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AP2 Literatura Portuguesa I 2018 1 GABARITO

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Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Portuguesa I
Coordenador: Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira
Tutor a Distância: Adriana Gonçalves
AP 2 – 2018. 1
Aluno(a): ____________________________________________________________________
Polo: ____________________ Matrícula ____________________ Nota: ______________
Instruções:
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. 
Não escreva em tópicos.
1ª Questão (4 pontos) 
O compromisso ético com o mundo à sua volta é um ponto de contato entre as obras de Manuel Alegre e Jorge de Sena. O enfrentamento ao regime autoritário levou os dois poetas a experimentarem o exílio – que deixaria marcas evidentes em seus textos. 
A partir da afirmativa acima, analise os textos a seguir.
a) Jorge de Sena (2 pontos)
Eu sou eu mesmo a minha pátria. A pátria 
de que escrevo é a língua em que por acaso de gerações
nasci. E a do que faço e de que vivo é esta
raiva que tenho de pouca humanidade neste mundo
quando não acredito em outro, e só outro quereria que
este mesmo fosse. (…) 
			(SENA, Em Creta, com o Minotauro, 1989, p. 74)
	
b) Manuel Alegre (2 pontos)
Eu sou o solitário o estrangeirado
o que tem uma pátria que já foi
e a que não é. Eu sou o exilado
de um país que não há e que me dói. (…)
			(ALEGRE, O primeiro soneto do Português errante, 2000, p. 378)
2ª Questão (3 pontos)
Observe a leitura que cada autor faz da imagem pessoana do “mar sem fim” relacionado à identidade nacional portuguesa Explique porque, em cada um, o lugar imaginário de seus textos não corresponde mais a uma fantasia utópica. 
a) Ruy Belo (1 ponto)
Que importa que no mundo morram os ministros?
É patriótico negar a nacionalidade
aos naturais de um país vencido
que só buscou no mar razão de ser. E canto a
a memória fugitiva como a água
que parece estender alguma mão de paz
sobre a ácida lâmina de um sabre
			(Ruy BELO, 2000, p. 653)
b) Maria Gabriela Llansol (1 ponto)
Sinto-me como alguém que viaja em país estrangeiro, por não me sentir, de modo algum, ligada a uma nação. Na Bélgica, sinto-me menos em terra alheia talvez porque está explícito que nenhum laço de origem política me liga a este país. Sem país em parte alguma, salvo no vazio em que me dei a uma comum idade. Comum idade real por imaginária, e imaginária por verdadeira. 
			(Maria Gabriela, LLANSOL, 2006, p. 72)
c) Fiama Hasse Pais Brandão (1 ponto)
Diversas faixas de nuvens me fazem verificar a diversidade
das minhas emoções. Aqui e além, quando a imaginação 
imprime ao verso uma rapidez inignorável
está a ser percorrido o poema, dispondo-se as figuras,
panorama das palavras, no campo da visão.
Tão pouco pude esquecer para sempre que o conceito de nacionalidade
não é o de uma herança ou de estratos do passado
mas a mais original e mais inovadora obra
de um indivíduo, não o histórico das sucessivs gerações,
mas o puro singular campo de visão que se escreve. 
			(Fiama Hasse Pais BRANDÃO, 2006, p. 190)
3ª Questão (3 pontos)
“Toda leitura é necessariamente intertextual, pois, ao ler, estabelecemos associações desse texto do momento com outros já lidos. Essa associação é livre e independente do comando de consciência do leitor, assim como pode ser independente da intenção do autor. Os textos, por isso, são lidos de diversas maneiras, num processo de produção de sentido que depende do repertório textual de cada leitor, em seu momento de leitura.” (PAULINO e outros, 1995, p. 54.) 
Baseado na citação acima, desenvolva um argumento que comprove a natureza intertextual de uma das obras de José Saramago em que o autor pratica o que se convencionou chamar de “metaficção historiográfica”.
Gabarito
1. a) e b) (4 pontos, 2 para cada autor/item) 
Toda a questão (e a prova) gira em torno da identidade nacional, abarcando os aspectos do território, do deslocamento e da escrita. Jorge de Sena e Manuel Alegre professam uma visão bem crítica da pátria, principalmente em vista do contexto salazarista da época. Em ambos há a inconformidade diante de um país que não corresponde mais aos seus ideais de nação, por estar decadente e ao mesmo tempo sob um regime ditatorial. 
a) O primeiro desloca a pátria para si mesmo e para a própria língua quando diz: “Eu sou eu mesmo a minha pátria. / A pátria (...) é a língua em que (...) nasci.” Isso toma a forma de “raiva” por não acreditar em outra possibilidade.
b) O segundo não se identifica mais com a pátria em que vive, sente-se um “estrangeirado”, um “exilado / de um país que não há” e que o magoa. Aqui o sentimento é antes de melancolia e de dor, diante “de um país que não há e que (...) [lhe] dói”.
2. a), b) e c) (1 ponto para cada autor/a)
Sobretudo em Mensagem, Fernando Pessoa celebrou a pátria que se ampliou por terra e mar, mantendo no poeta a esperança de novos tempos. Depois dele, a fantasia utópica de um Portugal se diluiu na poesia portuguesa, que se voltou para o próprio espaço imaginário como uma nova pátria.
a) Ruy Belo, de forma contrária ao elogio da pátria, nega a própria nacionalidade dos portugueses que são os “naturais de um país vencido/ que só buscou no mar razão de ser”, fazendo guerras sem cessar. Ele prefere cantar “a memória fugitiva” que, como “a água” possa representar alguma “mão de paz” sobre a memória “ácida” das armas. 
b) Maria Gabriela Llansol mantém-se distante do conceito de nação, “talvez porque (...) nenhum laço de origem política” a liga, seja a Portugal, seja a Bélgica. “Sem país em parte alguma”, ela escolhe uma outra pátria, que a si mesma se dá, na forma de uma “comum idade”, ou seja uma comunidade inventada pela arte literária, que é “real por imaginária, e imaginária por verdadeira”. 
c) Fiama Hasse Pais Brandão, de modo semelhante ao de Llansol, desvia “o conceito de nacionalidade” da herança dos passados heroicos (“herança ou de estratos do passado”) para o espaço da escrita, “quando a imaginação” produz, “não o histórico das sucessivas gerações”, mas um individual e “puro singular campo de visão” que no poema se escreve.
3) (3 pontos) A resposta deve adotar uma obra de Saramago, dentre as consideradas de metaficção historiográfica e, a partir, daí deixar claro a noção de intertextualidade, trazendo exemplos e/ou explicações sobre os dois aspectos (metaficção historiográfica e intertextualidade).

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