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Gabriely Pansera – Medicina UCPel Fisiologia – P1 GUYTON CAP 46 – SEMANA 1 Organização do Sistema Nervoso, Sinapses e Neurotransmissores NEURÔNIO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Sinais aferentes chegam ao neurônio por meio de sinapses nos dendritos neuronais e pelo corpo celular. O neurônio pode rece- ber muitas conexões sinápticas aferentes, mas o seu sinal efe- rente trafega por um neurônio único. O axônio pode ter muitas ramificações que se dirigem a outras regiões do sistema nervoso ou para periferia do corpo. A maioria das sinapses trafega apenas na direção anterógrada, permitindo que o sinal passe do axônio de um neurônio aos den- dritos do próximo. RECEPTORES SENSORIAIS Muitas atividades do sistema nervoso iniciam por experiencias sensoriais que excitam os receptores sensoriais. Essas experiencias podem provocar reações cerebrais imedia- tas ou as informações podem ser armazenadas no cérebro sob forma de memória por minutos, semanas ou anos. A informação chega ao SNC pelos nervos periféricos e é conduzida a áreas sensoriais localizadas em: - Todos os níveis da medula espinal; - Formação reticular do bulbo, da ponte e do mesencéfalo; - Cerebelo; - Tálamo; - Áreas do córtex cerebral. EFETORES As funções motoras do sistema nervoso são de controlar os efetores: músculos e glândulas. Tem esse nome, pois são estrutu- ras anatômicas que executam funções ditadas por sinais nervo- sos. FUNÇÃO INTEGRATIVA DO SISTEMA NERVOSO Uma das funções mais importantes do sistema nervoso é a de processar a informação aferente. Mais de 99% das informações sensoriais são descartadas pelo cérebro como irrelevantes e sem importância. Quando uma informação sensorial importante excita a mente, é imediatamente canalizada para regiões integrativas e motoras do cérebro. A canalização e o processamento de informações são chama- dos funções integrativas do sistema nervoso. SINAPSES NO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES A sinapse é o ponto de contato entre um neurônio e o neurônio seguinte, é quem determina as direções em que os sinais nervo- sos vão se distribuir pelo sistema nervoso. MEMÓRIA A maior parte do armazenamento de informações ocorre no córtex cerebral, porem as regiões subcorticais do encéfalo e a medula espinal também podem armazenar pequena quantidade. O armazenamento de informações, memória, também é função exercida pelas sinapses. O processo de facilitação consiste em cada vez que determina- dos tipos de sinais sensoriais passam por sequencia de sinapses, essas sinapses ficam mais capazes de transmitir o mesmo tipo de sinal em outras oportunidades. Depois dos sinais passarem inúmeras vezes, o próprio SNC pode promover a transmissão desses impulsos mesmo na ausência da aferência sensorial. NÍVEL MEDULAR A medula espinhal além de ser uma via de passagem para os sinais vindos da periferia do corpo em direção ao encéfalo e vice versa, possui circuitos neurais responsáveis por: - Movimentos de marcha; - Reflexos que enrijecem as pernas para sustentar o corpo; - Reflexos que controlam os vasos sanguíneos locais, movi- mentos gastrointestinais e excreção urinaria; PLANO GERAL DO SISTEMA NERVOSO GRANDES NÍVEIS FUNCIONAIS DO SISTEMA NERVOSO Gabriely Pansera – Medicina UCPel Fisiologia – P1 - Reflexos que afastam partes do corpo de objetos que causam dor; NÍVEL CEREBRAL INFERIOR OU SUBCORTICAL A maioria das atividades subconsciente do corpo são controla- das por regiões encefálicas subcorticais, no bulbo, na ponte, no mesencéfalo, no hipotálamo, no tálamo, no cerebelo e nos gân- glios da base. Muitos padrões emocionais podem continuar a ocorrer mesmo após a destruição de grande parte do córtex cerebral. NÍVEL CEREBRAL SUPERIOR OU CORTICAL O córtex cerebral é a região extremamente grande de armaze- namento de memorias. Nunca funciona sozinho, sempre em as- sociação as estruturas subcorticais do SNC. Sem o córtex cerebral as funções dos centros subcorticais são imprecisas. O reservatório de informação cortical converte essas funções em operações determinadas e precisas. São as estruturas subcorticais e não o córtex que iniciam o es- tado de vigília no córtex cerebral, promovendo abertura do banco de memorias a ser acessado pela maquinaria do pensamento presente no encéfalo. Cada porção do sistema nervoso executa ações especificas, mas é o córtex quem abre o mundo de informações armazenadas para que sejam exploradas pela mente. A informação é transmitida ao SNC na forma de potenciais de ação/impulsos nervosos. Funções sinápticas dos neurônios: - Pode ser bloqueado na sua transmissão de um neurônio para outro; - Pode ser transformado de impulso único a impulsos repetiti- vos; - Pode ser integrado a impulsos vindos de outros neurônios para gerar impulsos complexos e sucessivos. TIPOS DE SINAPSES A maioria das sinapses para transmitir sinais no SNC são sinap- ses químicas, onde o primeiro neurônio secreta por seu terminal a substancia química, um neurotransmissor. Esse NT atua sobre proteínas receptoras presentes na mem- brana do neurônio seguinte, promovendo excitação, inibição ou outra alteração na sensibilidade dessa célula. Nas sinapses elétricas os citoplasmas das células estão conec- tados por junções comunicantes/GAP, que permitem livre movi- mento de íons de uma célula para outra. É por meio dessas jun- ções que os potenciais de ação são transmitidos de uma fibra muscular lisa para a próxima (musculo liso visceral e cardíaco). No SNC as sinapses químicas e elétricas interagem entre si. SINAPSES QUÍMICAS UNIDIRECIONAIS A característica que torna as sinapses químicas adequadas para transmitir a maioria dos sinais do sistema nervoso é que seus sinais sempre são transmitidos em uma única direção. Essa direção é: do neurônio que secreta o NT ao neurônio sob o qual o NT age: Neurônio Pré-Sináptico ➔ Neurônio Pós-Sináptico O mecanismo de condução unidirecional permite que os sinais sejam direcionados para alvos específicos. As sinapses elétricas são bidirecionais e transmitem sinais em ambas as direções. SINAPSES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Gabriely Pansera – Medicina UCPel Fisiologia – P1 ANATOMIA FISIOLÓGICA DA SINAPSE Exemplo de neurônio motor anterior encontrado no corno ante- rior da medula espinal. Esse neurônio é composto de três partes principais: - Corpo celular ou Soma: maior parte do neurônio; - Axônio: único, que se estende do corpo celular, deixa a medula espinal e se incorpora a nervos periféricos; - Dendritos: inúmeras projeções ramificadas do soma que se estendem para áreas adjacentes da medula. Os botões sinápticos ou terminais pré-sinápticos estão 80-95% na superfície dos dendritos e 5-20% no corpo celular do neurônio motor. Neurônios localizados em outras partes da medula e do encéfa- lo se diferem do neurônio motor por: - Tamanho do corpo celular; - Comprimento, tamanho e número de dendritos (menores); - Comprimento do calibre axônico; - Número de terminais pré-sinápticos. ÍONS CÁLCIO A membrana pré-sinápticatem grande quantidade de canais de Ca dependentes de voltagem, que quando há despolarização da membrana, se abrem permitindo a passagem de íons Ca para o terminal pré-sináptico. Quando os íons Ca entram no terminal, se ligam aos sítios de li- beração, essa ligação causa abertura desses sítios permitindo que algumas vesículas que contem NT liberem seu conteúdo na fenda sináptica após cada potencial de ação. A quantidade de NT liberada na fenda sináptica é diretamente proporcional ao número de íons Ca que entram. PROTEÍNAS RECEPTORAS A membrana do neurônio pós-sináptico contém muitas proteí- nas receptoras, que possuem dois componentes importantes: - Componente de ligação: externa a membrana pós-sináptica, local onde se liga o NT; - Componente intracelular: atravessa toda a membrana pós- sináptica até alcançar o interior do neurônio pós-sináptico; A ativação dos receptores controla a abertura dos canais iôni- cos por receptores inotrópicos e metabotrópicos (2º mensageiro). Canais iônicos da membrana neuronal pós-sináptica: - Canais catiônicos: permitem a passagem de íons Na, mas as vezes deixam passar também K e Ca; - Canais aniônicos: permitem a passagem de íons cloreto e pe- quenas quantidades de outros ânions. - NT que abre canais catiônicos: transmissor excitatório; - NT que abre canais aniônicos: transmissor inibitório. NT QUÍMICOS Há grupos distintos de NT químicos, um formado por NT com moléculas pequenas de ação rápida, outro formado por neuro- peptídeos com moléculas maiores e de ação mais lenta. NT DE MOLÉCULAS PEQUENAS E AÇÃO LENTA Hormônios Liberadores Hipotalâmicos: - Hormônio liberador de tirotropina - Hormônio liberador do hormônio LH - Somatostatina Peptídeos Hipofisários - ACTH - B-endorfina - Prolactina - Tirotropina - LH - Vasopressina - Ocitocina - hGH Peptídeos que agem no Intestino e no Cérebro: - Encefalinas - Gastrina - Colecistocinina - Insulina - Glucagon - Neurotensina - Fator de crescimento neural De outros tecidos: - Angiotensina II - Bradicinina - Carnosina - Calcitonina - Peptídeos do sono Gabriely Pansera – Medicina UCPel Fisiologia – P1 EXCITAÇÃO SINÁPTICA O potencial de repouso da membrana em qualquer parte do cor- po celular é -65 mv. Quando o terminal pré-sináptico secreta seu NT na fenda sináp- tica, ele age abrindo os canais de Na, que deixam as cargas inter- nas menos negativas. Esse aumento positivo do potencial de repouso da membrana é chamado potencial pós-sináptico excitatório PPSE. A elevação de -65 mv a -45 mv requer descarga simultânea de vários terminais ao mesmo tempo ou em sucessão: somação. O PPSE inicia na membrana do segmento inicial do axônio por ter mais canais de Na dependentes de voltagem que o corpo celu- lar, sendo mais difícil abrir canais suficientes para disparar um potencial de ação. INIBIÇÃO SINÁPTICA Sinapses inibitórias promovem abertura dos canais de cloreto, que como são negativos, aumentam a negatividade interna para -70 mv, sendo mais difícil ocorrer excitação. Abertura de canais de K promovem seu efluxo da célula, com a saída desses íons positivos, o interior da célula também fica mais negativo. A inibição gera um estado de hiperpolarização. O aumento da negatividade além do nível do potencial de mem- brana normal é chamado potencial inibitório pós-sináptico PPSI. Há também inibição pré-sináptica, causada pela liberação de substância inibitória nos terminais pré-sinápticos antes que eles atinjam o neurônio pós-sináptico. Na maioria das vezes o NT inibitório é o GABA, que abre canais aniônicos de cloreto, cancelando o efeito excitatório dos íons Na, inibindo a transmissão sináptica. Na excitação e inibição, os canais abertos duram 1-2 milisse- gundos e seus potenciais diminuem em cerca de 15 milissegundos após o fechamento. Neuropeptídios transmissores podem excitar ou inibir o neurô- nio pós-sináptico de centenas de milissegundos a horas. SOMAÇÃO ESPACIAL Para gerar um estimulo forte o suficiente (20 mv) para alcançar o limiar de disparo do neurônio, vários terminais pré-sinápticos são estimulados ao mesmo tempo, com somação dos seus efeitos. A somação espacial é o efeito de somação dos potenciais pós- sinápticos simultâneos de múltiplos terminais. SOMAÇÃO TEMPORAL A somação temporal consiste em um único terminal pré-sináp- tico gerando descargas sucessivas e com rapidez suficiente, que são somadas para atingir o limiar de disparo. O PPSE e o PPSI podem se anular ou reduzir o potencial pós- sináptico, desativando a atividade do neurônio. FACILITAÇÃO DOS NEURÔNIOS O estado de um neurônio facilitado é quando ele está recebendo cargas positivas, mas ainda falta para alcançar o limiar. DENDRITOS NA EXCITAÇÃO NEURONAL Os dendritos se estendem em todas as direções do corpo celular. De 80-95% de todos os terminais pré-sinápticos do neurônio motor anterior terminam nos dendritos. Os dendritos possuem poucos canais de Na dependentes de vol- tagem e não transmitem potenciais de ação. Eles transmitem correntes eletrônicas em direção ao corpo ce- lular. Propagam corrente elétrica diretamente, sem geração de potencial de ação. Grande parte do PPSE é perdida nos dendritos, antes que atinja o corpo celular, devido vazamentos da corrente elétrica. Essa re- dução do potencial de membrana enquanto se propaga através dos dendritos é chamada condução decremental. Quanto mais longe a PPSE do corpo celular, maior decremento e menor será o sinal excitatório que chega no corpo. As PPSE ocorrem na extremidade do dendrito e as PPSI próxi- mas ao corpo celular. Ambas ocorrem no mesmo dendrito. NT DE MOLÉCULAS PEQUENAS E AÇÃO RÁPIDA Classe I: - Acetilcolina Classe II: aminas - Epinefrina - Norepinefrina - Dopamina - Serotonina - Histamina Classe III: aminoácidos - GABA, ácido gama- aminobutírico. - Glicina -Glutamato - Aspartato Classe IV: - Óxido nítrico NO Gabriely Pansera – Medicina UCPel Fisiologia – P1 ESTADOS DO NEURÔNIO O estado é a somação dos potenciais excitatórios ou inibitórios no neurônio. Se os potenciais excitatórios forem maiores que os inibitórios, o neurônio está em estado excitatório. Caso contrário, o neurônio estará em estado inibitório. Quando o estado excitatório do neurônio aumenta acima do li- miar, o neurônio dispara repetitivamente enquanto o estado du- rar. FADIGA DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA A fadiga ocorre quando as sinapses excitatórias são repetida- mente estimuladas. Faz com que as áreas superexcitadas per- cam o excesso de excitabilidade após algum tempo. O mecanismo de fadiga consiste na exaustão total ou parcial dos estoques de substância transmissora nos terminais pré- sinápticos. O processo de fadiga pode resultar de dois fatores: inativação progressiva dos receptores de membrana pós-sinápticos e lento desenvolvimento de concentrações anormais de íons na célula neuronal pós-sináptica. ACIDOSE E ALCALOSE Os neurônios respondem com alta intensidade a mudanças do pH do LEC que os circunda. A alcalose aumenta acentuadamentea excitabilidade neuronal. Ex.: aumento do pH de 7,4 para 7,8-8,0 provoca convulsões epilépticas pelo aumento da excitabilidade de alguns ou de todos os neurônios cerebrais. A acidose deprime a atividade neuronal de modo drástico. A queda do pH de 7,4 para níveis inferiores a 7,0 provocam estado comatoso. Ex.: em casos de diabetes muito graves ou acidose urêmica, o estado de coma quase sempre se desenvolve. HIPOXIA A excitabilidade neuronal é muito dependente do suprimento adequado de O2. A cessação da disponibilidade de oxigênio, por apenas alguns segundos, pode provocar completa ausência de excitabilidade em alguns neurônios. Ex.: interrupção do fluxo sanguíneo cerebral de 3-7 segundos deixa a pessoa inconsciente. FÁRMACOS Há fármacos que aumentam a excitabilidade dos neurônios e outros que diminuem. Cafeína (café), teofilina (chá) e teobromina (cacau) aumentam a excitabilidade neuronal por reduzirem o limiar de excitação dos neurônios. A estricnina também aumenta a excitabilidade, mas não reduz o limiar. Ela inibe a ação de algumas substancias inibitórias, prin- cipalmente o efeito inibitório da glicina na medula espinal. Os efeitos desses NT são maiores, produzindo descargas repeti- tivas que resultam em espasmos musculares tônicos graves. A maioria dos anestésicos aumentam o limiar de excitação da membrana neuronal, reduzindo a transmissão sináptica em mui- tos pontos do sistema nervoso. Grande parte dos anestésicos são lipossolúveis e mudam as ca- racterísticas físicas das membranas neuronais, fazendo com que respondam menos aos agentes excitatórios. RETARDO SINÁPTICO Os processos que ocorrem durante a transmissão do sinal do neurônio pré-sináptico ao neurônio pós-sináptico levam cerca de 0,5 milissegundos (tanto em excitatórias quanto inibitórias). Esse tempo mínimo é chamado retardo sináptico. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA
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