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HISTÓRIA DO HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICOPENSAMENTO ECONÔMICO Me. Leonardo Aparecido Santos S i lva I N I C I A R introdução Introdução Muito se debate hoje em dia sobre a política econômica dos países e como esta deve ser guiada. A base para esse debate atual é proporcionada por duas grandes escolas do pensamento econômico, a Escola Neoclássica (mainstream) e a Escola Keynesiana. Entre 1940 e �m da década de 1960, a escola predominante no cenário econômico mundial foi a Keynesiana, no entanto, após esse período ocorreu a contrarrevolução neoclássica, a partir de Friedman, que trouxe novamente conceitos clássicos e marginalistas para o debate econômico. Ainda, desde a crise �nanceira internacional de 2008, o debate sobre as possibilidades de política econômica não possui um grande consenso, mas, claramente, o Estado passou a tomar novas medidas de estímulos sobre a economia. Estudante, conforme é estudada a história do pensamento econômico, notamos que existiram diferentes autores, com diferentes concepções sobre a economia. Por exemplo, existiram autores que basearam sua teoria no valor trabalho (Smith, Ricardo e Marx), outros no valor por meio da utilidade marginal (escola marginalista). Autores que apoiavam o livre comércio e empresas competitivas (Smith, Ricardo e escola marginalista), enquanto outros foram críticos do sistema capitalista (Marx), não é mesmo? Por isso, também necessitamos aprender mais uma outra escola econômica que conseguiu in�uenciar diferentes economistas ao longo do tempo, inclusive, as políticas econômicas adotadas por muitos países em diferentes momentos da história. Essa escola teve como seu criador e principal expoente John Maynard Keynes, portanto, vamos entender, primeiramente, os fatos históricos para o surgimento da escola. Por essa lógica, vamos entrar no século XX, mais precisamente a partir de um fato econômico histórico que acabou modi�cando (e muito) a forma de analisar a economia durante um longo período de tempo, inclusive, até os O Pensamento Econômico deO Pensamento Econômico de KeynesKeynes dias atuais: a crise �nanceira de 1929, a Grande Depressão. Até 1929, a ideia econômica predominante foi de livre mercado, empresas competitivas, atuação do governo como regulador e não como um agente econômico ativo, dentre outras características. No entanto, a forte especulação ocorrida nos Estados Unidos (EUA), durante a década de 1920, proporcionou uma bolha nos ativos �nanceiros que acabou com a eclosão da crise no ano de 1929. Como é possível notar por meio da Figura 4.1, a bolsa de valores de Nova York passou por uma rápida expansão até o �nal da década de 1920 e uma contração ainda mais forte nos anos seguintes (até 1933) e mantendo-se em um patamar baixo nos anos seguintes, não conseguindo chegar ao pico de 1929 até o �nal da década de 1930. Os resultados desse movimento de contração foram elevados desemprego, salários baixos, pobreza crescente e maior instabilidade política econômica. Nesse período, a teoria clássica e marginalista não deu conta de explicar a realidade concreta, visto que apesar de diminuição de salários, o desemprego continuou elevado. John Maynard Keynes, economista inglês, viveu no período da grande depressão e apesar de ter sido criado na escola marginalista de pensamento econômico, acabou modi�cando sua forma de analisar a economia em decorrência da Grande Depressão. Em seu livro, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda de 1936, Keynes procurou entender o problema do Figura 4.1 - Cotação das ações da bolsa de Nova York entre 1926 e 1938. Índice Standard Statistic (1926 = base 100) Fonte: Gazier (2013, p. 6). desemprego (principal questão da época), o funcionamento de uma economia monetária de produção e a possibilidade da intervenção do Estado na economia para a reversão de um ciclo de baixo crescimento econômico a partir da ótica da demanda. Minsky (2011) explica que o livro de Keynes teve sucesso imediato nos países em decorrência da Grande Depressão, que já estava em seu sétimo ano. Em seu livro a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes (1983) apresenta no Capítulo 1 os motivos para o desenvolvimento de trabalho e o porquê denominou o livro dessa maneira. Em suas palavras: Denominei este livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, dando especial ênfase ao termo geral. O objetivo deste título é contrastar a natureza de meus argumentos e conclusões com os da teoria clássica, na qual me formei, que domina o pensamento econômico, tanto prático quanto teórico, dos meios acadêmicos e dirigentes desta geração, tal como vem acontecendo nos últimos cem anos. Argumentarei que os postulados da teoria clássica se aplicam apenas a um caso especial e não ao caso geral, pois a situação que ela supõe acha-se no limite das possíveis situações de equilíbrio. Ademais, as características desse caso especial não são as da sociedade econômica em que realmente vivemos, de modo que os ensinamentos daquela teoria seriam ilusórios e desastrosos se tentássemos aplicar as suas conclusões aos fatos da experiência (KEYNES, 1983, p. 15). O caso especial que Keynes se refere é o de pleno emprego dos fatores de produção (capital e trabalho) que a teoria clássica argumenta como um estado permanente, na medida em que todo trabalhador que deseja trabalhar com o salário vigente consegue arrumar emprego (o que não ocorreu durante a Grande Depressão). É a partir dessa ideia que Keynes começa desenvolver seu trabalho para entender a economia de uma maneira geral. Portanto, Keynes inverteu a lógica de pensamento econômico, em outras palavras, enquanto os economistas ligados à tradição clássica procuravam entender a economia a partir da ótica da oferta, Keynes partiu para uma análise da economia a partir da demanda. Basicamente, Keynes argumentou que era possível existir equilíbrio com baixa demanda (demanda efetiva baixa) e desemprego elevado e persistente. Assim, era necessária uma atuação do Estado para aumentar a demanda efetiva, via aumento da demanda agregada, para um equilíbrio com menor nível de desemprego ou maior nível de emprego. Ainda, em termos gerais, cabe destacar o importante papel que Keynes deu para a moeda na economia capitalista (economia monetária de produção). Enquanto os clássicos consideram a moeda “neutra”, como argumentava a Lei de Say, isto é, a moeda é um fenômeno monetário que apenas impacta em volatilidade nos preços. Keynes argumentava que a moeda era mais um ativo na economia, impactando no setor real na medida em que os agentes econômicos também demandavam moeda por motivos, como o de especulação, por exemplo. As Políticas Keynesianas Basicamente, Keynes procura explicar a importância dos investimentos para que determinados níveis de renda e emprego ocorram. Contudo, o investimento é dependente de uma relação entre o nível de taxa de juros e a e�ciência marginal do capital, sendo que os juros têm a sua determinação no mercado monetário (oferta e demanda de moeda), além da preferência pela liquidez existente entre os agentes econômicos (GENNARI; OLIVEIRA, 2009). Um conceito essencial apresentado é a E�ciência Marginal do Capital (EMgK), pois esse foi um conceito proposto por Keynes para explicar o nível de investimento na economia. A EMgK é dada pela expectativa que os empresários têm de lucrar em determinado empreendimento (a partir do investimento inicial), isto é, uma taxa de desconto responsável por igualar o �uxo de rendas esperadas pelo investimento e o preço de oferta de máquinas e equipamentos, por exemplo. Assim, a EMgK é uma expectativa de renda (retorno esperado do investimento) e o preço de oferta presente do investimento. As grandes linhas da nossa teoria podem expressar-se da maneira que se segue. Quando o emprego aumenta, aumenta, também, a renda real agregada. A psicologia da comunidade é tal que, quando a renda real agregada aumenta, o consumo de agregado também aumenta, porém não tanto quanto a renda. Em consequência, os empresários sofreriam uma perdase o aumento total do emprego se destinasse a satisfazer a maior demanda para consumo imediato. Dessa maneira, para justi�car qualquer volume de emprego, deve existir um volume de investimento su�ciente para absorver o excesso da produção total sobre o que a comunidade deseja consumir quando o emprego se acha a determinado nível. A não ser que haja este volume de investimento, as receitas dos empresários serão menores que as necessárias para induzi-los a oferecer tal volume de emprego. Daqui se segue, portanto, que, dado o que chamaremos de propensão a consumir da comunidade, o nível de equilíbrio do emprego, isto é, o nível em que nada incita os empresários em conjunto a aumentar ou reduzir o emprego, dependerá do montante de investimento corrente. O montante de investimento corrente dependerá, por sua vez, do que chamaremos de incentivo para investir, o qual, como se veri�cará, depende da relação entre a escala da e�ciência marginal do capital e o complexo das taxas de juros que incidem sobre os empréstimos de prazos e riscos diversos (KEYNES, 1983, p. 31). Keynes (1983) explica que a EMgK é a relação entre a renda esperada de um bem de capital e o seu preço de oferta ou custo de reposição, em outras palavras, podemos dizer que a EMgK apresenta uma relação entre a renda esperada de uma unidade adicional, por isso o termo marginal, do capital investido (máquinas, equipamentos, dentre outros) e de seu custo de produção. Desse modo, existe um aspecto de incerteza no investimento, visto que depende de uma renda esperada e de um custo presente para o investimento. Nesse sentido, a EMgK, é uma expectativa de renda que se relaciona com um preço de oferta corrente do bem de capital, portanto, depende da taxa de retorno que se espera obter do dinheiro investido em um bem recentemente produzido. Keynes (1983. p. 106), sobre a importância da EMgK: “[...] é de fundamental importância, por ser sobretudo através deste fator (muito mais do que pela taxa de juros) que a expectativa do futuro in�ui sobre o presente”. Por meio desses conceitos apontados, a incerteza é de suma importância na economia Keynesiana e faz com que a análise seja diferente das escolas econômicas ligadas à teoria clássica (neoclássica). Minsky (2011, p. 16): “Keynes introduziu ferramentas de análises inovadoras, como a função de consumo e a preferência pela liquidez, e empregou conceitos desconhecidos na economia convencional, como a incerteza”. Estudante, o conceito de preferência pela liquidez existe porque a moeda não é neutra na economia Keynesiana, já que a economia real depende de variáveis monetárias (como a moeda) e os agentes utilizam a moeda como um ativo que, em momentos de incertezas, podem optar por reter moeda, visto que é o ativo com maior liquidez na economia. A incerteza ocorre porque a economia depende de expectativas na visão Keynesiana, com o futuro sendo imprevisível. Como não é possível prever o futuro com 100% de previsibilidade, o que pode ser feito é ter base sobre os possíveis movimentos da economia, já que existe uma incerteza fundamental nas transações econômicas. Principalmente, quando consideramos o mercado de crédito e investimentos que tomam como base rendimentos futuros (expectativas) e contratação de dívidas (empréstimos) no período presente. Minsky (2011, 2013), um dos grandes seguidores da economia Keynesiana, trabalha com o conceito de incerteza e o mercado �nanceiro (atividade mais especulativa). Os agentes �nanceiros disponibilizam capital no presente para os investimentos, em troca da quitação do empréstimo em parcelas futuras (promessas de pagamentos). No entanto, se o planejamento não ocorre de maneira adequada e o �uxo de caixa esperado não é efetivado, a economia entra em uma fase de declínio econômico (crise). Por esses motivos levantados, existe um aspecto de incerteza nas relações econômicas de uma economia monetária de produção. praticar Vamos Praticar A história do pensamento econômico proporciona a possibilidade de analisar as modi�cações que ocorrem no pensamento econômico ao longo dos anos. Por exemplo, durante o século XX, ocorreu uma revolução no pensamento econômico por meio do surgimento das ideias da economia de John Maynard Keynes. Em relação a este economista, pode-se dizer que: a) Trabalhou com as concepções marginalistas para explicar a importância da oferta. b) Analisou o problema de luta de classes na economia, apoiando a revolução socialista. c) Seguiu a tradição clássica de atuação do governo na economia por meio da estatização. d) O foco dado na demanda agregada e na atuação estatal foi sua grande contribuição. e) Atuou a favor da estatização e planificação total da economia por meio da privatização. O domínio da escola de pensamento Keynesiano ocorreu, de forma mais incisiva, entre as décadas de 1940 e 1960, também conhecido como sistema do pós-guerra (Segunda Guerra Mundial). Durante esse período, o Estado passou a atuar na economia, por meio dos gastos do governo, para estabelecer um Estado de bem-estar social, principalmente, nos países desenvolvidos. No Brasil, também existiram governos que atuaram com uma forte atuação estatal, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e a própria ditadura militar (entre 1964-1985), esses governos também tomaram medidas semelhantes à ideia proposta por Keynes. Durante esse período, o bem-estar social foi buscado por muitos governos e o Estado atuava continuamente para estabilizar a demanda agregada e, até mesmo, para expansão em determinados momentos, logo, o Estado tinha consciência de que uma demanda efetiva baixa era prejudicial para a economia, em razão da própria memória dos tempos da Grande Depressão estar presente entre os policymakers. O Resgate NeoclássicoO Resgate Neoclássico Em 1944, ocorreu o acordo de Bretton Woods, responsável por estabelecer algumas diretrizes de como se daria a economia política internacional nas décadas seguintes. Esse acordo foi desenvolvido para restabelecer um estabilizador hegemônico para o sistema �nanceiro internacional, contudo, não mais com a Inglaterra dominando o sistema �nanceiro, mas, sim, os Estados Unidos. Esse período de prosperidade começou enfrentar as primeiras fricções na segunda metade da década de 1960, com o avanço da estag�ação (estagnação econômica e aumento da in�ação). Com isso, uma linha de pesquisadores econômicos, ligados ao pensamento Clássico (marginalista), passou a ser ouvida e suas críticas foram minando a construção do sistema pós-guerra. Já no início da década de 1970, o sistema de Bretton Woods acabou sendo desfeito. As inevitáveis pressões sobre o dólar se intensi�caram e já em 1971 Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar a uma taxa �xa com o ouro. Em 1973, o sistema de paridades �xas, mas ajustáveis, de Bretton Woods foi substituído por um sistema de �utuações sujas (BELLUZZO, 1995, p. 14). saiba mais Saiba mais As políticas Keynesianas tiveram grande impacto sobre os policymakers dos diferentes países (desenvolvidos e em processo de desenvolvimento do planeta), durante um longo período de tempo a economia Keynesiana foi a teoria dominante entre os economistas, inclusive, Keynes foi um dos mais in�uentes no acordo de Bretton Woods. Para mais informações sobre a formação e queda de Bretton Woods, consulte o artigo do professor Belluzo (1995) disponível em: ACESSAR https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643205/10754 Com o �m de Bretton Woods, autores como Hayek e Friedman, seguidores de uma tradição clássica, maior liberalização dos mercados (produtos e �nanceiro), concorrência perfeita, mão invisível e validade da lei de Say passaram a ganhar mais peso nos debates econômicos. As Proposições de Hayek e Friedman Desde a consolidação do pensamento Keynesiana nas economias globais, existiram críticas sobre o processo de maior atuação do Estado por partes de alguns autores, como é o caso de Friedrich August von Hayek (1899-1992). Ainda na década de 1940, Hayek apresentava críticas à consolidaçãodo Estado de bem-estar social promovido por meio de políticas Keynesianas. Como explicam Gennari e Oliveira (2009), Hayek entendia que a economia devia ser guiada por meio da livre força dos mercados (espontaneamente), sem que existisse um planejamento centralizado pelo Estado (seja no Estado de bem-estar social ou no socialismo). Hayek era contrário à centralização em decorrência da retirada de liberdade dos agentes econômicos e do próprio mercado, pois essa centralização seria o caminho para o totalitarismo e suas vertentes. Em sua obra “O caminho da servidão”, Hayek aponta a perda da liberdade dos indivíduos como um aspecto central para a sociedade acabar se deteriorando, em outras palavras, a sociedade passaria para uma situação de pobreza e servidão. Para que isso não ocorresse, a liberdade e o individualismo seriam valores essenciais na construção e manutenção de uma sociedade livre (GENNARI; OLIVEIRA, 2009). Em decorrência da perda da hegemonia do pensamento clássico e marginalista devido à Grande Depressão de 1929, Hayek argumentava que era necessário voltar às bases liberais, mas não deveria todo o pensamento ser considerado como imutável, em outras palavras, o pensamento liberal deveria ser modi�cado para responder aos novos argumentos da sociedade sem, no entanto, abandonar as diretrizes essenciais do pensamento econômico clássico, tais como: I) liberdade; II) livre mercado; III) sem intervenção estatal. De forma semelhante, Milton Friedman (1912-2006) foi outro importante pensador da escola econômica mundial que apoiava ideias clássicas e menor atuação do Estado na economia. Friedman foi o responsável pela contrarrevolução neoclássica durante o �nal da década de 1960 e 1970, fazendo com que o liberalismo voltasse com maior força entre os policymakers. Uma de suas principais obras é o livro “Capitalismo e Liberdade” de 1962. Gennari e Oliveira (2009) explicam que Friedman argumentava que as liberdades individual e econômica andavam na mesma direção, logo, sem a liberdade econômica não pode haver liberdade individual, tampouco na sociedade. Foi um fervoroso defensor da “estabilidade monetária”, da “liberdade econômica”, da propriedade privada e da democracia. Em seu livro, Friedman (1977) explica que a organização econômica tem papel central para uma sociedade livre, na medida em que a liberdade econômica capitalista permite um nível de satisfação superior e, ao mesmo tempo, torna- se um instrumento essencial para que a liberdade política na sociedade possa ocorrer ao longo do tempo. Durante parte da década de 1960 a estag�ação foi um dos grandes problemas das economias capitalistas desenvolvidas, assim, Friedman buscou explicar o fenômeno in�acionário por meio de conceitos Monetaristas (escola cujo precursor foi Friedman), isto é, a in�ação seria um fenômeno monetário decorrente da irresponsabilidade do Estado em atuar na economia, produzindo dé�cits que acabavam resultando em expansão monetária. Nesse sentido, Friedman concorda com a Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) de que expansões monetárias, a longo prazo, acabam impactando somente o nível de preços. Porém, os políticos poderiam reduzir a taxa de desemprego, a curto prazo, por meio de políticas monetárias expansionistas (aumento da oferta de moeda), isso porque as expectativas na economia seriam do tipo adaptativas. Carvalho et al. (2015, p. 121) explicam que Friedman “apoia suas ideias no tripé: taxa natural de desemprego, curva de Phillips e expectativas adaptativas”. A taxa natural de desemprego refere-se ao ponto de equilíbrio de quando a economia não está sob efeito de nenhuma intervenção do governo. A curva de Phillips refere-se ao trade-o� existente entre in�ação e desemprego, Friedman introduziu uma forma aceleracionista da curva de Phillips. Por �m, a expectativa adaptativa diz que os agentes econômicos formam suas expectativas de preços com base nos acontecimentos passados (CARVALHO et al., 2015). A taxa de desemprego natural é dada por Un e a taxa de desemprego procurada pelo governo é U*, isto é, abaixo da taxa natural. Como os agentes econômicos foram expectativas adaptativas (olhando para o passado), modi�cações não esperadas na oferta de moeda fazem com que a economia caminhe para uma posição de menor desemprego. Contudo, após os agentes econômicos perceberem que a variação de preços foi maior que sua expectativa, a economia volta ao ponto natural. Na Figura 4.2, é possível notar esse processo de: I) expectativa adaptativa; II) curva de Phillips; III) taxa natural de desemprego. Partindo do ponto “A”, um choque monetário faz com que a economia caminhe para o ponto “B” (menor desemprego e maior nível de preços). Com os agentes notando a diferença do preço com suas expectativas, a economia volta ao nível de desemprego Figura 4.2 - Curva de Phillips aceleracionista Fonte: Carvalho et al. (2015, p. 125). natural, mas, com maior preço, no ponto “C”. Desse modo, o governo faria um novo choque monetário e ocorreria o mesmo processo, por isso o nome de curva de Phillips aceleracionista, visto que a tentativa de diminuir o desemprego abaixo do nível natural faria com que os preços aumentassem cada vez mais na economia. Por �m, cabe destacar que ambos economistas foram agraciados com o Prêmio Nobel de Economia em consequência de suas grandes contribuições para o pensamento econômico mundial ao longo de toda sua vida. Suas políticas foram responsáveis por grandes mudanças no pensamento econômico e impactaram na forma que os policymakers atuavam na política econômica a partir da década de 1970. O Supply Side Economics Com a contrarrevolução monetarista, a maioria dos economistas e policymakers passaram a guiar-se pela ideia de liberalismo e livre mercado, em outras palavras, voltaram à ideia de que o foco da economia devia ser pela oferta, em detrimento à demanda, como os economistas clássicos e marginalistas já trabalhavam nos séculos anteriores. Em decorrência do aumento da fama de Friedman e da popularização de suas ideias, novos modelos e escolas passaram a surgir, guiando-se, principalmente, pelos conceitos apresentados no parágrafo anterior. Ao longo do tempo modi�cações e novas demandas surgiram em relação à economia, portanto, novas escolas emergem para responder às novas questões. Por exemplo, após a contrarrevolução monetarista, escolas como Novo- Clássica e Ciclos Reais de Negócios procuraram avançar, ainda mais, na concepção de uma economia voltada à oferta. O grande desenvolvimento da escola Novo-Clássica foram as expectativas racionais alavancadas pelos trabalhos de Lucas. Basicamente, as expectativas racionais argumentam que os agentes maximizam sua utilidade ao utilizar todas informações disponíveis (passado e futuro). Ao se a�rmar que as expectativas são racionais supõe-se que todo e qualquer agente possui o mesmo modo de entender a economia e que tal modo corresponde à verdadeira forma de operação da economia. Por exemplo, todos sabem que um aumento da oferta monetária provocará in�ação [...] Assim, um aumento da oferta de moeda anunciada pelo governo representa apenas uma mensagem de que preços e salários irão se elevar; então, a única reação dos agentes deve ser se antecipar elevando os preços e salários da economia [...] Em outras palavras, uma política monetária expansionista será ine�caz para alterar variáveis reais, por exemplo, o nível de emprego e o produto (CARVALHO et al., 2015, p. 134). Desse modo, a curva de Phillips não apresenta um tradeo� entre in�ação e desemprego, isto é, a “curva” é uma reta vertical na medida em que políticas monetárias, anunciadas expansionistas acabam impactando somente nos preços, mesmo a curto prazo. Somente existe uma forma da política monetária impactar no curto prazo: por meio de uma surpresa monetária que os agentes econômicos não conseguem prever. No entanto, existe um custo de perder a credibilidade nesse caso, assim, os agentes econômicos não mais acreditam em políticas ditas pelo governo. praticar Vamos Praticar A segunda metadedo século XX foi responsável por apresentar uma nova modi�cação no pensamento econômico, a partir da contrarrevolução monetarista, cujo maior expoente foi Milton Friedman. Em relação a esse pensador, pode-se dizer que: a) Aumentou a importância da demanda agregada e atuação estatal. b) Trabalhou com a concepção Keynesiana de maior atuação do Estado na economia. c) Alterou a maneira de analisar a economia, apoiando a planificação econômica. d) Voltou as ideias clássicas de livre mercado e menor intervenção estatal. e) Seguiu Hayek nos argumentos a favor da atuação estatal em prol de ciclos de alta. Com o avanço das ideias liberais no capitalismo contemporâneo, passou a ocorrer um debate entre a melhor forma de atuação do governo, isto é, mais governo ou menos governo e, além disso, como se daria a atuação do governo. Por um lado, os Keynesianos argumentavam sobre a importância da atuação governamental para a reversão de expectativas negativas sobre a economia. Por outro lado, os autores Liberais, também chamados de Neoliberais, tais como: I) Monetaristas; II) Novo-Clássicos; III) Ciclos Reais de Negócios, que eram os mais in�uentes após 1970, respaldaram a não intervenção governamental e, por consequência, que a livre força dos mercados seria capaz de manter o equilíbrio econômico ao longo do tempo, impulsionando o bem-estar da sociedade. Estudante, lembre-se de que o debate entre intervenção ou não na economia vem desde as ideias apresentadas por Keynes na década de 1930. Como explica Sayad (2015, p. 19): As ideias de Keynes foram apresentadas inicialmente, de forma segmentada, em seminários na London School of Economics, onde Antecedentes do Novo ConsensoAntecedentes do Novo Consenso estava também o economista austríaco Friedrich Hayek, convidado especialmente para combater as ideias ainda iniciais de Keynes. Hayek argumentava que tentativas de intervenção criariam uma solução efêmera que não resolveria o problema. Desemprego e baixo nível de atividade teriam que ser resolvidos espontaneamente pelo funcionamento do mercado (SAYAD, 2015, p. 19). Em suma, existia um debate entre a intervenção (Keynesiano) e não intervenção (Neoliberais), sendo estes a maioria (mainstream). Por essa lógica trabalhada, começaram surgir economistas após a década de 1970 que procuraram sintetizar as duas ideias e tentar manter um equilíbrio teórico estável entre o curto (Keynesianos) e longo (Neoliberais) prazo nas preocupações econômicas. Essa escola econômica �cou conhecida como os Novos-Keynesianos. Os Novos-Keynesianos foram autores que procuraram sintetizar as duas ideias ao argumentar que rigidezes no curto prazo, como o salário, custo de obter informações, custo de menu (custo de trocar preço), em suma, rigidezes de preços e salários faziam com que existisse escopo para o Estado atuar na economia no curto prazo, no entanto, no longo prazo, o conceito teórico neoliberal seria o válido. Nesse sentido, como ressalta Sayad (2015, p. 80): Todo o pensamento econômico se deslocou no sentido dos clássicos. Mesmo os herdeiros Keynesianos passam a tratar como problema importante da macroeconomia a rigidez de preços nominais. E explicam essa rigidez como resultados dos custos de obter informações, da distribuição assimétrica de informações. A economia, uma ciência conservadora, se tornou mais conservadora (SAYAD, 2015, p. 80). Isso posto, a escola Novo-Keynesiana procurou trabalhar em uma espécie de “meio-termo” entre Keynesianos e neoliberais. No entanto, apesar de constar o nome “Keynesiano” nessa escola econômica, a maior parte de sua construção teórica segue as escolas neoclássicas (neoliberais), visto que acreditam que haveria apenas um curto espaço para a atuação do Estado e que essa atuação ocorreria em consequência de rigidezes de curto prazo na economia. O Novo Consenso Macroeconômico A escola Novo-Keynesiana foi a responsável por apresentar os conceitos elementares para buscar um consenso no debate econômico. Em decorrência de trabalhar com conceitos para curto e longo prazo, a escola Novo- Keynesiana tornou-se uma corrente dominante no pensamento econômico global. Existe um grande número de economistas do mainstream, policymakers, professores, autores dos mais famosos livros didáticos (Blanchard e Mankiw), pro�ssionais em órgãos internacionais, como Banco Mundial ou FMI (Janet Yellen), que seguem a linha Novo-Keynesiana. Com o avanço do pensamento econômico ao longo do século XX, os economistas procuraram encontrar uma espécie de consenso para que os governos utilizassem de uma estrutura teórica sólida para promover o crescimento e desenvolvimento econômico. A procura por essas ideias resultou no Novo Consenso Macroeconômico entre a década de 1980 e 1990. Cabe ressaltar que, apesar do nome “consenso”, as ideias gerais delineadas pelos autores tinham como maior foco as ideias neoliberais, isto é, a menor atuação do Estado na economia de forma direta e, sim, como um regulador das atividades econômicas. Nesse sentido, o Novo Consenso Macroeconômico (NCM) foi desenvolvido em bases (neo)liberais. Mishkin (2011) explica quais são as bases do NCM: I) a in�ação é um fenômeno monetário; II) importância da estabilidade de preços; III) inexistência de um trade-o� (longo prazo) entre in�ação e desemprego; IV) expectativas como elemento central para determinar in�ação e transmissão da política monetária; V) validade do princípio de Taylor; VI) inconsistência temporal da política monetária; VII) Banco Central independente; VIII) utilização de âncora nominal; IX) fricção �nanceira impacta no ciclos de negócios. Note que a maior parte do NCM preocupa-se em resolver um debate profundo na economia, o efeito da Política Monetária (PM) na economia. A maior parte do trabalho foca em fenômenos monetários e o porquê de não existir efeito permanente na economia, por isso, apesar do termo “consenso”, as bases elementares são neoliberais. Basicamente, o princípio de Taylor diz que a taxa de juros nominal precisa aumentar proporcionalmente mais do que a in�ação (aumento real na taxa de juros) para que exista impacto sobre a economia no sentido de diminuir a in�ação. Outras questões importantes para se esclarecer sobre os aspectos do NCM, levantados por Mishkin (2011), são a relação entre Banco Central Independente, as expectativas e a inconsistência temporal da PM. O NCM argumenta que as expectativas são essenciais para a trajetória in�acionária e o impacto da PM e, até mesmo por isso, um Banco Central independente, que não esteja à mercê de um determinado governante, teria maior incentivo para ter uma PM autônoma que se preocupe com as expectativas e a trajetória in�acionária. Por �m, a inconsistência temporal da política monetária fornece bases para toda a estrutura do modelo, tendo sido desenvolvida por autores de linha neoclássica. Essa inconsistência temporal ocorre quando o policymaker do Banco Central estabelece um compromisso com determinada meta de in�ação, mas acaba desviando-se do caminho para conseguir in�uenciar o produto real no curto prazo. Com o passar do tempo, o resultado é a perda da credibilidade e abalo das expectativas. Por isso, um Banco Central Independente, que atue por meio de regras em detrimento de atuação discricionária, seria mais e�ciente. Carvalho et al. (2015, p. 149) argumenta sobre o NCM, principalmente, em relação à Política Monetária (PM), na medida em que concorda que a PM é neutra em modi�car a economia real no longo prazo. Em suas palavras: [...] estabelece que uma taxa de in�ação baixa e estável é condição sine qua non para o crescimento de longo prazo e que não há trade- o� no longo prazo entre in�ação e desemprego. Outra característica do novo consenso é que a discricionariedade na condução da política monetária deve ser limitada: deve haver alguma discricionariedade para acomodar choques de demanda e evitar volatilidade excessiva do produto (CARVALHO et al., 2015, p. 149). Por esses aspectos elencados, pode-se argumentar que a base e estrutura do NCM é neoliberal.Agora, vamos analisar esses conceitos e o caso brasileiro. No Brasil, muitas das nove ações foram implementadas (mesmo que parcialmente) e algumas são debatidas até os dias atuais. Por exemplo, o sistema de metas de in�ação (SMI) tem como base o NCM, inclusive, é utilizada a Regra de Taylor para a condução da PM. Já nos dias atuais, existe um amplo debate sobre se o Banco Central deveria ser independente, principalmente, após a crise político-econômica iniciada em 2015 no país. saiba mais Saiba mais O artigo de Mishkin de 2011 “Monetary Policy Strategy: Lessons from the Crisis” é muito interessante para a compreensão sobre as bases (NCM) que a economia atuou ao longo das décadas anteriores à eclosão da crise �nanceira internacional de 2008, inclusive, entre as páginas 2 e 3 o autor apresenta os nove princípios do NCM. Para mais informações sobre o NCM e a crise consultar seu trabalho. ACESSAR https://www.imf.org/external/np/seminars/eng/2011/res2/pdf/fm.pdf Ainda em relação ao Brasil, o país adotou muitas das políticas nessa linha de pensamento econômico (neoliberal), tais como: I) maior liberalização do mercado interno (abertura econômica de bens e serviços); II) liberalização �nanceira (abertura do mercado �nanceiro); III) tripé macroeconômico. O tripé macroeconômico foi baseado na utilização do regime cambial �utuante (sem intervenção em manter determinada taxa), RMI e metas �scais (controle sobre os gastos do governo). praticar Vamos Praticar Na segunda metade do século XX, ocorreram tentativas para sintetizar ideias ditas Keynesianas e clássicas para chegar a uma espécie de “consenso” na economia e, assim, facilitar a atuação dos agentes econômicos responsáveis por elaborar as saiba mais Saiba mais Para mais informações sobre o Regime de Metas de In�ação (RMI) e o Novo Consenso Macroeconômico, consulte o trabalho de Paula e Saraiva (2015), com o título de “Novo Consenso Macroeconômico e Regime de Metas de In�ação: algumas implicações para o Brasil”. ACESSAR http://www.luizfernandodepaula.com.br/ups/novo-consenso-macroeconomico-e-regime-de-metas-de-inflacao-revista-ipardes.pdf políticas econômicas em cada país. Desse modo, qual escola econômica sintetizou ideias de curto e longo prazo? a) Keynesiana. b) Clássica. c) Monetarista. d) Novo-Keynesiana. e) Novo-Clássica. A evolução do pensamento econômico passou por diferentes modi�cações ao longo do século XX, principalmente, sobre maior e menor intervenção estatal na economia. Contudo, a partir da década de 1970, foi consolidando-se um pensamento econômico de ordem liberal ou neoliberal, baseado nas vertentes das escolas neoclássicas (principalmente Novo-Clássica e Novo- Keynesiana). Essas ideias foram sendo difundidas pelos países desenvolvidos, órgãos multilaterais (FMI, Banco Mundial) e o consenso parecia ter alcançado o almejado equilíbrio econômico entre as décadas de 1970 e 2000. Durante esse período, a globalização comercial e �nanceira foi incentivada, países passaram a integrar sua economia às outras, sejam países desenvolvidos ou em processos de desenvolvimento (como o Brasil). Em particular, os países em desenvolvimento começaram a maior liberalização da economia após o início da década de 1990. Cabe destacar que, durante essas décadas, ocorrem períodos de crises, no entanto, nada próximo à Grande Depressão. São exemplos de crises na década de 1990: a do México (1994), a Asiática (1997), a da Rússia (1998), a do Brasil (1999), a dos EUA (2000) e a da Argentina (2001). Pensamento EconômicoPensamento Econômico ContemporâneoContemporâneo Apesar de momentos de instabilidade, o foco era sobre a maior liberalização e integração dos mercados, inclusive, a união monetária na Europa ocorreu durante esse período, sendo o acordo inicial assinado em 1993 e com novas rodadas nos anos seguintes. Foi durante esse período que o Brasil também passou pela maior integração econômica e seguiu as ideias de privatizações de suas empresas estatais. Apesar da consolidação do pensamento econômico como um consenso (NCM), alguns economistas considerados heterodoxos (os de linha Keynesiana) argumentavam que esse processo de globalização, privatização e de saída do Estado da economia seria responsável por proporcionar instabilidades no sistema e que poderia desembocar em uma grande crise econômica. No entanto, suas ideias não eram muito debatidas entre os policymakers. Contudo, no �nal da década de 2000, mais especi�camente em 2008, ocorreu a eclosão da grande crise �nanceira mundial, iniciada nos Estados Unidos, no segmento subprime, que foi responsável por levar fortes instabilidades nos mercados �nanceiros e, por consequência, nos reais nas economias globais. Em decorrência da forte interligação (liberalização �nanceira) existente entre os mercados, uma crise iniciada em um “pequeno” segmento do mercado �nanceiro imobiliário foi a responsável por colocar toda a economia em uma Grande Recessão, demonstrando o perigo do efeito sistêmico existente em economias interligadas. Análise dos Principais Efeitos Um dos grandes motivos para a eclosão da Grande Recessão foi a desregulamentação dos mercados �nanceiros globais, principalmente, nos EUA. Isso fez com que os bancos passassem por uma postura de maior alavancagem entre seus ativos e passivos e, também, utilizassem de inovações �nanceiras para conseguir avançar no mercado �nanceiro e garantir maior lucratividade para seus acionistas. O setor econômico, principalmente, guiado pelo setor �nanceiro, passou por um grande boom econômico no início da década de 2000, porém, em 2008, a bolha �nanceira estourou. Muitos economistas ligados ao neoliberalismo não acreditavam que seria possível uma crise dessa proporção e, também, alguns argumentaram que a causa da crise foi devido à intervenção do governo que baixou em demasia a taxa de juros após a crise de 2000 (crise “pontocom”). No entanto, apesar desse fato in�uenciar a eclosão da crise, a rápida e profunda liberalização dos mercados foi a grande responsável pela crise, liberalização esta que sempre foi apoiada pela escola mainstream do pensamento econômico mundial (Novo-Clássica e Novo-Keynesiana), na medida em que seguiam a ideia da Hipótese dos Mercados E�cientes (HME). Isto signi�ca que, de acordo com essa hipótese, os mercados �nanceiros distribuem os recursos disponíveis para investimento da melhor forma possível entre os tomadores e fazem isso sem colocar em risco a estabilidade do sistema como um todo (CARVALHO et al., 2015, p. 345). Uma das questões que a crise �nanceira internacional deixou claro é de que, em consequência da liberalização e interligação dos mercados, a economia pode passar por um efeito de contágio e risco sistêmico. Isso ocorre porque instabilidades ou crises em setores restritos do mercado �nanceiro podem ser repassados para outros mercados, ampliando o impacto da crise na economia e, por consequência, no bem-estar da sociedade de maneira geral. Análise de Conjuntura Atual Apesar de a história do pensamento econômico em um primeiro momento estar relacionada ao desenvolvimento do pensamento econômico no passado, não podemos nos esquecer de que o debate ocorre até os dias atuais. Consequentemente, nós - como economistas e futuros economistas - participamos do processo de aprendizagem e evolução no pensamento econômico. Após a crise de 2008, abriram-se novas possibilidades de atuação do Estado na economia para reverter o ciclo de pessimismo mundial. A crise �nanceira e econômica global de 2008 a 2009, com suas amargas consequências, continua forçando os formuladores de políticas econômicas a revisar conceitos. Primeiro, foi a quebra do Lehman Brothers (grande banco de investimento americano), que revelou o quanto os responsáveis pela política econômica haviam subestimado os perigos vinculados ao sistema �nanceiro, e demonstrou os limites da política monetária. Em seguida, foi a crise da zona do euro, o que os obrigou a repensar o funcionamento dos mercados monetários e a política �scal. Por tudo isso,tiveram que improvisar, implementando desde políticas monetárias heterodoxas, passando pelo fornecimento de um estímulo �scal inicial e depois optando por acelerar a consolidação �scal, até chegar ao uso de instrumentos macroprudenciais (BLANCHARD; DELL’ARICCIA; MAURO, 2016, p. IX). Entre a década de 1970 e 2008, a Política Monetária (PM) foi utilizada apenas para o controle da in�ação, ao estilo neoclássico, como se a estabilidade de preços fosse o su�ciente para garantir o equilíbrio econômico de curto e longo prazo na economia por meio da PM. No entanto, desde a crise de 2008, a utilização de PM expansionista (aumento de oferta de moeda) e a continuação de baixa in�ação, abriu-se novamente o debate sobre a melhor forma de utilização da PM e seus efeitos sobre a economia ao longo do tempo. Em relação à Política Fiscal (PF), novos debates também surgiram, entre 1970 e 2008, o foco foi dado em uma PF “responsável”, isto é, que o governo conseguisse produzir superávit �scal ou primário para que a trajetória da dívida pública fosse declinante ao longo do tempo. Contudo, Eberly (2016) ressalta que as considerações sobre a PF, após a crise �nanceira internacional, envolvem tentar um equilíbrio entre crescimento sustentável (reduzindo desemprego) e �nanças públicas saudáveis. Outra questão é sobre manter um controle macroprudencial, em outras palavras, uma espécie de controle que não observe apenas as instituições (empresas, bancos etc.) individualmente, mas, sim, as possíveis interligações entre as mesmas e o potencial de risco global na atividade. Atenção: a falta de medidas de risco macroprudencial esteve no cerne do desenvolvimento da crise �nanceira internacional, visto que apenas medidas de riscos para cada instituição eram utilizadas. Como pode ser observado ao longo dessa seção, a história do pensamento econômico está muito viva nos dias atuais, o debate é grande, difícil e complexo, não é mesmo? Por isso, grandes economistas e instituições internacionais têm debatido intensamente como seguir o crescimento e desenvolvimento econômico. Assim, livros como “O que nós aprendemos? A política macroeconômica após a crise”, organizado por economistas de grande renome internacional, como Arkelof, Blanchard, Stiglitz e Romer (2016), é uma leitura muito interessante para evoluir em seu conhecimento. praticar Vamos Praticar Apesar da forte in�uência das concepções neoclássicas (neoliberais) na economia após a década de 1970, a crise �nanceira internacional de 2008 fez com que o debate sobre a atuação do Estado na economia voltasse à tona. Assim, pode-se dizer que: a) Antes da crise financeira ocorreu um processo de forte regulamentação econômica. b) A atuação estatal aumentou fortemente, baseada no Novo Consenso Macroeconômico. c) A base de regulamentação foi desenvolvida para maior planificação e estatização. d) A crise de 2008 proporcionou uma nova rodada de debates sobre a política econômica. e) Após o fim da crise financeira, a economia voltou-se para as ideias neoclássicas. indicações Material Complementar LIVRO O Que Nós Aprendemos? Arkelof et al Editora: Alta Books ISBN: 978-0-262-02734-2 Comentário: Livro apresenta o debate atual sobre as possibilidades de políticas econômicas que o Estado tem à sua disposição e quais seriam os limites dessas políticas. O livro procura entender e apresentar ideias para os questionamentos recentes acerca da economia capitalista. FILME A Grande Aposta. Ano: 2016 Comentário: Filme muito interessante que retrata o mercado �nanceiro dos EUA pouco antes da eclosão da crise �nanceira de 2008, assim, como o período da crise. O �lme consegue apresentar fatos que realmente aconteceram durante a crise, sendo um modo interessante de entender os aspectos básicos sobre o tema. T R A I L E R conclusão Conclusão Em virtude dos conceitos apresentados ao longo da unidade, conclui-se que o pensamento econômico passou por grandes modi�cações entre o século XX e XXI. Na primeira metade do século XX, ocorreu a revolução Keynesiana, responsável por modi�car a lógica de observar a economia, ressaltando a importância da demanda e da atuação governamental. Já na segunda metade do século XX, a economia passou pela contrarrevolução Monetarista que apresentou a necessidade de voltar aos conceitos clássicos e pavimentar o caminho para novas escolas econômicas, tais como: I) Novo-Clássica; II) Ciclos Reais de Negócios; III) Novo-Keynesiana, que foram responsáveis pela formatação do Novo Consenso Macroeconômico por meio das ideias neoliberais. Contudo, após a crise �nanceira de 2008 (Grande Recessão), os economistas estão procurando entender melhor o funcionamento das políticas macroeconômicas. referências Referências Bibliográ�cas BLANCHARD, O.; DELL’ARICCIA, G.; MAURO, P. Introdução: repensando a política macroeconômica II - Esmiuçando. Org. AKERLOF, G. et al. O que nós aprendemos: a política macroeconômica no pós-crise. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016. BELLUZZO, L. G. M. O declínio de Bretton Woods e a emergência dos mercados “globalizados”. In: Economia e Sociedade, 11-20, 1995. CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e �nanceira: teoria e política. 3 ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. EBERLY, J. De�nindo o papel ressurgente da política �scal. Org. AKERLOF, G. et al. O que nós aprendemos: a política macroeconômica no pós-crise. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016. FRIEDMAN, M. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Arte Nova, 1977. GAZIER, B. A crise de 1929. Porto Alegre: L&PM, 2013. GENNARI, A. M.; OLIVEIRA, R. História do pensamento econômico. São Paulo: Saraiva, 2009. KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Abril Cultural, 1983. MINSKY, H. P. John Maynard Keynes. Campinas: Editora da Unicamp, 2011. MINSKY, H. P. Estabilizando uma economia instável. 2 ed., Osasco: Novo Século Editora, 2013. MISHKIN, F. S. Monetary Policy Strategy: Lessons from the Crisis. NBER Working Paper, n. 16755, 2011. SAYAD, J. Dinheiro, dinheiro: in�ação, desemprego, crises �nanceiras e bancos. 1 ed., São Paulo: Porfolio Penguin, 2015. IMPRIMIR
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