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Praticas Curricular I_2015 (1)

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1ª EDIÇÃO
EGUS 2015
PRÁTICA CURRICULAR I
• Carla Silvino de Oliveira 
• Fátima Maria de Castro
• Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca 
• Evaneide Dourado Martins
Professores de Conteúdo
Colaboradores
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor Presidente das Faculdades INTA
Dr. Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. PHD. João José Saraiva da Fonseca
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação
Profª. Sônia Henrique Pereira da Fonseca
Assessor de Gestão de Projetos de Avaliação e Pesquisa
Éder Jacques Porfírio Farias 
Equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos 
Tecnológico e Inovadores para Educação
Coordenador da Equipe
Anderson Barbosa Rodrigues
Analista de Sistemas Mobile
Francisco Danilo da Silva Lima
Analista de Sistemas Front End
André Alves Bezerra
Analista de Sistemas Back End
Luis Neylor da Silva Oliveira
Técnico de Informática / Ambiente Virtual
Rhomelio Anderson Sousa Albuquerque
Equipe de Produção Audiovisual
Roteirista da Vídeoaula 
Gerente de Produção de Vídeos
Francisco Sidney Souza Almeida
Edição de Áudio e Vídeo
Francisco Sidney Souza Almeida
José Alves Castro Braga
Gerente de Filmagem/Fotografia
José Alves Castro Braga
Operador de Câmera/Iluminação e Áudio
José Alves Castro Braga
Designer Editorial
Marcio Alessandro Furlani
Diagramador Web
Luiz Henrique Barbosa Lima
Assessoria Pedagógica/Equipe de Revisores
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Evaneide Dourado Martins
7INTA Prática Curricular I
Palavras do Professor-Autor .......................................... 11
Ambientação ...................................................................... 14
Trocando ideias com os autores ................................... 16
Problematizando .............................................................. 18
1 A Escrita da História e Produção Didática
A produção do conhecimento histórico ..............................................................23
O Ensino de História ......................................................................................................24
A Escrita da História e Produção Didática ........................................................25
Concepção de Material Didático
Livro Didático: um objeto cultural complexo ...................................................31
Livro Didático de História como Objeto de Pesquisa ..................................33
Materiais Didáticos ........................................................................................................34
Paradidáticos .....................................................................................................................35
Análise de Livro Didático ............................................................................................35
Utilização do Livro Didático ......................................................................................36
As Imagens do Livro Didático – Orientação de uso .....................................40 
Sumário
2
8 Prática Curricular I INTA
Políticas do Livro Didático
Leitura Obrigatória ..........................................................................................50 
Saiba mais ...............................................................................................................52
Revisando ................................................................................................................54
Autoavaliação ......................................................................................................58
Bibliografia ............................................................................................................60
Bibliografia da Web .......................................................................................63
3
9INTA Prática Curricular I
10 Prática Curricular I INTA
11INTA Prática Curricular I
Palavra do Professor-Autor
Olá, sejam bem-vindo à disciplina...
A produção didática brasileira mantém-se atrelada ao 
debate teórico, metodológico e historiográfico produzidos em 
âmbitos nacionais e internacionais. O objetivo dessa disciplina 
é abordar Ensino de História e o livro didático na perspectiva 
da construção histórica. 
A disciplina Práticas Curriculares I no Ensino de História 
contribui para prática pedagógica do ensinar História no 
âmbito da educação brasileira considerando as exigências da 
sociedade mediática que exige: a capacidade de consultar, 
compreender, apreciar com sentido crítico e criar conteúdos 
nos meios de comunicação e nas práticas de ensino, ir além 
dos conteúdos e métodos tradicionais, ultrapassar os limites do 
ensino é uma necessidade premente no campo educacional.
Bons estudos,
Os autores.
12 Prática Curricular I INTA
Biografia do Autor
Carla Silvino de Oliveira
Possui graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade 
Estadual do Ceará (2003), Especialização em Docência na Educação a 
Distância pela Universidade de Fortaleza (2011) e mestrado em História 
Social pela Universidade Federal do Ceará (2007). Atualmente é professora 
da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Ensino de 
História e Educação a distância, com ênfase em Metodologia do Ensino 
de História, Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação e Prática 
da docência em Estágio Supervisionado.
Fátima Maria de Castro
Licenciada em História pela Faculdade de Filosofia Dom José de 
Sobral (1982), com especialização em Magistério pela UVA(1994) e 
em Gestão Escolar pela Universidade de Santa Catarina(2004). Como 
experiência profissional desenvolveu ao longo dos anos várias atividades 
e funções, sendo inicialmente professora de Educação Básica, depois 
exercendo funções de gestão escolar (secretária, coordenadora e diretora) 
e posteriormente assumindo cargo de Secretária de Assistência Social 
do Município de Massapê e Granja.Como trabalho comunitário, desenvolveu ações no 
Conselho da Comunidade Carcerária e na ONG- Semeadores da Paz, ambas as instituições 
situadas no município de Massapê-Ce. 
Colaboradores
Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca
Professora do ensino superior, Mestranda em Ciências da Educação (defesa em julho 
2015), Graduação em Pedagogia com Habilitação em Supervisão Escolar, Especialista em 
Ciências da Educação, Especialista em Educação a Distância, larga experiência em projetos 
educacionais com uso das tecnologia em programas de formação e ensino com uso do 
radio e televisão, atualmente desenvolvimento de projetos de educação a distancia com 
utilização das mídias digitais . 
Evaneide Dourado Martins
Possui graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Regional do 
Cariri (2005) e Especialização em Educação a Distância, pelas Faculdades INTA. Atualmente 
é Autora roteirista multimídia de material didático da Pró-Diretoria Pedagógica de Novas 
Tecnologias em Educação e Educação a Distância das Faculdades INTA. Tem experiência na 
área de educação, com ênfase em Educação a Distância, na área administrativa e Docência 
em cursos profissionalizantes. 
13INTA Prática Curricular I
AMBIENTAÇÃO
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter 
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
15INTA Pratica Curricular I
O ensino de História tem sido objeto de pesquisa de diferentes pesquisadores, 
se constituindo assim, um campo de pesquisas em desenvolvimento no país. A 
investigação visa a extensão do currículo em ação, ou seja, da história ensinada, 
onde o componente teórico da historiografia se diz oriundo do campo da pesquisa 
educacional. Mas devemos apreender melhor como se dá a produção do saber 
escolar, que envolve interlocução com o conhecimento científico, mas também com 
outros saberes que circulam no contexto sociocultural de alusão.
Nos últimos anos tem surgido uma variedade de propostas que almejam 
mudanças nas propostas curriculares buscando centrar-se no ensino e aprendizagem 
e proporcionar um ensino de Históriamais significativo para a geração da sociedade 
contemporânea.
A leitura da obra A Escrita da História do historiador inglês Peter Burke publicado 
em 1991. É a nossa indicação para que você caro(a) estudante ao ler esta obra possa 
acrescentar as informações sobre as transformações advindas na produção 
historiográfica após a Escola dos Annales e a Nova História. Porque o livro é uma 
coletânea de textos sobre a escrita da história após a ruptura do paradigma 
tradicional. 
Na introdução Peter Burke diferencia o modo de 
produção historiográfico antes e após a Nova História, 
possui desafios metodológicos em relação à definição, 
ao uso das fontes, explicação e de síntese que permite 
refletir sobre os novos caminhos da história e os novos 
caminhos da produção histórica. 
TROCANDO IDEIAS 
COM OS AUTORES 
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas 
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com 
os autores de relevo nacional e/ou mundial. 
17INTA Pratica Curricular I
Agora é o momento de você 
trocar ideias com os autores
Sugerimos que você leia a obra: A escola dos Annales; 
o autor diferencia as diversas correntes do pensamento 
historiográfico as diversas fases da escola de Annales e 
analisa a produção historiográfica brasileira.
REIS, José Carlos. A escola dos Annales: a inovação em 
história. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Para que você faça um diálogo com outro autor leia o livro 
“Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia” 
é uma obra coletiva voltada para o amplo público de 
professores e estudantes de pós-graduação em História, 
é um cenário dos vários campos de investigação da 
História, podendo interessar ainda aos que atuam nas 
demais áreas das chamadas ciências sociais, bem como 
aos docentes vinculados ao ensino médio.
VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro Flamarion.(org). Domínios da história: 
ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Após a leitura das obras, escolha uma e faça a resenha.
Estudo Guiado:
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito 
um texto expondo uma solução para o problema 
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
19INTA Pratica Curricular I
Analise a seguinte situação:
Podemos afirmar que no transcorrer dos anos o Ensino de História se 
modificou nas práticas de memorização do conteúdo, o estudo dos grandes 
heróis, a história nacional e do Estado aos poucos dão espaço às novas 
maneiras de se pensar e escrever a história. 
Imagine esta situação:
Você irá participar de uma entrevista de seleção de professor na área 
do ensino de História, numa escola municipal da cidade, onde mora. Na 
ocasião o entrevistador faz as seguintes perguntas:
Podemos afirmar que as mudanças no ensino de História estão vinculadas 
as concepções atualizadas conforme as pesquisa educacionais sobre o 
ensino de História? Indique uma mudança de grande valor do ensino de 
História nos dias atuais? Qual o papel do livro didático no ensino de História 
na sua percepção? Quais recursos você pode usar além do livro didático 
visando à apreensão do conteúdo histórico pelo estudante?
Após os questionamentos reflita sobre quais respostas 
daria caso as perguntas acima fossem feitas.
Estudo Guiado:
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina em 
estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-
autor do material didático.
A ESCRITA DA HISTÓRIA 
E PRODUÇÃO DIDÁTICA
1
Conhecimentos 
Compreender as concepções do Ensino de História. 
 Apreender os elementos imprescindíveis à produção do conhecimento histórico.
Habilidades
Identificar e analisar o currículo da História ensinada, buscando articular o 
instrumental teórico da historiografia.
Atitude
Avaliar a escrita da História buscando articular o componente teórico da
historiografia com o teor da pesquisa educacional para o ensino escolar.
23INTA Pratica Curricular I
A produção do conhecimento histórico
Você já se perguntou o que é história? Qual o papel do historiador? Por 
quem é feito a história?
 A História é feita por todos nós, e o trabalho do historiador consiste 
em estudar a ação do homem através do tempo, e também de registrar 
e interpretar os fatos históricos que foram ocorridos em um determinado 
tempo e lugar deixados por um povo. A partir daí nós somos capazes de 
compreender os conhecimentos, os experimentos e as culturas dos povos 
anteriores ao nosso.
Os acontecimentos são vivenciados por pessoas que agiram, pensaram, 
participaram de movimentos sociais, portanto os historiadores analisam 
esses acontecimentos e as relações sociais de cada época e interpretam o 
momento histórico. Ele constrói e desconstrói novos conhecimentos.
Historiadores da contemporaneidade utilizam métodos de reflexão para 
não se enganar com diversos discursos dominantes, procuram desconstruir 
veracidades antigas para construir novas possíveis certezas. Através desta 
reflexão há um diálogo entre o passado e o presente. 
Você sabe onde que o historiador vai buscar as informações para que 
sua pesquisa seja validada? O historiador utilizava somente documentos 
escritos oficiais, mas atualmente além dos documentos escritos utilizam 
vestígios de civilizações antigas, pedaços de roupas usadas por pessoas 
de outras épocas, depoimentos, pictográficos, iconográficos, fotográficos, 
cinematográficos, numéricos, enfim, todo tipo que auxiliam em sua pesquisa. 
A partir do período Positivista o homem passa de um ser pensante e 
crítico para um mero coletor de informações, pois a História passa a assumir 
um caráter de pura ciência, são fatos presentes nos documentos de forma 
cronológica. A busca dos fatos deve ser feita por mentes neutras, pois 
qualquer valor de juízo na pesquisa pode alterar a história. 
Com o surgimento da Escola dos Annales começou a influenciar alguns 
autores a obter uma renovação de pensamento histórico e social da nossa 
realidade. O historiador passa a atuar na escolha da sua pesquisa, o que 
pesquisar e como pesquisar e qual a linha de pesquisa que ele irá seguir. 
Ao longo do tempo houve uma evolução da historiografia, a escola 
metódica ou positivista defendia que quando alguém estudava história 
conseguia chegar à verdade histórica através de fontes escritas com apenas 
narração e o historiador não poderia se envolver, deveria ser neutro. 
Atualmente com a nova história preocupa-se com a análise das estruturas.
24 Prática Curricular I INTA
O Ensino de História
No século XX, por volta dos anos oitenta, ocorreu um debate sobre o ensino de 
história, nesse momento ocorreu uma ruptura em relação entre os filósofos sobre 
a tese de o professor e o estudante se tornarem sujeitos do fazer escolar, isto se 
constitui o campo de reflexão sobre o conhecimento em geral e específico, ou seja, 
sobre o conhecimento histórico produzido em todos os níveis escolares, e o alicerce 
para o entendimento de que na escola básica e média seria produzido por saber na 
disciplina de História. Entende-se por saber histórico, o conhecimento produzido na 
reflexão educacional onde professores e estudantes dialogam diferentemente com 
as tradições e fontes históricas disponíveis. 
O valor dessa reflexão sobre o espaço da História da Educação na produção 
historiográfica brasileira e nas atividades dos historiadores por todo o país, da 
obrigação de um espaço próprio para as questões relacionadas ao ensino de História 
formou parte das justificativas sobre a concepção de História e Ensino como linha 
de pesquisa, assim, surge à obrigação da criação de um campo de investigação 
historiográfica, não somente do ensino de História no ambiente escolar, mas também 
as relações entre essa cultura escolar e outros meios que as sociedades dispõem 
para elaboração e reelaboração do passado. 
O debate sobre o ensino de História não tem como apartar-se do contexto, no 
qual este é produzido das relações de poder e saber, em especial das relações entre 
universidades, indústria culturale ensino fundamental e médio (FONSECA, 2003). 
O passado nos fornece fatos para compreendermos o presente, o ensino de 
história não é só achar respostas e sim fazer perguntas. Quando estudamos o passado 
histórico, temos condições de agir sob a realidade, ela nos ensina a conviver com as 
diferenças e entender as diversas culturas.
Neste sentido se o professor tiver uma relação intensificada com o passado, ou 
seja, tirar lições aprendidas para melhor compreender a sociedade e nosso tempo, 
desse modo poderá incentivar seus estudantes a pensarem criticamente.
25INTA Prática Curricular I
A Escrita da História e Produção Didática
A produção didática brasileira mantém-se atrelada ao debate teórico, 
metodológico e historiográfico produzidos em âmbitos nacionais e internacionais. 
Dessa forma, para discutir ensino de história e livro didático torna-se necessário 
refletir sobre a construção das concepções de história. 
A recente produção didática busca afastar-se dos resquícios do ensino 
tradicional, influenciado pela Escola Positivista, na qual orientava o ensino: na história 
essencialmente política, na utilização de fontes escritas produzidas pelo Estado, na 
reprodução do conhecimento, no método de memorização da informação, etc. 
Busca-se um diálogo com a nova história francesa, com a historiografia social inglesa 
e tem com ênfase revisto a produção marxista.
Peter Burke produz o quadro comparativo entre a transição do paradigma 
tradicional, dito positivista, e a ação do historiador da nova história, permitindo 
vislumbrar a diferenciação das duas vertentes teóricas da história. Na perspectiva de 
Burke (1992):
• De acordo com o paradigma tradicional, a história se refere principalmente à 
política. A nova história interessa-se por toda atividade humana e sua base filosófica 
é a ideia de que a realidade é social ou culturalmente construída;
• Os historiadores tradicionais pensam a história como narrativa de 
acontecimentos. A nova história preocupa-se com a análise das estruturas; 
• A história tradicional oferece uma visão de cima. Os historiadores da nova 
história estudam a história vista tanto de baixo, como de cima;
• Segundo o paradigma tradicional, a história deveria ser baseada em 
documentos (dito oficial), negligenciando outros tipos de evidências orais, visuais, 
valorizadas pelos historiadores da nova história.
É notória a influência da produção historiográfica das últimas décadas na produção 
do material didático atual. Os livros didáticos passaram a abordar diversos sujeitos 
históricos, buscando dialogar com a realidade do estudante, problematizando 
diferentes tipologias de fontes, etc.
O Livro Didático deve ser compreendido como objeto socialmente construído. 
O sujeito construtor, no caso o autor do Livro Didático de História, é norteado por 
concepções de História e Ensino, resultante de uma opção teórica que seleciona as 
temáticas discutidas na obra e privilegia, entre inúmeras manifestações humanas, 
aquelas que julga ser importante no ensino de história.
26 Prática Curricular I INTA
Para conhecermos a obra didática e seu contexto de produção torna-se 
necessário analisar a concepção de história, a concepção de ensino, periodização, 
objetos, fontes, bibliografias e sujeitos históricos abordados na obra. Seguindo esses 
indícios podemos compreender elementos de intencionalidade do Livro Didático de 
História. Compreendemos que o Livro Didático possui intencionalidades, lacunas 
temáticas e reproduz o discurso teórico do autor, entretanto a obra didática deve ser 
pensada pelo docente como objeto de pesquisa, um meio auxiliar no processo de 
ensino e aprendizagem, não como recurso único e absoluto, limitando dessa forma 
a construção do conhecimento histórico.
Os materiais didáticos são instrumentos de trabalho do professor e do estudante, 
suportes fundamentais na mediação entre o ensino e a aprendizagem. Livros 
didáticos, filmes, escritas de jornais e revistas, mapas, dados estatísticos e tabelas, 
entre outros meios de informação, têm sido utilizados com frequência nas aulas 
de História. O crescimento, nos últimos anos, no número de materiais didáticos é 
inegável, com a multiplicação de publicações didáticas e paradidáticas, dicionários 
especializados, além de materiais diferenciados, como vídeos e computadores, 
desigualmente distribuídos pelas diferentes escolas do país.
A diversidade de materiais didáticos conduz-nos a uma reflexão sobre as 
diferenças entre eles, diferenças essas importantes no que denominamos de suportes 
informativos e os “documentos”.
Os suportes informativos são elementos produzidos com a função de comunicar. 
Ou seja: livros didáticos e paradidáticos, atlas, dicionários, apostilas, cadernos, além 
dos vídeos, CD’s, DVD’s e materiais de computador (CD-ROM, jogos).
Já os denominados documentos são os signos, visuais ou textuais. São os contos, 
lendas, filmes de ficção ou documentários televisivos, músicas, poemas, pinturas, 
artigos de jornais.
Eles não são produzidos pela indústria cultural, podendo ou não ser selecionados 
pelo professor.
Outro fator de grande valia didática é a produção do estudante, como: 
dissertações, monografias, painéis, jogos, mapas, maquetes etc..., resultado do 
domínio do conhecimento obtido no decorrer do processo de aprendizagem.
Uma observação de grande valia é que, o material didático por ser um instrumento 
de trabalho do professor, é igualmente instrumento de trabalho do estudante. Nesse 
sentido, é importante refletir sobre os diferentes tipos de materiais disponíveis e sua 
relação com o método de ensino.
27INTA Prática Curricular I
CONCEPÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
2
Conhecimentos 
 
Compreender o livro didático e sua utilização; 
Entender o uso das imagens como ferramentas de aprendizagem.
Habilidades
Identificar os materiais didáticos e diferenciar o livro didático 
e material didático e paradidático.
Atitude
Desenvolver a capacidade de caracterizar e utilizar o livro didático.
31INTA Pratica Curricular I
Livro Didático: 
um objeto cultural complexo
Ao pesquisarmos sobre o conceito do Livro Didático nos dicionários e 
nas enciclopédias da web encontramos conceitos complexos, outros simples, 
porém todos parecem insuficientes diante da complexidade do objeto. 
O conceito dos verbetes linkados nesta unidade de ensino de “Livro” e 
de Livro Didático é amplo e vago. Ao consultar a historiografia acerca 
da temática veremos a complexidade do objeto a ser discutido. Segundo 
a autora Circe Bittencourt (2004, p. 303) o Livro Didático é objeto de 
difícil definição, “por ser obra bastante complexa, que se caracteriza pela 
interferência de vários sujeitos em sua produção, circulação e consumo”. 
Dessa forma, para definirmos o Livro Didático devemos considerar a tríade: 
produção-circulação-consumo.
No âmbito da produção, o Livro Didático é uma mercadoria atrelada 
ao mundo editorial e a lógica da indústria cultural. É notória a crescente 
quantidade de editoras que tornam o mercado editorial de Livro Didático 
um espaço competitivo. Professores e gestores são alvos na disputa da 
aquisição dos produtos, interferindo no processo de escolha do material 
didático, por muitas vezes realizado sem critérios adequados. 
Nas questões de circulação do Livro Didático percebemos que “constitui-
se também como um suporte de conhecimentos escolares propostos 
pelos currículos escolares educacionais”. (BITTENCOURT, 2004, p. 306). É 
inegável a presença do Estado na elaboração do conteúdo e na criação de 
instrumentos para avaliá-los. 
No que diz respeito ao consumo, além dos conteúdos escolares, o Livro 
Didático é um suporte de métodos pedagógicos, “ao conter exercícios, 
atividades, sugestões de trabalhos individuais ou em grupo e de formas de 
avaliação do conteúdo escolar”. (BITTENCOURT, 2004, p. 306). Dessa forma, 
o Livro Didático deve ser entendido como veículo de um sistema de valores, 
“de ideologias, de uma cultura de determinada época e de determinadasociedade” (BITTENCOURT, 2004, p. 306). 
Outros pesquisadores definem o Livro Didático por critérios de menor 
amplitude, centralizando a definição a partir do objeto. Não queremos aqui 
definir qual a conceituação correta, mas discutir a construção historiográfica 
da definição do Livro Didático. Segundo Oliveira (2009, p.13): É a partir do 
Livro Didático: 
Livro didático é 
um livro de caráter 
pedagógico
Livro: 
Livro é um conjunto 
de folhas impressas e 
reunidas em volume 
encadernado ou 
brochado. Didático é 
próprio ou relativo ao 
ensino, à instrução; 
que tem por fim 
instruir” (Larousse, 
1992).
32 Prática Curricular I INTA
suporte, natureza e forma de organização dos conteúdos, finalidade ou destinatário, 
e os usos do livro didático que podemos construir uma definição operacional do 
Livro Didático, definição que se baseia nos conceitos de textos, impresso e leitura. 
Para o autor os critérios que definem o Livro Didático contemplam a materialização 
da disciplina escolar, a reprodução em material impresso e por fim, planejamento 
e organização para uso em situação didática. Oliveira (2009) afirma que a primeira 
característica do Livro Didático é a materialização da disciplina escolar quando os 
conteúdos, a natureza temática e as limitações com as demais disciplinas fazem-se 
presente:
• Nas finalidades que dão sentido ao conteúdo das ações da escola; 
• Na presença de exercícios, conjunto de atividades destinadas aos alunos e 
professores, responsáveis pela fixação e reprodução da disciplina escolar.
A segunda característica do Livro Didático é um material impresso, produzido 
em diversas tipologias de papel (coche, fosco, reciclável), suporte característico do 
Livro Didático. Entretanto não podemos descartar o Livro Didático em outros tipos 
de materiais (madeira, pano, plástico, espuma) comumente utilizados nas séries do 
ensino infantil. 
E por fim, a última característica do Livro Didático é ser planejado e organizado 
para uso em situação didática, pois o material deve ser destinado aos estudantes e 
professores. Em relação aos docentes, estes devem exercer o olhar crítico em relação 
ao objeto, pois o Livro Didático tem as seguintes funções: 
• Reproduzir ideologia;
• Difundir o currículo oficial;
• Condensar princípios e fatos das ciências de referência;
• Guiar o processo de ensino;
• Guiar o processo de aprendizagem;
• Possibilitar formação continuada de professores.
A partir dos critérios de definição do Livro Didático podemos concluir que:
Livro didático é, portanto, um artefato impresso em papel, que veicula 
imagens e textos em formato linear e sequencial, planejado, organizado 
e produzido especificamente para uso em situações didáticas, envolvendo 
predominantemente alunos e professores, e que tem a função de transmitir 
saberes circunscrito a uma disciplina escolar. (OLIVEIRA, 2009, p.16)
33INTA Prática Curricular I
É notória a influência da produção historiográfica das últimas décadas na 
produção do material didático atual.
Os livros didáticos fazem parte do cotidiano escolar, e são os mais usados 
instrumentos de professores e estudantes, há pelo menos dois séculos. Ele é 
compreendido como objeto socialmente construído, onde o autor é norteado por 
concepções de História e ensino, selecionando as temáticas discutidas e privilegia 
aquelas que julga ser importante no ensino de História.
Os livros de História, particularmente, têm sido vigiados tanto por órgãos 
nacionais como internacionais, sobretudo após o fim da Segunda Guerra Mundial, 
com o objetivo de evitar qualquer manifestação de hostilidade entre os povos. Nessa 
perspectiva a História foi uma das disciplinas mais visadas pelas autoridades.
E os livros, muito criticados às vezes considerados os culpados pelas mazelas do 
ensino de História. Diversas pesquisas têm revelado que é um instrumento a serviço 
da ideologia e da perpetuação de um “ensino tradicional”. Entretanto, continuam 
sendo usados no trabalho diário das escolas em todo país. Os mesmos vêm sofrendo 
mudanças em seus aspectos formais e ganho possibilidade de uso diferenciado por 
parte dos professores e alunos.
Constitui também um suporte de conhecimentos escolares propostas pelos 
currículos educacionais, fazendo com que o Estado esteja sempre presente na 
existência do livro didático: interfere indiretamente na elaboração dos conteúdos 
escolares e posteriormente estabelece critérios para avalia-los.
Livro Didático de História 
como Objeto de Pesquisa
Sobre as relações entre os conteúdos escolares e academias, o historiador 
Carlos Vicentini, no artigo “Escola e livro didático de História”, apontou para as 
especificidades do livro didático no processo de criação e cristalização de uma 
memória na consolidação de determinados fatos considerados fundamentais nas 
mudanças da nossa sociedade.
Esses materiais didáticos têm despertado o interesse de muitos estudiosos e 
tem sido investigado sob diversos ângulos em diferentes países.
A historiadora Verena R Garcia, destaca o papel politico dos manuais escolares 
de História, considerando-os verdadeiras “autobiografias” dos Estados modernos.
34 Prática Curricular I INTA
Existe ainda a tendência de identificar as lacunas relativas a determinados 
termos ou sujeitos históricos nos livros didáticos, como é o caso da “natureza”. Artur 
Saffiotti destaca a importância dos historiadores focarem temas sociais relevantes, 
como o das relações entre o homem e a natureza, das populações negras, e das 
religiões dos povos. De maneira geral, podemos constatar avanços nas pesquisas 
sobre produção didática de História.
Materiais Didáticos
A indústria cultural, nas últimas décadas, investiu na produção massiva de 
produtos educativos. Dessa forma, torna-se importante discutir sobre a diversidade 
dos materiais didáticos e a utilização destes. 
A historiadora Bittencourt (2004, p.296) utiliza a classificação adotada pelo 
Institut National de Recherche Pédagogique (INRP), da França, para diferenciar os 
suportes informativos e os “documentos”:
Os suportes informativos – correspondem a todo discurso produzido com 
a intenção de comunicar elementos do saber das disciplinas escolares. Nesse 
sentido, temos toda a série de publicação de livros didáticos e paradidáticos, 
atlas, dicionários, apostilas, cadernos, além de produções de vídeos, CDs, DVDs 
e materiais de computador (CD-ROMs, jogos, etc.)
Os documentos - todo o conjunto de signos, visuais ou textuais, que 
são produzidos em uma perspectiva diferente dos saberes das disciplinas, 
posteriormente, passa a ser utilizados com finalidade didática. Contos, lendas, 
filmes de ficção ou documentários televisivos, músicas, poemas, pinturas, 
artigos de jornal ou revistas, cartas, romances são documentos produzidos para 
um público bastante amplo que, por intermédio do professor e seu método, se 
transformam em materiais didáticos.
Interessante perceber que o documento por si só não é um material didático, 
pois apesar de não ser produzido para o fim didático, uma vez apropriado pelo 
docente através da metodologia, o documento transforma-se em objeto didático. 
Por exemplo, o capítulo da telenovela, exibido ontem à noite, não foi produzido 
especificamente para ser utilizado em sala de aula, mas o professor pode utilizar o 
documento visual para discutir uma problemática pertinente ao conteúdo escolar. 
35INTA Pratica Curricular I
O docente transforma-o em material didático, já que, segundo Bittencourt 
(2004, p. 296), “os documentos, diferentemente dos suportes informativos, 
foram produzidos inicialmente sem intenção didática, almejando atingir um 
público mais amplo e diferenciado”, como citado no exemplo, as telenovelas.
Paradidáticos 
No início da década de 80 percebemos um duplo movimento de 
renovação na produção didática brasileira. O primeiro tinha como objetivo 
rever e aperfeiçoar o livro didático de história aos novos interesses dos 
consumidores através da inserção de conceitos e metodologiasatreladas à 
nova produção historiográfica e a utilização de diversos documentos (oral, 
escrito, imagético) associados à linguagem problematizadora. 
O segundo movimento, de acordo com Fonseca (2003, p. 53), “foi 
o lançamento de novas coleções visando atingir o leitor médio”. Os 
paradidáticos passaram a ser utilizados como forma de dialogar e 
complementar os Livros Didáticos, apontados por docentes por serem 
resumidos em algumas temáticas.
O paradidático possibilitou um novo campo para a produção 
acadêmica que atingia o público escolar. Desse modo, entendemos como 
paradidático um suporte informativo, produzido com finalidade didática, 
em forma de produção textual, articulado com imagens e tratando de uma 
temática específica; por exemplo, é comum encontrar paradidáticos sobre 
história do Brasil que aprofundam temáticas, às vezes tratadas de forma 
superficial no Livro Didático; entre elas estão exemplares sobre Escravidão, 
Governo Getulista, Ditadura Militar, História da Cultura Afro-brasileira e 
muitos outros.
Análise do Livro Didático
Além dos valores e da ideologia, o livro didático de História, ressalta 
outros três aspectos necessariamente merecedores de atenção especial. São 
eles: a forma, o conteúdo histórico escolar e o conteúdo pedagógico.
Quanto à forma. O livro didático diferencia dos outros livros. Requer 
definições sobre o preço e forma de consumo. Seus principais consumidores 
são: o professor, responsável maior quanto a sua compra e forma de 
utilização e o estudante, o seu público alvo.
Imagético: 
 Que se consegue 
exprimir através de 
imagens.
Paradidáticos: 
Que auxilia no 
processo de ensino 
juntamente com os 
materais didáticos
36 Prática Curricular I INTA
As editoras se esmeram para apresentar um produto novo, sob as normativas 
contidas nas propostas curriculares e PCN.
Quanto aos Conteúdos Históricos, são respaldados e provenientes das propostas 
curriculares e da produção historiográfica, tornando-se um importante instrumento 
do trabalho docente. A análise da bibliografia, assim como da seleção de documentos 
ou excertos de obras historiográficas, contribui para a percepção da tendência 
histórica predominante. A escrita de um texto didático requer atenção por ser uma 
produção destinada a um público de faixa etária diferente e de outra geração. Suas 
explicações não podem ser extensas, devendo ser simples, sem simplificar. Tendo 
também especial atenção para o número de páginas, a extensão das frases e a 
quantidade de conceitos.
Já os conteúdos pedagógicos dos livros didáticos, estão focados entre informação 
e aprendizagem. Além da capacidade de transmitir os acontecimentos históricos, é 
preciso identificar como esse conhecimento deve ser aprendido. E o conhecimento 
contido nos livros depende ainda da forma de como o professor o faz chegar aos 
estudantes.
A análise dos conteúdos pedagógicos deve estar voltada para a averiguação das 
atividades mediante a oportunidade que os estudantes terão de fazer comparações 
identificando as semelhanças e diferenças entre os acontecimentos.
O livro didático, como já foi ressaltado anteriormente é importantíssimo e de 
grande aceitação, fornecendo, organizando e sistematizando conteúdos explícitos, 
incluindo métodos de aprendizagem da disciplina. Ele não é só um livro pedagógico, 
é uma concepção de aprendizagem.
Utilização do Livro Didático
As opiniões sobre a relação dos professores com o Livro Didático são as mais 
variadas possíveis. Há aqueles que defendem a não utilização; outros o utilizam 
como recurso único em sala de aula. Para evitar extremismos iremos discutir os 
problemas do Livro Didático e as ações que potencializam o seu uso.
Comumente os professores que preferem não utilizar os livros didáticos apontam 
vários problemas na produção da obra didática. Na visão dos professores, segundo 
Oliveira (2009, p.14), “o maior vício de um Livro Didático é o de não utilizar, respeitar, 
aproximar-se, atingir a realidade do estudante. Professores estranham a distância 
37INTA Pratica Curricular I
entre as imagens acéticas dos livros didáticos e a dureza da realidade que 
circunda a escola”. Questões sobre as formas longas ou resumidas dos 
textos, as lacunas nos conteúdos e erros fatuais também são enfatizados 
como problemas didáticos. 
As virtudes também são enfatizadas pelos pesquisadores ao 
reconhecerem que os Livros Didáticos se utilizam de instrumentos imagéticos 
e gráficos que facilitam e estimulam a aprendizagem, a linguagem acessível 
e a informação historiográfica atualizada e didatizada.
Mas sabemos que não há Livro Didático ideal. Cabe ao professor escolher 
e utilizar o material de forma que adéque às necessidades da sala de aula.
Os professores que partem em defesa da utilização do Livro Didático 
justificam seu uso no cotidiano escolar afirmando que: 
• O livro traz o conteúdo disposto sequencialmente e simplificadamente, 
de acordo com a idade dos leitores/consumidores;
• Reúnem em um único instrumento textos, documentos, ilustrações, 
mapas, materiais geralmente de difícil acesso para grande parte dos 
estudantes;
• Oferece sugestões quanto à elaboração do planejamento anual, 
trazendo, às vezes, como apêndice nas suas páginas finais, o plano de 
ensino completo;
• Contempla propostas de atividades extras;
• “É um recurso facilitador da vida dos professores que geralmente 
são obrigados a cumprir cargas horárias e jornadas de trabalho 
excessivamente longas”. (CAIMI, 2002, p. 28).
Tendo em vista as considerações, percebemos a importância do Livro 
Didático no cotidiano escolar, entretanto, a utilização dessa ferramenta 
como recurso único e absoluto limita o processo de ensino e aprendizagem 
e não abre possibilidade para a construção do conhecimento através da 
pesquisa.
A responsabilidade na utilização do Livro Didático é do professor que 
pode utilizá-lo de forma integral ou parcial usando-o como único recurso 
didático ou como instrumento de auxílio nas pesquisas. O perfil do professor 
define a forma de utilização do Livro Didático.
Didatizada: 
Maneira ou 
processo de tornar 
mais facilmente 
compreensível um 
determinado assunto.
38 Prática Curricular I INTA
Vejamos o perfil de dois professores que utilizam de formas diferentes o Livro 
Didático. O primeiro restringe-se a utilização deste como recurso único e absoluto; 
o segundo parte do Livro Didático em busca da pesquisa. Ambos os professores 
podem potencializar o uso do Livro Didático. Vejamos:
Orientação de uso - 
Para professores que utilizam apenas o Livro Didático:
Responder os exercícios; 
Conhecer conceitos históricos; 
Observar como tais conceitos são trabalhados; 
Conhecer o sentido das palavras; 
Ampliar vocabulário; 
Elaborar os resumos e esquemas;
Preparar a explicação do texto; 
Preparar-se para a exposição e o debate; 
Criar atividades.
Orientação de uso - 
Para professores que não utilizam apenas o Livro Didático:
Caso encontre erros factuais e lógicos, estimule os estudantes a 
questionar e apontar suas contradições. 
Se a organização das unidades provoca monotonia, trabalhe os mesmos 
temas com outras linguagens e gêneros. 
Se não abordam conceitos considerados fundamentais em História, crie 
atividades para desenvolvê-los com os estudantes.
As prescrições enfatizam a importância de ler o Livro Didático, tratá-lo como 
documento e ferramenta do processo de ensino aprendizagem. Então seja qual for 
o posicionamento do docente em relação ao material didático, deve tratá-lo com 
seriedade e explorar seus recursos. 
O livro didático tornou-se uma ferramenta de pesquisa, não apenas nas salas de aulas 
da educação básica. As pesquisas sobre Livro Didático de História ganharam força na 
academia e nos encontros regionais e nacionais dos historiadores. Simpósios Temáticos 
são destinados a discutir o ensino de história e as práticas de leitura e utilização do Livro 
Didático. O campo das temáticas que permeiam a discussão dos historiadores ampliou-
se em questõessobre: currículos, leis, formação continuada dos professores, escolha do 
LD, produção do material didático e utilização do LD nas salas de aulas, etc.
39INTA Prática Curricular I
Fruto dessas discussões, a pesquisa da historiadora Margarida Dias Oliveira (2009, 
p. 82) nos chama atenção para a importância da utilização do Livro Didático feita 
da melhor forma pelos professores. Segundo a autora, “O que estamos entendendo 
como melhor utilização é a exploração mais adequada das suas potencialidades”. 
Para isso indica as seguintes práticas:
• Iniciar os conteúdos pelas imagens, ao invés dos textos;
• Utilização das fontes históricas disponíveis nos livros - documentos, mapas, etc.;
• Promover a pesquisa e não apenas as atividades de fixação;
• Utilização de outros materiais didáticos.
O início dos conteúdos pelas imagens desperta atenção dos estudantes para 
leitura imagética. Questionamentos do tipo: O que vemos? O que representa? O 
porquê das cores? Qual a tipologia da imagem? Tudo isso possibilita que o conteúdo 
histórico possa ser articulado inicialmente pela imagem, seguida do texto. Os jovens 
que navegam na Internet, os que têm o vídeogame como prática cotidiana e assistem 
filmes e desenhos são atraídos pela cultura visual. Essa, portanto, pode ser uma 
ferramenta atrativa para o ensino de história.
Comumente os Livros Didáticos trazem no decorrer do texto ou em anexos 
documentos transcritos e mapas históricos que devem ser explorados em discursos 
sobre a própria construção documental. A pesquisa deve ser constante para a 
construção do conhecimento, seja a partir das questões sugeridas pelo Livro Didático, 
ou pelas lacunas existentes no material. A utilização de outros recursos, entre eles 
filmes, quadrinhos, revistas, telenovelas e outros recursos devem ter orientação do 
professor para melhor aproveitamento das linguagens midiáticas.
Oliveira (2009, p.82) desperta a atenção do Estado, pois “há a necessidade de 
prover as escolas de outros materiais didáticos, além do livro. Atlas históricos, CD-
ROM específico para a área, coletâneas de documentos históricos, os chamados 
livros paradidáticos que tratam de temas ou de aspectos de conteúdos históricos e 
jogos são fundamentais para o ensino”.
Mas as ações para potencializar o uso do Livro Didático vão além da sala de 
aula. De acordo com a autora acima mencionada, é necessário criar ações de 
formação continuada e subsídio material para professores, estimular a formação de 
estudantes leitores, incentivar a comunidade a praticar o exercício de leitura através 
de bibliotecas comunitárias, etc. Oliveira (2009, p. 83) sugere:
• Incentivar a criação de Bibliotecas Didáticas; essas poderiam subsidiar 
programas de extensão que tenham como base o livro didático de História; 
40 Prática Curricular I INTA
• Incentivar a criação de sites/bancos de dados que forneçam informações 
sobre imagens mais utilizadas nos Livros Didáticos, outras imagens – não tão 
utilizadas – relativas aos mesmos temas, para que pudessem ser exploradas em 
sala de aula;
• Numa articulação efetiva com o Programa Nacional Biblioteca na Escola, 
viabilizar uma publicação e programas nas TVs e Rádios educativas que 
articulassem os Livros de Literatura e História, incentivando o trabalho 
interdisciplinar e a ampliação de Livro Didático para professores e estudantes;
• Incentivo de registros de experiências vivenciadas em sala de aula; incentivos 
a projetos que estimulem o professor a dialogar com a sociedade: museus, 
jornais, objetos, etc.
As Imagens do Livro Didático - Orientação de uso
A imagem A primeira missa no Brasil, de Vitor Meireles, é comumente utilizada 
nos livros didáticos de história do Brasil. Imagine você, professor, iniciando uma aula 
a partir dessa imagem. Quais questões poderão problematizar a imagem com os 
estudantes?
Após o primeiro contato com a imagem podemos analisar o documento 
imagético na perspectiva interna e externa; a crítica externa deve ser realizada 
por elementos da produção da obra: Quem a produziu? Quando foi produzida? 
Qual o tipo da imagem? Se a imagem foi produzida a pedido, quem a solicitou? 
Qual o contexto histórico que a obra foi produzida? É o mesmo que representa a 
imagem? Com que finalidade a obra foi elaborada? O autor da obra presenciou o 
acontecimento? O autor utiliza quais recursos para reproduzir o acontecimento? 
Alguns questionamentos podem ser respondidos com um olhar atento a obra e 
ao texto que vem após a imagem. Outros questionamentos levam o estudante a 
pesquisar em outros suportes. 
Uma questão a ser pensada ao analisar a pintura é a data da criação do quadro 
e a data do tema representado. Notoriamente, a primeira missa no Brasil foi 
realizada no ano do descobrimento, em 1500. Entretanto, o quadro que representa 
o acontecimento foi produzido em 1861. Dessa forma, acreditamos que já temos um 
bom motivo para iniciar uma problematização. 
A análise interna da obra diz respeito aos elementos representados na pintura: Quais 
os sujeitos históricos representados na imagem? Identifique as vestimentas, os gestos e 
os objetos. Qual a intencionalidade da ação retratada? O que a imagem enfatiza? 
41INTA Prática Curricular I
A imagem reproduzida em diversos tamanhos, impressa ou projetada em 
vídeo, transformada em quebra-cabeça, possibilita outras interpretações do fato 
representado e evidencia os elementos da imagem.
Sugerimos que você visualize a articulação da imagem A Primeira Missa no 
Brasil, de Vitor Meirelles, com outras representações do mesmo acontecimento, 
elaboradas por outros pintores. Segue a indicação: A Primeira Missa no Brasil, de 
Portinari (1948), e Carta de Pero Vaz de Caminha, de Glauco Rodrigues, 1971.
A análise comparativa entre as imagens desperta a possibilidade de dialogar 
com as diversas temporalidades de representação e com os sujeitos históricos 
produtores das obras; promove a ação interdisciplinar entre história, literatura e 
artes. Vislumbramos caminhos de possibilidades que serão criados pelos estudantes 
e professores
POLÍTICAS DO LIVRO DIDÁTICO
3
Conhecimentos 
 
Conhecer as disposições legais referentes 
ao ensino de história resultante do período pós-ditadura militar.
Habilidades
Identificar as mudanças ocorridas no ensino de História ao contexto histórico. 
Atitude
Analisar criticamente o livro didático.
45INTA Prática Curricular I
Políticas do livro didático
Com o processo de redemocratização ocorrido na década 80, surge a criação de 
dispositivos de lei com temáticas atreladas à educação. Leis, programas, estatutos 
que têm como objetivo garantir o acesso e a permanência do estudante no ambiente 
escolar passam a ser discutidos, planejados e executados.
Analisaremos aspectos da educação na Constituição da República Federativa do 
Brasil (BRASIL, 1988), nos documentos pós-constituição: Estatuto da Criança e do 
Adolescente (BRASIL, 1990), Leis de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996); 
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997/1998); Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o Ensino Fundamental (BRASIL, 1998) e Plano Nacional de Educação 
(BRASIL, 2001).
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi fundamentada 
através dos princípios propagados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
entre eles, a constituição da cidadania pela liberdade e igualdade em dignidade e 
em direitos. (BRASIL, 1998, Art 1º.) E conforme a Constituição Brasileira, o estado 
tem o dever de prover (BRASIL, 1988. Art. 208-214):
• Ensino fundamental, obrigatório e gratuito;
• Progressiva universalização do ensino médio gratuito;
• Programas de material didático, transporte, alimentação e assistência médica 
para os alunos do ensino fundamental;
• Definição de normas para regimento de estabelecimentos públicos e privados 
de ensino;
• Deverá fixar conteúdos mínimos para o ensino fundamental.
Para a realização do último tópico, elaboraram-se os Parâmetros Curriculares 
Nacionais, nos anos 1997 e 1998,e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Fundamental (BRASIL, 1998), documentos cujo objetivo é atender o Art. 210 da 
Constituição Brasileira que diz respeito à fixação de “conteúdos mínimos para o ensino 
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores 
culturais e artísticos, nacionais e regionais”.
As Leis de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), criadas após oito anos 
da constituição de 1988, estabelecem a criação do Plano Nacional da Educação, o 
qual articula o desenvolvimento do ensino aos diversos níveis de integração do poder 
público. Entre os anos de 2001-2011 o PNE teve como objetivo (BRASIL, 1988, Art. 124):
46 Prática Curricular I INTA
• Erradicação do analfabetismo;
• Universalização do atendimento escolar;
• Melhoria da qualidade do ensino;
• Formação para o trabalho;
• Promoções humanísticas, científicas e tecnológicas do país.
Os resultados desses dez anos de plano são de avanços tímidos. Nenhum dos 
tópicos acima foi atingido em sua plenitude; para isso criou-se o PNE 2011-2020 com 
dez diretrizes e vinte metas. Conheça as 20 Metas do Plano Nacional de Educação 
(PNE)
O processo de redemocratização mostra-se longe de superar todas as 
dificuldades da educação. Porém avanços devem ser indicados como a LDBEN (1996) 
que orienta a formação de um currículo de base nacional comum. O documento 
pauta o conteúdo de História do Brasil ao propor que “o ensino de História do Brasil 
levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação 
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia [sic]”. 
(BRASIL, 1996, Art. 26).
O PCN (1997) é o marco do Estado no papel regulador dos conteúdos escolares 
em dimensão nacional, pois define os objetivos do Ensino Fundamental a partir da 
documentação que rege o direito à cidadania, ao propor:
• Compreender a cidadania como participação social e política, assim como 
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, 
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o 
outro e exigindo para si o mesmo respeito;
• Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes 
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de 
tomar decisões coletivas;
• Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, 
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de 
identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
• Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, 
bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se 
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, 
de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
• Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, 
47INTA Prática Curricular I
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente 
para a melhoria do meio ambiente;
• Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de 
confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-
relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de 
conhecimento e no exercício da cidadania;
• Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos 
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com 
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
• Utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica 
e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, 
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, 
atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
• Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para 
adquirir e construir conhecimentos;
• “Questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-
los, utilizando para isso pensamento lógico, criatividade, intuição, capacidade 
de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação”. 
(BRASIL, 1997, p.69)
Nessa direção, surgem as especificidades do ensino de história nas séries do 
ensino fundamental. A partir da definição dos objetivos da disciplina nos PCN´s de 
História e Geografia, espera-se que o estudante possa:
• Identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com 
outros tempos e espaços;
• Organizar alguns repertórios histórico-culturais que lhes permitam localizar 
acontecimentos numa multiplicidade temporal de modo a formular explicações 
para algumas questões do presente e do passado;
• Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos 
tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e 
sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;
• Reconhecer mudanças e permanências nos convívios humanos, presentes na 
sua realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes no tempo e no 
espaço;
• Questionar sua realidade identificando alguns de seus problemas e refletindo 
48 Prática Curricular I INTA
sobre algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas de atuação, 
políticas institucionais e organizações coletivas da sociedade civil;
• Utilizar métodos de pesquisa e produção textual de conteúdo histórico, 
aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográficos e sonoros;
• Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a 
como um direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento 
da democracia. (BRASIL, 1997, PCN História e Geografia, p. 33).
O Governo Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – 
FNDE - adquire livros didáticos para as escolas públicas através da execução do Plano 
Nacional do Livro Didático - PNLD. Dessa forma, o FNDE adquire e distribui livros 
para os estudantes da rede pública de ensino. O programa é realizado trienalmente 
e no início atendeu aos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental; hoje 
sua abrangência atende aos estudantes dos anos finais do ensino fundamental e 
ensino médio. 
As editoras concorrem ao edital para terem suas obras avaliadas pelo MEC. Uma 
vez a obra aprovada, ela passa a ser integrada ao Guia Nacional do Livro Didático. O 
Guia é uma ferramenta para o professor orientar a escolha da obra pedagógica que 
mais se adéqua às necessidades escolares.
No Plano Nacional do Livro Didático (PNLD 1997-2001) demonstra os critérios 
eliminatórios da avaliação dos livros didáticos, porém analisaremos especificamente 
os critérios criados em 2001. A obra didática é desclassificada pelo MEC, caso 
apresente qualquer característica a seguir:
• Sobre a contribuição para a construção da cidadania: 
Em respeito à Constituição Brasileira e para contribuir efetivamente para a 
construção ética necessária ao convívio social e à cidadania, o livro didático não 
poderá veicular preconceitos de origem, cor, condução econômico-social, etnia, 
gênero e quaisquer outras formas de discriminação; fazer doutrinação religiosa, 
desrespeitando o caráter leigo do ensino público e qualquer desrespeito a esses 
critérios é discriminatório e, portanto, socialmente nocivo.
• A respeito da correção dos conceitos e informação básica:
Respeitando as conquistas científicas da área, um livro didático não poderá 
formular nem manipular erradamente os conceitos e informações fundamentais das 
disciplinas em que se baseia, pois estará descumprindo sua função mediadora e 
seus objetivos didático-pedagógicos.
49INTA Prática Curricular I
• Em relação à correção e pertinências metodológicas:
Por mais diversificadas que sejam as concepções e práticas de ensino e 
aprendizagem, propiciar ao estudante a apropriação do conhecimento implica 
escolher uma opção de abordagem, ser coerente em relação a ela e, ao mesmo 
tempo, contribuirsatisfatoriamente para a consecução dos objetivos, quer da 
educação em geral, quer da disciplina e do nível de ensino em questão. Por outro 
lado, as estratégias propostas devem mobilizar e desenvolver várias competências 
cognitivas básicas como a compreensão, memorização, análise (de elementos, 
relações, estruturas...), síntese, formulação de hipóteses e o planejamento. Portanto, 
o livro didático não poderá, em detrimento das demais, privilegiar uma única dessas 
competências, sob pena de induzir a um domínio efêmero dos conteúdos escolares 
e comprometer o desenvolvimento cognitivo do educando.
Mas uma obra aprovada pelo MEC e que consta no Guia Nacional do Livro 
Didático não está isenta de problemas. Cabe aos gestores e professores, no processo 
de escolha do Livro Didático, fazer uma avaliação e escolher a obra que mais se 
adéqua às necessidades dos estudantes.
LEITURA OBRIGATÓRIA
Este ícone apresenta uma obra indicada pelo professor-
autor que será indispensável para a formação 
profissional do estudante
51INTA Pratica Curricular I
Sugerimos a leitura da obra Ensino de História: Fundamentos 
e métodos, na qual aborda aspectos do ensino e aprendizagem 
de História do ponto de vista dos problemas teóricos que 
fundamentam o conhecimento escolar. Propiciará aos docentes 
de diferentes níveis base para refletir sobre as finalidades do 
ensino de História e seu papel na formação.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e 
métodos. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
Após a leitura da obra faça um texto reflexivo no que diz respeito 
ao ensino de História e qual o seu papel enquanto professor.
Estudo Guiado:
SAIBA MAIS
Neste ícone será encontrado sugestões de 
aprofundamento da disciplina em outro espaço. 
Pesquisas divulgadas, em formato de entrevistas, com o 
próprio autor da investigação
53INTA Prática Curricular I
Sugerimos que leia a entrevista com o tema “Materiais 
didáticos são mediadores entre professor, alunos e 
conhecimento”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
Tânia Braga Garcia, coordenadora do Núcleo de Pesquisa 
em Publicações Didáticas tem desenvolvido atividade de 
pesquisa e de formação de professores com o objetivo de 
discutir e compreender a presença de material didático 
na aula, especialmente os livros didáticos. Nesta entrevista ela responde vários 
questionamentos relacionados aos materiais didáticos na aprendizagem. Vale a 
pena conferir!
REVISANDO
É uma síntese dos temas abordados com a intenção 
de possibilitar uma oportunidade para rever os pontos 
fundamentais da disciplina e avaliar a aprendizagem
55INTA Prática Curricular I
Estudamos nesta unidade de ensino a produção do conhecimento histórico. 
Percebemos a ruptura do paradigma tradicional pelo surgimento da Nova História. 
Identificamos que novos sujeitos históricos passaram a compor as narrativas 
históricas, novas fontes deram suporte aos historiadores e novas temáticas serviram 
como motivação para novas investigações. Compreendemos que concepções de 
ensino são atreladas as concepções de história que se transformam de acordo com as 
necessidades da sociedade. Faça a seguinte reflexão: quando você era estudante do 
ensino básico qual era a concepção de história praticada pela escola? Aproximava-
se da história tradicional ou da nova história? 
Vimos também que conceituar livro didático é uma tarefa difícil se levarmos em 
consideração a complexidade que envolve a sua produção, distribuição e consumo. 
Toda essa complexidade exige que o professor de História o perceba não como uma 
ferramenta didática neutra e insubstituível à prática pedagógica, mas como objeto, 
fruto de visões e interesses que se originam nas concepções dos muitos sujeitos 
envolvidos na sua produção.
É importante pensar a diversidade de materiais didáticos hoje disponíveis no 
mercado. Bittencourt (2004) diferencia os suportes informativos dos documentos 
e alerta para a necessidade de perceber o documento não como material didático, 
mas como material que pode ser utilizado pelo professor e vir a tornar-se didático. 
Houve nas últimas décadas um aumento significativo na produção de materiais 
paradidáticos cuja finalidade é suplementar e dialogar com os ditos materiais 
didáticos.
As visões de professores acerca da utilização que fazem do livro didático são 
díspares e mediadas por diversas questões relacionadas à formação e complexidade 
de experiências vividas por eles com relação a esse recurso didático. Entretanto, é a 
certeza da inexistência de um livro didático ideal que dever guiar o professor a optar 
e utilizar aquele que melhor corresponda às necessidades de seus estudantes. 
As mudanças ocorridas na educação nos pós-redemocratização do Brasil a 
partir da década de 80 assinalam o surgimento de leis e dispositivos cuja função é 
assegurar o acesso e a permanência na escola.
Embora as dificuldades no âmbito educacional ainda sejam gritantes, alguns 
avanços podem ser verificados como a criação da LDBEN de 1996 que estabelece 
diretrizes ao ensino. 
Esse conjunto de dispositivos legais dá conta de uma necessidade real advinda 
com o fim da Ditadura Militar: novos olhares acerca do ensino de História. Objetivos 
e funções de seu ensino são redefinidos e apresentados em textos legais como os 
Parâmetros Curriculares Nacionais de História e Geografia.
56 Prática Curricular I INTA
Criado pelo governo Federal, o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD – 
tem a função de adquirir e distribuir livros didáticos aos estudantes da rede pública 
de todo o país. Atualmente o programa atende o ensino fundamental e médio. 
O processo de seleção dos livros se dá mediante lançamento de edital pelo MEC, 
no qual critérios de participação e avaliação são lançados às editoras interessadas. 
57INTA Prática Curricular I
AUTOAVALIAÇÃO
Momento de parar e fazer uma análise sobre o que o 
estudante aprendeu durante a disciplina.
59INTA Prática Curricular I
1. Para finalizar nossa discussão sobre as concepções e produção da história 
produza um texto com as características da Nova História.
2. Diante do exposto, pense como você conceituaria Livro didático e Livro 
paradidático?
3. Quais as possibilidades de uso do livro didático no ensino de História?
4. Se o livro didático é um elemento tão poderoso e determinante no ensino básico 
brasileiro, quais as possibilidades de reinvenção das relações professor/aluno/
livro didático/conhecimento historiográfico acadêmico?
5. Como tornarmos o conhecimento histórico ensinável em nossas escolas sem nos 
submetermos à sedução exclusivista do livro didático?
6. A década de 1980 é de transformações no campo educacional. Comente o 
contexto histórico que serve de pano de fundo para essas transformações.
7. Em que consiste o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD e quais critérios 
são utilizados por esse programa para avaliar e julgar como adequado o livro 
didático?
BIBLIOGRAFIA
Indicação de livros e sites que foram usados para a 
constituição do material didático da disciplina
61INTA Prática Curricular I
ABREU, Martha e SOIHET, Rachel (orgs.). Ensino de História: conceitos, temáticas e 
metodologias. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
BITTENCOURT, C. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 
2004. 
___________________. (org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Editora 
Contexto, 1997. 
BITTENCOURT, Circe (org.). O Saber Histórico na Sala de Aula. Coleção Repensando 
o Ensino. São Paulo: Editora Contexto ,1998.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos. 
4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília: Senado, 1988.
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