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TCC Contabilidade Publica

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QUOCIENTES FINANCEIROS APLICÁVEIS À CONTABILIDADE PÚBLICA:
ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar as principais mudanças 
verificadas na composição e na qualidade da dívida pública do Estado de 
Pernambuco no período compreendido entre os anos de 2013 a 2016. Como 
enquadramento metodológico, a presente pesquisa permite desenvolver um estudo 
de caso, buscando obter informações sobre o endividamento do Estado de 
Pernambuco, em relação à Dívida Fundada (Interna e Externa) e Flutuante, no 
período em análise, através da utilização de quocientes financeiros aplicáveis a 
contabilidade pública. Objetiva ainda avaliar se o endividamento do Estado está 
respeitando os limites legais e se está comprometendo ou não o orçamento estadual.
Diante do cenário nacional de crise, o estudo da composição e qualidade da Dívida 
Pública do Estado de Pernambuco revela-se importante para esclarecer como anda o
endívidamento do estado e que apesar dos aumentos anuais da dívida, verificam-se 
também aumentos da Receita Corrente Líquida, o que trás ao Estado a condição de 
um bom patamar de endividamento, levando-se em consideração o permitido em lei. 
Palavras­chave: Dívida Pública. Demonstrações Contábeis. Contabilidade Pública. 
Gestão Governamental.   
2
1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
1. INTRODUÇÃO
A Contabilidade, nos últimos anos, está sofrendo alterações visando à 
harmonização com as normas internacionais. No campo da contabilidade aplicada 
ao setor público não é diferente. Fato que pode ser percebido pelas constantes 
reformulações nas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, 
aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade e no Manual de Contabilidade 
Aplicada ao Setor Público sob responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional.
Segundo o item 4, da NBC T 16.1, o objetivo da contabilidade aplicada ao 
setor público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e
os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio 
da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de 
decisão; a adequada prestação de contas e o necessário suporte para a 
instrumentalização do controle social.
O interesse da comunidade deve ser incentivado pelos gestores públicos, 
que podem aperfeiçoar as técnicas de transparência e prestação de contas na área 
estatal. Ao aprimorar as formas de demonstrar a gestão dos recursos públicos, o 
poder público trabalha para o fortalecimento da participação dos cidadãos.
A transparência na gestão de recursos públicos, entretanto, não é atingida de
forma ampla em razão de relatórios e formas de divulgação complexas, permeadas 
de expressões técnicas e regras específicas de contabilização, que não apresentam
um grau de atratividade capaz de garantir envolvimento, participação ativa e 
exercício regular do controle social.
Assim, considerando a legalidade que permeia os balanços públicos, com sua
linguagem técnica, e a necessidade de ampliar o alcance da publicidade dos dados 
como sendo fontes potenciais das informações para o fortalecimento do controle 
social, esta pesquisa procederá a análise dos quocientes aplicáveis às 
Demonstrações Contábeis do Estado de Pernambuco confere instrumentos 
adicionais para o exame da Gestão Orçamentária e Financeira.
2  PATRIMÔNIO E DÍVIDA PÚBLICA
2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A República Federativa do Brasil é um estado democrático de direito e 
conforme Alexandrino e Paulo (2012, p.14) O Estado é pessoa jurídica territorial 
soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano. Onde um 
determinado povo, em um dado território, se organiza segundo sua livre e soberana
vontade.Ainda para Alexandrino e Paulo (2012), a República Federativa do Brasil 
adota a descentralização política, onde coexistem, em um mesmo território, 
distribuídas por regiões, diferentes entidades autônomas política, financeira e 
administrativamente. O Estado de Pernambuco representa uma dessas entidades, 
as Unidades Federativas.
3
1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Sob uma perspectiva subjetiva, a Administração Pública é o conjunto de 
órgãos, pessoas jurídicas e agentes do Estado, que buscam satisfazer as 
necessidades da sociedade, como saúde, educação, habitação, segurança e cultura
. Neste sentido, Meirelles (1989, p. 57), conceitua Administração Pública como 
“Todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, 
visando à satisfação das necessidades coletivas”.
Por outro lado, em uma perspectiva objetiva, Duez (1935  apud  KOHAMA, 
2010, p.10) conceitua a Administração como “a atividade funcional concreta do 
Estado que satisfaz as necessidades coletivas em forma direta, contínua e 
permanente, e com sujeição ao ordenamento jurídico vigente” e Mello (1979  apud 
KOHAMA, 2010, p.09) dispõe que “Administrar é gerir os serviços públicos; significa
não só prestar serviço, executá lo, como também dirigir, governar, exercer a vontade
com o objetivo de obter um resultado útil”. Dispõe ainda que “O interesse público 
que à Administração incumbe zelar, encontra se acima de quaisquer outros e, para 
ela, tem o sentido de dever, de obrigação. É obrigada a desenvolver atividade 
contínua, compelida a perseguir suas finalidades públicas”.
Segundo afirma Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2003, p.69):
O conceito de Administração Pública divide se em dois sentidos: em sentido
objetivo, material ou funcional, a Administração Pública pode ser definida 
como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime
jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Em 
sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode se definir Administração Pública,
como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei 
atribui o exercício da função administrativa do Estado.
A Administração Pública centralizada ou direta é aquela exercida diretamente
pela União, Estados e Municípios que, para tal fim, utiliza se de ministérios, 
secretarias, departamentos e outros órgãos, apresentando, assim, uma estrutura 
eminentemente piramidal. Por outro lado, a Administração Pública descentralizada 
ou indireta é exercida por outras pessoas jurídicas que não se confundem com os 
entes federados, criadas pelos mesmos, a saber: autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas, sociedades de economia mista, associações públicas.
2.2 PATRIMÔNIO PÚBLICO
Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de pessoas físicas ou 
jurídicas. Para Kohama (2012) o patrimônio é composto pelo somatório dos bens 
mais os direitos (ativo), subtraindo se as obrigações (passivo), possuídos por uma 
pessoa física ou jurídica. A parte ativa do patrimônio compreende a propriedade 
física dos bens e os valores a receber em curto, médio ou longo prazo. Já a parte 
passiva, são os compromissos assumidos que devem ser exigidos em curto, médio 
ou longo prazo.
De acordo com Mota (2009, p. 271)
O patrimônio é o conjunto de bens, direitos a receber e obrigações a pagar 
pertencentes a uma entidade (pessoa física ou jurídica). A parte positiva do
patrimônio (ativo) é representada pelos bens e direitos a receber, enquanto
a parte negativa do patrimônio (passivo) é formada pelas obrigações a 
pagar. (2009, p. 271)
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Analogamente, o Patrimônio Público compreende o conjunto de bens, direitos 
e obrigações do Estado. Para Silva (2003, p. 243) o patrimônio do Estado é o 
conjunto de bens, valores, créditos e obrigações de conteúdo econômico e avaliável 
em moeda que a Fazenda Pública possui e utiliza na consecuçãode seus objetivos.
Conforme o item 3, da resolução CFC nº 1.129/2008:
Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, 
onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou
utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e represente 
um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços
públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas 
obrigações.
Kohama (2003 apud GLAUBER, 2009, p. 271) afirma que o patrimônio 
público compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações avaliáveis em moeda
corrente das entidades que compõem a Administração Pública.
O Patrimônio Público sob o enfoque contábil é classificado em Ativo, Passivo
e Patrimônio Líquido. Segundo o item 4, da resolução CFC nº 1.129/2008:
O patrimônio público é estruturado em três grupos: (a) Ativos são recursos 
controlados pela entidade como resultado de eventos passados e do qual 
se espera que resultem para a entidade benefícios econômicos futuros ou 
potencial de serviços; (b) Passivos são obrigações presentes da entidade, 
derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam que 
resultem para a entidade saídas de recursos capazes de gerar benefícios 
econômicos ou potencial de serviços e (c) Patrimônio Líquido é o valor 
residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos.
 
Dentro do conceito de Ativos, integrantes do Patrimônio Público, faz se 
necessário um esclarecimento sobre bens públicos. A definição de bens públicos 
está contida nos artigos 98 e 99 do Código Civil ( Lei nº 10.406/2002):
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja 
qual for a pessoa a que pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I   os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II   os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço 
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou 
municipal, inclusive os de suas autarquias;
III   os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de 
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram se dominicais
os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha
dado estrutura de direito privado.
Dos bens referidos no Código Civil, não serão registrados no patrimônio 
público, apenas os bens de uso comum do povo que não absorveram recursos 
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
públicos ou que não forem recebidos em doação.
Resolução CFC nº 1.137/2008, que aprova a NBC T 16.10  Avaliação e 
Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público, itens 30 e 31:
Os bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, 
ou aqueles eventualmente recebidos em doação, devem ser incluídos no 
ativo não circulante da entidade responsável pela sua administração ou 
controle, estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional. A 
mensuração dos bens de uso comum será efetuada, sempre que possível, 
ao valor de aquisição ou ao valor de produção e construção.
Entende­se, portanto, que apesar da semelhança entre os conceitos atribuídos ao 
patrimônio, sob a perspectiva do setor público e privado, há que se observar 
diversos procedimentos peculiares para registro e mensuração dos itens 
componentes do patrimônio público, dadas as exigências legais e objetivos do 
Estado. 
2.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As principais demonstrações contábeis do setor público são Balanço 
Orçamentário, Balanço Financeiro, Balanço Patrimonial e Demonstração das 
Variações Patrimoniais e estão previstas no artigo 101 da Lei 4.320/64.
O Balanço Orçamentário apresentará as receitas previstas e as despesas 
fixadas em confronto com as realizadas, em conformidade com a Lei 4.320/64, art. 
102. Pela redação da NBC T 16.6, item 20, o Balanço Orçamentário evidencia as 
receitas e as despesas orçamentárias, detalhadas em níveis relevantes de análise, 
confrontando o orçamento inicial e as suas alterações com a execução, 
demonstrando o resultado orçamentário.
Kohama (2010, p. 255) conceitua balanço orçamentário como:
 
Um quadro de contabilidade com duas seções, em que se distribuem as 
receitas previstas no orçamento como também as realizadas, e as 
despesas fixadas e as realizadas, igualando se as somas opostas com os 
resultados, o previsto e o realizado, e o déficit ou superávit.
O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem 
como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra orçamentária, conjugados
com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se 
transferem para o exercício seguinte, de acordo com a Lei 4.320/64, art. 103. 
Conforme o item 23, da NBC T 16.6, O Balanço Financeiro evidencia as receitas e 
despesas orçamentárias, bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentários, 
conjugados com os saldos de caixa do exercício anterior e os que se transferem 
para o início do exercício seguinte.
Para Mota (2009), em consonância com a lei 4.320/64, o balanço financeiro é
um quadro com duas colunas denominadas de Receita (ingressos) e Despesa (
dispêndios), diferenciadas ainda em orçamentária e extraorçamentária, onde as 
colunas se igualam quando da inclusão dos saldos de disponibilidades do exercício 
anterior e dos saldos de disponibilidades que passam para o exercício seguinte.
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
De  acordo com o caput do artigo 105 da Lei nº 4.320/64, o balanço 
patrimonial demonstrará o ativo financeiro, o ativo permanente, o passivo financeiro,
o passivo permanente, o saldo patrimonial e as contas de compensação. Estabelece
a NBC T 16.6, item 12, que o Balanço Patrimonial, estruturado em Ativo, Passivo e 
Patrimônio Líquido, evidencia, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial
da entidade pública.
Segundo Silva (2003), o Ativo é representado por contas que representam 
direitos e bens, dividido em financeiro e permanente. O Passivo é representado 
pelas obrigações e formado também pelo financeiro e permanente. O patrimônio 
líquido pela diferença entre ativo e passivo.
Afirma Kohama (2012, p. 268)
A Demonstração das Variações Patrimoniais é um quadro de contabilidade 
com duas seções, Variações ativas e Variações Passivas, onde são 
distribuídos os elementos que alteraram o patrimônio durante o exercício, 
identificando por contas que, por si só, identificam o tipo de variação 
ocorrida e onde a igualdade das somas é obtida pelo déficit ou superávit, 
que corresponde ao resultado patrimonial do exercício.
A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações 
verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, 
e indicará o resultado patrimonial do exercício. Pelo item 25, da NBC T 16.6, A 
Demonstração das Variações Patrimoniais evidencia as variações quantitativas, o 
resultado patrimonial e as variações qualitativas decorrentes da execução 
orçamentária.
2.4 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A análise e a verificação das Demonstrações tem como objetivo preparar os 
indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão orçamentária, 
financeira e patrimonial. Os quocientes são importantes instrumentos para que se 
proceda a análise dos Balanços Públicos. 
Conforme Kohama (2000), são quocientes importantes e adequados para 
análise e interpretação dos resultados fornecidos pelas Demonstrações Contábeis:
1  Aplicáveis ao Balanço Orçamentário  Quociente de Execução da Receita, 
Quociente do Equilíbrio Orçamentário, Quociente de Cobertura dos 
Créditos Adicionais, Quociente da Execução da Despesa,Quociente do 
Resultado Orçamentário;
2  Aplicáveis ao Balanço Financeiro  Quociente da Execução Orçamentária, 
Quociente Financeiro Real da Execução Orçamentária, Quociente da 
Execução Orçamentária Corrente, Quociente da Execução Orçamentária 
de Capital, Quociente da Execução Extra Orçamentária, Quociente do 
Resultado da Execução Financeira, Quociente do Resultado dos Saldos 
Financeiros;
3  Aplicáveis ao Balanço Patrimonial  Quociente da Situação Financeira, 
Quociente da Situação Permanente, Quociente do Limite de 
Endívidamento I, Quociente do Limite de Endívidamento II, Quociente do 
Dispêndio da Dívida, Quociente do Resultado Patrimonial; e
4  Aplicáveis a Demonstração das Variações Patrimoniais  Quociente da 
Mutação Patrimonial Passiva, Quociente da Mutação Patrimonial Ativa, 
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Quociente do Resultado das Mutações Patrimoniais, Quociente do 
Resultado das Variações Patrimoniais Independentes da Execução 
Orçamentária, Quociente do Resultado das Variações na Parte 
Permanente, Quociente Patrimonial da Execução Orçamentária e 
Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais.
O uso contínuo e sistemático dos indicadores e quocientes consegue 
fornecer, além de instrumentos eficazes de controle, tanto por parte do poder 
público como por parte da população, meios para o acompanhamento e a 
programação orçamentária, financeira e patrimonial dos entes públicos.
3. ANÁLISE DÍVIDA PÚBLICA  CONCEITOS E APLICAÇÕES.
Em 05/05/2014 o secretário da fazenda deu a seguinte declaração:
Pernambuco aumentou o nível de seu endívidamento no último ano. Porém
, ainda estamos com folga. A argumentação é de Décio Padilha, secretário 
da Fazenda de Pernambuco. Segundo ele, mesmo o volume da dívida 
estadual passando de 45,8% (2012) para 52,7% (2013), a "saúde" das 
contas do estado está excelente. O grande motivador dessa elevação foi a 
contratação de R$ 1,2 bilhão de novos contratos para investimentos de 
2014 a 2017. Em 2013, a receita própria (fruto de arrecadação) mais as 
transferências (empréstimos) somaram pouco mais R$ 20 milhões contra 
uma dívida de R$ 11,2 milhões no mesmo ano.
Para entender a declaração acima e tirar as devidas conclusões, tem­se de 
analisar os aspectos da dívida, e principalmente seu financiamento.Segundo a 
secretaria do tesouro nacional temos:
Dívida Pública: compromissos de entidade pública decorrente de operações
de créditos, com o objetivo de atender as necessidades dos serviços 
públicos, em virtude de orçamentos deficitários, caso em que o governo 
emite promissórias, bônus rotativos, etc., em curto prazo, ou para a 
realização de empreendimentos de vulto.... (STN,2007)
A dívida pública é compromisso da entidade pública, sendo classificada em 
interna ou externa, flutuante, administrativa ou de tesouraria ou consolidada, 
fundada ou inscrita. O que é exigido do governo é que as dívidas sejam pagas em 
dia. Tem­se que honrar nossas obrigações de juros e principal em dia, e para isso 
muitas vezes emiti­se novos títulos para gerar receita refinanciando a dívida. Ou 
criando novos impostos.
Para mensurar a dívida pública faz­se uso da relação dívida/Produto interno 
Bruto de acordo com Giambiagi:
A dívida pública pode crescer indefinidamente da mesma forma que a 
dívida de uma empresa que está permanentemente expandindo se não 
implica maiores riscos para o credor, desde que a empresa não deixe de 
crescer. O que não pode crescer sempre é a relação dívida/PIB. (
GIAMBIAGI, 2008, PAG.218).
3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DA DÍVIDA PÚBLICA
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Há que se entender a Dívida pública pela ótica equivalência Ricardiana, onde
tem­se:
Nem os déficits nem a dívida têm nenhum efeito sobre a atividade 
econômica(...) Suponhamos que o governo diminua os impostos em 1 
esteano. Suponhamos também que, ao fazer isso, ele anuncie que para 
saldar a dívida elevará os impostos em 1+r no ano vindouro (BLANCHARD,
2001, PÁG 581)
A dívida pública caracteriza se pelo déficit do governo em uma ou várias 
áreas gastando mais do que arrecadando.
 Uma pessoa física ou jurídica que se dispuser a apertar o cinto durante um
certo período, para quitar as suas dívidas, será premiada pelo pagamento 
destas e, portanto terá uma melhora no seu fluxo de caixa futuro. Já o 
governante que seguir um comportamento desse tipo corre o risco de ser 
julgado como um administrador inoperante e de deixar o terreno livre de 
problemas para que um sucessor do partido oposicionista colha os frutos 
de sua austeridade, por não ter que assumir mais os encargos da dívida 
que terá sido paga. (GIAMBIAGI, 2008, pág. 215).
Ou seja, há um trade off entre os interesses políticos dos governantes e a 
saúde financeira do estado, em tese existem teorias que aprovam o comportamento
do estado, porém analisando a conjuntura oferecida, sabe­se que juros encima de 
juros gera algo que pode ser impossível de ser quitado.
Faz se importante destacar as definições básicas sobre dívida e 
endívidamento trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei nº 101/2000) em 
seu Capítulo 07 (sete), Seção 01, art. 29:
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes 
definições:
I   dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem 
duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em 
virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações 
de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;
II   dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos 
emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e 
Municípios;
III   operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de 
mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de 
bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de 
bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, 
inclusive com o uso de derivativos financeiros;
IV   concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação 
financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele 
vinculada;
V   refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para 
pagamento do principal acrescido da atualização monetária.
§ 1 oEquipara se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a 
confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das 
exigências dos arts. 15 e 16.
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
§ 2 oSerá incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à 
emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil.
§ 3 oTambém integram a dívida pública consolidada as operações de 
crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do 
orçamento.
Essa teoria demonstra o quanto uma situação passa a ser transitória a curto 
prazo dependendo da política adotada, visto que a mesma deverá ser compensada 
no futuro. Se amparados nessa ideia, introduz­se a teoria contábil da continuidade.
3.2 FINANCIAMENTOS DA DÍVIDA
O modelo de crise de débito de ROMER, nesse modelo enquadrado aqui 
permiti­se entender o motivo pelo qual as taxas de juros são divergentes entre os 
países e como funciona a indexação da dívida ou rolagem ou ainda, 
refinanciamento:
Consideando que o governo de um determinado país tem uma dívida D com 
finalidade de atrair investidores para financiar sua dívida, tería que pagar um premio
a esses investidores que seria o risco para esse investimento, assim o título emitido
seria em seu final D + prêmio. Contando que esse D já estejam todos os encargos 
da dívida.
E em relção aos impostos, tem­se que analisaruma tributação mínima que 
cobriria os encargos sem ágio, de modo a sanar as dívidas sem a intenção de pagar
mais por elas.
Falando ainda de maneiras de financiamento da dívida, pode­se entrar na 
linha da senhoriagem ou seigniorage, que seria a emissão de moeda. Analisando 
assim os impactos da emissão de papel moeda na economia, verifica­se uma 
aceleração inflacionária indesejada.
Note que todos os métodos de financiamento são danosos a sociedade, porém 
seguindo a linha de raciocínio Ricardiana e os interesses políticos, a rolagem se torna o
verdadeiro foco da política fiscal para financiamento da dívida, pois ela não inflaciona a
economia, apenas gera mais dívida. Em contrapartida ela gera a atração de divisas,
ou capital estrangeiro, que muito nos é necessária e desejada.
O setor público é acompanhado com estatísticas fiscais de acima da linha e 
abaixo da linha
As estatísticas fiscais desagregadas que apresentam as variáveis de receita 
e de despesa, são chamadas acima da linha, enquanto que a variável que mede 
apenas a dimensão do desequilíbrio através da variação do endívidamento público 
sem que se saiba ao certo se este mudou por motivos ligados à receita ou à 
despesa é denominada de estatística abaixo da linha. (GIAMBIAGI,2001,PÁG 69).
O critério abaixo da linha leva em consideração apenas os itens de 
financiamento apurando o desempenho fiscal do Governo por intermédio do cálculo 
de variação do endívidamento líquido em determinado período. Já o acima da linha, 
apura o desempenho fiscal do Governo mediante a apuração dos fluxos de receitas 
e despesas orçamentárias em determinado período. (Ministério do Planejamento,
2017)
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1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Assim sendo, quando em um período registra uma despesa maior que a 
receita pelo critério acima da linha isso viria a ser um déficit nominal, já quando há 
uma variação no valor do endívidamento público sem que se saiba a contabilização 
entre despesa ou receita, esse é contabilizado na necessidade de financiamento do
setor público (NFSP) pelo método abaixo da linha. Já a NFSP seria igual a Variação
da Dívida líquida do setor público DLSP. 
Contudo tal igualdade na representa a realidade, pois a fatores que geram 
uma variação na DLSP sem afetar a necessidade de financiamento, que seriam as 
privatizações e ajustes patrimoniais, ou seja, quando a empresa é privatizada ocorre
apenas uma transferência de ativos financeiros entre o setor público e o privado, já 
por ajustes patrimoniais, o impacto gerado nas contas já ocorreu em um período 
anterior então só há uma realização contábil desse ajuste.
A formação do estoque de dívida pública é, por definição, determinada pela 
evolução das necessidades de financiamento do setor público (NFSP).
3.3 ENTENDENDO A LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL
A lei da Responsabilidade Fiscal, entra como uma importante ferramenta 
para equilibrar a economia. Com ela os estados ficam controlados. O governo de 
Fernando Herique Cardoso, tenta organizar a economia com o Plano Real e com a 
LRF, os estados não mais estão soltos, de modo que, os governantes não mais 
podem fazer o que bem entenderem e se endívidar incontrolavelmente. Essa lei 
estabeleceu metas a serem cumpridas.
O Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal   PAF, firmado em 1999 pelo 
Estado de Pernambuco com a União, é parte integrante do contrato de assunção e 
renegociação da dívida ao amparo da Lei nº 9.496/97. No âmbito das negociações 
com a Secretaria do Tesouro Nacional  STN, o Estado se propôs a adotar ações 
que possibilitassem alcançar metas ou compromissos relativos a:
a) Relação Dívida Financeira/Receita Líquida Real;
b) Resultado Primário;
c) Despesas com Funcionalismo Público;
d) Receitas de Arrecadação Própria; e
e) Despesas com Investimentos.
O objetivo principal do Programa consiste na geração de Resultados 
Primários suficientes para, juntamente com as receitas de operação de crédito e de 
alienação de bens, honrar o Serviço da Dívida mantendo se o equilíbrio fiscal do 
Estado.
O Programa pactua metas para o ano em curso e os dois outros 
subsequentes, sendo que, anualmente, poderão ser realizados a atualização 
dessas metas para um novo triênio. Estes procedimentos deverão ser observados 
até 2028, enquanto perdurar o contrato de refinanciamento.
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Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
Na fixação de metas e previsões de receitas e despesas do Programa, 
adota se o conceito de fontes de recursos do tesouro estadual, em conformidade 
com a metodologia da STN.
3.4 RECEITA CORRENTE LÍQUIDA  RCL
Um conceito importante e necessário para entender como funciona a LRF é a 
Receita Corrente Líquida (RCL), uma vez que ela é a base para todos os cálculos. 
Ela é o somatório das receitas tributárias, de contribuições patrimoniais, industriais, 
agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também 
correntes. Dela são deduzidos:
1. Na União   os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação
constitucional ou legal, e as contribuições para a previdência social do 
empregador incidente sobre prestação de serviço de terceiros e a 
contribuição à previdência feita pelo trabalhador e também as contribuições 
para o PIS (Programa de Integração Social);
2. Nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação 
constitucional;
3. Na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas 
provenientes da compensação financeira entre diferentes sistemas de 
previdência.
A verificação da RCL deve ser para o período de um ano, mas não 
necessariamente o ano civil. Então, para verificar a RCL do mês de abril, por 
exemplo, de um determinado exercício financeiro, devemos contar as receitas 
arrecadadas desde maio do exercício anterior até o mês de abril em questão.
4. METODOLOGIA
O Método é o conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem 
vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar 
determinado fim(Galliano, 1979, p.6).
Segundo Gil (2002), o estudo de caso consiste no estudo profundo e 
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado 
conhecimento. Para Yin (2001), este estudo é encarado como o delineamento mais 
adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro do seu 
contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente 
percebidos.
A presente pesquisa permite desenvolver um estudo específico de um caso, 
buscando obter informações sobre o endividamento do estado de Pernambuco, em 
relação a Dívida Fundada Interna, Externa e Flutuante, no último quadriênio, através 
da aplicação de quocientes financeiros aplicáveis a contabilidade pública.
Para a coleta de informações foram utilizados dados secundários fornecidos 
pelos Balanços Gerais do Estado, disponíveis no sitio eletrônico da Secretária da 
Fazenda do Estado de Pernambuco, cujo conteúdo apresenta o resultado e a 
composição patrimonial, bem como a execução do orçamento fiscal do Estado.
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2 Professor orientador:
Os relatórios contábeis, tanto na área pública como na privada, apresentam 
uma série de dados aos usuários. Estes dados podem não auxiliar de forma clara os 
objetivos de apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de 
contas e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.
Para que seja alcançado o objetivo deste trabalho busca­se a análise dos 
indicadores financeiros obtidos, de forma que os dados possam ser transformados 
em informações que depois de interpretadas prestem esclarecimentos ao tema 
proposto.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do cenário nacional de crise, o Estado de Pernambuco vem, ao longo 
do último quadriênio, apresentando valores positivos e crescentes referentes ao 
Produto Interno Bruto. Acompanhados também por uma maior arrecadação. A 
contabilidade aplicada ao setor público é um dos instrumentos mais eficazes para 
avaliar a gestão do patrimônio público, pois fornece informações para adequada 
prestação de contas e instrumentalização do controle social.
O estudo da composição e qualidade da Dívida Pública do Estado de 
Pernambuco  revela­se importante para esclarecer  como anda o endívidamento do 
estado, quem são seus maiores credores,  a que percentual as Dívidas Fundadas 
Interna e Externa estão aumentando e quais quocientes financeiros são mais 
adequados para analisar o endívidamento estadual.
Quanto a composição da dívida pública, de uma forma geral, não apresentou 
uma grande modificação, visto que seus credores foram os mesmos nos anos de 
2013, 2014, 2015 e 2016, quais sejam a Caixa Econômico Federal, o BNDES, o 
Banco do Nordeste, o Tesouro Nacional, o BID e o BIRD.
Atráves da aplicação dos quocientes financeiros e dos anexos 16 e 17 
exigidos pela  lei 4.320/64, pode­se verificar que tanto a Dívida Pública Fundada 
Interna quanto a Externa sofreram constantes aumentos anuais, mas que não 
comprometem o orçamento do estado nem representam aumento do endívidamento,
pois a Receita Corrente Líquida também teve seus valores crescentes, o que torna o
percentual das dívidas dentro do permitido legalmente.
 
REFERÊNCIAS
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Desempenho da economia de Pernambuco  3º Trimestre de 2014 .Disponível em: <
http://www.condepefidem.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3670f27e 513 
b 44f4 aea5 ab6bf5bad6c0&groupId=19941>. Acesso em 15 mai.2015.
13
1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente,.  Direito administrativo descomplicado.  
20. ed., rev. atual. [São Paulo]: Método, 2012.
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MOTA, Francisco Glauber Lima.  Contabilidade aplicada ao setor públio.  Brasilia: [o 
autor], 2009.
14
1 Pós­Graduando do Curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal do Centro 
Universitário UNINTER;    
2 Professor orientador:
SILVA, Lino Martins da.  Contabilidade governamental:  um enfoque administrativo. 6.
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YIN, Robert K.  Estudo de caso:  Planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: 
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Balanços Gerais do Estado de Pernambuco
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display%2Fview&_110_INSTANCE_Wt2Y_folderId=5877262> Acesso em: 08
junho.2017

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