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1 CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Gestão da Manutenção Conteudistas: José Antonio Assunção Peixoto e Leydervan de Souza Xavier DI: Renata Vittoretti “Dominar para não se submeter.” François Monchy (1989) Aula 4: Manutenção: uma função nos domínios da técnica e da organização. Meta Estabelecer como as organizações das ações de produção e de manutenção se diferenciam e destacar como elas se interpenetram em níveis de funcionamentos diversos de integração do trabalho produtivo na sociedade. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. Descrever a função manutenção como uma função que se integra aos processos produtivos, em geral, em apoio à criação de valores aos produtos e serviços; 2. Apresentar elementos básicos da evolução do pensamento administrativo que fundamentam a organização de sistemas produtivos modernos. 2 1. INTRODUÇÃO Você já se deparou com a questão de que as ações de produção e de manutenção são similares em essência e, praticamente, operam em movimento de causalidade mútua, em que cada uma visa realizar trabalhos úteis para a outra criando valores à sociedade, sendo que a distinção entre elas é, tipicamente, definida pelo ponto de vista do observador e datada conforme o contexto. Vamos ver agora o que significa produção e, como consequência, a relação do termo produção com o termo produtividade e de ambos com manutenção. Produção, do Latim productione, significa 1. Ato de produzir. 2. Produto. 3. O que se produz ou o volume da produção. 4. Do Teatro e Televisão. Ato de produzir espetáculo [...] para o qual são necessários recursos financeiros e equipes especializadas. Vem de pro-, “à frente”, e ducere. Ou seja, “guiar para a frente”. a palavra ducto, de ductus, “cano ou caminho para passagem de líquidos, gás, etc.” A partir da origem grega, o prefixo “pro” exprime o sentido de anterioridade, ou seja, algo que ocupava uma posição anterior. Pode-se ainda pensar, com base em termos derivados de produção, que a natureza do ato de produção é “produzir produtos” e ser produtivo é “ser fértil, fecundo, rendoso, proveitoso”. Produtividade é a faculdade de ser produtivo que o ato ou ação de produzir possui. Especificamente, no Mini Aurélio, a produtividade é descrita como a “Relação entre a quantidade ou valor produzido e a quantidade ou valor dos insumos aplicados à produção. Manutenção. Latim manutentione. 1. Ato ou efeito de manter (-se). 2. As medidas necessárias para conservação ou para o funcionamento de algo. Ela vem do Latim MANUTENTIO, “ato de segurar na mão”, formado por MANUS, “mão”, mais TENERE, “agarrar, segurar”. Essa ideia de segurar agarrar com as mãos expressa a intencionalidade de assegurar o controle da situação. Nesse sentido, como afirma Monchy (1989), “manter é escolher os meios de prevenir, de corrigir ou de renovar segundo a utilização do material e do que é economicamente crítico, a fim de otimizar o custo global de propriedade: Manter é dominar. ” 3 Considerando esses conceitos distintos e a essência de transformação que produção e manutenção compartilham, então o que diferencia uma ação da outra ao ponto de se justificar que recebam nomes diferentes? 2.0 Manter para fazer e fazer para manter. Retomando a representação da helicoidal do conhecimento, você vai se construindo a partir de suas experiências integradas por níveis mais elevados de consciência e de reflexão. Isto, naturalmente, permite que você realize cada vez mais ações e as realize de forma, progressivamente, mais aprimorada. Neste processo, você, também, percebe a necessidade do autocuidado e do cuidado com os artefatos de que se utiliza. A complexidade traz múltiplas tarefas e você vai se adaptando a tentar realizar cada uma delas. Outra forma de se dizer isto é que você tem muitas funções ao longo do dia e de toda a vida. Estas funções você desempenha no interior da sociedade, como por exemplo, quando atua como aluno, filho, estagiário, engenheiro, cidadão etc. De forma análoga, as organizações e os sistemas sociais também percorrem a helicoidal do conhecimento e se transformam, tornando-se mais complexas e, este processo demanda que mais funções sejam desempenhadas, quer por vários sujeitos, quer pelo mesmo sujeito. Pense, por exemplo, em uma empresa individual que progride e em uma sociedade com vários sócios. Na medida que o trabalho se modifica, a pessoa ou as pessoas se adaptam para realizá-lo. Ou os sujeitos assumem novas funções ou acumulam funções Quando os processos de adaptação não acontecem ou não atendem a necessidade imposta pelas relações com o ambiente, há risco de colapso da organização existente. Isto porque não poderá atender as demandas que se transformam continuamente e, possivelmente, não conseguirá mais manter-se como fazia em um tempo anterior. Mais adiante, você será apresentado ao fenômeno da diferenciação, quando vir a teoria de sistemas, e vai rever esse processo em um contexto mais amplo. início verbete Segundo o dicionário “Mini Aurélio”: rachel Highlight 4 Função, do Latim functione significa 1.Ação própria ou natural de um órgão, aparelho ou máquina 2. Cargo, serviço, ofício. 3. Prática ou exercício de função. 4. Utilidade, serventia. 5. Posição, papel, atribuição. fim verbete Garett (2010), ao apresentar os desafios básicos do desenho organizacional, afirma que o desafio principal de configuração da estrutura organizacional, em meio a tantas possibilidades de ordenamento das unidades produtivas, é o de lidar com a diferenciação para alcançar objetivos organizacionais que possibilitem a criação de valor. “Diferenciação é o processo pelo qual uma organização aloca pessoas e recursos para tarefas e estabelece tarefas e relacionamento de autoridade que permitem que a empresa alcance suas metas. Em resumo, é o processo de estabelecimento e controle da divisão do trabalho, ou grau de especialização na organização.” (p. 74). Na Fig.4.1 você pode observar como o processo de diferenciação alcança vários níveis em uma organização. PAPEL FUNÇÃO DIVISÃO ORGANIZAÇÃO 5 Figura 4.1. A diferenciação nas organizações (adaptada de Garett, 2010) Conforme você observa na Fig.4.1, esta definição se desdobra na visão de que os blocos básicos de construção da diferenciação são: papéis, funções e divisão. Os papéis são, segundo o autor, “um jogo de tarefas relacionado a comportamentos esperados, de uma pessoa, devido à sua função na organização”. O conjunto de papéis, por sua vez, é associado “em um sistema de funções inter- relacionadas e a relação de uma função com a outra é identificada como comportamentos relacionados a tarefas específicas” em função dos seus potenciais de realização de trabalho de transformação diferenciados, de matéria, energia e informação. O autor define função como: “Uma subunidade composta por um grupo de pessoas que trabalham juntas, possui habilidades similares, ou utilizam um mesmo tipo de conhecimento, ferramentas ou técnicas para realizar seu trabalho” visando suprir necessidades de agrupamento em unidades denominadas divisões/departamentos/áreas. (pág. 78) Algumas funções requerem que as pessoas supervisionem o comportamento de outras. A autoridade representa o poder de tornar as pessoas responsáveis por suas ações e de tomar decisões sobre como investir e utilizar recursos da organização. Por sua vez, os comportamentos relacionados às tarefas específicas, em níveis de associações diferenciados em especialidades, tendem a formar sistemas de divisão de trabalho, em nível local das organizações produtivas. Neste contexto, o autor define, ainda, as funções de produção como aquelas que:“administram e melhoram a eficiência de um processo de transformação de uma organização para que mais valor seja criado. Podem ser delimitados como micro processos ou macroprocessos, dependendo dos escopos a partir do qual são representados.” (p. 81) E, as funções de manutenção, como aquelas: 6 “que permitem que uma organização mantenha seus departamentos/divisões em operação. Incluem pessoal, para recrutar e treinar funcionários e aprimorar seus conhecimentos; engenharia, para reparar maquinário quebrado; e serviços de limpeza, para manter o ambiente de trabalho seguro e saudável, dentre outros serviços” (p. 83) Destas definições, transparece que a sobrevivência de uma organização, depende dela própria, ao produzir seus produtos intermediários e finais, em atendimento de ordens de produção, de modo a alcançar e manter-se em um estado de equilíbrio em relação ao ambiente. Neste caso, considere que, segundo este modo de pensar, tanto a função produção quanto a função manutenção não ficam restritas a departamentos ou divisões com este nome. Relembre o conteúdo e a abordagem da Aula 3 e considere que este processo de enfrentar a entropia, se compõe de ações vinculadas por relações de causa e efeito, tanto em circuitos fechados quanto abertos, às vezes de causalidade simples, outras vezes de causalidades mútuas, que estão presentes em todo trabalho de auto- organização. Você, agora, pode pensar que a diferenciação é um fenômeno que pode ocorrer nas micro empresas e nas organizações globais. Mais ainda, pode pensar que a sociedade como um todo vive a partir da divisão do trabalho. O mesmo acontece com as cadeias de suprimentos. Assim, em todas as escalas da organização (social) existe diferenciação de funções. Pensando nisto, revisite a Figura 1.3 da Aula1 e compare com a Figura 4.1 desta aula. 3.0 Corrigir, prevenir e predizer Ainda com base na representação da helicoidal do conhecimento, reapresentada com alguns ajustes na Figura 4.3, você pode percorrer os domínios da técnica e da organização ao longo do tempo. Em cada momento, a consciência se apropria dos fenômenos, produz suas representações, produz mentefatos e artefatos, em aprendizado contínuo. Neste sentido, considere os seguintes verbos: • corrigir, • prevenir e • predizer. 7 Para corrigir, seja um artefato ou mentefato é preciso que ocorra um fato no mundo da vida: o desempenho. Sobre ele, com base nas expectativas, riscos e nas respectivas medidas de valor associadas, o sujeito reagirá ao que observou e obteve e tomará alguma decisão. Por exemplo, um projeto que gerou um protótipo ou um tipo de atividade experimental e cujo desempenho não foi o esperado. Neste caso, cabe reprojetar ou repensar, percorrendo um novo passo sobre a helicoidal do conhecimento, para modificar o que não funcionou. Pense, agora, em algo que já funcionou e, em determinado momento, não funciona mais como antes. Neste caso, pode-se pensar em restituir o bem ao seu estado anterior, para que volte a ter o desempenho esperado. Pode-se, neste processo, simplesmente, aplicar o que já se sabe, sem que se aprenda nada de novo. Figura 4.2: Quando o laço do cadarço de seu tênis se desamarra, você percebe, para e dá outro laço. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tying_one%27s_shoe.jpg Quantas vezes isto acontece? Mas, em certas situações, não se pode ou não se quer tolerar uma interrupção do funcionamento ou uma variação inconveniente no desempenho de um artefato. Como evitar que isto ocorra? Como prevenir isto? É preciso, para isto, sair dos eventos e caminhar na direção de suas causas. Sem conhecer os fenômenos que causam a falha, não se pode evitar que ela apareça. Isto demanda mais conhecimento, representações mais refinadas dos fenômenos. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tying_one's_shoe.jpg 8 Assim, uma vez estabelecido o domínio da técnica para se evitar algo, é preciso ter o domínio da organização do trabalho para que ela se harmonize com as demais funções em execução. Mas, a prevenção é construída sobre o que já se espera e se quer evitar. Mas o que seria predizer? Textualmente, seria dizer antes...de que aconteça. A predição é uma projeção sobre uma forma de comportamento conhecido por meio de algumas grandezas ou indicadores. Figura 4.3. A helicoidal do conhecimento e as três ações de manutenção: corretiva, preventiva e preditiva. Se você começa a sentir calafrios e vê sua temperatura oscilando, pode prever que ficará doente, não é mesmo? Se fizesse exames de sangue com uma frequência apropriada nos dias anteriores, poderia predizer, com algumas horas de antecedência e um certo grau de incerteza, que isso aconteceria, antes de ter os sintomas. Desde que tivesse conhecimento clínico para “ler os sinais” do corpo, por meio dos resultados dos exames. Com os artefatos, vale o mesmo. Mas, também é preciso aprofundar ainda mais os conhecimentos sobre os fenômenos e as cadeias de eventos. Cada ação depende da organização e interfere nela, sempre. Assim, o domínio da técnica e da organização do trabalho, seja para você sozinho conduzir sua agenda, seja para a sociedade considerada em maior ou menor escala, precisam ser geridos de forma integrada. E todos precisamos aprender a fazer e a aprimorar isto. Nestes três verbos, Conhecimento, experiência ‘ Produção gera produto com defeito Aprendizado sobre o fenômeno Capacidade de reparar o produto ou corrigir a falha que o gerou Aprendizado sobre o fenômeno Aprendizado sobre o fenômeno Capacidade de evitar a falha que o produzirá o produto defeituoso Manutenção corretiva ou reativa Manutenção preventiva sistemática Capacidade controlar o processo que causará a falha tempo D om ín io d a té cn ic a Domínio da organização 9 corrigir, prevenir e predizer, que denotam ações, e as pré-condições para sua realização, você encontra as três grandes vertentes da manutenção: corretiva, preventiva e preditiva. Essa nomenclatura pode variar na literatura e nas normas técnicas, mas você vai poder reconhecer os três conceitos apresentados aqui, sempre. Seguindo a helicoidal, você vai encontrar formas de produção e de manutenção que demarcam épocas, mas que, geralmente, continuam existindo depois de seu aparecimento ou apogeu de uso e valor. Veja a Figura 4.4, em que uma versão da helicoidal foi ajustada para esta questão. Figura 4.4. A helicoidal do conhecimento e o desenvolvimento industrial. Observe a Figura 4.4, dando continuidade à construção da imagem de desenvolvimento anterior, sempre com a atenção para explorar as relações entre produção e manutenção. Agora, pensando no processo de diferenciação, você pode considerar: • a produção abrigando as funções primárias de ordenamento e realização dos atos de transformação positivos de agregação de valor às operações produtivas realizadas e aos produtos produzidos, • enquanto a manutenção abrigará as funções de dar apoio à produção, atuando, primariamente, na prestação de serviços visando corrigir ou evitar falhas de funcionamento e de operação que afetem integridade da infraestrutura física e Conhecimento, experiência ‘ Máquinas a vapor Aprendizado sobre o fenômeno Acionamento elétrico nas indústrias Aprendizado sobre o fenômeno Aprendizado sobre o fenômeno Automação industrial eletrônica digital Redes, big data, internet das coisas etc tempo D om ín io d a té cn ic a Domínio da organização 1780 1880 1970 1980 Indústria 2.0 Indústria 1.0 Indústria 3.0 Indústria 4.0 10 administrativa levando à perda de qualidade e confiabilidade nos desempenhos alcançados, mas cabendo, devido às semelhanças de suas essências, inversões de papéis quando necessário. 3.1 Marcos no domínio da técnica de produção Quando você focaliza sua atençãono desenvolvimento organizacional, e se concentra na apresentação de um cenário específico de evolução das indústrias como um todo, poderá identificar fases de desenvolvimento, demarcados em razão de grandes transformações tecnológicas. 11 ilustração: original em https://igti.com.br/blog/wp- content/uploads/2018/09/IN1802GRCalves.jpg Box A Indústria 4.0 recebeu essa denominação em 2011, quando o governo federal da Alemanha anunciou que o desenvolvimento dos princípios de tal sistema tornaria parte da sua iniciativa de desenvolvimento de alta tecnologia para 2020. O projeto recebeu o nome “High-Tech Strategy by 2020 for Germany”, visando alcançar a liderança na área de inovação tecnológica nesse período (KAGERMANN, Apud Silva, 2018). Silva (2018) identifica o entorno dos anos 1980 como o início dessa transição ealerta que, https://igti.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/09/IN1802GRCalves.jpg https://igti.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/09/IN1802GRCalves.jpg 12 hoje, o setor de Gestão da Manutenção e Ativos, evoluindo para quarta geração, se encontra no desafio de se adequar à realidade da Indústria 4.0. Ele também reforça, apoiado no documento “Industry 4.0 Digitalisation for productivity and growth”, do Parlamento Europeu, que “a cadeia de suprimentos é a completa transformação de toda a esfera de produção industrial, através da fusão de tecnologias digitais apoiadas na Internet pela indústria convencional e alavancada por tecnologias, como Big Data/Analytics e Internet das Coisas (IoT), o que exige a convergência das tecnologias da informação e operacional, da robótica, da computação cognitiva e dos processos de fabricação”. Fim do BOX Atividade (Atende ao Objetivo 1) Considere a representação da helicoidal do conhecimento e as quatro gerações da indústria. Integre os dois conteúdos preenchendo a figura com pequenos textos. Escreva um pequeno texto descritivo e explicativo. Solução A concepção de helicoidal do conhecimento pode ajudar a entender o momento histórico fazendo correlações com o passado e o futuro. Isto permite analisar cada ação, individual ou coletiva, de forma conectada com as experiências anteriores. Assim, mesmo que uma ação pareça ser idêntica a outra, realizada muito tempo atrás, 13 pode ser que as razões e motivações para fazê-la sejam muito diferentes em dois momentos distintos, em função do grau de consciência do sujeito que age. Muitos dos processos usados na indústria, atualmente, parecem com seus antecessores, mas a técnica, a ciência, o cuidado com as pessoas e o meio ambiente fazem com haja grande diferença no seu uso. Como uma observação complementar, usando a metáfora da representação geométrica, se o tempo e o contexto não forem considerados na análise de uma atividade, você poderia incorrer no achatamento das superfícies definidas pela helicoidal em um plano, conforme indicado, perdendo a noção de trajetória histórica, técnica, científica, cultural e ambiental, que estamos usando. Na figura, uma vista de cima, planificaria e empilharia todos os fenômenos. 14 3.2 Marcos no domínio da técnica de manutenção Pelo que ficou estabelecido até aqui, esse percurso do domínio da técnica de produzir e de organizar se faz acompanhar do domínio da técnica de manter. Assim, podem ser identificados marcos importantes no campo da função manutenção. Examine a Figura 4.5 em que a helicoidal do conhecimento foi ajustada para as gerações da manutenção. Figura 4.5 A helicoidal do conhecimento e as gerações da manutenção. A abordagem predominante da gestão da manutenção tem sido apresentada com foco na prestação de serviços de apoio à gestão da produção nas organizações de manufatura e de serviços. As organizações manufatureiras costumam ser identificadas pelo fato de fornecerem produtos físicos, tangíveis, que podem ser manuseados e armazenados até se tornarem desnecessários. As organizações de serviço são identificadas pelo fato do serviço se apresentar como um “produto” intangível que só se configura no conjunto dos efeitos produzidos Conhecimento, experiência ‘ Manutenção corretiva Aprendizado sobre o fenômeno Manutenção preventiva Aprendizado sobre o fenômeno Aprendizado sobre o fenômeno Manutenção preditiva, gestão de ativos tempo D om ín io d a té cn ic a Domínio da organização Até 1940 Entre 1940 e 1970 Após 1970 15 no curso de sua realização e, pelas marcas que deixam das transformações produzidas. Em ambos os tipos, a gestão da manutenção costuma ser dedicada ao atendimento de demandas de serviços de conservação, consertos e realização de melhorias das facilidades físicas da infraestrutura produtiva, que, em níveis de visão mais amplos, se vinculam aos objetivos de alcance de performances globais das organizações. Em geral, costuma-se dividir os relatos de evolução da Gestão da Manutenção em fases do desenvolvimento organizacional, de acordo com (LEMOS et al, 2011). Assim, são elas: 3.2.1 Primeira Geração Antes de 1940, na qual a principal expectativa era realizar o conserto após a falha; desenvolvendo uma atitude bastante reativa; 3.2.2 Segunda Geração Entre 1940 e 1970, na qual a expectativa reativa gradualmente iniciou uma trajetória de desenvolvimento de uma cultura preventiva que assegure disponibilidade crescente e maior vida útil dos equipamentos; 3.2.3 Terceira Geração Após 1970, em que a expectativa de maior disponibilidade e confiabilidade se integra com outras de alcance de melhores relações de benefício-custo, melhoria da qualidade dos produtos e preservação do meio ambiente. Como a época atual tem sido considerada de transição, alguns autores já admitem estarmos na dinâmica da quarta geração, concentrando-se na apresentação de cenários que a configuram. Início boxe multimídia Uma leitura, que ajuda você a compreender alguns pontos do que foi descrito, está disponível em um texto com o título “As Relações da Engenharia da Produção com a Gestão da Manutenção Moderna” de 16 autoria de autoria de Diego Bruno Rodrigues França e Jordania Louse Silva Alves.: http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO% 20- %20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRO DUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%2 0MODERNA.pdf fim boxe Assim, os desafios da organização manter suas estruturas (características culturais, procedimentos prescritos, hierarquias, normas técnicas, acervo de técnicas, valores, facilidades, artefatos) e agir (tudo o que se precisa fazer para manter a operação) renovando-se, redefinindo produção e manutenção, foram superados efetivamente. Isto corresponde a formas renovadas de produção de mentefatos e artefatos, que podem ser identificados nas máquinas, nos prédios, nos produtos e nas formas de observar, refletir e agir. Para fazer é preciso manter. Para manter é preciso fazer. Assim, o aprendizado com a produção leva a outras visões sobre manutenção e vice- versa no contexto da auto regulação. Algo para você pensar, em complemento ao conteúdo da aula: dado o fato da divulgação do conceito de Indústria 4.0 ser ainda muito recente, recomendamos que afirmações como essas sejam consideradas com bastante cautela. Isto por que, por um lado, o conceito busca encontrar solução ótimas, do ponto de vista lógico e matemático, que ajudem a ampliar as fronteiras da racionalidade técnica, a um nível de integração global “mecanicista”; mas por outro lado, considerando-se os clamores para atuações alinhadas com os princípios e objetivos do desenvolvimento sustentável, tal missão precisa ainda ser bastante trabalhada, buscando-se novas interações de Ciência, Tecnologia e Sociedade, que sustentem um equilíbrio socioeconômico e sócio ambiental dos sistemas sociais ainda não alcançado com a racionalidade dominanteno presente. Voltaremos a esta questão oportunamente! 3.5 Marcos no domínio da organização Nesta etapa, vamos tentar integrar os dois domínios: o da organização e o da técnica, identificando especificidades da função manutenção que você vai reconhecer, principalmente, nos ambientes da indústria e, com menos frequência, fora deles. Assim, enquanto as fontes de potência foram sendo substituídas, utilizando-se o vapor, depois a eletricidade e os controles e acionamentos deixaram de ser apenas mecânicos, transformando-se em hidráulicos, pneumáticos, comandados por circuitos http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO%20-%20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRODUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%20MODERNA.pdf http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO%20-%20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRODUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%20MODERNA.pdf http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO%20-%20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRODUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%20MODERNA.pdf http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO%20-%20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRODUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%20MODERNA.pdf http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/DIEGO%20BRUNO%20-%20AS%20RELACOES%20DA%20ENGENHARIA%20DE%20PRODUCAO%20COM%20A%20GESTAO%20DA%20MANUTENCAO%20MODERNA.pdf 17 elétricos e depois eletrônicos e mais tarde digitalmente, as formas de organizar o trabalho foram se modificando, passo a passo. E, assim como, algumas técnicas antigas coexistem com outras mais novas no campo da produção, acontecerá também com as técnicas de organização. 3.5.1 Administração científica e Administração clássica O primeiro marco é o Administração científica aplicada ao chão de fábrica e o da Administração clássica praticada nos escritórios. A ideia de controlar as máquinas por meio de cálculos de rendimento e, por analogia, usar o modelo para o cálculo das diferentes eficiências, com referências a padrões estabelecidos, tanto para os cálculos dos desempenhos físico dos processos de transformação de massa e energia quanto dos desempenhos do trabalho humano utilizado em termos de “energia” consumida e “custos” (relação custo-benefício) envolvidos deram o tom central para o planejamento, controle, avaliação e tomada de decisão quanto a realizar intervenção ou não na realidade que permanecem até o presente. As perdas de rendimento/eficiência, nesses casos, tendiam a ser atribuídas às ocorrências de defeitos em etapas de realização (do fazer em si) das transformações de insumos de entradas em produtos intermediários ou produtos finais dos sistemas produtivos, bem como às ocorrências de falhas devido a deficiências de especificações, falhas nas facilidades físicas, falhas humanas, erros administrativos. Os princípios das Administrações Científica e Clássica davam o tom para os esforços de desenvolvimento do pensamento sistêmico na busca de teorias que pudessem ser unificadas numa TGS (teoria geral de sistemas) integrando a física natural com a física social. 3.5.2 Funcionalismo Estrutural Outro marco é o Funcionalismo Estrutural. Ao final dos anos 60, esta abordagem já se apresentava exercendo influências dominantes no pensamento administrativo das organizações produtivas, com vistas à integração dessas organizações, de uma forma mais ampla, com os sistemas sociais. Fortemente relacionado com a intencionalidade de manutenção das estruturas das organizações, exerceu uma grande influência no pensamento administrativo a partir dos anos 1940. O sociólogo Talcott Parsons é considerado seu maior representante e apresenta uma perspectiva baseada na sociologia e na antropologia visando interpretar as estruturas e ações da sociedade como um todo, a partir das funções que seus elementos constituintes desempenham. 18 Hoje, a expressão de suas maiores influências pode ser rastreada nas correntes que operam os conceitos de governança global da sustentabilidade, por um lado, e de projetos e gestão de redes totais de suprimentos, por outro lado. No cerne da sua abordagem, está o tratamento dos sistemas sociais com base na analogia com os sistemas orgânicos. Nessa forma de compreender o sistema social, suas partes (ou subsistemas) são vistas de modo interligado, e cada uma delas possui funções específicas para viabilizar o todo. Os sistemas sociais são compreendidos como capazes de autorregularão, apresentando uma tendência a um estado de equilíbrio e ordem, onde “qualquer quebra na ordem tende a ser tratada como um elemento não racional e patológico”, confinado no que costuma ser considerada a “organização informal” (THOMPSON, McHUGH et al., 1995). A visão de ação em Parsons é dada através do conceito de ato unitário, o elemento mais básico da ação: “a menor unidade de um sistema de ação que ainda faz sentido como parte de um sistema concreto de ação”. O ato unitário é composto dos seguintes elementos irredutíveis: a) um ator, o agente do ato; b) um “fim”, um estado futuro de aspirações que o ator procura atingir através do ato; c) uma situação corrente, dentro da qual o ator age e a qual ele busca transformar através da sua ação. A situação é analisada de duas formas: as condições sobre as quais o ator não possui nenhum controle e os meios de ação sobre os quais ele tem controle; d) um modo de orientação, compreendendo pelo menos um padrão seletivo, em termos do qual o ator relaciona o fim à situação corrente (HAMILTON, 1983). Veja a Figura 4.6 em que os elementos e as relações do ato unitário estão indicados. rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight 19 Ator Fins ou objetivos Condições situacionais Orientações normativas (normas, valores, crenças, instituições, etc) Ambiente Meio 1 Meio 2 Meio 3 (...) Meio N Figura 4. 6 Representação do ato unitário do quadro de referência da ação de Talcott Parsons modificado (Adaptado de HAMILTON (1983, p.71). Parsons identificou quatro funções imperativas que devem ser satisfeitas para encontrar o equilíbrio social. As quatro funções interrelacionadas formam o esquema de Adaptação - Atendimento de Objetivos (“Goal”) – Integração - Latência, abreviado por AGIL (Figura 2), que busca constituir uma explicação sobre a interação dos componentes básicos entre si e com o meio ambiente. interagem no meio ambiente. Componentes básicos Meio ambiente Instrumental Emancipatório (Consumatório) Externo Adaptação Atendimento de objetivos rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight 20 Interno Manutenção de estruturas latentes Integração Figura 4.7 Representação do modelo AGIL. Adaptado de HAMILTON (1983, p.71). A adaptação tem a ver com “o problema de obtenção de recursos ou facilidades suficientes, no ambiente externo do sistema e da distribuição subsequente no interior do mesmo”; A o atendimento de objetivos tem a ver com “as características de um sistema de ação que serve para estabilizar seus objetivos, motivar e mobilizar esforços e energia dentro do sistema visando o alcance desses objetivos”; G L a latência tem a ver com “o processo através do qual a energia de motivação é armazenada e distribuída para o sistema. Envolve dois problemas de interligação (manutenção e configuração), os quais são influenciados, por um lado, pelo suprimento de símbolos, ideias, gostos e julgamentos do sistema cultural e, por outro, pela tensão da administração; a resolução das tensões internas e tensões dos atores”. (HAMILTON, 1983). I a integraçãotem a ver com “o problema de manutenção de coerência ou solidariedade e envolve aqueles elementos que estabelecem controle, mantêm coordenação dos subsistemas e previnem distúrbios maiores dentro do sistema”; Parsons importou analogias cibernéticas da biologia para explicação das funções primárias de controle do sistema cultural sobre a ação social. De acordo com o modelo, os fornecimentos de energia e de informação (de quaisquer naturezas) são elementos centrais para o funcionamento e controle do sistema. Aqui você pode reconhecer a relação com os conceitos de entropia e entropia negativa, herdados da termodinâmica. rachel Highlight 21 Os fatores que condicionam as ações são os que fornecem energia, e aqueles que as controlam são os que fornecem informações. O sistema social é desdobrado em quatro subsistemas, a saber: • sistema social, • sistema cultural, • sistema personalidade e • sistema organismo. A fonte de qualquer instabilidade surge no ambiente, em particular no sistema de valores central da sociedade. “A reação da organização à força (exógena ou endógena) é de ajustar-se e de adaptar- se na direção de um novo tipo de estabilidade ou num novo arranjo para buscar a máxima efetividade: postulado do equilíbrio dinâmico” (Ibid.,124). Dessa forma, a eficiência e o equilíbrio tornam se os fatores centrais associados ao desempenho no funcionalismo e o “tom” de harmonia é dado pela intenção de maximização da efetividade na soma das eficiências das partes do sistema, compreendendo se efetividade como combinação de estabilidade e eficiência. 3.5.3 Sociotécnica Uma outra fonte de influências importantes nos estudos sobre manutenção e performance nas organizações vem da abordagem sociotécnica. De acordo com Hassard (1993), a abordagem sociotécnica surge do trabalho de projetos organizacionais, em minas de carvão, realizados pelo Instituto Tavistock em Londres, nos anos 40, adotando, a princípio, um modelo “mecanicista” de análise do equilíbrio do comportamento industrial. A partir da metade dos anos 50, os estudos sociotécnicos do Instituto foram dominados pela doutrina da teoria de sistemas abertos, considerando os sistemas social e técnico como interdependentes (HASSARD,1993, p.38). A sociotécnica argui que é de pouca valia “teorizar o sistema social isolado da tecnologia, e a performance é dependente do grau de adequação entre os dois (...). A tecnologia age como uma limitação nos projetos de trabalho” (BURNES, 1996). Inerente à abordagem sociotécnica, está a noção de que o alcance de condições ótimas, em qualquer uma das dimensões, não resulta necessariamente num conjunto de condições ótimas para o sistema como um todo. Se a estrutura das várias dimensões não é consistente, ocorrerão interferências levando a um estado de desequilíbrio, de tal forma que o alcance do objetivo geral irá degenerar, em algum grau, e, no limite, tornado impossível. A otimização do todo tende a requerer um 22 estado menor que o ótimo para cada dimensão em separado (HASSARD, 1993, pp.38-39). Os princípios da sociotécnica, liderando os reprojetos dos postos de trabalho, são resumidos, com base em WATSON (1980, p.257), como: a) princípio de fechamento, no qual o escopo do trabalho é tal que ele inclui todas as tarefas necessárias para completar o produto ou processo, dando ao indivíduo um senso de alcance; b) incorporação do controle e monitoração das tarefas, mediante os quais os indivíduos ou grupos assumem a responsabilidade por sua própria qualidade e confiabilidade; c) variedade de tarefas, em que o trabalhador compreende uma gama de tarefas de modo a estar apto a variar na experiência do trabalho diário; d) autoregulação da velocidade de trabalho e permissão de algumas escolhas sobre o método e o sequenciamento; e) criação de uma estrutura de trabalho que permita alguma interação social e a possibilidade de cooperação entre os trabalhadores. De acordo com BURNES (1996), “desde 1950 a maior parte dos países europeus iniciaram alguns programas de ‘humanização do trabalho’ oficialmente financiados” com base nos conceitos da sociotécnica, sendo a Noruega e Suécia os que mais avançaram, em decorrência das suas “tradições de cooperação industrial e democracia”, apoiando seus programas “em termos de financiamento e amparo legal”. 3.5.4 A teoria da contingência O funcionalismo estrutural procura compreender e desenvolver a estrutura social a partir das funções a serem desempenhadas para o bem-estar da sociedade como um todo. A vertente das organizações produtivas, por sua vez, preocupa-se em projetar estruturas organizacionais capazes de alcançar efetividade no funcionamento de modo a ajustar-se ao que ocorre na sua rotina e contingencialmente no seu ambiente. No tratamento da contingência, a demanda maior é, portanto, de adaptação para adequação das ações organizacionais aos fatores contingenciais. 23 A teoria da contingência parte, então, de demandas adaptativas para adequação das organizações às ocorrências de fatores contingenciais. Isto implica reconhecer que o modo como as contingências são tratadas torna-se um tipo de competência fundamental para assegurar o equilíbrio e a harmonia dos processos organizacionais. O que a teoria da contingência faz é buscar a reflexão sobre a organização e a compatibilidade desta com o ambiente de operação. Dentre as diversas formas alternativas de gestão, busca-se encontrar as que caracterizem boas performances no tratamento das contingências. Em termos teóricos, a teoria da contingência procura manter os esquemas de inter- relacionamento e princípios de controle do funcionalismo estrutural e de outras contribuições teóricas, mas, ao contrário desse modelo, aceita a contingência não como um fenômeno “patológico” ou “indesejável” a ser evitado, mas como uma realidade em si, que deva ser gerenciada e da qual até se pode tirar proveito, houver possibilidade. 3.5.5 O olhar das ciências naturais Durante o período das máquinas a vapor, a influência da segunda lei da termodinâmica foi determinante para buscar-se o equilíbrio satisfatório entre a tendência natural de desorganização das forma de realização de trabalho das máquinas e a consequente necessidade de realização de esforços compensatórios de às perdas de energia, mediante a importação de energia de fontes externas para ...restabelecer a ordem ou capacidade original de funcionamento . Vimos que os conceitos de entropia e entropia negativa estão diretamente relacionados a esse movimento, com impactos diretos sobre as atividades de manutenção, seja nas consideração da física material seja nas considerações da física social, conforme descrita pela colaboração que o pensamento sociológico trouxe aos modelos de organização do trabalho produtivo desde a transição do século XIX para o século XX. Na perspectiva organicista, entra em cena a visão de que os organismos e, por analogia, os sistemas sociais, se desenvolvem em sistemas abertos, tendo que importar matéria e energia do ambiente externo, para manutenção da vida, bem como trocar informações e a comunicação com outros sistemas sociais. Neste contexto, os conceitos de entropia, entropia negativa e homeostase assumem proeminência na tarefa permanente de busca do equilíbrio funcional. 24 3.6 Elementos da organização contemporânea Nos dias atuais, de acordo com Jones, Garret R. (2010), em complemento às funções de produção e de manutenção, anteriormente descritas, há, também, as funções adaptáveis e as funções administrativas para diferenciação no conjunto de funções, que o autor utiliza no seu trabalho. Em uma boa medida, podemos utilizar a abordagem para representar aspectos de manutenção dos enunciados de Parson, que perduram até hoje, exercendo bastante influênciano pensamento administrativo na atualidade. Considere que em todas há produção, manutenção e controle da qualidade. 3.6.1 Funções adaptáveis (estudos) São funções que permitem que uma organização se ajuste a mudanças no ambiente. Incluem pesquisa e desenvolvimento, pesquisa de mercado e planejamento de longo prazo, que permitem que a organização aprenda com seus ambientes, procure administrá-los e, portanto, aumente suas competências principais. 3.6.2 Funções administrativas São funções que facilitam o controle e coordenação dentro e entre departamentos/divisões. Gerentes de diferentes níveis de organizacionais administram as demandas de aquisição de recursos, investimentos e o controle de recursos para aumentar a habilidade de uma organização criar valor. 3.6.3 Função de Integração. Chama-se integração ao processo de coordenar várias tarefas, funções e divisões para o planejamento, controle das organizações do trabalho conjunto, e não com propósitos cruzados. Pode ser pensada como a “função de tempo integral especificamente criada para aprimorar a comunicação entre divisões”. Dentro da função, o papel organizacional é um jogo de tarefas relacionado a comportamentos esperados de uma pessoa devido à sua função na organização. Assim, o propósito de um papel de integração é promover o compartilhamento de informação e de conhecimentos para melhor atingir as metas da organização tais como inovação, de produto, aumento da flexibilidade e melhora no serviço de atendimento ao cliente. As pessoas em papéis de integração na organização são, em geral, identificadas como gerentes seniores que ocupam posições hierárquicas em funções de tomada de decisão e direção em nível estratégico, alocado em funções intermediárias (também 25 chamadas táticas) que devem promover a comunicação e controle das metas estratégicas aos níveis operacionais. Atenção! Na prática, todos os tipos de funções, desdobradas sob esta classificação de funções e de outras possibilidades de denominação, podem ser identificados como interagindo uns com os outros, dependendo do ponto de vista adotado para análise. Atividade (Atende ao Objetivo 2) Preencha o Quadro com base nas análises das diversas concepções de gestão discutidas. Concepção Informações Decisões Operação Adm Clássica/ Adm. Científica Funcionalismo Estrutural Sociotécnica Teoria da Contingência Organização Contemporânea Compartilhamento de informações - Flexibilidade de decisões - Funções adaptáveis; Estratificação de informações - Decisões conectadas de forma sistêmica - Funções orgânicas; Estratificação de informações - Decisões hierarquizadas - Funções produção e manutenção isoladas; Esclarecimento do sujeito sobre o todo - Responsabilidade compartilhada - Funções prescritas, liberdade relativa do modo de execução; 26 Estruturas organizacionais adaptáveis - Adaptabilidade às circunstâncias - competência adquirida nas crises - Funcões prescritas ajustadas à necessidade; Solução Concepção Informações Decisões Operação Adm Clássica/ Adm. Científica Estratificação de informações Decisões hierarquizadas Funções produção e manutenção isoladas Funcionalismo Estrutural Estratificação de informações Decisões conectadas de forma sistêmica Funções orgânicas Sociotécnica Esclarecimento do sujeito sobre o todo Responsabilidade compartilhada Funções prescritas, liberdade relativa do modo de execução. Teoria da Contingência Estruturas organizacionais adaptáveis Adaptabilidade às circunstâncias. Competência adquirida nas crises Funcões prescritas ajustadas à necessidade Organização Contemporânea Compartilhamento de informações Flexibilidade de decisões Funções adaptáveis Atividade. Atende aos objetivos 1 e 2. Escreva um pequeno texto para tratar da seguinte questão: Com apoio da helicoidal do conhecimento, como você relaciona a teoria do ato unitário às 27 concepções da função manutenção e à evolução do pensamento administrativo nas organizações? Resposta comentada da atividade. A teoria do ato unitário oferece uma forma de compreender as atitudes dos sujeitos e dos coletivos que compõem a sociedade. Em cada ação, refletidamente, o agente atento às normas vigentes e mobilizado pelos fins que deseja alcançar, executa transformações sobre a matéria ou a informação, usando os recursos de que dispõe. Se necessário, se adapta, busca recursos externos e interage com o meio, com foco em seus compromissos. Neste movimento, você pode pensar que fazer e manter estão integrados na intencionalidade, durante todo o tempo e em qualquer ato do sujeito. Ele faz, para se manter. O mesmo pode ser aplicado às organizações, pois as ações de fazer e de manter, em cada época, estão ligadas por uma causalidade mútua. No processo de evolução do pensamento administrativo, a organização se transformará para alcançar aquelas finalidades desejadas. Isto vai se refletir nos atos de todos os sujeitos e nas atitudes coletivas. Isto pode ser pensado de forma geral e, particularmente, na função manutenção. Deste modo, tanto as atividades descritas como de manutenção como todas as outras que têm embutida a capacidade e o compromisso de manter a organização, serão concebidas e realizadas com base no pensamento administrativo vigente. O modelo AGIL pode detectar e representar essas duas escalas de ação. Você pode considerar que, em qualquer tempo, alguém executando um ato, vive o conjunto de seu conhecimento que pode ser representado pela helicoidal do conhecimento. De modo inverso, a helicoidal pode ser uma síntese que integra as contribuições de todos os atos dos sujeitos (individualmente e coletivamente) que produziram e continuam produzindo e empregando conhecimento. 4.0 Conclusão Você pode integrar os domínios da técnica (de produzir e de manter) e da organização e considerar que para entidades, coisas, unidades, itens e se unirem em atos de produção, portanto, transformando-se em produtos ou serviços sempre foi rachel Highlight rachel Highlight rachel Highlight 28 preciso haver ação de transformação de matéria em energia e vice-versa, bem como de associação de informações particularizadas em novas formas de representações e materializações e imposição de significados e sentidos simbolicamente associados a esses suportes físicos. Sejam nas formas de propriedades materiais (massa e/ou energia) ou conceituais e informacionais, servindo às diferentes formas de estabelecimento de conexões físicas ou interações simbólicas em processos sob o domínio dos campos das ciências naturais ou sociais. Para abordagem dessas questões, a representação da helicoidal do conhecimento ajuda a refletir sobre a FUNÇÃO MANUTENÇÃO e situá-la nos contextos de integração humana, técnica e de organização social do trabalho produtivo, demarcados historicamente. 5.0 Resumo Nesta aula você foi apresentado ao contexto em que as funções produção e manutenção se diferenciam. Com base na helicoidal do conhecimento, foi feita uma integração entre os domínios da técnica (para produzir e para manter) e da organização, destacando-se marcos históricos indicados pela literatura, de momentos da história em que emergiram conceitos e abordagens que influenciaram esses dois domínios, então, e, em alguns casos, continuaram sendo relevantes até os dias de hoje. Este movimento, se conecta com a discussão de valor e produção simbólica discutidos na Aula 2 e serve de base para a observação que você deve fazer ao se deparar com qualquer organização, com foco na gestão da manutenção ou na gestão da produção. Assim como a sua consciência não abandona experiências, mas dá a elas novos olhares e significados, as organizações não abandonam sua trajetóriade auto organização, o que faz com que as estruturas atuais retenham, frequentemente, fragmentos das anteriores. As funções e os papeis, nos termos de Garret (2010) incorporam essa herança, que você poderá reconhecer e mobilizar na produção de valor. 6. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, a partir do contexto das indústrias de manufaturas e da NBR 5462, você vai se familiarizar com procedimentos de manutenção empregados nestas organizações produtivas que, também, são referências para outros ambientes da EP. 7. Referências Bibliográficas European Parliament. Industry 4.0 Digitalisation for productivity and growth. Setembro de 2015. Disponível em: 29 <http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/BRIE/2015/568337/ EPRS_BRI (2015)568337_ EN.pdf>. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa / Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenação de edição Marina Baird Fereira – 8.ed: Positivo, 2010. FRANÇA, D.B.R.; ALVES, J. L. S. “As Relações da Engenharia da Produção com a Gestão da Manutenção Moderna”. 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