de desfibrilação e ative a unidade que vai analisar o ECG do paciente e determinar 
a necessidade de aplicação do pulso elétrico. Caso necessário, o equipamento 
automaticamente efetua a descarga.
44
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
A maioria dos DEA é semiautomática. Esses equipamentos analisam o ECG do 
paciente e notificam o operador se a desfibrilação é indicada. Dessa forma, o 
operador pode efetuar a descarga.
Esses equipamentos podem utilizar mensagem visual, sons e/ou instruções de 
voz sintetizada para notificar o operador de uma ação. Os DEA também podem 
incluir um dispositivo de documentação tal como um cartão de memória. Cabos 
reutilizáveis fazem a conexão dos eletrodos adesivos de desfibrilação com o 
equipamento. Esses eletrodos adesivos são utilizados para a monitoração do ritmo 
cardíaco e a entrega da energia de desfibrilação. Para visualização das informações, 
informações da situação ao operador (paciente e/ou desfibrilador) e para mostrar 
a onda de ECG ou informar sobre o início da desfibrilação, o equipamento conta 
com um display LCD ou outro tipo de display.
Os DEA utilizam algoritmos de reconhecimento. A precisão de reconhecimento 
de algoritmo de um DEA é normalmente descrita em termos de sensibilidade e 
especificidade. A avaliação de desempenho dos DEAs é determinada por normas 
emitidas pela American Nacional Standards Institute/Association for the 
Advancement of Medical Instrumentation (ANSI/AAMI). 
De acordo com essas normas, a sensibilidade para reconhecimento de fibrilação 
ventricular em uma amplitude de 200 V ou mais deve ser superior a 90% na 
ausência de artefato. Para os equipamentos que detectam taquicardia ventricular, 
a sensibilidade deve ser superior a 75%. A especificidade do equipamento em 
diferenciar arritmias que não necessitam de desfibrilação deve ser superior a 95% 
na ausência de artefatos.
Alguns desfibriladores oferecem recursos adicionais, como o módulo de oximetria 
de pulso, que realiza a monitoração do grau de saturação de oxigênio no sangue 
arterial. Essa medida é obtida de maneira não invasiva, por meio de sensor óptico 
posicionado normalmente em extremidades do corpo do paciente, como dedo ou 
lóbulo da orelha. O princípio da oximetria de pulso é baseado nas características 
de absorção da luz vermelha e infravermelha da hemoglobina oxigenada e a 
desoxigenada.
Outros recursos oferecidos são:
 » módulo de marca-passo externo – geralmente é opcional dos 
desfibriladores, sendo utilizado para o tratamento temporário 
emergencial de assistolia, bradicardia severa, falha de marca-passo 
implantado, entre outras cardiopatias. Para uso do marca-passo 
45
CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES │ UNIDADE II
externo, são necessários dois eletrodos descartáveis fixos no tórax do 
paciente, que conduzem os estímulos elétricos ao coração. Os eletrodos 
são normalmente aplicados por um eletrodo no tórax e outro nas costas, 
pois nessa situação reduz-se a estimulação do músculo peitoral;
 » capnografia – trata-se de um método de monitoração ventilatória não 
invasiva que permite a quantificação direta da fração expirada de dióxido 
de carbono (CO2) e indireta das pressões parciais arteriais de CO2. O 
sistema faz comparação entre a quantidade de energia infravermelha 
absorvida e o referencial zero, mostrando instantaneamente a 
concentração do gás;
 » módulo de PNI – é um método de oscilometria automatizado que 
permite a verificação da pressão arterial com base na medida das 
pressões sistólica, diastólica e média, utilizando um software específico 
para esse fim;
 » registrador – que se traduz em uma impressora para registro de 
eventos mais importantes.
Outros acessórios genéricos são relacionados abaixo. Esta lista não é exaustiva, e os 
acessórios não se limitam aos indicados a seguir:
 » cabo de força para interligação à rede elétrica;
 » cabo veicular para alimentação em corrente contínua;
 » bateria não recarregável;
 » bateria recarregável (acumulador recarregável);
 » carregador de bateria;
 » cabo do carregador de bateria;
 » cartão de memória (memória de eventos e registro do traçado de ECG 
do paciente, anterior e posterior à descarga de energia: especificar 
número mínimo de descargas);
 » software para visualização em PC;
 » cabos para monitorização de ECG de 5 vias (ou de três vias) com 
terminais de conexão aos eletrodos de pele;
46
UNIDADE II │ CHOQUE ELÉTRICO E DESFIBRILADORES
 » cabo conector dos eletrodos descartáveis de ECG/Desfibrilação ao 
Equipamento;
 » conjunto de eletrodos (pás) para desfibrilação e cardioversão externas, 
desfibrilação externa semiautomática, estimulação de marca-passo 
e monitoração de ECG, descartáveis, compostos de eletrodo flexível 
adesivo com pré‐aplicação de gel, com ou sem cabo fixado, com conector 
blindado (existem

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