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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURILIO ROSA UMA ANÁLISE DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNC IA NO CONTEXTO DAS OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PRIVADA Recife-PE 2014 MAURILIO ROSA UMA ANÁLISE DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNC IA NO CONTEXTO DAS OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PRIVADA Monografia apresentada ao Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Segurança Privada, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Especialista em Segurança Privada. Orientação: Prof. JOSÉ CARLOS NORONHA DE OLIVEIRA, MSc. Recife-PE 2014 MAURILIO ROSA UMA ANÁLISE DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNC IA NO CONTEXTO DAS OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PRIVADA Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Segurança Privada e aprovado em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Segurança Privada, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 14 de outubro de 2014. ______________________________________________________________ Professor orientador: JOSÉ CARLOS NORONHA DE OLIVEIRA, MSc. Universidade do Sul de Santa Catarina _____________________________________________________ Prof. ANDRÉ HAYDT CASTELLO BRANCO, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina Agradeço à minha família pelo apoio e compreensão durante as horas em que tive de ausentar-me em função das pesquisas e desenvolvimento deste trabalho. AGRADECIMENTOS A DEUS autor de toda vitória. Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração. Salmo 100 RESUMO O presente artigo aborda a verificação da plausibilidade, competência e da pertinência da utilização de técnicas operacionais da atividade de inteligência no âmbito das operações de inteligência nas ações de Segurança Privada. Utilização esta que se busca tendo como escopo principal a efetividade de sua aplicação na prevenção, proteção e apuração de ameaças às atividades de Segurança Privada previstas em Lei. A metodologia a ser utilizada é basicamente o levantamento bibliográfico, que irá permitir que se tome conhecimento de material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que possam servir de embasamento para pesquisas futuras. Para tanto, a pesquisa será descritiva, buscando registrar, analisar e correlacionar os conteúdos bibliográficos do tema em pauta. Palavras-chave: técnicas operacionais, atividade de inteligência, ações de segurança privada. RESUMEN Este artículo aborda el examen de plausibilidad, la competencia y la idoneidad de la utilización de técnicas de funcionamiento de la actividad de inteligencia dentro de las operaciones de inteligencia en las acciones de seguridad privada. Use esto si usted busca con el objetivo principal de la eficacia de su aplicación en la prevención, protección e investigación de las amenazas a las actividades de la Ley de Seguridad Privada en virtud de la metodología que se utiliza es básicamente el levantamiento bibliográfico, lo que permitirá que emerge material pertinente, utilizando como base que se ha publicado sobre el tema, de modo que usted puede esbozar un nuevo enfoque sobre el mismo, llegando a conclusiones que pueden servir como base para futuras investigaciones. Por lo tanto, la investigación será descriptivo, tratando de registrar, analizar y correlacionar el contenido bibliográfico sobre el tema en discusión. Palabras clave: las técnicas operativas, actividades de inteligencia, acciones de seguridad privada. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Operações de Inteligência atua em proveito do ramo Inteligência e Contrainteligência......................................................................................................31 Figura 2 - Exemplo de modelo de croqui...................................................................77 Figura 3 – Aplicação de Disfarce Nr 1.......................................................................92 Figura 4 – Aplicação de Disfarce Nr 2.......................................................................92 Figura 5 – Aplicação de Disfarce Nr 3 (Assalto a Banco).........................................93 Figura 6 – Método A B C ........................................................................................108 Figura 7 – Método 1 2 3 .........................................................................................112 Figura 8 – Viatura técnica........................................................................................113 Figura 9 – Viatura técnica (interior).........................................................................113 Figura 10 – Passe Rápido.......................................................................................116 LISTA DE TABELA Tabela 1 – Configuração geral das técnicas operacionais de inteligência (TOI) e das ações operacionais de inteligência (AOI) – (comparação)........................................35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAIC - Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva AOI - Ações operacionais de inteligência AISP - Atividade de Inteligência de Segurança Pública AMBO – Ambiente operacional CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil Com Sig – Comunicação Sigilosa CIAI - Curso de Introdução à Atividade de Inteligência DPF - Departamento de Polícia Federal DNISP - Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública EC - Estória Cobertura EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural IC - Inteligência Competitiva OI – Órgão de Inteligência OMD - Observação Memorização e Descrição PNSP - Plano Nacional de Segurança Pública PNI - Política Nacional de Inteligência PF - Polícia Federal PO - Postos de Observação Rec Op - Reconhecimento operacional SISP - Subsistema de Inteligência de Segurança Pública SISBIN - Sistema Brasileiro de Inteligência SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública SCCIAP – Sexo; Cor; Compleição; Idade; Altura; Peso TOI - Técnicas operacionais de inteligência SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................13 1.1 TEMA..................................................................................................................18 1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA....................................................................................18 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.......................................................................18 1.4 JUSTIFICATIVA...................................................................................................20 1.5 METODOLOGIA..................................................................................................22 1.6 OBJETIVOS........................................................................................................231.6.1 Objetivo geral .................................................................................................23 1.6.2 Objetivos específicos ....................................................................................23 2. TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA – EIXOS ES TRUTURANTES, UMA COMPREENSÃO CONCEITUAL ....................................................................24 2.1 SEGRANÇA PRIVADA........................................................................................25 2.2 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA.........................................................................27 2.3 OPERAÇOES DE INTELIGÊNCIA......................................................................29 2.3.1 Conceitos básicos .........................................................................................31 2.4 TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA - DESCRIÇÃO E EMPREGO................................................................................................................33 2.4.1 Conceituação .................................................................................................33 2.4.2 Descrição e emprego .....................................................................................37 2.4.2.1 Observação, Memorização e Descrição (OMD)............................................37 2.4.2.2 Reconhecimento operacional (Rec Op)........................................................38 2.4.2.3 Estória Cobertura (EC)..................................................................................39 2.4.2.4 Disfarce.........................................................................................................40 2.4.2.5 Entrevista.......................................................................................................41 2.4.2.6 Recrutamento Operacional............................................................................42 2.4.2.7 Vigilância.......................................................................................................43 2.4.2.8 Comunicações Sigilosas...............................................................................44 2.4.2.9 Emprego de meios eletrônicos (Eletrônica)..................................................45 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................47 3.1 SEGURANÇA EMPRESARIAL (VIGILÂNCIA PATRIMONIAL)..........................48 3.2 SEGURANÇA PESSOAL...................................................................................49 3.3 ESCOLTA ARMADA...........................................................................................50 3.4 TRANSPORTE DE VALORES...........................................................................50 3.5 FORMAÇÃO DE VIGILANTES...........................................................................51 4. CONCLUSÃO ........................................................................................................53 5. REFERÊNCIAS.....................................................................................................54 6. Apêndice A – Observação, Memorização e Descrição (OMD).............................57 Apêndice B – Reconhecimento Operacional (Rec Op)........................................66 Apêndice C – Estória Cobertura (EC)...................................................................78 Apêndice D – Disfarce..........................................................................................86 Apêndice E– Entrevista.........................................................................................94 Apêndice F– Recrutamento Operacional.............................................................100 Apêndice G – Vigilância.......................................................................................104 Apêndice H – Comunicação Sigilosa (Com Sig)................................................114 Apêndice I – Emprego de meios eletrônicos (Eletrônica)...................................117 13 1. INTRODUÇÃO Diante do elevado grau de complexidade, capilaridade e diversificação do crime organizado, bem como dos elevados índices generalizados de violência, principalmente nas regiões metropolitanas das capitais brasileiras, Gonçalves (2006) defende que a Atividade de Inteligência de Segurança Pública (AISP) adquire grande importância não só para a produção de conhecimentos que auxiliem na repressão, mas, sobretudo, no que concerne à prevenção contra o desenvolvimento do crime organizado e de suas diversas expressões. Assim para ser empregada a Atividade de Inteligência de Segurança Pública (AISP), as Operações de Inteligência e suas técnicas operacionais faz-se necessário o correto entendimento destas, bem como de seus vínculos com a segurança pública e segurança privada. As necessidades de uma estrutura de produção/gestão de informação e conhecimento que atendesse à complexidade das demandas surgidas em segurança pública ensejou a criação do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP). Com o Decreto Executivo n° 3.695/2000, ANTUNES e CEPIK (2003, p. 118), apresentam o seguinte entendimento: O SISP foi estabelecido em dezembro de 2000, por meio do decreto- executivo 3.695, para organizar de forma cooperativa os fluxos de informação nas áreas de inteligência criminal, inteligência de segurança (ou interna), bem como contrainteligência. Este subsistema é coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça. [...] Conforme LAITARTT e LIMANA (2013, p.133): Além do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) e do Subsistema de Defesa, podem ser citados outros, tais como: a. o Sistema de Inteligência Financeira; b. o Sistema de Inteligência Fiscal; c. inteligência criminal, inteligência ministerial, inteligência externa, inteligência empresarial, entre outros. [...] O artigo 144 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) deu atributo constitucional à segurança pública, aos órgãos responsáveis por sua consecução, bem como às atribuições específicas de cada um deles: 14 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I – polícia federal; II – polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis; V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. Conforme especifica o artigo 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), a segurança é um direito de todos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] Assim Conforme pontua COLPANI (2013, p.83): [...] No entanto, um dos aspectos mais relevantes do referido dispositivo constitucional está em estabelecer que a segurança pública é responsabilidade de todos, inclusive daqueles que exercem a segurança privada. A segurança privada é definida na Lei 7.102/83 no artigo 10: Art. 10. São consideradas como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de: I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. Do exposto até o presente se conclui que a segurança privada tem um papel de interação e integração com a Segurança Pública e a Atividade de Inteligência, e certa complementariedade, vindo a usar a Inteligência comomecanismo para subsidiar o poder decisório na área privada. Esse papel de interação e integração pode ser efetivamente reconhecido mediante o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), que atento à importância da Segurança Privada no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Pública, estabeleceu um diagnóstico e firmou propostas para a Segurança Privada, explicitando pontos relevantes sobre o papel da desta no fortalecimento da segurança pública (BRASIL, 2002). Mas as técnicas operacionais das operações de inteligência, como podem efetivamente auxiliar as ações de segurança privada? 15 Apesar de apresentarem características comuns, operações de Inteligência estatal e policial têm finalidades diferenciadas, assim como as ações em segurança privada. Mas quais técnicas operacionais de inteligência a serem empregadas nas ações de segurança privada seriam as mais eficazes? Os diplomas legais não fazem uma descrição das técnicas, bem como quem ou como usá-las no contexto da segurança privada. As Operações de Inteligência de segurança privada, com o uso das técnicas operacionais de inteligência podem ser realizadas para responder à demanda da Atividade de Inteligência no setor privado, que consiste na obtenção e/ou proteção de dados e/ou informações relevantes e pertinentes para compor conhecimentos estratégicos empresariais. Mas para tanto é necessário um estudo sobre quais técnicas seriam as melhores (eficaz) para as ações em segurança privada. Esta pesquisa se propõe mediante a apresentação do tema as Operações de Inteligência e Ações na Segurança Privada e tendo como objeto investigativo o problema, de quais as técnicas operacionais passíveis de serem empregadas nas Operações de Inteligência de Segurança Privada, elencar quais técnicas operacionais podem ser usadas em proveito nas operações de inteligência nas ações de segurança privada A presente pesquisa se justifica pela percepção decorrente da constatação da inexistência de uma proposta de caráter teórico-empírico referente à análise do emprego das técnicas operacionais de inteligência no âmbito das ações de segurança privada. Quanto às fontes para a produção deste trabalho, a primeira constatação foi de que é exígua a produção literária brasileira com relação especificamente às Técnicas Operacionais para emprego nas Atividades de Segurança Privada. As Operações de Inteligência usam técnicas especializadas aplicadas na busca do conhecimento protegido ou do dado negado, e visando prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a ação de elementos adversos, na área privada fala-se da concorrência desleal, a espionagem e todos os “atores” que atuam contra os interesses corporativos privados. É de relevância um estudo que apresente os primeiros passos para a construção de uma proposta de caráter teórico-empírico para o emprego das 16 Técnicas Operacionais de Inteligência no âmbito das Atividades de Segurança Privada. Conforme LAITARTT e LIMANA (2013, p.133): [...] O único e recente regramento do qual tivemos notícia até agora é o regramento do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública que, em 2009, nove anos após sua criação, aprovou a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP). Essa doutrina também regulamentou o subsistema, definindo seus fundamentos, finalidades e constituição, esclarecendo o alcance de alguns conceitos, prevendo formalidades de seleção de pessoal, enfim, tal norma traz um parâmetro inicial que, aliado à DNISP, propõe uma regulamentação mínima. Ao comentar e sugerir algumas ações no sentido modernização e conquista de credibilidade dos serviços de inteligência de segurança, no plano político institucional, Diniz (2004, p. 40) assim pondera: Um primeiro ponto é a regulamentação das Operações de Inteligência e de Contrainteligência. Embora o grosso da atividade de inteligência se baseie em informações provenientes de fontes ostensivas, a necessidade e a existência das Operações estão reconhecidas na lei que criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e no Regimento Interno da Polícia Federal. Porém, não há dispositivo jurídico que as regulamente. Cria-se assim um perigoso vácuo jurídico. Afinal, às organizações compete realizar as operações, mas, como não há regulamentação, cada uma tem que construir seus próprios entendimentos sobre as condições e as maneiras como as conduzirão. A necessidade de uma regulação/definição está exposta por MOREIRA (2010. Pag. 117): [...] Alguns autores divergem quanto à classificação e denominação das atividades especializadas atribuídas aos setores de operações das atividades de inteligência. Também profissionais atuantes na área da inteligência ainda divergem em tal atributo. Em algumas ocasiões denominam como ações de busca, técnicas operacionais, técnicas de busca, procedimentos operacionais, ações operacionais, operações especiais de inteligência, dentre outros. [...] A legislação sobre as Atividades de Inteligência (Estado e de Segurança Pública) é bastante recente no país e, por esse motivo, pouco ou quase nada, especificamente, foi escrito a respeito do emprego das Técnicas Operacionais de Inteligência nas Ações de Segurança Privada. A par desta situação, a relevância e atualidade desta pesquisa se materializam no novo contexto em que o Congresso Nacional está analisando a aprovação do novo Estatuto da Segurança Privada. Visando regular a atividade de mais de 2 mil empresas e 700 mil vigilantes em atuação no país – um contingente maior que o das polícias federal, civil e militar de todos os Estados da Federação, que juntas somam 500 mil integrantes. 17 Para tanto a presente pesquisa tem como objetivo norteador geral Identificar a adequação do emprego das Técnicas Operacionais nas operações de inteligência nas ações de Segurança Privada, sendo, ainda orientada pelos objetivos específicos: a) Descrever e analisar as Técnicas Operacionais de Inteligência; b) Identificar as Técnicas Operacionais de Inteligência passíveis de serem aplicadas nas ações de segurança privada; c) Compreender a aplicação técnica-especializada das Técnicas Operacionais das Operações de inteligência nas ações de segurança privada. A metodologia a ser utilizada é basicamente o levantamento bibliográfico, que irá permitir que se tome conhecimento de material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que possam servir de embasamento para pesquisas futuras. O levantamento, atualização e análise de bibliografia especializada, referente ao tema de pesquisa, foram feitos utilizando-se para isso os recursos existentes a partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, e, também, através de acesso a fontes disponibilizadas na rede mundial de computadores (internet). Portanto a pesquisa será descritiva, buscando registrar, analisar e correlacionar os conteúdos bibliográficos do tema em pauta. No desenvolvimento da pesquisa se verificará no capítulo 2, os eixos estruturantes, como pressupostos sobre ao quais as técnicas operacionais em proveito nas operações de inteligência nas ações de segurança privada estão alicerçadas. Realizando uma abordagem sobre os principais aspectos destes eixos, quais são: Segurança Privada, Atividade de Inteligência e Operações de Inteligência. 18 1.1 TEMA Operações de Inteligência e Ações na Segurança Privada. 1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA Quais as técnicas operacionais passíveis de serem empregadas nas Operações de Inteligência de Segurança Privada? 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Gonçalves (2006) defende que a Atividade de Inteligência de Segurança Pública (AISP) adquire grande importância não só para a produção de conhecimentos que auxiliem na repressão,mas, sobretudo, no que concerne à prevenção contra o desenvolvimento do crime organizado e de suas diversas expressões. Em setembro de 1997, foi encaminhado ao Congresso Nacional projeto de Lei propondo a criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) seu órgão central, tendo seu texto final aprovado e transformado na Lei 9.883, de 7 de dezembro de 1999. A lei, em seu artigo 1º, instituiu o SISBIN: Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Inteligência, que integra as ações de planejamento e execução das atividades de inteligência do País, com a finalidade de fornecer subsídios ao Presidente da República nos assuntos de interesse nacional. A Lei nº 9.883/1999, cria no art 3° a ABIN: Art. 3º Fica criada a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, órgão da Presidência da República, que, na posição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, terá a seu cargo planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do País, obedecidas à política e às diretrizes superiormente traçadas nos termos desta Lei. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001) 19 Surge o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), que vem ao encontro da necessidade de reformulação de um modelo mais voltado às novas demandas sociais, e com uma estrutura de produção de informação e conhecimento que atendesse à complexidade das demandas em segurança pública da sociedade e do Estado. Com o Decreto Executivo n° 3.695/2000, ANTUNES e CEPIK (2003, p. 119), apresentam o seguinte entendimento: O SISP foi estabelecido em dezembro de 2000, por meio do decreto- executivo 3.695, para organizar de forma cooperativa os fluxos de informação nas áreas de inteligência criminal, inteligência de segurança (ou interna), bem como contrainteligência. [...] O artigo 144 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) deu atributo constitucional à segurança pública, aos órgãos responsáveis por sua consecução, bem como às atribuições específicas de cada um deles: Art. 144. [...] I – polícia federal; II – polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis; V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...].§ 8º – Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Conforme especifica o artigo 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), a segurança é um direito de todos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] Assim Conforme pontua COLPANI (2013, p.83): [...] No entanto, um dos aspectos mais relevantes do referido dispositivo constitucional está em estabelecer que a segurança pública é responsabilidade de todos, inclusive daqueles que exercem a segurança privada. Por sua vez o conceito de atividade de segurança privada é definido na Lei 7.102/83 no artigo 10: Art. 10. São consideradas como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de: 20 I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. Mas as técnicas operacionais das operações de inteligência, como podem efetivamente auxiliar as ações de segurança privada? Quais técnicas operacionais de inteligência a serem empregadas nas ações de segurança privada seriam as mais eficazes? Os diplomas legais não fazem uma descrição das técnicas, bem como quem ou como usá-las no contexto da segurança privada. Mas para tanto é necessário um estudo sobre quais técnicas seriam as melhores (eficaz) para as ações em segurança privada. 1.4 JUSTIFICATIVA A justificativa e a originalidade desta pesquisa são percebidas em decorrência da constatação da inexistência de uma proposta de caráter teórico- empírico referente à análise do emprego das técnicas operacionais de inteligência no âmbito das ações de segurança privada. Quanto as fontes para a produção deste trabalho, a primeira constatação foi de que é exígua a produção literária brasileira com relação especificamente às Técnicas Operacionais para emprego nas Atividades de Segurança Privada. As Operações de Inteligência usam técnicas especializadas aplicadas na busca do conhecimento protegido ou do dado negado, visando prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a ação de elementos adversos, na área privada fala-se da concorrência desleal, a espionagem e todos que atuam contra os interesses empresariais. Assim é de fundamental relevância um estudo que apresente os primeiros passos para a construção de uma proposta de caráter teórico-empírico para o emprego das Técnicas Operacionais de Inteligência no âmbito das Atividades de Segurança Privada. As teorias da Atividade de Inteligência, bem como os fundamentos da Política Nacional de Inteligência (PNI), que atualmente encontra-se em fase de tramitação no Congresso Nacional, e da Doutrina Nacional de Inteligência de 21 Segurança Pública (DNISP), e a legislação brasileira de inteligência precisam estar atentos a esta necessidade das Atividades de Segurança Privada, no sentido de construção e regulação da aplicação das técnicas operacionais, nas Ações de Segurança privada. Neste sentido Conforme LAITARTT e LIMANA (2013, p.133) expõem: [...] O único e recente regramento do qual tivemos notícia até agora é o regramento do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública que, em 2009, nove anos após sua criação, aprovou a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP). Essa doutrina também regulamentou o subsistema, definindo seus fundamentos, finalidades e constituição, esclarecendo o alcance de alguns conceitos, prevendo formalidades de seleção de pessoal, enfim, tal norma traz um parâmetro inicial que, aliado à DNISP, propõe uma regulamentação mínima. Ao comentar e sugerir algumas ações no sentido modernização e conquista de credibilidade dos serviços de inteligência de segurança, no plano político institucional, Diniz (2004, p. 40) assim pondera: Um primeiro ponto é a regulamentação das Operações de Inteligência e de Contrainteligência. Embora o grosso da atividade de inteligência se baseie em informações provenientes de fontes ostensivas, a necessidade e a existência das Operações estão reconhecidas na lei que criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e no Regimento Interno da Polícia Federal. Porém, não há dispositivo jurídico que as regulamente. Cria-se assim um perigoso vácuo jurídico. Afinal, às organizações compete realizar as operações, mas, como não há regulamentação, cada uma tem que construir seus próprios entendimentos sobre as condições e as maneiras como as conduzirão. A necessidade de uma regulação/definição está exposta por MOREIRA (2010. Pag. 117): [...] Alguns autores divergem quanto à classificação e denominação das atividades especializadas atribuídas aos setores de operações das atividades de inteligência. Também profissionais atuantes na área da inteligência ainda divergem em tal atributo. Em algumas ocasiões denominam como ações de busca, técnicas operacionais, técnicas de busca, procedimentos operacionais, ações operacionais, operações especiais de inteligência, dentre outros.[...] A par desta situação, a relevância e atualidade desta pesquisa se materializam no novo contexto em que o Congresso Nacional está analisando a aprovação do novo Estatuto da Segurança Privada.Visando regular a atividade de mais de 2 mil empresas e 700 mil vigilantes em atuação no país – um contingente maior que o das polícias federal, civil e militar de todos os Estados, que juntas somam 500 mil integrantes. 22 1.5 METODOLOGIA A metodologia a ser utilizada será o levantamento bibliográfico, que irá permitir que se tome conhecimento de material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que possam servir de embasamento para pesquisas futuras. O levantamento, a atualização e análise de bibliografia especializada, referente ao tema de pesquisa, serão feitos utilizando-se para isso os recursos existentes e disponibilizados a partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, e, também, através de acesso a fontes disponibilizadas na internet. Portanto a pesquisa será descritiva, buscando registrar, analisar e correlacionar os conteúdos bibliográficos do tema em pauta, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. 23 1.6 OBJETIVOS 1.6.1 Objetivo geral Identificar a adequação do emprego das Técnicas Operacionais nas Operações de Inteligência nas ações de Segurança Privada. 1.6.2 Objetivos específicos a) Descrever e analisar as Técnicas Operacionais de Inteligência; b) Identificar as Técnicas Operacionais de Inteligência passíveis de serem aplicadas nas ações de Segurança Privada; c) Compreender a aplicação técnica-especializada das Técnicas Operacionais das Operações de inteligência nas ações de Segurança Privada. 24 2. TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA – EIXOS ES TRUTURANTES, UMA COMPREENSÃO CONCEITUAL Considerando os objetivos a que nos propomos nesta pesquisa, foi feita uma análise na legislação sobre a Atividade de Segurança Privada e da Atividade de Inteligência, especificamente ligadas às técnicas operacionais em proveito nas operações de inteligência nas ações de segurança privada, pois acreditamos que qualquer regramento que exista ou venha a ser criado pelo Poder Legislativo, ou até mesmo, em caráter excepcional, pelo Poder Executivo deverá estar em sintonia com os dispositivos constitucionais elencados no nosso Estado Democrático de Direito, que exige, antes de tudo, a observância dos preceitos legais de atuação dos agentes, quer público ou privado, quanto ao emprego e afins destas técnicas que estão elencadas e analisadas na presente pesquisa. É inegável a constatação de que toda a doutrina e métodos existentes que se conhece hoje na atividade de inteligência, e das chamadas operações de inteligência, e das técnicas operacionais advenham, em grande parte, da atividade de informações/inteligência de nossas forças de defesa, ou seja, a expressão do poder militar. Assim conforme pontua CASTELLO BRANCO (2013, p.20): Como em outros países, a Atividade de Inteligência no Brasil sofreu influência da área militar, uma vez a produção de conhecimentos foi inspirada no processo de estudo de situação e de tomada de decisões utilizados nos trabalhos de assessoramento dos estados-maiores de grandes comandos militares. A presente pesquisa, ainda, identificou a existência de lacuna no que concerne à produção acadêmica, especificamente sobre o emprego das técnicas operacionais em proveito nas operações de inteligência nas ações de segurança privada, como também foi percebida a inexistência de qualquer estudo aprofundando sobres os mecanismos de controle Institucional (de Estado) da atividade de inteligência na área privada. O recente Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) foi o último sistema de inteligência especifico a ter regramento concluído, conforme LAITARTT e LIMANA (2013, p.133) expõem: 25 [...] O único e recente regramento do qual tivemos notícia até agora é o regramento do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública que, em 2009, nove anos após sua criação, aprovou a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP). [...] As chamadas “Operações de Inteligência”, que não são propriamente um ramo autônomo da Atividade de Inteligência, quer em nível de Estado ou de Segurança Pública, mas sim um conjunto de técnicas e procedimentos especializados utilizados para auxiliar o ramo Inteligência e o ramo Contrainteligência a buscar dados negados ou indisponíveis, bem como, em certas situações, para neutralizar ações adversas (ALMEIDA NETO, 2009, p. 59), como esta sendo apresentado nesta pesquisa. Estas “Operações de Inteligência” são executadas pelo setor específico do Órgão de Inteligência, denominado de setor de operações, seções de operações ou grupo de operações. Esse setor de operações utiliza diversas Técnicas Operacionais (especializadas), que são apresentadas nesta pesquisa, em conformidade com os objetivos específicos da mesma, técnicas estas que visam à busca de dados negados ou indisponíveis, como também à proteção. 2.1 SEGURANÇA PRIVADA O conceito de atividade de Segurança Privada é definido na Lei 7.102/83 no artigo 10: Art. 10. São consideradas como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de: I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. A Lei 7.102/83 foi regulamentada pelo Decreto 89.053, de 24 de novembro de 1983, e atualizada por legislações posteriores, sendo que a Lei 8.863/94 amplia a definição legal sobre o que são consideradas atividades de segurança privada, e estabelecendo normas detalhadas em relação ao funcionamento das empresas que prestam tal serviço. A Lei 9.017/95 atribui à Polícia Federal (PF) a exclusividade pela normatização, controle e fiscalização da segurança privada. 26 A Polícia Federal passou a editar, por força dessa previsão legal, portarias visando disciplinar as atividades de segurança privada em todo o Território Nacional. A atual Portaria 3.233/12, do Departamento de Polícia Federal (DPF), passou a disciplinar as atividades de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvidas pelas empresas especializadas, e pelas empresas que possuem serviço orgânico de segurança. O Art 10, da Lei 7.102/83, passou a considerar como segurança privada as atividades de prestação de serviços com as finalidades proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; e também realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. Já a Portaria 3.233/12, do Departamento de Polícia Federal (DPF), em seu art. 1º, §3º, prevê e conceitua as atividades que são consideradas de segurança privada: Vigilância patrimonial; Transporte de valores; Escolta Armada; Segurança Pessoal; e Curso de Formação de Vigilantes. Em continuidade no art. 2º, da Portaria em tela, são apresentadas as definições de empresas de segurança: 1. Empresa especializada: “pessoa jurídica de direito privado autorizada a exercer as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e cursos de formação”; e 2. Empresa possuidora de serviço orgânico de segurança: “pessoa jurídica de direito privado autorizada a constituir um setor próprio de vigilância patrimonial ou de transporte de valores, nos termos do art. 10, § 4º da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983”. Bem como é dada a definiçãoconceitual de Vigilante: “profissional capacitado em curso de formação, empregado de empresa especializada ou empresa possuidora de serviço orgânico de segurança, registrado no Departamento de Polícia Federal, e responsável pela execução de atividades de segurança privada;” Podemos concluir parcialmente, pelo exposto até o presente pela legislação norteadora do tema, que a formatação da atividade de segurança privada, conforme está exposto, tem na figura do vigilante o responsável pela execução de atividades de segurança privada, não elencando outros atores. 27 Assim também nos fala CASTELLO BRANCO (2013, p.71 e 73): A Lei 7.102, que, além de centralizar o controle no governo federal e revogar os decretos-leis preexistentes, regulamentou a profissão de “vigilante”, nome dado aos agentes a serviço da segurança privada, instituiu normas para o funcionamento das empresas especializadas, cujo espectro de atuação ficou limitado à proteção ostensiva das instituições financeiras e do transporte de valores. [...] 2.2 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA Para CASTELLO BRANCO (2013, p.42): [...] O que é “a Atividade de Inteligência (Atv Intlg)”? Para que serve? Como funciona? Qual sua participação no processo decisório do Poder Executivo? Onde mais pode ser utilizada? Suas técnicas de produção e proteção do conhecimento podem ser aplicadas na área privada? São “sigilosas”? Basicamente no levantamento bibliográfico realizado a definição do que é Inteligência não é consenso entre os diversos autores que estudam e tratam do assunto. Assim neste sentido PEREIRA (2009, p 19) expõe: [...] inteligência não é consenso entre os diversos autores que estudam e tratam do assunto. De um lado, há os que defendem a ideia de que a atividade está baseada no segredo, conferindo-lhe um sentido mais estrito. De outro, aqueles que entendem a atividade de inteligência de forma mais ampla, isto é, como um instrumento que possibilita, por meio de técnicas e métodos próprios, a transformação de dados e informações em conhecimento, com vistas a subsidiar a tomada de decisão. A lei nº. 9.883 de 07 de dezembro de 1999, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), apresenta a seguinte conceituação: [...] § 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental; e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado. § 3º Entende-se como contrainteligência a atividade que objetiva neutralizar a inteligência adversa. Segundo CASTELLO BRANCO (2013, p.46): [...] A Atv Intlg, em um sentido amplo, caracteriza-se pela identificação de fatos e situações que, de modo real ou potencial, signifiquem obstáculos 28 (problemas) ou oportunidades (melhorias) à consecução de interesses nacionais (ou locais, ou empresariais), bem como o processamento desses insumos, com vistas a subsidiar decisões governamentais (empresariais etc.). Assim, é competência singular da Atividade de Inteligência, em seu ramo Inteligência e no ramo Contrainteligência identificar, analisar, sondar as ameaças e também as oportunidades no ambiente externo e as vulnerabilidades, fraquezas no ambiente interno das organizações, sejam elas públicas ou privadas. As ameaças são os agentes, os “atores sociais”, quer de origem interna ou externa às Instituições que por qualquer motivação, realizam ações hostis com forte probabilidade de comprometer a segurança dos ativos organizacionais (recursos humanos, das informações, do material e das áreas e instalações) por intermédio das vulnerabilidades identificadas. Normalmente essas ameaças, aproveitam as oportunidades geradas pelo relaxamento dos responsáveis pela “salvaguarda” de dados e conhecimentos, e pela não implementação e/ou desconhecimento das medidas decorrentes e uma política (gestão) focada na Atividade de Inteligência. As Operações de Inteligência atuam para o ramo Inteligência e para o ramo Contrainteligência, não sendo propriamente um ramo autônomo da Atividade de Inteligência, com o emprego de Técnicas Operacionais e meios especializados, visando à obtenção de dados protegidos, dados negados ou indisponíveis, de interesse dos trabalhos desenvolvidos pela Atividade de Inteligência. Ao consultarmos alguns estudiosos do assunto Atividade de Inteligência, no âmbito acadêmico, verificamos que o tema, suscita interpretações diversas. Mas há um certo entendimento que no mundo globalizado em que vivemos, a Atividade de Inteligência, nos seus ramos Inteligência e Contrainteligência produzem os conhecimentos que são fundamentais para subsidiar decisões precisas e oportunas, e minimizar os riscos decorrentes da violência e da insegurança generalizada que assolam a sociedade. Portanto, quais são as técnicas de produção e proteção do conhecimento que podem ser aplicadas na área privada? Com relação às Técnicas Operacionais, é o objetivo geral da presente pesquisa, cito: Identificar a adequação do emprego das Técnicas Operacionais nas Operações de Inteligência nas ações de Segurança Privada. 29 Ainda, a aplicação da Atividade de Inteligência na esfera privada é chamada de "Inteligência Competitiva (IC)" ou "informações de negócios" e visa a realização de pesquisas de antecedentes criminais de candidatos a cargos de confiança, levantamento de informações sobre métodos dos concorrentes, realização de investigações de fraudes corporativas e a localização de ativos organizacionais (pessoas e bens) para serem recuperados. 2.3 OPERAÇOES DE INTELIGÊNCIA Conforme é apresentado por PEREIRA (2009, p 40): [...] as operações de inteligência não constituem propriamente um ramo autônomo da atividade de inteligência, “mas sim um instrumento auxiliar da inteligência em sentido estrito e da contra-inteligência para a realização da busca de dados negados ou indisponíveis e, em certas situações, para neutralização de ações adversas” [...] As Operações de Inteligência são entendidas como um conjunto de ações técnicas especializadas destinadas à busca do “dado negado”, sendo executadas por um setor específico do órgão de inteligência, denominado de setor de operações. Neste alinhamento GONÇALVES (2008, pag 181) define: [...] pode-se dizer que compreende o conjunto de ações técnicas destinadas à busca do dado negado. Trata-se, sem dúvida, da atividade mais polêmica relacionada à inteligência, uma vez que seus métodos envolvem necessariamente técnicas e ações sigilosas [...] A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) em seu Curso de Introdução à Atividade de Inteligência – CIAI, em sua pag 92 define Operação de Inteligência, no contexto da Segurança Pública, como: É o conjunto de ações de busca visando à obtenção de dados referentes a um assunto, objeto do interesse da Atividade de Inteligência. A Operação de Inteligência difere da Ação de Busca pela complexidade, amplitude de objetivos e, normalmente, por sua maior duração. As atividades operacionais de inteligência, portanto, são desenvolvidas com a finalidade de obter dados não disponíveis para subsidiar o processo da produção do conhecimento em seus ramos de atividade. 30 Ainda, segundo Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) as Operações de Inteligência, no contexto da Segurança Pública: [...] é o conjunto de ações de Coleta e de Busca, executada quando os dados a serem obtidos estão protegidos por rígidas medidas de segurança e as dificuldades e/ou riscos são grandes para as AI, exigindo um planejamento minucioso, um esforço concentrado e o emprego de técnicas especializadas, com pessoal e material especializados. (CIAI, pag 92) Este autorpara fins de desenvolvimento da presente pesquisa assume a definição de Operações de Inteligência apresentada pela SENASP, como a mais adequada para o correto entendimento conceitual desta. As Operações de Inteligência, por sua natureza singular, exigem o emprego de técnicas especializadas empregadas por pessoal treinado, possuidor de habilidades e atributos específicos. Objetivando a busca de dados protegidos de toda ordem para a produção do conhecimento e ou proteção do mesmo. Consistindo de Ações de Busca, Sistemáticas ou Exploratórias, executadas com o emprego de técnicas também, não originárias das Atividades de Inteligência, e muitas com larga utilização fora dessa área. Há dois tipos básicos de Operação de Inteligência: as exploratórias e as sistemáticas. Vejamos a seguir. Segundo é apresentado por PEREIRA (2009, p 41): [...] busca pode ser exploratória ou sistemática. As buscas exploratórias, segundo Almeida Neto, “são aquelas encetadas para colher, em um curto lapso temporal, dados necessários à produção de um conhecimento sobre um fenômeno específico que não se protrai no tempo”. As sistemáticas, por sua vez, são as buscas que se alongam no tempo devido à necessidade de acompanhamento permanente das atividades de determinado alvo [...] Para a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP): [...] Operações Exploratórias. É a obtenção eventual de dados sobre um assunto específico em um determinado momento. [...] Operações Sistemáticas. É a obtenção constante de dados sobre um fato ou situação que deva ser acompanhado. [...] (CIAI, pag 93) Complementando o entendimento conceitual de operações de inteligência, a apostila de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, na sua pag 33 apresenta a seguinte de definição: 31 É a ação desenvolvida, por uma fração do órgão de Inteligência, mediante a aplicação de técnicas operacionais, visando à busca de dados negados e neutralização de ações adversas. [...] As operações de inteligência são intendidas como a ação desenvolvida mediante a aplicação de técnicas operacionais (especializadas), visando à busca de dados negados e a neutralização de ações adversas. Figura 1 – Op Inteligência atua em proveito do ramo Inteligência e Contrainteligência Fonte: Arquivo do autor, 2014. 2.3.1 Conceitos básicos A fim de obter a exata compreensão da terminologia empregada nas Operações de Inteligência e nas técnicas operacionais de inteligência foi realizada no levantamento bibliográfico a identificação dos seguintes conceitos ora apresentados: AGENTE = é o profissional de inteligência ou não, com atribuições de obter dados negados ou de criar facilidades para a execução de operações de inteligência. AGENTE OPERACIONAL = é a pessoa com a função de aplicar técnicas operacionais. 32 AGENTE PRINCIPAL (AP) = agente que coordena e orienta a atuação da(s) equipe(s) em uma área, com a função de auxiliar o encarregado de caso no controle de agentes e na condução de operações de inteligência. ANTIVIGILÂNCIA = ações executadas para detectar uma vigilância adversa. AMBIENTE OPERACIONAL = é a área onde se desenvolvem as atividades operacionais de inteligência, podendo referir-se a um ambiente social, instalações, edifício, praça, rua, condomínio, favela, bairro, cidade, estado ou país. CONTROLADOR = é o profissional de inteligência que tem como função dirigir fontes humanas. COLABORADOR = é a pessoa não pertencente ao órgão de inteligência que, conscientemente ou não, colabora com o profissional de inteligência, criando facilidades e/ou fornecendo dados. COMBOIO = pessoa ou equipe encarregada da segurança do alvo, que segue à distância para detectar possível vigilância. CONTRA-COMBOIO = agentes que seguem a equipe de vigilância com a finalidade de detectar possível comboio do alvo. CONTATO = qualquer pessoa com quem o alvo fala troca sinais ou objeto, enquanto está sob vigilância. CHEFE DE EQUIPE = componente de uma equipe de busca com a função de coordenar as ações no ambiente operacional. DADO = toda e qualquer representação de fato, situação, comunicação, notícia, documento, extrato de documento, fotografia, gravação, relato, denúncia etc. ainda não submetidos, pelo profissional de inteligência, à metodologia de Produção de Conhecimento. DADOS OPERACIONAIS = são dados que subsidiam o planejamento de operações de inteligência. DADO NEGADO = qualquer dado, de interesse do órgão de inteligência, que esteja sendo protegido por quem o detém. ENCARREGADO DE CASO = é o chefe da operação, que tem como atribuições planejar, dirigir, coordenar e controlar a execução de operações de inteligência. ELEMENTO DE OPERAÇÕES = é a fração do órgão de inteligência que tem como atribuição a busca de dados não disponíveis. 33 EQUIPE DE BUSCA = grupo de agentes empenhados na busca. GRUPO DE BUSCA = é o conjunto de turmas de busca. INFORMANTE = pessoa recrutada operacionalmente que trabalha em sua área normal de atuação. Existem dois tipos de informantes: os que não possuem treinamento e os que possuem, sendo esses últimos identificados como Informantes Especiais (IEs). PO = Ponto de observação. RECRUTADOR = é o profissional de inteligência que tem como função executar o recrutamento operacional. TURMA DE BUSCA = é o conjunto de equipes empenhadas na busca. VIATURA TÉCNICA = veículo equipado com meios técnicos, empregado na busca, com a finalidade de registrar som e/ou imagem. VIATURA OPERACIONAL = veículo empregado nas missões de busca. 2.4 TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA - DESCRIÇÃO E EMPREGO 2.4.1 Conceituação As técnicas operacionais englobam um conjunto de orientações especificas próprias para a segurança e emprego em operação. São técnicas especiais de emprego de pessoal e de material, compreendendo o conjunto de ações técnicas destinadas à busca do dado negado (GONÇALVES, 2006). Mas existe entre os autores, e instituições públicas uma divergência quanto ao entendimento doutrinário e conceitual do que são as “técnicas operacionais” e o que são “ações de busca”, conforme se identificou nesta pesquisa. É importante identificar conceitualmente as ações de buscas, bem como as técnicas operacionais que são de suma importância para o setor de operações conforme pontua MOREIRA (pag 119): [...] Alguns autores divergem quanto à classificação e denominação das atividades especializadas atribuídas aos setores de operações das atividades de inteligência. Também profissionais atuantes na área da inteligência ainda divergem em tal atributo. Em algumas ocasiões denominam como ações de busca, técnicas operacionais, técnicas de busca, procedimentos operacionais, ações operacionais, operações 34 especiais de inteligência, dentre outros. No presente, atribuiremos ações de busca e técnicas operacionais. [...] Em continuação MOREIRA (pag 120 a 125) apresenta as ações de busca: [...] Ações de busca Conforme a DNISP (2007), são consideradas “ações de busca”: reconhecimento, vigilância, recrutamento operacional, infiltração, desinformação, provocação, entrada, entrevista e interceptação de sinais e de dados [...] Com relação às técnicas operacionais MOREIRA (pag 125 a 129) apresenta: [...] as técnicas operacionais são as seguintes: processos de identificação de pessoas; observação, memorização e descrição (OMD); estória- cobertura (EC); disfarce; comunicações sigilosas; leitura de fala; análise de veracidade; emprego de meios eletrônicos; foto-interpretação. Ainda dentro do campo da Inteligência Competitiva (IC), a Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC)1 apresenta as técnicas operacionais como os processos utilizados em Operações de Inteligência para obter o conhecimento sensível protegido e elencando as técnicas operacionais:a) Interceptação postal; b) Disfarce; c) Eletrônica; d) Estória-cobertura; e) Fotografia sigilosa; f) Infiltração; g) Intrusão; h) OMD; i) Reconhecimento operacional; j) Recrutamento operacional; l) Vigilância. ____________________________ 1 Endereço eletrônico: <http://www.abraic.org.br/v2/conteudo.asp?c=12>. Acesso em: 10 mar .2009. 35 A Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP), em sua pag 32 entende que: [...] Ações de Busca. São todos os procedimentos realizados pelo setor de operações de uma AI [...] As ações de infiltração, entrada e interceptação de sinais ou comunicações em meios informáticos, de telecomunicações ou telemática devem ser previamente autorizadas judicialmente. A DNISP continua sua normatização doutrinária na pag 35: [...] TÉCNICAS OPERACIONAIS DE ISP (TOI) [...] As principais TOI são: Processos de Identificação de Pessoas; Observação, Memorização e Descrição (OMD); Estória-Cobertura; Disfarce; Comunicações Sigilosas; Leitura da Fala; Análise de Veracidade; Emprego de Meios Eletrônicos; e Foto-Interpretação. [...] Ainda, AZEVEDO (2002, p. 470) destaca a “vigilância; o recrutamento; a interceptação e o monitoramento de comunicações telefônicas, telemáticas e em sistemas de informática; a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos; e a infiltração de agente” em organizações criminosas entre as técnicas especializadas legitimamente empregadas. A tabela a seguir demonstra a configuração da situação do entendimento em linhas gerais das Técnicas Operacionais de Inteligência (TOI) e das Ações Operacionais de Inteligência (AOI) conforme os levantamentos bibliográficos realizados: Tabela 1 – Configuração geral das técnicas operacionais de inteligência (TOI) e das ações operacionais de inteligência (AOI) – (comparação) AÇÕES OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA (AOI) – Ações de Busca TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA (TOI) 1. Reconhecimento 1. Observação, Memorização e Descrição (OMD) 2. Vigilância 2. Disfarce 3. Monitoramento (Físico ou Eletrônico) 3. Estória-Cobertura (EC) 4. Entrada 4. Retrato Falado 5. Recrutamento 5. Leitura Corporal e da Fala 6. Infiltração 6. Comunicação Sigilosa 7. Penetração 7. Emprego dos Meios Cine-Fotográficos 8. Provocação 8. Emprego de Meios Eletrônicos 9. Entrevista 9. Emprego do Detector de Mentiras 36 10. Interrogatório 10. Papiloscopia x-x-x-x 11. Documentoscopia x-x-x-x 12. Foto-Interpretação Fonte: Elaboração do autor, 2014. Podemos ter o entendimento de que “técnica operacional” é a denominação utilizada tradicionalmente pelos serviços de inteligência de Estado que designa determinada prática, processo ou procedimento empregado pelo segmento operacional nas ações de busca das Operações de Inteligência, para o cumprimento de suas diversas missões. Apesar das várias possibilidades de emprego de técnicas operacionais e das ações de busca, cumpre mencionar, que esta pesquisa sendo norteada pelos seus objetivos geral e específico, não irá entrar nas divergências e entendimentos conceitual e/ou doutrinária sobre as “ações de busca” e “técnicas operacionais”, havendo o claro entendimento de que foi constatada a inexistência de uma proposta de caráter teórico-empírico referente à análise do emprego das Técnicas Operacionais de Inteligência no âmbito das ações de Segurança Privada, bem como é exígua a produção literária brasileira com relação especificamente às técnicas operacionais e/ou ações de busca para emprego nas Atividades de Segurança Privada, existindo, ainda, uma lacuna no ordenamento jurídico-administrativo Estatal quanto ao emprego das mesmas na seara Privada. Para fins de descrição e análise foram identificadas as técnicas operacionais consagradas nos Serviços de Inteligência tradicionais (de Estado, Militar) pela sua grande utilização e importância, e que serão descritas e analisadas nesta pesquisa, em consonância com os objetivos apresentados. Em sintonia com SOARES (2010) as técnicas operacionais identificadas e analisadas nesta pesquisa foram: a) Observação Memorização e Descrição (OMD); b) Reconhecimento Operacional; c) Estória-Cobertura (EC); d) Disfarce; e) Entrevista; f) Recrutamento Operacional; g) Vigilância; 37 h) Comunicações sigilosas; i) Emprego de meios eletroeletrônicos (Eletrônica). As chamadas “Ações de Busca” e/ou “Técnicas Operacionais” de “Infiltração”, “Interceptação de Sinais e de Dados”, “Entrada ou Defesa contra Entrada”, bem como, “Interceptação Postal ou Detecção de Violação de Correspondência” não foram elencadas, pois necessitam de autorização judicial, quer por sua natureza sigilosa e principalmente por “violação de garantias e direitos constitucionais”, envolvendo o emprego de técnicas e procedimentos especiais autorizadas, unicamente, para a autoridade pública (POLÍCIA JUDICIÁRIA – da União ou dos Estados), conforme normatiza a DNISP (2009): [...] As ações de infiltração, entrada e interceptação de sinais ou comunicações em meios informáticos, de telecomunicações ou telemática devem ser previamente autorizadas judicialmente. Contudo as técnicas operacionais de “Entrada ou Defesa contra Entrada”, bem como, “Interceptação Postal ou Detecção de Violação de Correspondência” são necessárias seu efetivo conhecimento pelos gestores privados no âmbito da gestão da Segurança Empresarial/Patrimonial, havendo necessidade de uma pesquisa futura para as mesmas na seara das ações de Segurança Privada. 2.4.2 Descrição e emprego 2.4.2.1 Observação, Memorização e Descrição (OMD) Empregada para observar, memorizar e descrever, com precisão, pessoas, objetos, locais e fatos, a fim de identificá-los ou de reconhecê-los, consistindo em observar com perfeição, memorizar o que se viu e descrever com veracidade. Participando no emprego das demais técnicas operacionais e dependendo de um contínuo esforço mental (SOARES, 2010). Conforme está analisado e apresentado no Apêndice A de maneira bem detalhada, esta técnica consiste em observar, memorizar e descrever corretamente alvos no campo de atuação das operações, de modo a transmitir dados e 38 informações necessárias para a identificação dos mesmos. Ainda, a presente técnica necessita que o elemento de operações busque responder as seguintes questões: o que deve ser observado; como registrar as informações; que processos devem ser adotados para garantir a exatidão; que relação deve existir entre o agente (observador) e o alvo (observado) (MOREIRA, 2010). 2.4.2.2 Reconhecimento operacional (Rec Op) É o procedimento operacional realizada para obter dados sobre o ambiente operacional e/ou identificar visualmente uma pessoa. É uma ação preparatória que subsidia o planejamento de uma operação de inteligência. A Técnica Operacional de Reconhecimento (Rec Op) é caracterizada por ser aplicada antes da execução de uma Operação de Inteligência e se destina a coletar subsídios para suprir a necessidade de conhecer o alvo e o ambiente onde será desencadeada a operação, sendo realizado na fase do Planejamento. (SOARES, 2010) Conforme esclarece MOREIRA (pag. 120): [...] O reconhecimento bem realizado servirá de subsídio para que os trabalhos da inteligência sejam eficientes, bem como subsidiará o início dos trabalhos, que, a priori, serão inseridos na fase inicial do ciclo de produção do conhecimento de inteligência (planejamento). Conforme consta detalhadamente no Apêndice B, esta técnica visa à obtenção de dados de qualquer natureza disponíveis ao elemento de operações, para o cumprimento da missão, ou seja, são levantamentos bem elaborados de objetos, pessoas, ambientes de atuação e etc, onde será desencadeada a operação de inteligência. (MOREIRA,2010) A operação inicia-se no mesmo local onde foi realizado o Reconhecimento e, portanto, é necessário que a Estória cobertura seja bem empregada para não comprometer as ações futuras, conforme foi apresentado Apêndice B. 39 2.4.2.3 Estória Cobertura (EC) É a Técnica operacional que trata dos artifícios usados para encobrir a identidade de pessoas e instalações, dissimular ações, com o objetivo de mascarar seus reais propósitos e atos nas atividades operacionais. É a criação e/ou elaboração de uma identidade de proteção, de fachada para tudo o que envolve e estejam relacionadas com as pessoas, instalações, organizações, objetos e documentos, durante a execução de uma operação de inteligência, objetivando dissimular, proteger e assegurar os verdadeiros propósitos dessa operação. (MOREIRA, 2010) Esta identidade de proteção é uma “Estória” construída, com enredos e argumentação criadas, a partir de pretextos e circunstâncias favoráveis, utilizadas pelo agente para proteger sua verdadeira identidade e a finalidade de seus propósitos (objetivos da operação). (SOARES, 2010) Em conformidade com os objetivos específicos desta pesquisa, segundo a descrição detalhada no Apêndice C, a técnica de estória-cobertura é usada com o apoio de outras técnicas operacionais, exigindo do agente de inteligência e dos responsáveis pelo planejamento (Enc Caso) realizá-lo de forma bem detalhado, com treinamento constante para que a execução da operação alcance seus objetivos. A técnica de estória-cobertura pode ter a seguinte classificação: a) quanto às bases para sua formulação; - sobre bases naturais; - sobre bases artificiais; b) quanto à capacidade de resistência; - superficiais; - profundas; c) quanto à proteção legal; - oficiais; - não-oficiais. Sendo esta classificação observada para a montagem da EC, pois ela se transformará quando construída na proteção do agente, bem como do elemento de operações, não havendo lugar para improvisações de planejamento nem para 40 negligências, em especial quanto ao preparo ou à obtenção da documentação básica a ser fornecida aos agentes. (SOARES, 2010) A EC é uma mentira útil, planejada, preparada e utilizada para mascarar a verdade, permitir facilidades aos agentes e preservar a segurança operacional. (Apêndice C) 2.4.2.4 Disfarce Aliada a outras técnicas e ao uso de documentação especial ela permite realizar a busca dos conhecimentos negados em melhores condições, sendo entendida como a técnica de se modificar os traços fisionômicos de uma pessoa ou mesmo sua aparência física com a finalidade de dificultar sua identificação. (SOARES, 2010) Nesse alinhamento MOREIRA (pag 128) apresenta: [...] é a técnica operacional que visa alterar e modificar as aparências físicas do pessoal, instalação e organização, com o fim de evitar o reconhecimento por parte de adversários, daquelas que originalmente se conhecem. Pode ser realizada de forma natural e/ou artificial. O uso da técnica operacional de Disfarce, conforme detalhado no Apêndice D, deverá modificar um ou mais dos seguintes aspectos aparentes de uma pessoa (traços pessoais): a) caracteres distintivos; b) aspectos físicos específicos; c) aspectos físicos gerais. A DNISP normatiza esta técnica como sendo a qual o agente da inteligência da ISP, usando recursos naturais ou artificiais, modifica sua aparência física, a fim de evitar o seu reconhecimento, atual ou futuro, objetivando ainda, adequar-se a uma Estória-cobertura. As possibilidades de mudança nos traços fisionômicos e da aparência são ilimitadas sendo que esta técnica será sempre utilizada em combinação com outras técnicas operacionais e depende dos recursos em pessoal (especialização) e material técnico específico, conforme descrito para fins de emprego no Apêndice D. 41 2.4.2.5 Entrevista É o processo técnico realizado para a obtenção de dados através da conversação, planejada e controlada pelo entrevistador, com propósitos pré- definidos, onde o entrevistador deve conhecer alguns aspectos necessários para que os resultados sejam efetivados, como por exemplo, conhecimentos sobre linguagem corporal, psicologia comportamental e etc. A Atividade de Inteligência de Segurança Pública (AISP) entende a Entrevista como sendo realizada para obter dados por meio de uma conversação, mantida com propósitos definidos, planejada e controlada pelo entrevistador. A entrevista tem como finalidade a obtenção dados, fornecimento de dados, mudança de comportamento e também a confirmação de dados. (SOARES, 2010) Conforme explicita MOREIRA (pag 124): [...] comunicação, antes de tudo vocal, num grupo de duas ou mais pessoas, mais ou menos voluntariamente reunidas, num relacionamento progressivo, entrevistador e respondente, com o propósito de elucidar fatos inerentes à situação investigada, de cuja revelação espera tirar certo benefício. [...] Ela constitui uma técnica aplicada em vários campos de atividades, e em alguns ela se inclui como atividade auxiliar, ao passo que em outros ela representa a principal técnica profissional, como no jornalismo, advocacia e nas pesquisas de ciências sociais. Conforme descrito e analisado no Apêndice E, seu emprego tem um papel destacado nas atividades de inteligência o que justifica a preocupação constante pelo aperfeiçoamento dessa técnica para as ações operacionais. Sendo empregada quando não for possível a utilização de processos mais simples para a obtenção dos dados necessários. A entrevista possui fases, conforme detalhado no Apêndice E, que devem ser seguidas para o efetivo emprego e alcance de resultados, ainda sendo agregada de outras técnicas operacionais, com vantagens e também desvantagens quanto ao seu eficaz emprego (SOARES, 2010) 42 2.4.2.6 Recrutamento Operacional É compreendida como o ato de convencer ou persuadir uma pessoa, não pertencente ao órgão de inteligência ou setor de operações a trabalhar em benefício deste. Nessa linha conceitual MOREIRA (pag 121) expõe: [...] visa “recrutar”, ou seja, angariar uma determinada pessoa e tentar persuadi-la a colaborar com o órgão de inteligência, seja para trabalhar no próprio órgão quanto para o fornecimento de informações necessárias aos trabalhos de inteligência. Visando a cooptação de colaboradores e de informantes com acesso real ou potencial a dados de interesse do órgão de inteligência ou setor de operações, ou que possam vir a cooperar na execução de operações de inteligência (SOARES, 2010), existindo um roteiro básico de investigação para o recrutamento operacional conforme detalhado no Apêndice F. Sendo o “acesso” a condição básica para o recrutamento operacional, o fator mais importante a ser considerado na seleção do futuro recrutado. Aplicando a metodologia corretamente a fim de ser evitados os alvos que possam apresentar riscos para as operações de inteligência e para seu setor de operações. A metodologia do recrutamento consiste em vários passos, que necessariamente devem ser observados para sua correta utilização e eficácia e redução do grau de risco de sua realização no ambiente operacional. (Apêndice F) Importância capital deve ser dada para a identificação das reais motivações da cooperação do recrutado para a sua efetiva utilização e controle, PEREIRA (2009), bem como para não se configurarem em riscos reais ou potencias para as operações. A Atividade de Inteligência de Segurança Pública (AISP) entende o Recrutamento Operacional como a ação realizada para convencer uma pessoa não pertencente à AI a trabalhar em benefício desta. 43 2.4.2.7 Vigilância Consiste em manter um ou mais alvos sob constante observação, observando sem ser percebido, podendo o alvo ser uma pessoa, um objeto, um veículo, uma casa,ou edifício/instalações diversas. Sendo considerada a técnica mais complexa, a “mãe” de todas as técnicas operacionais, sendo emprega com todas as outras técnicas operacionais em seu apoio. (SOARES, 2010) Realizada para levantar dados sobre um alvo ou mais alvos, sendo classificada quanto ao alvo - fixa e móvel -, quanto aos agentes - a pé ou transportada - e quanto ao grau de sigilo - sigilosa ou ostensiva. Baseada em método próprio de alta especialização com emprego de recursos específicos e agregada durante sua execução por outras técnicas. (Apêndice G) Seu planejamento deve ser realizado de forma bem detalha, pois irá empregar de forma conjunto várias técnicas operacionais, em um ambiente operacional diversificado, não havendo controle efetivo sobre prováveis vetores deste ambiente (condições meteorológicas, trânsito e possíveis contatos não planejados). (SOARES, 2010) Para MOREIRA (2010, pag 121): [...] É a ação de busca que visa manter determinado “alvo” em constante observação [...] A vigilância pode ser fixa, móvel ou técnica, e, ainda, também a contra-vigilância. […] Contra Vigilância – [...] consiste no emprego de medidas, comportamentos e atitudes para detectá-la e neutraliza-la, inclusive com o uso de aparelhos eletrônicos, como de hipótese de varredura para detecção de escuta ambiental e de interceptação telefônica. A sua utilização requer constantes treinamentos para a correta aplicação de seus métodos de emprego, sendo utilizado para a vigilância a pé o método chamado de A B C, e para a vigilância transportada (motorizada) o método 1 2 3, conforme detalhado no Apêndice G. (SOARES, 2010) Atenção especial deverá ser dada no emprego do método 1 2 3 quando o alvo estiver em movimento, mantendo, o tempo todo, as equipes informadas sobre os seguintes aspectos da condução da vigilância: QUEM – ONDE – SENTIDO – LOCAL – VELOCIDADE. Para tanto a figura do “papagaio” , conforme descrito no Apêndice G, deverá ser um agente que conheça o ambiente operacional. 44 2.4.2.8 Comunicações Sigilosas É utilizada para, sigilosamente, transmitir e/ou receber mensagens, como também enviar e/ou receber objetos durante a execução de uma operação de inteligência, de acordo com planos preestabelecidos. Mas também é usada pelos alvos que são identificados e monitorados durante uma operação de inteligência, para de idêntica forma, sigilosamente, transmitir e/ou receber mensagens, como também enviar e/ou receber objetos. (SOARES, 2010) Nesse entendimento MOREIRA (2010, pag 128) define como “a técnica operacional que visa o emprego de formas e processos especiais, convencionados para a transmissão de mensagens ou para passar objetos, durante uma operação de inteligência”. O correto entendimento da aplicação desta técnica se faz necessário para sua efetiva utilização, pois sua metodologia é de alta tecnicidade e levado grau de risco. Conforme está detalhado no Apêndice H, atenção especial deverá ser dada no sentido de saber a correta utilização dos meios técnicos constitutivos para a comunicação sigilosa visando: a) ser protegido contra intempéries, animais, insetos, crianças etc; b) ser improvável de ser removido; c) oferecer boa cobertura; d) ser difícil de ser encontrado. Para sua execução são usadas técnicas denominadas meios direto (contato pessoal) e indireto (intermediários e artifícios), conforme sua metodologia própria, analisados mais detalhadamente no Apêndice H. Existindo princípios básicos que norteiam sua efetiva aplicação, sendo eles: a) controle; b) rendimento; c) continuidade; d) segurança. 45 Para fins de entendimento as comunicações sigilosas podem ter a seguinte classificação: a) forma direta; - processos usuais; - contato pessoal. - passe rápido. b) formas indiretas: - processos usuais; - serviço postal; - serviço de telecomunicações; - impressos; - processos de intermediários; - mensageiro; - vínculo vivo; - encarregado de endereço de conveniência; - processos de artifícios; -receptáculo fixo; - receptáculo móvel. A presente classificação é considerada mais utilizada para fins de aprendizagem, como também pelo seu uso histórico, como no caso especifico de troca de informações entre os chamados controladores e seus controlados nos diversos serviços de inteligência. (SOARES, 2010) 2.4.2.9 Emprego de meios eletrônicos (Eletrônica) A Atividade de Inteligência de segurança Pública (AISP) apresenta em sua doutrina esta técnica como sendo a TOI que capacita os agentes integrantes a utilizarem de forma adequada os equipamentos eletrônicos (de captação, gravação e reprodução de sons). É técnica que utiliza equipamentos eletrônicos em sua execução, requerendo o emprego de técnicos especializados e experientes em eletrônica e em 46 telefonia, minimizando os riscos inerentes ao emprego desta técnica, objetivando o máximo de eficiência dos equipamentos utilizados. Atualmente com os avanços da tecnologia quer no campo da telefonia, fixa e móvel, dos equipamentos eletrônicos de áudio, vídeo e imagem, seja a técnica que mais tenha sua configuração remodelada nas últimas décadas. Sendo também, constatado o desenvolvimento de meios eletrônicos para utilização noturna. Para a atividade de operações o universo de equipamentos é imenso e diversificado, sendo suas principais características ligadas ao seu tamanho, volume, autonomia de funcionamento, funcionalidades, capacidades de serem camufladas e / ou disfarçadas (escondidas). (SOARES, 2010) Na utilização das demais técnicas operacionais, o emprego dos chamados meios eletrônicos vieram agregar grande valor, possibilitando o registro das ações no ambiente operacional, garantindo maior segurança para o registro e de certa forma criando, monitorando e explorando uma nova dimensão para as operações. (Apêndice I) 47 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados e discutidos os principais resultados desta investigação. Assim, tendo presente a revisão bibliográfica que é a base dos conhecimentos relevantes apresentados pelos diversos autores nas publicações consultadas, procurou-se analisar e refletir sobre o tema, de modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, apresentando as conclusões que servirão de embasamento para pesquisas futuras. A fim de responder aos objetivos propostos, buscou-se sua efetiva utilização dentro do marco legal pátrio que efetua o controle da atividade de segurança privada. O que pode significar segurança (Privada) para a sociedade? Um muro alto em volta das residências, comércio e empresas? Avisos? Cadeados? Sistemas de alarmes? Iluminação? Vigilantes nas portarias? Rondas? Estas são, sem dúvidas, boas ferramentas para proteção do chamado “círculo externo”. Mas da mesma forma que os muros, portarias e vigilantes protegem o círculo externo, o “círculo interno” (empregados, conhecimento acumulado, processos, tendências e informações) quer de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado também precisam de proteção. A eficácia das técnicas operacionais será entendida dentro das ações de segurança privada por meio do uso destas dentro de cada setor especifico da Segurança Privada, a saber: Segurança Patrimonial, Segurança Pessoal, Escolta Armada, Transporte de valores e Formação de Vigilantes. Cada técnica apresentada e detalhada tem seu real emprego nestas atividades, seja de maneira isolada ou em conjunto. Possibilitando a agregação de valor para cada setor da Segurança Privada. Mas a falta de uma normatização doutrinária e de controle e fiscalização do emprego das mesmas nas atividades de Segurança Privada pelo Poder Público é um foto constatado na pesquisa. Levando
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