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Awake #02 - Are You Awake - Ashleigh Giannoccaro

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Sinopse 
 
 
Ivy encontrou seu cavalheiro perfeito, só que ela agora não 
tem certeza se queria um cavalheiro. Será que ele abaixará a 
guarda e, quando o fizer, seu passado a obrigará a correr para 
as colinas? 
Com a perfeita Bela Adormecida, seu namorado Kian está 
tentando manter sua vida sob controle. Ele está se apaixonando 
por Ivy, mas ele não tem a menor ideia do que fazer com ela 
quando ela está acordada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo Um 
 
Ivy 
 
“Talvez, da próxima vez que eu te beijar, você 
estará acordada.” 
Meu Deus, pensei que ele ia me beijar naquele 
momento. Ele estava tão perto que eu podia sentir o jeito que 
sua respiração constante subia e descia. Seu cheiro me deixou 
tonta, e os meus joelhos enfraqueceram com a antecipação. O 
canto de sua boca se inclinou em um sorriso provocante. Tão 
perto que eu podia saboreá-lo. Só que ele não me beijou, ele se 
afastou e eu senti como se ele tivesse arrancado meu coração 
com um único passo para trás. Kian me levou de volta para o 
meu carro, segurando minha mão, mas nada mais do que 
isso. O ar entre nós se chocou com a carga de eletricidade e a 
tensão era palpável. Eu estava nessa bolha e a única coisa que 
existia era Kian, mas a bolha estourou quando ele beijou a 
minha bochecha e fechou a porta do carro, terminando nosso 
encontro. Dirigi para casa com as mãos trêmulas. Tive um bom 
tempo, mas me senti tão - tão rejeitada e desiludida. Naqueles 
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poucos momentos eu queria que ele me beijasse, para me 
empurrar contra o corrimão e me violentar, mas não. Não, Kian 
ele é um maldito cavalheiro. Um cavalheiro misterioso, 
fascinante, maior pegador e que está me enlouquecendo! Mais 
enlouquecida. Porque eu já me sinto maluca. As coisas estão 
fora do controle, eu preciso ir e ter minha dose de medicação 
corrigida. Estou esquecendo as coisas, sinto que estou vendo 
coisas e a ansiedade e o medo me dominam. Eu preciso de 
ajuda. Ajuda - e transar. Santo Deus, estou com tesão. E o Sr. 
Maldito Cavalheiro está tornando impossível eu pensar em 
qualquer outra coisa. 
— Vou sair com Kian hoje à noite. – eu digo para Misha, 
que está no viva-voz enquanto eu me visto. — E hoje à noite 
não há como ele ser um cavalheiro e me beijar na 
bochecha. Ele não vai ser capaz de resistir a mim nesta roupa. – 
eu digo olhando no espelho. 
— Ah, sua vadia pervertida. – ela faz um som de gemido 
que é tudo menos sexy. 
— Não entendo, ele parecia afim de mim, então nos 
aproximamos e, não, ele simplesmente para. Eu posso ver o seu 
tesão, sei que ele é atraído por mim, mas ele para todo maldito 
tempo! 
— Ele é gay? 
— Não é gay. – Definitivamente não. — Então não é gay. 
— Ele é virgem? 
— O jeito que ele fala obscenidades, eu duvido disso. 
— O que você está vestindo? – ela pergunta. 
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— O vestido verde. 
— Simmm. – ela sussurra no telefone. 
— Meias, cinta-liga e estou sem calcinha. – eu não vou 
deixar nada ao acaso hoje à noite. Hoje à noite eu vou fazer 
sexo, mesmo que eu tenha que encontrar alguém no Tinder 
depois que ele se for. — Estou farta de jogos. – Misha ri de 
mim. Eu estico as meias de rendas até minhas pernas depiladas 
e isso me dá arrepios. Tenho aquela sensação desagradável de 
estar sendo observada. Eu olho em volta do meu quarto como 
se alguém estivesse lá, e tento acalmar minha mente estúpida. 
— Deixe-me adivinhar, você está vestindo os saltos de 
“foda-me” e seu cabelo está solto para que ele possa puxá-lo. – 
ela é a única com a mente poluída, mas posso dizer sem dúvida 
que é exatamente o que eu estou fazendo esta noite. 
— Você acha que sou eu? Há algo de errado comigo? Eu 
quero dizer, por que ele não iria querer fazer sexo 
comigo? Porra, nem me beija direito. Estou enlouquecendo. Eu 
sonho com ele à noite e eles não são sonhos para menores de 13 
anos. – Meu celular apita com uma mensagem recebida, 
distraindo-nos da nossa conversa. 
— Atenda ele. E me ligue depois que for completamente 
fodida. – Misha ri e desliga a ligação. 
 
Kian: Você está ficando bonita para mim? 
 
É de Kian, e eu olho ao redor da sala novamente como se 
alguém pudesse me ver. É claro que ele está dizendo isso 
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porque temos um encontro, ele sabe que eu vou me preparar 
para vê-lo. 
 
Eu: Estou ficando bonita para mim. 
 
Queria dizer algo mais como 'Estou ficando bonita porque 
quero ser fodida, mas você não está interessado, então não é 
para você'. Eu não sei. Estou irritada com ele e isso é irracional 
e estúpido. 
 
Eu: Vejo você agora, quando tudo terminar, eu estou 
ficando bonita. ;) 
Kian: Use calcinhas bonitas, eu gosto de renda. 
 
Como ele sabia? Talvez esteja apenas sendo engraçado. Eu 
engulo a náusea que sobe na minha garganta. Minha coluna 
arrepia de desconforto quando pego uma calcinha de renda 
verde para combinar com o sutiã de renda que eu estou. A 
renda e o cetim são suaves contra a minha parte íntima recém-
depilada. Eu realmente espero que ele tenha dito isso porque 
esta noite é a noite. 
 
Eu sempre uso calcinhas bonitas… se você me despisse, 
saberia. 
 
Não posso evitar, a parte maluca de mim acabou de assumir 
e eu apertei o enviar. 
 
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Você quer que eu te dispa? Prefiro ver você se despir para 
mim. 
Agora ele está apenas me provocando e me irritando, 
fazendo-me apertar minhas partes íntimas mais forte do que 
antes. Tudo o que posso pensar agora é ele sentado na cadeira 
em frente à minha cama me vendo tirar as minhas roupas de 
baixo rendadas. Eu me toco sobre o tecido frágil da minha 
calcinha e estou tão apertada que é quase o suficiente para me 
fazer gozar. 
 
Espero que você esteja pronto para um show depois do 
jantar. 
 
Seu perfil muda para off-line e ele não responde. Estou 
irracionalmente chateada quando fecho o vestido que transmite 
minhas intenções tão bem. Eu vou seduzir ele hoje à noite. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo Dois 
 
Kian 
 
Posso vê-la pela porta do quarto que ela deixou aberta. Ela 
estava conversando animadamente com alguém no viva-voz 
antes de eu mandar uma mensagem para ela. Eu podia ver o 
plano dela, o jeito que ela estava tomando cuidado extra para se 
preparar. Estou a deixando louca. Ela está perdendo a cabeça, 
um pouco de cada vez. Eu ainda observo ela dormir, mas ela 
não descansa mais. Ela geme e se toca, chamando meu nome 
em seu sono. Não há nada mais erótico do que vê-la foder 
comigo em seus sonhos. 
Eu tenho me segurado porque sou mais atraído pela versão 
adormecida dela, não quero estragar isso a beijando quando ela 
está acordada. De longe, ela é tudo de que preciso e, de perto, 
ela é esmagadora. Isso me assusta. Nunca levei isso tão longe 
antes, nunca as conheci quando estão acordadas. Da escuridão, 
escondendo-me nas sombras, observando enquanto dormem, é 
como gosto de admirá-las. Mas Ivy, ela capturou minha atenção 
e eu não posso me afastar. Não quando ela está dormindo e não 
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quando está acordada. Eu não consigo o suficiente dela, isso 
está ficando perigoso agora. Eu continuo me aproximando, toda 
noite eu fico até mais tarde, fico mais tempo, fico mais perto. 
Ela não vai me deixar sair esta noite sem dar mais a ela. Eu 
posso dizer que ela está frustrada, confusa e excitada. Um beijo 
na bochecha não será suficiente. Vou ter que dar-lhe algo para 
que eu possa continuar recebendo o que eu preciso. 
Não posso continuar vendo, então eu desligo meu celular e 
vou tomar banho. Preciso de tempo suficiente para pegar um 
Uber para pegar meu carro. Não posso tê-la vendo ele aqui em 
sua vizinhança. Ela está no limite, está procurando coisas fora 
do lugar e sei que faria perguntas se achasse que eu estava 
perto demais para me encorajar. 
Ela acha que seu ex está de volta à cidade, que ele está a 
seguindo. Ele não está. Ele não é mais um problema, ela 
deveria parar de se preocupar.Suas anotações adesivas verdes estão na minha cômoda e 
eu sorrio para o sorriso fofo de sua caligrafia, a forma como 
suas letras fluem da maneira mais feminina. Eu amo o jeito que 
ela escreve anotações para si mesma, o jeito que ela tem de se 
lembrar do que merece. Eu não peguei mais nada de sua casa - 
ainda. Apenas suas anotações, gosto do jeito que me sinto 
ligado a ela através delas. Nós não nos vemos há alguns 
dias, bem , ela não me viu. Estou ansioso para passar o tempo 
com ela e ela parece um presente esperando para ser 
desembrulhado naquele maldito vestido. Controlar-me pode ser 
difícil hoje à noite. 
Alivio um pouco da minha tensão sexual no chuveiro, me 
masturbando com a lembrança dela transando com o seu 
travesseiro enquanto dormia, o jeito que seus lábios deixaram 
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escapar o meu nome. Apenas o pensamento é o suficiente para 
me fazer gozar. A tensão entre meus ombros desaparece 
quando ejaculo nos azulejos frios do meu chuveiro. Todo o 
estresse reprimido de segurar meus desejos é liberado e meu 
corpo se solta. Seguro uma mão contra a parede para me apoiar 
enquanto o xampu escorre do meu cabelo pelo ralo. Deus, ela 
está me deixando tão louco quanto eu estou a deixando. 
Eu me visto melhor do que o necessário para onde estamos 
indo, porque eu sei que ela está maravilhosa e eu quero que ela 
pense que me importo. Que quero parecer bem para ela. Ainda 
com os pés descalços, pego duas bebidas energéticas geladas da 
geladeira e as tomo rapidamente, injetando cafeína no sistema 
para tentar compensar o sono que nunca consigo sentir. Sua 
nudez interrompeu minha soneca e me distraiu do descanso que 
tanto precisava, mas nunca encontrava. Não querendo ser 
sugado de novo, entro no meu quarto e termino de me arrumar, 
não posso vê-la daqui. Coloco minha loção pós-barba e o meu 
quarto cheira como se eu estivesse usado demais quando 
termino. Eu chamo um Uber e uso a escada dos fundos para 
sair do prédio e esperar onde ela não pode me ver de seu 
prédio. Ele leva onze minutos para chegar a mim e outros vinte 
e oito para me deixar na garagem onde mantenho meu carro. 
Sendo cuidadoso. Sempre com cuidado. 
Verifico meu relógio antes de entrar no meu carro. Ela 
disse que eu poderia buscá-la hoje à noite, sem carros 
separados. Ela está baixando a guarda. Ficando confortável. Ou 
desesperada. Meu coração dispara quando a cafeína e o 
pensamento dela em meu banco de couro entra em ação. Meus 
pneus cantam no chão liso da garagem quando saio com tempo 
suficiente para chegar cinco minutos mais cedo. Todo farol 
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vermelho me faz ranger os dentes e a antecipação de vê-la me 
deixa nervoso. Não posso esperar para sentir aquele vestido 
quando eu a puxar para perto, eu quero respirar o doce perfume 
que ela espirrou entre seus seios, e inalar sua alma com ele. O 
farol fica verde, e alguém atrás de mim buzina, eu estava 
perdido em meus próprios pensamentos e senti falta dela. Sua 
impaciência me irrita, o som detestável estourou minha bolha 
de Ivy e me fez ciente das coisas ao meu redor. Como o fato de 
que eu deveria ter limpado meu carro, e quão lento o trânsito 
está fluindo na direção que preciso ir. Verifico meu cabelo no 
meu espelho retrovisor. Preciso descansar um pouco, mesmo 
que não durma. Eu preciso diminuir a velocidade. 
Há uma vaga de estacionamento gratuito perto de sua porta, 
e quando eu o coloco, olho por cima do meu ombro para onde 
minha janela tem vista para este local. O lugar onde eu a 
vejo. Meu predileto. Eu olho para a porta dela, e então volto 
para o relógio no painel. Sete minutos, não é cedo demais. 
Pego as escadas e não o elevador, o som dos meus pés 
aumentando meu ritmo cardíaco acelerado. O pico de cafeína 
pode ter sido demais, uma bebida teria feito o trabalho. 
Meus dedos estão prestes a bater na porta quando ela abre 
com um amplo sorriso. Eu posso sentir o cheiro dela, senti-lo, 
ele está me cercando, assumindo os meus sentidos enquanto a 
cumprimento. 
— Oi, linda. – Passo o meu olhar para cima e para baixo 
dela, eu não posso evitar a maneira como meu corpo reage. 
— Oi. – ela beija minha bochecha, se aproximando. Seu 
corpo está quente, o calor irradia dela e mesmo sem tocar eu 
posso sentir isso. Eu a beijo também, desta vez em sua boca, é 
casto e suave, mas a faz suspirar. O som suave me sacode como 
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um terremoto, ela faz o mesmo som quando está dormindo. Por 
que tudo é tão diferente com a Ivy? Eu quero perder o 
controle. Quero mais do que eu queria antes. 
— Você está pronta para ir? – eu pergunto quando ela fecha 
a porta atrás dela. 
— Eu acho que estou, onde exatamente estamos indo? 
— Jantar e em algum lugar. – digo com um sorriso e pego 
sua mão na minha, ela está nervosa e a mão dela está 
suada. Esperamos em silêncio que o elevador se abra, ela olha 
para os sapatos e eu também olho. Os saltos pretos agulha 
deixam suas pernas lindas e eu as imagino envoltas em meus 
ombros e ela em nada mais. Me movendo, eu me arrumo para 
que ela não possa ver o efeito que ela tem em mim. A porta se 
abre com um som e eu coloco minha mão na parte de baixo das 
costas dela e a conduzo para dentro. Ivy está mais quieta do que 
o normal, e ela olha de lado para mim, eu o mantenho no 
espelho e não faço nenhum esforço para esconder o fato de que 
estou olhando para ela. Bebendo ela, e deixando minha mente 
vagar para o que sei que está embaixo daquele vestido. Aposto 
que os mamilos dela estão duros como pedra contra o sutiã. 
— Você realmente não vai me dizer para onde estamos 
indo? – ela faz beicinho e eu quero morder o lábio inferior. 
— Não. – balancei minha cabeça e lhe dei um sorriso 
diabólico. Colocando meu braço em volta de sua cintura, eu 
puxo-a para o meu lado e a seguro lá. Perto o suficiente para 
fazer seu pulso acelerar, mas longe o suficiente para mantê-la 
querendo muito mais. 
Eu abro a porta do carro para ela, e vislumbro sua calcinha 
enquanto ela sobe o mais graciosamente possível. Ela me viu, e 
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suas bochechas coraram de rosa, da mesma cor dos seus 
mamilos. Eu fecho a porta e tomo um tempo para me ajustar 
novamente, esses jeans são muito apertados para uma ereção 
como a que ela me dá. Mesmo quando ela está acordada. 
O restaurante está tranquilo, mas eu faço questão de me 
sentar à sua frente e não ao seu lado. Ela cruza as pernas, 
pressionando-as juntas. Sei que ela está pensando em todas as 
coisas que ela quer que eu faça com ela. As coisas que não vou 
fazer com ela enquanto estiver acordada. Pedimos vinho, ela 
bebe metade da garrafa e sua postura muda, ela relaxa e sorri 
mais. Recostando-se na cadeira, ela agita os cílios e lambe os 
lábios, tentando me seduzir. — Então, para onde estamos indo? 
– ela tenta novamente para eu contar a ela, introduzindo a 
pergunta em nossa conversa sobre seu trabalho e seus 
amigos. Tentando me enganar com seu sorriso malicioso e sua 
pele corada, me atraindo para uma armadilha, mas não estou 
caindo nela. 
— Nós estamos indo a lugar nenhum até que tenhamos a 
sobremesa. – eu a provoco, pegando a sua mão sobre a mesa e 
deixando meu joelho tocar sua perna. 
Ivy lambe o chocolate da colher, fazendo um espetáculo só 
para mim. Eu sei que ela está fazendo um ponto, mas não sou o 
único aqui que pode vê-la. Uma pontada de ciúmes me atinge 
bem no peito. Sua língua lambendo-a, do jeito que seria se eu a 
deixasse colocar em mim. O pensamento de seus lábios 
carnudos em volta do meu pau me faz suar, a temperatura sobe 
cem graus com uma única imagem na minha cabeça. 
Pego o cheque porque não posso suportar mais um minuto 
disso. Secretamente, gostaria de poder drogá-la e vê-la dormir 
no meu carro. Isso seria muito ousado, é muito cedo para fazer 
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algo assim. 
 
 
O drive-in na cobertura é um segredo bem guardado, há 
apenas alguns ingressos à venda para cada sessão. Nós 
estacionamos enquanto o sol se põe, esperandoo filme 
começar. Ivy sorri de emoção, ela riu quando percebeu o que 
íamos fazer. Ganhei dez por romance escolhendo este lugar. As 
luzes se apagam e os créditos de abertura passam. Eu abro as 
janelas apenas o suficiente para que não fiquem embaçadas 
antes de colocar minha mão em sua coxa. Dê um pouco, 
Kian, digo a mim mesmo e aperto suavemente. 
Ivy coloca a mão sobre a minha. Ela quer que eu suba mais, 
ela ainda quer mais. Mudando de lugar, ela finge assistir ao 
filme. Vejo seus olhares de lado e sua inquietude. Levantando a 
mão para a minha boca, eu beijo seus dedos suavemente antes 
de colocar a mão no meu colo, dando-lhe o poder de tomar 
mais se ela quiser. 
Olhando para frente, não vejo o filme, tudo o que vejo são 
as imagens na minha cabeça dela na cama. O gosto daquele 
beijo ainda permanece na minha língua e eu me pergunto se ela 
vai ter o mesmo quando estiver acordada? Eu sinto seus dedos 
se moverem, morrendo de vontade de dar o primeiro passo, 
mas com medo de pará-la. Eu vou pará-la. 
 
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Capítulo Três 
 
 
Ivy 
 
Eu queria pegar o pau dele através dos jeans perfeitamente 
justos, e considerei rastejar sobre o painel central e sentar nele, 
então não tinha como escapar. Mas minhas inseguranças 
levaram a melhor sobre mim. Meu estômago deu um nó com "e 
se" e "por que" até que não consegui segurá-la por mais tempo. 
— Existe uma razão para estarmos no lugar mais romântico 
de todos os tempos e você ainda não me beijar? – eu puxei 
minha mão para longe de onde ele colocou em sua perna 
musculosa e vestida de jeans. — Porque isso já está ficando 
velho. Eu não entendo, se você não gosta de mim, por que 
continua me convidando para sair? 
Os olhos de Kian escurecem quando ele olha para mim, e 
há um flash de algo neles que me assusta. Ele parece ferido 
pela minha pergunta, como se eu o tivesse ofendido. Eu sou a 
única que deveria estar ofendida, eu continuo me jogando nele 
e ele apenas - simplesmente não faz nada. 
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— Ivy. – ele balança a cabeça, e o olhar violento em seus 
olhos desaparece. — Eu gosto muito de você, e meu Deus, 
quero fazer todas as coisas sujas com você que estão passando 
pela sua mente. Elas estão correndo pela minha também. Ele 
pega a minha mão de novo, segurando-a, passando o polegar 
sobre meus dedos de novo e de novo. A conexão física me 
distrai da minha própria raiva. — Você não gosta desses 
sentimentos? O querer, esperar e antecipar? Amo esses 
sentimentos, às vezes conseguir o que você quer muito cedo, 
estraga isso. Eu quero saborear esse sentimento, esse desejo 
que é como a eletricidade entre nós. 
Estranhamente, o que ele diz faz sentido. Eles são 
excitantes e emocionantes de se sentir desta forma. 
— Eu quero você, Ivy. Mas, gosto de querer você, então eu 
vou tomar meu tempo e apenas aproveitar isso, até que eu não 
possa mais controlar. – ele se inclina, colocando meu cabelo 
atrás da minha orelha para sussurrar. — Então, vou tornar você 
minha. – Sua respiração no meu pescoço agita o meu interior, 
provoca pensamentos que eu não posso desligar e eu me inclino 
para ele, desesperada por mais. Ele beija a minha bochecha 
suavemente, segurando a minha mandíbula em sua grande 
mão. É um beijo suave, doce e inocente, mas a maneira como 
ele disse minha deixa obsceno, provocando desejos e 
provocando uma necessidade em mim. Ele é um cavalheiro 
paciente filho da puta. Porra. — Hoje à noite, no entanto... – 
ele diz e eu prendo a respiração, com seus dedos descendo pelo 
meu pescoço até o meu decote exposto. — Hoje à noite eu 
quero beijar você, quero tanto que não tenho como me impedir. 
– Por favor, me beije, porra. — Posso te beijar, Ivy? 
— Sim. – sussurro baixinho, com minha voz atada com 
desespero. Virando a cabeça um pouco para que os nossos 
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lábios estejam perto o suficiente para que eu possa prová-lo já, 
olho em seus olhos escuros e sei que ele me quer. Meu interior 
aperta com antecipação, esperando que ele se aproxime. A 
sensação agradável de borboletas no meu estômago e a 
necessidade dolorida entre as minhas coxas está me deixando 
louca, já que segundos levam horas para passar. Kian lambe o 
lábio inferior lentamente, como se ele estivesse com fome e se 
preparando para devorar uma refeição. Sua mão está na minha 
nuca me puxando ainda mais perto, o painel central crava em 
mim quando me aproximo, me deixando no colo dele. Seus 
dedos se prendem no meu cabelo e posso sentir o cheiro de 
loção pós-barba, o cheiro amadeirado é masculino e 
puro. Imagino como é a pele dele sob a camisa que se agarra a 
seu peito largo, passando a mão por ele. Ansiosa por 
mais. Quando seus lábios encontram os meus pela primeira vez, 
paro de respirar e paro de pensar. Nada importa, apenas a 
sensação de sua boca na minha, o jeito que ele me beija com o 
desejo contido, apenas tomando um pouco. Seus lábios, são 
como doces para uma viciada em açúcar e não consigo o 
suficiente. Colocando as mãos em ambos os lados do meu 
rosto, ele me puxa para ele, me segurando ainda, me beijando 
mais forte. Sua língua dança com a minha em um perigoso 
tango. Minha respiração é roubada por ele, meu coração acelera 
e minha cabeça balança com a luxúria que explode entre 
nós. Eu quero que ele me toque em todos os lugares. Eu preciso 
de mais do que isso. 
 
 
 
Kian e eu nos beijamos a noite toda e eu nunca vi um 
momento do filme. Foi quente, forte e o mais fodido beijo de 
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destruição que eu já tive. Mas, não teve nada mais, ele não me 
tocou onde o meu corpo gritava para ser tocado. Ele me 
alimentou com migalhas de pão quando eu queria o pão 
inteiro. Pelo menos eu sabia que ele estava definitivamente 
afim de mim, ele estava apenas indo devagar e curtindo a 
perseguição, o desejo. 
Ele me beijou na minha porta e depois a fechou entre nós, 
me mandando para a cama, me dizendo para dormir bem. — 
Sonhe comigo. – disse ele. 
Sonhei com ele todas as noites. Ambos os nossos horários 
foram loucos e, além de um almoço rápido, não consegui vê-lo 
novamente desde o nosso encontro no drive-in. Ele disse que 
tem que sair da cidade esta semana, que sairíamos na sexta-
feira quando ele voltasse. 
Eu não posso esperar. 
 
 
 
 
— Juro que não posso encontrar meus malditos óculos 
novamente. Eu os coloquei na mesa de café enquanto estava 
trabalhando ontem à noite, eu sei disso. Eu não posso trabalhar 
sem eles. – eu lamento para Misha durante o almoço. — Estou 
perdendo tudo. Continuo esquecendo onde coloco as coisas. Eu 
me preocupo com a possibilidade de estar ficando sonâmbula. 
— Você precisa tirar férias. 
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— Não posso sair de férias. – eu disse para ela, porque ela 
sabe que eu não posso. 
— Como é o 'alto, moreno e fodível'? Você já entrou nas 
calças dele? 
— Ah. – suspiro, porque Deus sabe que eu tentei. — Nós 
finalmente nos beijamos, como se você fosse um beijo de 
dezesseis anos. Mas ele diz que quer ir devagar, que ele gosta 
do sentimento de querer algo mais do que a sensação de tê-lo. 
— Ele é estranho - ou gay. Mas, principalmente estranho. 
— Ele não é gay! – digo um pouco alto demais, recebendo 
mais do que alguns olhares de todo a cafeteria. — Ele é apenas 
diferente, ele é um cavalheiro adequado, que você sabe que é 
difícil de encontrar nos dias de hoje. 
— Isso é verdade, mas até mesmo cavalheiros gostam de 
sexo. – ela tem sexo no cérebro. Minha espinha arrepia e olho 
em volta - é como se houvesse olhos me apunhalando. Estou 
sendo vigiada, mas não há ninguém me observando. — O que 
há de errado? – Misha pergunta, percebendo meu desconforto. 
— Continuo tendo essa sensação de que alguém está me 
observando. Não me chame de maluca, mas tenho certeza de 
que alguém esteve no meu apartamento. 
— Você está louca. – ela diz isso com um sorriso 
preocupado. Nós duas sabemos que tenho uma história. Um 
passado não tão divertido, em que namorados parecidos com 
stalkerseram um problema. Mudei para cá por causa disso. — 
Ele não está aqui, Ivy. 
— Eu sei, talvez precise ir buscar meus remédios, ou talvez 
esteja apenas cansada. Não sei, tem algo está estranho apenas. 
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— Está sexualmente frustrada, esse é o problema. Transe e 
você deixará de ser tão paranoica. – O sexo é sua resposta para 
tudo. 
— Você é uma amiga terrível. 
— Eu te disse isso no primeiro dia que nos conhecemos. – 
Misha me lembra. Ela não está mentindo, foi uma das primeiras 
coisas que ela disse. Sou uma amiga terrível, mas gosto de 
você. Ela nunca mentiu sobre nada, é por isso que a tolero. Sua 
honestidade brutal é refrescante. Termino meu bagel, e engulo 
com o último gole do meu café gelado antes de sairmos. Assim 
que eu saio, sinto arrepios em minha pele e tenho certeza que 
alguém acabou de passar por cima da minha sepultura. Eu olho 
para os dois lados da rua e os prédios, mas novamente não há 
nada lá. Pego meu celular e envio uma mensagem para Kian, só 
para deixá-lo saber que estou pensando nele, esperando contra 
a esperança de ouvir sobre ele. Eu me tornei aquela garota 
patética esperando um garoto me mandar uma mensagem - 
foda-se. 
 
 
 
 
Não soube de Kian, ele disse que estava indo embora para o 
trabalho. Quando abro meu notebook e tomo meu vinho, 
verifico meu celular novamente e percebo que nem sei o que 
ele faz. Digito o seu nome na barra de pesquisa do Facebook, 
mas nada aparece, nem mesmo uma sugestão. Estranho. Quem 
não tem redes sociais? Justifico o fato de que ele não está 
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perdendo nada na face da terra. Eu tento o Google, e tudo que 
eu vejo é uma foto dele, muito mais jovem, com a sua família 
em um evento de caridade para um hospital infantil em outro 
estado. 
Ele parece diferente, mas o mesmo de certa forma. Seu 
cabelo era mais longo, indisciplinado e tinha uma forma 
infantil. Agora ele é viril e mais velho. Gosto mais do Kian 
mais velho - muito melhor. Eu procuro sua família, mas não há 
muito além de algumas imagens de seu pai que era um médico 
bem conhecido e pesquisador médico. 
Sacudindo meus desejos de stalker, eu bebo metade do meu 
vinho, pego as minhas anotações adesivas e começo a passar 
pela montanha de trabalho que não consegui me concentrar 
nesta tarde. Desde Kian, eu não preciso me lembrar de quantas 
vezes eu valho, eu não preciso das notas pessoais com metade 
dele. Talvez essa coisa devagar seja boa para mim. 
Quando o vinho me deixa com as pálpebras se fechando, 
levanto, escovo os dentes, pego as minhas pílulas e coloco uma 
blusa e a minha calcinha. Com preguiça de procurar pijamas, 
caminho para a cama e sonho com Kian. Só nos meus sonhos 
ele não é um cavalheiro. 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo Quatro 
 
Kian 
 
Beijar Ivy quando ela está acordada foi o meu primeiro 
erro, gostar tanto quanto eu estava era um erro ainda maior. Seu 
gosto está queimado na minha língua, seus sons suaves presos 
em meus tímpanos, tornando difícil se concentrar em qualquer 
coisa. Mas preciso me concentrar. Eu preciso dormir. Apenas 
um cochilo breve, qualquer coisa. Minha mente está gritando 
por descanso. Quando fecho os meus olhos, tudo que vejo é 
ela. Eu preciso que isso pare. 
 
Oi cara, fui na sua casa, não tem ninguém em casa? O 
vizinho disse que você está de férias... Verdade? Para onde 
você foi? 
 
 25 
Porra, porra... porra! Como eu digo: “bem, mudei-me de 
cidade para ver a mais recente obsessão da minha vida, o 
trajeto estava me matando?” Esse cara me conhece, mas não 
essa minha parte. Corben teria me comprometido em um piscar 
de olhos, ele é um psiquiatra por causa disso. 
 
Oi, estou na casa de um colega de trabalho do outro lado 
da cidade. Ele precisava de alguém para alimentar seu gato. 
 
Parece plausível. 
 
Você odeia animais. Ele é louco? Esse pobre gato ainda 
está vivo? Quando você volta? Estamos nos reunindo na 
quinta-feira, é o aniversário da Jen, você sabe... Austin 
queria fazer alguma coisa. 
 
Jen, claro que eu sei. Eu sei mais do que qualquer um deles 
sabem. Estar lá será uma tortura, mas não estar será um insulto 
aos meus melhores amigos. 
 
Onde? Eu estarei lá. 
 
Eu não quero estar em outro lugar senão na poltrona 
observando Ivy dormir à noite, mas vou ter que ir. Preciso de 
 26 
algum espaço, não posso continuar assim e permanecer no 
controle. Eu digito uma mensagem de texto para Ivy que eu 
estou saindo da cidade para trabalho e que vou vê-la na sexta-
feira. Isso me dá quatro dias para recarregar, ver meus amigos e 
voltar aqui sem disparar o alarme. Pegando algumas coisas, eu 
as enfio em uma mochila e chamo um Uber. Esperando no meu 
lugar habitual atrás do prédio, ignoro sua mensagem de texto e 
desligo meu celular. Eu não estou disponível até que eu possa 
me recuperar por um tempo. 
Meu motorista para do lado de fora do prédio, a placa 
desbotada acima da porta me lembra de quantas vezes fiz 
isso. Era nova a primeira vez que fui trazido para cá. 
CLINICA DO SONO. Este lugar me salvou algumas vezes 
ao longo dos anos. 
— Três dias, me ajude e me coloque para dormir Doutor. – 
digo ao médico que se tornou minha tábua de salvação ao longo 
dos anos. — Eu não posso mais. Eu tentei. 
— Ok, vamos arrumar uma cama e colocar você para 
dormir. Kian, precisamos trabalhar em uma solução melhor. Eu 
posso ver que você ficou assim por muito tempo. 
— Eu sei. Tenho me distraído. – não minto, eu me distraio 
com ela dormindo. Ela me roubou o pequeno sono que 
consegui encontrar. 
— Nós já falamos sobre isso antes, Kian. Você precisa 
eliminar as distrações. Não posso te ajudar se você não se 
ajudar. – Sei que ele está certo. O problema é que eu não quero 
me ajudar desta vez, não tem como eu me afastar de Ivy. Já 
 27 
cruzei uma linha e sei exatamente como essa história vai 
acabar. 
— Eu estou tentando. – minto através dos meus dentes. 
— Ok, vamos dar entrada e mandar você para la-la land por 
alguns dias. Você deixou seus pais saberem que você está aqui 
desta vez? – ele pergunta com uma preocupação silenciosa. 
— Papai sabe que eu estou aqui. – Não é mentira, mandei 
uma mensagem para avisá-lo, porque se eu não fizesse o amigo 
médico dele aqui faria. Ele balança a cabeça e eu o sigo pelo 
corredor familiar até o fim, o mesmo cômodo que tenho a cada 
visita. 
Eu tranco os meus pertences no pequeno armário ao lado da 
cama, e me dispo em meus boxers. Essa rotina é uma que 
conheço bem. O médico me deixa a vontade, voltando com 
uma enfermeira, um carrinho de remédios e um gráfico. Ela é 
gentil com a intravenosa, que é uma mudança das últimas vezes 
que visitei. Enquanto ela pega a medicação, sou tomado pelo 
calor, depois pela imprecisão e, finalmente, me afasto no sono 
que não consigo encontrar sozinho. Eu nado na escuridão feliz 
que afoga minha mente hiperativa. 
 
 
 
— Kian, você precisa manter as coisas sob controle. Você 
sabe que pode realmente morrer por não dormir - isso é uma 
verdade. – Meu médico fala seriamente enquanto arrumo as 
 28 
minhas coisas, mas não consigo ouvi-lo. Tudo o que posso 
pensar é passar pela noite e ver Ivy. Senti a falta dela. Quando 
eu abri os olhos, ela foi o primeiro pensamento na minha 
cabeça, e esse vazio no meu interior por sentir falta dela. Ela 
me mandou uma mensagem mais de uma dúzia de vezes, as 
últimas pareciam irritadas e desconfiadas. Porra. Deveria ter 
sabido. Ivy não gosta de ser ignorada, ela gosta de 
atenção. Suas mensagens de textos e de voz ficaram mais 
desesperadas à medida que a semana passava. Sei que se ligar 
para ela agora ela vai querer me ver hoje à noite, ela não será 
capaz de esperar até amanhã. Ela tem pensamentos passando 
por sua cabeça, aqueles em que estou com outra mulher ou 
pior. Meu Uber está esperando no estacionamento em frente, e 
por mais que precisasse disso, estou sempre feliz em sair. O 
motorista parece rude, como se tivessetrabalhado a noite toda e 
bebesse um gim no café da manhã, mas não julgo. Às vezes, eu 
pareço grosseiro e não tem nada a ver com beber ou 
comemorar. Não, isso é apenas a minha incapacidade crônica 
de dormir. 
Esta coisinha para vê-la se mantém em mim, coçando por 
baixo da superfície. Eu sei que vou para ela depois que ela 
estiver dormindo esta noite. Eu vou vê-la em seus lençóis de 
algodão branco. Eu bocejo, com as drogas ainda me deixando 
lento e minhas pálpebras pesadas, apenas não pesadas o 
suficiente para fechar e dormir por si mesmas. O motorista me 
leva para casa, minha verdadeira casa. Isso está indo longe 
demais, rápido demais. Ela é mais do que eu planejei, muito 
mais. Alguma distância pode ajudar agora que eu dormi e 
 29 
minha neblina na cabeça se dissipou, talvez eu veja a razão e 
pare com isso agora. Não há uma chance do caralho. 
Depois de um banho, e folheando uma revista de carros, eu 
fui à farmácia há algumas semanas, minha inquietação está pior 
do que nunca. Eu faço algo que nunca fiz antes. 
 
Você gostaria de vir comigo para encontrar meus amigos 
hoje à noite? Senti sua falta e não quero esperar até amanhã. 
 
Eu digito o texto sem pensar, sem lembrar por que estamos 
nos encontrando em primeiro lugar. Porra, porra, porra. Esta é 
a pior ideia que tive em séculos. Eu vejo a mensagem lida, 
então os três pontos aparecem, mas depois desaparecem 
novamente sem uma resposta. Ela está chateada. Espero 
pacientemente para ver se ela responde para mim, talvez ela vai 
perceber o quão grande isso é para mim. Percebendo a 
profundidade da porra em que me aterrei apenas perguntando a 
ela, eu ligo para o número de Corben e espero pacientemente 
que ele responda, ou para o correio de voz para me dizer que 
ele está com um paciente. 
— E aí cara. Você está vivo? – ele responde, como se ainda 
fôssemos colegas do colegial. 
— Eu estou vivo. Eu tinha algumas coisas de trabalho para 
fazer. – Todos pensam que eu trabalho para a fundação do meu 
pai, o que tecnicamente faço - eles me pagam para não entrar e 
foder as coisas. Esse é o meu trabalho, não interferir. 
 30 
— Nós estamos vendo você hoje à noite? Você parou de 
responder minhas mensagens de textos. 
— Sobre isso... – eu começo e ouço-o respirar. 
— Olha cara, você pode pelo menos aparecer, pelo menos 
uma vez. 
— Eu disse que estaria lá! O que eu estava tentando dizer é 
que posso trazer alguém comigo... uma amiga. – Seu silêncio 
chocado dura mais do que eu me sinto confortável. 
Limpando minha garganta, eu me apronto para dizer algo 
mais quando ele diz: — Uau, você está saindo com alguém, ou 
esta amiga te cobra por hora? 
Quero matá-lo. Se pudesse rastrear o celular e estrangulá-
lo, eu o faria. 
— Eu estou saindo com alguém, e se você disser qualquer 
coisa, mesmo perto disso na frente dela, eu vou matar você com 
minhas próprias mãos. Isso foi um golpe baixo. 
— Pelo menos sabemos onde você esteve. – ele tenta 
esclarecer seu comentário. — Está na hora, Kian. Você chorou 
por muito tempo. Já passava da hora. Como ela é? Qual é o 
nome dela? – ele começa com perguntas, e eu egoísta não 
quero compartilhar as respostas com ele. 
— O nome dela é Ivy, e ela é… hum… ela é especial. Se 
ela vier comigo, você pode ver por si mesmo. Só não seja um 
idiota, e você poderia dizer isso a Austin por mim? 
 31 
— Porra, sim, vou dar-lhe um aviso. Por que vale a pena, 
Kian, estou feliz por você. Se você soubesse a verdade, ficaria 
infeliz, ficaria desapontado comigo, meu amigo. 
— Obrigado, eu te vejo mais tarde. 
— Até mais tarde, Kian. – ele diz e eu desligo antes que ele 
possa dizer mais. 
Não quero ir. Lembrar dói. Jen não é algo que eu me 
lembre - ela está comigo toda vez que eu fecho os meus 
olhos. Talvez, ter a Ivy tornará mais fácil. Espero que ela venha 
comigo. Por favor, venha comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
Capítulo Cinco 
 
 
Ivy 
 
— O que é isto? Não retornou as mensagens de textos por 
três dias inteiros então “quer conhecer os meus amigos?”. Eu 
quero dizer, quem faz isso? 
— Bem e você? Quer conhecer os amigos dele? 
— Eu realmente nunca pensei que ele tivesse amigos, ele 
está sempre sozinho. Ele nunca fala sobre eles, pelo menos eu 
falo sobre você. 
— “Conhecer meus amigos” poderia ser um código para 
sexo. – Misha bufa e ri da sua própria piada sem graça. 
— Não é brincadeira. O que devo dizer para ele? Eu estou 
brava com ele, lembra? Estou preocupada que ele tenha uma 
esposa secreta, ou uma namorada ou uma família inteira em 
outro estado! Estou chateada! Por que ele me pediu para 
conhecer seus amigos quando sabe que estou chateada? – 
Minha última nota de voz não foi muito bonita. 
 33 
— Talvez ele esteja com medo de ficar sozinho com você 
caso você o mate. – ela realmente acha que é engraçada agora. 
— Porra. Eu vou? 
— Sim, você vai! Seus amigos lhe dirão todas as coisas que 
ele não vai dizer. – ela tem razão. 
 
Eu vou com você. Mas precisamos conversar. Antes ou 
depois. Eu estou brava com você. 
 
Eu mando uma mensagem para ele enquanto Misha olha 
para o entregador que acabou de chegar ao escritório. 
— O que há na caixa? – ela pergunta a ele, olhando para a 
sua virilha. Eu reviro meus olhos e espero para ver se Kian 
responde a minha mensagem de texto. Algumas insinuações 
são posteriores, e Misha tem um encontro com o cara da Fedex 
e um sorriso no rosto. 
— Você vai pegar algo um dia desses. – digo, girando na 
cadeira do meu escritório. — Você não pode traçar qualquer 
cara que você vê. 
— Na verdade, eu posso. – diz ela com um encolher de 
ombros. Eu sei que ela certamente vai tentar. 
— Eu não posso com você. – eu digo, e ela se afasta para 
sua mesa carregando o pacote de outra pessoa com ela. 
 
Eu vou buscá-la por volta das 7:30. 
 
 34 
 
É isso aí. Nenhum pedido de desculpas, não um 'vamos 
conversar'. Não, só vou te buscar. Deus, homens são tão idiotas 
e irritantes. Eu passo o resto da tarde checando meu celular e 
adiando como se fosse um trabalho e eu sou a gerente. Cinco 
minutos antes de sair, já estou arrumando a bolsa e vendo o 
relógio, ansiosa para sair. Ansiosa para ver Kian, mesmo que 
eu esteja louca. 
O vento está soprando lá fora e eu posso sentir o tempo 
girando, amanhã vai ser uma merda. Há aquele frio no ar que 
faz você querer usar um suéter. Meus pelos do pescoço e a 
minha pele se arrepiam com o medo de algo que não posso ver, 
que apenas sinto. Meu estômago aperta e eu engulo a náusea 
ameaçando arder a minha garganta. 
Quando chego em casa, não consigo fechar a porta rápido o 
suficiente, minhas respirações são irregulares e rápidas, meu 
pulso acelera e minhas palmas úmidas tremem quando tranco a 
porta. Por que eu estou assim? Por que minha mente estúpida 
não consegue se acalmar? Vou direto para o banheiro e engulo 
uma pílula de ansiedade, esses pequenos salvadores brancos 
dos quais me tornei tão dependente. Eu me sento no chão e me 
permito chorar por minha estupidez e por minha loucura 
silenciosa. Então, eu me levanto e me recomponho. Preciso me 
preparar para ir com Kian e não quero ter que explicar um rosto 
manchado de lágrimas. Deixando o chuveiro esquentar, eu me 
dispo enquanto o banheiro se enche de vapor. Meu batimento 
cardíaco estabiliza e meus tremores finalmente se foram. Eu 
fico sob a água quente e a deixo cair sobre mim enquanto tento 
desacelerar minha mente acelerada. 
Tudo o que consigo fazer é me irritar com Kian, o 
desaparecimento e o não retorno das mensagens - quem faz 
 35 
isso? Ninguém, a menos que estejam escondendo alguma 
coisa. Eu estou com raiva dele porque eu estava começando a 
sentir coisas reais por ele, e não estou falando sobre o 
formigamento entre minhas pernas. Coisas reais e emocionais 
de verdade - não vou rotulá-las porque sou alérgica a emoções, 
mas elas estavam lá. 
Não vou me incomodar de depilar minhaspernas porque 
ele não vai tentar entrar na minha calça. Por que eu estou 
incomodada com esse encontro, ou seja lá o que for? Eu me 
pergunto se seus amigos vão gostar de mim? Eu quero que eles 
gostem de mim? 
De repente, estou ansiosa de novo. Pego um jeans skinny 
escuro e um suéter de cashmere azul bebê. Eu não sei para onde 
estamos indo, então não tenho ideia do que vestir. Espero que 
isso seja bom o suficiente. Colocando um par de saltos nudes, 
me olho no espelho de corpo inteiro e silenciosamente aprovo 
minha roupa antes de colocar uma maquiagem e prender meu 
cabelo para cima em um rabo de cavalo elegante – está muito 
vento. São apenas seis e meia quando coloco o relógio. Uma 
hora inteira sozinha com os meus pensamentos – eu vou 
precisar de vinho. 
Eu o coloco em uma grande taça vermelha e abro uma 
caixa de bolachas porque sei que meu estômago pode se 
revoltar se eu adicionar vinho e comida. Ligo o rádio para me 
distrair, não quero ficar toda zangada de novo antes de vê-
lo. Quero tentar e ser racional. O vinho misturado com meus 
comprimidos de ansiedade rapidamente me faz relaxar, eu me 
sinto como em marshmallows. O mundo parece menos duro e 
posso respirar sem o meu peito apertar. O apresentador do 
noticiário está falando sobre um terremoto que aconteceu há 
dez anos e como sobreviventes estão tendo um memorial. Sou 
 36 
silenciosamente grata por viver onde as chances de um 
terremoto - ou qualquer outro desastre natural - são quase 
nulas. Eles me assustam mais do que tudo, não há como 
controlar a natureza e isso é aterrorizante. O vento lá fora avisa 
sobre uma tempestade, que é tão ruim quanto chega aqui. 
O boletim de notícias das sete da tarde começa e eu tiro do 
canal, realmente não querendo ouvir todas as coisas erradas no 
mundo hoje. Estou prestes a encher minha taça quando a 
campainha da minha porta me faz pular. Porra. Ele está 
adiantado. Não estou pronta - eu precisava de mais vinho. Eu 
aperto o botão para abrir a porta sem dizer nada no 
interfone. Destrancando a porta da frente, encho outra taça de 
vinho, tomo um longo gole e espero que ele chegue. Batendo 
meus dedos na taça vazia, tento agir como se estivesse bem, 
como se nada estivesse errado. Eu não sou um caso perdido, 
uma garota maluca que está perdendo a cabeça lentamente. 
Ele bate na porta antes de tentar a maçaneta. Como um 
cavalheiro. Quando a porta se abre, ele fala um suave "Oi". 
— Entre. – eu digo, tentando controlar o som da minha 
própria voz. 
— Oi, linda. – diz ele com aquele meio-sorriso de lado que 
faz meus joelhos enfraquecerem. — Eu senti sua falta. – ele me 
puxa para um abraço, e esqueço porque eu estava brava, ou 
ansiosa. Eu esqueço tudo e absorvo seu calor e essa sensação 
de estar presa. 
— Eu também senti sua falta. – digo, respirando seu cheiro, 
cheirando-o como se ele fosse uma droga e eu preciso de uma 
dose. 
 37 
Sua mão segura meu queixo e levanta meu rosto para olhar 
para ele, e tenho vergonha de como me senti. Não há nada além 
de honestidade em seus olhos quando ele diz: — Eu sei. Tenho 
todas as suas mensagens. Eu simplesmente não conseguia 
responder enquanto estava ocupado. Sinto muito por ter te 
chateado. Da próxima vez vou tentar ser melhor em manter 
contato. – ele não está mentindo, posso sentir isso quando seus 
lábios encostam nos meus em um beijo desesperado. Deixa-me 
sem fôlego e abalada, rouba-me todos os meus argumentos e 
deixa-me com a boca cheia de dentes quando ele pergunta: — 
O que você quer falar? 
— Não é mais importante. Estou feliz por você estar de 
volta. – digo com um sorriso. — Onde estamos indo? Estou um 
pouco nervosa em conhecer seus amigos. 
— Sobre isso... – diz ele, esfregando a mão sobre a barba 
no queixo. — Eu preciso te contar uma coisa sobre esta noite e 
sobre mim. Antes de irmos, eu não quero que você se sinta 
desconfortável e se você não quiser vir eu vou entender. – ele 
está me deixando preocupada agora. Eu me movo e sento no 
sofá. 
— OK. 
— Eles estão se reunindo porque é o aniversário da morte 
de um nossos amigos. 
— Isso é um pouco mórbido, não acha? – pergunto, então 
percebo que era uma coisa grosseira a dizer. — Desculpe, estou 
um pouco chocada, isso é tudo. 
— Austin era o meu melhor amigo de infância, morávamos 
no mesmo condomínio fechado e os nossos pais trabalhavam 
juntos. Ele tinha uma irmã - Jen. Ela era basicamente minha 
 38 
irmã também, até que um dia ela foi mais. Ele e eu brigamos, 
ele até me bateu algumas vezes, mas Jen e eu não 
conseguíamos ficar longe um do outro. – ele para e olha para 
baixo, para onde suas mãos estão fechadas em punhos 
apertados. — Eu a amava. – ele olha para mim e eu não posso 
explicar por que, mas isso me machuca. Eu não quero saber 
sobre ele amar alguém, mas ele nunca me disse nada, nada 
pessoal de qualquer maneira. Então, eu apenas olho para ele 
esperando pelo resto da história, porque sei que deve haver 
muito mais. Seu pomo de Adão move quando ele engole as 
próximas palavras antes que elas saiam. — Eu a levei para as 
férias, planejei pedir ela em casamento. Nós ficamos naquele 
belo edifício histórico que ela estava obcecada. 
Eu não quero saber como esta história termina, porque o 
olhar em seus olhos me diz que não há nada de bom nisso. Não 
há felicidade em seus olhos - apenas dor. — Há dez anos houve 
um terremoto. Aconteceu enquanto dormíamos, e o prédio 
antigo não era feito para terremotos. Ele desmoronou e caiu em 
cima de nós. Jen morreu em um instante, mas eu acordei ao 
lado do corpo dela e fiquei preso lá por oito dias antes que eles 
nos encontrassem. Eu não consegui acordá-la. Eu ainda não 
durmo à noite porque o medo impede a minha mente de 
desligar. Há dias que ainda choro por ela. Então, eu pedi a você 
para ir hoje à noite porque não sei se posso encarar isso 
sozinho. E eu sei que ainda estamos dando pequenos passos, e é 
um pedido um pouco estranho, mas esses são meus únicos 
amigos verdadeiros, e eles não se reúnem com frequência. Eu 
quero que te conheçam e eu quero que você os conheça. Eu 
preciso fechar um capítulo hoje à noite para que eu possa 
realmente começar este novo com você. – eu quero chorar por 
ele, abraçá-lo e confortá-lo. Eu quero tirar a dor que eu posso 
sentir no meu próprio peito por ele. — Desculpe. – diz ele. — 
Isso foi muito. 
 39 
— Estou feliz que você tenha me contado. E eu adoraria ir 
com você. – digo. A distância entre nós é como um oceano. Ele 
está longe, se afogando em dor e pensamentos do que 
perdeu. Eu sou tão chata por pressioná-lo, por tentar forçá-lo a 
ir mais rápido. 
Eu sou tão vadia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
Capítulo Seis 
 
Kian 
 
Eu nunca disse nada disso em voz alta, a não ser para um 
médico profissional. Mesmo assim, não consegui contar porque 
já sabiam. Ela está olhando para mim e não sei o que fazer ou 
dizer agora. É como se ela tivesse visto dentro de mim, e eu 
quero fechar as janelas para que ela não possa mais ver. Seria 
fácil rejeita-la, afastar-se e nunca mais olhar para trás. É tão 
simples e tão difícil quanto. Esta é a primeira vez que não 
quero ir embora, não quero parar - preciso de mais dela. Preciso 
de Ivy como se precisasse de ar, ela substituiu o sono e sem ela 
eu vou murchar e morrer. Eu tenho medo de admitir para mim 
mesmo o quão profundo meu vício por ela anda e quanto tempo 
isso tem sido construído. Minha obsessão está se tornando um 
monstro que não vou conseguir alimentar. 
— Você virá? – eu não posso acreditar que ela não acabou 
de me chutar para fora. — Mesmo que eu seja um idiota 
confuso? 
 
 41 
— Eu vou. – ela me dá um sorriso tímido que faz suas 
bochechas corarem. — Seus amigos são idiotas como você? – 
Nós dois rimos e eu balanço a cabeça. 
— Entendo. Todos temos coisas que preferimos esquecer. – 
ela fica mexendo nas unhas e mordendo o lábio. — Sinceridadetotal, eu tenho algumas coisas não tão boas que me seguem, 
literalmente. – Ah, Ivy. Eu sei tudo sobre o seu stalker, e você 
realmente não precisa se preocupar com isso mais. — Mas 
podemos falar sobre elas outra hora. Não vamos nos atrasar? – 
ela olha para o relógio para verificar a hora, mas eu olho para 
ela. Tudo o que vejo é ela e não me importo com o quão 
atrasados estamos. Levantando-me, estendo a mão para ajudá-
la a sair do sofá. Ela se levanta e me abraça, com seus braços 
em volta de mim no abraço mais caloroso. O tempo para e eu 
apenas a abraço, e seu genuíno cuidado por mim. O futuro 
pisca na minha frente e me pergunto se posso sustentar isso. Eu 
poderia ter uma vida com outra pessoa? Quanto tempo antes da 
minha loucura se mostra e ela ir embora? Mesmo que ela vá, eu 
nunca a deixarei. Eu poderia voltar a apenas observá-la dormir 
à noite? Porque eu estou pisando em um terreno perigoso. 
 
 
O bar cheira a fumaça e vomito de tequila. Os meus pés 
grudam no chão e me pergunto por que diabos viemos aqui 
todas as noites. Eu não me lembro dele ser uma espelunca, e 
agora eu estou um pouco envergonhado por ter trazido Ivy 
comigo. A mesma banda antiga toca músicas tristes do palco do 
 42 
canto, as mesmas músicas que tocaram na minha juventude. O 
lugar todo está congelado há muito tempo. Eu aperto sua mão 
com mais força enquanto cruzamos o lugar lotado até onde eu 
posso ver meus amigos em nosso lugar. Não teve ninguém 
desde Jen, nenhum que eu tenha deixado eles conhecerem de 
qualquer maneira, e as minhas entranhas se contorcem de 
nervosismo. E se eles a odiarem? E se isso perturbar Austin? E 
se ele acha que eu estou desrespeitando Jen? 
Esta foi uma ideia estúpida. A pior ideia que tive em dez 
anos - e eu tive algumas ideias idiotas naquela época. Eu 
normalmente não levo minhas más ideias em encontros ou 
deixo que elas conheçam meus amigos. Mas Ivy é diferente. 
Austin, Corben, Vee e Zane levantam-se e cumprimentam-
nos, cada um apresentando-se a Ivy. Fico feliz em ver que Zane 
tem Vee com ele, então ela não é a única dama na mesa. 
— É bom conhecê-la. – diz ela para Ivy quando nos 
sentamos. — Kian geralmente não traz suas namoradas para 
nos conhecer. Esta é uma boa surpresa. – eu vejo o queixo de 
Austin se contorcer, mas ele mantém o que está incomodando 
para si mesmo. 
— Isso é porque eu não tive uma namorada para trazer por 
um longo tempo. – eu me defendo quando não deveria 
precisar. Estes são meus amigos, as únicas pessoas na terra que 
sabem o que eu vivi, e eles deveriam saber melhor do que me 
julgar. Ivy apenas sorri e olha nervosamente para mim, isso é 
muito. Ela não me conhece tão bem quanto eu a conheço, isso 
não vai ajudar com suas inseguranças e carências. 
— Isso é um eufemismo. – diz Corben em uma tentativa 
ruim de aliviar o clima. 
 43 
— Não vamos esquecer por que estamos aqui esta noite. – 
diz Austin contrariado, fazendo a Ivy pular e desviar os 
olhos. Ela olha para as mãos, afastando-se da conversa. 
— É difícil esquecer quando está no noticiário o dia todo. –
diz Zane, tentando impedir a consequência que está prestes a 
acontecer. Meu sangue ferve de raiva. Austin me odiava por 
estar com Jen, isso destruiu nossa amizade e agora ele me 
inveja com o direito de seguir em frente. 
— Sei porque estamos aqui, Austin. Caso você esqueça, eu 
estava lá. Aquele edifício desabou em mim também. Eu não 
tive a sorte de morrer. Então, vai se foder. – Ivy se move 
desconfortavelmente em seu lugar. — Você não acha que eu 
preferiria que fosse a minha morte do que nos lembrarmos hoje 
de que é a dela? 
— Eu só acho que é um pouco desrespeitoso trazer alguma 
mulher aleatória para o aniversário da morte dela, isso é tudo. – 
ele diz que tem estado na ponta da sua língua desde que 
chegamos aqui. Eu posso ver as lágrimas no canto dos olhos de 
Ivy enquanto se desculpa e vai para o banheiro feminino. Vee 
diz que vai com ela, deixando-nos para resolver nossas queixas 
em particular. 
— Ela não é apenas uma mulher aleatória, seu idiota 
insensível. Você acha que eu traria apenas alguém aqui, hoje de 
todos os dias? – eu aceno para a garçonete trazendo uma jarra 
de cerveja antes que ela possa se aproximar. — Ivy não é 
qualquer uma, ela é mais. E eu a trouxe porque não a vi a 
semana toda, eu estava na clínica. Sentia falta dela e não queria 
esperar até amanhã. A coisa é que eu não queria desapontar 
vocês também. Eu não tinha contado a ela sobre Jen até hoje, e 
você sabe o que, ela ainda queria vir comigo esta noite. Depois 
que eu fui um fantasma durante toda a semana, e em seguida, 
 44 
disse a ela sobre o amor morto da minha vida e ela ainda 
veio. Então, quando ela voltar, acho que você deve pedir 
desculpas. Você tem um problema comigo, então desconte em 
mim, não nela. 
— Ela sabe onde você estava? 
— Não, e ninguém vai contar a ela. Estou com alguns 
problemas para dormir de novo e estou tentando controlá-
lo. Não é algo que eu queira discutir com a mulher que estou 
tentando namorar. 
— Ela é uma distração? – pergunta Zane. Ele sabe um 
pouco mais do que os outros dois, e agora ele está com 
preocupação em todo o seu rosto. 
— Ela era, mas ela é mais do que isso agora. 
Ele esvazia o que resta em seu copo e fica em silêncio, 
enquanto Austin e Corben parecem perdidos. 
— Eu não a trouxe aqui para desrespeitar Jen, trazê-la não 
significa que não amo Jen. Eu sempre vou, mas Ivy é especial e 
eu queria que ela fosse uma parte real da minha vida, o que 
significava conhecer vocês. Jen morreu, mas isso não significa 
que eu tenha que parar de viver também. Pareceu assim por 
tanto tempo que tentei tantas vezes encontrar a pessoa certa 
para seguir em frente. Eu acho que encontrei. – Zane tem uma 
ideia de como eu a encontrei e parece que teremos palavras 
sérias quando estivermos sozinhos depois. 
— Tanto faz, cara. – Austin dá uma resposta indiferente. É 
alta. Jen era sua irmãzinha e eu era seu melhor amigo. As 
coisas entre nós nunca estarão certas. 
 45 
— Ela parece muito legal. – Corben tenta manter a paz 
enquanto as garotas voltam para a mesa, ambas sorrindo e 
conversando uma com a outra. 
Quando Ivy se senta ao meu lado, ela coloca a mão na 
minha. Ela precisa saber que tudo está bem. Não está bem, mas 
pego a mão dela e seguro-a porque tenho medo que ela 
desapareça quando eu fechar os olhos e serei deixado sozinho 
de novo. 
 
 
As coisas melhoraram com a noite, quando a esposa de 
Austin, Taylor, chegou e o maldito humor dele melhorou 
dramaticamente. Não sei como ela o aguenta. Ivy, Vee e Taylor 
se deram bem e até trocaram números. De repente, tudo parecia 
muito confortável. Bom demais. Muito certo. Muito real. 
Nós dissemos boa noite cedo, porque eu estava sufocando 
com a realidade do que eu tinha feito, e eu estava preocupado 
que Zane tomasse cervejas demais para segurar a sua língua e 
dizer algo estúpido. Ivy estava quieta no carro e eu não sabia o 
que dizer ou perguntar. Eu queria que ela cochilasse e então o 
silêncio seria lindo, mas ela apenas olhava pela janela com um 
olhar vazio que eu não conseguia ler. 
Eu a acompanhei até a porta dela e a beijei na bochecha 
antes de sair, mais isso teria sido errado - esta noite não posso 
dar mais do que isso. Acho que ela entendeu, porque ela me 
 46 
deu um pequeno sorriso e beijou a minha bochecha antes de 
fechar a porta entre nós. 
Senti como se eu pudesse respirar novamente depois de ter 
um peso de chumbo no meu peito a noite toda. 
Da minha janela, observei-a se despir e se trocar para seu 
pijama, os macios e sedosos de que gosto tanto. Eles se 
moldam sua pele de pêssego, envolvendo cada curva, tornando 
difícil ignorar seu corpo. Ela tem uma carranca triste no rosto, 
eu posso ver que ela está com problemas mesmo a daqui. Eu sei 
que esta noite não foi do jeito que ela queria. Não foi do jeito 
que eu queria também.Eu queria que fosse de uma certa 
maneira? Sei o que quero? Ivy é o que eu quero? Assim, mais 
do que apenas uma bela adormecida para observar à noite? 
Quando se tornou mais? Como deixei isso acontecer? Isso 
nunca aconteceu antes. 
Quando eu a vejo indo para a cama eu espero, observando o 
movimento, me perguntando se ela já está dormindo. Eu não 
posso conter a necessidade de ir até ela por muito mais tempo. 
 
 
Eu pude vigiar você a noite toda, embrulhada em seda e 
espalhada sem um cuidado no mundo. Dormindo como se você 
nem tivesse vivido a mesma noite que eu. 
Ivy está dormindo, a cerveja e os comprimidos para dormir 
garantem que seu corpo não possa ficar acordado, mesmo se ela 
 47 
quisesse. Da minha cadeira no canto, vejo o seu peito subir e 
descer, com a boca ligeiramente aberta esta noite. Com nenhum 
sonho a assombrando. Há uma quietude incomum em seu 
quarto esta noite, eu senti falta dela. Eu senti saudades 
disso. Observando-a dormir tornou-se meu vício, estar perto de 
Ivy é meu vício e eu não consigo o suficiente. Eu digo a mim 
mesmo que é por isso que pedi a ela para vir hoje à noite - eu 
estava perseguindo o vício de estar com ela. 
Preciso ir. O relógio de cabeceira diz que são quase quatro 
da manhã e ela vai começar a acordar em breve. Posso voltar 
depois que ela for para o trabalho. Há algumas coisas que quero 
fazer hoje. A porta se fecha atrás de mim e eu pego a escada de 
incêndio para sair, não querendo ser visto por nenhum dos 
madrugadores. A rua está vazia enquanto atravesso e olho para 
a janela dela em busca de algo que eu sei que não estará lá. 
Depois que ela está no trabalho e eu mandei um bom dia 
para ela, tomo um banho e volto para a rua. Subo as escadas de 
dois em dois para seu apartamento e verifico que o corredor 
está claro através da pequena janela de vidro. Entro, trancando 
a porta por dentro. Ivy saiu apressada esta manhã, ela dormiu 
novamente porque alterei o alarme dela sabendo que ela estaria 
de ressaca e cansada. 
Ela fica tão animada quando está nervosa e atrasada. Eu a 
vi correr e sair correndo pela porta da frente como se estivesse 
sendo perseguida por um grande lobo mau. O lobo não está 
perseguindo ela - ele está fazendo sua toca em sua casa. 
Troco seus comprimidos para dormir pelos meus, eles são 
os mesmos, apenas mais fortes. Preciso ter certeza de que ela 
não vai acordar. Ela precisa descansar, eu nunca mais quero ver 
olheiras de cansaço sob seus olhos. Jogando as pílulas no vaso 
sanitário, viro o papel higiênico para o lado direito - nunca para 
 48 
baixo, ela não aprendeu isso? Sua pasta de dentes também é 
espremida do meio, como se ela estivesse em uma corrida 
louca. Tomo um tempo para consertar e organizar sua pia. Com 
o armário de remédios arrumado e a toalha endireitada no 
corrimão, vou até o quarto dela e jogo fora a garrafa de água 
aberta, substituindo-a por uma nova da geladeira e certificando-
me de que esteja fechada. Não há anotações adesivas porque 
ela estava comigo ontem à noite - ela não escreveu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49 
Capítulo Sete 
 
Ivy 
 
Estou atrasada novamente. Que porra de vida! 
Não há nem mesmo tempo para tomar café e tomar um 
banho, então apenas escovo os dentes e domo o meu cabelo o 
suficiente para ser apresentável. Kian me manda um bom dia - 
claro que ele manda, ele é um cavalheiro. Um cavalheiro com 
uma montanha de bagagem e amigos que não gostam de 
mim. Senhor, tenha misericórdia, hoje será um longo 
dia. Felizmente é sexta-feira e saio ao meio-dia. Kian não disse 
nada sobre nossos planos para esta noite, acho que nós dois nos 
sentimos em estado de choque e abalados depois de ontem à 
noite. Eu nem sequer respondi sua mensagem, não sei porque, 
mas meu instinto está dizendo, 'fuja'. Que há muito em seu 
passado para equilibrar qualquer futuro que possamos ter 
juntos. Eu não posso ignorar o jeito que ele parecia quando 
contou sua história, o amor óbvio que ele ainda sente por Jen. E 
se eu nunca for suficiente? E se eu não puder viver com ela? Eu 
quero competir com uma garota morta por sua afeição? Porque 
agora que sei a verdade, sinto como se estivesse. Depois de 
 50 
dormir, eu me pergunto se a falta de um momento sexual é por 
causa dela. 
Então me lembro de toda a minha bagagem. Max e minha 
carência. Ele não é o único nessa relação com um passado 
confuso, talvez somos a nova folha que nós dois precisamos. 
O escritório está lotado e eu nem sequer consigo ver a 
Misha. Ela me manda uma mensagem dizendo que ela está no 
conselho, encontrando o inferno. Quando o fim do meu dia está 
se aproximando, eu olho para o meu celular e me pergunto se 
eu deveria mandar uma mensagem para o Kian e ver se ele diz 
algo sobre esta noite. 
 
Bom dia. Eu estava pensando em você. 
 
Eu envio o texto e olho para o meu celular, observando 
para ver se ele lê ou não. Não vou fazer mais nenhum trabalho, 
sei muito bem que eu vou levar para casa e trabalhar no final de 
semana, algo que era mais fácil antes de eu ter um 
namorado. Namorado. Kian é meu namorado? Ele nunca usou 
essa palavra. 
 
Pensamentos obscenos espero. 
 
Ele responde e isso me faz sorrir. Na verdade, eu não estava 
tendo pensamentos sexuais sobre ele pela primeira vez. Eu só 
precisava da garantia de que as coisas entre nós não estavam 
implodindo. Porque sou carente e insegura e devo trabalhar 
nisso. Isso alimenta minha ansiedade e essa fera não precisa 
crescer. 
 51 
 
Não, só sinto sua falta. Ainda estamos nos vendo noite? 
 
Eu não posso evitar, preciso saber. Olhe para mim, 
perseguindo um garoto novamente. Típico, Ivy. Se não 
perguntar, vou passar o dia inteiro em pânico porque ele não 
me perguntou sobre hoje à noite. Preocupada que eu fiz algo 
errado, ou que seus amigos lhe dissessem para me largar. 
 
Sim. 
 
É tudo que recebo, mas é tudo que preciso. Bocejando, 
arrumo a minha mesa e enfio meu notebook na mochila, não 
faz sentido fazer nada por dez minutos. Talvez eu deva tirar um 
cochilo esta tarde, estou exausta depois da madrugada da noite 
passada. O pensamento só entrou na minha cabeça quando 
Misha me ligou da sua mesa. 
— Quer ir tomar uma bebida depois do trabalho? – Não 
realmente. 
— Claro, eu vou encontrá-la em dez minutos. 
Ela ri. — Estou ansiosa para ouvir como eram os amigos de 
Kian. 
— Ah, Jesus, você não quer saber. Confie em mim. – 
suspiro, me levantando da minha mesa. — Podemos conversar 
em alguns minutos, George está escutando. – eu dou para o 
cara na mesa em frente o meu olhar de nojo, e desligo a ligação 
da minha amiga. Bem, lá vai minha soneca. 
 52 
Eu espero pela minha amiga que é sempre a última pessoa a 
sair do prédio. Se alguma vez houvesse um incêndio, ela seria a 
que foi queimada viva. 
— Estou me encontrando com Kian mais tarde, então não 
podemos ficar a tarde toda. – digo enquanto entramos no 
restaurante de sushi na esquina do trabalho. A comida é boa e 
sua bebida é mais barata do que a maioria dos restaurantes 
nesta parte da cidade. 
— Então, como foi conhecer os amigos? – eu sabia que ela 
iria me perguntar. Não sei se deveria contar tudo a ela - parecia 
que ele confiava em mim como se não quisesse que eu contasse 
a ninguém sobre ele. 
— Acho que eles não gostam de mim. – eu dou a ela uma 
meia verdade. — Mais como eles simplesmente não gostam de 
mim com ele. Ele costumava namorar a irmã desse cara, então 
as coisas estão um pouco amargas. 
— Aaaah. – Sua boca faz este pequeno “A” perfeito e eu 
sei que estou em mais problemas do que eu imaginava. — Isso 
é um pouco difícil. 
— Sim, foi uma plateia difícil. – Nós pegamos os pratos da 
gigantesca esteira de sushi que passa na nossa frente. — Eu não 
sei, talvez ele não seja o único. Minha reação idiota depois de 
ontem é só desistir e voltar a deslizar para a esquerda e para a 
direita para tentar encontrar alguém.— Você vê, isso é o que acontece quando as pessoas não 
gozam muito o suficiente. – Seu cérebro vai direto para o 
sexo. — Se você soubesse que ele era ótimo na cama, você 
teria uma ideia melhor do que fazer. 
— Sua mente está sempre na sujeira! Como foi o Fedex? 
 53 
— Ah meu Deus, ele tinha o maior pau. Tive um momento 
em que não pensei que aquela coisa estivesse acontecendo na 
minha vagina, amiga. – O chef engasga com o ar, nos ouvindo, 
e eu com as risadas. — Mas, ele realmente não sabia o que 
fazer com aquilo, então estava abaixo do esperado, sabe? Ah, 
você não sabe, porque quem sabe quando você irá conseguir? 
— Realmente, você tem que parar com isso. 
— Você vai precisar de um amigo operado por bateria em 
breve, se ele mantiver isso. Não é natural, as coisas lá embaixo 
ficam secas e murchas. 
Quero morrer porque as pessoas ao nosso redor agora 
podem ouvir a sua voz muito alta. — Não preciso de 
nada. Estamos indo devagar. 
— Como a velocidade da preguiça. – Misha engole sua taça 
de vinho como se fosse uma competição de cerveja. — O que 
vocês dois farão hoje à noite? 
— Ele não disse. Ele gosta de me surpreender com as 
coisas. 
— Que romântico. – diz ela, revirando os olhos. 
— Olha, não sei porque gosto tanto dele. Só gosto. Então, 
por favor, você pode apenas tentar ser legal sobre isso? 
— OK. Eu acho que posso tentar. 
— Acho que Max está na cidade. E mais especificamente, 
acho que ele esteve no meu apartamento. 
— Não é possível. – diz ela. 
— Como você sabe? Ele já fez isso antes. 
 54 
— Porque a última vez que você disse que tinha a sensação 
de que eu fiz alguma pesquisa. Max não está chegando perto de 
você. Ele teve um acidente, ele precisa de cuidados médicos em 
tempo integral. Algum tipo de coisa de afogamento onde ele 
dirigiu em um lago, ou lagoa ou algo. Acabei de ler a parte em 
que dizia que ele era um repolho que não pode limpar o próprio 
nariz. Engraçado como a roda gira e o karma aparece. 
— Eu estava com medo de procurá-lo, caso ele pudesse 
dizer que eu estava stalkeando. 
Ela balança a cabeça, entendendo meu medo. — Eu sei, eu 
estou seguindo ele. Mas, eu acho que você precisa conversar 
com seu terapeuta sobre essa paranoia. Está ficando ruim de 
novo, Ivy. 
— Acho que está. – eu tenho certeza que não estou 
imaginando as coisas acontecendo em minha mente. Eu sei que 
não estou perdendo a cabeça - não desta vez. Eu sacudo meu 
momento de dúvida e tento curtir o almoço e rir com Misha. Eu 
gostaria de poder ver o mundo através de seus olhos, sem 
ansiedade, preocupação ou medo - ela ri e vive todos os dias 
como se não houvesse nada que a impedisse. Talvez eu devesse 
pular com os dois pés com Kian. 
Nós nos abraçamos na calçada depois de muito vinho e 
uma boa risada, e seguimos nossos caminhos separadas. Ela 
virá amanhã para que possamos acompanhar o trabalho que não 
fizemos hoje. Balanço a minha cabeça com as funcionárias 
terríveis que realmente somos, noventa por cento do meu 
trabalho é feito depois do expediente porque eu odeio trabalhar 
no escritório. 
 
Não se vista. Eu vou te ver às seis. 
 55 
 
O texto de Kian chega quando estou tentando abrir a porta 
da frente, fazendo malabarismo com a mochila com o meu 
notebook, bolsa, chaves e celular. A mochila com o notebook 
cai no chão com um ruído sinistro. 
— Porra. – digo, sabendo que nada de bom poderia vir 
daquele som. Arrastando-me e todas as minhas coisas para 
dentro, eu as atiro no sofá, tiro meus sapatos e respondo. 
 
Eu te vejo daqui a pouco. 
 
Eu insiro e removo um emoji de coração cerca de seis vezes 
antes de removê-lo e apertar enviar. Eu quero tomar banho e 
me trocar antes que ele venha. Mesmo que ele disse para não 
me vestir, eu ainda me sinto nojenta e cheirando a wasabi e 
vinho barato. Coloco um pouco de música enquanto seco meu 
cabelo, e estou cantando na minha escova de cabelo quando a 
campainha da porta toca. Porra. Eu olho para o meu relógio na 
cômoda, são cinco para as seis. Por que ele é tão pontual? 
Afofando o meu cabelo meio seco em uma bagunça 
apresentável, eu me levanto para abrir a porta. Ele disse para 
não me vestir. 
— Olá, linda. – ele me cumprimenta com aquele meio 
sorriso e um brilho nos olhos. Kian está carregando uma sacola 
e uma garrafa do meu vinho favorito. — Eu pensei que eu iria 
cozinhar o jantar e poderíamos apenas ficar em casa e relaxar. – 
diz ele, olhando em volta para a minha falta de televisão. 
— Isso soa bem. – Isso realmente soa bem. Estou cansada e 
uma noite fora não é o que eu preciso depois de ontem, talvez 
 56 
possamos conversar um pouco mais. Tomando o vinho, fecho a 
porta e ele leva as sacolas para a cozinha. Ele parece tão bem 
em calça de moletom cinza e uma camiseta com decote em V 
envolvendo o agora em lugares tão errados. 
— Sente-se, vou servir o vinho e você pode me ver 
cozinhar com esses olhos de foda-me. – diz ele com um sorriso 
e uma sacudida de cabeça, me pegando no meio do olhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 57 
Capítulo Oito 
 
Kian 
 
O cabelo dela ainda está úmido e ela está descalça, tudo 
nela é macio e bonito agora. É difícil me concentrar em 
cozinhar a comida quando eu posso senti-la me despindo com 
os olhos, ela cheira a desejo e shampoo quando beijei sua 
testa. Eu quero que o caos de ontem seja apagado e a tensão já 
seja menor. É estranho estar aqui enquanto ela está acordada, é 
diferente de observar do outro lado da rua. Eu posso senti-la, 
ver cada pequena expressão e movimento. 
Ivy está inquieta com o cabelo e vem até onde eu estou 
ocupado na cozinha e desliza seus braços em volta de mim por 
trás. Meus músculos relaxam em seu toque, eu senti falta 
dela. Ontem foi estranho e havia uma distância entre nós que 
nenhum de nós poderia fazer a ponte. Fechando o forno, eu me 
viro, com seus braços ainda ao meu redor. 
— Você está tentando me fazer queimar o jantar? – eu 
pergunto, beijando-a, com um suave beijo nos lábios. Deus, ela 
é perfeita em todos os sentidos. 
 58 
— Talvez eu esteja. – ela abaixa as sobrancelhas para mim, 
com sua tentativa de ser sugestiva é apenas cômica, ela parece 
um personagem de desenho animado. Rio com ela, observando 
o jeito que toma seu vinho, deixando gloss no vidro. Eu sei o 
que esse gloss tem gosto, em seus lábios e em sua taça. 
— Então, por que não há TV? Isso faz com que todo a 
Netflix e o resgate do encontro sejam realmente difíceis. 
— Eu não gosto de TV, não tenho uma boa resposta sobre 
o porquê. Quando eu vivi sozinha, eu não podia pagar uma, e 
isso se tornou uma coisa, eu acho. Nunca precisei de uma, 
gosto de ler e trabalho quase todas as noites. Se eu quiser 
assistir a um filme, vou ao cinema e assisto a um filme. Não há 
anúncios e não há tentação de cair em uma toca de 
coelho. Talvez eu seja apenas louca. 
O jeito que ela diz louca, como se achasse que realmente é 
louca da cabeça, faz meu peito apertar. Ela não é louca ou 
maluca, ela simplesmente não tem fé em sua própria magia. 
— Você não é louca, eu gosto que você não tenha TV, 
podemos conversar e, você sabe, talvez fazer como 
adolescentes. – Suas bochechas coram, e ela tenta esconder o 
sorriso que está puxando seus perfeitos lábios. O desejo de 
provar esse doce gloss é demais para resistir. Segurando seu 
rosto em minhas mãos, inclino a sua cabeça para cima. Ela 
morde o lábio inferior e sua expectativa é palpável. Tudo o que 
ela precisa é de alguém para fazer sua alma transbordar, por 
trás daqueles tremores de cílios há outra ela, mas ela nunca lhe 
dirá esse segredo. Você tem que arrancar isso dela - ou vê-la 
dormir para saber. 
Beijar Ivy ensurdece meus pensamentos e sou assassinado 
pelas inúmeras distrações. Eu perco meu caminho, não há para 
 59 
cima ou para baixo, nem para os lados nem para trás. Só existe 
ela. Quando paro, me afasto e respiro, sei que perdi todo o 
controle.— Deixe-me terminar o jantar. – eu me viro, ofegante com 
uma lufada de ar, tentando firmar as minhas mãos trêmulas. Eu 
espero que ela não possa me ver tentando me recompor. Eu 
mentalmente digo ao meu pau 'para baixo garoto' e tento 
arrumar minha calça sem ser óbvio. É difícil esconder tesão na 
calça de moletom. 
— Só estou indo para o banheiro. – diz ela, e sai da cozinha 
atrás de mim. Assim que a porta do banheiro se fecha, me 
seguro na beirada do balcão e mentalmente me falo fora de 
controle - que essa foi uma ideia terrível, eu deveria tê-la tirado 
de lá. 
Sirvo o jantar, e espero por alguns minutos antes de chamá-
la: — O jantar está pronto. – eu não quero que ele fique frio e 
seja arruinado. Sei que salmão é o favorito dela, eu a observei 
um tempo suficiente para aprender algumas coisas que me 
fazem a combinação perfeita. 
Nos sentamos lado a lado no balcão da cozinha, apreciando 
a comida e o vinho. Um sabor que aprendi a saborear, aqueles 
restos em sua taça tarde da noite eram como um bálsamo de 
cura para minha alma ansiosa. Seu joelho encosta no meu, e eu 
sei que ela está fazendo isso de propósito. Eu coloco minha 
faca e garfo juntos no prato, e descanso minha mão em sua 
perna enquanto ela termina sua comida. O pequeno sorriso não 
me escapa, ela acha que ganhou essa batalha de vontades. Ela 
pode ter ganho algum terreno, mas não pretendo deixá-la 
vencer. 
 60 
— Obrigada. Isso foi tão bom. Você pode realmente 
cozinhar. – ela diz, limpando a boca, deixando um brilho rosa 
no guardanapo. 
— Foi um prazer. – Observando-a desfrutar de sua refeição 
foi recompensa suficiente para mim. — Mais vinho? – eu 
ofereço, segurando a garrafa em sua taça vazia. Ela balança a 
cabeça e eu encho a taça antes de limpar nossos pratos e limpar 
as bancadas. 
— O que tem para a sobremesa? – ela me pergunta com um 
sorriso insolente, com seus olhos vagando para baixo, onde 
minha calça faz um trabalho ruim de esconder o que ela faz 
para mim. 
— Eu posso pensar em algumas coisas que eu gostaria de 
sobremesa. – respondo, pegando-a de surpresa. Seus olhos se 
arregalam por um segundo antes que ela olhe para baixo com 
um sorriso, evitando contato visual comigo. Ivy se move para o 
sofá e senta em seu lugar onde a almofada está desgastada e 
macia. Colocando-lhe uma perna debaixo dela, embalando sua 
taça de vinho na mão, ela espera que eu a siga. Seu anel faz 
um tilintar no vidro, e ela se recosta para ficar confortável, da 
mesma forma que faz todas as noites. Só que esta noite não há 
notebook, nenhum trabalho e nenhum livro para ler. Sento-me 
ao lado dela no pequeno sofá, posso cheirar seu creme para as 
mãos e ver o brilho suave em seus cabelos que secavam 
naturalmente enquanto comíamos. Seu gloss desapareceu, mas 
ainda posso sentir o gosto. 
— Sinto muito que a noite passada foi um desastre. – eu 
quero falar com ela, para saber como ela está se sentindo. Eu 
preciso da garantia de que eu não a afastei. 
 61 
— Tudo bem, foi muito de uma só vez. Eu gostaria que 
você tivesse me contado mais sobre o seu passado antes. – ela 
diz, tomando seu vinho como se ela precisasse de apoio. — Eu 
tenho que perguntar, e sei que conversamos sobre isso no drive-
in, mas Kian, por que você está comigo? Estou tão confusa. – 
Deixando escapar um suspiro suave, ela continua. — Gosto de 
você, provavelmente mais do que deveria. – ela está tentando 
expressar suas emoções, mas o medo a impede. 
— Eu também gosto de você, Ivy. – eu digo rapidamente, 
não dando minhas emoções. 
— Então por que tudo isso parece tão difícil? 
— Nada vale a pena ter. Eu sei que não sou um cara fácil, 
tenho trabalho e hábitos estranhos. Eu gosto de esperar pelas 
coisas, para saboreá-las. Meus amigos e familiares são uma 
bagunça complicada. E eu sou muito, Ivy. E eu não pulo em 
nada a menos que eu tenha certeza disso. 
— Você não tem certeza de mim? – Sua insegurança 
aparece. 
— Estou aqui, não estou? 
— Eu preciso mais do que isso às vezes. Eu sou insegura e 
carente. Essas são minhas falhas, não as escondo. – ela coloca a 
taça na mesa lateral, frustrada. — Eu não sei onde estou com 
você e não posso viver assim. Eu tenho dificuldade em dormir, 
e isso está me deixando louca. 
Eu pego as duas mãos dela nas minhas e o contato físico a 
acalma instantaneamente. Ela anseia por isso, ela precisa ser 
segurada, tocada e desejada. Ivy deseja coisas que eu não tenho 
como dar a ela. 
 62 
— O que você quer que eu diga? Você precisa de mim para 
dizer que você é minha namorada? Porque você é, mesmo que 
eu não diga. Você quer que eu pule na cama e faça sexo com 
você? Eu vou, mas só que não agora. Eu te respeito Ivy, quero 
saborear cada minuto de me apaixonar por você, para apreciar 
você. Eu perdi alguém antes e nunca mais quero olhar para trás 
com arrependimentos em minha vida novamente. Já tive o 
suficiente desses. — Por que estou dizendo isso? A chance de 
ir embora está bem aqui e não vou aceitar. Estou garantindo a 
minha própria insanidade. Eu não estou vendo outras mulheres, 
não estou namorando mais ninguém. Eu sou uma pessoa que 
precisa de espaço para apreciar o que eu tenho, eu preciso de 
tempo para aproveitar isso. Correr só faz o fim chegar mais 
perto, não que eu esteja dizendo que isso acabará, mas 
poderia. Então, por favor, Ivy, eu mostrei a minha alma para 
você, eu tentei fazer você entender. Estou estupidamente e 
loucamente apaixonado por você, mas estou fazendo isso 
devagar para que eu possa me lembrar de cada parte disso. 
Ela respira fundo, porque eu apenas a peguei. Suas mãos 
tremem nas minhas e sei que a tenho exatamente onde a quero. 
Só que ela está acordada. 
— Eu, hum, não sei o que dizer. – ela gagueja, porque dei a 
ela o que ela precisa. Eu puxo suas mãos suavemente, trazendo-
a para mais perto. 
— Você não tem que dizer uma palavra, Ivy. – eu a beijo, 
envolvendo meus braços em torno de seu corpo, puxando-a 
para o meu colo. Meu corpo reage a ela por estar tão perto, meu 
pulso está acelerando como um trem de carga e minhas palmas 
estão cobertas com uma película de suor. Meu estômago aperta 
com o desejo de jogá-la no sofá e enterrar meu pau nela. Deixei 
minhas mãos deslizarem sobre o seu corpo vestido, 
 63 
comprometendo cada curva em minha memória. O jeito que ela 
geme com nosso beijo quando pego o seu seio me faz querer 
fazer isso para sempre. Ela move a bunda no meu colo, me 
provocando. 
Cada minuto gasto beijando e tocando Ivy me leva mais 
longe na minha própria toca de coelho. Isso está errado. Ela 
tem gosto de sorvete em um dia quente e seu corpo se funde 
com o meu. Seus dedos deslizam por baixo da minha camisa, 
subindo pelo meu peito, me tocando com cautela e necessidade 
entrelaçada com o desejo ardente dela por mais. Sua língua 
dança com a minha e sua respiração é irregular. 
Ela se afasta e apoia a testa na minha. Posso ver as manchas 
em seus olhos, a maneira como o branco está ficando rosa com 
fadiga e vinho. Sua respiração continua e sussurra contra a 
minha pele, suas mãos se movem para baixo lentamente, mais 
deliberadamente. 
— Precisamos parar, Ivy. – eu digo, colocando minha mão 
sobre a dela. Ela me dá um sorriso trêmulo, ela acha que eu 
estou rejeitando ela. Eu estou salvando ela - para mais tarde. 
 
 
 
 
 
 
 
 64 
Capítulo Nove 
 
Kian 
 
Dando-lhe um beijo de boa noite, há uma sinfonia de 
corrida estática na minha espinha. Não sei como vou esperar e 
ficar longe até ela dormir. Sei que a sua mente estará pensando 
em tudo e mesmo com o seu tablet ela vai demorar um pouco 
para adormecer. O caminho para estacionar meu carro e depois 
para casa de Uber mata algum tempo e quando eu subo as 
escadas e olho para o apartamento dela, as luzes já estão 
apagadas. Apenas a sua lâmpada de sensor de movimento está 
acesa e olho para o movimento. Tenho uma visão desobstruída 
através de sua janela

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