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Poda e manejo da parte áerea do cafeeiro

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Prévia do material em texto

Prof. José Marcos Angélico de Mendonça 
Profa. Luciana Lopes Mendonça 
 
 
Nota de Aula 
 
 
 
Podas do 
Cafeeiro 
 
 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
2 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
 
 
Meta 
Apresentar os tipos de podas que podem ser realizadas no cafeeiro, 
bem como analisar a relação de custo/benefício desta prática na cultura. 
 
Objetivos 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1) Compreender os principais fatores técnico-econômicos relacionados à 
poda do cafeeiro; 
2) Conhecer os tipos de podas que podem ser realizadas no cafeeiro; 
3) Relacionar a poda adequada para cada lavoura, em função de suas 
características vegetativas e reprodutivas; 
4) Planejar o manejo da parte aérea da lavoura com uso de podas 
programadas. 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
3 NA 01. Podas do Cafeeiro 
1. Aspectos da morfo-fisiologia do cafeeiro ligados à poda 
 
A poda do cafeeiro é uma prática bastante difundida entre os cafeicultores, 
principalmente naquelas lavouras que sofreram danos por geadas ou chuvas de 
granizo. Além disso, o corte das plantas é direcionado para lavouras que 
receberam ataque intenso de pragas ou doenças, sendo necessária a eliminação 
de parte das plantas danificadas. 
Atualmente, além das situações acima, a poda de cafeeiros está sendo 
demandada para otimizar áreas produtivas promovendo redução de custo de 
produção, com a utilização de podas programadas em sistema adensados e 
superadensados. 
Contudo, podar uma lavoura cafeeira não se trata, simplesmente, de 
efetuar o corte de alguma parte das plantas. A prática da poda do cafeeiro deve 
ser algo mais criterioso, levando em consideração fatores relacionados às 
plantas, ao nível tecnológico adotado do cafeicultor, às máquinas disponíveis 
para a operação, entre outros, usando como base os conhecimentos de 
morfologia e fisiologia do cafeeiro. 
 
Apenas relembrando... 
 
A produção dos frutos do cafeeiro ocorre nos nós dos ramos plagiotrópicos 
produzidos na estação de crescimento anterior. É fundamental que você lembre-
se disso. A produção dos frutos do cafeeiro é obtida da porção nova dos ramos 
plagiotrópicos. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
4 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Fazendo uma análise cronológica dos eventos ligados à produção do 
cafeeiro e inserindo esse raciocínio no calendário agrícola, vamos adotar como 
referência, o ano de 2019. Podemos pensar o seguinte: 
 
1. Crescimento dos ramos plagiotrópicos na estação quente e 
chuvosa entre setembro de 2019 e março de 2020. Com isso, são 
produzidas gemas seriadas nos ramos plagiotrópicos localizadas 
nas axilas foliares. Obviamente, quanto maior o número de pares 
de folhas produzidos, maior será a capacidade produtiva das 
plantas, como já estudado!!! 
 
2. Após a estação chuvosa, iniciando o período seco e 
com temperaturas mais baixas, as plantas iniciam uma 
fase conhecida por diferenciação e dormência de gemas. 
Nesse momento, ocorre a preparação das gemas 
seriadas para antese, no início da estação quente e 
chuvosa que está se aproximando, setembro de 2020. 
 
3. Com a elevação da temperatura e ocorrência de chuvas, ocorre 
a antese (abertura das flores) a partir de setembro, na maior parte 
das áreas cultivadas. Os detalhes sobre a abertura das flores, 
bem como sobre a auto-fecundação já foram discutidos 
anteriormente. 
 
4. Após a antese e queda das flores, inicia-se a fase de 
frutificação, com os frutos na fase de chumbinho que se 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
5 NA 01. Podas do Cafeeiro 
desenvolvem até atingir a fase de fruto maduro, momento 
recomendado para a realização da colheita, a partir de 
maio de 2021. 
 
 Por isso é dito que a produção do café ocorre na porção do ramo 
plagiotrópico crescida no ano anterior e ainda, em função dos fatos acima, 
podemos perceber que o crescimento dos ramos é fundamental para a obtenção 
de altas produtividades, visto que a quantidade de café produzida por planta está 
em função do vigor vegetativo das plantas na estação de crescimento do ano 
anterior... 
 
 
Não é objetivo da disciplina de Poda do 
Cafeeiro entrar nos quesitos do florescimento e 
frutificação das plantas, como já ocorrido na 
diciplina de Morfologia e Fisiologia do Cafeeiro. 
Mas, os entendemos como de vital importância 
para o entendimento do assunto que aqui será 
abordado. 
 
 Ainda, é preciso observarmos uma questão quanto ao crescimento das 
plantas: as gemas conhecidas por cabeça-de-série e as seriadas, presentes 
tanto nos ramos plagiotrópicos quanto nos ortotrópicos! 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
6 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: UNEB, 2010 
Já sabemos que em cada nó presente nos ramos 
das planta, seja ortotrópico ou plagiotrópico, existe uma 
série de gemas de cada lado, sendo composta por uma 
gema maior em destaque chamada de Cabeça-de-série 
e por outras 5 a 6 gemas menores, as gemas Seriadas. 
 
A figura seguinte traz o esquema das gemas e ramos do cafeeiro. 
 
Fonte: Fahl, 2005. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
7 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Gemas cabeça-de série presentes tanto nos ramos ortotrópicos quanto 
nos plagiotrópicos, produzirão apenas ramos plagiotrópicos. As gemas seriadas 
presentes nos ramos ortotrópicos produzirão novos ramos ortotrópicos, que 
podem chamados de ramos-ladrões (quando indesejáveis!!!) ou de broto, 
quando da renovação da lavoura após uma poda. Já nos ramos plagiotrópicos, 
as gemas seriadas podem seguir por dois caminhos: a produção de ramos 
plagiotrópicos, com objetivo de revigorar as plantas ou em flores, em anos que 
as plantas apresentam bom enfolhamento. 
Para melhor planejar o manejo da parte aérea do cafezal, entender o 
comportamento da plantas após a realização da poda é muito importante, 
permitindo que a recomendação de uma ou outra poda esteja sendo feita de 
forma correta. 
 
Sugestão: 
Revise o material da disciplina de Morfologia e Fisiologia do Cafeeiro, 
principalmente nos tópicos que listamos acima, antes de avançar na disciplina 
de Podas do Cafeeiro! Sua compreensão será bem mais fácil e mais aplicada! 
 
 
2. Objetivos da poda 
 
 Segundo Melles e Guimarães (1985), citados por Guimarães et al (2002), 
as podas têm como objetivo principal, recuperar as plantas ou parte delas que 
não estão atendendo economicamente ao padrão da cultura, sendo feitas a fim 
de: 
 manter uma relação adequada de colheita por área; 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
8 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 estabilizar o nível de produção diminuindo as diferenças dos índices de 
produtividades em anos de baixa e de alta carga pendente de frutos; 
 ajudar na eficiência do controle fitossanitário; 
 manter o arejamento da planta facilitando a entrada de luz; 
 adequar as lavouras para a colheita. 
 
Ainda, podemos pensar em aumentar a capacidade de crescimento dos 
ramos plagiotrópicos em lavouras mais velhas, já que a taxa de emissão de 
novos pares de folhas diminui em ramos muito compridos, entre outros que serão 
discutidos nesse módulo. 
 
3. A tomada de decisão para a realização da poda 
 
A decisão de podar ou não uma lavoura cafeeira deve ser feita após a 
análise de alguns ítens pelo técnico e pelo produtor, de forma conjunta. No caso 
de lavouras com podas programadas como em sistemas adensados, por 
exemplo, a realização das podas deve seguir o calendário previamente definido. 
Caso não sejam prontamente executadas no momento planejado, corre-se um 
grande risco do insucesso na atividade, com adoção de manejo da parte aérea 
das plantas incompatível com o sistema de implantação. 
Assim, algumas perguntas devem ser respondidas antes de se decidir 
sobre a realização ounão da poda: 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
9 NA 01. Podas do Cafeeiro 
a) A lavoura já atingiu altas produtividades e as plantas apresentam bom 
vigor? 
A capacidade produtiva da cultivar que está sendo trabalhada na área 
deve ser analisada, bem como o vigor das plantas, como a taxa de crescimento 
e produção, ocorrência de depauperamento em função de produção, entre 
outros. 
Nesse caso, quando se tratar de cultivar muito antiga e que nunca 
manifestou produções significativas, recomenda-se o arranquio das plantas e 
implantação de nova cultivar com características melhoradas, como vigor, porte, 
resistência à doenças e pragas, entre outras. A poda das plantas não promoverá 
aumento da produtividade na propriedade, pois a limitação é a capacidade 
genética das plantas. 
 
b) O estande de plantas atende aos critérios técnico-econômicos 
necessários para a cafeicultura? 
Deve-se levar em consideração tanto o número de plantas por hectare 
quanto a disposição destas plantas na área, num contexto mais atualizado da 
cafeicultura na propriedade, numa condição que permita a utilização de 
máquinas, melhor aproveitamento dos insumos, racionalização da mão-de-obra, 
por exemplo. 
Vamos analisar um caso: uma lavoura cafeeira plantada em sistema 
tradicional de covas, com espaçamento de 4,5 x 2,5 com duas plantas por cova 
que já foi muito usada na cafeicultura antigamente... 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
10 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Nesse caso, teremos 11,25 m2 por cova, resultando em 889 covas por 
hectare. Isso é o estande! Considerando que em anos de alta carga, possa ser 
colhidos em torno de 20 litros de café da roça em cada cova, em média, teremos 
uma produtividade estimada em aproximadamente 39 sacas de café beneficiado 
por hectare. 
Um detalhe: 20 litros de café por cova em média é uma produção por cova 
considerada alta, com possibilidade de causar alguns danos às plantas, como 
seca de ramos, ataque intenso de doenças como a ferrugem e cercosporiose, 
entre outros. 
Em função do forte dreno causado pela alta carga de frutos, ocorre baixo 
crescimento dos ramos plagiotrópicos e, consequentemente, baixa produção no 
ano seguinte. Sendo o café uma planta que apresenta ciclos bienais de altas 
produções, a produtividade média dessa lavoura será baixa. 
Nesse caso, podar não irá resolver esse problema, pois o estande 
continuará sendo o mesmo. A recomendação é arranquio e implantação de nova 
lavoura com estande adequado. 
 
c) Existe alguma prática agrícola que possa ser adotada para aumentar a 
produção? 
Em algumas situações, tanto o cafeicultor quanto o técnico deixam de 
adotar práticas agrícolas importantes, promovendo um manejo incorreto da 
lavoura e a realização de podas na maioria das vezes, não se aplica. 
Nesse caso, o uso de técnicas corretas como a adubação racional com 
base em análises anuais da fertilidade do solo e da folha, amostragem de pragas 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
11 NA 01. Podas do Cafeeiro 
e doenças, manejo de plantas expontâneas de forma racional, com uso de 
roçagens aliada à controle químico com herbicidas, são alguns exemplos de 
práticas que podem ser implantadas com finalidade de aumento da capacidade 
produtiva das plantas. 
 
d) O preço do café compensa realizar uma poda das plantas ou é mais 
interessante que a implantação de uma nova lavoura? 
Nesse caso, deve ser feita uma análise considerando a realização de 
poda da lavoura, com possibilidade de retorno mais rápido de produção em anos 
de preços melhores em comparação à implantação de nova lavoura com 
possibilidade de adoção de cultivar mais nova melhorada geneticamente 
correção do solo em profundidade, adequação do estande e também, do arranjo 
espacial das plantas, entre outros. 
Ainda em relação ao preço do café, em anos de preços baixos, a 
realização de poda nas plantas pode ser uma estratégia de redução de custos e 
renovação da lavoura na época de crise, preparando-se para uma fase de preços 
altos. 
De forma geral, para analisar a viabilidade de podar um arrancar uma 
lavoura cafeeira, o profissional deve usar embasamento técnico em diversas 
áreas da cafeicultura, tomando as decisões adequadas para a situação da 
propriedade cafeeira num contexto técnico e econômico. 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
12 NA 01. Podas do Cafeeiro 
4. Principais fatores que induzem à necessidade de podas 
 
Vários são os fatores capazes de levar uma lavoura à necessidade de 
realização de podas. Aqui, estudaremos os de maior ocorrência. 
 
a) Geadas ou chuvas de granizo 
A ocorrência de geadas em cafeeiros pode causar a queima de parte das 
plantas e até mesmo da planta toda, dependendo da gravidade do evento 
climático. No caso de morte de parte das plantas, recomenda-se a realização de 
poda em local abaixo da região que foi danificada pela baixa temperatura. 
Observe a foto ao lado. 
Note a queima do ponteiro das 
plantas causada por ventos 
frios, chamada de geada de 
capote. Nesse caso, retira-se 
apenas o terço superior das 
plantas. 
Fonte: CNC, 2009 
 
As chuvas de granizo podem causar desfolha intensa do cafeeiro e 
também, a quebra de muitos ramos. Nesse caso, deve-se proceder da mesma 
maneira acima, retirando-se a porção danificada das plantas. 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
13 NA 01. Podas do Cafeeiro 
b) Fechamento das entrelinhas de plantas 
A escolha de espaçamento mais próximos entre as linhas de plantas 
podem causar o fechamento rapido das entrelinhas, dificultando o trânsito dentro 
da lavoura, a realização de tratos culturais, como pulverizações e até mesmo, a 
colheita. 
A lavoura abaixo é da cultivar Mundo Novo, plantada com espaçamento 
de 2,0 x 0,7 demonstrando o fechamento da entrelinha. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Com relação à fisiologia das plantas, o fechamento promove uma redução 
significativa do arejamento, promovendo maior ocorrência de doenças como a 
ferrugem, por exemplo e favorecendo a ocorrência de broca do café. Além disso, 
devido ao fechamento e auto-sombreamento intenso, ocorre uma redução da 
taxa fotossintética das folhas dos ramos plagiotrópicos baixeiros das plantas, 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
14 NA 01. Podas do Cafeeiro 
pela menor entrada de luz, promovendo a queda das folhas e morte dos ramos 
por falta de fotoassimilados. 
As figuras abaixo ilustram essa situação. Perceba a ausência de ramos e 
folhas no terço inferior das plantas. Consequentemente, haverá queda da 
capacidade produtiva da lavoura. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
15 NA 01. Podas do Cafeeiro 
c) Depauperamento das plantas 
Conforme já discutido em outros módulos, a alta carga pendente de frutos 
por planta é um fator que deve ser evitado, visto que muitas injúrias às plantas 
são originadas como a seca de ramos, maior ataque de doenças, ocorrência de 
maior porcentagem de frutos chochos e mal granados, entre outros. Apenas 
relembrando, uma estratégia para se diminuir o efeito das altas cargas é o 
adensamento... 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Pois bem... No caso de lavouras com alta carga de frutos e sinais de 
depaupeamento das plantas, recomenda-se a realização de podas para eliminar 
as partes danificadas das plantas, preparando-se as plantas para novo 
crescimento e produção. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
16 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
Esta planta ao lado, 
demonstra sinais de 
depauperamento em função da alta 
carga de frutos. Seca de ramos 
principalmente do terço superior, 
folhas doentes e amarelecimento 
generalizado. 
Em espaçamentosmais 
largos, o depauperamento das 
plantas é o principal fator que induz à 
necessidade de podas. 
 
 
d) Altura das plantas 
Existe um pensamento de muitos cafeicultores com relação a alturas das 
plantas, os quais relacionam a ocorrência de altas cargas com plantas muito 
altas. De fato, isso é uma verdade. Plantas altas podem apresentar uma maior 
quantidade de café, já que possuem uma maior quantidade de ramos 
plagiotrópicos... Contudo, para o cenário da cafeicultura atual, isso nem sempre 
é sinal de vantagem e alto lucro, principalmente quando relacionado à mão-de-
obra. Observe a lavoura seguinte. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
17 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Esse camarada ai sou eu, Prof. José Marcos... Tenho 1,75m de altura e 
as plantas apresentam em torno de 4,0 metros. Será que nesse caso, a colheita 
será fácil? Acredito que não. Os apanhadores deverão usar escadas que além 
de provocar um atraso significativo na operação, podem causar acidentes com 
consequências sérias. 
Considerando que a mão-de-obra para a colheita do café é o fator de 
maior peso no custo de produção do café, essa prática deve ser realizada de 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
18 NA 01. Podas do Cafeeiro 
maneira mais eficiente possível. Além disso, podemos relacionar o rendimento 
dos trabalhadores na pulverização de plantas maiores, desbrotas, entre outros. 
 
e) Ocorrência de pragas e doenças 
O ataque de pragas e doenças pode ser fator de indução à necessidade 
de podas do cafeeiro, por causar desfolhas significativas e morte de ramos da 
planta. Como exemplo, cito o bicho-mineiro-do-cafeeiro, que é uma praga que 
ataca principalmente o terço do cafeeiro, devido às condições de luminosidade 
e ressecamento das folhas desta região. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
Perceba que existe uma 
área da copa desta planta que 
apresenta ramos secos, sem 
folhas. Isso ocorreu em função 
de desfolha causada por 
ataque de bicho-mineiro-do-
cafeeiro, que por sua vez, 
diminuiu a capacidade de 
realizar fotossíntese no ramo. 
Ou seja, o ramo morreu de 
fome! 
 
Quanto às doenças, tanto a ferrugem e a cercosporiose são importantes, 
por causar queda prematura das folhas, motivando o depauperamento das 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
19 NA 01. Podas do Cafeeiro 
plantas. Mas quero fazer uma observação para outra doença: a mancha de 
Phoma. 
Essa doença, como estudado no módulo referente às pragas e doenças 
do cafeeiro, ataca tecidos novos das plantas, ou seja, folhas novos, ramos novos, 
botões florais, flores e frutos novos. Obviamente, todos devem ser observados 
em campo, mas para nosso caso da disciplina de Podas, farei um estudo da 
morte dos ramos novos das plantas. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
20 NA 01. Podas do Cafeeiro 
A morte das pontas dos ramos devido ao ataque desta doença, pode 
ocasionar o fechamento da planta por superbrotamento. Nesse caso, a planta se 
enfolha excessivamente e não ocorre a entrada de ar e luz no interior da planta, 
aumentando a ocorrência de ferrugem devido ao não-arejamento e diminuindo a 
capacidade produtiva pela falta de luminosidade no interior da planta. 
Assim sendo, tome cuidados com pragas e doenças na lavoura que está 
trabalhando, pois trata-se de um fator muito importante capaz de induzir à queda 
de produção e à necessidade de podas. 
 
f) Baixo vigor 
A queda do vigor do cafeeiro é um fato ocorrência natural em lavouras 
mais velhas, devido ao crescimento dos ramos plagiotrópicos nos anos 
anteriores. Quando jovens, as plantas apresentam um crescimento significativo 
soa ramos plagiotrópicos, produzindo 10 a 15 nós em cada estação de 
crescimento, dependendo obviamente, dos cuidados que recebe do cafeicultor, 
ou seja, adubação equilibrada, manejo de pragas, doenças e plantas 
expontâneas, desbrotas, entre outros. 
Considerando que a produção é consequência do crescimento dos ramos 
plagiotrópicos no ano anterior, normalmente em lavouras que apresentam bom 
vigor vegetativo, as produtividades são altas. 
Contudo, esse crescimento segue uma curva, atingindo seu máximo e 
entrando em declínio, em seguida. Após alguns anos, as plantas conseguem 
emitir poucos pares de folhas nos ramos e a capacidade produtiva fica limitada. 
A figura que segue ilustra esse fato. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
21 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Note o grande comprimento dos ramos e também, a frutificação rala. 
Como já discutido anteriormente, em cada nó do ramo plagiotrópico existem 
duas séries de gemas, sendo uma de cada lado. Com o grande crescimento nos 
anos anteriores, a emissão de folhas novas pelo meristema apical do ramo vai 
diminuíndo, diminue também a emissão de novas séries de gemas capazes de 
originar as flores e consequentemente, após a fecundação, os frutos. 
 
g) Podas programadas 
Em sistemas adensados, a programação de podas deve ser feita no 
momento da implantação da lavoura, já prevendo o fechamento entre as linhas 
de plantas. Assim, antes que ocorram os danos fisiológicos (redução da taxa 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
22 NA 01. Podas do Cafeeiro 
fotossintética das folhas dos ramos baixeiros), morfológicos (morte de ramos do 
terço inferior) e consequentemente redução da capacidade produtiva das 
plantas, deve ser efetuada a poda das plantas. 
Assim, conserva-se a capacidade produtiva da lavoura, devido à 
manutenção de todas as suas partes. 
 
5. Épocas de podas 
Geralmente, a época de realização de poda em lavoura cafeeira é após a 
colheita, de agosto em regiões com menor risco de temperaturas muito baixas 
até setembro. Nesse período, as plantas começam a aumentar seu ritmo 
vegetativo, devido à ocorrência de chuvas e elevação da temperatura. 
Porém, algumas observações devem ser feitas para acertar a melhor 
época de realização da poda nas plantas, devido à características da 
propriedade: 
- em caso de regiões muito frias ou lavouras em maior altitude, deve-se 
aguardar um pouco mais a elevação da temperatura, por volta de 
outubro/novembro, fugindo dos ventos frios qua ainda podem ocorrer à 
noite; 
- em lavouras depauperadas em função de cargas muito altas, 
recomenda-se atrasar a realização da poda devido à planta estar sem 
reservas suficientes para um bom desenvolvimento dos brotos. Em alguns 
casos, deve-se fazer uma adubação de solo e uma de folha com objetivo 
de fortalecer as plantas; 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
23 NA 01. Podas do Cafeeiro 
- em sistemas adensados, com uso de podas programadas, a realização 
das podas o quanto antes têm demonstrado ser mais vantajosa, 
proporcionando maior crescimento dos ramos e elevada produção. 
 
6. Tipos de podas 
 
As podas do cafeeiro são realizadas nos ramos da planta, sendo 
classificadas em função de sua profundidade do corte. São elas: recepa (com 
pulmão e sem pulmão) e decote, realizadas no ramo ortotrópico e 
esqueletamento e desponte, realizadas nos ramos plagiotrópicos. 
 
a) Recepa 
 Recepar um cafeeiro consiste em efetuar um corte entre 30 a 40cm de 
altura do nível do solo no ramo ortotrópico (tronco da planta). Essa poda é capaz 
de reduzir drasticamente o volume da planta, tanto na parte aérea quanto no 
sistema radicular, ou seja, a “morte” da parte aérea da planta devido à eliminação 
de seus ramos promove uma redução proporcional do seu sistema radicular, 
sendo as raízes mais finas as primeiras a morrerem. 
Sua recomendação é direcionada para plantas depauperadas, com morte 
de ramos plagiotrópicos baixeiros (saia do cafeeiro), causada por fechamento da 
lavoura, erros sucessivos na aplicaçãode herbicida não-seletivo, entre outros. 
Após a sua realização, as plantas levam dois anos para iniciar a fase 
produtiva. Por exemplo, o cafeeiro recepado em agosto/setembro de 2019, 
cresce novo ramo ortotrópico e novos ramos plagiotrópicos em 2020 e 2021, com 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
24 NA 01. Podas do Cafeeiro 
florescimento significativo em função desse crescimento de ramos em 2021 e 
colheita em 2022. 
A recepa ainda pode ser classificada em dois tipos: recepa baixa ou sem 
pulmão e recepa alta ou com pulmão. Nas figuras seguintes, estão sendo 
exemplificados os dois tipos de recepa possíveis de serem realizadas no 
cafeeiro. 
 
Recepa baixa ou sem Pulmão 
 
 
Fonte: Fernandes, 2003. 
 
 
 
Recepa alta ou com Pulmão 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
25 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Fernandes, 2003. 
 
A recepa baixa ou sem pulmão é a poda realizada entre 30 a 40cm do 
nível do solo e nesse caso, fica restando apenas o tronco da planta, 
considerando que todos os ramos plagiotrópicos da saia do cafeeiro morreram. 
Na recepa alta ou com pulmão, os ramos plagiotrópicos que ainda existiram nas 
plantas são mantidos, podendo o corte no tronco (ramo ortotrópico) ser a uma 
altura maior, entre 50 a 80cm do nível do solo. 
Efetuar o corte das plantas em altura inferior à 30cm do nível do solo, o 
cafeicultor corre um risco alto de não restarem gemas seriadas viáveis no tronco 
ou ainda, caso presentes, as mesmas não apresentem bom desenvolvimento. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
26 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Assim sendo, nunca recomende o corte abaixo 
de 30cm do nível do solo! 
O termo “pulmão”, como você já deve ter percebido, é usado para 
caracterizar a presença de ramos plagiotrópicos baixeiros restantes nas plantas 
após a recepa. Quando se compara o desenvolvimento pós-poda de cafeeiros 
recepados sem e com pulmão, nota-se que as plantas com pulmão apresentam 
maior desenvolvimento pós-poda. 
No caso das plantas recepadas sem pulmão, os brotos se desenvolverão 
apenas com as reservas contidas na planta, enquanto nas plantas com 
manutenção dos ramos baixeiros, além das reservas da planta, as folhas que 
ainda estão presentes realizam fotossíntese promovendo um incremento da 
energia disponível para o crescimento. 
Outro fato que justifica o maior desenvolvimento dessas plantas com 
pulmão está na continuidade da absorção de água e nutrientes do solo, devido 
à presença das folhas, enquanto nas plantas sem folhas, o fluxo de massa só 
será novamente estabelecido com o surgimento das novas folhas. De forma 
geral, se existirem ramos plagiotrópicos baixeiros nas plantas que serão 
recepadas, eles deverão ser mantidos por mais fracos que eles estejam pelos 
motivos acima citados. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
27 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
Detalhe: 
Plantas 
recepadas sem 
pulmão em uma 
lavoura de Acaiá 
Cerrado 
4,0 x 0,7m 
 
Alguns outros cuidados devem ser tomados para que se obtenha um 
melhor desenvolvimento das plantas, sendo: 
- o corte deve ser feito em bisel (chanfrado, de lado) com intuito de evitar 
que ocorra acúmulo de água e apodrecimento da ponta do tronco; 
- deve-se cuidar para o corte ser contínuo, não causando trincas ou lascas 
no tronco, pois podem prejudicar promovendo o ressecamento da planta e 
prejuízos na emissão dos brotos; 
- antes de realizar a poda, com intuito de facilitar o trabalho, permitir que o 
corte seja feito numa altura padrão e possibilitar maior segurança no uso de 
motosserras, deve ser feito o “palitamento” das plantas. Esta prática consiste na 
eliminação dos ramos plagiotrópicos acima do ponto de corte. Observe a foto 
abaixo. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
28 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
A manutenção dos ramos plagiotrópicos baixeiros da planta é definido ou 
não no momento de realização do palitamento. Se não houver “saia”, o 
palitamento é realizado na planta toda, sendo a recepa sem pulmão; no caso da 
presença de ramos da “saia” do cafeeiro, a altura do palitamento deve preservar 
esses ramos e a recepa será chamada de recepa alta ou com pulmão. 
Como já informado, o palitamento facilita o trabalho de corte das plantas, 
mas ainda, derruba no solo as folhas e ramos das plantas que serão 
decompostos (ciclagem da matéria orgânica) e também, permite que os troncos 
das plantas (ramos ortotrópicos) sejam comercializados, gerando uma renda 
extra para o cafeicultor. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
29 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Antigamente, os cafeicultores realizavam a recepa do cafeeiro apenas 
com um machado. Existe um detalhe: para evitar as trincas no tronco como 
mencionei acima, o corte era feito de baixo para cima, em bisel e de uma vez só! 
Imaginou isso?!?!?!? 
Atualmente, existem máquinas portáteis e tratorizadas que já fazem esse 
serviço, tornado a operação mais rápida, segura e com menos danos às plantas. 
Com relação ao número de brotos que devem ser deixados, o 
procedimento usado em condições de campo é que sejam seguidas as mesmas 
recomendações de estande, entre 5.000 a 10.000 hastes (ramos ortotrópicos, 
nesse caso de lavouras podas) por hectare. 
Seguindo esse procedimento, no caso de uma lavoura com espaçamento 
de 3,0x1,0m, apresentando estande de 3.333 plantas/ha, podemos pensar em 
manter 1 ou 2 hastes por tronco, sendo mantidas 3.333 hastes/ha com 
manutenção de 1 broto por tronco ou 6.666 hastes/ha mantendo-se 2 hastes. 
Ilustrando a manutenção de mais de uma haste por planta, apresentamos a foto 
seguinte, com detalhe na manutenção de 2 brotos por tronco e 
consequentemente, a duplicação do número de hastes por hectare. 
No caso de estande com maior número de plantas por hectare, deve ser 
mantido apenas um broto por tronco, preservando-se o estande original. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
30 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
Detalhe: 
Manutenção de 
dois brotos por 
tronco, duplicando-
se o número de 
hastes por hectare. 
 
Após o desenvolvimento inicial dos brotos (novos ramos ortotrópicos), 
deverão ser efetuadas desbrotas periódicas, com intervalos de 30 a 40 dias após 
a emissão dos brotinhos. Nessa prática, é fundamental que sejam selecionados 
os melhores brotos das plantas, eliminando-se os mais fracos, doentes, com 
anormalidade foliares, bifurcações, bem como os brotos que estiverem muito na 
ponta ou muito abaixo da metade da altura do tronco. 
Outra recomendação importante é a eliminação dos brotos com 
crescimento para a região da entrelinha (rua do cafezal), mantendo-se os brotos 
desenvolvidos no sentido do renque, como ilustrado na foto seguinte. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
31 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Detalhe: 
Plantas em renque, 
podadas, com dois 
brotos em cada 
tronco. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
Esse fato se deve à uma situação muito simples... Vamos imaginar essa 
lavoura podada já em fase de produção, com sua altura reestabelecida e com 
uma boa carga de frutos a serem colhidos, sendo que no momento das 
desbrotas, foram mantidos os brotos com crescimento para o meio da rua de 
café (entrelinha). 
No momento da colheita, o peso dos ramos devido à carga somado à força 
exercida pelos apanhadores para retirar os frutos da planta ocasionarão uma 
quebra excessiva da base das hastes, causando a morte da parte aérea da 
planta. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
32 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Sendo assim, elimine os ramos fracos e mal localizados, mantendo-se um 
número de hastes adequado em função do estande da lavoura. 
 
b) Decote 
O decote docafeeiro é também uma poda realizada no ramo ortotrópico, 
porém, preservando-se uma porção maior desse ramo. Trata-se do corte da 
ponta do ramo ortotrópico, eliminando-se uma pequena porção indesejada e 
mantendo-se íntegros os ramos plagiotrópicos com bom desenvolvimento. 
 
 
Fonte: Fernandes, 2003. 
 
Sua recomendação é direcionada para plantas que apresentam morte de 
ramos plagiotrópicos muito próximos, causando o “cinturamento”. Isso pode ser 
consequência do ataque intenso de bicho-mineiro-do-cafeeiro causando 
desfolha no terço superior das plantas, pelo excesso de carga de frutos no 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
33 NA 01. Podas do Cafeeiro 
ponteiro ou ainda, ocorrência de geadas de capote causando a queima dos 
ramos superiores das plantas. 
Observe uma região 
imediatamente abaixo do 
ponteiro das plantas na foto. É o 
cinturamento, devido à morte dos 
ramos plagiotrópicos, como 
citado acima. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
O decote ainda pode ser recomendado para a manutenção das plantas 
numa altura desejável pelo cafeicultor, com objetivo de facilitar as pulverizações, 
colheitas manuais e até mesmo, a colheita mecanizada. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
34 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
As plantas decotadas 
apresentam, desta forma, uma porção 
de ramos plagiotrópicos intactos 
produtivos que não tem o ciclo de 
crescimento/produção alterados e o 
ponteiro, com emissão de novos brotos 
em crescimento pleno vindos das 
gemas seriadas da ponta do ramo 
ortotrópico cortado pela poda. 
 
Como já observado na recepa, o corte para o decote das plantas também 
deve ser feito em bisel. Observe a foto na sequência. 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal 
Essa foto é de 
um cafeeiro cultivar 
Paraíso plantado no 
campus 
Muzambinho. 
 
O corte nas plantas foi realizada a 1,5m do solo, eliminando-se 
aproximadamente 0,5m das plantas, sendo mantidos dois brotos por planta, 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
35 NA 01. Podas do Cafeeiro 
posicionados no sentido do renque, como discutido nas recepas. A definição da 
quantidade de brotos que devem ser deixados é feita com base no estande da 
lavoura, onde áreas com estandes maiores, mantém-se 1 a 2 brotos por planta. 
Existem alguns cafeicultores que realizam o decote mais alto e não fazem 
as desbrotas, deixando o ponteiro das plantas em “livre crescimento”. Tal fato 
apresenta algumas vantagens como a diminuição do custo da lavoura pela 
redução de mão-de-obra. Porém, permite o “envassoramento” do ponteiro das 
plantas, devendo, nesse caso, ser realizado novo decote das plantas abaixo do 
ponto do corte do decote anterior, após dois a três anos de produção. 
 
c) Esqueletamento 
O esqueletamento do cafeeiro consiste em cortar os ramos plagiotrópicos 
da planta a uma distância entre 20 a 30 cm de distância do ramo ortotrópico. 
Observe o esquema a seguir. 
A figura traz um desenho do esqueletamento do cafeeiro, apresentando 
como a planta fica após a realização do corte (à esquerda) e também, a emissão 
de novos ramos plagiotrópicos e o ramo ortotrópico (à direita). 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
36 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Fernandes, 2003. 
 
Note, no esquema acima, que o corte dos ramos plagiotrópicos ocorreu a 
uma distância padronizada do tronco (ramo ortotrópico), mantendo-se uma 
porção do ramo plagiotrópico com grande possibilidade de ocorrência de gemas 
seriadas, que originarão novos ramos plagiotrópicos. A foto a seguir apresenta 
a uniformidade no corte das plantas em esqueletamento realizado com 
equipamento tratorizado. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
37 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
O corte das plantas é realizado com auxílio de alguns equipamentos, 
manuais ou tratorizados. No caso dos manuais, pode ser usada a foice 
(lembrando que deve ser batida nos ramos de baixo para cima...), a roçadeira 
costal com disco de corte e a esqueletadeira. Para uso em tratores, existem 
algumas esqueletadeiras laterais que não fazem o decote, devendo o mesmo 
ser feito após o esqueletamento e ainda, outras esqueletadeiras com 
decotadeira acoplada, fazendo as duas operações em apenas uma passada na 
lavoura. 
O corte dos ramos plagiotrópicos das plantas induz a uma brotação 
significativa das gemas seriadas desses ramos pela eliminação da ponta do 
ramo e pela quebra da sua dominância apical. Seguindo o mesmo raciocínio, 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
38 NA 01. Podas do Cafeeiro 
quando da realização do esqueletamento do cafeeiro, também deve ser efetuado 
o decote das plantas com objetivo de eliminar a dominância do meristema apical 
do ramo ortotrópico (tronco) e permitir que as brotações sejam abundantes e 
vigorosas. 
Em uma lavoura esqueletada, existe um intervalo de dois anos para nova 
colheita de frutos. Isso se deve ao fato que o cafeeiro necessita de um ano após 
a poda para emissão e crescimento de novos ramos plagiotrópicos e mais um 
ano para o florescimento e frutificação. 
 
E 
então... 
 
 
 
Nessa lavoura, se forem respeitadas as orientações técnicas e as 
condições climáticas forem adequadas ao desenvolvimento das plantas, 
ocorrerá um crescimento dos ramos durante a estação chuvosa (setembro de 
2019 a fevereiro a março de 2020, aproximadamente); terá início ao período de 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
39 NA 01. Podas do Cafeeiro 
dormência de gemas durante a estação seca e fria; ocorrerá o florescimento com 
a chegada das chuvas e elevação da temperatura, em torno de 
setembro/novembro de 2020. 
Com o pegamento floral, os frutos iniciarão o desenvolvimento e a colheita 
ocorrerá entre maio e julho de 2021. Assim sendo, são dois anos até nova 
colheita, partindo do ano de corte para as lavouras esqueletadas. 
Antigamente, a recomendação de esqueletamento seguia a forma de um 
pinheirinho, com distâncias de corte diferentes para o terço superior e inferior 
das plantas. Esse fato causava um crescimento irregular dos ramos 
plagiotrópicos, sendo os ramos do terço inferior pouco cortados e com baixa 
renovação e os ramos do terço superior cortados demasiadamente, 
apresentando ressecamento e morte. Essa recomendação deve ser evitada. 
 
d) Desponte 
 O desponte também é uma poda efetuada nos ramos plagiotrópicos, 
diferindo-se do esqueletamento na distância ou profundidade do corte, que 
nesse caso, é feita apenas na ponta dos ramos plagiotrópicos. Para isso, elimina-
se de 10 a 15 cm da ponta dos ramos plagiotrópicos com objetivo de quebrar a 
dominância apical do ramo e possibilitar brotação secundária. 
Essa poda é simples, pouco severa às plantas, sendo recomendadas para 
lavouras mais novas com baixa ramificação dos ramos plagiotrópicos. As 
lavouras despontadas apresentam maior emissão de ramos secundários e 
terciários e maior enfolhamento. Sua capacidade produtiva não é diminuída no 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
40 NA 01. Podas do Cafeeiro 
ano do corte, devendo o manejo nutricional ser feito normalmente em função da 
estimativa de safra da lavoura. 
 
7. Podas Programadas 
 
Conforme já discutido na primeira parte dessa NA, a programação de 
podas em lavouras cafeeiras adensadas deve ser uma das decisões tomadas 
durante a implantação da lavoura. Da mesma forma e com a mesma importância, 
a realização das podas programadas na lavoura deverá ser efetuada seguindo 
a programação. 
É muito comum entre os cafeicultores, a implantação da lavoura cafeeira 
em sistema adensado e com o passar dos anos, com as altas produções 
colhidas, alto vigor das plantas e excelente enfolhamento ocorrido, o calendário 
das podas não ocorrer como foi planejado. Assim, passa-se um ano coma 
lavoura fechada e os ramos plagiotrópicos baixeiros começam a morrer e inicia-
se a fase de declínio produtivo da lavoura. 
No caso de lavoura adensadas, o cumprimento do planejado é 
fundamental para a manutenção do vigor vegetativo e da capacidade produtiva 
das plantas. 
A seguir, existe um esquema de uma lavoura implantada em sistema 
adensado. Cada círculo verde representa uma planta em fase adulta produtiva. 
Perceba que existe pouco espaço entre as plantas, tipicamente representando o 
sistema. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
41 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
Neste ítem Podas Programadas, faremos um estudo de alguns sistemas 
de manejo da parte aérea das plantas, aliando-se renovação dos ramos 
produtivos e produção de frutos. Vale ressaltar que o uso das podas em lavouras 
pode ser realizado na área total do talhão em questão, promovendo-se um 
manejo único na área ou ainda ser realizado em partes. 
No caso de manejo diferenciado da parte aérea num mesmo talhão, o 
técnico deve ter em mente que o manejo deverá ser efetuado de forma 
difenciada entre as linhas de plantas que receberam e não receberam a poda. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
42 NA 01. Podas do Cafeeiro 
a) Podas em área total 
 Nesse caso, efetua-se a poda padronizada em todas as plantas do talhão, 
esperando um comportamento uniformizado pós-poda. Assim, pode-se 
uniformizar as práticas de manejo do talhão, como a adubação, o controle de 
plantas expontâneas, desbrotas, manejo de pragas e doenças, pois todas as 
plantas estão em mesma fase de desenvolvimento. 
 A figura abaixo ilustra a mesma lavoura adensada, apresentada no item 
anterior, com o mesmo espaçamento, onde cada “ponto escuro” representa uma 
planta podada. 
 
 
 
 A poda em área total é recomendada para áreas de café onde o manejo 
será feito de maneira padronizada, como exemplo: áreas mecanizadas, 
propriedades com reduzida mão-de-obra, entre outras. Neste tipo de manejo da 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
43 NA 01. Podas do Cafeeiro 
parte aérea da lavoura, ocorre um período sem a produção de frutos que pode 
ser de 2 a 3 anos para o retorno à fase produtiva, dependendo do tipo de poda 
realizada. 
 
b) Podas em ruas alternadas 
 A poda em ruas alternadas consiste na realização de podas em 50% da 
área, ou seja, metade da lavoura continua a produção sem sofrer poda enquanto 
a outra metade recebe poda. 
 
 
 
Esse tipo de manejo das plantas apresenta vantagens e desvantagens, 
como todos os demais. Contudo, ele se adequa melhor à algumas realidades. 
Analisando-se de forma mais criteriosa, podemos perceber que a poda em linhas 
alternadas vai originar duas lavouras na mesma área. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
44 NA 01. Podas do Cafeeiro 
A lavoura sem poda deverá ser conduzida normalmente, pois as plantas 
estão crescendo e produzindo sem sofrer interferência. As linhas podadas 
apresentarão outro comportamento e por isso, necessitam de manejo 
direcionado à sua fase de desenvolvimento. 
Vejamos algumas modificações: 
 
 A retirada de terra para análise deverá ser feita seguindo a diferença entre 
as linhas podadas e não podadas; 
 A adubação será diferenciada, pois como estudado no módulo de 
Fertilidade do Solo, a recomendação é feita levando-se em consideração 
a capacidade produtiva e no caso de lavouras recepadas ou 
esqueletadas, a recomendação de adubação deverá ser feita utilizando-
se os mesmos critérios para lavouras de 1o e 2o ano; 
 A dinâmica das pragas e doenças será modificada em função das podas, 
pois o microclima será alterado; 
 Será necessária a realização de desbrotas com maior frequência nas 
lavouras podadas, entre outros. 
 
De forma geral, o manejo deverá ser realizado considerando duas 
lavouras, porém que ocupam a mesma área. Isso gera um fator de complicação 
importante no caso de propriedades que utilizam máquinas para adubação, 
pulverização, colheitas, já que as recomendações serão diferentes para linhas 
de plantas vizinhas. 
Contudo, no caso da cafeicultura familiar, com talhões menores e com 
maior disponibilidade de mão-de-obra, esse tipo de manejo da parte aérea é 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
45 NA 01. Podas do Cafeeiro 
interessante, pois a lavoura continua produzindo café para a renda familiar e 
também, ocorre renovação das plantas. 
 
c) Podas em ruas duplas alternadas 
O manejo de áreas com poda em ruas duplas alternadamente utiliza o 
mesmo raciocínio usado no item anterior (podas em ruas alternadas), porém 
permitindo um manejo mais fácil pela proximidade de duas linhas de plantas em 
mesmo estágio. 
 
 
 
Além disso, a poda em linhas duplas alternadamente permite a abertura 
maior entre as linhas podadas e não podadas, evitando-se a ocorrência de 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
46 NA 01. Podas do Cafeeiro 
estiolamento dos brotos das plantas podadas devido à proximidade das plantas 
não podadas. 
Da mesma forma que a anterior, a metade da lavoura é podada e a 
necessidade de adequação dos tratos culturais para cada grupo de plantas na 
mesma fase deve ser observada. 
 
d) Podas em 33% da área 
Até o momento, discutimos o manejo da parte aérea das plantas com 
renovação de 100% da área (área total) e de 50% (em linhas alternadas ou linhas 
duplas alternadamente). 
Nesse item, estudaremos o comportamento de uma lavoura cafeeira com 
renovação de 1/3 das plantas. Esse esquema pode ser realizado com podas em 
linhas simples ou linhas duplas. Na sequência, está um esquema usando linhas 
simples, tendo como referência a poda por esqueletamento associada ao decote. 
No primeiro ano da fase de podas programadas, é efetuado o corte na 
linha 01, preservando-se as linhas 02 e 03; corta-se a linha 4, preservando-se 
as linhas 05 e 06 e assim, sucessivamente. Ao final da poda, 1/3 das linhas de 
plantas foram cortadas, enquanto 2/3 estão preservadas. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
47 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
No segundo ano, o corte deverá ser realizado nas linhas 02, 05, 08, ..., 
ainda preservando-se as linhas 03, 06, 09, ..., que ainda ficam intactas, sem 
podas. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
48 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
Assim, no segundo ano, teremos as linhas 01, 04, 07, (...), podadas já 
enfolhadas prontas para o florescimento, as linhas 02, 05, 08, (...) podadas e as 
linhas 03, 06, 09, (...) intactas em produção. Note que teremos 3 lavouras numa 
mesma área ao mesmo tempo, cada uma com uma necessidade diferente. 
No terceiro ano, o corte deverá acontecer nas linhas 03, 06, 09, (...) que 
até o momento não tinham recebido poda, ficando a lavoura com a seguinte 
configuração nesse momento: 
- Linhas 01, 04, 07, (...) – primeira produção pós-poda 
- Linhas 02, 05, 08, (...) – em crescimento, prontas para o florescimento. 
- Linhas 03, 06, 09, (...) – podadas 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
49 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
No quarto ano após a primeira poda, todas as plantas já estão renovadas 
e com produção de frutos ao longo de todo o período de cortes. Contudo, 
novamente citoamos a necessidade de tratos personalizados para as linhas em 
diferentes fases de desenvolvimento. Isso é fundamental! 
 
e) Podas em 25% da área 
A realização de podas com renovação de 25% da área por ano, consiste 
em efetuar os cortes como explicado no item anterior, porém, deixando grupos 
formados com 4 linhas de plantas. Desta forma, a renovação será feita em 4 
anos de podas programadas, sendo que no quinto ano toda a lavoura está 
renovada. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
50 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Os cuidados quanto à produçãode linhas de plantas em fase diferente de 
desenvolvimento e a necessidade de técnicas direcionadas segue o mesmo 
raciocínio adotado para o item anterior. 
Observe a sequência de podas nas imagens seguintes: 
 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
51 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
52 NA 01. Podas do Cafeeiro 
 
 
f) Arranquio de ruas alternadas 
O arranquio de ruas de plantas alternadas é uma prática bem conhecida 
pelos cafeicultores, capaz de aumentar a produtividade da lavoura nas primeiras 
safras e promovendo um retorno mais rápido do capital investido. 
A implantação da lavoura é feita em sistema adensado, por exemplo, com 
8.400 plantas/hectare em espaçamento de 1,70 x 0,70m. Nesse caso, teremos 
1,19m2 por planta. 
Não abordaremos aqui os detalhes com relação ao sistema adensado, 
pois isto já foi trabalhado na disciplina de Implantação da Lavoura Cafeeira. 
Faremos uma análisa apenas do comportamento das plantas com relação ao 
arranquio das linhas de plantas alternadamente. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
53 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Com a implantação da lavoura com esse estande e arranjo espacial das 
plantas, ocorre o fechamento das entrelinhas após a segunda ou a terceira safra, 
dependendo do porte da cultivar e também, das condições climáticas, onde em 
regiões mais quantes, as plantas crescem mais e o fechamento das entrelinhas 
em sistema adensado ocorre mais rápido. 
Com o fechamento das entrelinhas e antes que comece a ocorrer a 
“derrama da ramos”, também chamada de morte dos ramos baixeiros, deverá 
ser efetuado o arranquio das linhas de plantas alternadamente, ou seja, 
preserva-se a linha 01, elimina-se a linha 02, preserva-se a linha 03, elimina-se 
a linha 04 e assim por diante, conforme ilustrado na figura a seguir. 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
54 NA 01. Podas do Cafeeiro 
No caso da lavoura citada acima, o estande cairá para 4.200 
plantas/hectare e o espaçamento entre as linhas de plantas passará para 3,4 
metros. 
Tomando como exemplo uma cultivar de café de porte baixo com diâmetro 
de copa em torno de 1,60m, teremos um espaço livre para trânsito de máquinas 
de aproximadamente 1,8m, que permite o uso de máquinas facilmente. 
 
g) Outros tipos de manejo 
É de se imaginar que existam outras muitas formas de se realizar o 
manejo da parte aérea da lavoura cafeeira, com realização de podas diferentes, 
como exemplo, esqueletamento associado decote em linhas ímpares (01, 03, 05, 
...) e apenas decote nas linhas pares (02, 04, 06, ...). 
De forma geral, não existe um melhor tipo de poda, mas sim, o tipo de 
poda que mais se adequa às condições da lavoura cafeeira, considerando para 
isso: 
- o nível tecnológico adotado; 
- o nível cultural das pessoas envolvidas; 
- o relevo e assim, a possibilidade de mecanização; 
- as condições climáticas da região e microclimáticas da lavoura; 
- os recursos disponíveis; 
- o estado das plantas que serão podadas, entre outros. 
 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
55 NA 01. Podas do Cafeeiro 
8. Manejo Pós-Poda 
 
Os cuidados que devem ser observados após a realização das podas é 
semelhantes aos recomendados para lavouras recém-implantadas. Um detalhe 
muito importante é que esse momento pós-poda exige muita atenção por parte 
dos técnicos e dos cafeicultores, pois a lavoura está sendo novamente 
construída, ou seja, sua capacidade produtiva dependerá de seu crescimento 
pleno e equilibrado. 
De maneira geral, os pontos importantes que devem ser atentados são: 
 
a) Manejo de pragas e doenças 
Considerando a baixa área foliar das plantas e a necessidade de 
manutenção das folhas para a produção de fotoassimilados para um maior 
crescimento dos ramos, é de fundamental importância que as pragas e doenças 
sejam mantidas abaixo do nível de dano capaz de causar menor 
desenvolvimento das plantas. 
Assim, ressaltamos as pragas e doenças mais preocupantes nessa fase: 
Pragas Doenças 
Bicho-mineiro Cercosporiose 
Cigarras Ferrugem 
Formigas 
Mancha de Phoma 
(Seca de Ramos) 
 
Lagartas Mancha Aureolada 
 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
56 NA 01. Podas do Cafeeiro 
b) Controle de plantas expontâneas 
As capinas devem ser realizadas nesse período de exposição da área 
devido à maior abertura, evitando-se quaisquer prejuízos ao desenvolvimento 
normal das plantas. 
 
c) Correção do solo e adubação das plantas 
Tanto a correção do solo pelo uso de corretivos como calcários, silicatos, 
gesso agrícola, como a adubação das plantas via solo ou via folha devem ocorrer 
normalmente nas lavouras podadas. 
Para isso, deverão ser retiradas amostras do solo e folha para o cálculo e 
a recomendação de corretivos e fertilizantes. 
 
d) Desbrotas 
A realização das desbrotas periódicas é uma das práticas pós-poda mais 
importantes para o desenvolvimento adequado das plantas, exigindo atenção 
das pessoas envolvidas. 
Após a emissão dos primeiros brotos nas plantas podadas, o cafeicultor 
deve estar atento aos seguintes pontos: 
- a posição do broto na planta, selecionando aqueles localizados no 
sentido da linha das plantas e aproximadamente 10cm abaixo do local do corte; 
- o vigor dos brotos, eliminando-se os mais fracos, com baixo 
enfolhamento, estiolados, etc; 
- a presença de folhas com ataque de pragas e doenças, sendo mantidos 
aqueles mais sadios. 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
57 NA 01. Podas do Cafeeiro 
Devem ser realizadas de 3 a 4 desbrotas após a recepa, seja com ou sem 
pulmão e no caso de decote com condução de brotação ortotrópica, sendo 
mantido um número de brotos adequado ao estande da lavoura, conforme 
discutido anteriormente. 
 
e) Replantio 
Alguns técnicos e cafeicultores optam em fazer o replantio de mudas nas 
falhas que a lavoura apresenta. Isso é uma prática interessante em lavouras que 
foram recepadas em área total, onde são feitas as correções nas covas de 
plantio. Em áreas onde a poda for parcial (ruas alternadas, por exemplo), não se 
recomenda o plantio de mudas devido à grande possibilidade de estiolamento 
das plantas novas. 
 
 
José Marcos Angélico de Mendonça e Luciana Lopes Mendonça 
 
58 NA 01. Podas do Cafeeiro 
9. Referências Bibliográficas 
 
CNC. 2009. Frio causa danos a lavouras de café em Três Pontas (MG). Disponível 
em <http://www.cncafe.com.br/galeria/00000703_geada_3pontas3.JPG> 
Acesso em: 24 mar 2010. 
 
Fahl, J.I. Aspectos relevantes da fisiologia do café arábica. Palestra. IAC, 
Campinas, 2005. 
 
Fernandes, D.R. Podas no cafezal. Palestra. MAPA-PROCAFÉ, Campinas, 
2003. 
 
GUIMARÃES, R.J., MENDES, A.N.G., SOUZA, C.A.S. Podas do cafeeiro: érpoca, tipos 
de poda, podas x densamento. In: GUIMARÃES, R.J., MENDES, A.N.G., SOUZA, 
C.A.S. Cafeicultura. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. 317p. 
 
Uneb, 2010. Tá na hora da revisão! Disponível em 
<http://dacom14.wordpress.com/2009/10/15/ta-na-hora-da-revisao/>. Acesso 
em jul 2010. 
 
 
 
http://www.cncafe.com.br/galeria/00000703_geada_3pontas3.JPG
http://dacom14.wordpress.com/2009/10/15/ta-na-hora-da-revisao/

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