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FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
CURSO DE PSICOLOGIA
ANA TEREZA ABRAHÃO PISSARA
EDUARDO MAGNO SÁ PANIZA DA CUNHA
GIOVANA PARRINI FERREIRA
ISABELA GOULART SCHURT LAGE
LARISSA LEAL NUNES VIEIRA
LUIZA PEREZ PARANHOS
NADYNE DOS SANTOS SILVA
YASMIM DINIZ SALES
PROVOCAÇÃO:
INFLUÊNCIAS PARA A PSICOLOGIA - O DISCURSO MÉDICO E
OS CURSOS NORMAIS
Niterói
2021
FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
CURSO DE PSICOLOGIA
ANA TEREZA ABRAHÃO PISSARA
EDUARDO MAGNO SÁ PANIZA DA CUNHA
GIOVANA PARRINI FERREIRA
ISABELA GOULART SCHURT LAGE
LARISSA LEAL NUNES VIEIRA
LUIZA PEREZ PARANHOS
NADYNE DOS SANTOS SILVA
YASMIM DINIZ SALES
PROVOCAÇÃO:
INFLUÊNCIAS PARA A PSICOLOGIA - O DISCURSO MÉDICO E
OS CURSOS NORMAIS
Texto dissertativo como resposta à
provocação número dois proposto em
aula para a obtenção de aprovação
da segunda avaliação da disciplina de
História e Epistemologia da
Psicologia, do curso de Psicologia,
das Faculdades Integradas Maria
Thereza, ministrada pela professora
Dra. Neilza Alves Barreto.
Niterói
2021
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RESUMO
O presente trabalho objetiva abordar sobre os dois grandes aportes teóricos que
contribuíram para o primórdio da Psicologia: Biologia e Filosofia. O aporte biológico
que é proveniente do discurso médico e o aporte filosófico provindo dos cursos
normais. Ambos resultantes de discursos sexistas, resultado de uma cultura que
segmenta homens e mulheres. Para essa realização, será considerado o
documentário “O Silêncio dos Homens”, o qual utilizaremos como base para uma
análise dessa dicotomia instituída na sociedade e sua influência para a Psicologia.
Palavras-chave: Discurso médico. Cursos normais. Sexismo. Psicologia.
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SUMÁRIO
Introdução……………………………….……………………………………………...…...5
Desenvolvimento…………………………….…...………………………………………...6
Conclusão…………………………………………………………………………………..10
Bibliografia……………………………………….………………………………………....11
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INTRODUÇÃO
O presente texto é um trabalho em formato de análise, refletindo em cima do
discurso médico e dos cursos normais no que tange sua influência na formação da
Psicologia. Tem por objetivo expor a discussão e as considerações do grupo acerca
da provocação feita pela professora.
Em primeiro momento, considera-se a grande marca da Psicologia, que teve
em si, como diretriz, inicialmente, o seguimento dos Cursos Médicos e Normais.
Tangenciando a construção de suas instituições de profissionalizantes, a Psicologia,
refletindo a subjetividade social em comum, encontra-se infestada por juízos de
valores.
Em segundo momento, tratamos o discorrer da análise, tendo como apoio
argumentativo, o documentário “O Silêncio dos Homens”, dirigido por Ian Leite.
Considerando o exposto no decorrer das aulas, explicita-se a grande influência da
cultura na Psicologia, intrinsecamente influenciada pelos juízos de valores que se
manifestam pelo machismo, sexismo, e discriminação social. Evidencia-se, então, a
perpetuação dos mesmos hodiernamente, uma vez que a Psicologia traz consigo,
historicamente em sua edificação, tais características.
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho, foram as discussões
e conteúdos dados em sala de aula e apontamentos realizados em textos e slides
disponibilizados pela professora, aprofundadas com análises feitas a partir do então
documentário, “O Silêncio dos Homens”.
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INFLUÊNCIAS PARA PSICOLOGIA:
O DISCURSO MÉDICO E OS CURSOS NORMAIS
No Brasil, a Psicologia teve duas vias de entrada, os primeiros impulsos
sobre o estudo da Psicologia surgiram com os conceitos médicos e os cursos
normais, que eram os cursos de formação de professores e de pedagogia. No
conceito médico, tinha-se uma perspectiva biológica. O fisiologista
Ivan Petrovich Pavlov contribuiu de forma significativa para a Psicologia, foi ele
quem iniciou estudos sobre os reflexos condicionados, analisadores cerebrais,
inibição interna e neurose experimental, do ponto de vista teórico e do experimental
com alusão direta à Psicologia. Através desses estudos científicos feitos por Pavlov,
surgiram inúmeras pesquisas na área da Psicologia e o nascimento de escolas. 
Os estudos médicos em relação a Psicologia, eram voltados para a
Neuropsiquiatria, Psicofisiologia e Neurologia e, a partir disso, sendo uma
ramificação da teoria behaviorista e, como consequência, o cognitivismo. Era uma
psicologia científica em consonância com o discurso médico. Acreditava-se que
doença mental era algo que estava estritamente no corpo, algo tangível, onde tinha
um local definido, era percebido com uma concepção anatomopatológica.
Por outro lado, a psicologia também foi trilhada por um conceito filosófico,
com influência dos cursos normais, os quais contribuíram também para o
surgimento da psicologia no Brasil. O curso normal formava mulheres professoras,
resultado de uma sociedade sexista que via a mulher como destinada ao lar,
cuidadosa e frágil. Dessa forma, a mulher como professora, era uma extensão do
lar, era considerada uma profissão segura e de cuidado. Existe nessa extensão,
uma clara distinção racial, mulheres brancas eram atribuídas valores de castidade,
corpos cada vez mais restringidos à esfera particular, enquanto mulheres negras
sempre foram expostas. Assim, além do recorte racial, havia uma separação de
gênero nas profissões.
Foi a partir dos cursos normais e dos testes psicológicos que a Psicologia
adentrou no Brasil. Os testes psicológicos foram criados na França dentro das
escolas, como forma de entender o motivo pelos quais certos alunos tinham baixos
rendimentos escolares, criando assim o coeficiente de inteligência, segregando
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entre alunos ditos inteligentes e não inteligentes, baseando-se em suas habilidades
relacionadas à matemática e raciocínio rápido. Esse conceito foi trazido para o
Brasil por estar em alta os cursos normais, surgindo assim uma Psicologia aliançada
com a psicologia escolar, com a testagem psicológica e ortopedização dos corpos e
pessoas. Dessa forma, confirma-se uma psicologia “feminina”, a qual estava
relacionada com a ideia de cuidado, de fazer o bem, acreditava-se que esses
atributos eram “coisa de mulher”. Era uma psicologia mais pedagogizada e
normativa.
A psicologia em sua história, tendo sido instituída como um curso para as
mulheres, justamente por ser considerada uma profissão feminina e de cuidado, tal
juízo e compreensão sobre a profissão ainda ocorre atualmente, visto que os
homens são uma pequena parcela presentes nas faculdades de Psicologia. Essas
posições ainda estão presentes na atualidade, sendo passadas de gerações em
gerações tais heranças por avós, pais, filhos e netos que ensinam aos meninos
desde pequenos a ser silenciados, provar sua força através de violência física ou
psicológica, e meninas a cuidar de boneca e da casa, cozinhar, ter um padrão
fisicamente e frágil emocionalmente.
Além desse fator mencionado, outra barreira que causa um afastamento dos
homens da psicologia é o fato de muitos serem ensinados a privar suas emoções,
demonstrá-las e falar o que sentem "é coisa de mulher". Segundo o documentário
"O silêncio dos homens", 60% dos mesmos foram ensinados a não expressar
emoções, e apenas 3 em cada 10 homens conversam sobre seus sentimentos e
medos. Assim, com tais ensinamentos, não conseguem adentrar em um curso tão
sensível, que entra em conflito com o que foram ensinados durante toda a vida a
não sentir e falar sobre. Esses fatores mencionados, acabam instituindo falsos
lugares do que seria para a mulher e para o homem, quando, na verdade, todos os
lugares deveriam ser para ambos.
É importante mencionar que essa dicotomia social imposta, em que define
papéis específicos para homens e mulheres, está intrinsecamente ligada ao
sexismo, no qual o machismo é espécime. O machismo, segundo o Dicionário
Online, é o “comportamento que rejeita a igualdade de condições sociais e direitos
entre homens e mulheres”. Em outras palavras, é uma forma de preconceito que
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favorece o gênero masculino em detrimento aofeminino, há uma opressão social e
um favorecimento de direitos aos homens sobre as mulheres. Hodiernamente,
vive-se em uma sociedade considerada machista, em que é possível observar
diversas problemáticas relacionadas a desigualdade de direitos entre homens e
mulheres, sendo notório a desigualdade existente. O machismo é cultural e pode ser
observado na sociedade em diferentes esferas, seja no âmbito político, profissional,
econômico, familiar, midiático, dentre outros.
A ciência cooperou muito com o sexismo ao longo dos anos, isso prejudicou
a conquista das mulheres por direitos e igualdade. Charles Darwin, em seu livro A
Origem do Homem, na segunda edição que foi publicado 1871, escreveu:
O homem é mais poderoso em corpo e mente que a mulher, e no estado
selvagem ele a mantém numa condição de servidão muito mais abjeta que
o faz o macho de qualquer outro animal; portanto, não surpreende que ele
tenha ganhado o poder de seleção.
Na época, o entendimento de que as mulheres seriam inferiores aos homens
era muito legitimado. Aristóteles, um grande filósofo grego bastante lido e
consultado na década de 80, manteve esse discurso ligado à diferença entre os
gêneros. Com esse discurso, ele influenciou diversos homens da classe científica.
Um deles foi o Cláudio Galeno, um médico romano que compartilhava a visão de
Aristóteles, defendia a ideia de que apenas o gênero masculino conseguia ser
considerado como padrão de perfeição para todos os seres. Para isso, era usado
como fundamento a ideia de que as mulheres careciam do chamado “calor vital”,
pois suas genitálias eram “viradas para dentro”, além de serem frias e úmidas. E
que os homens por serem secos e quentes, haviam desenvolvido seus órgãos
genitais externos e potentes, devido ao seu “calor vital”. Até o século XIX foi
possível verificar esse conceito do corpo masculino mais desenvolvido do que o
feminino, estando inclusive atrelada à eclosão de campos de estudo como a
ginecologia e obstetrícia. Essas áreas da medicina reforçaram por muitos anos esse
papel maternal atribuído às mulheres, assim, reprimindo com que as mulheres
ocupassem lugares que não fossem relacionados ao cuidado e ao lar e que
pudessem se posicionar sobre assuntos diversos.
Apesar do machismo ser um sistema social que prevalece os direitos dos
homens em detrimento ao das mulheres, os homens também são afetados por ele.
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Não está somente relacionado a esta hierarquia, mas também em impor papéis
definidos para homens e mulheres, fazendo com que o homem precise mostrar uma
virilidade, força, superioridade e masculinidade acima de quaisquer circunstâncias,
mesmo que para isso o mesmo precise passar por cima de seus próprios
sentimentos, desejos, inseguranças e fragilidades para manter uma imagem
condizente com a “imagem de homem” convencionalmente aceita na sociedade.
Hoje, 83% das mortes por homicídios e acidentes no Brasil são de homens.
Vivemos 7 anos a menos que as mulheres e nos suicidamos quase 4 vezes
mais. 17% de nós lida com algum nível de dependência alcoólica. Quando
sofremos um abuso sexual, demoramos em média 20 anos até contar isso
pra alguém. Cerca de 30% enfrentam ejaculação precoce ou disfunção
erétil. Homens são 95% da população prisional no Brasil, sendo que a
maior parte dos encarcerados são jovens, periféricos e com ausência de
figura paterna. Negros e LGBTs sentem muito mais boa parte disso.
(VALADARES, 2019)
Não cabe aqui uma comparação das dores sofridas por homens e mulheres,
tampouco diminuir o sofrimento que o machismo acarreta ao gênero feminino. É
notório que alveja mais as mulheres e elas são as maiores vítimas, porém, é
importante entendermos que o machismo também atinge aos homens e combatê-lo
é algo que seria benéfico para toda sociedade, uma vez que também o sofrimento
respinga no gênero masculino. Homens desde muito cedo já são afetados também,
desde criança já aprenderam que não podem chorar e demonstrar sentimentos e
emoções, seguindo o famoso bordão popular “homem não chora”. Os mesmos
aprendem que precisam esconder suas angústias e sentimentos, criar uma imagem
viril, mesmo que contra sua vontade. Também ainda na infância, eles sequer têm o
direito de brincar do que desejarem, não podem brincar de “pai”, uma vez que
brincar de boneca “é coisa de menina”, também não podem brincar com casas e
culinárias e nem escolher a cor que mais gostam. Mais tarde, na hora de
escolherem qual carreira seguir, também encontram uma série de restrições, pois
alguns cursos, como é o caso da Psicologia e certos outros, são tidos como “cursos
de mulher”, e isso faz com que os afaste destes cursos. Desta forma, homens e
mulheres precisam seguir um padrão social e, caso não o sigam, são oprimidos pela
sociedade machista e patriarcal que não aceita diferenças.
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http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2010/12/homens-representam-83-do-total-de-mortos-em-acidentes-e-homicidios-do-pais
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23200-em-2017-expectativa-de-vida-era-de-76-anos
https://papodehomem.com.br/informe-se-sobre-suicidio-e-aprenda-como-ajudar-or-ignicao-17/
http://www.cisa.org.br/artigo/11/dados-epidemiologicos-sobre-uso-alcool-no.php
https://www.publico.pt/2018/01/19/sociedade/noticia/quebrar-o-silencio-1799900
https://portaldaurologia.org.br/doencas/ejaculacao-precoce-2/
https://portaldaurologia.org.br/doencas/ejaculacao-precoce-2/
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/populacao-carceraria-quase-dobrou-em-dez-anos
https://adaorochas.jusbrasil.com.br/noticias/152845159/a-cada-tres-minutos-um-gay-sofre-violencia-no-brasil
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/05/politica/1528201240_021277.html
CONCLUSÃO
Em suma, os aportes advindos da biologia e da filosofia segmentam
pensamentos, causando uma segregação entre homens e mulheres, que ficam
reféns de verdades de senso comum aos seus grupos em questão. Partindo desse
pressuposto, temos então uma caracterização de grupos que não se preocupam, ou
ao mesmo, não conseguem enxergar os benefícios e problemáticas do outro.
Sendo assim, avaliando as movimentações das gerações que atravessam as
últimas décadas e as que virão, temos uma evolução exponencial para um
entendimento do que é ser mulher ou homem, gerando assim, um cuidado com o
próximo. Visando essa evolução, profissionais de áreas distintas que veem essa
problemática, têm produzido conteúdos de conscientização como o documentário
em questão, que é um dos meios de ajuda que nossa sociedade realiza em prol de
uma melhora geral do que formar indivíduos conscientes politicamente, sendo
contra quaisquer opressões.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOARES, Antônio Rodrigues. A Psicologia no Brasil. Scielo, 2010. Disponível em:
<https://www.scielo.br> Acesso em: 14 Maio 2011
VALADARES, Guilherme Nascimento. Um filme sobre as dores, qualidades,
omissões e processos de mudança dos homens. Papo de Homem, 2019. Disponível
em: <https://papodehomem.com.br/o-silencio-dos-homens-documentario-completo/>
Acesso em: 10 Jun. 2021.
O SILÊNCIO DOS HOMENS. Direção de Ian Leite e Luiza de Castro. Brasil: Papo
de Homem, 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/>. Acesso em: 10 Maio
2021.
LOPES, Larissa. Como a ciência contribuiu com machismo e racismo ao longo da
história. Revista Galileu, 2020. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/>.
Acesso em: 17 Jun. 2021
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