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apostila LOg Rev (1)

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Logística
 
Reversa
 
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Sustentabilidade
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Logística Reversa e Sustentabilidade
Profa João Carlos Barreto
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SumÁrio
Ciclos fechados na fase de produção	5
Aspectos gerenciais	6
Aspectos técnicos	6
Aspectos operacionais	6
Classificação dos Produtos Retornados	8
Diferenças entre fluxo direto e reverso	8
Relação entre Custos Logísticos Diretos e Reversos	9
Logistica reversa de pós-venda	10
Legislação ambiental:	10
Tabela 1 – Percentual de Retorno de Produtos.	12
Tabela 2 – Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa.	13
Bons Controles de Entrada	13
Processos padronizados e mapeados	13
Tempo de ciclo reduzidos	13
Sistemas de informação	14
Rede logística planejada	14
Relações colaborativas entre clientes e fornecedores	14
Logistica reversa – estratégia	18
Instrumento para Aumentar Lucratividade:	19
Protocolo de Kyoto	23
Sustentabilidade no Brasil	24
Desenvolvimento Sustentável	26
Desenvolvimento X Sustentabilidade?	27
Dimensões da Sustentabilidade	28
Sustentabilidade Social	28
Sustentabilidade Econômica	28
Sustentabilidade Ecológica	29
Sustentabilidade Espacial	29
Sustentabilidade Cultural	29
Responsabilidade Socioambiental	30
Terceiro Setor	30
Fundações	31
Entidades Beneficentes	31
Fundos Comunitários	31
Entidades Sem Fins Lucrativos	31
ONG’s (Organizações Não Governamentais)	31
Empresas com Responsabilidade Social	31
Pessoas Físicas	32
Política Ambiental	32
Legislação Ambiental	32
Certificações	33
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Caro aluno, neste módulo iremos tratar de um assunto muito importante e interessante: LOGÍSTICA REVERSA. Logística Reversa também conhecida como logística verde e ligada às questões de SUSTENTABILIDADE.
A empresa do futuro não se preocupará apenas em fa- bricar, vender e distribuir. O interesse pela conservação do meio ambiente fará com que elas também sejam responsá- veis pelo recolhimento, tratamento e reciclagem dos resí- duos de seus produtos, como ocorre atualmente em alguns países da Europa, no caso das baterias de telefone celular.
Usualmente, pensando em logística como o gerencia- mento do fluxo de materiais desde seu ponto de aquisição até o seu ponto de consumo. No entanto, existe também um fluxo logístico reverso, do ponto de consumo até o pon- to de origem, que precisa ser gerenciado. Esse fluxo logís- tico reverso é comum para uma boa parte das empresas.
Por exemplo, fabricantes de bebidas têm de gerenciar todo o retorno de embalagens (garrafas) dos pontos de
venda até seus centros de distribuição. As siderúrgicas usam como insumo de produção, em grande parte, a su- cata gerada por seus clientes e, para isso, usam centros coletores de carga.
A indústria de latas de alumínio é notável no seu gran- de aproveitamento de matéria-prima reciclada, tendo de- senvolvido meios inovadores na coleta de latas descarta- das. Existem ainda outros setores da indústria nos quais o processo de gerenciamento da logística reversa é mais recente, como na indústria de eletrônicos, varejo e au- tomobilística. Esses setores também têm de lidar com o fluxo de retorno de embalagens, de devolução de clientes ou do reaproveitamento de materiais para produção.
Este não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso de sucata na produção e reciclagem de vidro tem sido praticados há bastante tempo. Por outro lado, tem-
-se observado que o escopo e a escala das atividades de reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado consideravelmente nos últimos anos.
Environmental Footprint = “Rastro” ou “Pegada” Ambiental de uma cadeia de suprimentos é a conseqüência causada ao meio-ambiente por fluxos materiais (sólidos, líquidos e gasosos) e energéticos que deixam o sistema definido por ela.
Cadeias compostas de fluxos diretos e reversos for- mando “ciclos” que fazem materiais usados retornarem a pontos anteriores da rede para re-utilização ou re-proces- samento para nova utilização.
Ciclos fechados na fase de produção
· Materiais produtivos obsoletos e consumíveis: óleo lubrificante usado em processos, paletes e contêineres de transporte interno em fim de vida útil, entre outros;
· Refugo de produção;
· Produtos defeituosos - não atendem aos padrões de qualidade.
Ciclos fechados na fase de distribuição
· Devoluções ou retornos comerciais - produtos
vendidos com uma opção de devolução ao cliente;
· Entregas erradas - clientes devolvendo produtos porque foram entregues muito cedo, muito tarde, com defeito ou fora das especificações do pedido;
· Recalls - com produtos devolvidos quando defei- tos reais ou potenciais são identificados pelo pró- prio fabricante e os clientes são solicitados a de- volverem os produtos defeituosos para reposição ou reparo;
· Contêineres de distribuição - como cartuchos de tinta para impressora, garrafas retornáveis de be- bidas, entre outros, que são itens usados para fa- cilitar a distribuição adequada dos produtos;
· Produtos em final de leasing - devolvidos ao fa-
bricante.
Ciclos fechados na fase de uso
· Itens que deverão retornar aos seus próprios do- nos ao final do ciclo - itens que sofrem recall ou itens sob garantia, que são devolvidos, reparados e mandados de volta ao usuário.
Ciclos fechados na fase de final de vida
econômica
· Produtos em final de vida útil - enviados de volta
ao produtor ou distribuidor;
· Embalagens em final de vida útil - enviadas de volta para re-utilização ou reciclagem para uso como embalagem ou outros produtos.
Aspectos gerenciais
Motivação empresarial (por que fechar o ciclo?)
· Lucro (custos)
· Pessoas (Procon)
· Ecologia (PNRS - Política Nacional de Resíduos Só- lidos – Lei 12.305/2010)
Aspectos técnicos
· Critérios para aceitar devolução
· Definição: “sem uso” ou “boas condições”
· O que fazer: limpar, reembalar, reparar, …
· Tipo de transporte (evitar contaminação do pro-
duto “bom”)
· Armazenagem
· Exigências legais e técnicas
Aspectos operacionais
· Perda e recuperação de valor em devoluções co- merciais
· Causas evitáveis de devoluções comerciais
· Defeitos ou danos no produto (hardware ou sof-
tware)
· Cliente com informações insuficientes a respeito da especificação técnica e desempenho do pro- duto
· Cliente com informação insuficiente sobre como
fazer a instalação do produto
· Cliente com informação insuficiente sobre o uso do produto
· Perda de valor no tempo de produtos devolvidos.
Classificação dos Produtos Retornados
· Reciclado: é reduzido à forma primária, uso como matéria-prima/aproveitamento de componentes;
· Recondicionado: bom estado, limpeza/revisão;
· Renovado: igual ao recondicionado, envolve mais tempo de reparo;
· Remanufaturado: igual ao renovado, envolve desmontagem e recuperação;
· Revenda: pode ser vendido como novo.
Diferenças entre fluxo direto e reverso
Relação entre Custos Logísticos Diretos e Reversos
LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO
CANAIS REVERSOS DE PÓS-CONSUMO
1. LEILÕES INDUSTRIAIS.
2. AUTOMÓVEIS.
3. ELETRODOMÉSTICOS.
4. COMPUTADORES E PERIFÉRICOS.
5. BATERIAS DE AUTOMÓVEIS.
6. EMBALAGENS DESCARTÁVEIS.
7. RESÍDUOS INDUSTRIAIS.
Logistica reversa de pós-venda
Existe uma clara tendência de a LEGISLAÇÃO AMBIENTAL caminhar no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos. Isso significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e pelo impacto que estes produzem no meio ambiente.
Um segundo aspecto diz respeito ao aumento da consciência ecológica dos consumidores, que esperam que as em- presas reduzam os impactos negativos de sua atividade no meio ambiente. Isso tem gerado ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional “ecologicamente correta”.
Os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberaisde retorno de produtos. Essa é uma vantagem percebida na qual os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de produtos danificados. Isso envolve, é claro, uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados.
Esta é uma tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca.
Legislação ambiental:
· CEE - Diretiva 94/12, OCDE/2001 - Extended Producer Responsibility - EPR: embalagens e resíduos de embalagens.
· Resolução CONAMA no. 9 - 31/08/93: óleos não-recicláveis.
· Resolução CONAMA no. 257 - 30/07/99: Pilhas e baterias.
· Resolução CONAMA no. 258 - 26/08/99: pneus.
· Lei no. 3.369 - 07/01/2000 - Estado do RJ (garrafas e embalagens plásticas); Lei 10.813 (a partir de 25/05/2002) - Estado de SP (amianto em componentes automotivos).
· PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos (agosto/2010)
· Ecoeficiência em Cadeias Produtivas (Cap 4 - Tópicos emergentes e desafios metodológicos em engenharia de pro- dução: casos, experiências e proposições - Volume IV, ABEPRO, 2011 – no prelo)
· Consciência ecológica dos consumidores
As iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas – REDUÇÃO DE CUSTOS. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.
Além disso, os reforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados.
Caro aluno, agora iremos tratar do processo de Logística Reversa e o conceito de CICLO DE VIDA.
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Por trás do conceito de logística reversa está um con- ceito mais amplo, que é o do “ciclo de vida”. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danifi- cados, ou não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, re- parados ou reaproveitados. Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de compra de matéria-
-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do seu fluxo reverso.
Do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de ava- liar qual o impacto de um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida.
Essa abordagem sistêmica é fundamental para planejar a utilização dos recursos logísticos de forma a contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos Nesse con- texto, podemos então definir logística reversa como sendo o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consu- mo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado.
O processo de logística reversa gera matérias reapro- veitadas que retornam ao processo tradicional de supri- mentos, produção e distribuição.
Esse processo é geralmente composto por um conjun- to de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de repro- cessamento, revenda ou de descarte.
Existem variantes com relação ao tipo de reprocessa- mento que os materiais podem ter, dependendo das condi- ções em que estes entram no sistema de logística reversa.
Os materiais podem retornar ao fornecedor quando houver acordos nesse sentido; podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comerciali- zação; podem ser recondicionados, desde que haja jus- tificativa econômica; podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação.
Todas essas alternativas geram materiais reaproveita- dos, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser o seu descarte final.
Bem, agora para fixar melhor todas essas questões e principalmente sobre o ciclo de vida do produto e o pro- cesso logístico reverso assista o vídeo a seguir.
 (
vídeo
 
fonte
http://www.youtube.com/watch?v=QCoQgRuu050
)
A natureza do processo de logística reversa, ou seja, quais as atividades que serão realizadas dependem do tipo de material e do motivo pelo qual estes entram no siste- ma. Os materiais podem ser divididos em dois grandes grupos: produtos e embalagens. No caso de produtos, os fluxos de logística reversa se darão pela necessidade de reparo, reciclagem, ou porque, simplesmente, os clientes os retornam.
A tabela 1 abaixo mostra taxas de retorno devido a clientes, típicas de algumas indústrias. Note que as taxas de retorno são bastante variáveis por indústria e que, em algumas delas, como na venda por catálogos, o geren- ciamento eficiente do fluxo reverso é fundamental para o negócio.
Tabela 1 –Percentual de Retorno de Produtos.
	Indústria
	Percentual de retorno
	Vendas por catálogo
	18 - 35%
	Computadores
	10 - 20%
	Impressoras
	04 - 08%
	Peças automotivas
	04 - 06%
	Produtos eletrônicos
	04 - 05%
O fluxo reverso de produtos também pode ser usa- do para manter os estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção de itens de baixo giro.
Esta é uma prática comum na indústria fonográfica. Como essa indústria trabalha com grande número de itens e de lançamentos, o risco dos varejistas ao adquirir esto- que se torna muito alto. Para incentivar a compra de todo o mix de produtos, algumas empresas aceitam a devo- lução de itens que não tiverem bom comportamento de venda. Embora esse custo da devolução seja significativo, acredita-se que as perdas de vendas seriam bem maior caso não se adotasse essa prática.
No caso de embalagens, os fluxos de logística rever- sa acontecem basicamente em função da sua reutiliza- ção ou devido a restrições legais, como na Alemanha, por exemplo, que impede seu descarte no meio am- biente. Como as restrições ambientais no Brasil com re- lação a embalagens de transporte não são tão rígidas, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos. Existe uma grande variedade de contêineres e embalagens retornáveis, mas que têm um custo de aquisição conside- ravelmente maior que as embalagens oneway. Entretanto, quanto maior o número de vezes que se usa a embalagem retornável, menor o custo por viagem, que tende a ficar menor que o custo da embalagem oneway.
Dependendo de como o PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA é planejado e controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores identificados como sendo crítico e que contribuem positivamente para o de- sempenho do sistema de logística reversa são comentados a seguir:
Tabela 2 – Fatores críticos para a eficiência do
processo de logística reversa.
	
Bons Controles de Entrada
	Processos Mapeados e Formalizados
	Ciclo de Tempo Reduzido
	
Sistemas de Informação Acurados
	
Rede Logística Planejada
	Relações Colaborativas entre Clientes e Fornecedores
Bons Controles de Entrada
No início do processo de logística reversa, é preciso identificar corretamente o estado dos materiais que retor- nam para que estes possam seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser revendidos, produtos que poderão ser re- condicionados ou que terão de ser totalmente reciclados. Sistemas de logística reversa que não possuem bons con- troles de entrada dificultam todo o processo subseqüente, gerando retrabalho. Podem também ser fonte de atritos entre fornecedores e clientes pela falta de confiança sobre as causas dos retornos. Treinamento de pessoal é ques- tão-chave para a obtenção de bons controles de entrada.
Processos padronizados e mapeados
Uma das maiores dificuldades na logística reversaé que ela é tratada como um processo esporádico, contin- gencial, e não como um processo regular. Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é condição fundamental para se obter controle e conseguir melhorias.
Tempo de ciclo reduzidos
Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identifica- ção da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento. Tempos de ciclo longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a
geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entrada ineficien- tes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo reverso e falta de procedimentos claros para tratar as “exceções” que são, na verdade, bastante freqüentes.
Sistemas de informação
A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornece- dores (avarias nos produtos, por exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de desem- penho e identificação de abusos dos consumidores no retorno de produtos. Construir ou mesmo adquirir esses sistemas de informação é um mesmo desafio. Praticamen- te inexistem no mercado sistemas capazes de lidar com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística reversa.
rede logística planejada
Da mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de processo logístico reversos requer a definição de uma infra-estrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Instalações de proces- samento e armazenagem e sistemas de transporte devem ser desenvolvidos para ligar de forma eficiente os pontos de consumo onde os materiais usados devem ser coleta- dos até as instalações onde serão utilizados no futuro.
Relações colaborativas entre clientes e
fornecedores
No contexto dos fluxos reversos que existem entre va- rejistas e indústria, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes envolvidas. São co- muns conflitos relacionados à interpretação de quem é a responsabilidade sobre os danos causados aos produtos.
Os varejistas tendem a considerar que os danos são cau- sados por problemas no transporte ou mesmo por defei- tos de fabricação. Os fornecedores podem suspeitar que esteja havendo abuso por parte do varejista ou que isto é conseqüência de um mau planejamento. Em situações extremas, isso pode gerar disfunções como a recusa para aceitar devoluções, o atraso para creditar as devoluções e a adoção de medidas de controle dispendiosas.
Fica claro que práticas mais avançadas de logística re- versa só poderão ser implementadas se as organizações envolvidas desenvolverem relações mais colaborativas.
A logística reversa tem sido citada com freqüência e de forma crescente em livros modernos de logística empresa- rial, em artigos internacionais e nacionais, demonstrando sua aplicabilidade e interesse em diversos setores empre- sariais e apresentando novas oportunidades de negócios no Supply Chain reverso, criado por esta nova área de logística empresarial.
No Brasil, mais recentemente, seu interesse empresa- rial te sido demonstrado por inúmeras palestras, seminá- rios, associações, empresas e universidades e o interesse acadêmico pela sua inclusão como disciplina curricular em cursos de especialização em logística empresarial.
Entendemos a logística reversa como a área da lo- gística empresarial que planeja, opera e controla o flu- xo de as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao
ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valo- res de diversas naturezas: econômico, ecológico, le- gal, logístico, de imagem corporativa, entre outras. Sendo a literatura ainda escassa e dispersa nesta área, o foco principal desta série de artigos é o de apresentar uma sistematização e estruturação dos principais conceitos, re- sumindo não só a literatura existente como os exemplos, casos e aplicações da logística reversa em empresas in- ternacionais e nacionais, fruto de um intenso trabalho de pesquisa que temos realizado nos últimos anos.
Seria infindável a lista de autores analisando o acele- rado ritmo de redução do ciclo de vida dos produtos nas últimas décadas, como forma e busca de diferenciação mercadológica, motivada por evoluções técnicas de per- formance em processo ou na aplicação, motivada pela re- dução de custos em geral e em particular os logísticos, além de outras razões.
Em 1970, foram lançados 1.365 novos produtos nos Estados Unidos; em 1986, este número foi de 8.042; em 1991, o número cresceu para 13.244 e, em 1994, alcançou a marca de 20.074 novos produtos lançados, de acordo com dados de New ProductsNews.
Exemplo clássico de bens como ciclo de vida rapida- mente decrescente são o dos computadores e seus pe- riféricos, que se revelam expressivos na visão da logísti- ca reversa quando observamos alguns dados o Instituto Gartner Group estimando em 680 milhões as vendas de computadores no ano de 2005 e de 150milhões o número deles que serão descartados somente nos Estados Unidos.
O nível de obsolescência atual naquele país é de 2:3, ou seja, a cada três computadores produzidos dois tornam-se obsoletos, com tendência de que esta razão se torne 1:1 nos próximos anos. Em 1960, a produção mundial de plástico será de 6 milhões de toneladas por ano e, em 1994, passou a 110 milhões de toneladas.
No Brasil, a produção de plásticos teve um aumento de cerca de50% entre os anos de 1993 e 1998, valores altos quando comparados com o crescimento dos metais comuns.
Ainda no Brasil, o consumo de garrafas descartáveis
de PET (denominação da resina constituinte Polietileno
Tereflalato) usadas como embalagem de refrigerantes e outras bebidas, iniciou-se em 1989 e alcançou níveis de produção de 6 milhões de garrafas por ano em 1998, o que corresponde a mais de 70% da embalagem do setor de refrigerantes. Este expressivo crescimento é devido principalmente à sua transparência e duas vantagens logísticas na distribuição direta, substituindo a embalagem de vidro retornável.
Um dos indicadores do crescimento desta “descarta- bilidade” é o aumento do lixo urbano em diversas partes do mundo, conforme comprovam os dados da Prefeitura Municipal de São Paulo, através do Limpurb (departamen- to de limpeza pública urbana da cidade de São Paulo): o lixo urbano cresceu de 4.450 t/dia em 1985 para 16.000 t/dia em 2000, na cidade de São Paulo, decrescendo as quantidades de lixo orgânico e aumentando a de produtos descartáveis.
A obsolescência e a descartabilidade crescentes dos produtos observadas nesta última década têm-se refletido em alterações das estratégias dentro das próprias organizações e, principalmente, em todos os elos de sua rede operacional. Essas alterações se traduzem por aumento de “velocidade de resposta” desde a concepção do projeto do produto até sua colocação no mercado, pela adoção de sistemas de alta “flexibilidade operacional” que permitam, além da velocidade do fluxo logístico, a capacidade de adaptação constante às exigências do cliente. A ainda adoção de “responsabilidade ambiental” em relação aos seus produtos após o consumo, identificado como “EPR” (Extend Product Responsibility), a chamada “Extensão de Responsabilidade ao Produto”.
Explica-se, desta forma, a crescente implementação da logística reversa em empresas líderes do mercado em di- versos setores, constituindo-se parte integrante de suas estratégias empresariais.
A natureza de VALOR AGREGADO, ou recapturado, varia entre os setores empresariais e em seus diversos segmentos de negócios. Em conseqüência, observam-se um espectro de aplicações e de interesses na implementa- ção e de interesses na implementação de retorno de bens de pós-venda e de pós-consumo, bem como diferentes es- tágios tecnológicosde aplicação da logística reversa entre os diversos setores empresariais.
Certamente, o objetivo estratégico econômico, ou de agregação de valor monetário, é o mais evidente na im- plementação da logística reversa nas empresas. Porém, observa-se que mais recentemente dois novos fatores in- centivam decisões empresariais em sua adoção: o fator competitividade e o ecológico.
A análise a seguir considera exemplos de aplicações da logística reversa, nos quais alguns desses objetivos se destacam de forma mais nítida, embora sempre existam outros ganhos ou valores agregados simultâneos que se traduzem como ganhos empresariais marginais.
O objetivo estratégico econômico na logística reversa de pós-venda evidencia-se, por exemplos, na comerciali- zação de saldos ao final de estação ou de promoções de vendas no varejo, que serão comercializados em mercados secundários de ponta de estoques, outlets e lojas de “tudo por 1 dólar”. A redistribuição proveniente de excesso de
estoques em canais propicia excelentes resultados econô- micos quando direcionada às regiões de melhor giro, tanto no mercado nacional como em mercados internacionais, aproveitando a diferença de estações climáticas entre he- misférios.
O objetivo estratégico econômico na logística reversa de pós-consumo pode se constituir, por exemplo, na eco- nomia realizada pelo aproveitamento de ligas de chumbo de baterias usadas – que são reutilizadas integralmente na fabricação de baterias novas, de ligas de alumínio das latas de bebidas descartadas - igualmente utilizadas na fabricação de latas novas. Esses casos ou setores em que o produto de pós-consumo é aproveitado devido à sua matéria-prima constituinte representam normalmente es- tratégias de viabilidade econômica do setor. O comércio de bens durável usados, como automóveis e máquinas operatrizes e geral, representam importantes atividades econômicas.
A empresa Xerox, como estratégia de comercialização de suas copiadoras, estabeleceu desde 1960 uma rede reversa, utilizando a coleta do tipo Take-Back, desmonta- gens dos produtos, seleção de destino e reutilização dos mesmos, com ou sem remanufatura, em produtos novos de sua linha, dando as mesmas garantias e repassando as economias de custos aos seus clientes, além da recompra dos equipamentos, garantindo um nível de competitivida- de elevado no mercado. O projeto do produto foi ideali- zado de forma a facilitar a desmontagem e componentes de alta intercambialidade, garantindo flexibilidade em sua reutilização.
O esquema da empresa nos Estados Unidos, constitu- ída por 50 centros de distribuição reversos operados por empresas terceirizadas, dois centros nacionais de distri- buição reversa e diversas plantas e remanufatura ao longo do país.
Na venda de uma nova máquina, a data de entrega e de desinstalação são planejadas executadas pelas empre- sas terceirizadas nos diversos centros de distribuição, con- ciliando as operações. Estas empresas se encarregam da desinstalação de produtos usados, da seleção e do destino
a ser dado aos produtos e componentes. Em alguns casos, os equipamentos serão submetidos a reparos nos centros de distribuição regionais e destinado à locação de equipa- mentos usados, enquanto em outros casos o equipamento é enviado para um dos centros nacionais de distribuição reversa, onde será realizada nova seleção e destino.
Nos casos de modelos de grande venda nos Estados Unidos, a decisão poderá ser a de transportá-los a uma planta de remanufatura, onde será executada a desmon- tagem completa com reaproveitamento dos componentes em condições de uso em novos equipamentos. Aqueles considerado sem condição de uso em novos equipamen- tos. Aqueles considerados sem condição de uso vendidos como sucata para a reciclagem dos materiais constituintes.
O caso Xerox é um dos exemplos de empresas em que a logística reversa e os cuidados na montagem da rede rever- sa em nível internacional fazem parte da estratégia empre- sarial, com excelentes resultados. A revalorização logística dos equipamentos usados garantida pela rede reversa até as consolidações em centros de distribuição reversos espe- cializados leva à revalorização econômica e tecnológica pelo reuso de seus equipamentos e componentes, e à revalo- rização ecológica, reduzindo o impacto ao meio ambiente obtendo um resultado positivo em sua imagem corporativa junto aos clientes e à comunidade em geral.
As empresas Dupont e Welman, nos Estados Unidos, adotaram a logística reversa como estratégia em suas em- presas, montando redes reversas que permitem a recu- peração de valor de filmes e outros produtos de poliéster
descartados, como matéria-prima secundária na fabrica- ção de novos produtos, como fibras de poliéster para ta- petes, acolchoados, confecções esportivas, agasalhos, etc.
O objetivo ecológico ou de imagem corporativa na lo- gística reversa constitui-sede ações empresariais que vi- sam contribuir com a comunidade pelo incentivo à reci- clagem de materiais, às alterações de projeto para reduzir impactos ao meio ambiente, entre outros.
A substituição da embalagem de poliuretano pelo pa- pel no grupo McDonald´s visando à redução do impacto e melhoria em reciclagem e o projeto do automóvel Volvo reciclável, no qual as condições de desmontagem foram facilitadas, são exemplos de objetivos desta natureza.
O objetivo de competitividade por diferenciação de ní- vel de serviço ao cliente evidencia-se pelos exemplos da empresa farmacêutica Bristol-Meyrs Squibb, que estabele- ceu a logística reversa como prioridade estratégica visan- do equacionar o retorno de medicamentos que perdem validade no mercado, oferecendo um nível de serviço dife- renciado a seus clientes.
A empresa de cosméticos americana Estée-Lauder, além de oferecer um serviço diferenciado a seus clientes ao implantar tecnologia de informação em sua logística re- versa, obteve enormes economias pela redução de perdas e pela possibilidade de redistribuição de produtos.
As conhecidas empresas varejistas Wall Mart, Kmart e Sears possuem diversos centros de distribuição reversos nos Estados Unidos, e contratam terceiros para operá-los de forma a dar suporte ao crescimento de devolução de produtos, função de políticas de liberalização de devolução espontânea de mercadorias.
O objetivo de satisfação de legislação na logística re- versa é caracterizada por situações em que existem impe- dimentos de destinação final de um produto. A legislação obriga ao fabricante a coleta e destino dos produtos de pós-consumo, obrigando os diversos elos da cadeia a acei- tar devoluções de embalagens de seus clientes e a respon- sabilizar pelo retorno de produtos perigosos.
Empresas de óleo lubrificante, lâmpadas fluorescentes, bateria de celulares, entre outros produtos, no Brasil são responsáveis pela logística reversa de retorno de seus pro- dutos de pós-consumo de acordo com legislação expressa.
Agora meus caros alunos, vamos ver a importância economica da Logística reversa.
Os dados econômicos sobre logística reversa aqui apresentados, baseiam-se em estimativas projetadas por algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, e em pesquisas em logística reversa de pós-consumo em alguns setores no Brasil. Como os dados são setoriais e o interes- se é recente, acreditamos que as estimativas atuais sejam ainda conservadoras. No entanto, pode-se inferir o poten- cial de ganho e as oportunidades de desenvolvimento nes- ta nova área.
Nos Estados Unidos, pesquisas estimam em cerca de US$ 35 bilhões os custos de retorno de bens, ou, cerca de 0,5% do PNB do país, ou 4% dos custos logísticos totais (US$ 862 bilhões).
Somente o mercado de peças de automóveis remanufa- turadas naquele país foi de US$ 36 bilhões, de acordo com a Automobile Parts Rebuilders Association, com a atuação de 12 mil empresas dedes montagem de automóveis e de remanufatura de peças em atividade atualmente o país.
Pesquisa em setores compreendendo computadores, equipamentos de rede, equipamentos de automação, em- balagens retornáveis e eletrodomésticosda “linha branca”, ainda nos Estados Unidos, estimou que o custo total da logística reversa foi de US$4,7 bilhões.
O instituto de pesquisa em informática Gartner Group prevê um valor de US$11 bilhões de retorno de bens no segmento do e-commerce nos Estados Unidos, um dos se- tores de maior potencial para a logística reversa.
Acrescentando a estes dados do segmento de pós-
-venda outros exemplos na área da logística reversa de pós-consumo, tal como a indústria de ferro/aço – que con- some mais de 30% de matérias-primas secundárias -, a indústria do alumínio (cerca de 20%), a do plástico (cerca de 20%), pode-se avaliar a importância para estes setores do fluxo de matérias-primas secundárias garantidas pela logística reversa na mesma proporção com que compõem o produto de venda destes setores.
Ou seja, que o valor econômico movimentado pela lo- gística reversa na cadeia do ferro/aço, por exemplo, é de mais de 30% do valor de venda do produto do setor (no Brasil, mais de US$ 2 bilhões / ano).
Sendo áreas de longa tradição, muitas vezes os valores econômicos envolvidos na atividade são considerados par- te integrante do negócio do setor.
Logistica reversa – estratégia
Papel Estratégico dos Retornos
· Razões Competitivas	65,2%
· Canal “Limpo” a jusante na CS	33,4%
· Proteger a Margem	18,4%
· Aspectos de disposição legal	28,9%
· Política de longo prazo é mais que resposta tática ou operacional a um problema ou situação.
· Manter o produto “novo” e interessante ao cliente.
· Reduzir risco dos participantes da cadeia de supri- mentos a jusante de comprar produtos que não conseguem vender.
· Permitir ao cliente o retorno do produto, manten- do estoques baixos e compras JIT.
· Aumentar a capability em logística reversa au- menta o custo do cliente em trocar de fornecedor. Exemplo: aceitar de volta produto defeituoso ou não-vendido e creditar valor ao cliente.
Instrumento para Aumentar Lucratividade:
· Embalagens retornáveis
· Reciclagem de embalagens
· Redução dos materiais de embalagem.
· Reaproveitamento de partes usadas
· Centralized Return Centers
· Estoque - menor risco com itens baixo giro
Então agora vamos ver alguns vídeos sobre Logística Reversa para exemplificar e fixar alguns conceitos.
 (
vídeo fonte youtube (vídeo de aprox. 6 minutos)
 
http://www.youtube.com/watch?v=cfHKKw9NNlo
 
vídeo fonte youtube (vídeo de aprox. 3 minutos)
 
http://www.youtube.com/watch?v=ML71aObeRbg
)
Vamos agora trabalhar no tema SUSTENTABILIDADE.
Desenvolvimento sustentável, segundo a Comissão Mundial de Ambiente e Desenvolvimento (WCED, 1987 – Brundtland Report), é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a habilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades.
Durante as décadas de 1970 e 1980 tornou-se cada vez mais claro que os recursos naturais estavam sendo dilapida- dos em nome do “desenvolvimento”. Estavam se produzindo mudanças imprevistas na atmosfera, nos solos, nas águas, entre as plantas e os animais e nas relações entre todos eles. Foi necessário reconhecer que a velocidade da transforma- ção era tal que superava a capacidade científica e institucio- nal para minimizar ou inverter o sentido de suas causas e efeitos. Estes grandes problemas ambientais incluem:
1) Aquecimento global da atmosfera: combustíveis fósseis dominam o suprimento mundial de energia, fazendo com que as emissões resultantes de gases efeito estufa causem mudanças na temperatura e aumentem os riscos de mudanças climáticas. Os modelos climáticos prevêem que enchentes, secas e fortes tempestades devem se tornar cada vez mais freqüentes e severas, custando vidas, colhei- tas e progresso econômico. A demanda acelerada por energia gera crescimento econômico, mas ame- aça o clima da Terra;
2) Esgotamento da camada de ozônio da estratosfera;
3) Crescente contaminação da água e dos solos pelos derramamentos e descargas de resíduos industriais e agrícolas: a disponibilidade de água é o mais pre- ocupante problema de recursos que o mundo en- frenta hoje. A água é essencial para todos os seres vivos, tem moldado as sociedades humanas por milênios e é à base de atividades como refrigera- ção, processamento de alimentos, síntese química e irrigação. A crescente escassez de água e o alar- mante declínio na biodiversidade aquática eviden- ciam práticas e políticas falhas em diversas partes do mundo para a proteção do recurso mais impor- tante da vida. Veremos adiante o que as empresas, ambientalistas e governo estão fazendo para tornar processos industriais mais eficientes, estimular o reuso e combater o desperdício, contribuindo assim para a preservação dos recursos hídricos;
4) Destruição da cobertura florestal/desmatamento: aproximadamente 30% da área potencial de florestas
temperadas subtropicais e tropicais e 40% das pastagens temperadas foram convertidas para a agricultura. Espe- cialistas em meteorologia têm fortes razões para acreditar que a mudança de clima, em conseqüência do desmata- mento amazônico esteja afetando o regime de chuvas em toda a América do Sul, inclusive na Bacia do Prata. A fumaça das queimadas também estaria alcançando o sul do continente, com graves conseqüências para o clima do planeta;
5) Extinção de espécies;
6) Degradação do solo: a produção de alimentos é à base de muitas economias, mas ameaça os ecossis- temas dos quais depende. O modo que escolhemos para produzir alimentos pode determinar o futuro de pastagens, florestas, ecossistemas. Acompanhar o crescimento da população e reduzir a desnutrição existente demandará uma produção de alimentos bem maior e com menos impacto ambiental. A pro- dução mundial de grãos utiliza mais água, mão de obra e terra do que qualquer outra atividade, além de desgastar e contaminar o solo com agentes quí- micos e pesticidas. A produção de alimentos ecolo- gicamente eficaz é hoje uma das principais metas do desenvolvimento econômico e humano.
A preocupação da comunidade internacional com os li- mites do desenvolvimento do planeta datam da década de 60, quando começaram as discussões sobre os riscos da degradação do meio ambiente.
Tais discussões ganharam tanta intensidade que leva- ram a ONU a promover uma Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972).
No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do “Clube de Roma” publicaram o estudo Limites do Cres- cimento. O estudo concluía que, mantidos os níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e explo- ração dos recursos naturais, o limite de desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo, em 100 anos, pro- vocando uma repentina diminuição da população mundial e da capacidade industrial.
Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o con- ceito de eco-desenvolvimento, os caminhos do desenvol- vimento seriam seis: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da população envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras cul- turas; programas de educação.
Esta teoria referia-se principalmente às regiões sub- desenvolvidas, envolvendo uma crítica à sociedade indus- trial. Foram os debates em torno do eco-desenvolvimento que abriram espaço ao conceito de desenvolvimento sus- tentável.
Outra contribuição foram às declarações que afirma- vam que a causa da explosão demográfica era a pobreza, que também gerava a destruição desenfreada dos recur- sos naturais. Os países industrializados contribuíam para esse quadro com altos índices de consumo. Para a ONU, não há apenas um limite mínimo de recursos para propor- cionar bem-estar ao indivíduo; há também um máximo.
No ano de 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), apresentou um relatório que diz “desenvolvimento sustentável é de- senvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. O relatório não apresentaas críticas à sociedade industrial que caracteri- zaram os documentos anteriores; demanda crescimento tanto em países industrializados como em subdesenvolvi- dos, inclusive ligando a superação da pobreza nestes úl-
timos ao crescimento contínuo dos primeiros. Assim, foi bem aceito pela comunidade internacional.
A partir das últimas décadas a questão ambiental tor- nou-se uma preocupação mundial. A grande maioria das nações do mundo reconhecem a emergência dos proble- mas ambientais. A destruição da camada de ozônio, aci- dentes nucleares, alterações climáticas, desertificação, ar- mazenamento e transporte de resíduos perigosos, poluição hídrica, poluição atmosférica, pressão populacional sobre os recursos naturais, perda de biodiversidade são algumas das questões a serem resolvidas por cada uma das nações do mundo, segundo suas respectivas especificidades.
Entretanto, a complexidade dos problemas ambientais exige mais do que medidas pontuais que busquem resol- ver problemas a partir de seus efeitos, ignorando ou des- conhecendo suas causas. A questão ambiental deve ser tratada de forma global, considerando que a degradação ambiental é resultante de um processo social, determina- do pelo modo como a sociedade apropria-se e utiliza os recursos naturais.
Não é possível pretender resolver os problemas am- bientais de forma isolada. É necessário introduzir uma nova abordagem decorrente da compreensão de que a existência de certa qualidade ambiental está diretamen- te condicionada ao processo de desenvolvimento adotado pelas nações.
O modo como se dá o crescimento econômico, compro- metendo o meio ambiente, seguramente prejudica o pró- prio crescimento, pois inviabiliza um dos fatores de pro- dução: o capital natural. Natureza, terra, espaço devem
compor o processo de desenvolvimento como elementos de sustentação e conservação dos ecossistemas. A degra- dação ou destruição de um ecossistema compromete a qualidade de vida da sociedade, uma vez que reduz os fluxos de bens e serviços que a natureza pode oferecer à humanidade.
Logo, um desenvolvimento centrado no crescimento econômico que relegue para segundo plano as questões sociais e ignore os aspectos ambientais não pode ser denominado de desenvolvimento, pois de fato trata-se de mero crescimento econômico. Pode-se considerar, portanto, desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que tratando de forma interligada e interdependente as variáveis econômica, social e ambiental é estável e equilibrado garantindo melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.
É certo que a implementação do desenvolvimento sus- tentável passa necessariamente por um processo de dis- cussão e comprometimento de toda a sociedade uma vez que implica em mudanças no modo de agir dos agentes sociais. No processo de implementação do desenvolvimen- to sustentável a educação ambiental torna-se um instru- mento fundamental.
O sucesso das ações que devem conduzir ao desenvol- vimento sustentável dependerá em grande parte da influ- ência da opinião pública, do comportamento das pessoas, e de suas decisões individuais. Mesmo considerando que existe certo interesse pelas questões ambientais há que reconhecer a falta de informação e conhecimento dos pro- blemas ambientais.
Logo, a educação ambiental que tenha por objetivo in- formar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas (e possíveis soluções) existentes em sua comunidade, bus- cando transformar essas pessoas em indivíduos que par- ticipem das decisões sobre seus futuros, exercendo desse modo o direito a cidadania torna-se instrumento indispen- sável no processo de desenvolvimento sustentável.
Bom caros alunos vamos ver agora sobre as CONFE- RÊNCIAS MUNDIAIS.
A partir do século XX, o processo de industrialização que foi iniciado no XIX com a Revolução Industrial, se acentuou. O período entre guerras (1919-1939) foi marcado pela crise econômica em 1929, recessão e desemprego em massa nos EUA e Europa. Após a Segunda Guerra (1940-1945) os Es- tados Unidos e a União Soviética despontam como as gran- des potências industriais, uma vez que a Europa estava em “reconstrução”. Com a experiência socialista na URSS man- teve-se até fins da década de 1980 dois sistemas políticos e econômicos distintos e antagônicos. A tensão decorrente da concorrência entre as duas potências ficou conhecida na História como Guerra Fria.
Foi com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) nos anos 50, com vários organismos internos que se iniciam programas específicos para o estudo do desenvolvi- mento econômico e das conseqüências ambientais da indus- trialização. Os relatórios e conferências específicos sobre a questão ambiental surgem a partir dos anos 70. Vamos ver as mais importantes:
· Clube de Roma (1972);
· Ecodesenvolvimento (1973);
· Declaração de Cocoyok (1974);
· Dag-Hammarskjöld (1975);
· Relatório Brundtland (1987);
· Rio 92 – Conferência Mundial sobre Meio Ambien- te e Desenvolvimento (1992).
Podemos incluir na lista a Conferência Rio+10 (Joha- nesburgo, 2002) e assinatura do Protocolo de Kyoto em
fevereiro desse ano (2005), como um acontecimento mar- cante para a tentativa de solução dos problemas ambien- tais advindos da industrialização.
Vejamos a seguir os pontos mais importantes da dis- cussão apresentados pelos relatórios e suas sugestões para a resolução desses problemas.
Protocolo de Kyoto
As discussões científicas em torno da questão climática (aquecimento global) começam em 1988, na primeira reu- nião realizada em Toronto, no Canadá, entre cientistas e governantes. Já nesta primeira reunião os cientistas apon- tavam para a gravidade do aumento da temperatura nas próximas décadas.
Em 1990 aparece o primeiro informe com colabora- ção científica internacional. O IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática) ad- vertia sobre a necessidade de estabilizar a emissão de CO2(dióxido de carbono) na atmosfera, principal causador do efeito estufa. A diminuição deveria ser em torno de 60% na década de 90.
A Convenção Marco sobre a Mudança Climática, duran- te a Eco-92, teve a assinatura de mais de 160 governos. Com isso, esperava-se “evitar interferências antropogêni- cas perigosas no sistema climático”. Dentro da perspectiva da sustentabilidade esperava-se proceder de forma que os países industrializados mantivessem suas emissões de “gases estufa”, em 2000, nos níveis de 1990. Assim, todos os países deveriam dentro do “princípio da responsabilida- de comum” (Nosso Futuro Comum), ter a responsabilidade de proteger o clima, começando pelos países do norte.
Em 1995 um novo informe do IPCC deixa clara a influ- ência na mudança climática por motivos humanos. Dois
anos após o informe (1997) em Kyoto no Japão, é assi- nado o Protocolo de Kyoto. Nele tem-se pela primeira vez um acordo que compromete os países do Norte a reduzir suas emissões. As negociações em torno das metas para essa diminuição permaneceram em discussão ainda por seis anos. Basicamente o protocolo “compromete a uma série de nações industrializadas a reduzir suas emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990 para o período de 2008-2012. Esses países devem mostrar um progresso visível no ano de 2005, ainda que não se tenha chegado a um acordo sobre o significado desse item”.
Assim, em 16 de fevereiro de 2005 o Protocolo en- tra em vigor, com a assinatura de141 países. Para entrar em vigência ele deveria ser assinado por, no mínimo, 55 governos, que somariam 55% das emissões de CO2. Em 2001, o presidente norte-americano George W.Bush “de- clarou que os EUA, responsáveis em 1990 por 36,1% das emissões dos países industrializados, abandonariam o pro- tocolo, por ser danoso à sua economia”.
Este fato, apenas confirmaria a tendência da política econômica norte-americana em privilegiar seus interesses. Entre as medidas para a redução das emissões de gases estufa tem-se:
· reforma dos setores de energia e transportes;
· promoção do uso de fontes energéticas renováveis;
· eliminação de mecanismos financeirose de merca-
do inadequados aos fins da Convenção de Kyoto;
· redução das emissões de metano no gerencia-
mento de resíduos e dos sistemas energéticos;
· proteção de florestas e outros sumidouros de car- bono. Um dos mecanismos mais comentados são os chamados Créditos Carbono.
Estes são “investimentos financeiros” que um país caso não consiga (ou não queira) reduzir sua emissão dentro de sua meta, enviará para outros países, principalmente aqueles em “desenvolvimento” para investir em progra- mas de reflorestamento, reciclagem, ou qualquer outra atividade que auxilie na redução do aquecimento global. Um dos pontos em aberto no Protocolo é a punição aos países que não cumpram suas metas até 2012.
“Segundo o acordo, caso um país não cumpra a meta no primeiro período de compromisso, ele teria de pagar a dívida no segundo, já que o protocolo prevê uma nova etapa com a estipulação de cortes além de 2012”. O Brasil assinou a carta de ratificação do acordo em 23 de julho de 2002. Mesmo não sendo obrigado a reduzir sua emissão de gases por ser um país em desenvolvimento. No entan- to, é responsável pela produção de 250 milhões de tonela- das de carbono – dez vezes menos que os EUA.
Os programas desenvolvidos pelo governo brasileiro para “implantação da convenção do clima” são:
· Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural;
· Programa Nacional do Álcool (Proálcool);
· Programa de Redução de Emissões Veiculares.
A discussão do Protocolo de Kyoto entre os ambien- talistas acentua a influência humana nas mudanças cli- máticas e a responsabilidade dos países industrializados. Uma crítica à abordagem dos problemas ambientais e do desenvolvimento pode ser feita se considerarmos os efei- tos históricos de todo o processo. Em 2012 quando o prazo para os primeiros resultados terminar é que poderemos avaliar com certeza o alcance dessas medidas.
Sustentabilidade no Brasil
Panorama “Logística Verde: Iniciativas de sustentabili- dade ambiental das empresas no Brasil 2011”.
O relatório aborda a questão ambiental no Brasil e no mundo, trazendo informações sobre as ações que estão sendo tomadas pelos executivos atuantes em grandes em- presas brasileiras.
Trabalho baseado em amplo levantamento de dados e em entrevista realizadas com 109 executivos de logística das maiores indústrias do País.
Capítulo 1 - Análise estruturada da questão ambiental no planeta, discutida de forma macro e abrangente. Apre- senta-se as emissões de gases de efeito estufa em diversos países, as matrizes de emissões e sua projeção para 2030.
Aborda ainda os compromissos adotados pelo Brasil para a redução das emissões. Os investimentos em energia limpa que vêm sendo feitos no mundo. Percepção das empresas brasileiras sobre os possíveis impactos das mudanças climá- ticas nos seus negócios.
Capítulo 2 - Trata especificamente da sustentabilidade
ambiental na logística e na supply chain.
Analisadas as emissões causadas pelo transporte no Brasil, comparativamente com outros países. Análise das ações do governo brasileiro em prol de um crescimento sustentável, englobando questões voltadas à legislação e fiscalização.
Capítulo 3 - Apresenta os resultados das entrevistas
feitas com os executivos de logística do Brasil.
Identifica as ações sustentáveis adotadas pelas empre- sas do País que buscam reduzir o impacto ambiental das atividades logísticas, identifica as barreiras à implementa- ção dessas ações e as oportunidades de ganho para as em- presas que atuam de forma sustentável na sua cadeia de suprimentos.
Capítulo 4 - Traz uma complementação do terceiro, apresentando todos os resultados detalhados da pesquisa de campo realizada pelo Instituto ILOS. Traz tabelas e gráfi- cos descritivos, segmentados por setor e nível de maturida- de da empresa, permite uma comparação muito rica entre companhias com características distintas.
A aglutinação das demandas ambientais no Brasil co- meçou a se dar nos anos 1970. Durante a ditadura mili- tar (1964-1985), há uma série de movimentos sociais que
tentam encontrar respostas para seus problemas locais. O movimento ambiental soma-se aos outros movimentos do período; moradia, transporte, saúde, etc. Segundo Pedro Jacobi, “a aproximação das lutas ambientais e sociais no Brasil, deu origem ao socioambiental ismo”. A partir dos anos 90 houve uma crescente influência na “promoção de estratégia para um novo estilo, sustentável, de desenvol- vimento”.
Esse movimento teria tido maior relevância na socie- dade brasileira em meados da década de 70, quando os primeiros grupos estruturados aparecem e com o estímulo da Conferência de Estocolmo em 1972. Houve uma con- fluência entre as agências ambientais estatais e algumas entidades ambientalistas. Essa relação, no entanto, dava-
-se em termos de conflito e cooperação. “A principal crítica é à excessiva tolerância com as indústrias pela poluição provocada e à morosidade dos processos de fiscalização.
A cooperação se fortalece a partir de aproximações res- tritas a pequenos grupos da sociedade civil e pessoas que, dentro das estruturas federal e estadual, acreditavam na importância de proteger o meio ambiente. Outras ques- tões diretamente ligadas ao agravamento da degradação ambiental, tais como crescimento populacional e déficit de saneamento, não faziam parte da agenda dessas organiza- ções, contribuindo para uma visão limitada da realidade”.
Esses grupos se concentravam na região sul-sudeste e eram compostos por ativistas que desenvolviam uma série de atividades. Exemplo: comunidades rurais, educa- ção ambiental, trabalhos de proteção e recuperação de ambientes degradados, proteção a ambientes ameaçados etc. Muitas ações eram feitas como denúncias e conscien-
tização. Algumas campanhas tiveram atuação nacional, como a Campanha Nacional contra o Desmatamento da Amazônia em 1978; contra a inundação de Sete Quedas no rio Paraná (1979-1983). Também contra a construção das usinas nucleares no Rio de Janeiro no período 1977-1985.
Segundo Jacobi essas campanhas obtiveram repercus- são internacional e ajudaram na multiplicação depressões contra o governo brasileiro. Na década de 1980, com a crise econômica e a crítica em relação ao modelo de desenvol- vimento adotado surgem também maiores pressões inter- nacionais para a crise ambiental.Houve articulações entre Organizações Não Governamentais (ONGs) européias e nor- te-americanas com as entidades brasileiras. Caracterizou-se também, esse período, por “iniciativas para aprimorar os instrumentos legais de gestão ambiental” (legislação), es- colha de parte dos ambientalistas em entrar em instituições políticas (Partido Verde) e uma buscadas ONGs ambientalis- tas em se profissionalizar e se aproximar das ONGs sociais. Uma das deficiências do movimento ambientalista era não possuir “nenhum diálogo ou repercussão na população mais excluída, levando muito pouco em consideração as dimen- sões socioeconômicas da crise ambiental”.
Desde os anos 1990, no entanto, o movimento ambien- talista brasileiro teria conseguido superar essas barreiras. Haveria uma série de parcerias estabelecidas entre os am- bientalistas e as ONGs ou movimentos sociais. Exemplos:
(a) aproximação entre com os seringueiros da Amazônia e o apoio das ONGs à criação das reservas extrativistas (que teriam ficado conhecidas internacionalmente após o assassi- nato de Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988); (b) in- teração das ONGs com o Movimento Indígena, incorporando a luta tradicional dos índios pela proteção de suas terras e a preservação do meio ambiente; (c) aproximação com setores do Movimento dos Sem Terra (MST), incluindo a “variável ambiental na luta pelo acesso a terá”; e, (d) aproximação junto a diversas associações de bairro, que procurariam ago- ra incluir a questão ambiental em suas demandas.
Como podemos perceber pela enumeração de ações e parcerias, haveria uma tendência no movimento brasileiro em buscar uma ampliação de suas ações, nos âmbitos po- lítico e social. No entanto, muitos desafios aindaprecisa- riam de solução. “O socioambientalismo do século XXI tem
uma complexa agenda pela frente. De um lado, o desafio de ter uma participação cada vez mais ativa na governabi- lidade dos problemas socioambientais e na busca de uma ambientalização dos processos sociais. De outro, a neces- sidade de ampliar o escopo de sua atuação com enge- nharias institucionais que ampliem seu reconhecimento na sociedade e estimulem o engajamento de novos atores”.
Temos, assim, uma introdução à história do movimen- to ambientalista no Brasil. As implicações da ideologia adotada pelo movimento que podemos identificar como uma mistura entre o biocentrismo e o antropocentrismo, identifica-se, por sua vez, nas ações que são realizadas pelo movimento, com o Desenvolvimento Sustentável. A sustentabilidade e a gestão de recursos, como dito aci- ma, são as palavras de ordem para qualquer ação que seja direcionada ao meio ambiente. Principalmente, para que estas possam ser aceitas pelos organismos governa- mentais. Muito da discussão em torno do desenvolvimento sustentável incentiva aparticipação da sociedade civil. Até mesmo, aponta essa participação como essencial na solu- ção da crise ambiental.
A variedade de ONGs, movimentos e grupos especializa- dos em ações protecionistas e de cobrança para aplicação das legislações adequadas, criaria aimpressão de um amplo movimento favorável às indicações do Nosso Futuro Co- mum. No entanto, de 1987 a 2005 percebemos que há uma distância muito grande entre o discurso das Nações Unidas e a realidade global. Principalmente, dos países periféricos.
Nos países periféricos muito da questão ambiental, mes- mo com as ações dos movimentos ecológicos, perde ênfase ao ser confrontado com os problemas da miséria edistri- buição desigual das riquezas. Os partidos políticos com en- foque ambiental, como oPartido Verde (PV) brasileiro não atinge as camadas da população mais pobres. Mantendo-se como demanda identificada com as classes média.
Desenvolvimento Sustentável
À princípio, as palavras desenvolvimento e sustenta-
bilidade parecem um tanto quanto conflituosas para con-
viverem em harmonia no conceito de desenvolvimento sustentável. Hoje, a clássica questão econômica da es- cassez tem um enorme peso sobre oprocesso decisório dos agentes econômicos, sejam famílias ou empresas. Por essa razão, compreender cada um destes conceitos aju- da a explicar a intrincada rede de ações e reações que a sociedade humana criou e as necessidades de construção de um modelo econômico sustentado. Dessa forma, antes de apresentar definições do assunto em foco desta apos- tila, éfundamental desviarmos nosso olhar para os dois conceitos construtores da expressão que tem produzido a maior revolução no uso dos fatores de produção desde a Revolução Industrial.
O debate acerca do conceito de desenvolvimento é bastante rico no meio acadêmico, principalmente quanto à distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico, pois muitos autores atribuem apenas os incrementos cons- tantes no nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem, no entanto, se preocuparcomo tais incrementos são distribuídos. Deve-se acrescentar que apesar das divergências existentes entre as concepções de desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas se completam.
O desenvolvimento, em qualquer concepção, deve re- sultar do crescimento econômico acompanhado de melho- ria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir “as altera- ções da composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimenta- ção, educação e moradia). Os debates sobre o desenvolvi- mento econômico foram acirrados no período posterior à segunda grande guerra.
Com o término do conflito bélico, que foi resultado de fatores econômicos, políticos e históricos muito profundos, que não cabe analisar aqui, otema foi encarado por todos os países, principalmente os aliados, que visavam livrar omundo, e, obviamente, seus próprios territórios, dos pro- blemas que os perseguiam (e ainda perseguem) nos perí- odos anteriores: guerra, desemprego, miséria, discrimina- ção racial, desigualdades políticas, econômicas e sociais.
Essa preocupação revelou os anseios de progresso e de melhoria das condições de vida das nações e regiões,
que podem ser vislumbrados tanto na primeira Declara- ção Inter-aliada de 1941, como na Carta do Atlântico, do mesmo ano, que expressavam o desejo de criar condições para que todos os homens possam desfrutar de segurida- de econômica e social. Tais intenções foram reafirmadas em diversas declarações e conferências que sucederam o período de guerra. O debate sobre o tema é acirrado pela conceituação econômica do termo desenvolvimento.
Os economistas vêem surgir a necessidade de elaborar um modelo de desenvolvimento que englobe todas as va- riáveis econômicas e sociais. Sob o prisma econômico, de- senvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo de renda real, isto é, incremento na quantidade de bens e servi- ços por unidade de tempo à disposição de determinada coletividade.O desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças etransformações de ordem econômica, política e, principalmente, humana e social.Desenvolvimento nada mais é que o crescimento – incrementos positivos no produto e na renda – transfor- mado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano,tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras.
É desta maneira que o desenvolvimento passa a ser entendido como uma resultante do processo de cresci- mento, cuja maturidade se dá ao atingir o crescimento auto-sustentado, ou seja, talvez alcançar a capacidade de crescer sem fim, de maneira contínua. Em nome do desen- volvimento buscam-se valores crescentes: mais mercado- rias, mais anos de vida, mais publicações científicas, mais pessoas com títulos de doutor, dentre vários outros.Dessa maneira, na procura pelo crescimento sempre está presen- te o sentimento deque o bom é quando se tem mais, não importando a qualidade desse acréscimo.
Nesse sentido, são consideradas desenvolvidas as so- ciedades capazes de produzir continuamente. É por isso que as nações perseguem o desenvolvimento (este como sinônimo decrescimento econômico) com o objetivo de acumular cada vez mais bens, sem, no entanto,se preocu- par com os efeitos dessa acumulação desenfreada.Mesmo com tanta controvérsia, o crescimento econômico, apesar de não ser condição suficiente para o desenvolvimento, é um requisito para superação da pobreza epara construção de um padrão digno de vida.
Desenvolvimento X Sustentabilidade? 
“Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilida- de de gerações futuras atenderem suas próprias necessi- dades, sobretudo as necessidades dos mais pobres”.
Visa promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza. É a fusão do crescimento econômico com res- ponsabilidade ambiental, social e espacial.
Esse conceito foi apresentado em 1987 no Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum, que foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi- mento, criada pelas Nações Unidas e presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlen Brundtland. Esta ação faz parte de uma série de iniciativas que reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso ex- cessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas.
Fica muito claro, nessa visão das relações homem-meio ambiente, que não existe apenas um limite mínimo para o bem-estar da sociedade; há também um limite máximo para a utilização dos recursos naturais, de modo que se- jam preservados. Os pontos centrais do conceito de de- senvolvimento sustentável, contidosno relatório
Nosso Futuro Comum, também se tornaram referência para o delineamento de outro conjunto de intenções, a Agen- da 21 “... tipo de desenvolvimento capaz de manter o pro- gresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo.
Assim, o “desenvolvimento sustentável” é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas. «... atende às necessi- dades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades.
Ele contém dois conceitos chaves:
i) o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as ne- cessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade;
ii) 	“a noção das limitações que o estágio da tec- nologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessi- dades presentes e futuras. Em essência, o de- senvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recur- sos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçamo poten- cial presente e futuro, a fim de atender às ne- cessidades e aspirações humanas”.
Dimensões da Sustentabilidade
Para discutir a sustentabilidade, é necessário a reflexão relacionada ao local onde habitamos, ou seja, o Planeta Terra. Ao discutirmos isso, temos que necessariamente abordar temas específicos como: saúde, habitação, eco- nomia, pobreza, miséria, educação eoutros aspectos que interferem diretamente na nossa qualidade de vida.
Desse modo, todos os aspectos que, de alguma forma, interferem nas nossas açõese, ao mesmo tempo, produ- zem impactos nas comunidades envolvidas, alterando o meio que as cercam devem ter especial atenção e crite- riosa observação. Apenas baseado neste pressuposto que será possível definir novas políticas de desenvolvimento, as quais possam contribuir para o efetivo alcance da eqüi- dade sócio-econômica, sem que isso signifique produzir uma perspectiva sombria à existência do Homem na Terra.
Sustentabilidade Social
Esta dimensão social da estabilidade realça o papel dos indivíduos e da sociedade, eestá intimamente ligada à no- ção de bem-estar. Os princípios da sustentabilidade social clarificam o papel dos indivíduos e a organização da socie- dade e, tendo por objetivo aestabilidade social beneficiam também as gerações futuras. Estes são:
· a garantia da auto-determinação e dos direitos
humanos dos cidadãos;
· a garantia de segurança e justiça através de um
sistema judicial fidedigno eindependente;
· a luta constante pela melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, que não deve ser reduzida ao bem-estar material;
· a promoção da igualdade de oportunidades;
· a inclusão dos cidadãos nos processos de decisão social, a promoção da autonomia da solidariedade e da capacidade de auto-ajuda dos cidadãos;
· a garantia de meios de proteção social fundamen-
tais para os indivíduos mais necessitados.
Sustentabilidade Econômica
O conceito é redutor já que também os recursos eco- nômicos têm de ser preservados, assim como o espaço de manobra para as gerações futuras. Além disso, asustenta- bilidade ecológica só pode ser alcançada por sociedades que desenvolvam comportamentos economicamente sus- tentáveis. Os seus princípios residem sobretudo:
· na organização de estruturas econômicas de lon- go prazo que devem responder às exigências de sistemas estáveis;
· na preservação do capital real, como infra-estru-
turas e edifícios;
· na estabilização do valor monetário, prevenindo a inflação;
· no fato dos custos dos benefícios e serviços deve- rem ser pagos pela geração que deles beneficia-
-se;
· na restrição parcial ou total do endividamento, pois cada geração deve, pelo menos, preservar o seu próprio capital recebido da geração dos seus pais e passá-lo à geração seguinte;
· no uso eficaz dos recursos;
· na garantia de todos os serviços econômicos se- rem produzidos de forma transparente e tendo em conta todas as despesas;
· no fato de os impostos pagos por cidadãos e em- presas serem orientados para asua capacidade de pagamento;
· na negociação de pactos inter-gerações justos, que
não coloquem em desvantagem as gerações futuras.
Sustentabilidade Ecológica
Sendo o ambiente fundamental para a vida, é natural que estes aspectos tenham dominado a discussão inicial em volta da sustentabilidade.
Até porque é contemporânea das primeiras percepções de risco ambiental e ameaças à vida no planeta. Os princípios fundamentais associados à sustentabilidade ambiental são:
· a restrição ao uso de energias não renováveis (como o petróleo) que só devem ser usadas me- diante compromisso de criação proporcional de fontes de energia alternativas;
· o uso cuidadoso das energias renováveis que nun- ca devem ser consumidas deforma a exceder a sua capacidade de regeneração;
· a limitação de descarga de substâncias no meio ambiente que não deve ultrapassar a capacidade de assimilação do mesmo;
· os riscos e o perigo para a vida humana provoca- dos pelo Homem devem ser evitados. As questões ambientais estiveram sempre no cerne do concei- to de sustentabilidadee também sempre que se verificavam perigos iminentes para a sobrevivên- cia da espécie humana. Recentemente, assumiu maior peso a abrangência da dimensão ambiental, estendida a todas as espécies, à preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
Sustentabilidade Espacial
Voltada a uma configuração rural-urbana mais equi- librada e a uma melhor distribuição territorial de assen- tamentos humanos e atividades econômicas, com ênfase nas seguintes questões:
· concentração excessiva nas áreas metropolitanas;
· destruição de ecossistemas frágeis, mas vitalmen- te importantes, por processos de colonização des- controlados;
· promoção de projetos modernos de agricultura regenerativa e agroflorestamento,operados por pequenos produtores, proporcionando para isso o acesso a pacotes técnicos adequados, ao crédito e aos mercados;
· ênfase no potencial para industrialização descentralizada, associada a tecnologias de nova geração (especialização flexível), com especial atenção às indústrias de transformação de bio- massa e ao seu papel na criação de empregos rurais não agrícolas;
· estabelecimento de uma rede de reservas natu-
rais e de biosfera para proteger abiodiversidade.
Sustentabilidade Cultural
Os aspectos culturais e educacionais desempenham um papel fundamental para asustentabilidade, pois incorporam os princípios básicos da sociedade e a sua forma de vida. Num mundo onde cada vez mais culturas se cruzam e apro- ximam-se, muitas vezes através de processos dolorosos, é fundamental encarar o desafio da diversidade cultural co- moforma de enriquecimento coletivo, salvaguardando es- pecificidades culturais ao mesmo tempo que se constroem sentimentos maiores e mais abrangentes com que os indiví- duos se possam identificar.
Os princípios que regem a sustentabilidade cultural e educativa são a criação de condições para o desenvolvimen- to da personalidade de adolescentes e jovens através de:
· a garantia de condições mínimas como estruturas apropriadas, condições de bem-estar, solidarieda- de, justiça e liberdade;
· a transmissão de valores fundamentais e do senti-
do de responsabilidade e ordem social;
· a atenção dada pela sociedade à complexidade dos sistemas e à dinâmica de mudanças criando competências para enfrentar os seus riscos e de- safios;
· facilitar a educação com objetivos profissionais e investir no desenvolvimento de um sistema de educação sólido entre gerações.
Responsabilidade Socioambiental
Embora já haja diversos exemplos de práticas de ges- tão socialmente responsável, ainserção da sustentabilida- de e responsabilidade social às práticas diárias de gestão ainda representa um grande desafio para grande parte da comunidade empresarial brasileira. Aassociação desses conceitos à gestão dos negócios deve necessariamente expressar ocompromisso efetivo de todos os escalõesda empresa, de forma permanente e estruturada.
O compromisso do público interno traduz a qualidade da inserção do tema na cultura organizacional. Em outras palavras, uma organização não consegue ratificar a sua identidade sem que seu público interno – seus colabora- dores mais diretos – o faça em suas relações cotidianas. É por conta disso que a sustentabilidade e a responsabili- dade social empresarial não podem ser atribuídas apenas em nível institucional, mas precisam ser ratificadas pelo público interno que reconstrói um contexto organizacional mais inclusivo.
A educação corporativa e os sistemas de gestão têm um papel essencial nisto. Essa nova visão pressupõe um processo de profunda mudança na cultura organizacional e, conseqüentemente, nos processos, produtos e, em úl- tima análise, nos modelos de negócio.Em muitos casos, a alta direção está comprometida com a sustentabilida- de empresarial, mas não encontra mecanismos para fazer com que seu público interno assimile este conceito e mude sua postura.
Por outras vezes, a lógica de mercado, que pressiona pela minimização de custos e maximização de resultados no curto prazo, impede uma reflexão maior sobre a função social de cada negócio. Em última análise, o ideal seria que as empresas de medicamentos fossem, na realidade,
empresas de saúde; as empresas automobilísticas, empre- sas de transporte emobilidade, e assim sucessivamente. Cada negócio encontraria sua verdadeira função social, em um mundo em que as relações de poder e consumo devem ser repensadas.
Terceiro Setor
O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsá- vel pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chama- do terceiro setor.
Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que têm como objetivo gerar serviços de caráter público. Portanto, gene- ricamente, o terceiro setor é visto como derivado de uma conjugação entre as finalidades do primeiro setor e a me- todologia do segundo, ou seja, composta por organizações que visam a benefícios coletivos.
O espaço criado pelo terceiro setor se configura, en- tão, como aquele de iniciativas de participação cidadã. As ações que se constituem neste espaço são tipicamente ex- tensões da esfera pública não executadas pelo Estado e caras demais para serem geridas pelos mercados.
· As organizações que fazem parte deste setor apre- sentam as seguintes características:
· Estruturada: possuem certo nível de formalização de regras e procedimentos, ou algum grau de or- ganização permanente;
· Privada: estas organizações não têm nenhuma re- lação institucional com governos, embora possam dele receber recursos;
· Não distribuidoras de lucros: nenhum lucro ge- rado pode ser distribuído entre seus proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas or- ganizações nãoé o fato de não possuírem ‘fins lucrativos’, e sim, o destino que é dado a estes, quando existem;
· Autônoma: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo controladas por entidades externas;
· Voluntária: envolvem um grau significativo de participação voluntária (trabalho não remunera- do). A participação de voluntário pode variar en- tre organizações ede acordo com a natureza da atividade por ela desenvolvida.
Fundações
São as instituições que financiam o terceiro setor, fa- zendo doações às entidades beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo tempo executam projetos próprios. Temos poucas fundações no Brasil. Depois de 5anos, o GIFE - Grupo de Instituições, Fundações e Empresas - com heróico esforço, conseguiu66 fundações como parceiras. No entanto, mui- tas fundações no Brasil têm pouca atuação na área social. Nos Estados Unidos já existem 40.000 fundações, sendo que a 10o colocada tem10 bilhões de dólares de patrimô- nio. Nossa maior fundação tem 1 bilhão.
Devido à inflação, seqüestros de dinheiro e congelamen- tos, a maioria de nossas fundações não tem fundos. Vivem de doações anuais das empresas que as constituíram. Em épocas de recessão, estas doações mínguam, justamente quando os problemas sociais aumentam. O conceito de fun- dação é, justamente, o de acumular fundos nos anos bons para poder usá-los nos anos ruins. A Fundação Bradesco é um dos raros exemplos de fundação com fundos.
Entidades Beneficentes
São as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua, drogados ealcoólatras, órfãos e mães sol- teiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissionali- zam; doam sangue, merenda, livros, sopão; atendem suici- das às quatro horas da manhã; dão suporte aos desampa- rados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a violência; promovem os direitos humanos e a cidadania; reabilitam vítimas de poliomelite; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem tudo. São
publicados números que vão desde 14.000 a 220.000enti- dades existentes no Brasil, o que inclui escolas, associações de bairro e clubes sociais.
Fundos Comunitários
Community Chests são muito comuns nos Estados Uni- dos. Em vez de cada empresa doar para uma entidade, to- das as empresas doam para um Fundo Comunitário, sendo que os empresários avaliam, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinheiro. Um dos poucos fundos existente no Brasil, com resultados comprovados, é aFEAC, de Campinas.
Entidades Sem Fins Lucrativos
Infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas ou atendem os interesses dos pró- prios usuários. Um clube esportivo, por exemplo, é sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus respectivos sócios. Muitas escolas, universidade se hospitais eram no passado, sem fins lucrativos, somente no nome. Por isto, estes números chegam a 220.000. O importante é dife- renciar uma associação de bairro ou um clube que ajuda os próprios associados de uma entidade beneficente, que ajuda os carentes do bairro.
ONG’s (Organizações Não Governamentais)
Nem toda entidade beneficente ajuda prestando serviços a pessoas diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo pressão sobre nossos deputados, está ajudando indiretamente todas as mulheres. Nos Estados Unidos, esta categoria é chamada também de Advocacy Groups, isto é, organizações que lutam por uma causa. Lá, como aqui, elas são muito poderosas politicamente. Na legislação brasileira, essas entidades também podem ser caracterizadas ou definidas como OSCIP’s – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
Empresas com responsabilidade Social
A Responsabilidade Social, no fundo, é sempre do indi- víduo, nunca de uma empresa jurídica, nem de um Estado impessoal. Caso contrário, as pessoas repassariam as suas
responsabilidades às empresas e ao governo, ao invés de
assumirem para si.
Mesmo conscientes disso, vivem reclamando que os “ou- tros” não resolvem os problemas sociais do Brasil. Porém, algumas empresas vão além da sua verdadeira responsabi- lidade principal, que é fazer produtos seguros, acessíveis, produzidos sem danos ambientais, e de estimular seus funcionários a serem mais responsáveis. O Instituto Ethos
–organização sem fins lucrativos criado para promover a responsabilidade social nas empresas - foi um dos pioneiros nesta área.
Pessoas Físicas
No mundo inteiro, as empresas contribuem somente com 10% da verba filantrópica global, enquanto as pes- soas físicas, notadamente da classe média, doam os 90% restantes. No Brasil, a nossa classe média doa, em média, 23 reais por ano, menos que 28% do total das doações. As fundações doam 40%, o governo repassa 26% e o resto vem de bingos beneficentes, leilões e eventos.
Política Ambiental
A preocupação com o meio ambiente entrou na agenda em escala mundial a partir dos anos 1970, com o devido reconhecimento de sua gravidade, quando,

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