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LITERATURA PORTUGUESA
CAPÍTULO 1 - LITERATURA PORTUGUESA
Michel Marcelo de França / Gabriela Manduca Ferreira
- -2
Introdução
Vamos começar o capítulo compreendendo o processo de formação da literatura e da língua portuguesa. Para
isso, é interessante refletirmos sobre alguns pontos: qual é a relação entre a formação da língua portuguesa e a
formação da Literatura portuguesa? Quais são as características do período trovadoresco? Quais as diferenças
entre cantigas líricas e cantigas satíricas? Quem são os principais autores e obras do período classicista?
Inicialmente, studaremos a formação da língua portuguesa, a partir do galego-português, para então identificar
de que modo se conectam a formação da Língua e a formação da Literatura. Valendo-se do entendimento da
formação da Literatura portuguesa, abordaremos o período do trovadorismo, identificando os tipos de cantigas
líricas e satíricas. Com essa contextualização em mente, estudaremos o período classicista da literatura
portuguesa e, mais detidamente, a obra “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, com destaque para alguns
episódios, como o “gigante Adamastor” e o “velho do Rastelo”, considerados os mais importantes dessa épica
obra da Língua portuguesa.
No capítulo, abordaremos a literatura portuguesa em seu período de formação, possibilitando uma discussão
fundamental não apenas para compreender as manifestações posteriores da literatura portuguesa, mas,
também, para identificar as relações entre ela e a literatura brasileira, já que este deriva daquela, com a qual
compartilhamos a língua portuguesa.
Vamos lá? Acompanhe com atenção!
1.1 Formação da literatura portuguesa
Ao abordarmos a formação da literatura portuguesa, podemos, inicialmente, reconhecer que a principal
característica distintiva entre os seres humanos e os animais é a linguagem, a fim de pensarmos na formação da
língua portuguesa. Observemos, desse modo, que na pré-história, o ser humano desenvolveu linguagens, como
gestos, pictografias, símbolos, entre outros artefatos que lhe permitiam expressar seus sentimentos e
pensamentos. Tais pensamentos e sentimentos voltavam-se tanto ao mítico quanto à partilha e à organização
social que fortalecia os grupos e as chances de sobrevivência.
Figura 1 - As pictografias são, também, uma expressão humana de linguagem
Fonte: JESUSDEFUENSANTA, iStock, 2020.
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Fonte: JESUSDEFUENSANTA, iStock, 2020.
Considera-se o marco das primeiras manifestações sonoras dotadas de significados distintos para cada emissão,
aproximadamente o ano 3000 a.C., em uma região incerta da Europa Oriental, na Língua Indo-Europeia. Foi a
partir desse marco que se convencionalizou um código linguístico, isto é, um conjunto de sons sistematicamente
organizado com elementos de distinção e significação.
Desde então, o Indo-europeu se espalhou por inúmeras regiões, evoluindo em contato com outras línguas, como
o grego, o eslavo e o itálico. No entanto, cabe perguntarmos: qual seria a relação do processo linguístico
evolutivo com a formação da língua portuguesa? Poderíamos iniciar afirmando que tal processo linguístico
envolve o desenvolvimento do latim no século VII a. C.
Os romanos, em seu projeto de expansão territorial, apropriaram-se da língua utilizada pelo povo itálico (os
fundadores de Roma), tornando o latim a língua oficial do Império, que se expandiu à Península Ibérica em 218 a.
C. Desse modo, regiões como a Galícia e a Lusitânia passaram a usar o latim vulgar, praticado pelos soldados e
desbravadores romanos (CAVALCANTI, [ .]). O processo linguístico continuou evoluindo com a formação dos. d
galego-português, a partir do latim vulgar.
Nesse contexto de formação da língua galego-portuguesa, derivada do latim vulgar, um texto literário passou a
ser considerado um marco, consistindo no primeiro texto em Galego-português: a poesia “Ca moiro por vós”, de
Paio Soares de Taveirós, conhecida como “Canção da Ribeirinha” e datada do final do século XII
(aproximadamente 1189).
Figura 2 - Fragmento do poema “Ca moiro por vós”, considerado o primeiro texto em galego-português
Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em SPINA, 1996, p. 267.
Após analisar o fragmento apresentado, podemos perceber algumas similitudes entre a língua portuguesa atual e
o galego-português, idioma utilizado para a produção da literatura dessa época.
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1.1.1 Galego-português
Ao abordarmos a formação da língua portuguesa, cabe observarmos, também, a formação de Portugal. O
condado Portucalense foi dado pelo rei Afonso VI, rei de Leão e Castela, ao Conde Henrique de Borgonha após o
casamento com sua filha Teresa de Leão. Depois da morte de Henrique, seu filho Afonso Henriques se rebelou,
proclamando-se rei de Portugal. A estreita ligação entre os reinos dificulta a identificação de uma literatura
especificamente portuguesa nesse período. Portanto, o que existe nesse momento é uma literatura peninsular,
que não é apenas de Portugal, pois os textos produzidos nesse período também fazem parte de outras literaturas.
Novamente relacionando a formação da língua e a formação da literatura, é importante observar que até o século
XIV a literatura da Península Ibérica utilizava a língua galego-portuguesa. E, a partir desse momento é que a
língua portuguesa se separa do galego-português (CAVALCANTI, [ .]).s. d
Nos séculos XIII e XIV, destaca-se a produção literária de D. Dinis, rei de Portugal. A poesia de D. Dinis é um
marco da literatura trovadoresca em galego-português, com cantigas de amor (voz masculina dirigida à amada)
e de cantigas de amigo (voz feminina se dirige a um confidente). Vejamos um exemplo de cantiga:
Figura 3 - Fragmento do Poema de D. Dinis (1261-1325)
Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em SPINA, 1996, p. 312.
Ao analisar o trecho do poema de D. Dinis, notamos a presença de elementos de submissão ao que é divino
(Deus). Mesmo para expressar seu encantamento por uma mulher, ele se coloca em condição de pecador,
sobretudo, abençoado e sempre perdoado. Interessante perceber que ele está disposto a arcar com as
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sobretudo, abençoado e sempre perdoado. Interessante perceber que ele está disposto a arcar com as
consequências de seus sentimentos em razão do bem que Deus sempre lhe fizera, temente ao sentimento de
amor que estava sentindo, colocando em dúvida se realmente é “bem” aquilo que vê e sente.
Assim sendo, a formação da Literatura portuguesa, inicialmente, passa pela formação da língua portuguesa. Com
isso, temos condições de abordar o período inicial da Literatura portuguesa, com o estudo da lírica trovadoresca.
1.2 Lírica trovadoresca
Ao abordarmos a lírica trovadoresca em Portugal, devemos, inicialmente, considerar o grande desenvolvimento
filosófico da literatura e do pensamento artístico da França, entre os anos de 1150 e 1200. É nessa época que
surgem a primeira canção de gesta e a primeira poesia lírica, o primeiro torneio cavaleiresco, a primeira carta de
liberdade de uma comuna, sendo todas criações francesas (SPINA, 1996).
Duas literaturas, a épica dos do Norte, e a lírica dos do Sul, nasceram maduras, refinadastrouvéres troubadours
e constituídas. Ambas abandonaram o latim e foram buscar na língua vulgar, no romance, a expressão do verbo
épico e lírico.
1.2.1 Cantigas líricas: amor e amigo
Ao longo do século XII, trovadores de Provença e toda a civilização do Languedócio, compreendida entre o
Mediterrâneo e o Maciço Central, os Pireneus e a fronteira italiana, incluindo-se a França, capitanearam os
primeiros capítulos da literatura europeia (SPINA, 1996).
VOCÊ QUER LER?
As fronteiras da Literatura portuguesa, no período medieval, são muito frágeis. A produção
literária foi se moldando de acordo com as influências políticas e mudanças econômicas,
incorporando elementos externos ao reino de Portugal. O fruto disso é uma literatura
peninsular grafada em galego-português, ou mesmo em espanhol, como marca de
nacionalidade autoral. Para entender melhor essas e outras questões, sugerimos a leitura do
artigo “Origem e formação da Línguaportuguesa”, de Camillo Cavalcanti. O artigo está
disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm
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Figura 4 - A Península Ibérica no século XII era considerada o esplendor do trovadorismo
Fonte: MissVacation, iStock, 2020.
No Sul da França, o renascimento da mulher estimulou o culto à poesia dos trovadores. No Norte, as canções de
gesta eram escritas e celebravam os feitos heroicos dos guerreiros da sociedade aristocrática. Isto é, enquanto no
Norte se fazia uma literatura de mero refrigério de heróis, meridional e de caráter individualista; no Sul era
produzida uma poesia sentimental, cortês, elegante e refinada, tendo a mulher como maior fonte de inspiração.
À época, o direito romano contribui para enfraquecer na Provença o sistema feudal. No Norte, o feudo criou o
direito de primogenitura, ao passo que no Sul, em caso de sucessão, o feudo era dividido ente os herdeiros em
partes iguais. No Norte, a Igreja manteve sua firme posição, enquanto que no Sul o papel da Igreja era deficiente,
colocando em xeque a cristandade, elevando o papel político das mulheres na sociedade, inclusive, com a
concessão do direito a posse de terras.
Nesse contexto, o “serviço amoroso”, ou seja, a vassalagem amorosa presente na poesia do trovador meridional,
não correspondia à realidade social do Sul da França, sendo concebida apenas como um empréstimo e
homenagem à poesia feudal do Norte do país. Mesmo os galanteios dos cavaleiros que rendiam homenagens de
submissão à mulher como “doce e pura”, como um ser superior, em nada se harmonizava verdadeiramente à
vida real que estas levavam na sociedade.
Segundo Spina (1996), em geral, a mulher que era adorada na corte de amor não era a mesma que se fazia dona
do lar ou aquela a que concedia sua mão o serviçal cavaleiro. Esse fato, por si só, já convertia essas relações
amorosas em um jogo de galanteios caracterizados como simples paixão, não servindo para estimação e elevação
do status da mulher.
Essa civilidade, especificamente cavaleiresca, exclusiva da vida palaciana e nascida simultaneamente nos dois
hemisférios da França, ao longo do século XI se disseminou e se instaurou por toda a Europa romana e anglo-
germânica. Surgiu, então, aos trovadores o primeiro grande tema da inspiração lírica: o amor. A morte e a
natureza passam a figurar apenas como tópicos dessa poesia em que o trovador é mártir (SPINA, 1996).
Segundo Spina (1996), o amor cortês aparece de forma estranha entrelaçado a natureza primaveril, em razão da
sobrevivência da poesia folclórica dos cantos da primavera, uma marca dos trovadores provençais, com a
produção de uma poesia marcada pela idealização da mulher e pelo tema do amor inatingível.
Apesar de não ter exportado para as terras galego-portuguesas a sua língua, como ocorreu na Itália, a lírica
provenciana também influenciou de forma benéfica a poesia das populações rústicas e burguesas de tal região.
De acordo com Spina (1996), a nova forma importada para os salões da casa de Borgonha (a canção de d’amor),
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De acordo com Spina (1996), a nova forma importada para os salões da casa de Borgonha (a canção de d’amor),
adquiriu status de cidadania e poesia nacional, dando origem a uma nova poesia denominada como palaciana,
revestida de apelo popular.
Cabe destacar que o trovador era o nome dado àquele que criva, instrumentava e entonava suas próprias
composições poéticas. Assim, as cantigas também eram criadas e divulgadas pelo segrel, o trovador profissional
que viajava de corte em corte com o seu jogral (dançarinos, acrobatas, mímico), cujo músico era o menestrel. Em
terras portuguesas, um dos mais famosos trovadores foi o rei D. Dinis, o sexto a ocupar o trono de Portugal, de
1279 a 1325. Foi grande incentivador da agricultura, tendo se destacado por fundar a primeira universidade
desse país em 1290, então sediada na cidade de Lisboa. Suas cantigas representam um dos momentos mais
sublimes do emprego dos recursos verbais e a adequação ao dizer poético, a perfeita junção entre palavra e
música.
As cantigas de D. Dinis foram grafadas em galego-português, a língua utilizada pelos poetas da época, dada a
importância de Santiago de Compostela (capital da Galiza), localizada na extremidade de noroeste da Península
Ibérica. Como Portugal somente se firmou como reino independente a partir do século XII, suas relações
políticas, econômicas e comerciais se davam com a Galiza, motivo pelo qual a produção literária dessa época se
dava nessa língua (SPINA, 1996).
Conhecendo o contexto das cantigas medievais, podemos identificar que elas se dividem em dois tipos de
composições: as líricas e as satíricas. As cantigas líricas, que, por sua vez, podem ser cantigas de amor (eu lírico
masculino) e cantigas de amigo (eu lírico feminino), tem como temática principal o amor. Já as cantigas satíricas
são as que realizam críticas, dividindo-se entre as de escárnio (crítica indireta) e as de maldizer (crítica direta e
agressiva) (SPINA, 1996).
1.2.2 Cantigas satíricas: escárnio e maldizer
Nas cantigas de escárnio, o eu-lírico faz uma crítica (sátira) indireta e com duplo sentido. Para o trovador fazer
uma cantiga de escárnio, ele precisa compor uma cantiga falando mal de alguém, ou seja, fazendo uma crítica a
alguma pessoa, por meio de palavras de duplo sentido, ou melhor, através de ambiguidades, trocadilhos e jogos
semânticos, em um processo denominado pelos trovadores de “equívoco”. Essa cantiga é capaz de estimular a
imaginação do autor, sugerindo-lhe uma nova expressão irônica (MOISÉS, 2008).
Vejamos um exemplo de cantiga de escárnio citada por Moisés (2010, p. 35):
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…
As cantigas de maldizer também trazem críticas, ou seja, sátiras diretas, porém, não são acompanhadas de duplo
sentido. São frequentes as agressões verbais nas cantigas de maldizer, que podem ou não revelar o nome
daquele a quem a sátira se destina, mas que se caracterizam, inclusive, pelo uso de palavras de baixo calão.
Vejamos um exemplo de cantiga de maldizer citada por Moisés (2010):
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!…
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mas ressurgiu depois ao tercer dia!…
Ao abordarmos a lírica trovadoresca na Literatura portuguesa, podemos considerar alguns trovadores que se
destacaram: João Soares de Paiva foi considerado o mais antigo poeta português com a cantiga “Ora faz host’o
senhor de Navarra”, que é parte do Cancioneiro da Vaticana; Paio Soares de Taveirós é considerado o autor de
um dos primeiros textos em português, “Canção da Ribeirinha” (1189 -1198), no Cancioneiro da Ajuda; D. Afonso
X, o Sábio, rei de Leão e Castela, era avô de D. Dinis e produziu numerosos versos, sendo os mais conhecidos as
Cantigas de Santa Maria; D. Dinis foi uma das figuras mais contempladas do trovadorismo português, rei de
Portugal, incentivador das artes e do conhecimento acadêmico; e Martim Codax, que, apesar de ter sua história
pouco conhecida, foi reconhecido por suas composições (sete cantigas de amigo), que foram transcritas junto da
notação musical do poema.
Para aprofundar nossos estudos sobre os autores e obras da Era Trovadoresca, podemos pesquisar em sites,
blogs e inúmeros vídeos que estão disponíveis na web. E, claro, não deixarmos de buscar mais informações em
bibliotecas e seus acervos sobre o assunto. Certamente, teremos contato com uma riqueza de detalhes sobre o
assunto que permitirão uma visão muito mais ampla sobre essa época.
CASO
Imaginemos um caso hipotético em que um influenciador digital começa a pesquisar sobre
manifestações literárias de conteúdo satírico e crítico, com o intuito de compreender um
fenômeno bastante relacionado à vida moderna:os “haters”.
Ao observar a frequente presença nas redes sociais de “haters”, pessoas que usam a internet
para fazer críticas e ofensas, principalmente a pessoas públicas, o influenciador digital
procurou outras expressões de sátira antes do uso da internet e encontrou as cantigas de
escárnio e maldizer no período do Trovadorismo. Assim, o influenciador digital pode perceber
que, embora a prática do maldizer já tivesse manifestações muito antigas, como as cantigas, a
internet e o anonimato que ela confere facilita a ação daqueles que se dedicam a essa prática.
VOCÊ QUER VER?
O filme “Coração de Cavaleiro”, lançado em 2001 e estrelado por Heath Ledger, aborda a
história de um cavaleiro medieval em uma busca para conquistar o amor de uma donzela e
provar sua bravura. “Coração de Cavaleiro” poderá nos aproximar das características da era
medieval, período do trovadorismo. Há cenas do filme disponíveis em: https://www.youtube.
.com/watch?v=ZI2AcNSXHKQ
https://www.youtube.com/watch?v=ZI2AcNSXHKQ
https://www.youtube.com/watch?v=ZI2AcNSXHKQ
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1.3 Era clássica
Por volta de 1527, o poeta Francisco de Sá de Miranda (1481-1558), retornava a Portugal após uma longa
viagem à Itália. Lá, ele estudou a obra de Francesco Petrarca (1304-1374) e de outros poetas do chamado “dolce
” (doce estilo novo). Destaque para alguns desses poetas: Dante Alighieri (1265-1321), Guido Cuinizellistil nuovo
(1230-1276) e Guido Cavalcanti (1259-1300).
A partir desses estudos e experiências, Sá de Miranda, um dos colaboradores do “Cancioneiro Geral”, retorna a
Portugal investido de inovações que já eram praticadas na Itália e que já influenciavam as demais literaturas
europeias. É nesse momento que se tem o marco inicial do Classicismo ou Era Clássica, caracterizado pela
aceitação e internalização da mentalidade literária renascentista por parte dos portugueses.
Cabe destacar que a palavra “clássico” nesse contexto se aplica a todos os escritores que tenham alcançado alto
nível de realização e prestígio na produção de sua obra, de modo a se tornar um modelo aos aprendizes e demais
poetas. Durante o século XVI, o estudo e a imitação da métrica dos autores da antiguidade greco-latina (os
clássicos), visto que esses eram tidos como sinônimo de perfeição e, por isso, deviam ser contemplados e
imitados.
Por esse motivo, o classicismo português é considerado uma das épocas de maior produção literária de todos os
tempos. Tanto a poesia lírica como a épica foram desenvolvidas de forma intensa. Muitos textos em prosa
também foram produzidos, desde a narrativa de ficção à historiografia e a denominada literatura de viagem,
baseada nas grandes navegações e no descobrimento de novas terras.
Destaque também para o gênero dramático, seja na forma de “autos”, conforme os produzidos na tradição
vicentina e medieval, seja ainda na forma de comédias e tragédias de acordo com o cânone greco-latino, com
espaço para a produção de peças teatrais escritas em verso e em prosa.
Em 1580, a era clássica chega ao seu fim com a morte de um dos maiores poetas dessa época e da língua
portuguesa, Luís Vaz de Camões, fato que se une à perda da independência política de Portugal.
1.3.1 Do medieval ao renascentismo
De acordo com Moisés (2008) o período que efetivou a transição da Idade Média para a Idade Moderna é
chamado de renascimento. Recebeu esse nome em razão da redescoberta e revalorização de preceitos da
antiguidade clássica, direcionando o pensamento e as manifestações artísticas para um paradigma mais
humanista e naturalista.
O renascimento cultural eclodiu, primeiramente, na região italiana da Toscana, nas cidades de Florença e Siena,
espalhando-se para o resto da península itálica e, posteriormente, para todos os países da Europa Ocidental
(MOISÉS, 2008).
Graças à invenção de Johannes Gutemberg, a impressa, o processo de proliferação dessas ideias, rapidamente
alcançou plenitude, tornando-se uma escola artística a ser seguida. Embora a Itália sempre tenha sido o local
onde o movimento apresentou maior expressão, as ideias renascentistas espalharam-se rapidamente por todo o
lado Ocidental do velho continente (MOISÉS, 2008).
- -10
Após a estadia de oito anos na Itália do poeta português Francisco de Sá de Miranda, o movimento chegou a
Portugal em 1527 com o nome de classicismo, como uma referência direta aos clássicos greco-romanos, nos
quais os autores renascentistas encontravam inspiração para suas composições. É nesse período que surge Luís
Vaz de Camões, poeta lírico, sonetista e épico, autor de “Os Lusíadas”, a epopeia portuguesa de maior destaque.
A seguir, estudaremos sobre a vida desse importante poeta e as particularidades do seu modo de viver,
abordando também fatos sobre sua obra-prima, que narra a História de Portugal baseada na viagem de Vasco da
Gama às Índias.
1.4 Luís de Camões
A vida de Camões, ainda hoje, representa uma incógnita sob muitos aspectos. Sabe-se que nasceu entre 1524 e
1525, em uma dessas quatro cidades que reivindicam sua cidadania: Lisboa, Alenquer, Coimbra ou Santarém. É
originário de uma família fidalga da Galiza, cujo pai se chamava Simão Vaz de Camões e a mãe Ana de Sá de
Macedo. Embora incerto, é possível que na juventude tenha frequentado a Corte portuguesa e a Universidade de
Coimbra (MOISÉS, 2008).
Segundo Moisés (2008), especula-se que nessa época, manteve contato com escritores antigos e modernos, como
Homero, Virgílio, Ovídio, Petrarca, Boscán, Garcilaso, entre outros. A vida boêmia e turbulenta era uma de suas
características mais marcantes, sendo descrito por seus contemporâneos como um homem de porte mediano,
com um cabelo loiro arruivado, cego do olho direito, com habilidade para exercícios físicos e com temperamento
VOCÊ SABIA?
O renascimento foi um movimento que repercutiu em todas as áreas: artes, cultura e ciências.
Defendendo a prevalência da razão e tendo como centro as ações humanas (o humanismo), as
obras renascentistas realizaram uma retomada dos valores da Antiguidade Clássica e
afastaram-se dos valores medievais. Entre as obras de maior destaque no Renascimento estão
a obra literária “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, e a pintura “Mona Lisa”, de Leonardo Da
Vinci.
VOCÊ O CONHECE?
Vasco da Gama, um dos maiores navegadores portugueses, nasceu em 1469 em Sines, na
região de Alentejo, Portugal. Era filho de Estêvão da Gama e Isabel Sodré. Vinha de família
nobre e abastada. Em Évora, estudou navegação e matemática, e por ser filho de um grande
navegador, sucedeu ao pai por ordem de Dom João II. Dentre seus grandes feitos está a
construção de uma rota de comércio e troca de especiarias pelos Oceanos Atlântico e Índico e a
chegada às Índias. Em 24 de dezembro de 1524, faleceu em Cochim, na Índia. Para saber mais
sobre os feitos de Vasco da Gama, conhecido como “o navegador dos Lusíadas”, acesse: 
.https://super.abril.com.br/historia/o-navegador-dos-lusiadas/
https://super.abril.com.br/historia/o-navegador-dos-lusiadas/
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com um cabelo loiro arruivado, cego do olho direito, com habilidade para exercícios físicos e com temperamento
forte e intempestivo, propenso ao envolvimento em brigas.
Era considerado de grande valor como soldado, além de uma pessoa liberal e alegre. Por esse motivo, acredita-se
que seus dotes pessoais pudessem ter motivado paixão em D. Maria, filha de D. Manuel e irmã de D. João III, e em
Catarina de Ataíde (que aparece em sua poesia sob o anagrama de Natércia).
Inclusive, é possível que esses fatos tenham corroborado para que ele tenha sido afastado do convívio palaciano,
sendo enviado para Ceuta, em 1549, como soldado, onde perdera um olho em batalha. Posteriormente,
regressou a Lisboa e na procissão de Corpus Christi de 1552, após envolvimento em contenda com Gonçalo
Borges, fere o servidor do Paço, o que lhe rende retorno às tropas portuguesas sediadas no Oriente, como forma
de escapar da prisão. Assim, viaja para a Índia em 1553 (NICOLA, 1999).
Nicola (1999, p. 77) afirma que,
[…] a partir desse fato, iniciou-se uma longa jornada de 17 anos,na qual o poeta viveu nas colônias
portuguesas da África e da Ásia, morando inclusive em Macau, ex-colônia portuguesa na China,
passando inúmeras dificuldades e até algumas passagens pela cadeia. No entanto, no ano de 1556, dá
baixa das forças armadas e assume o cargo de ‘provedor dos bens de defuntos e ausentes’ em Macau,
local em que teria produzido parte de “Os Lusíadas”.
Nesse período, Camões foi acusado de prevaricar, tendo de ir à Goa para se defender das acusações. No percurso,
sua embarcação naufraga na foz do rio Mecon, momento no qual, segundo os relatos, salvou “Os Lusíadas” e
perdeu Dinamene, sua companheira. Não obstante, ao chegar em Goa, foi preso em razão das acusações que
sobre ele recaiam, sendo solto em 1563.
De acordo com Moisés (2008), em 1567, Camões foi novamente encarcerado por dívidas em Moçambique. Após
ser libertado, passou a viver de forma miserável até que Diogo do Couto proporciona-lhe meios para regressar a
Portugal. Chegando a Portugal em 23 de abril de 1569, em 1572 torna pública a obra “Os Lusíadas”, passando a
receber uma pensão der 15.000 réis anuais, auxílio esse concedido pelo rei D. Manuel, a quem fora dedicado o
poema.
Após uma vida repleta de aventuras e desencontros, Camões morreu pobre e abandonado, em 10 de junho de
1580. A obra de Camões somente alcançou reconhecimento em Portugal e no mundo depois da morte do poeta,
que passou a ser considerado o maior poeta em língua portuguesa.
1.4.1 Os Lusíadas: proposição e invocação
A obra de Camões, “Os Lusíadas”, é composta por cinco partes, obedecendo a seguinte ordem: narração,
invocação, proposição, epílogo e dedicatória. De acordo com Moisés (2008), logo no início de sua obra, o poeta
apresenta aquilo que se propõe a fazer, indicando de forma objetiva o assunto da sua narrativa: cantar (celebrar
/louvar) os navegadores que desbravaram os mares e oceanos, tornando uma realidade a expansão do império
português no Oriente. Destina também proposições aos reis que promoveram a tais feitos e a divulgação da fé e
do império. Em suma, o autor apresenta o reconhecimento a todos os que se tornaram dignos de admiração em
razão de seus feitos heroicos.
Vejamos um trecho da proposição nas estrofes 1/3 (CAMÕES, 2000, p. 1):
As armas, e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
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Novo Reino, que tanto sublimaram;
[...]
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Nesse outro trecho a seguir extraído de , o poeta, dirigindo-se às Tágides (Ninfas do Tejo), apresenta sua
inspiração para realizar aquilo a que se propôs, afirmando que se trata de um grande feito, que exigirá a
inspiração das musas. Vejamos as estrofes 4/5 (CAMÕES, 2000, p. 4):
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre, em verso humilde, celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
No trecho apresentado a seguir, o poeta apresenta sua dedicatória, é a parte em que oferece sua obra ao rei D.
Sebastião. Cabe destacar que esse tipo de texto não era parte da estrutura das epopeias da Era Greco-romana,
caracterizando, desse modo, uma inovação por parte de Camões, que com isso demonstra sua necessidade social
e econômica de um mecenas, um protetor, um financiador. Vejamos nas estrofes 6/8 (CAMÕES, 2000, p. 2-3):
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antiga liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade,
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Pera do mundo a Deus dar parte grande.
[...]
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E, quando dece, o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do tope Ismaelita cavaleiro,
Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio: [...]
Ao observar esses trechos de proposição e invocação de “Os Lusíadas”, podemos observar que, ao mesmo tempo
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Ao observar esses trechos de proposição e invocação de “Os Lusíadas”, podemos observar que, ao mesmo tempo
em que Camões recorre à estrutura da epopeia clássica, inova ao incluir uma dedicatória e, além disso, por se
propor a narrar os feitos lusitanos (MOISÉS, 2008).
1.4.2 Os Lusíadas: episódio do velho do Restelo
O episódio “velho do Restelo” é um dos mais conhecidos de “Os Lusíadas”. Nele, é apresentado o momento da
partida das naus de Vasco da Gama do porto de Belém, onde um ancião, “velho do Rastelo”, enuncia de forma
eloquente sua indignação e contragosto sobre a decisão de se viajar às Índias. A esse fato, atribui-se a pungência
da mentalidade conservadorista feudal, agrária, oposta ao expansionismo e às navegações, ligadas aos interesses
da burguesia e da monarquia (MOISÉS, 2008).
Deduz-se desse fato que Camões, ao produzir sua epopeia para exaltar as Grandes Navegações, dá voz àqueles
que se opõem ao projeto expansionista. Assim, “O Velho do Restelo” caracteriza a dicotomia entre passado e
presente, antigo e novo. O Velho evidencia a vaidade, a cobiça e audácia como nocivos ao futuro da Pátria e
destaca que tais aventuras podem desgraçar famílias, vidas e fortunas. Vejamos o trecho inicial do episódio
narrado das estrofes 90 a 104 (CAMÕES, 2000, p. 189):
90 "Qual vai dizendo: —" Ó filho, a quem eu tinha Só para refrigério, e doce amparo Desta cansada
já velhice minha, Que em choro acabará, penoso e amaro, Por que me deixas, mísera e mesquinha?
Por que de mim te vás, ó filho caro, A fazer o funéreo enterramento, Onde sejas de peixes
mantimento!" — [...]
Cabe destacar que a fala do “velho do Rastelo” pode ser entendida como a expressão dos próprios sentimentos
de Camões, que se mostram divididos entre o Humanismo pacifista e os feitos heroicos dos cavaleiros e
cruzados, que inspiraram o poeta sobre a missão expansionista de Portugal.
Segundo Moisés (2008), o discurso do “velho do Rastelo” também corresponde a um gênero da literatura
clássica grega, denominado como “ ”, que significa “adeus ao viajante que parte”. Isso reforça não sópropenptikón
a preocupação estilística do poeta, como seu profundo conhecimento das métricas do gênero.
1.4.3 Episódio do gigante Adamastor
O episódio do gigante Adamastor é considerado o mais rico e complexo de “Os Lusíadas”, tendo sido inspirado
em Homero e Ovídio, recuperando o caráter simbólico, mitológico e lírico da epopeia. Ele é composto por 24
estrofes.
Nesse episódio, tanto Vasco da Gama como o Gigante Adamastor aparecem como narradores e como
personagens. Enquanto plano histórico, essa narrativa simboliza a superação dos portugueses frente ao mar,
superando superstições medievais sobre a existência de monstros, bestas e abismos, que habitavam o Atlântico e
o Índico (MOISÉS, 2008). Em verdade, o gigante Adamastor é apenas uma alucinação com a qual os portugueses
devem lutar para superar seus próprios medos.
Do ponto de vista da composição de “Os Lusíadas”, podemos considerar esse episódio como clímax do poema,
uma vez que Camões retoma dois temas recorrentes de sua obra: o amor impossível e o amante rejeitado.
Apaixonado por Nereida Tétis, Adamastor, um dos gigantes filhos da Terra, sem ter seu amor correspondido,
busca tomar a amada à força, provocando assim a ira de Júpiter, que o transforma no Cabo das Tormentas, uma
figura monstruosa que habita o Atlântico (MOISÉS, 2008).
O episódio também se destaca pela narrativade eventos históricos, como a passagem do Cabo da Boa Esperança,
sob a chave do real maravilhoso, assim como pela presença da história de Portugal por meio de profecias. No
episódio, unem-se as características do épico, do trágico e do lírico com um resultado estético que o destaca de
outros episódios do poema.
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A riqueza da história da Literatura portuguesa muito contribui para o entendimento do desenvolvimento dessa
nação, bem como das suas ex-colônias, como o próprio Brasil. Pensar as grandes navegações como a que foi
narrada por Camões na ida às Índias, demonstra que a chegada dos portugueses às terras brasileiras muito
pouco teve de acidental. Em verdade, os lusitanos eram ávidos navegadores e viviam um momento de esplendor
e prosperidade em razão das investidas além-mar. A obra “Os Lusíadas” retrata essa questão, sobretudo, no
episódio do “Gigante Adamastor”, no qual o orgulho e a bravura portugueses são explicitados em tom heroico e
de superação.
A era trovadoresca portuguesa reflete uma produção literária ainda muito influenciada por outros grandes
centros europeus. Apesar de demonstrar beleza e sutileza na produção das cantigas de amor e amigo, as
narrativas ainda estavam atreladas às novelas de cavalaria e aos feitos das cruzadas. Um dos maiores ganhos
desse período para Portugal foi certamente a criação da primeira universidade do país, situada em Lisboa por D.
Dinis.
Já na era classicista e/ou renascentista, para além do resgate da arte clássica e da valorização do ser humano e
do belo, está uma das maiores obras produzidas em língua portuguesa, “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, um
dos maiores escritores da literatura lusitana. Sua obra não só resgata a métrica das grandes epopeias da era
clássica greco-romana, como também traz à luz a coragem, bravura e beleza do povo português e seus feitos.
Conclusão
Ao chegarmos ao fim do capítulo, podemos compreender como se deu a formação da Literatura portuguesa e
suas influências, além de seu desenvolvimento nos períodos do Trovadorismo e do Classicismo.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer o processo de formação da língua portuguesa a partir do galego-português;
• identificar as relações entre a formação da língua portuguesa e a formação da Literatura portuguesa;
• abordar as características do trovadorismo no contexto medieval;
• conhecer os tipos de cantigas trovadorescas portuguesas e seus principais autores;
• estudar a era clássica portuguesa e suas relações com o renascimento;
• conhecer sobre vida de Luís Vaz de Camões;
• abordar a obra “Os Lusíadas”, a partir de seus principais episódios.
VOCÊ QUER LER?
Devido à importância do episódio do Gigante Adamastor, é recomendável que você leia as 24
estrofes que compõem esse episódio e consiga identificar nelas os temas e as características
que temos destacado. Leia o episódio diretamente em “Os Lusíadas” e, em seguida, você pode
ler uma análise detalhada de cada estrofe, disponível em: https://www.passeiweb.com/index.
.php/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_o_gigante_adamastor
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https://www.passeiweb.com/index.php/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_o_gigante_adamastor
https://www.passeiweb.com/index.php/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_o_gigante_adamastor
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Bibliografia
BARROS, F. V. O navegador dos Lusíadas. , [ .], 31 out. 2016. Disponível em: SuperInteressante s. l https://super.
. Acesso em: 7 fev. 2020.abril.com.br/historia/o-navegador-dos-lusiadas/
CAMÕES, L. V. . 4. ed. Lisboa: Instituto Camões, 2000.Os Lusíadas
CAVALCANTI, C. Origem e formação da língua portuguesa. Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e
, [ .], [ .]. Disponível em: . Acesso em: 05 fev. 2020.Linguísticos s. l s. d http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm
HELGELAND, B. . Columbia Pictures, 2001.Coração de cavaleiro
MOISÉS, M. . 29. ed. São Paulo: Cultrix, 2010.A literatura portuguesa através dos textos
MOISÉS, M. . São Paulo: Cultrix, 2008.Literatura portuguesa
NICOLA, J. : das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999.Literatura portuguesa
SPINA, S. . 4. ed. São Paulo: Edusp, 1996.A lírica trovadoresca
https://super.abril.com.br/historia/o-navegador-dos-lusiadas/
https://super.abril.com.br/historia/o-navegador-dos-lusiadas/
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm
	Introdução
	1.1 Formação da literatura portuguesa
	1.1.1 Galego-português
	1.2 Lírica trovadoresca
	1.2.1 Cantigas líricas: amor e amigo
	1.2.2 Cantigas satíricas: escárnio e maldizer
	1.3 Era clássica
	1.3.1 Do medieval ao renascentismo
	1.4 Luís de Camões
	1.4.1 Os Lusíadas: proposição e invocação
	1.4.2 Os Lusíadas: episódio do velho do Restelo
	1.4.3 Episódio do gigante Adamastor
	Conclusão
	Bibliografia

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