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Ciência Política
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Palhoça
UnisulVirtual
2010
Design instrucional
Luiz Henrique Queriquelli
Luiz Henrique Queriquelli
Wilson Demo 
Ciência Política
Livro didático
Edição – Livro Didático
Professores Conteudistas
Luiz Henrique Queriquelli
Wilson Demo
Design Instrucional
Luiz Henrique Queriquelli
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
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Revisão
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © UnisulVirtual 2010
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 
320
Q53 Queriquelli, Luiz Henrique
Ciência política : livro didático / Luiz Henrique Queriquelli, Wilson 
Demo ; design instrucional Luiz Henrique Queriquelli. – Palhoça : 
UnisulVirtual, 2010.
250 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
1. Ciência política. 2. Estado. 3. Sociedade civil. I. Demo, Wilson. II. 
Título.
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – Governos na Antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Luiz Henrique Queriquelli
UNIDADE 2 – Estado e Absolutismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Luiz Henrique Queriquelli
UNIDADE 3 – Estado Moderno e Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Luiz Henrique Queriquelli
UNIDADE 4 – A Política no Estado Contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Wilson Demo
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 245
Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
Sumário
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Ciência Política.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma 
e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados 
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática 
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, 
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a 
um aprendizado contextualizado e eficaz.
Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será 
acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema 
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica 
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou 
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores 
e instituição estarão sempre conectados com você.
Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem 
à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: 
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, 
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e 
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. 
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe 
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
Palavras dos professores
Caro estudante, 
Quando alguém fala em Política, use uma linguagem comum 
ou uma linguagem culta, esteja em um ambiente comum ou 
em uma universidade, está se referindo ao exercício de alguma 
forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências 
desse exercício. Como diria João Ubaldo Ribeiro, importante 
escritor brasileiro, “a Política tem a ver com quem manda, por 
que manda, como manda” (1998, p. 8). Mandar é decidir, é 
conseguir consentimento, apoio ou até submissão. Porém também 
é persuadir e, portanto, não se trata de um processo simples.
Apesar dos esforços dos estudiosos, que, há milhares de anos, 
vêm tentando dissecar, analisar e categorizar o fenômeno 
político, ninguém pode alegar compreendê-lo totalmente. 
Em toda sociedade, desde que o mundo é mundo, existem 
estruturas de governo. Alguém, de alguma forma, sempre 
mandou em outrem. Normalmente uma minoria governa a 
maioria, e este é um fato central.
A Política requer um talento especial de quem a pratica, 
uma sensibilidade especial, uma vocação muito marcada. 
É, portanto, uma arte. No entanto, uma vez que podemos 
sistematizar os governos dos homens a partir de observações e 
inferências, também podemos enxergar neles uma ciência. A 
Política – vista como um ramo de conhecimento sistematizado, 
referente a um determinado grupo de fenômenos, regidos 
por leis gerais – surgiu, contudo, em um momento específico 
da história, a Idade Moderna, e foi somente a partir deste 
momento que as pessoas passaram a falar em Ciência Política.
Com esta disciplina, queremos dar-lhe a oportunidade de 
compreender o desenvolvimento da Ciência Política, desde 
as suas raízes na Antiguidade até seu estado atual, com 
especial atenção às revoluções e às correntes de pensamento 
surgidas no período moderno, pois ali se encontram suas 
Universidade do Sul de Santa Catarina
principais bases. Respeitamos uma ordem cronológica apenas 
para que você possa vislumbrar de que maneira as ideias políticas 
tiveram sua origem ao longo da história, embora saibamos que 
elas nem sempre são resultado de um processo linear, de uma 
soma de contribuições. Em última instância, a concepção desta 
disciplina visou a garantir-lhe uma noção o mais abrangente 
possível das principais contribuições já dadas ao estudo da 
Política, para que você mesmo(a) possa construir seu próprio 
entendimento a respeito deste assunto.
Um excelente início de estudos a você!
Professores Luiz Henrique Queriquelli e Wilson Demo.
Plano de estudo
O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da 
disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o 
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. 
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva 
em conta instrumentos que se articulam e se complementam, 
portanto, a construção de competências se dá sobre a 
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de 
ação/mediação.
São elementos desse processo:
 � O livro didático. 
 � O Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA).
 � As atividades de avaliação (a distância, presenciais e 
de autoavaliação). 
 � O Sistema Tutorial.
Ementa
A Ciência Política e os paradoxos da política. 
Desenvolvimento histórico do pensamento político. Estado e 
Sociedade Civil.
Objetivo 
Oferecer uma visão do desenvolvimento da Ciência Política, desde 
as suas raízes na Antiguidade até seu estado atual, com especial 
atenção às revoluções e às correntes de pensamento surgidas no 
período moderno.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Carga horária
A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula. 
Conteúdo programático/objetivos 
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta 
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos 
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de 
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de 
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento 
de habilidades e competências necessárias à sua formação. 
Unidades de estudo: 4
Unidade 1 - Governos na Antiguidade (10 h/a)
O estudo desta unidade lhe permitirá compreender o processo de 
transição dos homens, do estado primitivo para a sociedade, e as 
implicações políticas de tal processo. Além disso, você também 
saberá discernir a organização política presente no Egito Antigo, 
um dos mais duradouros impérios da Antiguidade; o pensamento 
político dos gregos antigos, aos quais se costuma atribuir a 
“invenção da política”; e as principais instituições políticas 
legadas pelos romanos, que conferiram à política um significado 
eminentemente prático.
Unidade 2 - Estado e Absolutismo (15 h/a)
Na segunda unidade, você conhecerá os principais aspectos da 
organização política na Europa medieval e as razões que levaram 
o feudalismo ao declínio. Em seguida, terá uma visão geral dos 
problemas políticos que afligiam a Itália medieval, a fim de 
compreender o pensamento de Maquiavel diante do desafio da 
unificação italiana. Ainda nesta unidade, você compreenderá 
as ideias de Thomas Hobbes a respeito do Estado Absoluto, 
Ciência Política
bem como o significado da chamada Paz de Westfália para o 
surgimento da comunidade internacional e para a concretização 
dos ideais de soberania estatal e Estado-nação.
Unidade 3 - Estado Moderno e Política (15 h/a)
Na terceira unidade, você estudará a teoria do Estado de Locke 
e sua importância para o liberalismo clássico; identificará as 
contribuições de Montesquieu para a fundamentação teórica das 
constituições moder nas; compreenderá o pensamento político 
de Rousseaue sua importância para as democracias modernas; 
e, por fim, poderá entender as repercussões que as ideias liberais 
tiveram na Europa dos séculos XVIII e XIX, seja com relação 
às transformações reais causadas pela queda dos regimes 
absolutistas, seja nas ideias de autores como Stuart Mill e Marx.
Unidade 4 - A Política no Estado Contemporâneo (20 h/a)
A quarta e última unidade lhe possibilitará entender a 
democracia representativa e suas instituições políticas, bem como 
a importância e amplitude do sufrágio universal. Você analisará 
o constitucionalismo e a sua importância para o estabelecimento 
dos direitos fundamentais na Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. Identificará os principais aspectos 
da formação política nacional desde o Império até a Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988, tomará conhecimento 
da base conceitual dos agentes políticos no sistema político 
pátrio atual. Por fim, poderá entender os principais aspectos das 
relações políticas internacionais na atualidade.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Agenda de atividades/ Cronograma
 � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar 
periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos 
depende da priorização do tempo para a leitura, da realização 
de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus 
colegas e tutor .
 � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir 
as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado 
no EVA.
 � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas 
ao desenvolvimento da disciplina.
Atividades obrigatórias
Demais atividades (registro pessoal)
1UNIDADE 1Governos na AntiguidadeLuiz Henrique Queriquelli
Objetivos de aprendizagem
 � Compreender a passagem dos homens, do estado 
primitivo para a sociedade e as implicações políticas 
desse processo.
 � Discernir a organização política presente no Egito 
Antigo, um dos mais duradouros impérios da 
Antiguidade.
 � Compreender o pensamento político dos gregos 
antigos, aos quais se costuma atribuir a “invenção da 
política”.
 � Identificar as principais instituições políticas legadas 
pelos romanos, que conferiram à política um significado 
eminentemente prático.
Seções de estudo
Seção 1 O surgimento da sociedade
Seção 2 Egito Antigo: o desenvolvimento do estado 
teológico
Seção 3 Grécia Antiga: a descoberta do homem através da 
política
Seção 4 Roma Antiga: a política só existe na prática
16
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
A população humana passa a se chamar humanidade a partir 
do momento em que deixa de enfrentar apenas a sobrevivência 
e se depara com outro problema crucial para sua espécie: a 
convivência. Deste período inicial da história dos homens, 
além do desenvolvimento das mais diversas técnicas que 
transformaram sua relação com a natureza, podemos destacar 
a atividade que os homines sapientes, servindo-se da capacidade 
cognitiva que os distingue, elevaram a uma condição de 
existência: a política.
Com o passar do tempo, algumas sociedades conseguiram mais 
estabilidade que as outras e, assim, puderam chegar a níveis de 
desenvolvimento impressionantes, considerados insuperáveis por 
muitos estudiosos sob certos aspectos. Tal feito coincide com a 
percepção de que a política não consiste apenas em uma arte mas 
– dadas as suas regularidades – também se propõe como ciência. 
O surgimento das grandes civilizações que caracterizaram a 
Antiguidade está, pois, relacionado a uma nova concepção de 
política. 
Em outras palavras, as grandes civilizações antigas só 
puderam se desenvolver, porque seus governantes 
perceberam a necessidade de pensar sobre o exercício 
do governo.
Nesta unidade introdutória, você conhecerá algumas das questões 
mais importantes que dizem respeito à política na Antiguidade. 
Identificará as bases do chamado Estado Teológico presente 
no Egito Antigo, compreenderá por que a Grécia Antiga 
é considerada o berço da política enquanto ciência e saberá 
distinguir quais foram as contribuições legadas pela Roma 
Antiga para a política que fazemos e pensamos ainda hoje.
17
Ciência Política
Unidade 1
Seção 1 - O surgimento da sociedade
Não são poucos os pensadores políticos clássicos que se 
dedicaram a explicar as razões pelas quais o homem primitivo sai 
de sua condição original, na qual só lhe interessa a sobrevivência, 
e passa a viver em um estado no qual sua existência depende 
da relação com seus semelhantes. Apesar das divergências, 
podemos afirmar que todos concordam em um ponto: os homens 
decidem entrar em sociedade, a fim de resolver os conflitos que 
a convivência traz no estado natural. Isto é, os homens optam 
por viver em um modo de vida ordenado, em que as pessoas 
se submetem a regras, basicamente em busca de justiça, já que, 
no estado primitivo, cada um julga seus atos e os atos alheios 
conforme lhe convém. Este princípio está expresso em um 
provérbio secular, muito recorrente entre os romanos:
Ubi homo, ibi societas. Ubi societas, ibi jus.
 
Onde há homem, há sociedade. Onde há sociedade, há 
direito.
Na Pré-História, o aprimoramento do homem sobre a natureza 
caminhou lado a lado com o aprimoramento do homem sobre 
sua própria natureza. O maior exemplo disso é o surgimento 
da cidade, talvez o maior símbolo político: a primeira cidade só 
pôde surgir porque os homens já haviam desenvolvido a técnica 
de manipulação da argila, que lhes permitiu as edificações, e – 
principalmente – porque haviam chegado à consciência de que 
um grande agrupamento de pessoas necessitava organização.
Você sabia?
 
A cidade mais antiga já descoberta pela Arqueologia 
é a cidade de Çatal Huyuk, cuja fundação se deu por 
volta de 6700 a.C. Ela está localizada ao sul da atual 
Turquia, no Oriente Médio.
Çatal Huyuk teve cerca de cinco mil habitantes. Suas casas, feitas 
de cerâmica, eram construídas uma ao lado da outra, sem espaço 
para circulação. O trânsito se dava pelo telhado das casas, o que 
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
pode estar ligado a questões de segurança. As bases de sua 
economia eram a agricultura e o comércio de pedras vítreas de 
vulcão, um item valioso à época.
O exemplo de Çatal Huyuk já nos apresenta 
dois elementos fundamentais à transição das 
sociedades arcaicas para as grandes civilizações 
que marcaram a Antiguidade: trata-se da 
cidade e do comércio. Um terceiro elemento 
fundamental nesse processo foi a invenção da 
escrita. Os fatores decisivos que ocasionaram 
este evento foram, ao mesmo tempo, econômicos 
e políticos. A certa altura, com o crescimento 
das cidades, percebeu-se a necessidade de:
 � contabilizar os funcionários públicos, os impostos 
arrecadados e os produtos comercializados;
 � e, fazer um levantamento da estrutura das obras, o 
que exigiu a criação de um sistema numérico para a 
realização dos cálculos geométricos.
Com a invenção da escrita, os homens puderam registrar os seus 
conhecimentos e, assim, transmiti-los não mais apenas de forma 
oral, mas, agora, de maneira muito mais perene e segura. Sua origem 
se deu através de desenhos que representavam coisas ou conceitos. 
Estes desenhos, ou símbolos gráficos, são chamados ideogramas.
O desenho de uma maçã denotaria a própria fruta, 
já o desenho de duas pernas poderia representar o 
conceito de andar. A letra M, por exemplo, presente 
no alfabeto latino, deriva de um hieróglifo egípcio 
que retratava ondas na água e representava o som 
produzido por elas.
A propósito, as formas de escrita mais antigas já conhecidas 
são a escrita cuneiforme e os hieróglifos. O surgimento de 
ambas se deu por volta de 3500 a.C., e acredita-se que uma não 
influenciou a outra, isto é, seu desenvolvimento foi autônomo. A 
primeira esteve associada à Mesopotâmia e a segunda, ao Egito 
Antigo, duas das maiores civilizações antigas – uma prova da 
importância da escrita no processo civilizatório.
Figura 1.1 - Sítio arqueológico da antiga cidadede Çatal 
Huyuk, na Turquia. 
Fonte: <http://www.catalhoyuk.com>.
A primeira era feita com o auxílio 
de objetos em forma de cunha, de 
onde vem o seu nome (cuneiforme). 
O nome da segunda deriva da 
junção de dois termos gregos: hierós 
(sagrado) e glýphein (escrita).
19
Ciência Política
Unidade 1
A Mesopotâmia, onde se originou a escrita cuneiforme, é 
considerada o berço da civilização. Localizada entre os rios Tigre 
e Eufrates, no Oriente Médio, esta região abrigou uma série 
de cidades surgidas durante a chamada Revolução Neolítica, 
o mesmo período em que foi fundada a já mencionada Çatal 
Huyuk. Datam do III milênio a.C. as fundações de importantes 
cidades mesopotâmicas, tais como Lagash, Umma, Kish, Ur, 
Uruk, Gatium e Elam.
Os mesopotâmicos não se caracterizaram pela formação de uma 
unidade política. Cada cidade controlava seu próprio território 
e sua própria rede de irrigação; tinha governo e burocracia 
próprios e era independente em relação às outras. Segundo Pierre 
Lévêque (1990, p. 15), “o Estado mesopotâmico é, antes de tudo, 
uma cidade, à qual o príncipe está ligado por estreitos laços; é 
igualmente uma dinastia, o que dá legitimidade ao seu poder.”
Por estes motivos, isto é, por concentrar todas as 
dimensões da vida política de um povo no território 
de uma única cidade, tais cidades são chamadas de 
cidades-estado.
Em certas ocasiões, no entanto, devido a eventuais guerras, 
formaram-se alianças entre as cidades e, assim, surgiram os 
chamados estados maiores: monarquias em que o poder real era 
imbuído de origem divina. Tais alianças, porém, eram 
temporárias. Apesar de independentes politicamente, as 
cidades-estado mesopotâmicas dependiam umas das outras na 
economia, o que gerava uma dinâmica atividade comercial.
Diversos povos nômades passaram pela Mesopotâmia, mas 
apenas alguns se estabeleceram ali. Os primeiros foram os 
sumérios, seguidos, em ordem cronológica, pelos acádios, 
amoritas (ou antigos babilônios), assírios, elamitas e caldeus 
(ou novos babilônios). O período dos amoritas (2000-1750 
a.C.) foi um dos mais prósperos. Neste período, as cidades 
mesopotâmicas constituíram o Império Babilônico, cujo 
fundador e mais importante líder foi Hamurabi I (1810-1750 
a.C.). A fama de Hamurabi deve-se, sobretudo, à criação do 
primeiro código de leis já registrado na história, promulgado 
por volta de 1700 a.C. e conhecido como Código de 
Hamurabi. Conforme Pettit (1976, p.22):
Seu nome, que significa 
“entre rios”, deriva dos 
termos gregos meso (entre) 
e pótamos (rios).
A Revolução Neolítica, 
ocorrida entre 9000 e 3000 
a.C., marca o fim dos povos 
nômades e o início da 
sedentarização do homem, 
com o aparecimento das 
primeiras cidades. 
Figura 1.2 - Monólito com o 
Código de Hamurabi. 
Fonte: <http://picasaweb.
google.com>.
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
O Código de Hamurabi, achado em Susa, em 1902, é 
um dos mais belos documentos da história universal. 
De um lado, é ele a codificação de um direito natural e 
consuetudinário em vigor nos territórios conquistados e 
em via de evolução. De outro, é a compilação de diversos 
códigos sumerianos, obras de Urucagina e de Chulgui. 
Mais tarde, um Código assírio, achado em 1920, cuja 
criação se deu entre os séculos XV-XIII a.C., mostraria 
que o de Hamurabi é mais sistemático que as leis 
sumerianas, mais evoluído e menos bárbaro que as leis 
assírias, as quais, entretanto, nele se inspiraram. 
 
Segundo o Código, a sociedade divide-se em três classes 
desiguais, os homens livres (awilu), os subalternos ou 
inferiores (muchkenu) e os escravos; a origem da classe 
intermediária constituiu-se num problema: tratar-se-ia 
de antigos servos presos à gleba no tempo do regime 
senhorial e libertados pelos progressos do poder real, 
já na época de Urucagina (2630 a.C.). O direito penal 
repousa no talião, quando a vítima é livre, e numa 
compensação em dinheiro, se ela pertence às classes 
inferiores. O casamento apóia-se na inalienabilidade 
do dote, na repressão brutal ao adultério e no divórcio 
por iniciativa do marido. As questões dos juros são 
minuciosamente tratadas, o que atesta o papel do 
dinheiro e da terra nesta civilização de produtores e de 
comerciantes: as disposições são precisas e eqüitativas, 
os castigos expeditivos e matizados, com uma tendência 
à dureza comum a todas as civilizações recentemente 
saídas da iniciativa privada. A partir de então, a justiça, 
em todos os setores, passa às mãos de juízes de Estado, 
agindo sob inspiração do deus (Marduc ou Chamach), 
segundo um processo escrito, audição de testemunhas e 
recurso ao juramento.
Endossando as palavras de Pettit, o Código de Hamurabi 
constitui um marco na história universal, especialmente no 
que diz respeito ao direito e, consequentemente, à política. 
Representou o ponto alto dos primeiros esforços da humanidade 
na busca de garantir paz, justiça e ordem à convivência entre os 
homens. Se um dos grandes méritos da civilização mesopotâmica 
foi conseguir, através do planejamento urbano, superar as 
adversidades naturais impostas pela geografia da região e as 
adversidades impostas pelo convívio entre os homens, o Código 
significou a coroação dessa superação.
Baseado nos costumes.
Pena antiga pela qual se vingava 
o delito, infligindo ao delinquente 
o mesmo dano ou mal que ele 
praticara. É mais conhecida como 
“olho por olho, dente por dente”.
Junto das cidades, os 
mesopotâmicos desenvolveram um 
complexo sistema hidráulico que 
favorecia a utilização dos pântanos, 
evitava inundações e garantia o 
armazenamento de água para as 
estações mais secas.
21
Ciência Política
Unidade 1
Seção 2 - Egito Antigo: o desenvolvimento do estado 
teológico
Não muito longe da Mesopotâmia, a oeste do Mar Vermelho, 
outro povo também soube aproveitar a dádiva trazida por um 
rio em meio ao deserto: os egípcios. O Rio Nilo, que nasce de 
uma confluência de rios africanos e corta o nordeste do Saara até 
desembocar no Mar Mediterrâneo, esteve para o Egito Antigo, 
assim como o Tigre e o Eufrates estiveram para a Mesopotâmia: 
nem uma e nem outra civilização teria existido sem suas águas.
 Você sabia?
 
Por esta razão, a região que compreende os territórios 
dessas duas antigas civilizações ficou conhecida como 
Crescente Fértil. O nome foi dado no final do séc. XIX, 
pelo arqueólogo James Henry Breasted (1865-1935), 
que enxergou no contorno da região o desenho de 
uma lua crescente – um símbolo apropriado para a 
fertilidade.
O Tigre e o Eufrates, em função do relevo que os envolve, 
correm de noroeste para sudeste, em um sentido oposto ao rio 
Nilo. Isto teve uma implicação significativa para o 
desenvolvimento daqueles povos: as enchentes na Mesopotâmia, 
devido ao comportamento de seus rios, foram 
muito mais violentas, o que demandou um 
grande esforço por parte de seus habitantes no 
desenvolvimen-to de sistemas de irrigação. Por 
outro lado, a uniformidade e a regularidade 
apresentadas pelo Nilo deram ao povo egípcio 
tranquilidade para fazerem prospectos mais 
ambiciosos. O reflexo mais claro desta condição 
deu-se no plano político: enquanto os 
mesopotâmicos não chegaram a uma unidade 
política, tendo passado por diversas 
reformulações político-territoriais, a relativa 
estabilidade climática oferecida pelo Nilo pode 
ter dado ao povo egípcio a oportunidade de conceber um governo 
forte e unificado, como aconteceu desde o princípio.
Figura 1.3 – Região do Crescente Fértil. 
Fonte: <http://static.blogstorage.hi-pi.com>.
22
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Tabela 1.1 - Governos do Antigo Egito
Períodos (os algarismos romanos se referem às dinastias) Duração
Período pré-dinástico 4500-3200 a.C.
Período proto-dinástico 3200-3100 a.C.
Época Tinita:
I e II.
3100-2700 a.C.
Império Antigo:
III, IV, V e VI.
2700-2300 a.C.
1º Período Intermediário:
VII, VIII, IX, X e XI.
2300-2000 a.C.
Império Médio:
XI e XII
2000-1780 a.C.
2º Período Intermediário:
XIII, XIV, XV, XVI, XVII.
1780-1570a.C.
Império Novo:
XVIII, XIX e XX.
1550-1070 a.C.
3º Período Intermediário:
XXI, XXII, XXIII, XXIV e XXV.
1070-664 a.C.
Época Baixa:
XXVI, XXVII, XXVIII, XXIX, XXX e XXXI.
664-332 a.C.
Período Greco-romano (dinastias macedônica e ptolomaica) 305-30 a.C.
Período Romano A partir de 30 a.C.
Fonte: Elaboração do autor.
Conforme indica a tabela acima, costuma-se dividir a história 
política do Egito Antigo em doze períodos, dos quais nove 
correspondem às dinastias genuinamente egípcias, que 
garantiram àquela nação sua longa estabilidade, apesar das crises 
e intermitências. A primeira delas iniciou-se há cerca de cinco 
mil anos, quando uma cadeia de cidades-estado situadas à beira 
do Nilo ganhou um governo central. O faraó – como se chamava 
o rei egípcio – detinha, então, o controle completo das terras e de 
seus recursos. Ele era o supremo comandante militar e também a 
cabeça do governo. No entanto não era exatamente um déspota, 
pois dividia sua autoridade com uma burocracia de oficiais. A 
administração ficava a cargo de seu segundo comandante, o tjati, 
uma espécie de primeiro-ministro que coordenava a inspeção das 
terras, o tesouro, os projetos das obras, o sistema legal e os 
Este cargo, que surge na IV dinastia, 
é comumente chamado de vizir, 
o que, segundo Gardiner (1957), 
constitui um erro, visto que os 
vizires só apareceriam mais tarde, 
nas dinastias islâmicas.
23
Ciência Política
Unidade 1
arquivos. O Império era dividido em 32 províncias, chamadas 
nomos, e cada uma delas era governada por um nomarca, que 
ficava sob a jurisdição do tjati.
A religião era o principal sustentáculo do governo.
Divindade e política foram dois assuntos tão imbricados 
no Egito Antigo que é comum admiti-lo como o 
primeiro autêntico estado teológico da história. Os 
templos, por exemplo, formavam a espinha dorsal da 
economia, pois não eram apenas casas de adoração, mas 
também estabelecimentos responsáveis por recolher e 
armazenar a riqueza da nação. Eles constituíam um 
sistema de silos e tesouros, e eram administrados por 
inspetores, que redistribuíam os grãos e os bens. O 
faraó era visto como uma personificação do deus Hórus, 
enquanto que seu antecedente era associado ao pai de 
Hórus, o deus Osíris. A partir da V dinastia, os faraós 
também passaram a se apresentar como filhos de Rá, o 
deus do sol. 
Certamente os monarcas egípcios perceberam a 
conveniência dessa associação, já que o sol – além de ser 
um evidente símbolo de poder – tinha uma importância 
para a agricultura, a base econômica da nação.
A maior parte da economia era centralizada e estritamente 
controlada. Entretanto, segundo Shaw (2002), os antigos 
egípcios não tiveram uma moeda oficial até o Império 
Antigo (2700 a.C.). Antes do estabelecimento da moeda, 
foi desenvolvido um tipo de sistema monetário baseado no 
escambo, em que havia um saco de grãos padrão e o deben, 
um anel de cobre ou prata que pesava cerca de 90 gramas e 
representava um denominador comum nas trocas.
Figura 1.4 - Nesta peça do séc. X a.C., o 
deus Rá, portando símbolos de poder, 
recebe as oferendas de um humano. 
Fonte: <http://fr.wikipedia.org>.
24
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Você sabia?
 
Os trabalhadores eram pagos em grãos. Um simples 
trabalhador ganhava 5½ sacos de grãos por mês, 
enquanto que um capataz chegava a ganhar 7½ sacos. 
Os preços eram fixos em todo o país e ficavam 
registrados em listas, para facilitar o comércio. Uma 
camisa, por exemplo, custava 5 deben de cobre, 
enquanto que uma vaca custava em torno de 140 
deben.
Os grãos poderiam ser comercializados por outros bens, 
de acordo com a lista de preços fixada. Durante o século 
V a.C., o dinheiro em forma de moeda foi introduzido 
no Egito, vindo de fora. No princípio, as moedas foram 
usadas mais como peças de metal precioso padronizadas 
do que como dinheiro de fato, mas, nos séculos seguintes, 
mercadores internacionais vieram a dar confiabilidade ao 
sistema monetário.
A sociedade egípcia foi altamente estratificada, e o 
status social era expressamente exibido.
Os agricultores compunham a maioria da população, mas a 
produção agrária era apropriada diretamente pelo estado, pelo 
templo ou pela família nobre que possuía a terra. Eles também 
ficavam sujeitos a uma taxa de trabalho e eram convocados a 
trabalhar em projetos de irrigação ou construção. Artistas e 
artesãos tinham um status mais alto que os agricultores, mas 
também ficavam sob o controle estatal, trabalhando em tendas 
vinculadas aos templos, financiadas diretamente pelo tesouro do 
estado. Os escribas e os oficiais formavam uma classe superior, 
que se distinguia das demais através de vestes brancas. Esta classe 
demarcou sua proeminência social na arte e na literatura. Abaixo 
da nobreza estavam os sacerdotes, médicos e engenheiros, cada 
qual com sua especialidade. Sabe-se que a escravidão existiu no 
Egito Antigo, mas a extensão e a prevalência desta prática ainda 
não foram plenamente esclarecidas.
Homens e mulheres – incluindo pessoas de todas as classes 
(exceto os escravos) – eram essencialmente iguais perante a lei, 
e até mesmo a um ínfimo camponês era permitido solicitar ao 
Figura 1.5 - Deben egípcio, que significa 
literalmente “anel de metal”. 
Fonte: <http://www.islamic-awareness.
org>.
Dividida em estratos (camadas) sociais 
rígidos.
25
Ciência Política
Unidade 1
tjati e sua corte algum tipo de reparação. Tanto os homens como 
as mulheres tinham o direito de adquirir e vender propriedades, 
fazer contratos, casar e divorciar, receber herança e recorrer aos 
tribunais. Os casais que estabelecessem matrimônio poderiam 
adquirir propriedades em conjunto e proteger-se do divórcio por 
meio de contratos que previam comunhão de bens. 
Em comparação com os Gregos e os Romanos, 
e até mesmo com outros povos modernos, as 
antigas mulheres egípcias tiveram uma gama de 
oportunidades muito maior para a sua autorrealização.
Mulheres como Hatchepsut (séc. XV a.C) e Cleópatra (69-30 a.C.) 
chegaram a se tornar faraós, ao passo que outras possuíram grande 
poder enquanto Esposas Divinas de Amon – o mais alto grau de 
uma sacerdotisa. Apesar destas liberdades, as mulheres no Egito 
Antigo não assumiram cargos oficiais na administração, tendo 
cumprido apenas funções secundárias nos templos. Além disso, a 
educação que recebiam não era a mesma dada aos homens.
Oficialmente, o faraó era a cabeça do sistema legal, responsável 
por promulgar as leis e julgar sua aplicação, mantendo assim a lei 
e a ordem, um conceito ao qual os egípcios se referiam pelo termo 
Ma’at. Entretanto, no Egito, não havia códigos legais, como o de 
Hamurabi, na Mesopotâmia. Os registros dos tribunais egípcios 
mostram que a lei era baseada em uma visão do bem e do mal 
advinda do senso comum, que enfatizava a obtenção de acordos 
e a resolução de conflitos mais do que qualquer adesão estrita a 
uma série de estatutos. O conselho local dos anciãos, conhecido no 
Império Novo como Kenbet, era responsável por julgar casos que 
envolvessem pequenas reivindicações e disputas menores. Casos 
mais sérios, que envolvessem assassinato, transações de grandes 
porções de terra e roubo de tumbas, cabiam ao Grande Kenbet, que 
era presidido pelo tjati ou pelo faraó.
Perceba que os egípcios tinham uma tendência 
ao direito consuetudinário, isto é, baseado nos 
costumes, enquanto que os mesopotâmicos preferiam 
a lei codificada. Como você ainda verá, estas duas 
tendências permanecem no mundo atual.
O deus da vida, 
considerado o rei dos 
deuses.
26
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A partir do Império Novo, os oráculos desempenharam um 
papel maior no sistema legal, respondendo pela justiça tanto nos 
casos civis quanto nos criminais. O procedimento consistia em 
fazer uma pergunta à divindade, pedindo-lhe “sim” ou “não” 
como resposta, a fim de saber que lado estava certo e que lado 
estava errado em um determinado caso. Amparado por um 
grupo de sacerdotes, o oráculo escolhia uma dasduas opções e, 
assim, dava seu julgamento. Ele podia indicá-lo simplesmente 
movendo-se para frente, ou para trás, ou apontando para uma das 
respostas escritas em um pedaço de papiro ou em um óstraco.
Figura 1.6 - Cena de consulta a um antigo oráculo egípcio. 
Fonte: <http://www.touregypt.net>.
As características da vida política egípcia apresentadas até 
aqui sequer nos permitem vislumbrar a complexidade daquela 
sociedade. Tudo o que já se conseguiu resgatar da antiga 
civilização egípcia espanta qualquer um, seja leigo ou especialista, 
por uma questão óbvia: como aquele povo, egresso da pré-
história, pôde conceber um arranjo político tão eficiente, capaz 
de mantê-lo próspero por quase cinco milênios? Em nossa 
avaliação, pudemos ver que o faraó e sua máquina administrativa 
encontraram meios de conciliar religião, economia e justiça, 
atendendo aos desejos mais sensíveis de seus súditos.
Divindade que responde a consultas 
e orienta o crente.
O termo advém do grego ostrakon, 
que significa concha ou fragmento 
de cerâmica, usado como cédula de 
votação.
27
Ciência Política
Unidade 1
Seção 3 - Grécia Antiga: a descoberta do homem 
através da política
Se você voltar aos objetivos desta unidade, verá que propusemos 
nesta seção compreender por que se costuma atribuir aos gregos 
antigos a “invenção da política”. Por tudo o que já estudamos até 
aqui, isto é, considerando todas as invenções políticas realizadas 
por povos anteriores aos gregos, parece impróprio confirmar esta 
afirmação.
Em outras palavras, será mesmo possível afirmar que os 
gregos inventaram a política?
Por incrível que pareça, a partir de certa perspectiva, a resposta 
é sim. Já dissemos que as grandes civilizações só puderam existir 
porque seus governantes perceberam que a política não consiste 
apenas em uma arte – ou seja, em uma atividade prática – mas 
também, dadas as suas regularidades, apresenta-se como uma 
ciência. Obviamente, homens anteriores à antiga civilização 
grega tiveram esta percepção, caso contrário, Hamurabi, por 
exemplo, não poderia condensar séculos de experiências políticas 
em seu código; e os egípcios, como vimos, não seriam capazes 
de elaborar um sistema de administração pública tão eficaz. No 
entanto, o que faz dos gregos inventores da política enquanto 
ciência é a maneira como eles a puseram no centro de sua 
existência:
Para os gregos antigos, a política era uma nova forma 
de pensar, de sentir e, sobretudo, de relacionamento 
entre as pessoas.
Como nos lembra Kenneth Minogue (1996, p. 19), “os cidadãos 
eram diferentes uns dos outros em riqueza, beleza e inteligência, 
mas eram iguais enquanto cidadãos, porque eram racionais e a 
única relação adequada entre os seres racionais é a persuasão.” 
A persuasão difere do comando – ato emblemático dos regimes 
despóticos – porque parte do princípio da igualdade entre o 
orador e o ouvinte, isto é, entre aquele que defende a sua ideia e 
aquele que o julga.
28
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O uso da razão – aquela faculdade que o ser humano 
tem de avaliar, julgar, ponderar ideias universais – era, 
portanto, uma condição primária para que um grego 
tivesse uma vida política.
Platão (428-347 a.C.), em seu diálogo Críton, narra o fim 
daquele que se tornou o maior exemplo de homem e cidadão 
para a humanidade. Segundo ele, o filósofo Sócrates, tendo sido 
condenado à morte, acusado de corromper a juventude, recusou 
a oferta de ajuda para fugir de Atenas, argumentando que a 
fuga não seria condizente com seu empenho pela cidade, à qual 
havia dedicado sua vida. A própria execução de Sócrates ilustra a 
convicção que os gregos tinham de que a violência não era uma 
forma aceitável de convivência: deram-lhe uma taça de cicuta, 
que ele bebeu enquanto seguia conversando com seus amigos, da 
mesma forma como fez durante toda a vida.
Os gregos obedeciam às leis da polis por vontade 
própria, e não por imposição. Isto é, eles seguiam a lei 
livremente, e tinham orgulho nisto.
O pior que podia acontecer a um grego antigo era o exílio, que 
representava uma forma de morte cívica. Em Atenas – uma 
das duas principais cidades-estado gregas, ao lado de Esparta 
– surgiu uma convenção chamada ostracismo, um tipo de 
banimento temporário que os cidadãos votavam, quando viam 
em alguém uma ameaça aos interesses públicos.
Mas quem foram os gregos antigos?
Antes de seguirmos tratando dos ideais políticos de seu povo, 
vale situarmos a Grécia Antiga no tempo e no mapa. Podemos 
dividir a antiga história grega em seis períodos, conforme indica 
a seguinte tabela:
Veneno extraído de uma planta que 
leva o mesmo nome.
Termo grego que significa cidade 
e é a raiz da palavra política, o que 
sugere que a política diga respeito 
à cidade ou, ainda, ao convívio na 
cidade.
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Unidade 1
Tabela 1.2 - Períodos da antiga história grega
Período Duração
Civilização Egeia Antes de 1600 a.C.
Grécia Micênica 1600-1200 a.C.
Idade das Trevas 1200-800 a.C.
Grécia Antiga 800-338 a.C.
Período Helenístico 338-146 a.C.
Período Greco-Romano 146 a.C.-330 d.C.
Fonte: Elaboração do autor.
Alguns historiadores incluem a Civilização Egeia (ou Minóica), 
a Grécia Micênica e a Idade das Trevas na chamada Grécia 
Antiga. No entanto a maioria prefere usar este termo para 
designar um período específico, em que a civilização grega 
conheceu seu esplendor. A Grécia Antiga, assim compreendida, 
subdivide-se em dois outros períodos: o Arcaico (800-500 a.C.) e 
o Clássico (500-338 a.C.).
O Período Arcaico foi uma fase de formação, durante a qual 
surgiram os principais modelos de cidade grega, o alfabeto 
fonético, as tendências artísticas e literárias e todos os demais 
aspectos que constituiriam a base cultural das conquistas 
clássicas. Além disso, também se observa nesse período um 
notável progresso econômico, com a expansão da divisão do 
trabalho, do comércio e da indústria, paralelamente aos processos 
de urbanização e colonização. 
No Período Clássico, as invenções das mais diversas ordens 
iniciadas no Período Arcaico estavam plenamente desenvolvidas. 
As já mencionadas Atenas e Esparta eram, na época, as 
principais cidades gregas, mas, além delas, também havia 
outras importantes cidades, como Tebas, Corinto e Siracusa. 
Durante este período, aconteceu uma série de conflitos externos, 
denominados Guerras Médicas (500-448 a.C.), e também a 
Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), um conflito interno entre 
as duas principais potências gregas de então: Esparta, de tradição 
oligárquica, e Atenas, de tradição democrática. Esta guerra, 
fatídica para o mundo grego, foi iniciada por Esparta, que temia 
a ascensão de Atenas. Esparta venceu a guerra e, por um breve 
Período em que a Grécia 
foi invadida pelos povos 
aqueus, dóricos, eólios e 
jônicos.
30
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período, dominou todo o mundo grego, porém, em 371 a.C., as 
outras cidades-estado insurgiram contra a tirania espartana e 
derrubaram seu domínio.
Figura 1.7 - Grécia no século VIII a.C. 
Fonte: Atlas histórico, 1977, p. 16.
Em Atenas – o centro civilizacional do mundo no 
século V – encontramos a maioria das condições 
da liberdade: uma vida vivida entre iguais, sujeitos 
apenas às leis, governando e sendo, por sua vez, 
governados.
Referindo-se à liberdade de que gozavam os cidadãos atenienses, 
Minogue (1996, p. 20) é enfático ao explicar por que os gregos 
antigos são considerados os inventores da política:
Os gregos foram o primeiro povo na história a criar 
sociedades deste tipo; foram, certamente, os primeiros 
a criar uma literatura que explorou essa forma de vida 
como experiência. A política era a atividade específica 
para essa nova figura chamada “cidadão”. Podia 
revestir muitas formas, mesmo aviltantes, de tirania 
e usurpação, mas numa coisa os últimos clássicos 
da Grécia foram inflexíveis: para eles o despotismo 
oriental não era política.
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Ciência Política
Unidade 1
Em se tratando de religião, costumes ouconcepção de vida 
humana, são muitas e profundas as diferenças entre nós, 
modernos, e os gregos clássicos. Apesar deste abismo cultural, 
quando lemos sua literatura é fácil enxergá-los como nossos 
contemporâneos. Por meio de seu racionalismo, os gregos 
atravessam os milênios e se comunicam conosco com uma 
fluência espantosa. A concepção de vida dos gregos era 
essencialmente humanista, no entanto seu humanismo não era 
igual ao nosso – transformado pelo cristianismo.
Os gregos antigos consideravam o homem um 
animal racional e o significado da vida humana 
encontrava-se no exercício dessa racionalidade.
Para os gregos, sucumbir às paixões era o mesmo que rebaixar-se 
à condição de um animal irracional. O segredo da vida consistia 
no autoconhecimento e no equilíbrio das próprias capacidades. 
A maneira mais elevada que um grego poderia encontrar para 
expressar-se a si mesmo era deliberar sobre as leis e os assuntos 
públicos, o que só podia ocorrer na cidade.
Este humanismo, contudo, também tinha seu lado cruel. Uma 
vez que alguém só é humano quando é racional, e uma vez que 
uns são menos racionais que outros, os humanistas gregos mais 
astutos se achavam no direito de escravizar seus semelhantes 
“inferiores”. Entretanto, os que defendiam este ponto de vista, 
entre eles o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.), sabiam que, 
intelectualmente, muitos escravos eram superiores aos seus 
senhores, o que nos leva a outra importante conclusão:
Em última instância, os princípios humanistas serviam 
apenas para dar uma base racional às instituições 
políticas criadas pelas elites gregas.
Os elitistas gregos, fossem oligarcas ou aristocratas, acreditavam 
que, além dos escravos, também as mulheres eram menos 
racionais do que os homens. Eles sabiam que, sobretudo naquela 
época, política e guerra estavam intimamente ligados, e – 
considerando que as mulheres, por sua natureza física, não têm 
32
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tanto vigor para lutar em guerras – apoiavam-se também neste 
argumento para impedir a participação feminina nos assuntos 
públicos.
A cidadania grega, portanto, estava restrita aos 
adultos livres do sexo masculino e, em algumas 
cidades, nem sequer a todos estes.
As leis e as políticas provinham não do palácio de um déspota, 
mas de uma praça pública, onde os cidadãos discutiam todo 
tipo de questão que importasse à cidade. Na ágora – como essa 
praça era chamada na Grécia Antiga – os cidadãos gozavam de 
isonomia e de iguais oportunidades para se pronunciar em uma 
assembleia. Evidentemente, em grandes cidades, como Atenas, 
onde milhares de pessoas compareciam a uma assembleia, era 
impossível que cada participante se pronunciasse, de modo que 
o privilégio recaía sobre os que dominavam a arte da palavra 
(geralmente os aristocratas) e sobre os grandes líderes, que 
tinham notável apoio popular.
Figura 1.8 - Reconstituição da ágora ateniense em 479 a.C. 
Fonte: <http://ancientathens3d.com>.
Os cidadãos que participavam das assembleias na ágora 
pertenciam a casas de família (oikia), que consistiam em 
unidades produtivas básicas daquele mundo antigo. A oikos – 
de onde vem o termo economia – foi descrita por Aristóteles 
como um sistema de subordinação: a mulher era subordinada 
ao homem, os filhos eram subordinados aos pais e os escravos 
aos senhores. Era o espaço em que os gregos desfrutavam a 
O termo “política” também pode 
ser entendido como uma ação 
governamental.
Na Roma Antiga, este espaço 
seria chamado de fórum, nome 
que persiste na maioria do 
mundo atual.
O termo isonomia, que significa 
igualdade perante a lei, é muitas 
vezes usado como sinônimo de 
democracia.
Oikos está no singular e oikia no 
plural.
33
Ciência Política
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vida familiar e realizavam a maior parte de suas necessidades 
materiais, como alimentação, conforto, procriação, etc. Em 
outras palavras, era a esfera privada do mundo grego.
Para os gregos, a “casa de família” representava o mundo da 
natureza, enquanto que a ágora, por exemplo, representava o 
lado artificial – embora necessário – da cidade. Quando se 
tornava adulto, o jovem grego podia sair da “casa de família” 
para a ágora, a fim de encontrar a liberdade e superar suas 
necessidades naturais, assumindo responsabilidades, proferindo 
palavras nobres e realizando feitos que, de alguma maneira, o 
imortalizariam.
De acordo com Finley (1998), os gregos do período clássico 
estavam suficientemente conscientes de si mesmos para se 
reconhecerem como uma cultura diferente, e foi ao construírem 
um entendimento histórico de si próprios e do seu mundo 
que eles ofereceram possibilidades absolutamente novas de 
experiência humana.
“A política e a história nasceram, assim, juntas, 
porque partilham o mesmo conceito do que é um ser 
humano e daquilo que vale a pena ser recordado.” 
(FINLEY, 1998, p. 35).
A história, que é feita de atos e palavras, tem nas próprias 
palavras o seu veículo. Daí a importância que os gregos deram à 
retórica – a arte das palavras. Eles entenderam que apenas com 
termos bem pensados, argumentos devidamente construídos, 
voltados para o público que os julgaria, teriam sucesso nas 
assembleias. Entenderam que apenas com discursos bem 
elaborados poderiam fazer história. Parece natural, hoje em dia, 
que a política se realizasse daquela maneira, mas, pela primeira 
vez na história, as decisões públicas eram tomadas à luz do dia, 
sujeitas a críticas de toda a gente.
A busca da primazia nos discursos levou a uma perversão desta 
prática. Jovens aristocratas ambiciosos, instruídos professores 
chamados sofistas, que haviam codificado a arte da retórica, 
vieram a manipular as palavras conforme os seus interesses, 
desviando o sentido da política. Em sua História da Guerra 
do Peloponeso, Tucídides (460-400 a.C) registrou uma série de 
34
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discursos proferidos pelos participantes daquele conflito, os quais 
Minogue (1996, p. 24) ironiza: “no seu conjunto, estes discursos 
constituem um manual completo da sabedoria e também da 
estultícia políticas.”
A perversão da retórica estava ligada a um engano 
cometido pelos gregos, que nós modernos repetimos 
até hoje: a falsa convicção de que o mundo resulta de 
um plano deliberado.
O mundo nem sempre funcionava conforme os gregos queriam, 
imaginavam e prescreviam em suas assembleias. Em algumas 
oportunidades, eles perceberam que seus projetos haviam 
falhado. O caso mais famoso ocorreu no século VII a.C., quando 
os atenienses pediram a Sólon (640-560 a.C.) que concebesse 
uma reforma nas leis da cidade. Entre as características desta 
reforma, analise na sequência 
duas que merecem destaque, 
por exemplificar o essencial da 
política grega. 
 � Sólon baseou a 
política ateniense em 
unidades territoriais, 
em que se misturavam 
diversas lealdades de 
clã ou tribo, a fim 
de desagregá-las e 
encorajar a defesa 
de interesses gerais, 
partilhados por toda 
a comunidade. Isto é reproduzido até hoje: o círculo 
eleitoral moderno agrega uma população heterogênea 
que habita uma determinada área, a fim de captar seus 
interesses como um todo.
 � Após estabelecer sua reforma, Sólon ausentou-se de 
Atenas por dez anos, para que a constituição fosse posta 
em prática por outras pessoas. Com isso, Sólon sugeriu 
que quem concebe a lei não pode pô-la em prática, 
pois, caso contrário, dará margem a arbitrariedades. Este 
princípio seria retomado pelos modernos sob o título de 
separação dos poderes.
Estupidez.
Figura 1.9 - Sólon, legislador de Atenas (1828), 
quadro de Merry-Joseph Blondel. 
Fonte: <http://www.fflch.usp.br>.
35
Ciência Política
Unidade 1
O conjunto de cargos que formavam o governo da polis 
e as leis que estabeleciam suas relações representavam 
a constituição.
A constituição, para os gregos, tinha uma importância particular: 
sem ela, um governo não teria o tipo específico de limitação 
moral que distingue a atividade política. Os gregos clássicos 
acreditavam que umgoverno sem constituição não possuía 
legitimidade. As constituições têm duas funções básicas:
 � delimitar o poder daqueles que detêm os cargos; (e, 
assim,)
 � criar um mundo previsível (embora não rígido e fixo), 
no qual os cidadãos podem orientar suas vidas.
Podemos afirmar que a constituição representa 
o principal objeto da ciência política, pois ela é a 
expressão formal das regularidades que esta atividade 
apresenta.
Diversos pensadores gregos dedicaram-se a estudar as formas que 
as constituições tomaram. Durante o período clássico, as duas 
formas constitucionais que predominaram foram a oligarquia, 
que favorecia os ricos e os poderosos, e a democracia, que atendia 
aos interesses dos pobres e demonstrava-se violenta e instável. 
Talvez por este motivo, os principais pensadores deste período, 
Platão e Aristóteles, criticaram os inconvenientes dessas duas 
formas, apontando a república como solução.
Mais tarde, Políbio (203-120 a.C), de um ponto de vista 
histórico mais privilegiado, complementaria a análise de 
seus antecessores ao propor a teoria dos ciclos recorrentes. 
Reunindo as contribuições da ciência política grega, Políbio 
estudou as constituições e generalizou a relação entre a natureza 
humana e as associações políticas. Para ele, as monarquias 
tendem a degenerar em tirania, as tiranias são destronadas pelas 
aristocracias, estas degeneram em oligarquias exploradoras da 
população, que são derrubadas pelas democracias, as quais, por 
sua vez, degeneram numa instabilidade intolerável; aparece 
então um líder poderoso que se impõe como monarca, e o ciclo 
36
Universidade do Sul de Santa Catarina
recomeça. Mais de um milênio depois, o renascentista Maquiavel 
retomaria a teoria de Políbio e a complementaria, acrescentando 
a ela uma distinção entre anarquia e democracia e enfatizando a 
república como uma combinação das formas puras.
Além disso, Maquiavel, amante da Antiguidade Clássica, 
também se posicionaria em relação a outra questão proposta 
pelos gregos antigos. Aristóteles, em particular, acreditava que 
o elemento democrático era essencial em uma constituição 
equilibrada, que ele chamou de politeia. Para ele, todo tipo de 
mudança na forma de governo, isto é, todo tipo de revolução 
política é motivada por uma causa apenas: a exigência da 
igualdade. Ora preocupado com a ética, ora com a política, 
Aristóteles fez a si mesmo e à humanidade como um todo a 
seguinte pergunta: um bom cidadão pode ser um bom homem? 
Ao responder a esta pergunta, Maquiavel faria nascer a Ciência 
Política moderna. No entanto este assunto extravasa nossas 
pretensões nesta unidade e particularmente nesta seção. Por 
ora, fiquemos com este breve panorama do pensamento político 
desenvolvido pelos gregos antigos, certamente o primeiro povo a 
descobrir a essência humana através da política.
Seção 4 - Roma Antiga: a política só existe na prática
A maioria dos estudiosos atribui uma merecida importância 
aos gregos antigos, porém costuma subestimar seus sucessores 
e conquistadores, os romanos, tomando-os apenas como meros 
reprodutores dos modelos gregos. Há alguma verdade nisso, no 
entanto, ao imitar seus mestres gregos, os romanos, ao menos 
na prática, vieram a superá-los. Essencialmente pragmáticos, 
voltados para a ação e apoiados em valores nobres, os romanos 
deram à sua civilização uma vida longa e próspera, que durou 
mais de mil anos, sendo meio milênio só de república. Se o termo 
política deriva da língua grega, os termos civilidade, cidadão e 
civilização derivam da língua dos romanos, o latim – um sinal da 
influência que Roma exerce sobre a tradição política ocidental.
37
Ciência Política
Unidade 1
Todavia os romanos se consideravam ligados aos gregos em 
todos os sentidos. A própria epopeia que explica as origens 
do povo romano – a Eneida, de Virgílio – narra a aventura de 
Eneias, herói do povo troiano, que, após ter sua cidade tomada 
e destruída pelos gregos, conduz os sobreviventes de seu povo 
até a região do Lácio, na Itália, onde seria fundada a cidade de 
Roma. Ou seja, os romanos criaram a sua própria história, de 
modo que ela fosse vista como uma continuação direta da clássica 
civilização grega.
Figura 1.10 - Eneias foge de Tróia em chamas, quadro de Federico Barocci (1598).
Fonte: <http://www.kfki.hu>.
Na mitologia romana, após estabelecer-se no Lácio, Ascânio, 
filho de Eneias, funda a cidade de Alba Longa. Os descendentes 
de Ascânio governam Alba Longa por cerca de 400 anos, até que 
uma briga pela sucessão no trono abala a estabilidade da dinastia. 
Numitor, filho do rei Procas e legítimo herdeiro do trono, é 
deposto por seu ambicioso irmão Amúlio. Este obriga a esposa 
de Procas, Reia Sílvia, a tornar-se uma vestal e fazer um voto de 
castidade. O deus Marte, no entanto, seduz a legítima princesa, 
que engravida e dá a luz a dois gêmeos homens, chamados 
Rômulo e Remo. Amúlio ordena que os gêmeos sejam mortos, 
mas o escravo incumbido desiste da tarefa e os abandona no rio 
Tibre. A cesta com os bebês vai parar nas margens do rio, entre 
os montes Palatino e Capitolino, onde são encontrados, adotados 
e amamentados por uma loba. Os gêmeos crescem e decidem, 
então, fundar uma nova cidade, mas novamente a ambição pelo 
poder abala a fraternidade e faz com eles entrem em conflito. 
Rômulo prevalece e, em homenagem a seu nome, funda a cidade 
de Roma, tornando-se seu primeiro rei.
Epopeias são poemas 
longos acerca de um 
assunto grandioso e 
heróico. Toda língua ou 
nação costuma possuir 
uma epopeia que exalte 
suas origens. É o caso da 
Ilíada, de Homero, e dos 
Lusíadas, de Camões.
Sacerdotisa virgem, 
consagrada à deusa Vesta.
38
Universidade do Sul de Santa Catarina
Com o governo de Rômulo, Roma inicia a sua primeira fase 
política, o Reino, que vai de 753 a 509 a.C. Neste período, foram 
estabelecidas suas bases políticas. 
Ainda durante o período monárquico, o povo romano 
expressou sua inclinação republicana, instituindo a 
Assembleia Curial, que elaborava e aprovava as leis e 
escolhia os reis; e o Senado Romano (ou Conselho dos 
Anciões), que possuía o direito de aprovar, ou não, as 
leis e políticas propostas pelo rei.
Além disso, durante o Reino, Roma também exibiu sua tendência 
expansionista, que ficaria evidente durante o período republicano 
e, principalmente, durante o Império. Em seus 243 anos de 
duração, a monarquia romana impôs o seu domínio no Lácio, 
conquistando Alba Longa e estendendo seu território até a foz do 
rio Tibre.
Durante o período monárquico, estratificaram-se as cinco 
principais classes que perdurariam na sociedade romana:
 � Patrícios - cidadãos romanos, que detinham o poder 
econômico e político;
 � Plebeus - homens livres, porém sem direitos políticos;
 � Clientes - pessoas ligadas a uma família patrícia, que se 
subordinavam ao seu patrono e seguiam-no na política 
e na guerra, além de assumir, também, obrigações 
econômicas;
 � Escravos - geralmente, pessoas recrutadas entre os 
derrotados da guerra, consideradas meros instrumentos, 
sem nenhum direito político;
 � Marinos - carpinteiros e marceneiros ligados aos plebeus.
Durante todo o período, houve apenas sete reis, o que dá uma 
média de 35 anos por reinado – uma estabilidade muito maior 
do que qualquer dinastia já havia atingido até então. Em algum 
momento desta época, o trono romano passou a ser ocupado 
por reis etruscos, o que colidia diretamente com os interesses da 
aristocracia romana: manter a hegemonia na região do Lácio, 
Relativo à Cúria – a corte pontifícia, 
composta pelos supremos 
sacerdotes da cidade.
39
Ciência Política
Unidade 1
que também era composta de cidades etruscas. Isto motivou 
os membros da elite a derrubar a monarquia e – ao invés de 
estabelecer uma aristocracia – fundar a República Romana, que 
duraria de 509 até 29 a.C.
Curiosamente, e confirmando o que dissemos no começo desta 
seção, através da República os romanos, de alguma forma, 
realizaram um ideal aristotélico que os gregosnão chegaram 
a realizar plenamente: a politeia. A constituição da República 
Romana previa um elemento monárquico (os cônsules), um 
elemento aristocrático (o senado) e – o mais importante – um 
elemento democrático (o tribuno da plebe).
Ao garantir o elemento democrático, os romanos 
criaram uma espécie de válvula de escape para os 
anseios de igualdade, fazendo com que nenhum 
cidadão jamais se sentisse ignorado e, assim, desigual 
em relação aos mais poderosos.
A forte base oferecida pelo governo republicano permitiu que 
Roma, de uma pequena cidade-estado, se transformasse em um 
império. No século III a.C., os exércitos romanos já haviam 
tomado todas as cidades etruscas, conquistando o domínio 
completo da península itálica. Entre os séculos III e II a.C., 
Roma iniciou sua expansão para além da península. O primeiro 
passo foi conquistar os territórios dos cartagineses, que tinham 
sua capital no norte da África e haviam colonizado toda a costa 
setentrional daquele continente, além da Sicília, Sardenha, 
Córsega e Península Ibérica. Enquanto acabavam de liquidar os 
púnicos, os romanos voltaram seus olhos para o oriente, onde o 
Império de Alexandre Magno (356-323 a.C.) se havia diluído. 
Em menos de um século, Roma dominou a maior parte do 
território macedônico, além da Grécia e do Egito.
Como os romanos 
chamavam os 
cartagineses. Daí o nome 
“Guerras Púnicas”.
40
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 1.11 - Expansão do território romano, desde o Reino até o início do Império. 
Fonte: ALBUQUERQUE, REIS & CARVALHO, 1977, p. 77.
No final do século II a.C., a civilização romana já era a maior 
potência mundial. Àquela época, o território dos romanos 
estendia-se por quatro mil quilômetros, indo da Espanha até a 
Ásia Menor. Seu ímpeto expansionista, entretanto, não cessou. 
Pelo contrário, apenas aumentou: em meados do século I a.C., o 
general Júlio César (100-44 a.C.), patrício de grande influência, 
conquistou a cobiçada Gália, e assim fez crescer seu prestígio 
entre a população romana. Neste momento, o Senado, temendo 
seu populismo, tentou enfraquecê-lo. César, entretanto, voltou-se 
contra a elite aristocrática e declarou-se Imperador Romano, 
pondo um fim ao período republicano e dando início ao Império 
Romano (27 a.C.- 476 d.C.), que viria a revolucionar para sempre 
toda a estrutura política, geográfica e econômica da Europa.
Parte do sucesso romano deve-se, sem dúvida, à sua postura 
civilizatória. Sempre que os romanos conquistavam um grande 
povo, como fizeram com os gregos, os egípcios e os cartagineses, 
ao invés de destruírem toda a produção cultural de seu inimigo, 
eles preservavam-na, procurando absorver o que havia de melhor 
nela. Os estudiosos dão a esta prática o nome de sincretismo, 
que consiste em fundir elementos culturais diferentes, ou até 
41
Ciência Política
Unidade 1
antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis 
alguns sinais originários. Um dos maiores reflexos desta postura 
sincretista está na maneira como os romanos absorveram e 
transformaram o humanismo grego.
Se a política dos gregos baseou-se na razão, a dos 
romanos baseou-se no amor – um amor ao país, um 
amor à própria Roma.
Os romanos, de fato, inventaram o patriotismo, e esta é uma das 
grandes chaves de seu sucesso. Eles consideravam-se uma espécie 
de família e viam em Rômulo, seu fundador, um antepassado 
comum. Talvez tenha sido Agostinho de Hipona (mais conhecido 
como Santo Agostinho), um dos maiores pensadores cristãos, que 
viveu durante a fase final do Império Romano (354-430 d.C.), o 
primeiro a perceber o patriotismo como a paixão orientadora dos 
romanos, em parte porque viu nela uma prefiguração do amor 
que animava os cristãos. No entanto, é do poeta Horácio (65-8 
a.C.) o verso que, por muito tempo, representou o mais nobre dos 
sentimentos políticos: “dulce et decorum est pro patria mori” (morrer 
pela pátria é maravilhoso e digno).
Como afirma Minogue (1996, p. 32), “quando os romanos 
pensavam no poder, utilizavam duas palavras, a fim de marcarem 
uma diferença importante: potentia significava poder físico, 
enquanto potestas significava o direito e o poder legais inerentes a 
um cargo.” O conjunto total dos poderes à disposição do estado 
constituía o imperium. Além disso, essas duas formas de poder 
diferiam de outro conceito legado pelos romanos, muito caro à 
tradição política: a auctoritas.
Auctoritas (autoridade) representava a reunião da 
política com a religião romana, implicava a veneração 
das famílias e, portanto, dos antepassados.
Um auctor (autor) era o fundador ou o iniciador de qualquer coisa 
– fosse uma cidade, uma família, ou mesmo um livro ou uma 
ideia. Se o Senado foi a mais importante instituição romana, é 
porque seus membros eram considerados os autores daquela 
sociedade. Daí o respeito que qualquer cidadão tinha por um 
Este sentimento perderia 
seu valor após a II Guerra 
Mundial, devido aos 
horrores causados pelo 
patriotismo exagerado dos 
nazistas.
42
Universidade do Sul de Santa Catarina
senador, confiando a esta figura a condução da res publica (a coisa 
pública). O estandarte do exército trazia o símbolo militar da 
nação, a águia, e a sigla do seu lema principal: Senatus Populusque 
Romanus (Senado e Povo Romano) – um sinal da estima que o 
povo tinha por esta instituição, o senado.
Além do patriotismo e da autoridade, o sucesso 
romano teve outro fator decisivo: sua força moral.
Na Roma Antiga, o suborno de um 
funcionário público era um crime 
capital. Ademais, podia-se confiar em 
um romano: eles eram famosos por 
honrar seus compromissos. A causa 
desta inerente probidade também era 
religiosa: os romanos acreditavam 
em superstições sobre castigos 
na vida após a morte. Os judeus, 
quando entraram em contato com 
os romanos, por volta do século II 
a.C., assim como os gregos, sentiram 
grande admiração por aquele povo tão 
correto e o consideraram um aliado 
equilibrado.
Entretanto, embora tivessem crescido apoiados em uma 
moralidade sólida, com o passar do tempo o sucesso e a riqueza 
corromperam os romanos, que acabaram por cair sob o domínio 
daquelas formas despóticas de governo que, antes, repudiavam. 
No século I d.C., após os tempos gloriosos de Otávio Augusto 
(63 a.C.-14 d.C.), os governos que se estabeleceram, ainda 
que sejam inclusos no período clássico da história romana, 
não fizeram por merecer. Os imperadores da Dinastia Júlio-
Claudiana, especialmente os tiranos Calígula (12-37 d.C.) e Nero 
(37-68 d.C.), ao imergir Roma em um mar de vícios, fizeram de 
sua época um período de decadência anunciada.
Figura 1.12 - Réplica do estandarte 
romano. 
Fonte: <http://www.theflagfactory.
com>
43
Ciência Política
Unidade 1
Figura 1.13 - Quadro de Thomas Couture que retrata uma Saturnália (1879), tipo de festa em que os 
romanos entregavam-se aos vícios e à libidinagem. 
Fonte: < http://mcsearcher.com/backgrounds>.
Todavia, se queremos fazer da política uma ciência, não cabe a 
nós julgar os períodos críticos da história romana. Assim como 
fizeram aqueles que prosperaram nas terras pantanosas do Lácio, 
devemos analisar friamente o que fez a política funcionar e o que 
a prejudicou. A política ocidental distingue-se de outras formas 
de ordem social pelo desenvolvimento da tese de que, “para além 
da harmonia que resulta de todos saberem qual é o seu lugar, 
existe uma outra harmonia na qual os conflitos são resolvidos 
através da discussão livre e da aceitação plena dos resultados, 
sejam eles quais forem, de procedimentos constitucionais.” 
(MINOGUE, 1996, p. 35). Se podemos tirar alguma lição da 
experiência romana, é a de que a política só existe na prática.
44
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Nesta primeira unidade, você pôde compreender que, na história 
da humanidade, a sociedade nasce a partir do momento que os 
homens deixam de se preocupar apenas com sua sobrevivência e 
passam a se preocupar com a organização da convivência. Entre 
os fatoresdecisivos para o processo civilizatório, destacamos o 
surgimento da cidade, do comércio e da escrita. Estudamos 
algumas características políticas da primeira grande civilização da 
história, a Mesopotâmia, cujo maior ícone talvez seja o Código 
de Hamurabi.
A segunda seção foi dedicada ao Egito Antigo, o primeiro 
estado teológico a adquirir uma notável estabilidade. Entre os 
principais aspectos políticos da civilização egípcia, merecem 
destaque a sua unidade política, que permitiu aos faraós um 
controle maior sobre o território; a existência de cargos auxiliares, 
como o tjati e os nomarcas, com os quais o faraó dividia seu 
poder; a religião como o principal sustentáculo do governo; a 
alta estratificação daquela sociedade; a relativa liberdade de que 
gozavam as mulheres egípcias; a inexistência de códigos legais e 
a prevalência do senso comum em seu sistema judiciário.
Em seguida, você se deteve sobre a Grécia Antiga, considerada o 
berço da política enquanto ciência. Entre os principais aspectos 
do pensamento político grego, destacam-se o uso da razão como 
critério para considerar alguém humano, ou não; a presença das 
principais condições para a liberdade: uma vida vivida entre 
iguais, sujeitos apenas às leis, governando e sendo, por sua vez, 
governados; a restrição da cidadania apenas aos adultos livres 
do sexo masculino; a existência de um espaço onde os cidadãos 
determinavam, em conjunto, suas leis e medidas políticas – a 
ágora, que representava o lado artificial da polis grega, e de 
uma esfera privada, chamada casa de família, onde os cidadãos 
realizavam suas necessidades primárias e, logo, representava o 
lado natural da cidade. A política grega também era marcada 
pelo uso da retórica. Quando seus projetos políticos falhavam, 
eles empreendiam reformas. A mais famosa delas coube ao 
legislador Sólon, que previu a divisão política da cidade em 
unidades territoriais e definiu um princípio que seria retomado 
pelos modernos: a ideia de que quem concebe a lei não pode 
45
Ciência Política
Unidade 1
pô-la em prática. A ciência política grega teve como seu 
principal objeto a constituição, cujas principais funções são 
delimitar o poder e criar um mundo relativamente previsível. 
Vimos que o pensador Políbio identificou as principais formas 
constitucionais surgidas na história em sua teoria dos ciclos 
recorrentes, e Aristóteles propôs uma pergunta que mais de um 
milênio depois faria nascer a Ciência Política moderna: um bom 
cidadão pode ser um bom homem?
Por fim, você identificou algumas das principais contribuições 
legadas pelos antigos romanos, um povo essencialmente voltado 
para a prática. Vimos que, ainda na fase inicial da civilização 
romana, o Reino, já estavam presentes suas principais instituições 
políticas: a Assembleia Curial e o Senado Romano. A sociedade 
também era bastante estratificada, como a egípcia, dividindo-se 
em cinco classes principais: patrícios, plebeus, clientes, escravos e 
marinos. Vimos que a República Romana conseguiu realizar um 
ideal dos gregos: uma constituição que apresentava um elemento 
monárquico, um elemento aristocrático e, principalmente, um 
elemento democrático. Entre os fatores decisivos para o sucesso 
romano, estiveram o sincretismo, enquanto postura civilizatória; 
a invenção do conceito de autoridade, uma fusão de política 
e religião; e a força moral de seu povo, que deu suporte às 
conquistas de seu império.
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Atividades de autoavaliação
1. Retome o que você estudou a respeito do Código de Hamurabi e 
reflita a respeito do antigo provérbio romano ubi homo, ibi societas; ubi 
societas, ibi jus (onde há homem, há sociedade; onde há sociedade, há 
direito). Em seguida responda à seguinte questão: qual a importância 
da justiça para o surgimento da sociedade?
2. A respeito da antiga civilização egípcia, explique por que a religião 
era considerada o sustentáculo do governo, respondendo à seguinte 
questão: que dimensões da vida política egípcia eram diretamente 
influenciadas pela religião?
47
Ciência Política
Unidade 1
3. Justifique por que os gregos antigos são considerados os inventores 
da política, incluindo em sua explanação os seguintes elementos: 
a importância da razão para o exercício da cidadania, as condições 
da liberdade e o pioneirismo da Grécia Antiga na promoção de 
assembleias abertas a toda a população livre.
4. Reflita sobre o legado político da Roma Antiga e explique a seguinte 
afirmação: os romanos superam os gregos ao conceber o seu modelo 
de república e o sentimento patriótico exaltado por eles representou 
uma transformação do humanismo grego.
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Saiba mais
Para aprofundar-se nos temas desta unidade, sugerimos as 
seguintes leituras:
FINLEY, M.I. O legado da Grécia: uma nova avaliação. 
Tradução de Ivette Vieira Pinto de Almeida. Brasília: 
Editora da UnB, 1998.
MINOGUE, Kenneth. Política, o essencial. Lisboa: 
Gradiva, 1996.
Para melhor visualizar as instituições políticas das civilizações 
estudadas nesta unidade, damos também as seguintes sugestões:
Troia (2004), filme dirigido por Wolfgang Petersen, que 
retrata a Guerra de Troia, um dos eventos míticos mais 
significativos tanto para os gregos quanto para os romanos 
antigos; 
Roma (2006/2007), seriado produzido pelo canal HBO, 
que retrata os principais acontecimentos desde a subida de 
Júlio César ao poder até o triunfo de Otávio Augusto.
2UNIDADE 2Estado e AbsolutismoLuiz Henrique Queriquelli
Objetivos de aprendizagem
 � Compreender a organização política na Europa medieval 
e as razões que levaram o feudalismo ao declínio.
 � Compreender os problemas políticos da Itália medieval 
e o pensamento de Maquiavel diante do desafio da 
unificação italiana. 
 � Compreender a formação do Estado Absoluto e a 
justificativa de Thomas Hobbes.
 � Compreender o significado da chamada Paz de Westfália 
para o surgimento da comunidade internacional e para 
a concretização dos ideais de soberania estatal e Estado-
nação.
Seções de estudo
Seção 1 A organização política na Europa medieval
Seção 2 Maquiavel e a unificação italiana
Seção 3 A formação do Estado absoluto e a 
justificativa hobbesiana
Seção 4 A Paz de Westfália e o surgimento da 
comunidade internacional
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Uma vez que você já conheceu algumas das principais 
características da política nas sociedades antigas, começaremos 
agora a entender como se deram os primeiros passos em direção 
ao Estado moderno: certamente uma das maiores abstrações já 
concebidas pela humanidade, que revolucionou a forma como até 
hoje entendemos a política.
Nesta unidade, você compreenderá as relações políticas na 
Europa medieval e as condições que – ao final do feudalismo 
– propiciaram a formação do Estado absoluto. Vai estudar o 
pensamento de autores como Hobbes e Maquiavel em seus 
respectivos contextos e, ainda, entenderá o significado da 
chamada Paz de Westfália, um momento histórico de grande 
importância para a consolidação dos estados europeus e da 
comunidade internacional.
Seção 1 – A organização política na Europa medieval
Segundo uma convenção histórica, o Império Romano do 
Ocidente termina no ano de 476, quando Odoacro, rei dos 
Hérulos, toma a cidade de Roma e depõe o imperador Rômulo 
Augusto, tornando-se o primeiro rei bárbaro de Roma. O povo 
de Odoacro e os demais povos bárbaros que derrubaram o 
império jamais apagariam o legado romano, presente até os dias 
de hoje, porém instituiriam alguns costumes que mudariam o 
mundo civilizado pelos séculos seguintes.
Além de suas próprias noções de justiça, honra e lealdade, 
os bárbaros perpetuariam no mundo europeu a prática de 
recompensar com terras os guerreiros que se destacavam nos 
combates. Com o mundo romano esfacelado, sem mais um forte 
poder centralizador, os guerreiros recompensados viram-se cada 
vez mais independentes e, aos poucos, se tornaram

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