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Gestão Estratégica e Inteligência na Segurança Privada

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GESTÃO ESTRATÉGICA E 
INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA 
PRIVADA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Sivanei de Almeida Gomes 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 A primeira aula da disciplina Gestão Estratégica e Inteligência na 
Segurança Privada terá como assunto principal a difusão de conhecimentos 
introdutórios sobre o tema, seus aspectos históricos, a evolução da atividade 
de inteligência no Brasil, o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), o 
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), e o que os compõe, 
suas missões e base legal. Abordaremos sua composição e como os entes 
federados podem integrar o SISP. Destacaremos também a diferença entre 
atividade de inteligência e investigação policial. 
TEMA 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
 A atividade de inteligência acompanha a evolução histórica da 
humanidade, pois a procura por informações e pelo conhecimento remontam 
aos primórdios da civilização, que lutava pela sobrevivência, segurança e, 
principalmente, pela manutenção das relações de poder dentro do grupo social. 
 Assim, não há qualquer dúvida de que a atividade de inteligência é vista 
como estratégica para qualquer organização no mundo dos negócios, tanto nos 
assuntos públicos como privados, uma vez que o volume de informações 
produzidas num mundo globalizado aumenta em progressão geométrica, 
enquanto que a capacidade de processamento desses dados não segue na 
mesma proporção. 
 Buscando um conceito legal de inteligência, podemos mencionar o 
Artigo 1º, § 2º, da Lei 9.883, de 7 de dezembro de 1999, que a define nos 
seguintes termos: 
“[...] para os efeitos de aplicação desta lei, entende-se como 
Inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e 
disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional 
sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o 
processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e 
a segurança da sociedade e do Estado [...]”. (Brasil, 1999) 
TEMA 2 – BREVE HISTÓRICO DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
 A necessidade de conhecimento é intrínseca ao ser humano, pois 
somente por meio dele é possível sobreviver. O homem primitivo deveria, 
obrigatoriamente, conhecer todos os perigos que o cercavam, como o frio, os 
 
 
3 
animais perigosos, a maneira de saciar a fome e de se proteger. Portanto, 
coletar informações e analisá-las, que hoje, a grosso modo, definimos como 
atividade de inteligência, é uma atividade tão antiga quanto a própria 
humanidade. 
 Muito embora o domínio da escrita tenha sido o grande meio catalisador 
das atividades de inteligência, não se pode olvidar que os chamados povos 
sem escrita também se valiam de outros recursos para a transmissão de 
informações, como a oralidade, tambores, sinais de fumaça, sinais de reflexo 
utilizando a luz solar ou lunar, feitos via cerâmicas ou espelhos, entre outros 
recursos. Exemplos da Antiguidade Clássica nos retratam essa realidade: 
 No primeiro Império Universal (medos e persas), promovido por Ciro, O 
Grande, Dario, O Grande Rei, sucessor do primeiro, organizou um corpo de 
espiões: “Os olhos e os ouvidos do rei”, para espionar os sátrapas (vice-reis 
das unidades políticas e administrativas denominadas satrapias). Na Roma 
Antiga, era comum a presença de espiões atrás das cortinas para ouvir 
segredos. Antes do século II, Roma não possuía um corpo diplomático. Para 
resolver problemas, enviava pequenas missões que agiam em nome do 
governo, tornando-se, posteriormente, embaixadas permanentes: muitos 
membros prestaram-se ao serviço de espionagem. Toda a aristocracia romana 
tinha sua rede permanente de agentes clandestinos e casas com 
compartimentos secretos para espionarem seus hóspedes. Apesar deste 
histórico, os ramos só institucionalizaram a atividade de inteligência e 
espionagem no período do império (Revista Brasileira de Inteligência, 2005, p. 
89). 
TEMA 3 – A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL 
 De acordo com o site da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), temos 
que no Brasil, a inteligência de Estado desenvolveu-se durante o regime 
republicano, em especial a partir de 1927, e fez parte da história do país, em 
maior ou menor intensidade, tanto nos períodos democráticos quanto nas fases 
de exceção. 
 A atividade de inteligência caracteriza-se pela identificação de fatos e 
situações que representem obstáculos ou oportunidades aos interesses 
nacionais. O levantamento e o processamento de dados e a análise de 
 
 
4 
informações ajudam os decisores governamentais a superar obstáculos ou a 
aproveitar oportunidades. 
 Em todos esses momentos históricos, a inteligência esteve envolvida na 
produção e na proteção de dados, informações e conhecimentos, sempre a 
serviço do Estado. 
 Com base na análise da sucessão dos diferentes órgãos de inteligência 
da histórica republicana, identifica-se quatro fases da atividade no Brasil. 
3.1 Fase embrionária (1927 a 1964) 
 A atividade esteve inserida, de forma complementar, em conselhos de 
governo (1927 a 1946) e no Serviço Federal de Informações e 
Contrainformações (SFICI – 1946 a 1964). Correspondeu à construção das 
primeiras estruturas governamentais voltadas para a análise de dados e para a 
produção de conhecimentos. 
3.2 Fase da bipolaridade (1964 a 1990) 
 A atividade esteve atrelada, de forma direta, ao contexto da Guerra Fria, 
de características notoriamente ideológicas. Abrangeu desde a reestruturação 
do SFICI até a extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI). 
3.3 Fase de transição (1990 a 1999) 
 Com a redemocratização, a atividade de inteligência passou por 
processo de reavaliação e autocrítica para se adequar a novos contextos 
governamentais de atuação. A inteligência tornou-se vinculada a Secretarias da 
Presidência da República, primeiro como Departamento de Inteligência (DI) e, 
posteriormente, como Subsecretaria de Inteligência (SSI). 
3.4 Fase contemporânea (1999 até hoje) 
 Foi iniciada com a criação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), 
consequência de ampla discussão política com representantes da sociedade 
no Congresso Nacional. É marcada pelo expressivo avanço da atividade no 
país – tanto pela consolidação da atuação da ABIN quanto pela expansão do 
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), também criado em 1999. 
http://www.abin.gov.br/historico/1927-conselho-de-defesa-nacional-cdn/
http://www.abin.gov.br/historico/1927-conselho-de-defesa-nacional-cdn/
http://www.abin.gov.br/historico/1946-servico-federal-de-informacoes-e-contra-informacoes-sfici/
http://www.abin.gov.br/historico/1946-servico-federal-de-informacoes-e-contra-informacoes-sfici/
http://www.abin.gov.br/historico/1946-servico-federal-de-informacoes-e-contra-informacoes-sfici/
http://www.abin.gov.br/historico/1964-servico-nacional-de-informacoes-sni/
http://www.abin.gov.br/historico/1990-e-1992-departamento-de-inteligencia-di-e-subsecretaria-e-secretaria-de-inteligencia-ssi-e-si/
http://www.abin.gov.br/historico/1990-e-1992-departamento-de-inteligencia-di-e-subsecretaria-e-secretaria-de-inteligencia-ssi-e-si/
http://www.abin.gov.br/historico/1995-e-1999-subsecretaria-de-inteligencia-ssi-e-agencia-brasileira-de-inteligencia-abin/
 
 
5 
 Durante a maior parte da fase contemporânea da inteligência brasileira, 
a ABIN esteve vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional da 
Presidência da República (GSI/PR) – órgão com status de ministério. 
 A reforma administrativa executada pela presidente Dilma Rousseff, em 
2015, levou a agência à estrutura da Secretaria de Governo. Com a entrada em 
exercício do presidente Michel Temer, o GSI foi recriado e a ABIN foi inserida 
novamente na hierarquia do GSI.1 
TEMA 4 – SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA (SISBIN) 
O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) foi instituído pela Lei n. 
9.883, no dia 7 de dezembro de 1999, com objetivo de integrar e coordenar as 
ações de planejamentoe execução da atividade de inteligência no país. 
Compete ao SISBIN, com base nos temas de interesse definidos pela 
Política Nacional de Inteligência, a obtenção e análise de dados e informações 
voltados para a produção e difusão de conhecimentos dentro e fora do território 
nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o 
processo decisório nacional e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a 
segurança da sociedade e do Estado brasileiro. 
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é o órgão central do 
SISBIN, encarregado de coordenar e integrar as atividades de inteligência no 
país. No exercício de suas funções, compete à ABIN, nos termos do § 4º, da 
Lei 9.883/99: 
I – Planejar e executar ações, inclusive sigilosas, relativas à obtenção 
e análise de dados para a produção de conhecimentos destinados a 
assessorar o Presidente da República; 
II – Planejar e executar a proteção de conhecimentos sensíveis, 
relativos aos interesses e à segurança do Estado e da sociedade; 
III – avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional; 
IV – Promover o desenvolvimento de recursos humanos e da doutrina 
de inteligência, e realizar estudos e pesquisas para o exercício e 
aprimoramento da atividade de inteligência. 
Atualmente, o Sistema Brasileiro de Inteligência é composto pelos 
seguintes órgãos: 
 
1 Fonte: Agência Brasileira de Inteligência, disponível em: 
<http://www.abin.gov.br/institucional/historico/>, acesso em 6 set. 2017. 
 
. 
http://www.abin.gov.br/institucional/historico/
 
 
6 
 I – Casa Civil da Presidência da República, por meio de sua Secretaria-
Executiva; 
 II – Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República 
(GSI); 
 III – Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, da Secretaria de Governo 
da Presidência da República, como órgão central do Sistema; 
 IV – Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria 
Nacional de Segurança Pública, da Diretoria de Inteligência Policial do 
Departamento de Polícia Federal, do Departamento de Polícia 
Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e do 
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica 
Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça; 
 V – Ministério da Defesa, por meio da Subchefia de Inteligência 
Estratégica, da Assessoria de Inteligência Operacional, da Divisão de 
Inteligência Estratégico-Militar da Subchefia de Estratégia do Estado-
Maior da Armada, do Centro de Inteligência da Marinha, do Centro de 
Inteligência do Exército, do Centro de Inteligência da Aeronáutica, e do 
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia; 
 VI – Ministério das Relações Exteriores, por meio da Secretaria-Geral de 
Relações Exteriores e da Coordenação-Geral de Combate aos Ilícitos 
Transnacionais; 
 VII – Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria-Executiva do 
Conselho de Controle de Atividades Financeiras, da Secretaria da 
Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil; 
 VIII – Ministério do Trabalho e Previdência Social, por meio da 
Secretaria-Executiva; 
 IX – Ministério da Saúde, por meio do Gabinete do Ministro de Estado e 
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); 
 X – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por 
meio do Gabinete do Ministro de Estado; 
 XI – Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria-Executiva e 
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA); 
 XII - Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional 
de Proteção e Defesa Civil (SEDEC); 
 
 
7 
 XIII – Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, por meio da 
Controladoria-Geral da União (CGU); 
 XIV – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de 
sua Secretaria-Executiva; 
 XV – Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, por meio de sua 
Secretaria-Executiva, do Departamento Nacional de Infraestrutura de 
Transportes – DNIT; Agência Nacional de Transportes Terrestres 
(ANTT), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC); Secretaria de 
Aviação Civil (SAC) e Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária 
(INFRAERO); 
 XVI - Ministério de Minas e Energia, por meio de sua Secretaria-
Executiva; 
 XII – Ministério do Esporte, por meio de sua Secretaria-Executiva; e 
 XIII – Advocacia Geral da União (AGU). 
Percebe-se que o SISBIN é integrado não só por órgãos de 
inteligência. Sua composição é multidisciplinar e definida por decreto do 
presidente da república levando-se em conta injunções conjunturais. 
Além dos órgãos e entidades federais que direta ou indiretamente 
possam produzir conhecimentos sobre assuntos de interesse para a atividade 
de inteligência e daqueles responsáveis pela defesa externa, relações 
exteriores e segurança interna, também podem integrar o SISBIN órgãos das 
Unidades da Federação, mediante convênios e ajustes específicos, devendo, 
nesses casos, ser ouvida a Comissão Mista de Controle das Atividades de 
Inteligência do Congresso Nacional (CCAI). 
O funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência efetivar-se-á 
mediante articulação coordenada dos órgãos que o constituem, respeitada a 
autonomia funcional de cada um e observadas as normas legais pertinentes a 
segurança, sigilo profissional e salvaguarda de assuntos sigilosos2. 
TEMA 5 – SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA (SISP) 
O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) foi 
instituído pelo Decreto 3.695/2000 com a finalidade de coordenar e integrar as 
atividades de inteligência de segurança pública em todo o país, bem como 
 
2 Artigo 5º, do Decreto nº 4.376/2002. 
 
 
8 
suprir os governos federal e estaduais de informações que subsidiem a tomada 
de decisões nesta área, cabendo aos órgãos que o compõem a missão de 
identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança 
pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para 
neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza. 
A Agência Central do SISP é a Coordenação Geral de Inteligência 
(CGI) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério 
da Justiça (MJ), a quem compete integrar e coordenar as atividades de 
Inteligência de Segurança Pública, em âmbito nacional e internacional. 
NA PRÁTICA 
 Em face do aumento da criminalidade mais organizada e violenta, não 
raro, os chefes das instituições policiais demandam seus órgãos de inteligência 
visando a produção de conhecimento sobre tais organizações, a fim de poder 
adotar medidas operacionais diferenciadas para coibir tal criminalidade, cujos 
métodos tradicionais de enfretamento não apresentam resultados satisfatórios. 
FINALIZANDO 
 Nesta aula nosso objeto de estudo foi uma visão histórica da atividade 
de inteligência e seus conceitos, o Sistema Brasileiro de Inteligência e o 
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, além de suas missões e 
composição. 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Histórico da Atividade de 
Inteligência no Brasil. Disponível em: 
<http://www.abin.gov.br/institucional/historico/>. Acesso em: 6 set. 2017. 
BRASIL. Decreto n. 3.695, de 21 de dezembro de 2000. Cria o Subsistema de 
Inteligência de Segurança Pública. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3695.htm>. Acesso em: 6 set. 
2017. 
BRASIL. Decreto n. 4.376/2002, de 13 de setembro de 2002. Dispõe sobre a 
organização e funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4376.htm>. 
Acesso em: 6 set. 2017. 
BRASIL. Lei n. 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Poder Legislativo, Brasília. 
Disponívelem: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9883.htm>. Acesso em: 6 
set. 2017. 
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública 
(SENASP) – Curso de Introdução a Atividade de Inteligência, 2015. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9883.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA E 
INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA 
PRIVADA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Sivanei de Almeida Gomes 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A rota de aprendizagem da segunda aula da disciplina Inteligência na 
Segurança Privada terá como assuntos principais de nossos estudos: 
 Tema 1: Conceito da atividade de inteligência. 
 Tema 2: Categorias ou espécies de inteligência. 
 Tema 3: Princípios gerais da atividade de inteligência. 
 Tema 4: Ética na atividade de inteligência. 
 Tema 5: Ramos da atividade de inteligência, níveis de assessoramento e 
fontes de inteligência e classificação. 
TEMA 1 – CONCEITO DE ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
A Atividade de Inteligência, como já foi mencionada na Aula 1, pode ser 
definida, de acordo com o parágrafo 2º, do artigo 1º da Lei 9.883, de 7 de 
dezembro de 1999, como a “atividade que objetiva a obtenção, análise e 
disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos 
e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a 
ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do 
Estado”. 
Assim, vemos que o foco da atividade de inteligência é a produção de 
conhecimentos sólidos para assessorar o tomador de decisão, tanto na iniciativa 
privada como na área pública. Urge destacar que o termo “inteligência” vem 
sendo utilizado ao longo da história sob três aspectos: a inteligência como 
organização, a inteligência como processo e a inteligência como produto. 
A inteligência como organização entende a inteligência como o órgão ou 
o setor estruturado que possui a missão de executar todas as tarefas 
necessárias com a finalidade de produzir conhecimentos para subsidiar os 
processos decisórios. 
A inteligência como processo encara a inteligência como uma 
metodologia, ou seja, como o método científico utilizado para a produção de 
conhecimentos que servirão de base para subsidiar os processos decisórios. 
A inteligência como produto considera a inteligência como o resultado final 
do processo de análise, isto é, como o próprio conhecimento produzido. 
A realidade é que: sendo a atividade de inteligência, acima de tudo, um 
método, a noção de inteligência passou a ser aplicada por órgãos públicos e 
 
 
3 
privados no âmbito de suas funções específicas, passando a sua definição a 
depender, portanto, do referencial utilizado. 
Apontaremos também as diferenças conceituais entre a inteligência de 
estado ou clássica, a inteligência de segurança pública e a inteligência 
competitiva ou empresarial. 
TEMA 2 – CATEGORIAS OU ESPÉCIES DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
Neste segundo momento, destacaremos as categorias ou espécies da 
atividade de inteligência, ficando latente que a atividade, como produtora de 
conhecimento, pode ser adaptada e utilizada em qualquer área, tanto pública 
como privada. 
Dependendo do objeto de estudo e da área de atuação, definem-se 
diversas categorias ou espécies de inteligência, como inteligência de estado, 
inteligência militar, inteligência criminal, inteligência de segurança pública, 
inteligência policial, inteligência penitenciária, inteligência prisional, inteligência 
competitiva, entre outras tantas hoje existentes. 
Visando a um esclarecimento mais oportuno, em seguida apontaremos 
tais espécies ou categorias, nos seguintes termos: 
2.1. Inteligência de estado 
O parágrafo 2º, do art 1º da Lei n. 9.883/1999, permite concluir que a 
inteligência de estado consiste na “atividade que objetiva a obtenção, análise e 
disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos 
e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a 
ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do 
Estado”. 
Tendo como foco a defesa do Estado e da sociedade e sendo fruto da 
integração de conhecimentos produzidos por diversos órgãos, cabe à 
inteligência de estado obtenção, reunião, sistematização e análise de 
informações referentes a fatos, ameaças, riscos, conflitos e oportunidades, no 
campo interno e externo, que, de forma direta ou indireta, possam interferir na 
consecução dos objetivos nacionais. 
 
 
4 
2.2. Inteligência militar 
A inteligência militar pode ser definida como a atividade militar 
especializada exercida permanentemente com a finalidade de produzir 
conhecimentos para subsidiar o processo decisório no âmbito das forças 
armadas. A produção de informações nessa área tem por objetivo orientar o 
planejamento voltado para o preparo e emprego das forças armadas nos campos 
interno e externo. 
2.3. Inteligência criminal, inteligência de segurança pública e inteligência 
policial 
Em linhas gerais, a inteligência criminal é a atividade técnico-
especializada, exercida permanentemente, com a finalidade de obter, analisar e 
produzir conhecimentos, em nível político, estratégico, tático e operacional, 
visando à prevenção e à repressão de crimes. 
A inteligência criminal é o gênero do qual são espécies a inteligência de 
segurança pública e a inteligência policial. 
De acordo com o art. 1º, parágrafo 4º, I, da Resolução n. 1, de 15 de julho 
de 2009, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), temos que: 
Inteligência de Segurança Pública: é a atividade permanente e 
sistemática via ações especializadas que visa identificar, 
acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais sobre a segurança 
pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem 
planejamento e execução de políticas de Segurança Pública, bem 
como ações para prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de 
qualquer natureza, de forma integrada e em subsídio à investigação 
e à produção de conhecimentos. 
Já o inciso IV do mesmo diploma legal acima define: 
 
Inteligência Policial: é o conjunto de ações que empregam técnicas 
especiais de investigação, visando a confirmar evidências, indícios e 
a obter conhecimentos sobre a atuação criminosa dissimulada e 
complexa, bem como a identificação de redes e organizações que 
atuem no crime, de forma a proporcionar um perfeito entendimento 
sobre a maneira de agir e operar, ramificações, tendências e alcance 
de condutas criminosas. 
2.4. Inteligência penitenciária e inteligência prisional 
A inteligência penitenciária e a inteligência prisional são atividades 
desenvolvidas no âmbito dos estabelecimentos penitenciários com o objetivo de 
 
 
5 
detectar eventos anormais no interior das unidades prisionais e subsidiar os 
órgãos de segurança pública, com conhecimentos úteis e oportunos voltados 
para o combate preventivo e repressivo da criminalidade. 
Tuma (2013, p. 309) diferencia inteligência penitenciária de inteligência 
prisional a partir do objeto de interesse. Para essa autora, a inteligência 
penitenciária é a atividade voltada para a obtenção e análise de dados e 
informações colhidas no interior das unidades prisionais e destinadas a subsidiar 
a própria gestão dos estabelecimentos penais com a detecção de eventos 
críticos. Trata-se de importante instrumento para a garantia da ordem e da 
segurança do sistema penitenciário. É com ela que se pode, por exemplo, 
identificar, entre os presos, aqueles que possuem situação de liderança sobre 
os demais, colher informações sobre a deflagração de motins e rebeliões, 
monitorar visitas, correspondências, relacionamentos entre os presos, bem 
como prover assessoramento à gestão funcional dos servidores penitenciários, 
entre outras funções. 
Já a inteligência prisional, que também tem como matéria-prima dados e 
informações colhidas no interior dos estabelecimentos penitenciários,destina-se 
à produção de conhecimentos voltados à segurança pública. São informações 
sobre ações criminosas que aconteceram ou que se encontram em fase de 
planejamento ou preparação. [Tuma, 2013, p. 309]. 
2.5. Inteligência competitiva ou empresarial 
A inteligência competitiva ou empresarial deve ser entendida como a 
atividade proativa voltada para a produção de informações com a finalidade de 
subsidiar a tomada de decisão, estratégica ou operacional, dentro das empresas. 
Trata-se de um processo sistemático e estruturado no âmbito empresarial com 
a finalidade de reduzir riscos, proteger ativos, levantar oportunidades e garantir 
vantagem competitiva no mundo dos negócios. 
Para Kahaner (1996), inteligência competitiva é um programa sistemático 
de coleta e análise da informação sobre atividades dos concorrentes e 
tendências gerais dos negócios, visando atingir as metas da empresa. O autor 
afirma que inteligência é uma coleção de informações filtradas, destiladas e 
analisadas. 
 
 
6 
TEMA 3 – PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA E OS 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
Neste momento da aula, abordaremos os princípios gerais da atividade 
de inteligência, que são as vigas mestras que dão sustentação à atividade tanto 
na iniciativa privada como no âmbito estatal, pois, sendo uma atividade típica de 
estada, perfeitamente aplicável à iniciativa privada, a atividade de inteligência 
deve pautar tantos por estes princípios como pelos princípios norteadores do 
Artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, a saber: Legalidade, 
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. 
Em estreita relação com tais princípios constitucionais, a atividade de 
inteligência possui, além destes, outros princípios que apontamos abaixo, 
definidos na Doutrina Nacional de Inteligência Pública (DNISP): 
 Objetividade: É o princípio que norteia a ISP para que cumpra suas 
funções de forma organizada, direta e completa, planejando e executando 
ações de acordo com objetivos previamente definidos. 
 Oportunidade: É o princípio da ISP que orienta a produção de 
conhecimentos, a qual deve realizar-se em prazo que permita seu 
aproveitamento. 
 Simplicidade: É o princípio da ISP que orienta a sua atividade de forma 
clara e concisa, planejando e executando ações com o mínimo de custos 
e riscos. 
 Compartimentação: É o princípio da ISP que objetiva, a fim de evitar 
riscos e comprometimentos, restringir o acesso ao conhecimento sigiloso 
somente para aqueles que tenham a real necessidade de conhecê-lo. 
 Legalidade: O exercício da atividade de inteligência e a utilização dos 
conhecimentos por ela produzidos devem observar sempre os limites 
estabelecidos em lei. 
 Proatividade: A atividade de inteligência deve ser direcionada para a 
criação de alertas antecipados, seja com relação a problemas que 
possam vir a comprometer o funcionamento da empresa ou colocá-la em 
situação de vulnerabilidade, seja com relação a identificação de 
oportunidades que possam lhe conferir vantagens estratégicas no mundo 
competitivo. 
 
 
7 
 Especialidade: A atividade de inteligência demanda o emprego de 
recursos humanos especializados, ou seja, deve ser exercida apenas por 
profissionais que possuam capacitação específica na área de inteligência. 
Trata-se de uma atividade que não admite improvisos. 
 Eficiência: A atividade de inteligência deve ser precedida de 
planejamento rigoroso com vistas a atingir níveis elevados de presteza e 
rendimento na administração de recursos e obtenção de resultados. 
 Segurança: Dada a importância dos assuntos tratados pela inteligência, 
todas as ações planejadas e executadas pela atividade deverão estar 
resguardadas por medidas de proteção e sigilo adequados para cada 
caso específico. 
 Permanência: A atividade de inteligência deve ser estruturada e 
organizada de tal sorte que seja capaz de proporcionar aos tomadores de 
decisão um fluxo constante e sistemático de informações. 
 Controle: A Inteligência deve ser supervisionada sistematicamente com 
intuito de prevenir o seu subemprego bem como evitar desvios de 
finalidade ou interferências externas no exercício da atividade. 
 Amplitude: Os conhecimentos produzidos pela Inteligência deverão 
abranger todos os aspectos e fatores de influência que guardem relação 
com o assunto estudado. 
 Imparcialidade: Na produção do conhecimento, o analista de inteligência 
deve deixar de lado convicções pessoais, ideias preconcebidas ou 
tendenciosas que possam distorcer os resultados do trabalho. O processo 
de análise deve ser objetivo, respeitando-se os critérios técnicos 
preconizados em cada fase pela metodologia de produção do 
conhecimento de inteligência. 
Fazendo uma análise de tais princípios e cotejando com os princípios 
constitucionais aludidos, vemos que alguns se repetem, como o da legalidade e 
da impessoalidade, que recebe o nome de imparcialidade, e os outros também 
estão inseridos, por via direta ou transversa, não fugindo, em momento algum, 
das vigas mestras que alicerçam o agir de toda a administração pública, seja ela 
municipal, estadual, distrital ou federal. 
Para a iniciativa privada, ao contrário do Estado, que só pode agir de 
acordo com o que a lei prescreve, é lícito fazer tudo o que a lei não vede, nos 
precisos ensinamentos de Hely Lopes Meirelles. Entretanto, quando falamos em 
 
 
8 
atividade de inteligência, ao particular é oportuno que se observe o regramento 
legal sobre a atividade, para poder utilizá-la com as adaptações necessárias. 
TEMA 4 – ÉTICA NA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
Fazendo uma ligação com o que foi tratado no Tema 3, vemos que a ética 
na atividade de inteligência é totalmente permeada, como não poderia ser 
diferente, pelo respeito aos princípios da Legalidade, Impessoalidade ou 
Imparcialidade e Moralidade. 
Ainda, o profissional da área de inteligência deverá pautar seu agir com 
irrestrita discrição, isenção de ânimo, sempre colocando o interesse da 
instituição e da sociedade em primeiro plano. Agindo dessa forma, estará 
respeitando os princípios éticos referidos. 
TEMA 5 – RAMOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA, NÍVEIS DE 
ASSESSORAMENTO E FONTES 
Neste tópico final, vamos tratar dos ramos da atividade de inteligência 
(inteligência e contrainteligência), sua umbilical ligação, bem como 
mencionaremos também o ELO – Elemento de Operações, que atua como 
suporte tanto para a primeira como para a segunda, auxiliando na proteção do 
conhecimento produzido, bem como nas ações de busca do dado negado. 
Assim, temos que a inteligência é o ramo que produz o conhecimento, e 
a contrainteligência é o ramo que atua na salvaguarda, na proteção desse 
mesmo conhecimento, bem como do pessoal, de instalações, materiais, redes, 
computadores etc. 
Ligado aos dois ramos, ainda temos o Elemento de Operações (ELO), que 
tem como missão auxiliar no ciclo de produção do conhecimento, agindo, de 
forma especializada, para buscar o dado negado ou coletar o dado necessário à 
produção do conhecimento. Neste ponto, necessária se faz uma rápida distinção 
de coleta e busca. Busca é o atuar do ELO quando o dado é negado, protegido. 
Já a coleta o dado está, via de regra, em fontes abertas de consulta. 
Destacaremos ainda os níveis de assessoramento prestado pelo OI 
(Órgão de Inteligência), seja no campo estratégico, tático e operacional. 
No nível estratégico, deverá produzir conhecimentos para subsidiar a 
elaboração da política empresarial e do planejamento estratégico da empresa. 
 
 
9 
Neste nível, ainda, cabe-lhe o acompanhamento de cenários visando a difusão 
de alertas antecipados relacionados a ameaças ou oportunidades que possam 
repercutir sobre os objetivos estratégicos definidos pela alta gerência. 
No nível tático, cabe-lhe a produção de conhecimentos voltados para 
subsidiar as diversas diretorias da empresa, com vistas ao cumprimento dasdiretrizes estratégicas e implementação dos planos setoriais desdobrados a 
partir do planejamento estratégico. 
No nível operacional, como o próprio nome sugere, cabe à inteligência 
produzir conhecimentos para subsidiar a implementação de ações operacionais, 
isto é, relacionadas com a execução de procedimentos e rotinas referentes às 
atividades fim da empresa. 
Por fim, vamos destacar as fontes que a atividade de inteligência busca 
para reunir dados e produzir o conhecimento quando demandada pelo tomador 
de decisões, a saber: humana, documentos, internet, banco de dados etc. 
NA PRÁTICA 
Após tratarmos dos temas acima, vemos que a atividade de inteligência, 
tanto na iniciativa privada como no campo governamental, onde tem suas 
origens, está calcada em princípios éticos e legais e tem como linha mestra a 
função de assessoria, não se confundindo com a atividade de investigação, 
como deixam transparecer os órgãos de imprensa quando tratam de tal 
atividade, quando não a colocam como atividade caracterizada pelo "secretismo" 
sem freios ou amarras legais, como algumas vezes retratam os filmes que 
exploram tal atividade. 
FINALIZANDO 
Nesta segunda aula, procuramos conceituar a atividade de inteligência 
com base na legislação vigente, que disciplina o tema no Brasil, esclarecendo a 
utilização do termo Inteligência ora como instituição, ora como processo, ora 
como produto. Abordamos ainda as categorias ou espécies de inteligência: 
inteligência de estado, inteligência militar, inteligência criminal, inteligência de 
segurança pública, inteligência policial, inteligência penitenciária, inteligência 
prisional, inteligência competitiva. Destacamos também os princípios gerais que 
lastreiam a atividade de inteligência, além dos princípios constitucionais do 
 
 
10 
Artigo 37, caput, da CF/1988. Por fim, tratamos dos aspectos éticos que devem 
permear a atividade de inteligência, seus ramos, níveis de assessoramento e 
fontes. 
 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
BRASIL. Lei n. 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Diário Oficial da União, Casa 
Civil, Brasília, DF, 7 dez. 1999. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9883.htm>. Acesso em: 11 set. 2017. 
ROCKEMBACH, S. J. Fundamentos doutrinários para a atividade de 
inteligência para a segurança privada, 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA E 
INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA 
PRIVADA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Sivanei de Almeida Gomes 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A rota de aprendizagem da terceira aula da disciplina Inteligência na 
Segurança Privada abordará os seguintes assuntos: 
 Tema 1 – Produção de conhecimento de inteligência; 
 Tema 2 – Linguagem de inteligência; 
 Tema 3 – Dado e conhecimento: produto, verdade e erro; 
 Tema 4 – Estados da mente; 
 Tema 5 – Processos intelectuais e tipos de conhecimentos. 
TEMA 1 – PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE INTELIGÊNCIA 
Até o momento vimos que a atividade de inteligência tem como linha 
mestra a produção de conhecimento para assessorar os tomadores de 
decisões, seja na Administração Pública, seja na atividade empresarial. 
Nesta linha, entendemos que inteligência é toda informação coletada, 
organizada ou analisada para atender às demandas de um tomador de 
decisões qualquer (Cepik, 2003). 
De acordo com a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança 
Pública (DNISP), inteligência em segurança pública é um exercício ou sistema 
de ações especializadas, que exige que os profissionais adotem uma 
linguagem também especializada, que, se não representará uma ruptura com o 
processo de comunicação utilizado pela sociedade, deve garantir relações de 
comunicações nas quais não ocorram distorções ou incompreensão. 
Assim, vemos que o processo de produção de conhecimento, tanto na 
Administração Pública, como na iniciativa privada, deve ser especializado e 
diferenciado, pois, por meio dele, o analista será capaz de transformar simples 
dados em conhecimentos úteis (saberes estratégicos), oportunos e confiáveis. 
A produção de conhecimento de inteligência poderá ocorrer basicamente em 
quatro situações: 
 para cumprir o disposto em um Plano de Inteligência; 
 para atender à solicitação de um outro setor de inteligência congênere; 
 para atender a uma demanda específica solicitada por algum dos 
gestores da empresa; 
 por iniciativa do próprio setor de inteligência. 
 
 
3 
TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS DE INTELIGÊNCIA 
Na produção de textos de inteligência devemos observar e valorizar 
algumas características, que são: 
 Concisão – Produzir textos sintéticos e precisos; 
 Correção – Empregar a norma culta na produção dos textos; 
 Precisão – O conhecimento produzido deve ser verdadeiro; 
 Imparcialidade – Produzir conhecimentos isentos de ideias 
preconcebidas, subjetivas, distorcidas ou tendenciosas; 
 Objetividade – O conhecimento produzido deve estar em sintonia com o 
planejamento previamente elaborado; 
 Simplicidade – O conhecimento deve proporcionar imediata e fácil 
compreensão. Para tal a linguagem deve ser simples, direta, objetiva e 
não prolixa. 
TEMA 3 – CONHECIMENTO E DADO: PROCESSO E PRODUTO; VERDADE E 
ERRO 
3.1 Diferença entre dado e conhecimento 
Neste tópico vamos ressaltar a diferença que existe entre dado e 
conhecimento. 
Dado corresponde a toda e qualquer representação de um fato ou 
situação que ainda não foi trabalhada e submetida à metodologia de produção 
do conhecimento pelo profissional de inteligência. De forma simplista, podemos 
afirmar que o dado é a “pedra bruta” do profissional de inteligência, a qual 
precisa ser trabalhada e lapidada. 
O conhecimento, por sua vez, é o produto final que resulta do trabalho 
de análise e interpretação desenvolvido pelo profissional de inteligência. É o 
dado que foi trabalhado, lapidado e valorado pela ação do analista de 
inteligência, pois não se pode permitir, na Atividade de Inteligência, improvisos 
ou “achismos”, calcados em meras percepções pessoais. Vemos ainda que o 
conhecimento pode ser um processo, ou seja, a formação de uma imagem, de 
um fato ou de uma situação na mente humana. 
 
 
4 
O conhecimento pode também ser um produto, que é a representação 
(oral ou escrita) de fatos ou situações. É a materialização e difusão de uma 
imagem antes restrita à psique humana. 
3.2 A concepção da verdade e seu antagonista para a atividade de 
inteligência 
Para a atividade de inteligência, a verdade significa a plena 
concordância entre o fato (objeto de estudo) e o conteúdo do pensamento do 
sujeito, ou seja, a plena conformidade entre aquilo que se pensa e a realidade 
das coisas. 
Considerando tal conceito, verifica-se que na atividade de inteligência o 
contrário da verdade não é a mentira, mas sim o erro, uma vez que na relação 
entre o pensamento e o fato que está sendo analisado nem sempre ocorrerá 
uma concordância plena, pois a mente poderá encontrar obstáculos que a 
impedem de formar uma imagem perfeita acerca do objeto (fato ou situação), 
isto é, o analista nem sempre consegue estar seguro acerca da própria 
existência do fato ou situação, tampouco de seus desdobramentos. 
Quando se analisa um fato ou uma situação, a mente humana forma 
imagens alternativas do que está sendo estudado. Com os dados que possui, o 
analista pode concordar plenamente, parcialmente ou nem mesmo ter 
condições de se manifestar a respeito daquilo que está sendo estudado. 
Portanto, a relação de concordância entre a mente e o objeto pode 
assumir gradações, a partir das quais a atividade de inteligência define estados 
da mente diante da verdade. 
TEMA 4 – ESTADOS DA MENTE DIANTE DA VERDADE 
Em relação à verdade, a mente humana pode apresentar-se sob quatro 
diferentes estados: certeza,opinião, dúvida e ignorância. 
Conhecer cada um destes estados da mente diante da verdade torna-se 
imprescindível para a atividade de inteligência, na medida em que estes trarão 
consequências diretas sobre o tipo de conhecimento produzido pelo analista. 
a. Certeza – Existe plena concordância entre o conteúdo do pensamento 
do sujeito (analista) e o fato (objeto de estudo). Neste caso, o analista 
não tem o mínimo receio de poder estar enganado quanto à verdade 
 
 
5 
acerca de um fato, situação ou de seus desdobramentos lógicos. O 
analista possui evidências suficientes e seguras para afirmar que algo é 
verdade. 
b. Opinião – Existe concordância parcial entre o conteúdo do pensamento 
do sujeito (analista) e o fato (objeto de estudo). Nestes casos, o analista 
tem receio de poder estar errado sobre algum aspecto. A concordância 
parcial entre o pensamento e o fato significa, na prática, que o analista 
acaba aceitando o fato como provavelmente verdadeiro, mas pela 
insuficiência de evidências fica receoso em atestar a sua verdade plena. 
São situações em que o profissional de inteligência deverá se expressar 
por meio de termos que indicam probabilidade, como “muito provável”, 
“pouco provável” etc. 
c. Dúvida – Nos casos de dúvida pode-se dizer que a mente do analista se 
encontra em situação de equilíbrio, pois possui, ao mesmo tempo, 
evidências suficientes para aceitar o objeto (fato ou situação) como 
verdadeiro, e evidências, também suficientes, para aceitá-lo como uma 
inverdade. Nestas situações, aconselha-se que o analista interrompa 
temporariamente o trabalho intelectual e reinicie a busca por outras 
evidências que possam lhe permitir concluir sobre a adequação ou não 
do objeto com a realidade. 
d. Ignorância – Trata-se do estado em que a mente sequer consegue 
formar qualquer imagem acerca de uma realidade específica. 
Caracteriza-se pelo típico “não sei”. É impossível produzir conhecimento 
sob o estado da ignorância. 
TEMA 5 – PROCESSOS INTELECTUAIS E TIPOS DE CONHECIMENTO 
O estudo de fatos ou situações ocorre por meio de diferentes processos 
intelectuais, que se caracterizam por diferentes graus de complexidade. O ser 
humano é capaz de conceber ideias, formular juízos e elaborar raciocínios. 
Ideia é a simples concepção da imagem de um objeto na mente, sem 
qualquer adjetivação que possa individualizá-lo, cabendo a ressalva, desde já, 
de que não é possível a produção de conhecimentos a partir da mera 
concepção de ideias. 
 
 
6 
Juízo é o processo intelectual pelo qual a mente relaciona ideias. O juízo 
é capaz de caracterizar ou individualizar um objeto (fato ou situação), sem, 
contudo, alcançar os desdobramentos lógicos que dele decorrem. 
Raciocínio é a operação intelectual por meio da qual a mente, com base 
em dois ou mais juízos conhecidos alcança outros que deles decorrem 
logicamente. Raciocinar significa buscar a verdade pela ligação e o estudo do 
inter-relacionamento entre pessoas, coisas e fatos. 
5.1 Tipos de conhecimento de inteligência 
A doutrina se baseia em três fatores para diferenciar os tipos de 
conhecimento produzidos pela atividade de inteligência. Eles são os seguintes: 
 os estados sob os quais a mente humana pode se colocar diante da 
verdade (certeza, opinião, dúvida e ignorância); 
 os processos intelectuais necessários à produção do conhecimento 
(juízo e raciocínio); 
 a temporalidade considerada no estudo do objeto (passado, presente e 
futuro). 
 A partir da combinação destes três fatores, os tipos de conhecimento 
são: informe, informação, apreciação e estimativa. 
5.1.1 Conhecimento informe 
É o conhecimento pelo qual o analista expressa o seu estado de certeza 
ou opinião em relação à verdade, acerca de fato ou situação passada e/ou 
presente, e resulta da simples formulação de juízos. Trata-se de conhecimento 
meramente descritivo, pelo qual o analista deverá relatar, de forma simples e 
objetiva “o quê”, “quem”, “onde”, “quando” e “como”. 
5.1.2 Conhecimento informação 
É o conhecimento com o qual o analista, elaborando raciocínios, 
expressa o seu estado de certeza em relação à verdade e a fatos ou situações 
do passado ou do presente. Pelo conhecimento informação o analista vai além 
da simples narrativa. Interpreta fatos e situações, estabelecendo relações entre 
eles. 
 
 
7 
5.1.3 Conhecimento apreciação 
É o conhecimento com o qual o analista, elaborando raciocínios, 
expressa o seu estado de opinião em relação à verdade acerca de fatos e 
situações. No que se refere ao futuro, é importante destacar que as projeções 
se restringem aos desdobramentos lógicos dos fatos/situações estudadas, e 
resultam exclusivamente da percepção do próprio analista. As projeções, no 
conhecimento apreciação, devem se restringir ao período máximo de um ano. 
5.1.4 Conhecimento estimativa 
É o conhecimento pelo qual uma equipe de analistas, elaborando 
raciocínios, expressa o seu estado de opinião em relação à verdade, acerca da 
evolução futura de um fato ou situação. O objetivo da estimativa é estudar o 
futuro. Este tipo de conhecimento deve ser elaborado por uma equipe de 
analistas. O trabalho se desenvolve com a utilização de métodos e técnicas 
voltados para a elaboração de cenários prospectivos. 
Do exposto acima, verifica-se, portanto, que os conhecimentos de 
inteligência poderão ser: 
a. meramente descritivos (informe); 
b. interpretativos (informação e apreciação); 
c. interpretativos-prospectivos (estimativa). 
NA PRÁTICA 
Para tornar o tema inteligência menos abstrato, apresentaremos um 
quadro em que destacamos qual o estado da mente do analista para cada tipo 
de conhecimento, se ele tem apenas uma ideia do assunto ou objeto em 
estudo, se formulou um juízo ou elaborou ou raciocínio e se isto se refere ao 
passado, presente ou futuro próximo. Em seguida, exibiremos um modelo de 
informe. 
FINALIZANDO 
Nesta terceira aula buscamos dotar os nossos alunos de conhecimentos 
básicos sobre o Ciclo de Produção de Conhecimento trazendo à baila os 
conceitos básicos sobre dado e conhecimento, as características dos textos da 
 
 
8 
inteligência: concisão, correção, precisão, imparcialidade, objetividade e 
simplicidade. Abordamos também a diferença entre verdade e erro para a 
atividade de inteligência, os estados da mente e os processos intelectuais 
frente ao objeto: ideia, juízo ou raciocínio. Por fim, abordamos quais os tipos de 
conhecimento existentes: informe, informação, apreciação e estimativa. 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 3.695, de 21 de dezembro de 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3695.htm>. Acesso em: 21 set. 
2017. 
_____. Lei n. 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9883.htm>. Acesso em: 21 set. 2017. 
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Curso de Introdução à 
Atividade de Inteligência. 2015 
_____. Portaria n. 2, de 12 de janeiro de 2016. Disponível em: 
<http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1452696610.pdf>. Acesso em: 21 set. 
2017. 
ROCKEMBACH, S. J. Fundamentos doutrinários da inteligência na 
segurança privada. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA E 
INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA 
PRIVADA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Sivanei de Almeida Gomes 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 A rota de aprendizagem da quarta aula da disciplina de Gestão 
Estratégica e Inteligência na Segurança Privada abordará os seguintes 
assuntos: 
 Tema 1 – Metodologia da produção do conhecimento; 
 Tema 2 – Planejamento; 
 Tema 3 – Reunião de dados; 
 Tema 4 – Processamento; 
 Tema 5 – Formalização e difusão. 
TEMA 1 – METODOLOGIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO 
Para uma elaboração especializada de conhecimento, tanto no âmbito 
da inteligência estatal quanto na iniciativa privada, a doutrina recorre a 
pressupostos científicospreviamente definidos, denominados Ciclo de Produção 
de Conhecimento (CPC). 
O CPC adota preceitos específicos para conhecimentos diferentes, por 
exemplo, a metodologia que permite a produção do conhecimento informe difere 
do conhecimento estimativa. 
A metodologia de produção de conhecimento abarca as seguintes fases: 
 Planejamento; 
 Reunião de dados e/ou conhecimentos; 
 Processamento; 
 Formalização e difusão; 
 Arquivamento. 
É importante ressaltar que, embora as fases sigam uma sequência, elas 
não são estanques, isto é, elas se inter-relacionam e podem se desenvolver 
simultaneamente. 
Ressalta-se também que a metodologia ora apresentada admite 
pequenas variações e adequações, sendo salutar, aliás, que isso ocorra em 
virtude das variantes e características próprias de algumas atividades. 
 
 
 
3 
TEMA 2 – PLANEJAMENTO 
O planejamento tem por objetivo direcionar, organizar e racionalizar o 
trabalho do analista. 
Trata-se de uma fase indispensável, que trará reflexos diretos na 
qualidade do conhecimento produzido. 
No planejamento, o analista, após fazer uma breve análise acerca das 
necessidades do tomador de decisão e do contexto dentro do qual essas 
necessidades estão inseridas, deverá, de forma clara e objetiva, sistematizar o 
seu trabalho da seguinte forma: 
 definir e delimitar o assunto que será estudado; 
 delimitar a faixa de tempo; 
 definir o usuário do conhecimento; 
 determinar a finalidade do conhecimento; 
 determinar o prazo disponível para a elaboração do trabalho; 
 definir os aspectos essenciais acerca do assunto que será estudado; 
 definir medidas extraordinárias; 
 definir medidas de segurança. 
 Para que não haja um descompasso entre o que a inteligência produzirá 
e aquilo de que o tomador de decisão precisa, é muito importante que a 
inteligência (chefe do setor ou próprio analista), ainda na fase do planejamento, 
converse com o tomador de decisão a fim de entender realmente quais são as 
suas preocupações e as suas reais necessidades. 
2.1 Definição do assunto 
Consiste em determinar, por meio de uma expressão escrita, o fato ou 
situação que será estudado (exemplo: “reflexos da reforma trabalhista nos 
índices de produção mensal da empresa”). 
O analista, além de definir o assunto, deverá delimitar de forma clara e 
precisa sob quais aspectos e com que profundidade o fato ou situação deverá 
ser abordado, a fim de atender às necessidades de conhecimento do tomador 
de decisão. Para tal fim, aconselha-se que o analista desdobre o assunto em 
perguntas para as quais o tomador de decisão necessita de respostas. Isso 
 
 
4 
permitirá ao analista verificar, desde o início, se o seu trabalho estará completo 
e se realmente atenderá a todas as expectativas do usuário final. 
2.2 Delimitação da faixa de tempo 
O analista deverá delimitar os limites temporais dentro dos quais a 
situação ou o fato será estudado. As perguntas formuladas na fase anterior, 
com base nas necessidades de conhecimento do usuário final, indicarão qual 
deverá ser a faixa de tempo considerada. 
2.3 Definição do usuário do conhecimento 
 Antes mesmo de iniciar seu trabalho, o analista deve visualizar, ao 
menos potencialmente, quem deverão ser as pessoas que virão a usar o 
conhecimento a ser produzido, bem como o nível decisório em que atuam. Este 
entendimento prévio permite, desde o início, que o analista ajuste a forma, a 
amplitude e a profundidade do produto final do seu trabalho ao perfil do 
tomador de decisão. 
2.4 Determinação da finalidade do conhecimento 
Compreender para que o conhecimento será utilizado, ou seja, qual a 
sua finalidade específica, permite ao analista entregar produtos compatíveis 
com o nível decisório que pretende atender, adequando, aqui também, forma, 
amplitude e profundidade ao perfil e às necessidades específicas do tomador 
de decisão. 
2.5 Determinação do prazo disponível para a elaboração do trabalho 
O tempo de elaboração do conhecimento deverá atender ao princípio da 
oportunidade, ou seja, o produto final deverá ser entregue ao tomador de 
decisão em prazo apropriado que lhe permita utilização. 
Dependendo da complexidade do assunto, nada impede que a 
inteligência converse com o usuário final a fim de verificar a possibilidade de 
dilação do prazo ou a readequação da amplitude e profundidade das suas 
necessidades de conhecimento, com vistas a compatibilizar o princípio da 
oportunidade com o princípio da eficiência. 
 
 
 
5 
2.6 Definição dos aspectos essenciais 
 Em termos práticos, o analista deverá listar os aspectos ou aquilo que 
precisa conhecer e abordar para que possa responder às perguntas do 
tomador de decisão. Tal lista deve ser flexível, podendo sofrer ampliações ou 
restrições ao longo do estudo. 
 Após listar os aspectos essenciais em relação ao assunto, o analista 
deverá verificar e separar os aspectos essenciais conhecidos dos aspectos 
essenciais a conhecer. 
 Os aspectos essenciais conhecidos são aqueles para os quais já se 
tenha respostas antes do desencadeamento de qualquer medida voltada à 
reunião de dados. Nota-se que, neste ponto, o analista deve ter atenção e 
separar, entre os aspectos essenciais conhecidos, as respostas completas das 
incompletas e as que expressam certeza daquelas que expressam opinião ou 
dúvida. 
 Os aspectos essenciais a conhecer, por sua vez, são aqueles para os 
quais o analista não tenha qualquer resposta, bem como aqueles que ainda 
precisam de confirmação ou complementação. 
 A verificação e a separação dos aspectos essenciais em aspectos 
essenciais conhecidos e aspectos essenciais a conhecer torna-se 
imprescindível para orientar a fase de reunião, garantindo-lhe precisão, 
simplicidade, agilidade e objetividade. 
2.7 Definição de medidas extraordinárias 
 Consiste em identificar medidas indispensáveis à produção do 
conhecimento que extrapolem a capacidade e/ou os recursos normais do setor 
de inteligência da empresa. 
 Dependendo da complexidade do assunto a ser estudado e das 
necessidades de conhecimento do tomador de decisão, a elaboração do 
trabalho poderá demandar medidas, adoção de técnicas ou procedimentos 
especiais, como pesquisa de opinião, contratação de especialistas etc. 
 
 
 
6 
2.8 Definição das medidas de segurança 
 Já no planejamento, o analista deverá identificar e prever quais as 
medidas de segurança necessárias para proteger as ações que compreendem 
todo o processo de produção do conhecimento, levando-se em consideração a 
sensibilidade do assunto tratado e os possíveis impactos de um eventual 
vazamento sobre os ativos estratégicos da empresa no ambiente interno e 
externo. 
TEMA 3 – REUNIÃO DE DADOS 
 Nesta fase o analista realizará um trabalho direcionado a coletar e/ou 
buscar os dados para lastrear a produção do conhecimento demandado e 
atender o tomador de decisão. Aqui se consultarão as bases de dados 
disponíveis, fonte humanas, arquivos, internet, e, se necessário, demandará 
também os órgãos congêneres. Caso o analista precise de algum dado 
protegido (negado) poderá demandar ainda o Elemento de Operações (ELO) 
para auxiliar na busca de tal dado negado. 
 Nota-se que a reunião (e a seleção das fontes de inteligência) deverá 
tomar por base a relação de aspectos essenciais levantados no planejamento. 
 É importantíssimo ressaltar, ainda, que a qualidade do conhecimento 
produzido pelo analista de inteligência é diretamente proporcional à qualidade e 
a precisão dos dados obtidos na fase de reunião, motivo pelo qual uma 
empresa não pode prescindir de recursos e tecnologias voltados para as 
atividades especializadas de coleta e busca de dados. 
TEMA 4 – PROCESSAMENTO 
 A fase do processamento compreende exatamente a fase intelectual do 
processo de elaboração do conhecimento de inteligência. Nela, o analista 
deverá passar por quatro etapas, sendo elas: Avaliação; 
 Análise; 
 Integração; 
 Interpretação. 
 
 
 
7 
4.1 Etapa da avaliação 
Nesta etapa, cabe ao analista, considerando os objetivos específicos 
do estudo, determinar o valor dos dados e conhecimentos obtidos na fase da 
reunião, isto é, deverá avaliar a pertinência e a credibilidade de cada dado ou 
conhecimento que pretende utilizar no seu trabalho. 
Para se aferir a pertinência, o analista deve verificar se o dado ou 
conhecimento realmente possui alguma relação com os aspectos do assunto 
estudado, valendo lembrar que um dado ou conhecimento pode interessar no 
todo ou somente em parte. Interessando em parte, deve-se, então, separar as 
frações significativas, pois apenas estas deverão ser consideradas na 
continuidade do trabalho. 
 Para aferição da credibilidade do dado ou conhecimento, o analista 
deverá utilizar-se de uma técnica específica de avaliação de dados, que lhe 
permitirá avaliar a idoneidade da fonte e a veracidade do conteúdo. 
4.1.1 Técnica de avaliação de dados: avaliação da fonte 
A avaliação da fonte tem por objetivo estabelecer o grau de idoneidade 
da fonte, a partir da análise de três critérios: 
 Autenticidade; 
 Confiança; 
 Competência. 
 A autenticidade consiste em verificar se o dado realmente provém da 
fonte que se apresenta ou daquela que se presume. Analisando indícios e 
peculiaridades do caso, deve-se diferenciar a fonte do mero canal de 
transmissão (intermediário). Quando a recepção do dado se der por meio de 
um intermediário, qualquer que seja ele, o analista deverá julgar não só a 
credibilidade da fonte primária (origem), mas também a credibilidade do canal 
de transmissão, a fim de conferir maior credibilidade à sua avaliação. 
 A confiança será determinada avaliando-se o grau de envolvimento da 
fonte com o assunto tratado, qual o interesse da fonte em fornecer o dado, 
seus antecedentes criminais, sua lealdade, sua honestidade, suas inclinações 
políticas, qual o resultado de contribuições anteriores, seu padrão de vida e seu 
comportamento social. 
 
 
8 
A competência consiste em verificar se as condições, capacidades e 
habilidades pessoais da fonte e a sua localização realmente lhe permitem, por 
si só, perceber, memorizar, apreender e transmitir os dados da forma em que 
se apresentam. 
O grau de idoneidade de cada uma das fontes será expresso por letras 
do alfabeto, segundo os seguintes critérios: 
 “A” = fonte idônea – aquela que sempre atendeu positivamente a todos 
os critérios considerados; 
 “B” = fonte normalmente idônea – aquela que apenas poucas vezes 
deixou de atender os critérios considerados; 
 “C” = fonte normalmente inidônea – aquela que na maioria das 
oportunidades não atendeu os critérios considerados; 
 “D” = fonte inidônea – a que não atende nenhum dos três critérios 
considerados; 
 “E” = fonte não pode ser avaliada – fonte desconhecida ou sobre a qual 
ainda não se possui informações suficientes para avaliação. 
4.1.2 Técnica de avaliação de dados: avaliação do conteúdo 
A avaliação do conteúdo tem por objetivo estabelecer o grau de 
veracidade do conteúdo do dado ou conhecimento. 
Para tanto, três aspectos deverão ser analisados, sendo eles: 
 Coerência; 
 Compatibilidade; 
 Semelhança. 
O dado é coerente quando apresenta harmonia interna, isto é, mostra-
se bem encadeado, cronologicamente ordenado e sem contradições entre as 
partes que o compõem. Para se verificar a coerência analisa-se o dado isolado, 
ou seja, confrontam-se, apenas, as partes que formam o próprio dado que está 
sendo avaliado. O analista olha apenas para “dentro” do dado. 
Na avaliação da compatibilidade o analista deverá olhar para fora, a fim 
de verificar se o dado é compatível com aquilo que já se sabe sobre o assunto 
estudado. O foco aqui é verificar se o dado se harmoniza com outros fatos ou 
situações já conhecidos a respeito do objeto de estudo. 
 
 
9 
Haverá semelhança quando o dado for confirmado por outras fontes, ou 
seja, existem dados de outras fontes com o mesmo conteúdo do dado que está 
sendo avaliado. 
 O grau de veracidade do conteúdo será expresso por números, 
conforme o critério a seguir: 
 “1” = verdadeiro – o dado é coerente, compatível e confirmado por 
outras fontes. 
 “2” = provavelmente verdadeiro – embora coerente e compatível, o dado 
não foi confirmado por outras fontes. 
 “3” = duvidoso – o dado é coerente, apenas parcialmente compatível 
com o que já se conhece sobre o assunto e não foi confirmado por 
outras fontes. 
 “4” = improvável – embora coerente, o dado não é compatível e não foi 
confirmado por outras fontes. 
 “5” = a veracidade não pode ser avaliada – o dado não é coerente, não é 
compatível e não foi confirmado por outras fontes. 
4.2 Etapa da análise 
 Nesta etapa o analista de inteligência deverá classificar os dados já 
avaliados segundo seu grau de importância em relação ao assunto estudado, 
bem como separá-los em três blocos: os que expressam certeza, os que 
expressam opinião e os que expressam dúvida. Deverá verificar, ainda, se a 
quantidade e a qualidade dos dados que possui são realmente suficientes para 
atender a todos os aspectos listados como essenciais, na extensão e 
profundidade necessária para atender às expectativas do tomador de decisão. 
4.3 Etapa da integração 
 Na fase da integração, o analista, tomando por base os aspectos 
essenciais listados no planejamento, organiza e dá encadeamento lógico 
àquela massa de dados que se encontram ainda dispersos, de tal sorte que as 
frações isoladas passem a compor um conjunto coerente e ordenado que, de 
forma harmônica, seja capaz de responder a todas as perguntas do tomador de 
decisão. 
 
 
10 
4.4 Etapa da interpretação 
Na interpretação, o analista deverá identificar e avaliar as ligações 
existentes entre os dados, as relações de causa e feito, os graus de 
motricidade e dependência de um dado em relação aos outros, bem como 
encontrar padrões e apontar tendências, a fim de esclarecer as particularidades 
e preencher as lacunas relacionadas aos aspectos essenciais do assunto 
estudado, conforme o tipo e as características do conhecimento que será 
produzido. 
Na fase da interpretação, deve-se procurar entender, a partir de um 
ponto no passado, como determinado fato chegou à situação em que se 
encontra hoje e quais foram os fatores de influência que modelaram a realidade 
atual ou interferiram nesse processo evolutivo. 
Com relação ao estudo dos fatores de influência, o analista deve 
adequar a sua interpretação a respeito do assunto levando em consideração 
que poderão existir quatro tipos diferentes de fatores de influência, quais 
sejam: 
 Fatores de influência que contribuíram para modelar a trajetória da 
situação, mas que não mais possuem potencialidade para continuar a 
influenciá-la no futuro; 
 Fatores de influência que contribuíram para modelar a trajetória da 
situação, e que continuam a possuir potencialidade para continuar 
influenciando a situação no futuro; 
 Fatores de influência que, embora não tenham ainda se apresentado, 
deverão influenciar a situação no futuro (fatores de influência inferidos); 
 Fatores de influência que foram impostos pelo tomador de decisão e que 
ele quer que sejam considerados durante o processo interpretativo. 
 Com intuito de embasar e reforçar suas conclusões, os analistas não só 
podem como devem se utilizar, no momento da interpretação, de técnicas 
estruturadas de análise, como brainstorming, construção de matrizes de 
impactos cruzados, entre outras. 
 
 
 
 
11 
 
4.5 Fase de avaliação da satisfatividade 
Nesta etapa deve-se avaliar (antecipadamente) o grau de satisfatividade 
do usuário final, ou seja, deve-se buscar um feedback do tomador de decisão 
para saber o quanto o conhecimento final realmente lhe foi útil. 
Na prática, deve-se elaborar um relatório preliminar (rascunho)que será 
apresentado e discutido com o usuário final em uma reunião presencial, a fim 
de que ele avalie se o documento que a inteligência está pretendendo lhe 
entregar atende a todas as suas necessidades de conhecimento. 
Esta é oportunidade que a inteligência tem de corrigir um eventual 
descompasso entre o trabalho realizado e as expectativas do tomador de 
decisão, ou seja, é o momento do ajuste fino, onde se deve verificar com o 
usuário final se todos os aspectos do assunto de interesse foram abordados da 
forma e com a profundidade que ele esperava. 
Acertados os detalhes entre a inteligência e o usuário final, aí sim parte-
se para a elaboração do documento final e definitivo que será formalmente 
difundido. 
TEMA 5 – FORMALIZAÇÃO E DIFUSÃO 
Nesta fase se define a forma como o conhecimento será apresentado e 
veiculado, bem como qual será o grau de sigilo a ele atribuído. 
Normalmente, os conhecimentos de inteligência são veiculados através 
de relatórios de inteligência, mas nada impede que sejam difundidos por meio 
de uma apresentação oral. 
Cada tomador de decisão possui suas características e preferências 
pessoais. Uns preferem visualizar os assuntos por meio de um texto escrito, 
outros preferem visualizá-los em gráficos e tabelas e outros em mapas. Uns 
têm tempo para ler, outros nem tanto, e por aí vai. 
NA PRÁTICA 
 Aqui trataremos da produção do conhecimento informe, tomando por 
base uma nova modalidade de transporte de drogas utilizada por traficantes 
para tentar ludibriar a ação da polícia. 
 
 
12 
FINALIZANDO 
 Nesta quarta aula fizemos uma rápida explanação sobre a metodologia 
de produção de conhecimento, destacando as suas fases e deixando latente 
que não estamos diante de um processo estanque, pois, apesar da divisão em 
fases, elas podem acontecer de forma simultânea. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Curso de Introdução à 
Atividade de Inteligência. 2015 
ROCKEMBACH, S. J. Fundamentos doutrinários da inteligência na 
segurança privada. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA E 
INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA 
PRIVADA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Sivanei Gomes 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A rota de aprendizagem da quarta aula da disciplina Inteligência na 
Segurança Privada terá como assuntos principais de estudo a proteção do 
conhecimento (definição de contrainteligência, conceitos básicos e classificação 
de documentos sigilosos); a segurança orgânica (segurança de pessoal e 
instalações), seu material, operações, comunicações, telemática e informática; 
a segurança ativa (SEGAT); e a segurança de assuntos internos (SAI). 
TEMA 1 – PROTEÇÃO DO CONHECIMENTO 
Quando falamos em proteção na Atividade de Inteligência, estamos 
tratando do ramo da atividade de Inteligência voltado para tal fim. 
Tal tema vem definido no art. 3º do Decreto n. 4.376, de 13 de setembro 
de 2002, nos seguintes termos: 
Contra Inteligência é a atividade que objetiva prevenir, detectar, 
obstruir e neutralizar a inteligência adversa e ações de qualquer 
natureza que constituam ameaça à salvaguarda de dados, 
informações, e conhecimentos de interesse da sociedade e do Estado, 
bem como das áreas e dos meios que os retenham ou em que 
transitem. 
Na mesma linha, a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança 
Pública (DNISP), em sua quarta edição, atualizada em 2014, também define 
contrainteligência de segurança pública, nos seguintes termos: 
É o ramo da Atividade de Inteligência de Segurança Pública que se 
destina a proteger a atividade de inteligência e a instituição a que 
pertence, mediante a produção de conhecimento e implementação de 
ações voltadas à salvaguarda de dos e conhecimentos sigilosos, além 
da identificação e neutralização das ações adversas de qualquer 
natureza. 
Urge frisar ainda que ao tratarmos do tema contrainteligência, alguns 
conceitos básicos devem ser apontados para melhor compreensão do assunto: 
 Responsabilidade: Obrigação legal, individual e coletiva, em relação à 
preservação da segurança. Por esse motivo, a informação deve ser 
preservada por quem a detém, evitando sua divulgação e manipulação 
por pessoas não autorizadas ao serviço. 
 Acesso: É a possibilidade e/ou oportunidade de uma pessoa obter dados 
ou conhecimentos sigilosos. Esse acesso pode ser dado por meio de 
autorização oficial emanada de autoridade competente da AI, por meio de 
 
 
3 
credenciamento, ou por meio de superação das medidas de segurança 
empregadas na salvaguarda dos assuntos sigilosos. 
 Comprometimento: Perda da segurança resultante do acesso não 
autorizado a dados, conhecimentos ou documentos sigilosos provocados 
por fatores humanos, naturais e acidentais que ocasionam falhas nas 
medidas de segurança empregadas para a salvaguarda dos documentos 
sigilosos. 
 Vazamento: É a divulgação não autorizada de dados ou conhecimentos 
sigilosos. 
 Credenciamento: É a autorização concedida pela autoridade competente 
da AI, que credencia determinada pessoa ao acesso a dados e/ou 
conhecimentos sigilosos e a áreas ou instalações, nas quais os 
documentos de inteligência são salvaguardados ou produzidos. 
 Classificação: Atribuição, por parte da autoridade competente, de grau 
de sigilo do dado, informação, documento material, área ou instalação. A 
autoridade competente e o grau de sigilo são regulamentados pela Lei 
n. 12.527/2011. 
Podemos destacar que, para a contrainteligência, ameaça deve ser 
entendida como atores (pessoas) que, agindo por alguma motivação, possam 
executar ações que se contrapõem aos interesses da empresa e fatos (eventos) 
capazes de causar incidentes, que por meio da exploração de vulnerabilidades 
podem gerar impactos ou consequências negativas sobre os ativos críticos da 
empresa. 
Apenas a título de exemplo, seguem alguns problemas que podem surgir 
no exercício da atividade de segurança privada, a respeito dos quais cabe à 
Contrainteligência atuar: 
 Vazamento de conhecimentos estratégicos; 
 Espionagem industrial; 
 Furto e/ou roubos de materiais críticos; 
 Ataque a funcionários que desempenham atividades de risco, como, por 
exemplo, transporte de valores e escoltas; 
 Sequestro e extorsão de funcionários; 
 Acidentes em instrução e no serviço; 
 Infiltração de membros do crime organizado nos quadros da empresa; 
 
 
4 
 Cooptação de funcionários pelo crime organizado; 
 Relacionamento de funcionários com membros do crime organizado; 
 Falhas no serviço das quais possam decorrer processos judiciais. 
TEMA 2 – SEGURANÇA ORGÂNICA (SEGOR) 
A atividade de Contrainteligência, como ramo da Atividade de Inteligência, 
divide-se em três vertentes, a saber: Segurança Orgânica, Segurança Ativa e 
Segurança de Assuntos Internos. 
Neste tópico trataremos da Segurança Orgânica, que é o conjunto de 
medidas preventivas integradas, destinadas a proteger o pessoal, a 
documentação, as instalações, o material, as comunicações, a telemática, a 
informática e as operações, visando garantir o funcionamento da instituição e 
prevenir e obstruir as ações adversas de qualquer natureza. 
Destacando inicialmente a segurança do pessoal, trata-se do conjunto de 
medidas e procedimentos objetivamente voltados para os recursos humanos, as 
pessoas da organização, no sentido de assegurar comportamentos adequados 
à salvaguarda do conhecimento e/ou dado sigiloso. 
A segurança de pessoal abrangerá, ainda, medidas de controle e proteção 
física dos agentes detentores de conhecimentos e dados sigilosos empregados 
em missões, operações ou ações de inteligência, que, em função da natureza 
de suas funções, requeiram tais medidas. 
São três as medidas adotadas com a finalidade de prevenir e obstruir as 
ações de Recrutamento, Infiltração e Entrevista, a saber: 
1. Segurança no processo seletivo: tais medidas visam dificultar as ações 
adversasde infiltração em órgãos que tratam de assuntos sigilosos e a 
admissão de indivíduos com características e antecedentes pessoais que 
possam levá-los a causar comprometimento das atividades do AI. 
2. Segurança no desempenho das funções: são medidas contínuas 
desde a admissão até o desligamento do agente. As medidas de 
segurança nesse processo visam efetivar o processo de credenciamento, 
proceder à educação de segurança e confirmar características pessoais 
exigidas, a saber: 
 Credenciamento para a função: atendidas as exigências para o 
desempenho das funções no OI, o agente ou analista receberá a 
 
 
5 
credencial de segurança, estabelecendo o grau de sigilo a que 
poderá ter acesso o credenciado. 
 Educação de Segurança: processo de educação aos novos 
servidores do OI, por meio do qual se busca transmitir todos os 
procedimentos de segurança que deverão ser tomados na AI. São 
quatro os processos básicos do processo de educação de 
segurança: 
1. Orientação Inicial: apresentação das Medidas de 
Segurança e as penalidades para o seu descumprimento. 
Busca-se criar uma mentalidade de segurança. 
2. Orientação Específica: apresentação das medidas 
específicas de segurança às quais foi credenciado o 
servidor. 
3. Orientação Periódica: medida que visa reavivar nos 
servidores a consciência quanto à importância de medidas 
de segurança. 
4. Sinalização de Advertência: emprego de cartazes, 
adesivos e outros meios visuais para motivar a consciência 
quanto à importância de medidas de segurança. 
3. Segurança no desligamento: Inicialmente, visa tomar medidas para 
levantar indícios de vulnerabilidades de segurança e, posteriormente, 
verificar se o ex-servidor mantém um comportamento adequado e guarda 
o sigilo quanto aos conhecimentos e/ou dados sobre os quais detém 
conhecimento. Nessa fase, duas providências são importantes: 
 Entrevista: percepção e esclarecimento de todas as dúvidas do 
servidor em relação às medidas de segurança no desligamento e 
motivá-lo a manter o sigilo daquilo sobre que tomou conhecimento 
no OI. 
 Controle após o desligamento: acompanhamento após o 
desligamento, de acordo com as credenciais de segurança do 
comportamento do ex-servidor. 
TEMA 3 – SEGURANÇA ORGÂNICA – 2ª PARTE 
3.1 Segurança da informação na documentação 
 
 
6 
A segurança da informação na documentação direciona-se à proteção dos 
documentos sigilosos da empresa e tem como meta evitar vazamentos. 
Seguem abaixo exemplos de medidas que se prestam à segurança da 
informação na documentação: 
 A edição e o cumprimento de instruções normativas que regulamentam o 
processo de produção, a classificação, a difusão e a custódia de 
conhecimentos sensíveis. 
 A separação, o tratamento e a destruição do lixo classificado. 
 A normatização e o controle de cópias de documentos classificados. 
 O planejamento da gestão documental. 
3.2 Segurança nos meios de comunicação e Tecnologia da Informação 
A segurança da informação nos meios de comunicação e TI objetiva 
impedir a interceptação do fluxo de dados durante sua transmissão, bem como 
preservar a integridade e o funcionamento dos sistemas de TI, e a integridade 
dos conhecimentos armazenados contra tentativas de acesso não autorizado, 
mediante a execução de algumas medidas defensivas, como por exemplo: 
 Definição de perfis e controles de acesso; 
 Monitoramento do tráfego de dados em sistemas de TI da empresa; 
 Rotinas de backup; 
 Utilização obrigatória de senhas e proteção de telas; 
 Realização de testes de intrusão para verificar eventuais vulnerabilidades 
na rede e/ou sistemas; 
 Utilização de criptografia; 
 Compartimentação de diretórios e pastas de trabalho; 
 Lacre de gabinetes; 
 Evitar utilização de redes sem fio; 
 Monitoramento (CFTV) dos locais onde estão hospedados os servidores 
da empresa; 
 Recusar a utilização de computadores com gravadores de mídia, slots 
USB ou similares; 
 Regramento e disciplina na utilização de telefone, fax e computador. 
TEMA 4 – SEGURANÇA ATIVA (SEGAT) 
 
 
7 
A Segurança Ativa constitui-se como o conjunto de medidas proativas 
(ofensivas) executadas pela Contrainteligência com a finalidade de detectar, 
avaliar e neutralizar ações adversas que se contraponham aos interesses da 
empresa. 
Ressalta-se novamente que o trabalho da Contrainteligência deve ir muito 
além da simples efetivação de medidas meramente defensivas (preventivas), 
competindo-lhe, também, o planejamento e a execução de ações especializadas 
de contraespionagem empresarial, contrapropaganda e contrassabotagem 
empresarial, que nada mais são do que operações de inteligência planejadas e 
executadas para proteger ativos estratégicos tangíveis e intangíveis da empresa. 
A contraespionagem empresarial deve ser pensada e implementada com 
objetivo detectar, avaliar e neutralizar ações adversas que pretendam ter acesso 
a pessoas, dados e conhecimentos sigilosos relacionados às atividades de 
segurança privada da empresa, em seus diferentes níveis. 
A contrapropaganda tem como finalidade detectar, avaliar e neutralizar a 
propaganda adversa, ou seja, aquela veiculada de forma maliciosa com a 
finalidade de influenciar ou provocar opiniões, emoções e comportamentos 
negativos do público ou funcionários em relação à empresa. 
A contrassabotagem empresarial, por sua vez, deve direcionar esforços 
para detectar, avaliar e neutralizar ações adversas de sabotagem, isto é, ações 
executadas sobre pessoas, documentos, materiais, equipamentos e instalações 
com a intenção de interromper o funcionamento das atividades de segurança 
privada desenvolvidas pela empresa. 
As ações de espionagem, propaganda adversa e sabotagem são 
silenciosas e dissimuladas. Além dos efeitos materiais indesejados, geram, 
indiretamente, efeitos psicológicos negativos que podem interferir 
significativamente na continuidade dos negócios. Assim, qualquer situação que 
fuja da normalidade ou que pareça um mero acidente de segurança deve ser 
investigada a fundo pela contrainteligência. 
TEMA 5 – SEGURANÇA DE ASSUNTOS INTERNOS 
Segurança de Assuntos Internos é o conjunto de medidas destinadas à 
produção de conhecimento que visam assessorar as ações de correção das 
instituições de segurança pública ou da iniciativa privada. 
 
 
8 
 Trata-se de olhar para o interior da instituição ou empresa e apontar os 
pontos que precisam de ajustes ou correções (pontos fracos, correção de rumos, 
melhora da qualidade do serviço prestado pela instituição à sociedade, etc.). 
NA PRÁTICA 
Num mundo globalizado e com o uso cada vez mais frequente das novas 
tecnologias, em especial a internet, por onde transitam milhares de informações, 
é fato que na Atividade de Inteligência, em se tratando de assuntos sensíveis e 
classificados, caso ocorra algum comprometimento na segurança (infiltração, por 
exemplo), o conhecimento sensível pode ser acessado por pessoas não 
autorizadas e mal-intencionadas, colocando em risco a segurança do sistema e 
podendo trazer sérios prejuízos para o órgão e até para a sociedade e o Estado, 
dependendo da sensibilidade do conhecimento vazado. 
Assim, temos na Inteligência e Contrainteligência, que são ramos do 
mesmo tronco disciplinados em leis e decretos, um sistema organizado, 
formando uma grande comunidade que propicia um fluxo dinâmico e seguro na 
troca de dados e conhecimentos, via canal técnico, atendendo ao princípio da 
oportunidade entre os mais variados níveis no âmbito estatal. 
Não poderíamos aplicar os conhecimentos de Contrainteligência também 
à iniciativa privada? Será que a fórmula de um novo produto ou de uma nova 
tecnologia não podem despertar o interesse do(s) concorrente(s), que pode(m) 
se valer de todos os meios para ter acesso a esse conhecimento, por exemplo, 
com a infiltração de pessoa para tal fim? Não pode ocorrer espionagem industrial 
ou sabotagem numa linha produção

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