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Brasília-DF. Gestão de Projetos APlicAdA Elaboração Djenane Arraes Moreira Maurício Rebelo Velloso da Silveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção .................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 6 introdução ..................................................................................................................................... 8 unidAdE i Contextualização do GerenCiamento de Projetos .................................................................. 11 CAPítulo 1 ambiente de Projeto ......................................................................................................... 11 CAPítulo 2 imPortânCia do GerenCiamento de Projetos ................................................................ 15 CAPítulo 3 ConCePção de um Projeto ............................................................................................. 19 unidAdE ii orGanização de GerenCiamento de Projetos ........................................................................... 31 CAPítulo 1 o Pmi e outras orGanizações de GerenCiamento de Projetos ................................... 31 CAPítulo 2 administração de ProCessos .......................................................................................... 36 CAPítulo 3 Project cycle ManageMent – PCm ................................................................................ 41 unidAdE iii imPlementação do GerenCiamento de Projetos na orGanização .......................................... 45 CAPítulo 1 estruturas Para orGanização Por Projetos ................................................................. 45 CAPítulo 2 estratéGias de imPlementação do GerenCiamento de Projetos .................................. 48 CAPítulo 3 o esCritório de Projetos ................................................................................................. 53 CAPítulo 4 Ferramentas Para visualização de Projetos .................................................................. 59 PArA (não) FinAlizAr ...................................................................................................................... 61 rEFErênCiAS .................................................................................................................................... 62 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução Projetos vêm sendo realizados desde os primórdios da civilização. A construção das Pirâmides do Egito, depois de 2780 a.C., por exemplo, foi um grande projeto. No final do século XIX, a revolução industrial alterou profundamente a estrutura econômica do mundo ocidental e teve como uma das principais consequências o desenvolvimento do capitalismo industrial. As relações de produção foram drasticamente modificadas e iniciou-se, assim, uma cadeia de transformações, que tornou cada vez mais exigente a tarefa de gerir as novas organizações econômicas. Consequentemente, a partir daí surgiu uma grande necessidade de sistematizar e orientar a forma de administrar essas organizações. Nos EUA, a primeira grande organização a praticar tais conceitos foi a Central Pacific Railroad, que começou suas atividades no início da década de 1870, com a construção da estrada de ferro transcontinental. De repente, os líderes do negócio se depararam com a perigosa tarefa de organizar as atividades de milhares de trabalhadores, a manufatura e a montagem de quantidades não previstas de matéria-prima. Frederick Taylor (1856-1915), no início do século XX, iniciou seus estudos de forma detalhada sobre o trabalho. Ele aplicou raciocínio científico para mostrar que o trabalho pode ser analisado e melhorado, focando em suas partes elementares. Ele aplicou sua teoria às atividades encontradas na indústria de aço. Antes de Taylor, a única maneira de melhorar a produtividade era exigir dos trabalhadores mais horas de dedicação ao trabalho. Taylor ocupa um lugar importante na história da gerência de projetos. O sócio de Taylor, Henry Gantt (1861-1919), estudou detalhadamente a ordem de operações no trabalho. Gantt construiu diagramas com barras de tarefas e marcos, que esboçam a sequência e a duração de todas as tarefas em um processo. Os diagramas de Gantt provaram ser uma ferramenta analítica tão poderosapara os gerentes que se mantiveram virtualmente inalterados por quase cem anos. Não foi realizada alteração até antes dos anos 90, quando linhas de ligação foram adicionadas às barras de tarefa que descrevem dependências mais precisas entre as tarefas. Taylor, Gantt e outros estudiosos ajudaram a desenvolver o processo de gerência, como uma função distinta de negócio, que requer estudo e disciplina. Nas décadas seguintes à II Guerra Mundial, as estratégias de marketing, a psicologia industrial, e as relações humanas começaram a ser partes integrantes do gerenciamento do negócio, da administração das empresas. Desta forma, a complexidade dos projetos demandou novas estruturas organizacionais. Complexos Diagramas de Rede, chamados de Gráficos de PERT (Program Evaluation and Review Technique) e o método de caminho crítico (Critical Path Method – CPM) foram introduzidos, oferecendo aos gerentes maior controle sobre os projetos. Rapidamente, essas técnicas foram difundidas entre gerentes que procuravam novas estratégias e ferramentas de gerenciamento, que permitissem o desenvolvimento de projetos em um mundo competitivo e de mudanças rápidas. 9 Apenas alguns anos separam duas fases distintas vividas pelas empresas brasileiras, anteriormente, o país atravessava um período turbulento provocado pela instabilidade econômica, obrigando as empresas a serem administradas de forma quase intuitiva. Atualmente, a realidade é outra, as empresas deparam-se com clientes cada vez mais exigentes em qualidade, preço e planejamento. Atrair e manter clientes constitui grande desafio, o que demonstra que as empresas sentem cada vez mais a necessidade de adotar critérios técnicos em seus modelos organizacionais. Hoje, o gerenciamento de projetos vem se fortalecendo cada vez mais. As organizações sabem que precisam gerenciar projetos para obterem sucesso. O Project Management Institute – PMI estima que aproximadamente 25% do PIB mundial são gastos em projetos e que cerca de 16,5 milhões de profissionais estão envolvidos diretamente com gerência de projetos no mundo. Esse volume de projetos e as mudanças no cenário mundial, cada vez mais competitivo, geram a necessidade de resultados rápidos, com qualidade maior e custo menor (DINSMORE e CAVALIERI, 2004). Dessa forma, lembramos que os projetos não se anunciam; devem ser identificados como tal e, assim, devem receber atenções mais específicas para que os resultados pretendidos possam ser obtidos. objetivos » Contribuir para a formação e capacitação do participante na gestão de projetos. » Oferecer aos participantes a oportunidade de conhecer os conceitos básicos da gestão de projetos, com base no PMBOK. » Estimular uma reflexão crítica sobre a eficácia de se trabalhar com gestão de projetos. 11 unidAdE i ContExtuAlizAção do gErEnCiAmEnto dE ProjEtoS CAPítulo 1 Ambiente de projeto O gerenciamento de projetos não é mais uma atividade de preencher gráficos e cronogramas. Ele requer um alto nível de comprometimento com os resultados operacionais e financeiros, responsabilidade para o cumprimento de especificações e habilidades para criar a “química” e a sinergia entre os diversos grupos envolvidos na administração de projetos. Michael J. Termini, Presidente The Consulting Alliance Group o que é projeto Imagine que a sua empresa seja um veleiro e você um experiente marinheiro. Você domina todas as atividades cotidianas como manutenção do seu barco, atividades de turismo e pesca. Um belo dia você percebe que isso já não é mais suficiente e chega à conclusão de que uma grande aventura, como atravessar o oceano Atlântico, não só faria muito bem para a sua empresa como também traria grande satisfação pessoal. Um marinheiro experiente, porém, sabe que para isso não basta tirar o veleiro das docas e começar a jornada. Primeiro é preciso pesquisar qual a época do ano que as correntes marinhas estão mais favoráveis, se a estrutura do veleiro é adequada para aguentar tempestades, decidir se será necessário levar ou não uma tripulação, descobrir qual a melhor forma de se nutrir adequadamente, ter um bom serviço meteorológico à disposição. Em resumo, antes de se aventurar em alto mar, é preciso elaborar e gerenciar um projeto. O projeto pode ser definido como um esforço temporário com início, meio e fim, conduzido por pessoas que visam um objetivo (como o lançamento de produtos), sempre respeitando parâmetros de custo, tempo e qualidade. Um projeto pode ser classificado de várias maneiras e tem diversos fins. Ele pode visar um determinado setor econômico (agrícola, industrial ou de serviços) ou simplesmente é elaborado com o objetivo de promover impactos dentro da própria empresa: de implantação de um programa, 12 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos de modernização, de diversificação etc. Um projeto também pode ser identificado quanto ao uso. Ele pode ser de estudos ou de financiamento, por exemplo. É importante ressaltar que um projeto NÃO é uma atividade repetida ou que tem duração contínua. Nesse caso, estaríamos falando de uma atividade funcional ou programa. Dessa forma, podemos definir atividades, projetos, programas e portifólios como: » Atividades – conjunto mínimo de esforços em que é possível definir resposabilidades, alocar recursos e controlar custos. » Projetos – conjunto de atividades interdisciplinares, interdependentes, finitas e não repetidas que visam a um resultado único. » Programas – empreendimentos contínuos de vários projetos. » Portifólios – coleções de projetos e/ou programas. Por que fazer um projeto Em uma empresa, o trabalho é cercado de processos e rotinas para manter um fluxo de padrões comprometidos com a qualidade, produtividade e também com os resultados. Por mais que se dominem todas as atividades neste mesmo ambiente e que o seu resultado seja satisfatório, muitas vezes é preciso mudar de alguma maneira para continuar competitivo e presente em um mercado em constante movimento. Ou seja, às vezes, torna-se vital navegar em outros mares. O planejamento e desenvolvimento de projetos se fazem necessários em razão de toda a dinâmica do relacionamento de fatores que constituem um ambiente de negócios. São inúmeros os fatores que provocam o surgimento dos projetos: globalização, avanços tecnológicos, parcerias, meio ambiente, cidadania etc. Começa com a globalização – iniciada com a grande expansão industrial pós-guerra e pela implementação de novas tecnologias, em especial no setor de comunicação. Esse processo possibilitou a migração de empresas para outros países e continentes, fazendo necessárias adaptações e acréscimos no que diz respeito a novos recursos, hábitos e culturas. A globalização intensificou a competitividade e também passou a exigir mudanças e respostas cada vez mais rápidas, em especial na introdução de novos produtos. Nesse cenário de constante mutação, a mera execução sequencial de tarefas pode significar a morte de uma empresa em alguns casos. Com a globalização também veio a necessidade de se estabelecer parcerias. Ora, negócios não significam mais falar em empresas isoladas, e a aliança entre elas, em especial com as menores, tornou-se uma forma eficiente de diminuir os riscos. Essas parcerias permitem a soma de esforços na entrada e na permanência no mercado. Não se pode esquecer que uma empresa precisa ser sensível com a sociedade e o ambiente ao seu redor. Ser socialmente responsável, ou seja, prezar e estimular a cidadania, e se preocupar com a preservação do meio ambiente, significam muitos ganhos no mercado e entre seus 13 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i consumidores. As atenções pela conservação do meio ambiente, por exemplo, ganham mais espaço nas organizações e no meio empresarial. A questão tem levado as empresas a cumprir mais as normas e regulamentos ambientais. Outros desafios de um mundo globalizado entre as organizações empresariais e que geram projetossão a desintermediação e a desverticalização. A primeira diz respeito à maior proximidade entre fabricantes e consumidores com a diminuição de intermediários, o que possibilita maiores lucros para um e o barateamento de produtos e serviços para o outro. Já a desverticalização ocorre quando a empresa passa a se concentrar no desenvolvimento de seu principal negócio e terceiriza as demais atividades e funções. Tenha em vista que nada disso se faz sem um determinado projeto. Os mercados globalizados e a evolução tecnológica aliados à difusão da informação e à dinâmica das economias demandaram rápidas mudanças, fazendo as empresas arriscarem mais, mas procurando manter a qualidade de seus serviços. Nesse cenário, passa a ser fundamental o planejamento e a administração de projetos. onde desenvolver projetos Entre as atividades realizadas em uma empresa, existem pelo menos duas categorias que são distintas em sua natureza. A primeira diz respeito àquelas rotineiras de curta duração, que são desenvolvidas por um indivíduo. É um tipo de trabalho familiar ao funcionário sem a preocupação com cronologias acentuadas. O processo costuma ser estável e mecanizado, criando uma “zona de conforto” para quem a desempenha, tal como uma possível resistência a mudanças. É como um sujeito habituado a trabalhar com um determinado software que domina e, por isso mesmo, resiste à implantação de outro mais avançado porque seria necessário aprender novos comandos. A segunda atividade se refere às tarefas que possuem elevado conteúdo de inovação, o que faz da “rotina” uma palavra fora do dicionário. As pessoas que trabalham em setores com essas características tendem a ser altamente adaptáveis a mudanças e avanços que ocorrem em seu meio. Um setor que possui tais características lida essencialmente com projetos, que sua sobrevivência e sucesso dependem diretamente dessa dinâmica. Se por um lado as atividades de rotina demandam técnicas de “administração da capacidade”, um ambiente inovador repleto de incertezas requer planejamento de atividades e uma “administração de projetos”. Ou seja, a utilização de formas organizacionais especiais e técnicas avançadas de planejamento e controle sob o enfoque sistêmico. O que precisa estar claro é que administração de projetos consiste no desempenho de certas funções, em especial no que diz respeito ao planejamento, à administração e ao controle. Este trabalho é desempenhado em diferentes níveis, uma vez que as funções são intimamente ligadas e interdependentes. 14 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Empresas que lidam com projetos fazem parte de um ambiente de negócios mais dinâmico e complexo. E por estarem mais expostas aos riscos, faz-se necessária a administração de projetos, ou seja, a utilização de formas, organizações especiais e técnicas avançadas de controle e planejamento. Leia a matéria Falta de profissionais qualificados no mercado valoriza o passe de gestores de projetos, de Gabriel Penna publicana na Revista Você S/A, editora Abril, de junho de 2008. Um aumento de 30%. Foi o que aconteceu recentemente com os salários dos profissionais que atuam como gestores de projetos nas empresas brasileiras. Esse executivo, responsável pelas obras estruturais que fazem parte do planejamento estratégico de uma companhia, como ampliação de fábrica... Disponível em: <http://info.abril.com.br/aberto/infonews/0820 08/22082008-15.shl> 15 CAPítulo 2 importância do gerenciamento de projetos gerenciamento de projetos Ao passo que um projeto pode ser de diversas naturezas e finalidades, o seu gerenciamento possui elementos em comum. De acordo com estudos realizados pelo Project Management Institute (PMI) existem nove áreas de conhecimentos necessários para administrar projetos: escopo, tempo, custos, qualidade, risco, comunicação, recursos humanos, aquisições e integração. Destes, os quatro primeiros elementos são considerados sagrados, afinal, para lidar com um projeto é preciso saber o que, como atingir e o que deve ser incluído num determinado tempo, respeitando um orçamento pré-estabelecido. » Escopo: definição de todas as tarefas, atividades, atribuições, responsabilidades e missões, ou seja, o escopo refere-se à quantidade de trabalho que o projeto demanda. É por meio dele que se define onde começa um determinado trabalho e onde termina outro, uma vez que muitos projetos não têm especificações de atividades bem definidas. » Tempo: tempo necessário para a realização do projeto. É um conceito simples, mas a sua prática é mais complexa do que uma mera previsão de quantos minutos vão correr no relógio. Tempo tem relação direta com escopo e custos. No primeiro caso, quando as atividades demandarem um determinado projeto, mais tempo será necessário para realizá-lo. Por outro lado, isso pode significar mais custos. O ideal é sempre ter um escopo muito bem planejado a fim de que o tempo e os custos possam ser reduzidos. » Custo: todo projeto pode ser expresso em termos financeiros, afinal, materiais, infraestrutura, recursos humanos, financiamentos e tempo têm valores monetários. E é por meio do gerenciamento de projetos que se faz o controle de custos para manter o projeto dentro do orçamento previsto. » Qualidade: virtudes, recursos, expectativas e exigências do projeto. É uma das principais metas de qualquer gerenciamento. Ora, mesmo que projetos não tenham especificações detalhadas do padrão a ser alcançado, espera-se sempre o mínimo de qualidade funcional. O problema é que a qualidade é o primeiro item comprometido quando existem pressões relacionadas ao cronograma e ao orçamento. Um planejamento pobre, com erros e omissões também sacrificam esta área. Um projeto de qualidade no mínimo satisfatória requer boa harmonia entre os três itens acima. 16 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Tenha sempre em mente que lidar com projetos é lidar com riscos e incertezas. O resultado e o caminho para se chegar até o que se pretende nem sempre é claro e definido. Por isso é fundamental ter a habilidade para se fazer previsões e ter flexibilidade para se adaptar a novas situações impostas por mudanças que podem ocorrer num ambiente dinâmico. Em outras palavras, é fundamental gerenciar os riscos. O administrador do projeto deve ter um processo sistemático em que será capaz de definir, analisar e responder aos possíveis riscos, visando sempre diminuir o grau de incerteza interna e externa do projeto. Comunicação também é fundamental. Comunicar bem com todos os envolvidos no projeto assegura a geração, a coleta, o armazenamento e a distribuição apropriada de toda informação, evitando truncamentos e mal-entendidos. Mas não basta promover uma boa interação entre os membros da equipe (que pode ser feito por comunicados, e-mails, sistemas de mensagens instantâneas, fóruns etc.). Muitas vezes, o projeto tem como natureza o envolvimento da comunidade em geral. Neste caso, o uso do relações públicas e de um assessor de imprensa pode ser necessário para a quebra de resistências e para influenciar o público e os novos usuários. É preciso ficar atento ao gerenciamento dos Recursos Humanos. Projetos necessitam recrutamento e seleção de mão de obra para trabalhar de acordo com as necessidades que o projeto exigir, sendo assim, não se pode esquecer do lado administrativo e burocrático que envolve a questão, como remuneração, benefícios, salários, férias etc. Não se pode deixar de lado o fator comportamental do gerenciamento como motivação, treinamento e solução de conflitos. Há casos em que é preciso utilizar serviços terceirizados, comprar materiais e equipamentos, ou seja, fazer aquisições. A qualidade final do projeto vai depender diretamente da capacidade em se escolher bons fornecedores, prestadores de serviço e estabelecer contratos adequados. Por último há a integração de todas as áreas de conhecimento descritas acima, que na verdadeé sinônimo de gerenciar um projeto. Figura. 2.1 as nove áreas de conhecimento do projeto. RH PrazoCustos Aquisições Escopo Riscos Qualidade Comunicação Integração 17 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i Fatores de sucesso do projeto Não basta saber como planejar um projeto e estar ciente de todas as suas necessidades. Antes de colocá-lo em prática, é preciso saber que existem certos fatores dentro de uma empresa que vão determinar o seu sucesso ou seu fracasso. O primeiro e talvez a mais óbvio é ter objetivos de projeto claramente definidos. Sim, é óbvio, mas por alguma razão quase inexplicável, a maioria que surge no ambiente empresarial carece de objetivos claros. Mas a culpa nem sempre é de quem planeja. Muitas vezes fatores organizacionais, tais como política, prazos, mudança de prioridades, fluxo de caixa etc. vão contra o projeto, o que torna o seu objetivo algo difícil de ser alcançado. Objetivos definem o escopo do projeto. Nesse sentido, faz-se a necessidade de um escopo claramente definido e cronogramas menores. Como já vimos anteriormente, escopo diz respeito à quantidade total de trabalho e está diretamente relacionado com tempo, qualidade e custo. Quanto menos o projeto dura, maiores são as chances se ter sucesso. Logo, é aconselhável priorizar um cronograma menor e com pontos de checagem mais frequentes. Um bom cronograma é elaborado com base na disponibilidade de recursos e nas habilidades deles. Quando ele apresenta marcos, ou seja, tarefas de duração estabelecida que formam pontos que ajudam a navegar pelo plano do projeto, e indicar pontos de checagem importantes ou eventos, a chance de sucesso aumenta. Quanto mais cedo você notar que o projeto está seguindo seu curso, mais fácil será fazer pequenos ajustes. Para lidar com as turbulências que ocorrem no caminho do projeto ou mesmo para o seu bom desenvolvimento, é preciso ter à frente um gerente com experiência. Cargo virtual, de existência temporária, geralmente ocupado por um funcionário da estrutura permanente, sendo ele um executivo ou não. Essa pessoa recebe a incumbência da administração do projeto que pode ser em regime de dedicação exclusiva ou acumulando a tarefa com outras. Quanto maior for a sua experiência na liderança, mais positivo é o impacto nas taxas de sucesso. Na atualidade, a experiência tornou-se um fator mais importante que o tamanho do próprio projeto, seus custos e tempo. Um gerente experiente tende a conseguir maior apoio executivo, este talvez seja o fator mais importante para determinar o sucesso do projeto. A razão é simples: sem ele, o projeto não sai do papel. O apoio executivo não apenas viabiliza o trabalho, como também passa a existir a defesa do projeto caso ocorram problemas relacionados à política da empresa ou em decorrência de sua dinâmica. É o apoio executivo que garante que os grupos de funções cruzadas cumpram suas atribuições especialmente quando os projetos ultrapassam as linhas de departamentos e divisões corporativas. O executivo pode ajudar também no envolvimento do usuário. Há projetos em que o envolvimento e treinamento de usuários são fundamentais para o alcance de seus objetivos. O problema aqui é que, muitas vezes, isso é imposto e, talvez por isso mesmo, o retorno do usuário e o treinamento vêm depois, isso quando eles acontecem. Por isso é aconselhável envolver os usuários ainda no desenho do projeto e treiná-los em algum momento, antes de o projeto ser implementado para valer. Quanto mais cedo eles forem envolvidos, melhor o processo será definido e gerenciado. Procure deixar claras as expectativas sobre a participação deles e que, quando as exigências forem estabelecidas, elas devem ser cumpridas para impedir a fuga do escopo. Outro fator importante de sucesso é ter um processo de gerenciamento claramente definido. Isso é importante para fazer as coisas certas na ordem exata sem ter de pensar muito no processo. 18 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Além disso, ele elimina ou reduz o chamado retrabalho. Um processo de gerenciamento definido possibilita reutilizar os processos que funcionam e adaptar aqueles que não deram certo, o que, com o tempo, leva a melhorar processos implementados por membros do grupo. O último fator de sucesso é a infraestrutura padrão, ou seja, desenvolver o plano do projeto procurando oportunidades para usar componentes padronizados. » Entenda as razões e saiba diferenciar um projeto de uma atividade rotineira fundamental. Essa diferenciação permitirá a você e sua empresa escolher um método e uma ferramenta mais adequados para trabalhar como uma situação ou com outra. Dessa forma, você poderá obter a melhor relação custo-benefício no uso de ferramentas específicas para o gerenciamento de sistemas produtivos tão específicos. » O patrocínio é muito importante para o sucesso de um projeto. Por isso, procure sempre fornecer ao patrocinador informações precisas, úteis e apropriadas sobre o que é o projeto, seus custos, o tempo para ser realizado e, sobretudo, as razões para ele ser levado adiante. » Quando quiser que gerentes menos experientes ganhem “bagagem”, designe-os como membros de um grupo em projetos importantes e deixe-os aprender com o melhor. » Evite projetos grandes e complexos que tenham longa duração. Eles têm grande chance de falhar. Mas, se por um acaso você tiver pela frente este “godzilla”, procure quebrá-lo em subprojetos. » Quando desenvolver um plano de projeto, procure analisar com cuidado o custo de aquisição de infraestrutura versus sua própria criação. Empresas pequenas e de médio porte geralmente caem vítimas da mentalidade do “isto custa muito” quando veem soluções específicas para incorporar seus produtos ou projetos. implantação ErP (Sistema integrado de gestão) Prevenir antes de implementar Por Sílvia Giuliani Cautelosas, as empresas começam a prestar mais atenção aos estudos de ROI, antes de se aventurar no fascinante e perigoso mundo dos ERPs. Eles absorvem altas somas de dinheiro, são difíceis de implementar, levam tempo para apresentar resultados e, em muitos casos, frustram expectativas. Em contrapartida, se bem conduzidos... 19 CAPítulo 3 Concepção de um projeto Ciclo de vida do projeto Lembra do projeto de travessia do oceano Atlântico num veleiro? Você viu que para realizá-lo é preciso pensar em muitos detalhes antes de se aventurar. No início, coloca-se tudo no papel: custos, tempo, mão de obra necessária, equipamentos que precisam ser adquiridos, veleiro adequado para o tipo de jornada, plano de patrocínio e muitas outras coisas necessárias. Depois é hora de “colocar a mão na massa”: aplicar os recursos financeiros, atrair patrocinadores, fazer a manutenção do barco e as possíveis adaptações, instalar equipamentos extras, treinar pessoas, caso necessário, fazer contatos e tudo que for preciso para deixar o veleiro em condições para atravessar o oceano com segurança. A fase final é quando a equipe está a bordo e pronta para enfrentar o mar. Como vê, o projeto elaborado para viabilizar a jornada precisa de um início, um desenvolvimento e um fim. Em outras palavras, esse projeto tem o seu ciclo de vida. O ciclo de vida de um projeto não diz respeito apenas à sua duração. Tudo nele é planejado para que se possa praticar efetivamente o gerenciamento, afinal, todo projeto envolve um grau de incerteza, e sem essa organização, o barco vai naufragar. A visão macroscópica do ciclo de vida permite aos criadores da ideia, financiadores e principais envolvidos uma avaliação mais concisa das dimensões do que foi idealizado. É por meio desta visualização sistemática que é possível prevenir possíveis problemas e conflitos, consumo de recursos e calcular o tempo em cada etapa do processo. Para um trabalho mais eficiente, o Project Management Body of Knowledge (PMBOK), publicação elaborada pelo PMI, recomenda dividi-lo em fases para melhorar a eficáciado gerenciamento e estabelecer links entre as atividades. Boa parte dos projetos é dividida em quatro ou cinco fases e alguns podem ter nove ou mais. Mas o básico são três: fase inicial, fase intermediária (em que pode haver uma ou mais) e fase final. Figura. 3.1 Ciclo de vida do projeto. 20 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Boa parte dos autores, no entanto, adotam a construção de Peter Morris publicada no livro Managing Project Interfaces: key points for project success, de 1988. Ele dividiu o ciclo de vida do projeto em quatro fases: fase I ou de iniciação; fase II ou de planejamento; fase III ou de execução controle; fase IV ou de encerramento. Tome muito cuidado ao distinguir ciclo de vida do projeto com ciclo de vida do produto. Por exemplo, um projeto elaborado para levar um novo design para capas de um determinado modelo de celular nada mais é do que uma fase ou estágio do ciclo de vida de um produto. geminação da ideia Todo projeto começa com uma ideia que nasce a fim de solucionar problemas e necessidades. Muitas delas são motivadas por encomendas de clientes. Há ainda aquelas que surgem da criatividade de mentes visionárias e inventivas que desenvolvem novas tecnologias e criam outras necessidades nas pessoas. A ideia faz parte da fase de iniciação, que corresponde a 10% do ciclo de vida do projeto. A fase I inclui: » Identificação de necessidades; » Análise do ambiente do problema; » Procura das alternativas; » Preparação e apresentação da proposta; » Determinação de objetivos e metas; » Estabelecimento da visibilidade; » Desenvolvimento de orçamentos e cronogramas iniciais; » Venda da ideia; » Nomeação da equipe. Viabilização operacional Depois que a ideia foi para o papel, chegou o momento de começar a preparar o terreno para o trabalho. A fase II inclui: » Realização de estudos e análises; » Detalhamento do projeto e a preparação de seu plano; » Programação de recursos humanos, materiais e custos; 21 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i » Definição do gerente do projeto; » Programação das atividades no tempo disponível/necessário; » Determinação dos resultados tangíveis; » Estabelecimento de uma estrutura orgânica formal; » Treinamento dos envolvidos. o trabalho Fase da “transpiração” propriamente dita, em que o projeto se tornará ativo. A fase III inclui: » Ativação da comunicação entre os integrantes do projeto; » Cumprimento das atividades programadas; » Monitoração e controle das atividades programadas; » Modificações no plano quando forem necessárias. Conclusão Apesar de graficamente a conclusão ser tão pequena quanto a fase inicial, o volume de trabalho ainda é considerável. A fase IV inclui: » Aceleração das atividades que por ventura não foram concluídas; » Treinamento do pessoal operacional; » Comissionamento e realocação dos recursos humanos; » Elaboração da memória técnica do projeto; » Emissão de avaliações globais sobre desempenho da equipe e resultados alcançados; » Conclusão das atividades. Fases superpostas Muitas vezes o custo do tempo é fator determinante para a aceleração dos prazos. Neste sentido, quando o tempo é fundamental, não é permitido conduzir o projeto numa lógica linear das atividades programadas em cada uma das fases, ou seja, não é possível seguir um programa em série, porque é o tipo de administração de projetos mais lento. No caso da necessidade de otimizar o tempo, a abordagem mais recomendada é o programa em fases sobrepostas. Ela parte do princípio que, em todos os tipos de projeto, uma fase do ciclo de vida pode ser iniciada antes mesmo do término da 22 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos anterior. Uma fase deve começar com planos muito bem-definidos, mas a próxima pode ainda ser constituída de esboços à espera de mais detalhamento. Quanto mais o tempo passa e as atividades fluem, mais detalhes devem ser incluídos nos planos. O programa em fases sobrepostas é a própria essência da administração de projetos, mas a sua boa condução depende diretamente da qualidade do planejamento e da experiência do gerente de projeto. Você verá mais a respeito desses processos mais adiante. Figura 2.2. superposição dos processos de gerenciamento de projetos. Agentes do crescimento Falta de profissionais qualificados no mercado valoriza passe de gestores de projetos. Gabriel Penna Um aumento de 30%. Foi o que aconteceu recentemente com os salários dos profissionais que atuam como gestores de projetos nas empresas brasileiras. Esse executivo, responsável pelas obras estruturais que fazem parte do planejamento estratégico de uma companhia, como ampliação de fábrica, construção de novas unidades ou da infraestrutura de tecnologia, ficou mais disputado com os recentes investimentos feitos na indústria. Sua missão é definir os recursos necessários para realização de um projeto, de matéria-prima a pessoal empregado, para garantir que ele seja entregue dentro do cronograma e do orçamento previstos. Como os projetos de novas plantas e ampliação de fábricas começaram a pipocar, ficou evidente que faltava gente no mercado para dar conta de tudo o que está sendo erguido. E os ganhos se inflacionaram por causa disso. A Sadia, uma das líderes nacionais na produção de alimentos de origem animal, elaborou um pacote especial de remuneração para os executivos da área e vai abrir dez vagas ao longo do ano. A companhia está executando, em 2008, o maior plano de 23 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i investimentos da sua história, no valor de 1,6 bilhão de reais, destinado à construção de novas unidades no Brasil e no exterior. Para isso, vai treinar profissionais da casa e também buscar gente no mercado. A empresa procura quem tem experiência de pelo menos dois anos em projetos e disponibilidade para viajar ou morar em cidades com pouca infraestrutura. A Sadia reajustou em até 25% os salários da área e vai arcar com custos de mudança e moradia. Esses profissionais tendem a ser os mais valorizados da empresa, diz Walmor Savoldi, diretor de planejamento da Sadia. 8.000 para novatos Para desempenhar a tarefa, muitas companhias empregam um engenheiro júnior, um coordenador, um gerente e um diretor de projetos. Muitas vezes não é fácil encontrar candidatos preparados para assumir a responsabilidade. O gestor de projetos é o grande agente do crescimento das empresas, diz o consultor Victor Varandas, da Michael Page. Na consultoria de recrutamento de executivos, com sede em São Paulo, a demanda pelos gestores aumentou 40% no primeiro trimestre deste ano. Foram 30 vagas abertas. Hoje, 15 delas ainda não foram preenchidas. A formação preferida pelas empresas é engenharia mecânica, química ou metalurgia. O salário varia de 8.000 reais, para um engenheiro júnior com dois anos de experiência e sem certificação, a 20.000 reais, para gerentes de projetos com 15 a 20 anos de experiência. Profissionais que atuam como pessoa jurídica chegam a ganhar 40.000 reais. A falta de gente com experiência na área se deve, em parte, à estagnação econômica das últimas décadas, que desencorajou novos investimentos na produção. Em geral, a metodologia e a carreira de gestão de projetos ainda estão engatinhando no Brasil. Segundo um estudo divulgado em 2007, pelo Project Management Institute (PMI), entidade americana de promoção do gerenciamento de projetos, 20% das 184 empresas consultadas ainda não reconhecem a atividade. E apenas 34% têm profissionais exclusivos para a função. ti deu a largada Os setores em que a carreira de gerente de projetos é mais reconhecida são tecnologia, consultoria, construção e finanças. Mas a expectativa é de expansão. A onda começou nas grandes empresas de TI, mas está se espalhando para outras áreas, diz Luís Augusto dos Santos, presidente do PMI, em São Paulo. A entidade, que oferece o certificadointernacional em gestão de projeto mais reconhecido no mercado, tem 4.500 associados no Brasil, número que cresce 12% ao ano. Já o número de profissionais certificados no país é de pouco mais de 2.000 pessoas. O engenheiro civil Eduardo D. Araújo, de 33 anos, já concluiu o curso preparatório oferecido pela Método e vai fazer a prova do PMI nos próximos meses. Sua experiência de quatro anos como coordenador de projetos de uma unidade da construtora, com sede em São Paulo, já foi suficiente para despertar o interesse do mercado. Recebo de duas a três propostas por mês, diz. 24 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Para ser gerente de projeto “de carteirinha”, o executivo precisa comprovar três anos de experiência na área, fazer curso preparatório e prova. Hoje fica mais fácil preparar- se, pois a oferta de Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos está crescendo. Os profissionais têm ainda como opção tirar o IPMA, certificado de origem europeia, que também exige experiência em campo. As certificações não são obrigatórias para atuar na área, mas podem vir a ser. A Método, por exemplo, lançou um programa de treinamento para que todos os seus gerentes e diretores de área sejam certificados. Eles certamente terão mais portas abertas depois do diploma. (Extraído de: Revista Você S/A, Editora Abril, junho/2008) implantação ErP (Sistema/integrado de gestão) Prevenir Antes de implementar Sílvia Giuliani Cautelosas, as empresas começam a prestar mais atenção aos estudos de ROI, antes de se aventurar no fascinante e perigoso mundo dos ERPs. Eles absorvem altas somas de dinheiro, são difíceis de implementar, levam tempo para apresentar resultados e, em muitos casos, frustram expectativas. Em contrapartida, se bem conduzidos, permitem democratizar a informação para todos os setores da empresa, fornecem meios para facilitar a tomada de decisões, promovem a melhoria da produtividade, reduzem custos, otimizam os processos contábeis, racionalizam estoques e acabam com problemas de comunicação entre diferentes sistemas. Afinal, vale ou não à pena investir em soluções de gestão empresarial? Em quanto tempo se obtém o retorno do investimento? Nem as empresas mais organizadas, e cujos projetos tiveram sucesso, conseguem responder a essas questões com precisão. Isso porque há ganhos que são difíceis de mensurar e também porque até pouco tempo atrás não havia metodologias disponíveis para um estudo mais criterioso nesse sentido, e nem interesse por parte das organizações em fazê-lo. Hoje o panorama é outro. O dinheiro está mais curto, e a cabeça dos empresários e dos responsáveis pela área de informática, cada vez mais confusa. As pressões aumentaram. De um lado o mercado globalizado multiplicou a concorrência, sinalizando que, para sobreviver, é preciso cortar gastos, aumentar a produtividade, ser mais ágil e reduzir os preços dos produtos e serviços, sem descuidar da qualidade e do bom atendimento ao cliente. De outro, o marketing agressivo das fornecedoras de soluções ERP reforçam a ideia de que esses pacotes são a resposta para todos os problemas das empresas. Mas não só os discursos são parecidos, como os pacotes apresentam muito poucas diferenças 25 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i entre si. Qual escolher? Ninguém duvida de que é preciso investir continuamente em tecnologia para manter a competitividade, mas como saber se chegou o momento certo para promover a integração da empresa – tarefa que envolve o redesenho dos processos e muda completamente a forma de trabalho? Essa integração deve ser parcial ou total? Por qual área iniciar? Deve ser feito tudo de uma vez, ou aos poucos? Tais questionamentos começam a ser feitos, especialmente pelas organizações, de médio porte. Somam-se a essa angústia, as histórias desagradáveis vividas por empresas que gastaram anos e milhões em projetos que acabaram abortados, ou, na melhor das hipóteses, extrapolaram (e muito) orçamentos e cronogramas, e os resultados ficaram aquém do esperado. Situações que estão forçando os empresários a serem mais cautelosos, contribuindo ao mesmo tempo para abrir espaço para uma nova prática e um novo nicho a ser explorado: os estudos de retorno de investimento, também conhecidos como ROI ou Business Case, oferecidos por consultorias e por algumas fornecedoras de ERP. Para inglês ver De acordo com Mathias Mangels, diretor da Symnetics, atualmente 50% das empresas interessadas em implantar uma solução de gestão integrada estão fazendo (ou pensam em fazer) esse tipo de estudo de forma criteriosa. “As outras 50% ou não fazem nada, ou fazem um estudo ‘para inglês ver’, restrito a um mero documento para justificar o investimento”, acrescenta. A referida análise pode ser feita antes da implementação, ou mesmo numa fase posterior, quando são adicionadas novas funcionalidades e soluções marginais ao sistema. A metodologia para isso, desenvolvida pela Symnetics em conjunto com a sua parceira norte-americana Benchmarking Partners, é composta por 10 passos e visa, após definido o escopo, identificar, por meio de métricas, a performance dos processos atuais, estabelecendo metas futuras com base em benchmarks (estudos de casos práticos em empresas semelhantes). São estipulados ganhos obtidos após a implementação do sistema de gestão empresarial, os investimentos necessários em hardware, softwares e serviços (implantação, treinamento e suporte) e o tempo de retorno. Também é feito um estudo de risco, simulando cenários pessimistas e otimistas. “Normalmente as empresas têm muitos projetos e um estudo de Business Case, que permitem visualizar os pré-requisitos necessários para se obter o máximo retorno”, destaca Mangels. Numa empresa de pequeno porte, um Business Case leva em média três semanas para ser concluído e, nas maiores, cerca de oito semanas. O custo varia entre 2% e 3% do valor total do projeto. 26 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos do contra O que interessa saber é até que ponto chega o grau de precisão dessas análises e se é possível contabilizar em moeda os ganhos obtidos. Para a maioria dos especialistas, há dificuldade nesse sentido porque muitos dos benefícios podem ser reflexo das mudanças que ocorreram na organização em virtude da introdução do ERP, mas não diretamente da solução em si. Segundo o gerente de serviços do Gartner Measurement Brasil, Pedro Bicudo Maschio, pode-se obter uma previsão realista sobre dados que são facilmente computados, como comportamento de vendas, redução de custos na produção, redução de estoques, entre outros. O problema é medir os ganhos de produtividade das pessoas. Muitos aplicativos, por exemplo, melhoram o rendimento do pessoal administrativo, mas mensurar isso é complicado por se tratar de algo subjetivo. Para isso o Gartner Group criou uma métrica indireta – uma espécie de questionário – voltada para os usuários dos sistemas, em que são comparados os tempos gastos para executar a mesma tarefa antes e depois da implementação da tecnologia. O Gartner Group também disponibiliza uma série de métricas batizadas de ROIT (Retorno de Investimento em Tecnologias da Informação), além de metodologias e serviços para auxiliar as empresas a gerenciar seus custos de informática. Na avaliação de Maschio, é aconselhável fazer o ROI antes de implementar uma solução ERP porque com isso a empresa terá mais claro qual é sua performance atual, qual deseja ter e o que fazer para chegar até lá. modismo A grande questão é que para se fazer isso é preciso ter um conhecimento sobre todos os processos de negócios da empresa, quais os índices de performance dos sistemas e quais são os custos, e aí a coisa complica. A maioria das organizações não têm essas informações de forma estruturada. E isso não acontece apenas no Brasil, mas no mundo todo. Alguns consultores consideramque para a maioria das organizações o estudo de retorno de investimento ainda é um exercício teórico, acadêmico. “O ROI é como a cabeça do bacalhau: todo mundo sabe que existe, mas ninguém vê”, compara Manoel Martini Pereira, consultor da Deloitte Consulting. Na sua avaliação, é muito comum os CIOs apresentarem um péssimo Business Case, com valores estimados e não muito elevados porque desejam que a diretoria aprove o projeto. Quando a implementação é iniciada, a realidade acaba sendo outra e falta dinheiro para sua continuidade. O consultor da Running Consulting, Cesar Taurion, também está entre os que veem o ROI com algumas reservas. “O modelo de gestão nas médias empresas brasileiras não é muito eficiente e a grande maioria não conhece os processos de negócios 27 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i que têm. Seria interessante que se fizesse o ROI antes de implementar um ERP, mas a dúvida é como fazer isso se as organizações não conhecem a si mesmas”, salienta. Taurion alerta para o perigo disso não passar de apenas mais um modismo, incentivado pelas fornecedoras de soluções ERP que, em muitos casos, oferecem metodologias simplificadas, mais voltadas a justificar a venda, do que propriamente para ajudar as empresas a otimizar seus custos e a ter uma visão real do retorno do investimento. Mangels, da Symnetics, concorda que antes de se fazer qualquer estudo de ROI, é preciso saber quais são os custos. “O Total Cost of Ownership (custo total de propriedade) e o ROI andam juntos. Um faz parte do outro”, explica. Mas acrescenta que isso é de responsabilidade das empresas e que o ideal seria que estas contratassem uma consultoria independente para que junto com o seu próprio pessoal realizasse as análises. Em defesa das fornecedoras, Mangels ressalta que dependendo da complexidade dos projetos dos clientes, elas mesmas, ou suas parceiras implementadoras, procuram consultorias especializadas em ROI para fazer um estudo mais detalhado. A Symnetics, por exemplo, já fez trabalhos para algumas delas como a SAP e a Oracle. Os referidos estudos, feitos de forma independente e com seriedade, são documentados e evidentemente acabam servindo como poderosos argumentos de marketing. Vícios do passado Para Henrique Luiz Corrêa, consultor da Gianesi Corrêa & Associados, e professor da Fundação Getúlio Vargas, é saudável que se faça um esforço para ter parâmetros mais precisos sobre ganhos e custos, mas o problema é que ainda um grande número de organizações mantém o hábito de investir em tecnologia sem se basear em análises de custo/benefício. “A evolução tecnológica está ocorrendo de forma mais veloz do que a nossa capacidade de compreensão. Com isso se acaba comprando mais pela fé e pela intuição do que por uma decisão racional”, supõe Corrêa. Na avaliação de Maschio, do Gartner Group, no Brasil, compra-se muito por modismo, para seguir uma tendência. Mas esse comportamento precisa mudar. “ROI e Business Case são práticas administrativas que permitem avaliar e gerenciar o ambiente de TI. O que deve ser considerado é quanto custa não fazer esse tipo de análise”. Segundo o gerente do Gartner, o gasto total com informática vem crescendo muito, sobretudo nos últimos anos, atingindo a média de 4,17% do faturamento das empresas (a variação é de 1,7% a 18% dependendo da empresa). E é mais fácil justificar para a diretoria a necessidade de comprar novas ferramentas e soluções se o gerente da área de TI tiver métricas que lhe permitam provar os ganhos que a empresa poderá ter e em quanto tempo o investimento se pagará. 28 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos Cássio Dreyfuss, diretor de pesquisa do Gartner Group Brasil, acrescenta que, atualmente, com a globalização da competição, as empresas precisam passar a ver a tecnologia como insumo estratégico. “Hoje, o uso da tecnologia é uma decisão de negócios e não da área de informática”, ressalta. Não é um projeto de responsabilidade apenas da área de informática, mas de todos os profissionais e da alta direção da empresa. Bom senso Duas grandes ondas contribuíram para o crescimento do uso de sistemas ERP. A primeira delas, ocorrida no início dos anos 1990, foi o downsizing. As empresas de grande porte que decidiram migrar do ambiente centralizado para o modelo cliente/ servidor precisavam de soluções que integrassem os diferentes setores. A segunda onda, mais recente, foi o bug do milênio e seduziu também as médias empresas. “Não é pecado mortal o empresário querer resolver o bug e implantar um ERP ao mesmo tempo, mas deve fazer essa implementação com base em estudos criteriosos, racionais e não apenas na intuição”, salienta Henrique Corrêa. O professor da FGV destaca que hoje está ocorrendo com a integração o mesmo que houve com o conceito da qualidade total. “Há o consenso, não apenas nas grandes empresas, mas também nas médias, de que a integração é indispensável. Dificilmente um gerente de projeto vai se opor a isso porque afronta o bom senso”, finaliza. micheletto e tigre apoiam-se nas metodologias roi e Business case para implantar seus ErPs. Por duas vezes a diretoria da Indústrias Micheletto S.A., fabricante de parafusos de fenda e de rebites, vetou a implementação de um sistema ERP. Os levantamentos preliminares denunciaram que seria necessário desembolsar altas cifras para o projeto, e com esse dinheiro a empresa preferiu adquirir novas. máquinas para a produção Uma terceira tentativa só teve sucesso quando foi sugerida a realização de um Business Case que mostrasse os ganhos a ser obtidos com o sistema, e as parceiros que ofereceriam o melhor treinamento e suporte. “A Symnetics entrou na hora certa, fazendo não apenas uma análise do retorno do investimento que levou seis semanas para ser concluído, como também nos ajudou a selecionar o parceiro para implementação e suporte, e o ERP”, enfatiza Nilson Laux, assessor da diretoria e responsável pelo projeto. Empregando a metodologia ASAP, o R/3, da SAP, foi implementado em sete meses pela IDS-Scheer e apesar de todas as análises feitas e do planejamento prévio, o cronograma sofreu o atraso de um mês. 29 Contextualização do GerenCiamento de Projetos │ unidade i Também outros objetivos determinados pelo Business Case não foram atendidos no prazo estipulado. O aplicativo IF-2, da IDS-Scheer, para integrar o chão de fábrica ao R/3, que já deveria estar operante, levará mais 60 dias para estar totalmente implementado. Na avaliação de Laux, não existe projeto perfeito, principalmente em se tratando de ERP, que promove mudanças radicais. “A empresa passou a trabalhar por processos e é natural que ocorram alguns tropeços, pois as pessoas demoram um pouco para absorver uma nova cultura”, pondera. Fundada em 1912, a Micheletto dispõe de duas fábricas em Canoas (RS) e outra em Contagem (MG). Na Tigre, fabricante de tubos e conexões, o processo foi um pouco diferente. Em 1994, a empresa iniciou uma forte reestruturação em todas as áreas. Gelásio Schlup, gerente de TI, conta que uma das preocupações era verificar se estavam usando bem as ferramentas de informática. Para fazer essa análise procuraram uma consultoria isenta, no caso, o Gartner Group, o qual constatou que havia uma grande perda de energia em decorrência de todas as soluções usadas serem desenvolvidas sob medida pela equipe interna de informática, composta por 132 pessoas. Foi então recomendado o emprego de um pacote pronto de ERP, sendo escolhido o Oracle Application para rodar no RS/6000, da IBM, e que iria substituir o mainframe. “Naquele momento não se pensou em fazer o ROI, mas implementar uma solução que fosse mais aderente à nova plataforma e aos processos da empresa”, confessa Schlup. A implementação do ERP foi realizada em 14 meses, e na primeira fase foram integradas as três plantas da empresa (em Rio Claro (SP), Camaçari(BA) e Joinville (SC)) e implantados onze módulos, cobrindo as áreas de planejamento, engenharia, compras, administração de pessoal e produção. Apenas para a segunda fase do projeto, que prevê a implantação de mais 21 módulos, é que a Tigre decidiu fazer o ROI, realizado pela equipe interna em conjunto com a Oracle, contando também com a colaboração da Symnetics. “Daqui para frente só iremos investir no que trouxer maior retorno de investimento”, destaca Schlup. Ao gosto do freguês Atentas às solicitações do mercado, as fornecedoras de soluções ERP também começam a oferecer aos clientes (potenciais e tradicionais) metodologias que permitem avaliar o retorno do investimento. O cardápio inclui, em geral, duas opções: uma análise mais simplificada, empregada na fase de pré-venda e sem custo para o interessado, e outro estudo mais detalhado. A Datasul, por exemplo, criou o método de análise Datasul Business Case. De acordo com Laércio Bruno Filho, gerente de desenvolvimento de negócio, a metodologia permite que em 5 dias sejam identificados os macro processos do cliente e testada 30 UNIDADE I │ CoNtExtUAlIzAção Do GErENCIAmENto DE ProjEtos a aderência do ERP. “Mostramos à empresa as perdas que deixará de ter, além de como e quando isso acontecerá”, destaca Bruno. Outra metodologia oferecida é o ROI Study, voltada às empresas que já implementaram o ERP, e com objetivo de verificar se as metas previstas no início do projeto foram alcançadas. O diretor nacional de vendas da SAP, José Ruy Antunes, acredita que ainda para algumas empresas não é fundamental fazer um Business Case antes da implementação. “São organizações que estão apagando um incêndio, e que só se preocuparão com isso numa fase posterior”, opina. Mesmo assim, a SAP também disponibiliza duas metodologias: uma para antes e outra para depois da implementação. A primeira visa à realização de um trabalho conjunto entre os profissionais da SAP e os do cliente para determinar os pontos críticos da empresa, onde estão as perdas e quais serão os ganhos. A outra metodologia é a Value Sap aplicada após seis meses da implementação, e visa mostrar os ganhos obtidos, além de fazer um levantamento de como está sendo usada a solução. Na opinião de Wagner Andrade, vice-presidente de mercados verticais da Oracle, um bom estudo de ROI leva de três a seis meses para ser concluído, o que na verdade é um grande empecilho, pois a maioria das empresas não tem paciência de esperar todo esse tempo antes de implementar a solução. Por isso acabam sendo mais empregadas as versões light dessas análises, que levam de 45 a 90 dias e permitem uma boa avaliação. A SSA também emprega uma metodologia de retorno do investimento, e segundo o diretor de Marketing, Benito Rossiti, em geral os clientes fazem essa análise antes de implementar a solução. A JDEdwards fez uma parceria com a Benchmarking Partners visando o desenvolvimento de uma metodologia de ROI. “O mercado inteiro passou a exigir o estudo”, justifica Fernando Corbi, diretor de Marketing. (Extraído de: Gestão Empresarial magazine, ago/out 1999). Disponível em: <http://www.sit.com.br/separatoGTI011.html>. 31 unidAdE ii orgAnizAção dE gErEnCiAmEnto dE ProjEtoS CAPítulo 1 o Pmi e outras organizações de gerenciamento de projetos O mundo do gerenciamento de projetos é cercado de metodologias, institutos e programas desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX, com a finalidade de fazer melhorias no processo de negócios. Trata-se de uma gama de pesquisas realizadas pelas empresas ao longo do tempo, a fim de otimizar suas rotinas, torná-las mais competitivas, além de aumentar os lucros. Neste capítulo, serão abordados os principais institutos e sistemas utilizados em todo mundo. Project Management Institute O Project Management Institute é o famoso PMI já mencionado anteriormente. Trata-se de uma organização de origem norte-americana, fundada em 1969, no estado da Pensilvânia. O PMI nasceu pela iniciativa de cinco voluntários que tinham como objetivo desenvolver e divulgar conhecimentos por meio de congressos e estudos para aperfeiçoar os processos de gestão de projetos. O primeiro seminário organizado pelo PMI aconteceu ainda em 1969, no estado da Georgia e teve a participação de 83 pessoas. Hoje, o instituto é o líder mundial no campo de desenvolvimento de padrões para uma gestão de projetos eficientes. São mais de 170 mil associados, filiados em diversos chapters, ou unidades presentes em 150 países. Curiosamente, o Brasil foi o primeiro país fora dos Estados Unidos a constituir um chapter do PMI, ainda no início da década de 1980. O instituto está presente em 12 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal. Além de palestras e seminários, o PMI é responsável pela publicação do Project Management Body of Knowledge (PMBOK Guide), um guia que engloba todas as áreas de conhecimento que regem as regras do gerenciamento de projetos. Este livro é provavelmente o mais influente do mundo na área em questão. São mais de 270 mil exemplares em circulação pelo mundo. O PMI também possui programas de treinamentos e programas de certificação reconhecidos pela ISO 9001. 32 UNIDADE II │ OrgANIzAçãO DE gErENcIAmENtO DE PrOjEtOs » Project Management Professional (PMP) – é a credencial profissional mais reconhecida em termos mundiais. É preciso, no entanto, satisfazer requisitos de formação acadêmica e experiência profissional, além de aderir ao Código de Conduta Profissional, para realizar a prova. É bom ficar atento a isso porque muitas empresas requerem o PMP para contratos de emprego. » Certifed Associate in Project Management (CAPM) – foi criada para atender membros de equipes e gerentes de projeto que estão começando a profissão. É uma certificação aberta também a estudantes do Ensino Médio. Para fazer a prova é preciso ter no mínimo 1.500 horas como membro de equipe de projeto ou ter pelo menos 23 horas de treinamento formal em gerenciamento de projetos. » Program Manegement Professional (PgMP) – é uma certificação realizada em três etapas de avaliação. Destinada aos profissionais com experiência em gerenciamento. Para realizar a prova é preciso, no mínimo, ter quatro anos de experiência em gerenciamento de projetos e em gerenciamento de programas. A pessoa que não tiver título de bacharel precisa comprovar experiência mínima de sete anos em gerenciamento de programas, além dos quatro em gestão de projetos. Para mais informações sobre o chapter do DF e de outras localidades, consulte a página <www.pmidf.org> o gerenciamento de projetos segundo o Pmi O PMI, por meio do PMBOK Guide – 2000 Edition, define o gerenciamento de projetos como a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas do projeto a fim de atender seus requisitos. Ele pode ser melhor explicado por meio dos processos que o compõem, que podem ser reunidos em cinco grupos de processos – Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento – e em nove áreas de conhecimento – Integração, Escopo, Tempo, Custos, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicação, Riscos, Aquisições. A equipe do projeto gerencia os trabalhos envolvidos nele, que geralmente englobam o seguinte. » Balanceamento de demandas conflitantes do escopo, tempo, custo, risco e qualidade do projeto. » Satisfação de diferentes interessados (stakeholders) com diferentes necessidades e expectativas. » Alcance dos requisitos estabelecidos. 33 OrganizaçãO de gerenciamentO de PrOjetOs │ Unidade ii O termo Gerenciamento de Projetos é, às vezes, utilizado para descrever uma abordagem organizacional ao gerenciamento de operações rotineiras. Essa abordagem trata muitos aspectos das operações rotineiras como projetos, a fim de aplicar as técnicas de Gerenciamento de Projetos a elas. os principais documentos do projeto segundo o PmBoK Guide São três os documentos mais importantes de umprojeto. » Estatudo do Projeto – formaliza e autoriza o projeto. » Estatudo do Escopo do Projeto – declara o trabalho a ser realizado e especifica o que precisa ser produzido. » Plano de Administração do Projeto – declara como o trabalho vai ser feito. É formado por planos e documentos produzidos durante a gestão dos processos. Capability Maturity Model Capability Maturity Model (CMM) é um modelo orientado a projetos na busca da maturidade organizacional por meio de processos de melhoria da qualidade no desenvolvimento e na manutenção do software. Ele foi desenvolvido na década de 1980 pelo Software Engineering Institute (SEI) da Universidade de Carnegie Mellon. Foi uma requisição do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que precisava de uma metodologia para avaliar a capacidade de seus fornecedores de software. O CMM indica o quanto um processo está definido, gerenciado, medido, controlado e efetivo. O nível de maturidade determina o potencial de crescimento dele e ainda aponta como a produtividade e a qualidade podem ser melhoradas com o tempo. É bom ressaltar que este método não fornece soluções imediatas para projetos problemáticos, mas sim identifica suas deficiências para só então começar o trabalho de melhoria contínua. O CMM fundamenta-se no estabelecimento de uma estrutura constituída em Cinco Níveis de Maturidade. Cada um deles engloba um conjunto de “práticas-chave” que estabelecem objetivos que, quando atingidos, garantem melhoria e maturidade ao projeto. » Inicial – o processo é quase caótico, imprevisível, em que o sucesso (se ocorrer) se apoia no esforço individual. » Repetível – os procedimentos básicos para gerenciamentos dos processos são estabelecidos para que estejam disciplinados o suficiente, de modo que garantam o sucesso em projetos futuros com aplicações similares. » Definido – os processos de gerenciamento e engenharia estão documentados e integrados dentro da organização de forma a ser aplicáveis a todos os outros projetos de desenvolvimento de manutenção de software. 34 UNIDADE II │ OrgANIzAçãO DE gErENcIAmENtO DE PrOjEtOs » Gerenciado – o processo e o produto são quantitativamente compreendidos, definidos e controlados, podendo ser coletadas medidas precisas do processo e da qualidade. » Otimizado – a organização atinge o estágio de melhoria contínua da performance dos seus projetos, seja por meio de melhorias incrementáveis nos processos existentes ou por inovações e novos métodos e novas tecnologias. Para mais informações sobre o CMM, consulte a página <www.sei.cmu.edu>. Six Sigma O Six Sigma é uma metodologia da gerência da qualidade que tem como objetivo fornecer ferramentas para melhorar os processos de negócio e, assim, ajudar no desenvolvimento e na entrega quase perfeita de produtos e serviços. Ele foi desenvolvido nos anos de 1970s, por Mikel Harry, membro da equipe sênior do Grupo Eletrônico Governamental da Motorola. A empresa passava por sérios problemas na qualidade de seus produtos e serviços, e isso motivou o desenvolvimento de um método que pudesse medir quantos defeitos existiam num determinado processo. Dessa forma, seria possível sistematicamente os eliminar até obter um número mínimo de defeitos. O Six Sigma contempla três níveis complementares. » Como Medida – o sigma é uma letra grega usada numa escala estatística para medir perfeição e qualidade. Essa escala equipara 3,4 defeitos por milhão de oportunidades. O Six Sigma começou como um esforço de identificação de defeitos em fabricações e depois passou a ser aplicado em outros processos de negócio com o mesmo propósito. » Como Metodologia – o modelo usado pelo Six Sigma é o anagrama DMAIC. Significa Define opportunity, Measure performance, Analyse opportunity, Improve performance, Control performance. Esse modelo foca primeiro o entendimento e a administração das necessidades do cliente, para então aliar processos de negócios- chave e atingir essas necessidades utilizando análises altamente disciplinadas. » Como Sistema de Administração – quando praticado como um sistema administrativo, o Six Sigma torna-se um sistema de alta-performance no campo dos negócios estratégicos. A sua maior meta é acelerar a melhora dos resultados do negócio e mobilizar times para realizar projetos de alto impacto. Para mais informações sobre o SIX SIGMA, consulte a página <www.motorola.com>. 35 OrganizaçãO de gerenciamentO de PrOjetOs │ Unidade ii International Organization for Standardization É o famoso ISO. Consiste basicamente em um sistema de controle de qualidade que, por meio de normas internacionalmente reconhecidas, define os requisitos a serem considerados por uma empresa, a fim de garantir um nível de qualidade de produtos e serviços. O principal objetivo aqui é prover benefícios sociais, econômicos e tecnológicos para a população. Trata-se de uma organização internacional e não governamental, constituída por 157 países (um membro por país), cuja secretaria central funciona em Genova, Suíça. O curioso é que a sigla escolhida, ISO, vem do grego isos, que significa “igual”. Mas a razão por essa escolha se deve à tentativa de evitar mudanças da sigla da organização em diferentes idiomas (IOS em inglês e OIN em francês). Como se trata de um sistema de consenso, a sigla deveria seguir a mesma filosofia. E por isso se adotou a “ISO”, válida para qualquer país do mundo. Para um produto ou serviço ser reconhecido pelo ISO, é preciso se enquadrar em normas de qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência e até seguir a risca regras ambientais vigentes nos respectivos países. Hoje, as certificações mais comuns são a ISO 9001 que reconhece qualidade administrativa em nível internacional de uma empresa, e a ISO 14001 que reconhece uma empresa “verde”. Para mais informações sobre o ISO, consulte a página <www.iso.org>. 36 CAPítulo 2 Administração de processos Muitas empresas não têm uma noção clara dos passos a seguir para se organizarem por processos. Nos capítulos anteriores foram apresentadas a definição de projeto, suas áreas de conhecimento e seu ciclo de vida. Recapitulando, projeto é uma atividade temporária com início, meio e fim, logo, ele é provido de um ciclo de vida. Ao planejá-lo, se é capaz de fazer prevenções de tempo, custos, riscos e tudo mais que envolve as áreas de conhecimento fundamentais. Um projeto possui três etapas básicas que podem ser divididas em diversas fases. Em cada uma dessas etapas existem processos necessários para o bom gerenciamento do projeto. São esses processos que vamos ver com mais detalhes neste capítulo. Direto ao ponto, de acordo com o PMBOK Guide, projetos são formados de processos. Estes, por sua vez, são ações interligadas e desenvolvidas, de forma sequenciada ou em paralelo, que são trabalhadas em cima de resultados para atingir um objetivo. As “ações” estão agrupadas em cinco processos de gerenciamento: de iniciação, de planejamento, de execução, de controle e de encerramento. Elas se relacionam da seguinte maneira: Figura 5.1. relacionamento entre grupos de processos. Todas as ações e atividades contidas em grupo são conectadas em cima de resultados. Gerenciar todo este complexo é do que se constitui a verdadeira essência da gestão de projetos. Cada um desses grupos será visto a seguir. Processos de iniciação No início dos trabalhos, o escopo é definido. Contudo, algumas vezes não é possível ter um escopo completamente constituído. Neste caso, não há problemas de se ter apenas um esboço desta área de conhecimento do projeto, desde que exista a visão bem-definida daquilo que se deseja e o que precisa ser desenvolvido. É fundamental que isso esteja claro o suficiente a ponto de permitir a constituição de uma equipe sólida. O planejamento do escopo pode ser finalizado tão logo os primeiros resultados sejam colhidos. 37 OrganizaçãO de gerenciamentO de PrOjetOs │ Unidade ii Figura 5.2. Processos de iniciação. Processos de planejamentoAqui o escopo é detalhado, assim como todos os outros planos das áreas de conhecimento do projeto, como o de custos, tempo, comunicação etc. De acordo com o PMBOK Guide, os processos de planejamento são vitais, afinal, trabalhar em um projeto envolve tentar fazer algo inédito no mercado ou mesmo no âmbito da própria empresa. Por essa razão é que existe uma maior quantidade de processos nesse grupo. Contudo o número de processos aqui não significa estar a administração de projetos inicialmente planejada – o conjunto de todos esses planos são contextualizados com o escopo na medida em que a informação é adquirida. Figura 5.3. Processos de planejamento. 38 UNIDADE II │ OrgANIzAçãO DE gErENcIAmENtO DE PrOjEtOs Processos de execução Caminham paralelamente com os processos de controle. Aqui a meta é fazer com que todas as atividades planejadas aconteçam. É onde as habilidades técnicas e humanas são aprimoradas. Entre as responsabilidades do gerente, em especial, concerne entender o seu time e suas necessidades. Figura 5.4. Processos de execução. Processos de controle O andamento do projeto é monitorado e reavaliado continuamente de forma que seja possível detectar e até prever alterações e problemas nos planos. Caso ocorram alterações ou problemas significativos, é preciso repetir todo o processo ou mesmo providenciar ajustes para que as metas sejam atingidas. Figura 5.5. Processos de controle. 39 OrganizaçãO de gerenciamentO de PrOjetOs │ Unidade ii Processos de finalização O projeto, ou uma fase dele, é concluída. Contratos ou subcontratos são encerrados; documentos e atividades são concluídos; há a reflexão e avaliação do desempenho. Figura 5.6. Processos de encerramento. Processos do PmBoK guidE 2004 – 3a edição A versão mais recente do PMBOK traz uma visão mais humana da administração de processos e tende a detalhar mais as ações. Há também um maior senso de coletividade, uma vez que, antes de mais nada, o bom desempenho da equipe, e não mais apenas do gerente, garante o sucesso do projeto. O cliente, que antes ficava à parte das etapas de administração de processos, também foi contextualizado como parte fundamental do processo. Há duas grandes categorias a se considerar em administração de processos. » Processos Administrativos de Projetos – o mais comum a todos os projetos. Ele é resultado da integração entre as áreas de conhecimento do projeto que são propriamente iniciadas, planejadas, executadas, monitoradas e concluídas. Embora não exista uma representação gráfica perfeita para tal dinâmica, foi elaborada uma bastante complexa, (ver figura 5.7). » Processos de Produtos Orientados – cria e especifica o produto do projeto. Ele é definido ainda no ciclo de vida do projeto e varia de acordo com as áreas de aplicação (engenharia, eletrônica, administrativa etc.). Essas duas categorias são sobrepostas e interagem ao longo de todo o projeto. Por exemplo, é impossível definir o escopo do projeto na ausência de alguns entendimentos básicos de como criar um determinado produto. O PMBOK Guide 2004 alerta que existe mais de uma forma para se administrar um projeto. Os seus detalhes são definidos de acordo com riscos, complexidade, tamanho, tempo disponível, experiência da equipe, maturidade, acesso à informação, histórico e a aplicação industrial do produto. Além disso, a aplicação da administração de processos é interativa e muitos deles são repetidos e revisionados ao longo do projeto. O gerente e sua equipe determinarão quais processos, dentro de seus respectivos grupos, serão aplicados para melhor atingir os objetivos predeterminados. 40 UNIDADE II │ OrgANIzAçãO DE gErENcIAmENtO DE PrOjEtOs gráfico dos Processos Administrativos Figura 5.7. Índice avançado da integração dos grupos de processos. 41 CAPítulo 3 Project Cycle Management – PCm Project Cycle Management O Project Cycle Management (PCM) é um conjunto de recursos que auxiliam na administração e concepção de projetos, programas e organizações, usando a metodologia Logical Framework Approach (LFA). Ele parte do princípio de que é preciso haver a concepção clara e realista para o projeto, assim como uma boa análise dos componentes que interferem nas várias dimensões dele, e sua consistência e/ou contribuições para políticas sociais e comunitárias. Vale ressaltar a importância do traço comunitário, cultural e político dessa técnica. Não estranhe o fato de um dos mais conhecidos guias a respeito do PCM ter sido elaborado pela Comissão Europeia para o desenvolvimento de projetos e políticas públicas (nas áreas de Transporte, Educação, Saúde etc.) aplicados entre os países-membro do bloco econômico europeu. Nele, por exemplo, há a informação que “o PCM é um processo criativo e complexo – tal como a arte na ciência – envolvendo negociação de decisões aceitáveis para grupos-chave envolvidos. Trabalho em equipe, negociação e comunicação são, portanto, fundamentais para efetivar o PCM, assim como a valorização de um contexto político dentro das decisões a serem feitas”. Na prática, o PCM é uma forma de visualizar o que os principais elementos de um projeto têm em comum, e como eles se relacionam numa determinada sequência. A formulação do ciclo e suas fases variam de organização para organização, mas se pode dizer que existem cinco etapas essenciais (programação, identificação, formulação, implementação e validação/auditoria) e alguns princípios básicos: Figura 6.1. o ciclo básico de operações. Programação, a primeira etapa do PCM, é o estabelecimento de regras e princípios para a cooperação e a concordância de setores e ideias centrais que vão definir projetos e programas. Em seguida, vem a identificação, fase em que serão analisados os problemas, as necessidades e os interesses que precisam ser trabalhados e resolvidos. Aqui nascem as ideias para projetos e os objetivos a serem alcançados. Assim se chega à formulação, que vai conter todas as informações e os aspectos importantes do projeto a serem desenvolvidos. Grosso modo, pode-se comparar a 42 UNIDADE II │ OrgANIzAçãO DE gErENcIAmENtO DE PrOjEtOs formulação do PCM à fase de desenvolvimento do ciclo de vida do projeto. A próxima fase é a de implementação, ou seja, o uso dos recursos para viabilizar as atividades planejadas. Em outras palavras, trata-se de se colocar em prática tudo que foi estudado no projeto. O progresso do andamento dessas atividades é assegurado por meio de um monitoramento e possibilita, inclusive, ajustes em caso de mudanças no ambiente. Após o fim da implementação vem a validação e a auditoria, em que será determinado se o projeto será encerrado, modificado, estendido ou se será necessário implementar outros semelhantes. Resumindo, é a fase em que se faz a avaliação dos resultados do projeto, se foi efetivo, relevante, se os objetivos foram satisfeitos. Logical Framework Approach (lFA) Sabemos que o PCM utiliza o Logical Framework Approach, em bom português, o Quadro Lógico – como ferramenta. Mas o que seria esse sistema? Ainda de acordo com o Manual do PCM de 2004, elaborado pela Comissão Europeia, o LFA compreende um instrumento analítico utilizado por inúmeras agências de auxílio bilateral ou multilateral, Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais, e entre governos aliados. Ele vem da ideia de que o responsável pelo projeto, entenda isso como a organização que o viabiliza, assume a maior responsabilidade pelo processo de planejamento, implementação e administração. Contudo, é aconselhável que se abra espaço para assistências e auxílios estabelecidos por meio de parcerias. Em poucas palavras, o LFA nada mais é do que um instrumento que orienta as organizações para agirem dentro de um senso comum. Mas para fins didáticos, podemos dizer que o LFA é usado para: » identificar problemas e necessidades de um setor da sociedade; » facilitar a seleção e estabelecer um cenário de prioridades entre projetos; » planejar e implementar projetos; » acompanhar
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