Awake #01 - Awake - Ashleigh Giannoccaro

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Sinopse 
 
“Talvez, da próxima vez que eu te beijar, você estará 
acordada.” 
 
Quando um homem bonito entra em sua vida, Ivy se 
apaixona profundamente. Ele rapidamente preenche seus sonhos 
à noite e os seus pensamentos durante o dia. Mas, quando os 
sonhos e realidade se confundem, isso se torna uma zona de 
penumbra perigosa. 
Kian não consegue dormir à noite, mas observar a Ivy 
enquanto ela dorme tornou-se seu vício – mesmo antes de 
conhecê-la. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
AWAKE é o primeiro livro de três, numa série romântica de 
suspense/thriller. Eles precisam ser lidos em ordem, podem 
conter temas perturbadores e alguns assuntos desencadeantes. 
 
 
 
 
 
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Capítulo Um 
 
 
Segunda-feira à noite... 
Espero que você não se importe, mas eu entrei, eu tinha uma 
chave - bem, eu achei uma chave e a usei. A porta faz um som 
estridente quando se abre, não se preocupe, vou lubrificar as 
dobradiças para você amanhã enquanto estiver no 
trabalho. Não vou demorar muito, eu prometo. Vou entrar e 
sair, você nem vai saber que eu estive aqui. 
Falo com ela dentro da minha cabeça, ela deixou seu 
notebook ligado, e sua taça de vinho meio acabado tem uma 
mancha de batom rosa na borda. Notas autocolantes cor-de-rosa 
e laranja estão presas a todas as partes da mesa e ao redor da tela 
do computador. Tocando no trackpad¹, eu me sento onde ela 
estava sentada no sofá de camurça, é suave e silencioso. A tela 
pisca e deixa todo o seu mundo aberto para mim, fotos, 
Facebook, Instagram, até seus extratos bancários estão 
abertos. É como se cada aba de sua vida estivesse me tentando, a 
apenas um clique de distância. Há muitas tentações aqui, mas 
esta era a maior, então começo abrindo sua página no Facebook 
e percorrendo seus posts, fotos e amigos. Você pode saber muito 
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sobre uma pessoa ao ver quem ela bloqueia nas redes sociais e 
ela tem apenas uma em sua lista. 
O que Maxwell C. Stone fez para merecer esse block? Ele 
parece um cara legal. 
Ele está em algumas de suas fotografias antigas, de mãos 
dadas, abraçados, beijos nas bochechas e outras selfies 
patéticas. Fico feliz em ver que a necessidade de fotografar seu 
próprio rosto morreu desde então, selfies são um hábito tão 
vil. Eu pego sua taça e tomo o vinho que ela não terminou, o 
Merlot caro desliza suavemente pela minha garganta. Ela tem 
bom gosto para vinhos. O beicinho perfeito de seus lábios está 
contornado no vidro, o rosa de seu batom permanece lá, 
deixando um pouco dela para trás. Lambo isso, provando 
ele. Ele é ceroso mas doce, e funde na minha língua com o 
próximo gole de vinho. Continuando no Facebook, olho para 
todas as outras abas abertas e documentos em seu 
computador. A agenda dela aparece com um lembrete, veja só 
como ela é organizada. Cada detalhe de cada dia delineado para 
os últimos cinco minutos. Um alarme é programado para às onze 
que diz 'tome o seu remédio para dormir e vá para a cama' com 
eficiência. Eu me pergunto por que ela precisa dessa pílula, sua 
vida parece tão perfeita. Minha atenção passa da tela para as 
anotações em um bloquinho de notas que ela colocou em 
tudo. Nomes, datas, números e compromissos na agenda. Os 
verdes, porém, são diferentes. 
 
Não ligue para ele. 
Ele não vale a pena. 
Você merece coisa melhor Ivy! 
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Ele cheirava a sândalo e couro. 
Seu cabelo estava sempre perfeito. 
Seus beijos eram como água fria depois de um longo 
prazo. 
Ele te machucou. 
Não seja estúpida. 
 
Estes verdes estão espalhados aleatoriamente entre os seus 
outros pensamentos, como se precisasse deles para lembrá-la 
dessa mágoa. Eu os arranquei, cada um e coloquei no bolso da 
minha camisa. Ela deveria realmente esquecer coisas assim, ela 
não precisa mais pensar nele. Ela terá muitas outras coisas para 
distraí-la. Eu sorrio e termino o último gole do vinho em sua 
taça, colocando-a no lugar onde ela o deixou em um porta-copo 
que diz "mantenha a calma" nele. 
O pouco sabor do vinho me fez querer mais, eu não terminei 
com a minha missão de descoberta por fatos, então vou para a 
sua pequena cozinha. O rádio está tocando suavemente e tenho a 
impressão de que ela não gosta de silêncio. Mudando de estação, 
eu olho em volta para as superfícies impecavelmente limpas. Os 
aparelhos de aço inoxidável e branco são todos polidos. No 
canto, assim como na sala há uma pequena lâmpada que foi 
deixada ligada. 
Você tem medo do escuro? É por isso que você precisa de 
uma pílula para dormir? Não se preocupe, também não gosto 
do escuro. A música faz com que você não ouça as coisas 
batendo à noite, a maioria das pessoas hoje em dia deixa a TV 
ligada, mas você não tem uma. Por que não? 
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A garrafa aberta de vinho foi colocada a rolha novamente e 
está no balcão ao lado da tigela de frutas bem arrumadas. A 
única maçã vermelha brilhante entre as verdes me atrai, levo-a e 
o vinho de volta ao confortável sofá. Movendo as almofadas 
para que eu esteja confortável, coloco os pés para cima e mordo 
a maçã crocante. Larguei meu vinho e peguei o caderninho preto 
e com capa de couro, ao lado do computador dela. Um lápis 
número dois cai no meu peito quando abro, cada página está 
cheia de rabiscos. Apenas rabiscos em preto e branco que 
cobrem cada centímetro de cada página. Gatos bonitos e 
monstros com facas, não há tema algum. Alimentos, flores e até 
mesmo rostos se desvanecem, fazendo uma animação 
interminável de sua vida. É como ver dentro de sua cabeça 
enquanto ela sonha. Eu volto para trás das fotos de hoje para 
frente do livro, onde a estampa dourada diz DIÁRIO DE 
SONHOS em letras maiúsculas. Ela rabiscou uma nuvem escura 
em torno das palavras e a chuva caindo é de pequenos sapos que 
estão morrendo com 'explosões' animados no chão. A imagem 
me faz sorrir, o que ela deve ver em seus sonhos? Eu estou com 
ciúmes dela. O que eu não daria para fechar meus olhos e 
sonhar, apenas por uma noite. Para sentir o peso da fadiga sendo 
levantado e ser capaz de cair no sumidouro da inconsciência, 
para desligar minha mente apenas uma vez, isso seria uma 
felicidade. 
O sono é uma lembrança distante, algo que aprendi a viver 
sem, às vezes essa loucura induzida pela insônia me faz pensar 
se eu não deveria tomar uma pílula como ela. O medo de nunca 
acordar me impede. 
Eu termino minha maçã enquanto admiro a arte de Ivy, e 
vejo dentro de seus pensamentos. Colocando o miolo da maçã e 
a taça vazia na mesa, eu olho mais uma vez para o notebook, 
verificando os arquivos salvos pela última vez. 
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Relatório. 
Isso deve ser para amanhã na reunião das oito e meia. Eu 
apaguei todos os traços do computador dela com um sorriso que 
fez minhas bochechas doerem. Levanto-me e deixo o sofá como 
estava, certificando-me de que minha visita só é perceptível com 
as pistas sutis. Apenas o suficiente para fazê-la pensar e o 
suficiente para que ela não possa questionar sua própria 
sanidade. 
Limpo as mãos na toalha de convidados no pequeno 
banheiro, antes de dar três passos pelo corredor para ficar em 
sua porta aberta. Seu roupão está em uma pilha no chão, eu 
quero pegá-lo e dobrá-lo. 
Não essa noite. Vou deixar você dormir profundamente esta 
noite, talvez quando eu visitar novamente possa limpar seu 
quarto. Você não deve deixar a garrafa de água na sua mesa de 
cabeceira aberta, ela pode ser derrubada e molhar o 
telefone. Se você trançar seu cabelo, ele não vai ficar na sua 
cara assim, e todo mundo sabe que você vai para a cama em 
uma blusa que você vai acordar com um seio saindo. Talvez, 
você deva usar um pijama adequado, dizem que você dorme 
melhor em pijamas confortáveis. Eu me preocupo que essas 
pílulas não sejam boas para você. Pense em remédios mais 
naturais para essa mente hiperativa sua Ivy. 
Mais uma vez, falo com ela dentro da minhacabeça, ela está 
dormindo. As drogas garantem que ela não me veja, elas a 
deixam em coma até o amanhecer. O pequeno relógio vermelho 
iluminado ao lado de sua cama, está programado com um 
alarme. Eu vou deixá-la chegar na hora - hoje. 
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1. Trackpad: É um dispositivo sensível ao toque, muito utilizado em 
notebooks para substituir o mouse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo Dois 
 
 
Terça-feira à noite... 
Eu vi você hoje, você parecia tão cansada quanto eu me 
sinto. O café que você pediu cheirava tão bem quando você 
passou por mim, eu estava alguns lugares atrás de você na 
fila. Você me viu? Eu estava com minha jaqueta de couro, e 
minha loção pós-barba tem 'notas de sândalo' que eu usei para 
você. Eu notei que você tinha seu cabelo em um coque, e que 
seus óculos não cobriam as olheiras sob seus olhos. Vinho antes 
de dormir não é saudável. 
Ela não deixou o computador esta noite, ele está na bolsa, 
perto da porta pronta para o amanhecer dela de amanhã. Ela teve 
um dia difícil hoje, eu a ouvi dizer ao balconista da cafeteria 
perto de seu escritório. Eu fico em sua porta, observando seu 
peito subir e descer. Com aquela garrafa de água aberta me 
irritando. É perigoso perto de todos esses cabos elétricos, e Deus 
sabe que um mosquito poderia até voar lá dentro e ela 
simplesmente beberia. Deixando-a, abro a porta do pequeno 
quarto de hóspedes, a cama está perfeitamente feita, dobrada 
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como em hospitais e travesseiros espalhados. Cheira a lavanda e 
patchouli. Cheira a minha avó. 
Há um pequeno porta-retratos na cômoda, e eu pego para dar 
uma olhada. Não há imagem nele, apenas o papelão que vem 
com os quadros quando você os compra. Meu reflexo no espelho 
está envolto nas sombras, este é o lugar mais escuro da 
casa. Nenhuma luz da noite acesa aqui. Eu lentamente abro a 
gaveta da cômoda de madeira escura, tentando não fazer 
nenhum barulho que possa ser ouvido sobre a música tocando na 
cozinha. Ela mudou a estação de volta para a que estava tocando 
na noite passada. A gaveta está cheia de pequenas lembranças de 
lugares em que ela esteve escondida, e não exposta. É como se 
este quarto fosse uma tumba de lembranças. Eu pego um globo 
de neve com NYC e um coração pintado na base e agito-o, 
observando os flocos brancos caírem ao redor da Estátua da 
Liberdade. Eu o coloco na cômoda e movo a moldura vazia para 
a gaveta. Virando-me, examinando o pequeno espaço, eu me 
pergunto como é dormir do jeito que ela faz, morta para o 
mundo. Ela não tem ideia de que estou aqui, no quarto ao 
lado. Deito-me na cama, coloco as mãos atrás da cabeça e escuto 
sua música. Olhando para o teto, me distraio com o zumbido do 
ar condicionado enquanto conto os pequenos quadrados no 
edredom. Percebendo o pequeno chinelo com o meu sapato e a 
ponta do meu cadarço, posso fazer qualquer coisa, qualquer 
coisa além de dormir. 
Inquieto, tento encontrar uma posição confortável, as molas 
da cama fazem barulho sob o meu peso enquanto eu rolo de 
lado, de frente para a porta aberta. Há um brilho suave de luz 
vindo das lâmpadas que ela deixou em volta da casa. Incapaz de 
ficar ali por mais tempo com as velhas molas me cutucando no 
quadril, levanto-me e abro a próxima gaveta da cômoda. Esta é 
mais pessoal, cartões de aniversário, cartas, fotografias e 
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certificados escolares, todos empilhados em pequenas 
pilhas. Em cima de uma das pilhas tem um folheto de funeral, a 
imagem é, obviamente, a mãe dela, a semelhança é estranha, 
mesmo no escuro. Eu me pergunto se é por isso que ela tem 
medo do escuro? Aconteceu alguma coisa com a mãe dela? Eu 
pego o papel e coloco na cama. Eu me pergunto se esse quarto 
cheira a mãe, talvez seja por isso que está fechado. 
Fechando a porta, vou para a cozinha. Ela terminou o vinho 
esta noite, sua taça está na pia desta vez, com a mesma mancha 
dos seus lábios doces na borda, eu não posso lutar contra o 
desejo de lamber e beber as últimas gotas de vinho. Ela 
reorganizou a fruteira para equilibrar a maçã perdida. Eu coloco 
a taça vazia na pia de cabeça para baixo - esse é o jeito certo de 
colocar uma taça na pia. Não há muito na geladeira, mas 
compras de supermercado não estão em sua agenda até 
amanhã. Eu queria ficar mais esta noite, mas não há muito o que 
fazer para passar o tempo. Eu volto para a porta dela, ela virou e 
está de costas para mim agora. Seu cabelo solto e bagunçado 
está espalhado por todo o travesseiro e sobre os ombros. Os 
lençóis foram empurrados até a cintura, está quente esta noite 
mesmo com o ar condicionado ligado. Entro em seu espaço, 
com apenas um passo, e paro. Esperando para ver se ela me 
sente, se ela se mexe ou acorda. Quando ela não move um 
músculo eu avanço para dentro do quarto, silenciosamente 
chegando perto do lado de sua cama. 
Você está tão cansada. Você deveria dormir 
amanhã. Descanse um pouco, tarde da noite e manhã cedo 
matará você. Vou programar um alarme para você, não se 
preocupe. Ah, e eu consertei a porta enquanto você estava fora 
hoje, não faz mais aquele barulho horrível. Amanhã vou 
consertar a perna da mesa na sua sala de jantar, a oscilação 
deve ser tão irritante quando você está tentando comer. Estou 
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com ciúmes, gostaria de poder dormir a noite toda tão 
pacificamente, você não sabe o quão sortuda você é. 
Troco o alarme para as dez e meia, ninguém precisa acordar 
às seis da manhã. Ir ao ginásio para correr em nenhum lugar não 
é tão importante quanto dormir. Ela é ainda mais bonita 
dormindo do que quando está acordada. Olhando para ela, a 
maneira como a seda de sua camisola se funde em sua pele, 
delineando suas curvas, estou tentado a estender a mão e tocá-
la. Eu quero saber o que é mais suave, a pele dela ou aquela seda 
preta? 
O roupão no chão faz com que seja difícil não fazer a minha 
presença conhecida, eu quero pegá-lo e guardá-lo. Há um 
gancho bem ali na porta do armário. Dois passos extras, isso é 
tudo o que teria levado para pendurá-lo. Eu me pergunto se ela 
estava muito cansada, ou ela era apenas preguiçosa? A pílula 
tomou conta do seu corpo muito rapidamente, esse pensamento 
me faz sair de seu quarto e voltar para o banheiro do outro lado 
do corredor. Há um barulho no banheiro, um pingo suave que 
não para até quando eu levanto a manivela da descarga. Que 
desperdício de água. Eu abro o pequeno armário espelhado 
acima da pia, as pequenas prateleiras estão cheias de frascos de 
comprimidos, caixas de absorventes e alguns itens esparsos de 
maquiagem. 
Tomando meu tempo, eu leio cada rótulo de frascos, e 
quanto mais eu leio, mais preocupado eu fico com Ivy. Ela não 
deveria estar colocando essas coisas em seu corpo, ela não está 
doente, ela só tem uma mente cheia de coisas - como eu. Ela é 
como eu. Eu esvazio apenas um comprimido de cada garrafa 
pelo ralo, exceto pelos comprimidos para dormir, ela precisa 
dormir. O sono é importante. Não vou poder visitar com tanta 
frequência se ela não dorme, e gosto de visitá-la. Fechando o 
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armário, mas não todo o caminho, dou uma olhada em todas as 
coisas que fazem Ivy, Ivy. O frasco de xampu com brilho do sol 
e a bucha rosa claro no chuveiro. Suas toalhas não combinam, 
todas elas são de cores e tamanhos diferentes. O tapete do lado 
de fora do chuveiro ainda tem as manchas molhadas de onde ela 
estava, e eu posso sentir o cheiro floral suave de sua loção 
corporal. 
Um som no quarto me assusta e eu permaneço mortalmente 
quieto, ouvindo, mas tudo que posso ouvir é o meu batimento 
cardíaco acelerando pelo súbito susto que acabei de 
ter. Tentando diminuir a velocidade da minha respiração, sigo 
lentamente para o chuveiro e me escondo atrás da cortina. Eu me 
inclino contra os azulejos frios e úmidos para que eu não tenha 
que me mexer se ficar preso aqui por um tempo. O ponteiro dos 
minutos no meu relógio é mais lento emais lento, e quando 20 
minutos se passaram sem outro som, saio do chuveiro e volto 
para o corredor. Tudo parece o mesmo e não vejo nenhum sinal 
de movimento. Um último olhar através da porta dela antes de 
eu ir. É rude não dizer boa noite. 
Boa noite Ivy, durma bem. Te vejo amanhã. Talvez 
possamos tomar café de novo? Ou você pode parar quando eu 
for consertar a mesa, isso seria legal. Eu gostaria de visitar 
você à luz do dia, para ver você sorrir ou ouvir você rir. Para 
perguntar como foi sua reunião com a Virgínia ontem, aquela 
em que você não preparou seu relatório para ela. Te vejo 
amanhã. 
 
 
 
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Capítulo Três 
 
 
 
Quarta à noite... 
A mesa não balança mais. Coloquei um pequeno pedaço de 
madeira debaixo dela. Você não tomou café hoje, eu senti falta 
de ver você lá. Eu nem gosto de café, mas eu comprei um e 
esperei só para o caso de você vir me ver no seu intervalo. Você 
deve ter trabalhado, depois de estar tão atrasada esta 
manhã. Você teve um bom sono, você precisava disso. Você 
chegou cedo hoje à noite, você checou seu alarme? 
Sento-me na cadeira de apoio lateral no canto mais distante 
do quarto dela, observando-a, ela tem a única coisa pela qual 
anseio mais. Dormir. O quarto cheira a loção para o corpo que 
senti no banheiro ontem à noite, e eu pendurei seu roupão no 
meu caminho. É fofo e macio como o ursinho de pelúcia que eu 
tinha quando eu tinha seis anos. A garrafa de água aberta ainda 
me provoca, mas resisto à vontade de fechá-la, não querendo 
chegar perto demais. Este local é perfeito para vê-la, como ela se 
agita e se transforma em um sono agitado. Ela nunca acorda, 
mas não ficou quieta por um momento, eu me pergunto se ela 
me sente. Se ela sabe que eu estou a observando. 
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Ela sente isso, meus olhos vagando sobre seu corpo, minhas 
pupilas dilatam quando eu vislumbro seu seio? O suor nas 
palmas das minhas mãos, enquanto imagino como seria a 
sensação de segurá-lo enquanto ela dorme. Ela ficaria quieta se 
houvesse alguém ao lado dela mantendo-a segura? Ela estaria 
quente ou fria contra o meu corpo? Macia e suave, ou tensa e 
inabalável? 
Suas unhas estão pintadas de um roxo profundo e eu não 
gosto disso. Ela deveria ter escolhido algo suave e bonito como 
ela é, a cor forte e escura não é certa para ela. Examinando o 
quarto, vejo o vidro de esmalte em sua penteadeira e anoto para 
levá-lo comigo quando eu sair. Espero que ela encontre um mais 
adequado para ela. Ivy se move em seu sono, desta vez ela deita 
de costas seus braços abertos e seu cabelo bagunçado cobrindo a 
maior parte do rosto. Seus seios caem e a sua respiração parece 
mais pesada agora. Um pé sai das cobertas, ela tem pés 
pequenos, mas eu já sabia disso pelo par de sapatos que ela 
deixou na porta na noite de segunda-feira. 
Sento-me na cadeira e tomo seu vinho até a garrafa terminar, 
minhas entranhas ficam quentes e minhas pálpebras 
pesadas. Não faz sentido fechar meus olhos, sei que não vou 
encontrar sono atrás deles. Levanto-me em silêncio, enfio a 
garrafa debaixo do braço e pego o esmalte de unhas ofensivo a 
caminho do passado. Eu rapidamente olho por cima do meu 
ombro assim que ela vira para a posição fetal. 
Na cozinha, eu rodo a garrafa de vinho vazia e a coloco de 
volta onde a encontrei. Eu derramei a última gota da minha taça 
pelo ralo e lambi o batom da taça antes de colocá-la de cabeça 
para baixo na pia. Eu não deveria ter bebido tanto vinho, meus 
reflexos estão lentos, e meu cérebro está confuso. Eu deveria 
ir. Mas o sofá de camurça macio e a mesa coberta de notas dela 
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me tentam a ficar mais um pouco. Seu computador está lá e o 
abro novamente. Ela não aprende. 
Quando eu toco o teclado, ele ganha vida, e enquanto espero 
que todas as abas e aplicativos abertos apareçam, vejo suas 
anotações para hoje. Há três notas verdes hoje à noite. Eu as 
arranquei e as enfiei no bolso. Três é uma melhoria. 
Há uma caneta coberta de glitter ao lado do computador, que 
brilha no brilho suave da lâmpada que brilha no canto da 
sala. Rosa dourado, todo o seu papel de carta está gravado ou 
resplandecente com rosa dourado. Ela usava brincos rosa 
dourado na terça-feira e eles combinavam com seus saltos, então 
deve ser sua cor favorita. É muito mais bonito que o esmalte 
roxo no bolso. Analisando sua agenda, anoto todas as coisas 
importantes que ela tem que fazer amanhã. Há uma consulta 
com o Dr. V e bebidas com o David. Suas reuniões são todas no 
período da tarde, e o encontro de sua bebida é depois do 
trabalho, o que significa que ela vai se atrasar amanhã à 
noite. Vou ter que ter certeza de que ela dormirá o suficiente 
depois. Sair em uma noite de trabalho é irresponsável. Eu me 
pergunto, quem é David? Abrindo sua página no Facebook eu 
rolo a lista de amigos dela procurando pelo nome, mas isso não 
acontece. Seu histórico de pesquisa é extremamente útil, minha 
doce Ivy é tão confiante. Olhe isso, ela está usando um site de 
namoro para encontrar alguém. 
Ela faria melhor olhando mais perto de casa, se ela olhasse 
para cima de seu celular e computador, ela poderia apenas ver 
que há pessoas ao seu redor. David parece um idiota, e estou tão 
tentado a cancelar o encontro para ela. Mas as mensagens deles 
me dizem onde ela estará. 
Recostando-me, as almofadas macias me envolvem e fecho 
os olhos, só para descansá-los por alguns minutos. Os sons 
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suaves da música giram em volta da minha cabeça e eu danço 
com visões dela dormindo ao meu lado. Eu me perco em minha 
imaginação por um tempo, nós tomando café juntos em seu 
intervalo e o som de sua risada faz minha barriga doer. Ela deixa 
uma mancha de batom no copo, e eu olho para ela enquanto ela 
fala comigo sobre o seu dia, eu quero lamber, mas eu não posso 
enquanto ela estiver acordada. Mantemos as mãos sobre a mesa 
e eu acaricio meu polegar sobre os nós dos seus dedos, sua pele 
é como veludo, é tão macia e suave. 
Minha cabeça acena para frente com um momento de sono, 
uma provocação, apenas uma cócega de algo que eu nunca vou 
ter. Meus olhos se arregalam com a luta, e sei que é hora de ir. O 
céu do lado de fora da janela está claro, e logo seu alarme a 
despertará de seu sono e ela começará seu dia. Um último olhar 
para ela, um momento para dizer adeus. 
Você afasta o sono dos olhos quando acorda? Se 
espreguiça? Como é a sensação de acordar depois de um sono 
tão profundo? Você sabe onde você está? Eu vou ver você 
depois do trabalho amanhã, você estará bebendo e alguém tem 
que ter certeza, que você chegará em casa com 
segurança. Especialmente quando encontra um estranho fora da 
internet, como você é descuidada Ivy. Durma bem, você tem 
que acordar cedo. 
Eu sorrio, olhando para o despertador que sei que está 
atrasado uma hora, desta vez não posso ignorá-la. Eu passo ao 
lado de sua cama e fecho a garrafa de água antes de ir. 
 
 
 
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Capítulo Quatro 
 
Ivy 
 
 
Manhã de quinta-feira... 
De jeito nenhum eu bebi a garrafa inteira de vinho na noite 
passada, eu me lembro de colocar a rolha antes de tomar 
minhas pílulas e escovar os meus dentes. Ah, Deus! Eu sou 
sonâmbula? Bebendo dormindo? Eu tenho que manter o 
controle. Onde diabos está o meu esmalte? Porra, estou tão 
atrasada! 
Meus pensamentos continuam se desviando, não posso me 
concentrar na reunião chata que me atrasei - de novo. Misha me 
olha por cima dos óculos, como se um alienígena assumisse o 
controle do meu corpo. Eu sinto que tem, para ser honesta. É 
como se eu estivesse perdendo a cabeça lentamente, não posso 
identificar isso. Eu acordo e é como se eu estivesse de noite me 
intrometendo nas minhas próprias coisas, mexendo nas coisas e 
não entendo isso. A reunião termina e eu não faço ideia o que 
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foi discutido, nem uma única palavra foi absorvida pelo meu 
cérebro disperso. 
— O que diabos está errado com você? – Misha diz, me 
conduzindocom o resto da multidão, antes de um dos chefes me 
pegar. 
— Não sei, acho que meus remédios estão vencidos ou algo 
assim. É como se eu estivesse em transe. Eu não sei o que é 
isso. Nada mudou, eu estava bem antes e agora? Deus, eu nem 
sei, eu sinto que há alguém mexendo com a minha cabeça, e 
pode ser eu... – eu soo como uma louca. — Deus, estou 
perdendo o contato com a realidade. 
— Você estará perdendo contato com o seu emprego, se 
você não vê. – ela diz. Sei que ela está certa, estou andando em 
uma linha fina. — Olha, eu sei que Max fez mal para você, mas 
você tem que se controlar. – É por isso que todos nós 
precisamos de amigos, para nos ajudar a ver o que não podemos 
ver. Uma sacanagem desagradável e tudo ficava explicado em 
minha mente. 
— Você acha que Max poderia estar entrando no meu 
lugar? Tipo, talvez ele tenha descoberto onde eu moro depois da 
mudança? – pergunto, tentando desesperadamente esconder o 
risco de pânico na minha voz. 
— Não sei, você acha que ele é brilhante o suficiente para 
isso? – ele não era o mais óbvio nas opções, duvido que ele 
tivesse me encontrado. Eu mudei para uma nova cidade, tudo, 
exceto meu Facebook é novo e ele está bloqueado. Mas, as 
pequenas coisas, coisas que eu percebi serem confusas, 
poderiam ter sido ele, e se ele estivesse na minha 
casa? Escondido em algum canto escuro. Pare de ser paranoica, 
não há ninguém em sua casa. 
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— Não, provavelmente não, mas algo está errado. Uma 
coisa estranha continua acontecendo. Coisas sendo movidas, 
coisas desaparecidas. Eu juro, havia notas adesivas na minha 
mesa e alguém terminou meu vinho. 
— Você terminou seu vinho. Você sabe que beber sozinha 
pode levar a outros problemas. – ela diz com uma risada, mas 
acho que ela pode estar um pouco preocupada. 
— Não estou bebendo sozinha, tomei uma taça de 
vinho. Então eu acordei e a garrafa de vinho estava vazia e 
minha taça estava de cabeça para baixo na pia. Também havia 
uma maçã na minha mesa na outra noite, uma maçã vermelha. 
— Você não come maçãs vermelhas. 
— Exatamente. Eu acho que meus remédios estão mexendo 
com a minha cabeça. Talvez eu esteja sonâmbula ou algo assim? 
— Talvez. – ela diz quando chegamos ao seu cubículo. — 
Mas você não pode se atrasar novamente. Vou ligar para você e 
te acordar amanhã de manhã. Não coloque seu celular em 
silencioso esta noite. – ela diz, olhando em volta para ver quem 
pode estar nos espionando. — Você não tem um encontro hoje à 
noite? 
— Eu tenho! – eu digo com um grito animado. — Espero 
que ele seja tão legal na vida real quanto ele é em vídeo chat. – 
eu coro e minhas bochechas ficam rosa. 
— Eu só espero que ele não seja louco. – Eu também. 
— Ele não é maluco. Sério, cometi esse erro uma vez, acho 
que posso identificá-los agora. – digo. Localizo a patroa vindo 
em nossa direção. — Eu vou te ver no almoço. – eu me afasto o 
mais rápido que posso para minha caixa de inferno corporativo. 
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A manhã toda fiquei lá tentando não hiperventilar, porque 
não importa o quanto diga para mim mesma que é loucura, eu 
estou sinceramente preocupada que Max esteja em minha 
casa. E se minhas chaves perdidas fossem realmente chaves 
roubadas? Eu deveria ter trocado as fechaduras em vez de 
apenas usar as de reserva, mas eu estava ocupada e não tinha 
tempo. Talvez eu deva trocá-la agora. Eu teria que arranjar 
alguém para fazer isso, eu não faço ideia de como trocar um 
cadeado. Por que eu comprei? Alugar era muito mais fácil do 
que isso, eu poderia apenas ligar para o senhorio. 
Eu não me concentrei em uma coisa durante toda a manhã e 
estou ficando ainda mais atrasada. Balançando a cabeça, tento 
me concentrar nas milhares de coisas na tela, mas não consigo 
enxergar além do aperto da ansiedade no meu peito. Foco 
Ivy. Você está parecendo maluca. Pare com isso. 
O almoço não pode chegar em breve, as pequenas paredes 
marrons do meu cubículo estão me sufocando quando Misha 
coloca a cabeça por cima. — Pronta para ir? – ela pergunta com 
um grande sorriso no rosto. 
— Muito pronta. – eu bufei, e peguei minha bolsa na gaveta 
debaixo da minha mesa. Nenhuma de nós pergunta para onde 
estamos indo, nós vamos para o mesmo lugar todos os dias. Eles 
têm um ótimo café e seus sanduíches de pão de beterraba que 
são de morrer. Quando chegamos lá fora, o vento está forte e 
 25 
seco, eu tenho que segurar minha saia voando na frente e atrás, 
para não aparecer tudo para os outros pedestres. O sino na porta 
toca quando eu a abro e entro. O lugar está lotado, e a fila fica 
na parte de trás da loja, o que significa que teremos que comer e 
andar. Eu estava tão esperançosa que poderíamos nos sentar por 
alguns minutos. O homem à nossa frente se vira quando nos 
juntamos à fila, ele é alto, com ombros largos e um sorriso 
suave. Seu cabelo curto e escuro está bem penteado e posso 
sentir o cheiro da jaqueta de couro dele. Isso me faz querer 
enterrar minha cabeça em seu pescoço, para que possa 
inalar. Esse cheiro faz meus joelhos enfraquecerem e sempre 
fico caidinha. O estranho na nossa frente continua olhando para 
trás, como se ele pudesse me sentir olhando para ele, eu tento 
desviar o olhar, mas à medida que mais pessoas se juntam à fila 
atrás de nós, somos forçadas a estar ainda mais perto dele. Eu 
me viro para encarar Misha para que possamos nos comunicar 
com os nossos olhos sobre o cara insanamente sexy na nossa 
frente. Minha amiga está movendo as sobrancelhas, quando a 
fila se move para frente. Estou distraída observando-a e, ao dar 
um passo para trás para me mover com a fila, tropeço em meus 
próprios pés. Caindo para trás, minha bunda foi direto para o 
chão em um movimento lento verdadeiramente embaraçoso, eu 
espero pelo barulho do meu cóccix nos ladrilhos pretos e 
cinza. O rosto de Misha se contorce enquanto ela tenta não rir de 
mim, um suspiro escapa quando ela desiste, rindo quando minha 
bunda encosta no chão, e a minha saia voa mostrando para todos 
que estão olhando, e para alguns que não estão, a minha calcinha 
de renda preta. Empurrando minha saia para baixo, eu tento me 
levantar de novo, minha amiga está rindo muito para me dar 
uma mão. Meu rosto está vermelho de vergonha quando o 
homem que estávamos olhando se inclina, estende a mão e 
pergunta: — Você está bem? – Aceitando a sua oferta de ajuda, 
 26 
coloquei a minha mão na dele, procurando cuidadosamente por 
uma aliança de casamento. 
— Obrigada. – eu digo baixinho, olhando para o chão, não 
querendo fazer contato visual. Isso é tão foda, cara gostoso 
ajuda uma garota em uma cafeteria lotada depois que ela faz de 
idiota a si mesma. Eu sinto como se tivesse caído em um dos 
livros hots de Misha por um minuto quente. 
— Você está bem? – ele pergunta de novo, como se 
estivesse exigindo uma resposta. Olhando para cima, percebo 
que seus olhos são da cor de mel, quase dourados. Seu rosto é 
áspero com barba que destaca seus lábios perfeitos. Você está 
olhando de novo. Afastando a minha mão e alisando minha saia, 
eu aceno com a cabeça, incapaz de encontrar palavras ou a força 
de vontade para desviar o olhar dele. — Sim, estou 
bem. Obrigada. – respondo, mudando de um pé para o outro. Ele 
me deixa desconfortável. A fila se moveu e ele se afasta, se 
aproximando do balcão, felizmente me permitindo morrer em 
silêncio atrás dele. Misha não diz uma palavra até que ele pegue 
o café e se afasta para uma mesa perto da janela. Fizemos nossos 
pedidos e, enquanto esperamos, dou uma olhada por cima do 
meu ombro. Desta vez sou eu quem o pega encarando. 
— Esse cara foi um pouco intenso. Mas, caramba, ele foi 
sexy. Aposto que ele é um animal na cama. – ela é a amiga mais 
inapropriada de todas. 
— Shh, Mish. – eu digo, dando-lhe um olhar. 
— Não me diga shhh, ele tocou em você. Você ouviu aquele 
riso, sexy como toda a voz do inferno. Não me diga que você 
não iria quererouvi-lo dizendo coisas obscenas para você. 
 27 
Reviro os olhos e pego meu café e sanduiche. — Temos 
tempo para sentar? 
— Você quer se atrasar duas vezes em um dia? – ela 
pergunta. — Não quero dizer que ver o senhor alto, moreno e 
completamente fodido não valeria a pena, mas eu preciso do 
meu trabalho e você também. Você tem uma hipoteca agora, 
lembre-se. 
Eu dou uma última olhada para ele enquanto estamos saindo 
pela porta. Ele era particularmente bonito. Você tem um 
encontro hoje à noite, você não deveria estar babando sobre o 
estranho na cafeteria. De jeito nenhum ele é solteiro de 
qualquer maneira - olhe para ele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
Capítulo Cinco 
 
 
 
 
Noite de quinta-feira... 
É uma pena que David não conseguiu vir esta noite, deixar 
uma garota esperando nunca é o caminho para causar uma boa 
impressão. Ivy não ficará feliz. Ela parecia animada com este 
encontro, teoricamente, estavam bem na internet, eles pareciam 
ser a combinação perfeita. A coisa é que ela já conheceu seu par 
perfeito, e ele não é perfeito em qualquer teoria, e ele não existe 
na internet. Ele provavelmente nem é real. 
Ela está sozinha na mesa alta com sua saia, eu a vi se 
esforçar para se sentar no banquinho alto. Isso me fez sorrir, ela 
pediu vinho tinto, eu sei que vai ser um Merlot. Esse é o seu 
favorito. O lugar está lotado, e ela está observando a porta, toda 
vez que ela abre, ela olha com antecipação. Com sua terceira 
taça de vinho, ela está verificando seu celular e vendo a cada 
poucos minutos. Eu a vejo digitar furiosamente e franzindo o 
rosto perfeito. Ela não tem rugas em seu sono, seu rosto é tão 
suave e sereno, ao contrário da carranca que está usando 
agora. Seus olhos examinam o lugar novamente, olhando para 
ver se ela perdeu ele no meio da multidão. Eu quero gritar 'ele 
não vem', mas eu fico em silêncio no canto mais escuro deste 
 29 
estabelecimento. Uma banda decadente está tocando, o som é 
tão ofensivo que, se eu não estivesse aqui por ela, eu sairia. A 
voz depressiva e a pequena guitarra soando, cortam o ambiente, 
fazendo com que pareça ainda mais cheio do que é. Quinta-feira 
é dia para um coquetel, e isso traz a multidão. 
A garçonete vem até ela, eu a vejo perguntar a hora e pede 
outra bebida. A menina órfã escreve em seu pequeno bloco de 
notas e dá a Ivy um sorriso simpático. Eu não compartilho sua 
simpatia, isso é uma coisa boa, ela deveria estar feliz por evitar a 
morte pelo tédio que teria sido seu encontro. 
Desta vez, uma garrafa inteira é entregue à sua mesa, eu 
sinto como se estivesse a vendo tomar decisões ruins, apenas um 
rápido olhar para a multidão, para saber que uma mulher linda 
como ela estar bêbada e sozinha é uma ideia terrível. Ela 
derrama o líquido vermelho sangue na taça e coloca a garrafa 
sobre a mesa, ainda olhando ao redor com a esperança de que 
seu encontro apareça. 
Quando ela está quase terminando a garrafa e no fim da sua 
frustração, eu me aproximo, eu quero que ela me veja, antes que 
ela me veja vê-la. Deixe-a me notar, assim eu estaria no mesmo 
lugar ao mesmo tempo. Eu sei que ela sentiu a mesma conexão 
que eu sinto, era óbvio hoje na cafeteria. O rubor das bochechas 
dela, o modo como ela lutou para encontrar palavras, tudo 
indicava o que eu já sabia. Encontrando um banco no bar, eu me 
posiciono em sua linha de visão e peço outro uísque irlandês e 
água. Sempre peça uma bebida masculina em um bar, os 
homens não bebem vinho em bares, são fracos e têm um caráter 
ruim. Só a água potável seria melhor. Sentado aqui, posso 
observá-la nos espelhos gigantes que se alinham nas prateleiras 
atrás do bar sem ser pego. 
 30 
Ela deve sentir meus olhos nela, o jeito que ela se move e 
olha por cima do ombro. Desconforto e medo mudam sua 
linguagem corporal. Ela não vai ficar muito mais tempo. Desvio 
meus olhos quando ela olha para mim, então eu não sou 
pego. Eu me viro para que ela possa ver meu rosto, fingindo 
procurar na multidão por alguém. Não há ninguém aqui, não que 
eu queira ver, para mim só existe ela. A banda faz uma pausa de 
cinco minutos e o lugar todo respira um suspiro coletivo de 
alívio. Desta vez, quando ela olha para cima, nossos olhos se 
encontram e eu vejo quando ela sorri no momento em que me 
reconhece. Sorrindo de volta para ela, eu aceno com a cabeça e 
inclino meu copo em uma saudação silenciosa. Seu rosto se 
irradia com um suave brilho rosa e o mais brilhante sorriso. Eu 
sei que acabei de dar uma boa noite a ela, mesmo que não 
disséssemos uma palavra ao outro, que o sorriso é o suficiente 
para mim. Sabendo que tirei a carranca de seu rosto, não pude 
evitar meu próprio sorriso. Uma vitória que ela não sabe que 
estou comemorando. Ivy não olha para longe, ela olha 
diretamente para mim, seus olhos brilhando na luz da velha bola 
de discoteca ainda girando devagar no teto. 
Contando, fazendo-a esperar, deixo o relógio disparar, 
olhando para ela antes de me levantar e ir até ela. Meu coração 
bate em minhas costelas, com a antecipação se formando e com 
cada passo dificultando a respiração. Com falsa confiança, eu 
fico atrás do banco reservado para David e pergunto: — Se 
importa se eu me juntar a você? – Há um brilho em seus olhos, 
um segundo de hesitação e depois com os olhos baixos, ela diz: 
— Claro, não parece que alguém mais vai. – Sua voz é de 
mágoa com a rejeição de estar esperando. Colocando minha 
bebida na mesa, sento-me, movendo a cadeira ligeiramente para 
que eu esteja ao lado dela, não em frente a ela. É mais íntimo, 
mais perto, eu posso sentir o cheiro dela, sentir o calor saindo 
 31 
dela enquanto ela fica vermelha. — Eu sou Ivy. – ela diz, me 
observando se aproximar dela. Eu espero, apenas o tempo 
suficiente para deixá-la desconfortável de novo antes de 
responder. 
— Sou Kian, é um prazer conhecer você Ivy. – 
Finalmente. Pego meu copo e tomo um gole do líquido âmbar, 
permitindo que ele queime enquanto eu engulo devagar. Sua 
taça de vinho está vazia, então eu pego a garrafa dela e a encho 
até a metade, mas não mais porque ela está a caminho de ficar 
bêbada. — Por que uma moça tão bonita está bebendo sozinha 
em um bar decadente? 
— Eu estou esperando. – diz ela, balançando a cabeça como 
se ela não pudesse acreditar. — Eu não deveria estar tão 
surpresa. 
— Qualquer cara que deixa uma dama esperando não 
merece atenção em primeiro lugar. 
— É verdade, isso é verdade. – diz ela. — Você quase me 
salvou de cair de bunda hoje, eu não disse obrigada 
corretamente. – ela bebe da taça de vinho de haste longa, com 
aquele lábio rosa tão vívido nas bordas. — Obrigada. Na 
verdade, estou feliz por ter encontrado você de novo. 
Ela está feliz por ter encontrado a mim. 
 
 
 
Ivy termina sua garrafa de vinho e sai do banquinho do bar 
em pés muito instáveis. Como um cavalheiro, ofereço-lhe um 
 32 
táxi ou a levo para casa. A bebida nublou seu melhor julgamento 
e ela aceita a minha carona, de um estranho. Bem, acho que não 
sou um completo estranho, nós passamos a noite juntos algumas 
vezes agora. — Você não está tão bêbado quanto eu. – ela diz 
enquanto atravessamos a rua até onde meu carro está 
estacionado. Já é tarde o suficiente para estar quieto, a luz da rua 
pisca acima de nós e eu a ajudo a entrar no carro. Ela não está 
muito adequada em sua saia e saltos. Ela trocou os sapatos e o 
top, mas a saia é a mesma da cafeteria. Os saltos fazem as 
pernas dela parecerem mais compridas do que são, e o tecido 
transparente da camisa mostra o sutiã de renda. É um que eu vi 
em seu quarto, obviamente é um favorito. 
Ela tagarela como se eu não soubesse onde ela mora, e me 
inclino para colocar o cinto de segurança. Sento-me ao lado 
dela, estacionado na rua escura e apenas respiro o cheiro dela, e 
ela está flertando comigo abertamente. Não estamos longe do 
bar quando a sua conversa vivaz se calae eu olho para vê-la 
dormindo ao meu lado. Onde ela deveria estar. Seus cílios são 
escuros contra sua pele, e a maneira como sua boca está aberta 
apenas ligeiramente, tudo isso é perfeito. 
Ivy acorda quando o carro para, estaciono na pequena 
garagem nos fundos do prédio dela. Longe de onde eu 
normalmente estaciono, sou um convidado agora, então não 
preciso me esconder nas sombras. — Me desculpe, eu adormeci. 
– diz ela, envergonhada. — Acho que bebi muito vinho. Eu 
estava chateada. 
— Está tudo bem Ivy. É um prazer estar com você, 
dormindo ou acordada. 
Ela ri do elogio. 
 33 
— Você quer... – ela para de falar por um segundo e olha de 
mim até onde sua janela brilha com a luz da lâmpada. — Você 
quer subir? 
— Talvez da próxima vez. – eu digo estendendo a mão para 
pegar a mão dela. — Não estou dizendo não, mas seria errado da 
minha parte aparecer quando sei que você está bêbada. Nenhum 
de nós estaria tomando boas decisões. – Seus ombros caem e seu 
sorriso desaparece um pouco, mas ela sabe que estou certo. — 
Eu gostaria de te levar em um encontro adequado, em algum 
lugar legal. Prometo não te deixar esperar. – eu pego o celular 
dela do seu colo e salvo o meu número nele. — Se você quiser, 
então você pode me mandar uma mensagem de manhã. – Nossos 
dedos se tocam quando eu o entrego de volta para ela. É como 
um choque elétrico estático e o zap de algo tão grande que você 
quase pode ver a faísca. O carro parece pequeno demais para 
manter a energia de um simples toque, um toque inocente. Eu 
imagino como seria se eu a tocasse do jeito que eu quero 
desesperadamente. 
— Boa noite Kian. – diz ela, puxando a alavanca para abrir a 
porta e permitindo que a tensão escape. Antes dela sair eu me 
inclinei e beijei sua bochecha inocentemente, mas isso carregou 
a promessa de muito mais. Ela respira rapidamente, e o som só 
me faz desejar que eu não tivesse moral. Que eu subisse e 
fizesse as coisas com as quais sonhava quando a vejo dormir. 
— Boa noite, Ivy. Durma bem. 
 
 
 
 
 34 
Capítulo Seis 
 
 
 
Noite de sexta-feira... 
Eu a tive em minha mente o dia todo, esta manhã, quando 
ela saiu para o trabalho, eu subi para arrumar o banheiro, não 
gosto da ideia de que ela está desperdiçando água. Sua vizinha 
estava saindo quando abri a porta. A velhinha intrometida com o 
gato de pelo laranja me cumprimentou com um olhar 
desconfiado de cima e a baixo. A caixa de ferramentas aos meus 
pés fez parecer que eu era apenas um cara de manutenção 
fazendo o meu trabalho. Dei-lhe um sorriso encantador e entrei, 
a velha foi desarmada antes que ela sequer pensasse em uma 
razão para se preocupar. Quando saí, tive mais cuidado para não 
ser visto. O dia se arrastou enquanto esperava para ver se ela me 
enviaria uma mensagem. Verificando aquele balão de 
notificação a cada poucos minutos, mesmo quando eu estava 
exausto. Sei que a faxineira entra por algumas horas nas tardes 
de sexta-feira, e certifiquei-me de que eu estivesse muito longe 
quando ela chegou. 
Ir até ela no almoço seria óbvio, desesperado e inferior a 
mim, então resisti ao impulso e comi no restaurante japonês do 
outro lado da rua. Ela estava vestida com calça preta, saltos 
 35 
vermelhos e uma blusa branca, ela parecia tão bem. Acho que 
ela dormiu melhor na noite passada, parecia mais leve, mesmo 
quando voltou para seu escritório. Ela mandou uma mensagem 
depois do almoço. 
Senti sua falta no meu horário de almoço, não havia um 
cavalheiro para me levar ;) Eu adoraria ir a um encontro 
adequado com você. 
 
 
 
Agora ela está dormindo, esticada em sua cama, com as 
cobertas arrancadas devido ao apartamento incomumente 
quente. Na minha cadeira favorita, posso observar enquanto ela 
se vira, encontrando conforto e descanso. Sua camisola se abriu, 
expondo suas coxas, fartas e brancas à luz da lua que está se 
infiltrando pelas persianas abertas. Bebendo seu vinho de sua 
taça, admiro a visão e meu autocontrole. Não muitos homens 
teriam dito não. 
Você parecia tão bem ontem à noite, que foi difícil 
resistir. Dizer não para você foi quase impossível, mas eu 
realmente não quero estragar as coisas. Temos nos conhecido 
muito bem, apressar-se parece errado. Você não bebeu vinho 
esta noite, você estava de ressaca esta manhã? Ficar bêbada 
assim não é bom, é perigoso. E se David tivesse aparecido? Ele 
não teria dito não, não há muitos cavalheiros sobrando neste 
mundo Ivy. 
Bebendo o líquido vermelho, como o sangue profundo em 
sua taça, eu contemplo o quanto profundamente ela dorme, 
 36 
imaginando o quão perto eu poderia chegar? Como exatamente 
as drogas a afetam, ela acordaria se eu tocasse seu rosto, apenas 
para mover seu cabelo? Quero ver seu rosto, tocar a pele macia 
de sua bochecha onde eu beijei. Derramando o resto do vinho de 
uma só vez, coloco a taça no chão ao lado da cadeira e levanto-
me. Meus passos são como um sussurro no chão de madeira 
enquanto eu ando até a cama onde ela dorme. De pé sobre ela, 
olhando para tudo o que desejei há tanto tempo, perco a batalha 
comigo mesmo e tiro o cabelo do rosto dela. Ela nem sequer se 
move, nem mesmo uma mudança em sua respiração e suas 
pálpebras não tremem. Ela dorme profundamente e eu estou 
perdido. Eu não posso evitar, eu tiro minha jaqueta e a coloco na 
cadeira. Eu solto meu cinto e deslizo meus jeans. Meus sapatos 
já foram deixados na porta quando eu cheguei. Boxers, meias e 
minha camiseta branca me fazem sentir leve o suficiente para 
sentar ao lado dela na cama. O colchão afunda sob meu peso e 
ainda assim ela não se move. A roupa de cama de algodão macio 
parece líquido e é fria contra a minha pele. Cheira a amaciante 
de roupas e ela, o travesseiro é como uma nuvem quando me 
deito ao lado dela. Para vê-la dormir, para vê-la sem ser 
perturbada, e para respirar cada respiração que ela exala. Eu me 
pergunto por um momento se eu poderia dormir assim, mas o 
sono não é um luxo que eu possa pagar. 
Eu movo uma mecha de cabelo do rosto dela, não consigo 
evitar, a necessidade de tocá-la é avassaladora. Sua bochecha é 
mais macia do que um visom sob meus dedos enquanto traço a 
curva de sua orelha até o queixo, observando-a com o meu pulso 
sincronizando com o dela. Observo qualquer sinal dela 
acordando de seu sono profundo, mas ela está perdida para o 
mundo além da insônia. Afogando-se em sonhos e recarregando 
sua alma vibrante. Passando o polegar sobre o lábio carnudo 
inferior, meu peito vibra com gemidos abafados, suaves e 
baixos. Finalmente ela está ao meu lado, como Branca de Neve 
 37 
em seu caixão de vidro, esperando ser acordada pelo beijo de 
seu amante. Este poderia ser qualquer um dos contos de fadas 
infeliz que nos dizem quando crianças, só que eu não sou um 
príncipe, sou uma sombra na escuridão. O caçador, não o 
príncipe. Vou roubar o beijo e o coração dela. Ivy não precisa de 
um príncipe ela ainda não sabe, mas sei do que ela precisa. A 
adrenalina percorre minhas veias enquanto permaneço imóvel, 
tão perto, mas ainda longe demais. 
Lambo meus lábios secos, com a necessidade de me sentir 
mais perto dela queimando dolorosamente dentro de mim. Eu 
movo a alça de cetim de sua camisola de cetim por cima do 
ombro, movendo o tecido brilhante para que eu possa ver sua 
pele sem manchas. Meu dedo traça sua clavícula, com os meus 
olhos observando seu rosto para ver se estou atrapalhando seu 
sono. Ela se move um pouco, virando para mim, com seu corpo 
deslizando a sua roupa para baixo, expondo seu peito. Seus 
perfeitos seios arredondados e mamilos estão bem na minha 
frente, em uma tentação difícil de combater. Não os toco, não 
imediatamente, apenas olho para ela. Quanto impressionante ela 
é. Ela não é tão bonita quando está acordada, quando está ela é 
diferente. Eu quero senti-la, abraçá-la enquanto ela dorme, vê-la 
desvanecer a cada noite, eu quero tantas coisas de Ivy. Elatambém as quer. 
Com cuidado para não mexer muito, eu coloco a cabeça no 
travesseiro e me viro, então estou apenas a um centímetro de 
distância de seus lábios. Seus olhos vibram, mas não se abrem, 
ela pode me sentir em seus sonhos. Como se eu pudesse sentir 
seus sonhos dentro de mim. Eu beijo seus lábios suavemente, 
com os olhos bem abertos, para que possa vê-la. Minha língua 
toca a curva de seus lábios querendo apenas um pouco do gosto 
dela, e ela se abre para mim. Me dando as boas vindas, me 
beijando de volta com um gemido suave que dispara o desejo 
 38 
através de mim. A necessidade supera a razão e eu a beijo como 
se minha vida dependesse disso, como se fosse o primeiro e o 
último beijo que vamos compartilhar. Sua mão se move e 
descansa no meu peito, suavidade e calor me preenchem com 
aquele toque terno. 
Um beijo roubado, nenhum dado, mas um tomado. Ivy me 
beija também, mas ainda não acorda. Quando ela se afasta para 
recuperar o fôlego, saio de sua cama, pego meus pertences e saio 
rapidamente de seu quarto. Espero no quarto de hóspedes, 
prendendo a respiração, parado, ainda, ouvindo um sinal de que 
ela não está dormindo. Quando está quieto por um tempo, eu me 
visto. O gosto dela está gravado em minha memória, a sensação 
sedosa de sua pele gravada na ponta dos meus dedos. Uma vez 
que minha própria respiração se estabiliza e meu pulso 
desacelerou para um tamborilar, deixo a segurança de seu quarto 
de hóspedes, calço meus sapatos e saio pela porta da frente.39 
Capítulo Sete 
 
 
 
 
Sábado... 
Vamos nos encontrar para almoçar, é final de semana e ela 
não precisa trabalhar. Eu me pergunto se ela está desconfortável 
com um encontro à noite, se está insegura agora que a bebida 
acabou. Talvez ela devesse estar em outro lugar, não havia nada 
em sua agenda, eu verifiquei para ter certeza, para que ela não 
tivesse nenhuma desculpa. Sábado era a única página limpa em 
toda a semana. É o seu dia para descarregar a bagagem da 
semana e quero que ela compartilhe parte dela comigo. 
Eu me ofereci para buscá-la, mas ela está mais cautelosa 
agora e disse que iria me encontrar lá. Fico feliz sabendo que 
não confiaria em ninguém, mas me desapontou que não 
confiasse em mim ainda. Cuidadosamente, escolho minhas 
roupas, para que elas combinem com a jaqueta de couro. Em seu 
diário de sonhos, ela falava tantas vezes sobre ser o único cheiro 
que ela ama. Como isso torna um homem irresistível para ela, e 
eu quero derrubar suas defesas. Não deve haver chance dela me 
rejeitar, eu vou tão devagar quanto ela quiser, mas não estou 
disposto a deixá-la ir embora. 
 40 
Eu coloco a jaqueta, colocando minhas chaves e carteira no 
bolso, e olho para o prédio dela. Posso ver em sua janela da sala, 
ela está sentada no sofá mandando mensagens para alguém, seu 
cabelo está bem puxado em um rabo de cavalo e ela está usando 
o vestido rosa que eu amo. É cashmere, com mangas compridas, 
e quando ela o coloca com suas botas, parece que ela saiu das 
páginas de uma revista. Ela sempre usa quando quer ficar 
bonita. Ela está sorrindo para o celular e estou com ciúmes 
disso, quero que ela sorria para mim. Pegando meu celular, eu 
rapidamente envio um texto para ela. 
Eu não posso esperar para ver seu lindo sorriso mais 
tarde. 
Eu vejo quando ela abre a mensagem e seu rosto irradia, seu 
nariz franzi e ela sorri enquanto digita a sua resposta. Eu não 
leio, não imediatamente porque já tenho a resposta que queria, 
só de vê-la. Estamos nos encontrando em uma hora, preciso sair 
para que ela não me veja saindo daqui. Eu quero estar esperando 
por ela quando ela chegar, eu não quero ser como o David. 
 
 
 
 
 
Espero na mesa que reservei para nós, provavelmente não 
precisei de uma reserva para o almoço, mas não gosto de 
arriscar. É um daqueles lugares com toalhas de mesa brancas e 
taças na mesa. Eu queria fazê-la sentir que ela merecia me 
encontrar no melhor lugar, não em um bar sujo. Eu peço uma 
 41 
garrafa de vinho no momento em que ela entra. As portas de 
madeira se fecham atrás dela e tudo ao meu redor desaparece 
quando eu a vejo. O tempo para para todos, exceto nós, 
enquanto ela caminha em minha direção com um sorriso no 
rosto. Seu rabo de cavalo balança, e seu vestido flutua em torno 
de suas coxas, eu sou incapaz de desviar o olhar. Você nunca foi 
capaz de desviar o olhar, Kian.Eu a vejo, cada pequena coisa 
sobre ela, vejo o jeito que os olhos dela brilham. Eu a vejo 
morder o lábio timidamente quando ela sabe que estou olhando 
para ela. Eu me levanto para cumprimentá-la. Eu a vejo torcendo 
as mãos, ela está nervosa. Meu coração bate ao mesmo ritmo de 
seus passos, rápido e forte. Minha boca fica cheia de água para 
beijá-la novamente, e meu pau engrossa apenas imaginando 
como ela seria. Você faz coisas terríveis para mim Ivy, você 
amarra meu estômago em nós. 
— Oi. – ela diz tímida e suas bochechas coram. 
— Oi, Ivy. – eu a cumprimento com um beijo em sua 
bochecha, dando um segundo para inalar seu perfume. Eu puxo 
a cadeira ao meu lado e a ajudo uma vez que ela se senta. — 
Como você está? – eu pergunto, porque posso dizer que ela está 
lutando para encontrar a coragem de falar. 
— Bem, obrigada. – ela diz, olhando para mim por baixo de 
seus longos cílios. — Um pouco nervosa, desculpe. Eu estava 
tão bêbada na outra noite. Agora, parece que estou te 
conhecendo pela primeira vez. 
— Sinto que já nos conhecemos, não há necessidade de estar 
nervosa. – Sua mão está sobre a mesa e eu a pego como um 
convite para colocar a minha sobre ela. 
— Sinto que você estava naquela cafeteria por uma razão. – 
Eu estava lá para te pegar Ivy. — Que fomos feitos para nos 
 42 
encontrar. Minha amiga Misha acha que estou solteira há tanto 
tempo que estou imaginando coisas. 
— Sua amiga é boba. Tudo acontece por um motivo. – Eu 
me deparei com você por muitas razões Ivy. — Posso te servir 
uma taça de vinho? 
— Sim, por favor, essa é a minha bebida favorita, na 
verdade. – Eu sei que é. Assim como eu sei o que você vai pedir, 
e você come com sua faca e garfo nas mãos erradas. — 
Obrigada. – ela diz enquanto eu encho nossas taças. 
O almoço corre bem, falamos de tudo. Ela pergunta sobre o 
meu trabalho e eu consigo evitar sua pergunta, mudando a 
conversa para algo que ela ama. O som de sua voz é tão mágico 
quanto seu silêncio. 
Depois do almoço, eu a convido para caminhar comigo, não 
estamos longe da praia e a tarde está linda demais para ser 
desperdiçada. Ela é linda demais para deixar ir, e eu não quero 
que nosso tempo acabe. Depois de um curto período de 
caminhada lado a lado, eu pego sua mão na minha. Nossos 
dedos se entrelaçam e eu sei que ela está confortável com o meu 
toque. Por um tempo andamos em silêncio e juntos ela observa 
tudo ao nosso redor, absorvendo tudo como uma esponja. Eu só 
a observo, o desejo de tocá-la e segurá-la em meus braços se 
torna mais difícil de ignorar a cada passo que damos. Ela me 
leva até o cais, ele está cheio de pescadores e casais. Há famílias 
com crianças que correm ao redor delas, abarrotadas e cheias de 
vida. É um lugar que eu escolho para me esconder, me misturar 
e não ser visto. Paramos no final e ela se vira para olhar para 
mim. 
— O que você está pensando Ivy? – eu digo quando ela 
morde o lábio inferior, tentando esconder seu sorriso travesso. 
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— Eu tive um sonho com você na noite passada. – ela diz, e 
eu tento esconder meu rosto culpado. 
— Realmente o que você sonhou? 
— Você estava me observando dormir, e então subiu na 
minha cama e me beijou. 
— Soa como um sonho bom. – Puxando-a para mais perto 
de modo que seu peito está contra o meu, eu sussurro em seu 
ouvido: — Talvez, da próxima vez que eu te beijar, você 
estará acordada. 
 
 
 
 
 
 
Continua... 
 
 
 
 
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	Sinopse
	Introdução
	Capítulo Um
	Capítulo Dois
	Capítulo Três
	Capítulo Quatro
	Capítulo Cinco
	Capítulo Seis
	Capítulo Sete
	Continua...