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Unidade 1 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) ............................. 10 Resíduos Sólidos ............................................................................................................................. 10 Classificação dos Resíduos Sólidos ................................................................................... 12 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) .......................................................... 14 Logística Reversa ........................................................................................20 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ......................................................... 20 Sistema de Logística Reversa (SLR) .................................................................................. 21 Motivações para Implantação da LR ................................................................................24 Sociedade Responsável e a Importância dos Canais de Comunicação 27 Questões Ambientais Ligadas às Operações Logísticas ............30 Logística ................................................................................................................................................ 30 Logística Reversa ............................................................................................................................ 31 Dificuldades na Disseminação da Logística Reversa ............................................34 Governo ...............................................................................................................................35 Sociedade ......................................................................................................................... 36 Organizações .................................................................................................................. 36 Canais de Distribuição Reversos ..........................................................38 Classificação da Logística Reversa ................................................................................... 38 Canais de Distribuição ................................................................................................................ 39 Canais de Distribuição Reversos ..................................................................... 39 Logística Reversa 7 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 01 Logística Reversa8 INTRODUÇÃO Você sabia que as áreas de Desenvolvimento Sustentável e Logística Reversa são de grande influência para as empresas atualmente? Esta demanda tende a crescer com o aumento das legislações que controlam os impactos ambientais negativos gerados pelos empreendimentos e pela conscientização da sociedade, que cada vez mais prioriza produtos que possam ser reciclados ou são biodegradáveis. Portanto, entender o que é Logística Reversa, e como desenvolvê-la dentro das empresas, se tornou um grande atrativo de mercado. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Apresentar a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2. Entender o conceito de Logística Reversa e suas vertentes. 3. Definir a logística do ponto de vista ambiental. 4. Descrever os canais de distribuição diretos e reversos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa10 Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como a PNRS instituiu a Logística Reversa e passou a ditar regras e responsabilidades acerca dos resíduos sólidos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Resíduos Sólidos Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei no 12.305/10), resíduos sólidos são definidos como todo material, toda substância, todo objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade. Figura 1 – Ciclo de reaproveitamento de resíduos Fonte: @pixabay https://pixabay.com/pt/vectors/sincronizar-sincroniza%C3%A7%C3%A3o-setas-150123/ Logística Reversa 11 Os resíduos podem ser encontrados em estados sólidos ou semissólido, ou ainda, na forma de gases contidos em recipientes, e líquidos com características que tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água. Geralmente, os resíduos gerados nas mais diversas atividades não são úteis para quem os gera, porém, podem ser reaproveitados em outros processos produtivos, como uma matéria-prima secundária. Por isso, resíduos diferem-se de rejeito ou lixo. O termo rejeito, na PNRS, é definido como: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010) Comumente, denominamos tudo o que “jogamos fora”, como lixo, porém, lixo ou rejeito é tudo que não é passível de tratamento ou reutilização. Com o desenvolvimento e o uso do petróleo como meio não energético, mas para produção de polímeros sintéticos, fez surgir uma nova classe de resíduos sólidos. Essa mudança cultural passou a aceitar como “normal” a não reparabilidade dos objetos, tornando-os cada vez mais descartáveis e aumentando ainda mais a geração de resíduos sólidos. Biologicamente, podemos dizer que não existe lixo. Todas as substâncias produzidas pelos seres vivos e que são prejudiciais ou inúteis para o organismo (como fezes, urina ou restos de organismos mortos), são reciclados por seres decompositores. Os substratos dos vegetais nada mais são do que substâncias mineraisexcretadas por estes mesmos seres decompositores. Até mesmo o oxigênio, essencial para a sobrevivência dos organismos aeróbicos é um resíduo produzido pelos seres fotossintéticos. Logística Reversa12 Classificação dos Resíduos Sólidos Estamos falando de resíduos sólidos, entretanto, precisamos entendê-los e classificá-los segundo a PNRS: I - Quanto à origem: a. Resíduos domiciliares – os originários de atividades domésticas em residências urbanas. b. Resíduos de limpeza urbana – os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. c. Resíduos sólidos urbanos. d. Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços – os gerados nessas atividades. e. Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico. f. Resíduos industriais – os gerados nos processos produtivos e instalações industriais. g. Resíduos de serviços de saúde – os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. h. Resíduos da construção civil – os gerados em construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. i. Resíduos agrossilvopastoris – os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. j. Resíduos de serviços de transportes – os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira. k. Resíduos de mineração – os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. Logística Reversa 13 II - Quanto à periculosidade: a. Perigosos – inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos, patogênicos, carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos (apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental). b. Não perigosos – não se enquadram na descrição acima. A composição dos resíduos gerados por uma sociedade varia de acordo com os hábitos de vida de cada um dentro da sua situação socioeconômica. Esses resíduos podem ser classificados das seguintes maneiras: • Plásticos – garrafas, garrafões, frascos, embalagens. • Matéria orgânica – restos de comida. • Metais – latas. • Papel e papelão – jornais, revistas, caixas e embalagens. • Vidro – garrafas, frascos, copos. • Outros – roupas, óleos de motor, resíduos de eletrodomésticos. Alguns dos resíduos gerados por nós são altamente perigosos e danosos para o meio ambiente (exemplo: pilhas, baterias de telefones e equipamentos eletrônicos). A contaminação pode ser restrita ao local de despejo ou pode entrar em contato com riachos ou algum lençol freático, contaminando assim grandes áreas. IMPORTANTE: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como a PNRS instituiu a Logística Reversa e passou a ditar regras e responsabilidades acerca dos resíduos sólidos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Logística Reversa14 Para este tipo de material, é necessário um sistema de coleta apropriado, em que empresas especializadas possam depois classificar, tratar e descartar em local seguro e adequado. Nos centros urbanos, os resíduos sólidos podem ser coletados de duas formas: Indiferenciada – quando não ocorre nenhum tipo de seleção durante a coleta. Seletiva – quando os resíduos são recolhidos e separados de acordo com o tipo e a destinação. E como veremos mais adiante, a PNRS passa a compartilhar a responsabilidade do descarte, não somente com a indústria e o comércio, mas também com todos que despejam resíduos de maneira pouco ecológica, causando degradação do meio ambiente e colocando em risco a vida de outros seres vivos. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Não podemos começar a discutir sobre Logística Reversa (LR) sem antes saber como surgiu essa atividade. A LR é um instrumento para aplicação da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, por isso, está intimamente relacionada com a PNRS. Segundo o Ministério do Meio Ambiente: a busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que pressiona por mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados adequadamente, os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de novas matérias-primas ou novos insumos. A implantação de um Plano de Gestão trouxe reflexos positivos no âmbito social, ambiental e econômico, pois não só tem diminuído o consumo dos recursos naturais, como vem proporcionando a abertura de novos mercados, gerando trabalho, emprego e renda, conduzindo à inclusão Logística Reversa 15 social e diminuindo os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resíduos. (MMA, on-line). Por tudo isso, a PNRS é considerada um marco regulatório para o gerenciamento correto de resíduos sólidos no Brasil, por dar direcionamento a todos os materiais que podem ser reciclados e àqueles que não podem mais ser reaproveitados. Este gerenciamento incentiva o descarte correto de forma compartilhada. A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra poder público, iniciativa privada e sociedade civil e possui alguns objetivos que merecem ser destacados como: • Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental. • Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. • Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços. • Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais. • Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos. • Incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados. • Gestão integrada de resíduos sólidos. • Capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos. • Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. • Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético. Logística Reversa16 • Estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. Percebemos com o que foi exposto anteriormente, que a lei propõe o incentivo ao reaproveitamento e à reciclagem, tendo como consequência direta a redução dos resíduos gerados. Enquanto que os rejeitos precisam ser destinados a locais onde não causem danos ambientais e nem gerem risco à saúde humana. A PNRS mostrou uma responsabilidade que ninguém sabia de quem era, o descarte de um produto em um local inadequado. O dever compartilhado passou a dividir entre todos os participantes da cadeia (produtor, fornecedor e consumidor), a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos. EXPLICANDO MELHOR: Ciclo de vida de um produto – engloba o processo desde a extração da matéria-prima, produção, consumo, até o descarte final de um produto. Com isso, a responsabilidade recai sobre fabricantes, comerciantes, importadores, sociedade e responsáveis pelo manejo dos resíduos sólidos urbanos. A PNRS em seu Art. 6º coloca os seguintes princípios: I - A prevenção e a precaução. II - O poluidor-pagador e o protetor-recebedor. III - A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. IV - O desenvolvimento sustentável. V - A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos,de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um Logística Reversa 17 nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta. VI - A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade. VII - A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. VIII - O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania. IX - O respeito às diversidades locais e regionais. X - O direito da sociedade à informação e ao controle social. XI - A razoabilidade e a proporcionalidade. E a PNRS ainda institui a seguinte ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Figura 2 – Ordem de prioridade de geração de resíduos Fonte: Elaborada pela autora. Logística Reversa18 A PNRS criou metas importantes para a extinção dos lixões e propôs instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, intermunicipal, microrregional, intermunicipal metropolitano e municipal, estabelecendo, também, que particulares se preocupem com seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Porém, podemos perceber que nas grandes cidades que os lixões ainda existem e que nem todos possuem um plano de gerenciamento. Podemos concluir que a PNRS vem como uma grande importância acima de todas, que é mostrar que somente com o comprometimento de todos será possível a implementação de tais ações e mudanças para um mundo melhor e sustentável. NOTA: Um projeto de lei está sendo analisado para uma prorrogação no prazo para substituir os lixões por aterros sanitários até 2024. SAIBA MAIS: Quer saber um pouco mais sobre a Lei no 12.305/10 (PNRS)? Recomendamos a seguinte leitura: Fonte: https:// bit.ly/2RLUWRl https://bit.ly/2RLUWRl https://bit.ly/2RLUWRl Logística Reversa 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que foi apresentado? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei nº 12.305/10) é considerada um marco regulatório para o gerenciamento correto dos resíduos no país. Diante de um quadro de falta de controle e destinação inadequados dos resíduos sólidos, foi fundamental definir e implementar políticas públicas adequadas para garantir a destinação adequada dos resíduos sólidos. Porém, além do poder público, a lei passa a compartilhar a cadeia de resíduos sólidos com os fabricantes, os produtores e os consumidores. Os resíduos sólidos passam a ser considerados um bem econômico e de valor social, gerador de renda, trabalho e promotor de cidadania, devido ao seu reconhecimento como bem reutilizável e reciclável. Na gestão e no gerenciamento é importante observar a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos. A lei passou a ter como objetivo o incentivo à indústria de reciclagem, ao desenvolvimento e ao aprimoramento de tecnologias limpas, ao estímulo do consumo sustentável e à integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Logística Reversa20 Logística Reversa INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o processo de Logística Reversa. Vamos entender a importância da Política Nacional de Resíduos Sólidos para a sociedade, e como a reciclagem vem mudando a vida das pessoas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Vamos começar recordando a PNRS. A Lei nº 12.305/10 instituiu a PNRS, e nela estão dispostas regras de prevenção e redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo mais sustentáveis, a partir de um conjunto de instrumentos que auxiliam na reutilização de resíduos, aumento da taxa de reciclagem e a destinação adequada dos rejeitos. Precisamos deixar bem claro, que até 2010, a gestão dos produtos pós-consumo não contava com instrumentos legais no Brasil. Não havia nenhuma lei que uniformizasse ou até mesmo, disciplinasse os procedimentos a serem adotados. A PNRS passou a atribuir aos fabricantes, importadores, comerciantes, distribuidores, entre outros, a responsabilidade compartilhada pela geração de resíduos. E ainda, define responsabilidade compartilhada como sendo o “conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados Logística Reversa 21 à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei” (BRASIL, 2010). A PNRS passa a estruturar a LR por meio do retorno dos produtos após o consumo, de maneira independente do serviço público de limpeza e manejo de resíduos sólidos urbanos. O termo LR, na PNRS, é definido como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (PNRS, Lei nº 12.305/10). A lei ainda estabelece que a LR deve ser estendida aos produtos que são comercializados em todos os tipos de produtos e de embalagens, isto é, de vidro, plástico ou metal, levando em consideração a extensão e o grau de impacto ao meio ambiente e à saúde pública dos resíduos gerados. Podemos sugerir, então, que com a legislação existente para a LR os setores produtivos passaram a rever os ciclos de vida dos seus produtos e a estruturar seu próprio Sistema de Logística Reversa. Com isso, diferentes elos da cadeia produtiva passaram a trabalhar de maneira cooperativa. Sistema de Logística Reversa (SLR) O desenvolvimento da PNRS e do seu instrumento LR veio da crescente preocupação com o meio ambiente e com a necessidade de reuso. Ao invés de um fluxo direto e único dos materiais, faz-se um fluxo circular, abrangendo o fluxo direto e o reverso. Logística Reversa22 Figura 3 – Representação da Logística Reversa Fonte: @freepik As atividades realizadas pela LR variam de acordo com o tipo de material e, também, por qual motivo este material entrou no sistema, podendo ser divididas e dois grandes grupos: produtos e embalagens. Sendo assim, a LR abrange a responsabilidade em promover o retorno dos produtos e embalagens pós-consumo, de maneira a direcioná-las para diversos destinos diferentes. Figura 4 – Processo de Logística Reversa Fonte: Lacerda, 2003. Logística Reversa 23 O fluxo da LR para as embalagens ocorre a partir da sua reutilização parou como no caso da Alemanha, por uma motivação legal. NOTA: na Alemanha, a legislação não permite o descarte de embalagens no meio ambiente, por isso, seus produtores são obrigados a reinseri-las no sistema de produção após sua utilização pelo consumidor final. Contudo, a reciclagem e o reparo dos produtos, dão origem ao fluxo da LR. Percebemos como o conceito de LR é amplo, pois cuida desde o planejamento e gerenciamento do produto fabricado e entregue ao consumidor, e seu caminho reverso, quando sai das mãos do consumidor e volta até à fábrica. No momento em que volta para o fabricante, o material pode ser reutilizado, reciclado, remanufaturado, coprocessado, entre outrosdestinos, porém de maneira isolada, não é possível garantir a eficiência do processo. Figura 5 – Algumas maneiras de utilizar o material que volta para a fábrica Fonte: Lacerda, 2003. Logística Reversa24 Motivações para Implantação da LR As empresas adotam o SLR por motivos específicos, dentre eles, podemos citar as questões ambientais, a redução de custo e a concorrência (diferenciação do produto). A empresa que adota a LR acaba por agregar valor ao seu produto. SAIBA MAIS: O valor agregado ao produto pode ser de natureza econômica, ecológica, logística, de imagem, corporativa, legal, entre outras. Percebemos até bem pouco tempo atrás como era crescente a descartabilidade dos produtos logo após o primeiro uso, sendo eles jogados em aterros sanitários, locais abandonados, ou até mesmo em rios e lagos, tornando tudo visível aos olhos da sociedade e contaminando o meio ambiente. A vigência da legislação vem tornando as empresas cada vez mais responsáveis pelo ciclo de vida dos seus produtos, e dando consciência de que o seu descarte está causando prejuízos ao meio ambiente. O fator econômico também está relacionado ao ambiental, pois ações de recuperação de produtos ou parte deles geram lucro, proporcionando redução de custos, economia de peças de reposição e o decréscimo no uso de materiais. Exemplo: Um equipamento pode voltar a uma empresa no final de sua vida útil, suas peças podem ser usadas tanto como peças sobressalentes ou podem ser vendidas em mercados secundários. Outros exemplos: O reuso de pallets evita a derrubada de novas árvores, a devolução de embalagens aos fornecedores, evita que elas sejam descartadas no meio ambiente, entre outros. Não podemos deixar de falar da vantagem competitiva em relação ao desenvolvimento de uma imagem de empresa verde por meio da Logística Reversa 25 criação de produtos e serviços que reduzam o impacto ambiental. Nesse sentido, alguns produtores mantêm a linha verde no seu processo, a fim de satisfazer a expectativa dos clientes, que esperam cada vez mais que as empresas reduzam o impacto ambiental de suas atividades e de seus produtos. Portanto, a imagem “verde” tornou-se um importante elemento de marketing. A PNRS também surge com uma questão muito importante, a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos passa a ser compartilhada, com direitos e deveres individualizados e encadeados entre todos os elos do sistema produtivo, dividindo ainda a responsabilidade com o consumidor e o poder público. Pois no Brasil, são de responsabilidade pública, os serviços de saneamento básico que incluem o manejo de resíduos sólidos urbanos e a limpeza urbana, além do abastecimento de água, da coleta e do tratamento de esgoto e da drenagem urbana. Deste modo, o poder público está estreitamente ligado com o desenvolvimento, a educação, a saúde, o meio ambiente, os recursos hídricos e a produção de bens e o consumo. NOTA: As embalagens em geral e os medicamentos que não têm utilidade, também são tratados pelo Governo Federal como prioritários para a implantação dos SLR por meio de acordos setoriais. Atualmente, a logística das empresas vem sofrendo grandes mudanças, com o desenvolvimento de sistemas, os procedimentos e as soluções para lidar com a devolução de materiais e produtos. Fato este que requer algo grau de coordenação da gestão e ainda, uma cooperação entre empresas de tratamento e disposição final de resíduos. No Brasil, em resposta à PNRS, as empresas vêm aderindo de forma associativa, reunindo diferentes elos das cadeias produtivas, principalmente fabricantes e importadores, reunindo uma entidade gestora com o setor público, que atua como fiscalizador e regulamentador. Logística Reversa26 No aspecto social, precisamos falar que na maior parte das cidades brasileiras, as atividades de coleta de resíduos sólidos urbanos são realizadas de maneira totalmente desconectadas dos sistemas públicos. Geralmente, são realizadas por catadores de recicláveis ou sucateiros, que garimpam nas lixeiras das cidades latinhas de alumínio, papel, papelão, embalagens de garrafas PET e outros materiais que tenham valor para a venda. As operações de coleta feitas pelas grandes empresas acontecem diretamente na fonte dos geradores dos resíduos ou em pontos de concentração destes (podendo ser cooperativas ou depósitos) que são alimentados pelos catadores informais. É muito difícil para o poder público acompanhar a dimensão da atividade dos catadores, principalmente por não haver fiscalização e controle por parte das prefeituras. Porém, temos como um dos objetivos da PNRS, a integração dos catadores nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Sua participação é fundamental para a reciclagem de materiais de alto valor agregado, como latinhas de alumínio. IMPORTANTE: Apenas uma pequena parte dos resíduos sólidos urbanos produzidos no país é seletivamente coletada; a maior parte da coleta é feita por catadores, autônomos ou associados em cooperativas, que retiram do lixo os materiais de mais alto valor, em condições de trabalho precárias e com baixa remuneração. Logística Reversa 27 Sociedade Responsável e a Importância dos Canais de Comunicação Fatores de extrema importância para que a LR funcione são a participação da população e a criação de canais de comunicação, de maneira que os SLR possam operar de forma eficiente durante todo o processo logístico. O consumidor precisa ser responsável por realizar a separação dos produtos pós-consumo e entregá-los para o sistema, pois só a adesão popular fará com que o sistema tenha quantidade suficiente de material para gerar economia de escala. Figura 6 – Separação correta dos resíduos Fonte: @freepik A participação do consumidor precisa ser estimulada, seja pela facilidade do descarte, seja pela confiança no endereçamento final do produto pós-consumo por parte das empresas. Além de se preocuparem com o tamanho dos resíduos descartados: equipamentos de tamanhos diferentes precisam de sistemas diferenciados de descarte. Grandes equipamentos, quando descartados, precisam ser retirados das casas dos consumidores e, pequenos equipamentos, precisam de postos de entrega voluntária localizados em pontos estratégicos da cidade. https://br.freepik.com/vetores-gratis/colecao-de-reciclagem-de-pessoas_7941703.htm Logística Reversa28 Exemplo: Um consumidor só irá descartar sua geladeira usada quando a nova já estiver funcionando, e se tiver alguém que faça o transporte do equipamento usado. A confiança na manutenção da privacidade também influencia no descarte de equipamentos como computadores, telefones e tablets, pois o consumidor precisa ter assegurado que o SLR utilizado pela empresa não fará uso dos dados gravados nestes equipamentos. Havendo dúvida, o usuário evitará o descarte. A logística das empresas precisa entender que o SLR precisa da adesão popular e para isso, é necessário que desenvolvam canais de comunicação confiáveis e que estimulem a participação contínua. O consumidor precisa ter acesso às informações do SLR, assim como, a localização dos postos de coleta e o destino final dos produtos descartados. SAIBA MAIS: Quer saber um pouco mais sobre a PNRS e os fundamentos da LR? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte: https://bit.ly/360vsI3 https://bit.ly/360vsI3 Logística Reversa 29 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Começamos vendo que a LR é um instrumento para aplicação da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, por isso, está intimamente relacionada com a Lei no 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nessa lei estão dispostas regras de prevenção e reduçãona geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumos mais sustentáveis. A PNRS estrutura a LR por meio do retorno dos produtos após o consumo, de maneira independente do serviço público de limpeza e manejo de resíduos sólidos urbanos e ainda estabelece que a LR deve ser estendida aos produtos que são comercializados em todos os tipos de produtos e de embalagens. As empresas adotam o SLR por questões ambientais, a redução de custo e a concorrência (diferenciação do produto). A empresa que adota a LR acaba por agregar valor ao seu produto. Fatores de extrema importância para que a LR funcione são a participação da população e a criação de canais de comunicação, de maneira que os SLR possam operar de forma eficiente durante todo o processo logístico. Logística Reversa30 Questões Ambientais Ligadas às Operações Logísticas INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a Logística Reversa do ponto de vista empresarial. Inserir a LR dentro de uma organização demanda muito estudo e análises de perdas e ganhos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Logística Vocês já se perguntaram o que vem a ser um processo logístico? É um processo sistêmico de otimização do fluxo de informações, materiais ou de recursos de uma organização, de modo a integrar duas ou mais atividades operacionais ou gerenciais desde o ponto de partida até o destino de tais informações, materiais ou recursos. O objetivo da logística é sempre se adequar às necessidades dos consumidores e dos fornecedores. Por meio do planejamento, da implementação e do controle, a logística torna mais eficiente o fluxo direto e o fluxo inverso dos bens de consumo e de informações. Figura 7 – Processo de Logística Fonte: @freepik Logística Reversa 31 Atualmente, é comum dizer que a chave do sucesso empresarial pode estar na logística e na sua capacidade para diminuir custos e tempo de resposta nas solicitações dos clientes. Em um mundo comercial tão competitivo como o nosso, quem chegar primeiro ao cliente, oferecendo melhores condições e serviços, tem maiores probabilidades de ganhar da concorrência. NOTA: Dentre as atividades logísticas, podemos citar as principais como – transporte e gestão do transporte, gestão de matéria-prima e embalagem, manuseio de materiais, controle e gestão de estoques, e ainda, atendimento ao cliente, pesquisa, seleção e negociação com fornecedores e gestão dos sistemas de informação e comunicação. No contexto “meio ambiente”, o aumento das preocupações ambientais, aliado à necessidade de implementar soluções mais exigentes tem sido um desafio e uma oportunidade para as empresas apresentarem soluções alternativas, usando menos quantidade de matéria-prima e causando menor dano ambiental possível. Logística Reversa A LR entra no mundo corporativo com o objetivo de agregar valor às operações de modo a ser um diferencial competitivo entre as concorrentes, de modo que se tenha melhor aproveitamento dos materiais que são descartados fazendo com que eles voltem à utilização. A LR tem sua importância dimensionada pelos custos logísticos, comerciais e econômicos totais e pelas questões ambientais agregadas, fazendo com que as empresas invistam na diferenciação dos seus serviços. Valores ligados à responsabilidade socioambiental têm sido considerados diferenciais competitivos, fazendo com o departamento Logística Reversa32 logístico invista em projetos estratégicos alinhados à empresa, em busca de suprir esta necessidade. Acredita-se ainda que a LR deixou de ser apenas um diferencial de mercado para se tornar uma necessidade nas empresas. Cada vez mais as empresas devem estar atentas para este novo fenômeno, e implantar em sua cadeia logística o processo reverso, não somente para satisfazer a questão ecológica, mas por sobrevivência. Nos últimos anos, as atividades de reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens vêm aumentando expressivamente dentro das empresas. Exemplo: Fabricantes de bebidas têm que gerenciar o retorno das garrafas, siderúrgicas que utilizam como insumo de produção a sucata gerada por clientes, indústrias de latas de alumínio que fazem uso de matéria-prima reciclada. Como já falamos anteriormente, algumas empresas passaram a ter que gerenciar o fluxo desde o ponto de origem até o de consumo, e o caminho reverso. Hoje, indústrias de eletrônicos, automóveis e de varejo lidam com o retorno de embalagens, de peças e com o reaproveitamento de materiais para produção. O planejamento reverso agrega valor econômico, ecológico, legal e de localização à LR e as respectivas informações, de maneira a operacionalizar o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou de pós-venda. Isso se dá por meio dos processos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo. Podemos, então, sugerir que as empresas precisam estar atentas a esse novo nicho, pois a responsabilidade ambiental está presente em todos os espaços do mercado. Lembrando que, sustentabilidade ambiental diz respeito à manutenção dos componentes e das funções dos ecossistemas de modo a assegurar que continuem viáveis, com capacidade de se autorreproduzir e se adaptar a alterações, para manter sua variedade biológica. Logística Reversa 33 Podemos dizer que o resultado da entrada da LR no mercado foi o começo do desenvolvimento do chamado “produto verde”, um novo conceito para os produtos que são mais duráveis, não tóxicos, biodegradáveis, recicláveis ou reutilizáveis, que não tenham excesso de embalagem ou que sejam elaborados a partir da reciclagem de materiais. Figura 8 – Selo de produto verde (ecologicamente correto) Fonte: @freepik Essa nova percepção tem levado os governos e as empresas a focarem suas pesquisas nestes aspectos, em que a inovação precisa estar intimamente relacionada com os sistemas naturais e com o desenvolvimento sustentável. Logística Reversa34 Dificuldades na Disseminação da Logística Reversa Porém, a LR não é uma vertente do mercado, ela precisa estar inserida na natureza da empresa e não basta desenvolver uma equipe de logística e ter boas ideias para adotar a LR. Em meio a algumas dificuldades de adoção podemos citar pelo menos duas mais significativas: 1. Impossibilidade de algumas organizações em atingir escala, isto é, alcançar um volume que torne economicamente viável a implementação do fluxo reverso. 2. Desconhecimento quanto à importância da adoção de práticas de Logística Reversa para a sustentabilidade ambiental do planeta tanto por parte de alguns gestores quanto de uma parcela da sociedade. Figura 9 – Dúvidas relacionadas com a LR Fonte: @freepik Assim, aos poucos, quando as empresas forem conseguindo resolver as questões citadas anteriormente, as boas práticas de LR vão ser cada vez mais disseminadas no Brasil, com a consequente redução de https://br.freepik.com/vetores-gratis/pessoas-triagem-de-lixo-para-reciclagem_3425205.htm Logística Reversa 35 efeitos ambientais negativos e o alcance da sustentabilidade econômica das empresas. Para que este ideal seja alcançado, emerge a importância da atuação do governo, da sociedade e das organizações. Governo O governo é quem possui a capacidade de subsidiar, estimular e implementar alguns tipos de programas de LR, assim como realizar campanhas de alcance nacional para evidenciar os benefícios ambientais, financeiros e sociais das práticas de LR. O Estado passa a ter um papel de suma importância no que se refere à adoção de práticas sustentáveis, seja por meio da adoção de instrumentos econômicos ou por meio da regulação formal. O comando destinado ao Estado compreende o estabelecimento de regulamentações governamentais relacionadas ao uso dos recursos ambientais, entre elas o cumprimento da legislação e a aplicação de sanções aoseventuais infratores. NOTA: A decisão de uma empresa em diminuir ou não a contaminação, infelizmente, ainda está diretamente relacionada à diferença entre os custos que poderão ser abatidos e a intensidade das sanções. As interferências governamentais que incitam investimentos de controle ou de prevenção da contaminação serão bem-sucedidas na medida em que gerarem tanto benefícios ambientais, como privados, de modo a ampliar o bem-estar social e melhorar as condições de competitividade das organizações. O Estado, com seu poder regulador, não tem que ser o único incentivo para as empresas melhorarem seu desempenho ambiental. A pressão por uma regulação formal e a consequente diminuição da contaminação ou do impacto ambiental gerado por diferentes fatores precisa ser motivada Logística Reversa36 pelas pressões da sociedade, dos grupos organizados ou das ONGs, do próprio mercado, dos consumidores e fornecedores, entre outros. Sociedade Nos dias de hoje, a ampliação dos resultados das práticas sustentáveis, vem da conscientização e do interesse da sociedade em participar de programas de LR. Os consumidores têm condenado práticas e abolido a compra de produtos de empresas irresponsáveis ambientalmente, o que força o mercado a se adaptar ou perder consumidores. Por outro lado, alguns investidores buscam a aproximação com empresas adeptas aos princípios da responsabilidade socioambiental. Organizações Para que os programas de LR sejam implantados e operacionalizados, é imprescindível que as empresas tenham responsabilidade ambiental e social. As organizações devem assumir a tarefa de concentrar esforços para a formação e estruturação das cadeias setoriais de LR. A responsabilidade ambiental funciona como um fator de diferenciação competitiva, porque dá às organizações participantes o status de empresas cidadãs ou “verdes”. São empresas com maiores percepções e sensibilidades quanto à importância em conciliar suas atividades operacionais à sustentabilidade do meio ambiente de modo a incluir a gestão ambiental em suas estratégias empresariais. Contudo, nas empresas, a LR precisa estar em equilíbrio entre o que é ambientalmente correto, o que tem menor custo e o que gera mais lucro. Para que esta conta seja economicamente viável, algumas condições precisam ser atendidas: • Mercado para produtos reciclados – as partes quantitativas e qualitativas do mercado reverso precisam ser analisadas, e somente depois, a operacionalidade e o retorno financeiro do novo produto podem ser medidos. • Qualidade dos materiais reciclados – a qualidade do produto advindo da LR está diretamente relacionada às matérias-primas originais, Logística Reversa 37 que dependem das condições, do tipo de coleta e da forma de reprocessamento do fluxo reverso. • Remuneração em todas as etapas reversas – o retorno financeiro obtido em cada fase reversa deverá satisfazer aos interesses econômicos dos inúmeros agentes envolvidos no processo. • Escala econômica de atividade – o retorno gerado deve estar em um nível suficiente e ser constante para garantir o alcance de uma escala econômica e empresarial. As cadeias reversas apresentam como dificuldades gerais a obtenção de regularidade de fornecimento e de quantidades satisfatórias. SAIBA MAIS: Para entender um pouco melhor das vantagens e desvantagens operacionais da LR recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte:https://bit.ly/3cj2fJw RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A logística é definida como um processo sistêmico de otimização do fluxo de informações, materiais ou de recursos de uma organização, integrando duas ou mais atividades operacionais ou gerenciais desde o ponto de partida até o destino destas informações, destes materiais ou destes recursos. Por meio do planejamento, da implementação e do controle, a logística torna mais eficiente o fluxo direto e o fluxo inverso dos bens de consumo e de informações. Com o aumento das preocupações ambientais, tem sido um desafio a busca por meios de usar menos quantidade de matéria-prima e causar menor dano ambiental possível. O planejamento reverso agrega valor econômico, ecológico, legal e de localização à LR, mas para que este ideal seja alcançado, emerge a importância da atuação do governo, da sociedade e das organizações. https://bit.ly/3cj2fJw Logística Reversa38 Canais de Distribuição Reversos INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam os canais de distribuição diretos e reversos. Após entender a classificação da LR, você conseguirá distinguir reciclagem, reuso e remanufatura. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Classificação da Logística Reversa Todos os produtos que consumimos possuem um tempo de uso variável, que depende do seu ciclo de vida útil. Após seu vencimento, são descartados de formas diferentes, resultando em resíduos sólidos em geral. A maior parte destes resíduos é de embalagens ou de produtos que podem ter peças reaproveitadas ou produtos defeituosos e com pouco uso. Para melhor entendimento da Logística Reversa (LR), ela pode ser dividida e classificada em três tipos: LR de pós-venda, LR de pós- consumo e LR de embalagem. • LR de pós-venda – é aquela que controla o fluxo logístico correspondente aos bens de pós-venda. Produtos sem uso ou com pouco uso quando são devolvidos, entram nesta categoria. Pode-se incluir: produtos com falhas no funcionamento, erros nos pedidos, liquidação de vendas, entre outros. São produtos que podem ter valor comercial agregado e podem ser enviados à reciclagem ou reaproveitados. • LR de pós-consumo – é aquela que controla o fluxo físico correspondente aos bens de pós-consumo, ou seja, produtos que são descartados pelo consumidor. Ainda possuem vida útil e possibilidades de reutilização. Quando um produto é desmontado e seus componentes ainda podem ser aproveitados ou remanufaturados, são enquadrados Logística Reversa 39 nesta categoria. Por exemplo: resíduos industriais que voltam ao ciclo produtivo. No caso de não haver reaproveitamento, esses produtos serão destinados para lixões ou serão incinerados. • LR de embalagem: este tipo de logística pode estar incluído em pós- venda e pós-consumo. Podemos notar que existe uma tendência mundial de reaproveitamento das embalagens retornáveis ou de múltiplas viagens devido à grande quantidade de resíduos gerados despejados no meio ambiente. Canais de Distribuição Primeiramente precisamos definir o que vem a ser um Canal de distribuição, depois um Canal de distribuição direto, e só assim entenderemos qual é o caminho reverso. Bom, canais de distribuição, nada mais são, do que os caminhos que levam os produtos das empresas até seus respectivos consumidores. Os canais de distribuição podem ser exclusivos, seletivos ou intensivos. Nos canais exclusivos, o próprio fabricante escolhe seus revendedores, e os autorizam de forma exclusiva, a distribuir seus produtos. Exemplo: concessionárias de veículos autorizadas, onde os intermediários levam os produtos a um ponto de venda ou rede de lojas exclusivo da marca. Nos canais seletivos, o fabricante vende por meio de um grupo selecionado de intermediários, que possui boa reputação, localização, carteira de clientes, entre outras qualidades. Assim, o fabricante consegue boa cobertura do mercado, tem controle e menos custos. A cobertura intensiva possui a lógica de “quanto mais, melhor”. O fabricante vende por meio de tantos intermediários quanto forem possíveis. É muito usado para produtos de alto consumo e pouco valor agregado. Exemplo: produtos de higiene e alimentícios. Canais de Distribuição Reversos A logística de retorno ou LR tem seu início no consumidor finale termina no fornecedor (local de origem da matéria-prima). Em um conceito Logística Reversa40 mais amplo a LR pode ser dividida em cinco canais de distribuição: disposição final, retornos comerciais, retornos de garantia, sucatas de produção e/ou rejeitados e embalagens. Os canais de distribuição reversos apresentam objetivos e características distintas, que envolvem relações entre entidades diferentes, embora guardem forte interação e peculiaridade logísticas em alguns casos. NOTA: É importante lembrar que o fluxo de distribuição direto é caracterizado por meio de diversas possibilidades conhecidas como etapas de atacadistas ou distribuidores, chegando ao varejo e ao consumidor final. Figura 10 – Canais de distribuição diretos e reversos Fonte: Leite, 2003 (Adaptado). A redução do ciclo de vida útil dos produtos está intimamente associada ao aumento do número de bens e serviços fornecidos à sociedade. O que, como consequência, amplia a quantidade de resíduos gerados e nos encaminha para o esgotamento da capacidade dos Logística Reversa 41 sistemas tradicionais de disposição de resíduos (aterros sanitários, lixões, entre outros). É imprescindível que sejam elaboradas estratégias para a destinação final dos bens pós-consumo com a finalidade de reduzir o impacto ambiental gerado por eles. Essa realidade, como já foi explicado anteriormente, vem despertando nas empresas a consciência quanto à importância de um planejamento estratégico que inclua programas e regras de gestão de resíduos sólidos para “melhorar” os canais reversos, de modo a diminuir os impactos negativos que os produtos e processos industriais causam ao meio ambiente. Os canais de distribuição reversos assumem a forma de pós-venda ou pós-consumo. Por meio de atividades de reciclagem, desmanche ou reuso, podem dar origem a novos produtos que serão disponibilizados no mercado. Em geral, os canais reversos de pós-venda constituem-se dos mesmos agentes da cadeia direta. Os bens industriais de pós-venda retornam à cadeia de suprimentos (ao estoque da fábrica) quando: • Terminam seu prazo de validade. • Existe estoque em excesso no canal de distribuição. • Comprovados defeitos de fabricação. • Não atingem o nível de qualidade exigido. • Consignados são devolvidos. • Há avarias no transporte. • Entre outros. Todos esses motivos mencionados destinam alguns bens ainda em bom estado ou sem uso, para mercados secundários por meio de reformas, desmanches, reciclagem, dispostos em aterros ou, ainda, incinerados. Boa parte dos produtos vendidos por meio de canal de distribuição direto acaba retornando ao ciclo produtivo através de canais reversos. Logística Reversa42 Os bens de pós-venda, com pouco ou nenhum uso, fazem parte dos canais reversos de pós-venda. Os bens de pós-consumo, usados, porém descartados, voltam pelos canais reversos de pós-consumo. Os canais de distribuição reversos pós-consumo compreendem as distintas formas de processamento e de comercialização dos produtos de pós-consumo e de seus materiais constituintes, que se inicia na coleta e termina na reintegração do bem ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária. Os canais reversos de pós-consumo são subdivididos em: • Canais reversos de reuso de bens duráveis e semiduráveis. • De remanufatura de bens duráveis. • De reciclagem de produtos e materiais constituintes. Caso os bens pós-consumo não se encaixem nestas revalorizações acima, terão sua disposição final em aterros sanitários ou serão incinerados. O reuso é considerado uma forma de reparo, reciclagem ou remanufatura que se caracteriza pela preservação da identidade principal do produto. Um exemplo de remanufatura é o que ocorre com motores de aeronaves e peças de máquinas, que por meio da desmontagem, montagem e do reparo de peças, produz-se um novo produto, só que remanufaturado. VOCÊ SABIA? A aquisição dos bens de pós-consumo durável é realizada normalmente por comerciantes estabelecidos, empresários de remanufatura, especializados por tipo de produto, ou seja, automóveis, computadores, máquinas operatrizes etc., ou por intermediários negociadores de lotes que arrematam a totalidade dos bens em empresas para posterior negociação. Logística Reversa 43 Já o desmanche, é o processo de desmontagem de um produto durável pós-consumo, e tem como objetivo a separação de componentes em condições de uso para reprocessamento e colocação no mercado de peças usadas. A reciclagem é o mais conhecido meio de se extrair componentes aproveitáveis de produtos descartados e transformá-los em matérias- primas recicladas ou secundárias, que poderão ser usadas na fabricação de novos produtos. Não tem como obrigação a preservação da estrutura do produto de origem. Exemplo: Entre os materiais largamente reciclados estão as embalagens de alumínio, os vidros, os papéis e os pneus. A reciclagem é justificada quando a recuperação do produto é mais vantajosa economicamente do que a disposição final. Hoje em dia, o mercado secundário de bens usados ou remanufaturados representam uma quantia importante no valor total da economia reversa, embora, os valores estimados sejam pouco documentados. Com o objetivo de amenizar o impacto ambiental negativo causado pelo esgotamento de recursos naturais, pela contaminação do meio ambiente e pela poluição, as legislações ambientais buscam responsabilizar as empresas ou as cadeias industriais pelo equacionamento dos fluxos reversos dos produtos de pós-consumo, contribuindo para a adoção da LR. Percebemos o aumento das exigências das legislações ambientais, no sentido de responsabilizar cada vez mais as empresas pelo ciclo de vida de seus produtos. Com isso, em um breve período de tempo, as empresas se tornarão totalmente responsáveis pelo destino de seus produtos desde a produção até a entrega aos seus clientes, incluindo a preocupação com o impacto que esses produtos causam ao meio ambiente. Sociedade e empresas precisam ter em mente que há a necessidade da integração da LR com a cadeia de suprimentos. O fluxo reverso de produtos deve ser considerado pela coordenação logística das empresas Logística Reversa44 como uma forma de gerar economia, mostrando que a implantação deste sistema irá refletir em vantagens competitivas para as empresas, com menores custos e melhoria de serviço ao consumidor. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no assunto de Canais de Distribuição? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Fonte: https:// bit.ly/3kH9Ynx RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vamos começar com a definição de canal de distribuição direto, que são os caminhos que levam os produtos das empresas até seus respectivos consumidores. Os canais de distribuição diretos podem ser exclusivos, seletivos ou intensivos e vão depender de cada empresa. A redução do ciclo de vida útil dos produtos está associada ao aumento do número de bens e serviços fornecidos à sociedade. Sabendo que todos os produtos que consumimos possuem um tempo de uso variável e que muitas vezes esses produtos descartados podem ser reutilizados de diferentes maneiras, a LR é um interessante caminho para diminuir a quantidade de resíduos produzidos. A LR tem seu início no consumidor final e termina no fornecedor, e os seus canais reversos de pós-consumo podem ser divididos em de reuso de bens duráveis e semiduráveis, de remanufatura de bens duráveis e de reciclagem de produtos e materiais constituintes, e caso não encaixem em nenhum desses, serão depositados em aterros sanitários ou serão incinerados. https://bit.ly/3kH9Ynx https://bit.ly/3kH9Ynx Logística Reversa 45 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de ResíduosSólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm. Acesso em: 27 ago. 2020. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Rio de Janeiro: CEL - Centro de Estudos em Logística–COPPEAD, UFRJ, 2003. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. MATTOS, W. C. ; SANTOS, S. S. A Logística reversa como ferramenta competitiva e de sustentabilidade ambiental. Revista Ensaios & Diálogos. 7; 94-104; 2014. SEBRAE. Como fazer seu produto chegar na quantidade, horário e local corretos? Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e 0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 27 ago. 2020. SILVA, N. R. ; MAGALHÃES, P. A. N. D. R. LOGÍSTICA REVERSA: Uma abordagem acerca das vantagens e desvantagens de sua implantação e utilização como diferencial competitivo no mercado. Disponível em: https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem- acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e- utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html. Acesso em: 27 ago. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html https://docplayer.com.br/19982555-Logistica-reversa-uma-abordagem-acerca-das-vantagens-e-desvantagens-de-sua-implantacao-e-utilizacao-como-diferencial-competitivo-no-mercado.html Carolina Galvão Sarzedas Livro Didático Digital Unidade 2 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Responsabilidade Social .......................................................................... 12 Definição ................................................................................................................................................ 12 Origem ..................................................................................................................................................... 13 Princípios da RS ................................................................................................................................ 14 Tipos de RS ........................................................................................................................................ 15 Responsabilidade Social Individual (RSI) .................................................... 15 Responsabilidade Socioambiental ................................................................ 15 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ............................................ 16 Responsabilidade Social Empresarial (RSE) ............................................ 16 Responsabilidade Social na prática ................................................................................. 17 Ferramentas de Avaliação de Desenvolvimento Sustentável .20 Definição de Desenvolvimento Sustentável ............................................................... 20 Sistemas Indicadores de Sustentabilidade .................................................................. 21 Dashborad of Sustentability (Painel de Sustentabilidade) .............22 Ecological Footprint Method (Pegada Ecológica) ................................23 System of Assessment Method-SAM (Barômetro da Sustentabilidade) ..........................................................................................................25 Adaptação do Método de Análise de Processo (MAP) ....................28 Certificações Ambientais ......................................................................... 31 Selos ambientais ............................................................................................................................ 31 International Organization of Standardization ou Organização Internacional para Padronização (ISO) .........................................................32 Rótulo Ecológico ..........................................................................................................33 Programa Carbon Free ou Carbono Livre ..................................................34 Conselho Brasileiro de Manejo Florestal ....................................................34 Selo Verde do CNDA ................................................................................................ 36 ECOCERT........................................................................................................................... 38 IBD .......................................................................................................................................... 39 Selo Orgânico ................................................................................................................ 40 Selo PROCEL ................................................................................................................... 41 Selo EURECICLO de Logística Reversa .......................................................41 Logística Reversa como Estratégia Competitiva ..........................44 Responsabilidade Social e Logística Reversa nas Empresas .......................44 Área Financeira ............................................................................................................ 46 Área de Vendas e Marketing ..............................................................................47 Área de Operações .................................................................................................. 48 Área de Desenvolvimento ................................................................................... 48 Área de Recursos Humanos .............................................................................. 48 Vantagens Competitivas Alcançadas com o uso da LR .................................... 49 O Futuro da LR no Brasil ........................................................................................................... 50 Logística Reversa 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 02 Logística Reversa10 INTRODUÇÃO Você sabia que a Logística Reversa tem desempenhado um importante papel na indústria do consumo? Porém, grande parte da conscientização da sociedade e das empresas resulta do desenvolvimento da responsabilidade social, um processo que vem gerando resultados positivos e aumentando a parcela da população e das empresas interessadas em pensar no próximo e no desenvolvimento sustentável. Mas, como sabermos se estamos no caminho certo para garantir a manutenção dos recursos naturais para o suprimento das gerações futuras? Devido à dificuldade de se medir o desenvolvimento sustentável, ao longo dos anos, ferramentas de avaliação vêm sendo aprimoradas. Uma boa maneira de avaliar a preocupação com a sobrevivência do planeta é o interesse cada vez maior das empresas em conseguir certificações ambientais, de modo a provar aos consumidores suas ações ambientais além do lucro. Entendeu? Ao longo desta Unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Definir responsabilidade social e seu papel nas instituições. 2. Apresentar algumas ferramentas de avaliação de desenvolvimento sustentável. 3. Descrever as certificações ambientais mais significativas. 4. Mostrar o uso da Logística Reversa como estratégia competitiva. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa12 Responsabilidade Social INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a responsabilidade social. Isto será fundamental para que você entenda seu papel dentro das empresas e porque tem sido um importante diferencial de mercado. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Definição Vamos iniciar entendendo o que é Responsabilidade Social (RS) e porque seu papel tem sido tão importante dentro das empresas atualmente. Podemos conceituar RS como quando uma empresa assume, voluntariamente, seu papel na contribuição para um meio ambiente mais limpo e uma sociedade mais justa. RS pode ser compreendida em dois níveis: • Interno – está relacionado com todas as partes afetadas dentro da empresa, em especial, os funcionários. • Externo – está relacionado com as consequências das ações da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente. Para uma empresa, ser socialmente responsável significa assumir que tudo que se faz pela organização atinge funcionários, consumidores, sociedade e meio ambiente, com geração de impactos internos e externos, diretos e indiretos. Por isso, a política da empresa e os seus objetivos devem ser elaborados de acordo com estes impactos gerados. O objetivo da RS vai além da geração de lucro e de benefícios para as pessoas internamente envolvidas, e deve ser expandido para o Logística Reversa 13 meio em que a empresa está inserida, de maneira a envolver medidas de melhoria de condições para a sociedade. Então, percebemos que RS não tem a ver com leis e normas, e sim com padrões éticos de conduta que se preocupam efetivamente com questões sociais e ambientais. Figura 1 – Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável Fonte: @freepik Origem As primeiras manifestações acerca da RS surgiram em 1906, porém, foram consideradas de cunho socialista e não tiveram muito apoio. Somente a partir das décadas de 1950 e 1960, que EUA e Europa, respectivamente, iniciaram seu interesse pelo tema, criando associações de profissionais e abrindo um novo campo de estudo. A expansão da RS se deu a partir da mudança industrial e da globalização. Porque a partir daí, investidores, sociedade e empresas começaram a condenar os danos ambientais causados pelas atividades https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-mao-segurando-pequeno-globo_3143170.htm Logística Reversa14 econômicas e a cobrar dos governantes e dos empresários medidas de controle e vigilância apropriadas. Princípios da RS Um dos enfoques da RS é a visão socioeconômica, que defende a responsabilidade das empresas na promoção do bem-estar social, sem ignorar a geração de empregos e a obtenção de lucros. Entre os seus princípios podemos citar: • Foco nos lucros de longo prazo. • Melhor imagem da empresa perante a sociedade. • Menor controle governamental para o negócio. • Promoção de melhor ambiente de trabalho para todos. • Incorporação de maiores obrigações sociais. O que vem incorporado nestes princípios é a preocupação com o bem-estar tanto de funcionários, de colaboradores, quanto de outras empresas que contratam seus serviços ou compram seus produtos. Porém, é importante ressaltar que o valor incorporado tem que ser voluntário e genuíno, com o único interesse de causar impacto positivo na sociedade como um todo e lembrando sempre que uma empresa é uma comunidade constituída por pessoas, aquelas que trabalham, que fornecem outros insumos e as que consomem. Logística Reversa 15 Tipos de RS Responsabilidade Social Individual (RSI) É definida como a responsabilidade que todos, enquanto indivíduos, devem assumir, agindo de forma a preservar o bem-estar da comunidade na qual estão inseridos. Pode ser expressa na forma de interesse com os acontecimentos da sociedade e a busca por tentar solucionar alguns problemas locais. A RSI não se caracteriza apenas pela execução de trabalhos voluntários e doações às causas sociais, ser cordial com os vizinhos, fazer o descarte correto do seu lixo, de forma a agir e pensar no seu bem-estar e do outro, também é ter responsabilidade social. Exemplos: não consumir mais sacolas plásticas, deixar o carro na garagem alguns dias na semana, pesquisar melhor os candidatos das próximas eleições ou doar um pouco do seu tempo para atividades voluntárias. Responsabilidade Socioambiental Está relacionada com práticas de preservação ambiental. Portanto, uma empresa responsável socioambientalmente precisa ter como um dos seus objetivos principais, a criação de políticas voltadas para o meio ambiente. Exemplo: uso de papel reciclado nas empresas, plantio de mudas e árvores. Empresas de grande porte utilizam com mais frequência o conceito de Responsabilidade Social Corporativa, pois engloba ações voltadas para as questões internas e o meio ambiente. Logística Reversa16 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) É o conjunto de ações internas realizadas pelas empresas com o objetivo de beneficiar a educação, a economia, a saúde, a moradia e o transporte dos seus funcionários. A RSC precisa ser executada como parte da filosofia da empresa, e deve guiar o princípio das suas operações, partindo do pressuposto de que a empresa é responsável pelas consequências sociais de suas ações. É uma RS que preza pelaqualidade de vida dos funcionários e oferece um ambiente onde todos possam se desenvolver de maneira igual. Exemplo: garantia dos direitos trabalhistas, manutenção do bem-estar no ambiente de trabalho, oportunidade de crescimento e aprimoramento profissional e programas de treinamento. Alguns benefícios para a empresa são vistos por meio dos resultados de programas sociais criados, pois proporcionam uma melhora da qualidade de vida dos funcionários e da sociedade, porém RSC não pode ser confundida com Responsabilidade Social Empresarial. Responsabilidade Social Empresarial (RSE) A RSE visa tanto o ambiente interno da empresa quanto se preocupa com os impactos negativos gerados por ela na comunidade. Possui forte ligação com gestão transparente, que valoriza a ética na relação com os funcionários e demais colaboradores. E ainda tenta minimizar os impactos ambientais negativos gerados pelas suas atividades. Exemplo: uma empresa com gestão transparente e ética, preocupada com a conservação da natureza, a diminuição das desigualdades sociais e o desenvolvimento sustentável. A sociedade vem se interessando cada vez mais por consumir serviços e produtos de empresas que se preocupam com o bem-estar de seus funcionários e com o meio ambiente. Estas ações mostram que a empresa está comprometida em causar impactos positivos dentro e Logística Reversa 17 fora da empresa, que refletem segurança e confiança para consumidores, fornecedores e sociedade em geral. Então, podemos constatar que é bem vantajoso ser uma empresa socialmente responsável. Há um aumento do reconhecimento e da reputação, pois as chances de atrair os melhores talentos do mercado tende a crescer, tornando a empresa cada vez mais competitiva e mais lucrativa. Responsabilidade Social na prática Vimos até o momento as definições dos diferentes tipos de responsabilidade social, porém, na prática, como ser uma empresa socialmente responsável? Os consumidores querem ver atitudes responsáveis, como: 1. Uso de estratégias para redução do impacto ambiental: este tipo de estudo tem sido muito utilizado pelas empresas. Exemplo: a Amanco (empresa que fabrica tubos e conexões) trocou o solvente à base de tolueno para usar outras matérias-primas menos poluentes. 2. Promover a educação do seu público-alvo: promover educação financeira para a população. Exemplo: o Banco Bradesco tem um projeto de educação financeira para pessoas carentes e ainda atua em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável em ações socioambientais. 3. Desenvolver líderes ambientais: treinar seus próprios funcionários e colaboradores a se engajarem na mudança de atitude quanto às alterações climáticas no mundo. Exemplo: o banco HSBC criou em 2007, em parceria com a WWF- Brasil, um programa chamado Climate Partnership focado em quatro pontos estratégicos: pesquisa de biodiversidade em florestas tropicais, defesa dos recursos hídricos, mitigação dos impactos causados pelo CO2 Logística Reversa18 nas grandes metrópoles e engajamento das pessoas para a mudança de atitude dos indivíduos em todo o mundo. SAIBA MAIS: HSBC, WWF-Brasil, água e mudanças climáticas: novos desafios, novas propostas. Quer saber mais sobre este tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3clktu7 4. Uso de produtos naturais: quanto menos processos e produtos químicos usados por nós, melhor será a nossa saúde e o meio ambiente. A Natura, por exemplo, está sempre investindo na capacitação de seus funcionários e na extração de produtos de forma cada vez mais natural e com o mínimo de dano ao meio ambiente possível. Exemplo: a extração de Murumuru (óleo extraído de uma planta nativa da Amazônia) era feita por famílias da região a partir de queimadas de áreas da floresta. A Natura passou a orientar essas famílias a não extrair óleo desta maneira, buscando a extração da matéria-prima sem necessidade de queimada. Esta ação preservou mais de três mil palmeiras de onde o produto é extraído. 5. Voluntariado: incentivar funcionários a fazer visitas a crianças e idosos em casas de acolhimento, pois o desenvolvimento deste tipo de consciência nos funcionários promove bem-estar destes indivíduos que, muitas vezes, necessitam de assistência. 6. Promover doações para instituições sociais: ajudar financeiramente alguma instituição pode desenvolver projetos de educação, saúde e bem-estar para comunidades carentes. Se a empresa não sabe como escolher uma instituição de confiança e credibilidade, pode procurar ONGs já engajadas na comunidade. Antes de doar, marque uma visita presencial ao local, pesquise seu histórico e suas ações na internet, de maneira a garantir a credibilidade da instituição e o destino das doações. https://bit.ly/3clktu7 Logística Reversa 19 Como dito anteriormente, a Responsabilidade Social deve fazer parte da filosofia das empresas e das pessoas, e não deve ser vista como uma ação obrigatória que gera mais lucros e isenção de impostos. É necessário que os atos sejam verdadeiros, com a vontade real de ajudar a sociedade e o meio ambiente. SAIBA MAIS: Para saber um pouco mais sobre Responsabilidade Social. Quer saber mais sobre esse tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Você é socialmente responsável? Saiba o que é responsabilidade social. Fonte: https://bit. ly/32Q9K7v RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que Responsabilidade Social pode ser definida como o papel que uma empresa assume na contribuição para um meio ambiente mais limpo e uma sociedade mais justa. Pode ser dividida em dois níveis: Interno (afeta principalmente os funcionários de uma empresa) e Externo (relacionado com a sociedade e o meio ambiente). Uma empresa socialmente responsável é aquela que assume as consequências de suas ações e dos impactos gerados interna e externamente. O objetivo tem que ser pautado em melhorias para a sociedade. Tipos de responsabilidade social: individual, socioambiental, corporativo e empresarial. Na prática, RS significa: usar estratégias para reduzir o impacto ambiental, promover educação, desenvolver líderes ambientais, usar produtos naturais, fazer trabalho voluntário, promover doações, entre outros. https://bit.ly/32Q9K7v https://bit.ly/32Q9K7v Logística Reversa20 Ferramentas de Avaliação de Desenvolvimento Sustentável INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência. Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam algumas ferramentas de avaliação de desenvolvimento sustentável. Você irá perceber que não há unanimidade entre especialistas sobre o melhor método, porém cada um, com sua particularidade, consegue analisar o nível de DS de uma empresa ou população. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Definição de Desenvolvimento Sustentável Primeiramente precisamos entender que desenvolvimento sustentável não é uma meta, mas sim um processo social que tem efeitos ambientais. A definição mais aceita e difundida é a de um sistema capaz de suprir as necessidades da geração atual, porém sem comprometer o suprimento de recursos naturais das gerações futuras. Um sistema para ser sustentável precisa considerar o equilíbrio entre as esferas econômica, social, ambiental e institucional. Nada mais é do que um desenvolvimento econômico, que planeja e reconhece que os recursos naturais são finitos. Porém, não podemos confundir desenvolvimento com crescimento econômico, pois este último depende do consumo crescente de energia Logística Reversa 21 e de recursos naturais, se tornando insustentável em longo prazo devido ao esgotamento dos recursos naturais. O desenvolvimento sustentável tem como fundamento a redução
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