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Pré-modernismo brasileiro e Vanguardas – Exercícios 01. A expressão Pré-Modernismo traz implícita uma significação peculiar, uma vez que o termo “pré” remete a uma situação de anterioridade, dentro de um contexto abrangente e múltiplo de sentidos; “modernismo”, em sentido lato sensu, refere-se à evolução, ao progresso e, em stricto sensu, a um gênero literário que apresenta características próprias e inerentes. Dessa maneira, pode- se dizer que, ao usar a expressão Pré-Modernismo, (a) pretende-se ensejar uma definição vaga do movimento que despontava. (b) procurava-se refletir as contradições de uma realidade em que várias correntes de pensamento se distinguiam e, ao mesmo tempo, contemplavam-se. (c) havia a certeza de que o movimento não teria repercussão. (d) rotulou-se um estilo literário e único, reflexo da situação estável que ora existia. (e) tematizou-se o sentimento como a única fonte de inspiração de seus integrantes. 02. Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como (a) uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira. (b) a necessidade de superar, em termos de um programa bem definido, as estéticas românticas e realistas. (c) pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada. (d) a necessidade de fazer crítica social, já que o realismo havia sido ineficaz nessa matéria. (e) aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações. 03. O poema abaixo, intitulado “Vandalismo”, é de autoria de Augusto dos Anjos. Leia-o e responda à questão proposta. 01. Meu coração tem catedrais imensas, 02. Tempos de priscas e longínquas datas, 03. Onde um nume de amor, em serenatas, 04. Canta a aleluia virginal das crenças. 05. Na ogiva fúlgida e nas colunatas 06. Vertem lustrais irradiações intensas 07. Cintilações de lâmpadas suspensas 08. E as ametistas e os florões e as pratas. 09. Com os velhos Templários medievais 10. Entrei um dia nessas catedrais 11. E nesses templos claros e risonhos... 12. E erguendo os gládios e brandindo as hastas, 13. No desespero dos iconoclastas 14. Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! Vocabulário: “prisco” (v. 02) = antigo; “nume” (v. 03) = divindade; “ogiva” (v. 05) = abóboda de igreja gótica; “gládio” (v. 12) = espada; “hasta” (v. 12) = lança; “iconoclastas” (v. 14) = destruidor de imagens. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do poema. (a) A primeira estrofe é uma exaltação de religiosidade da infância do poeta. (b) O “Vandalismo” do título é uma referência à destruição dos sonhos e da tranquilidade inicial e à quebra dessa situação no final. (c) A expressão “a aleluia virginal das crenças” (v. 04) significa a fé ingênua da infância. (d) Na última estrofe, o poeta confessa que a vida proporcionou-lhe uma alegre visão do mundo. (e) “Templários medievais” (v. 09) é uma alusão à intensidade religiosa da Idade Média. 04. Sobre as vanguardas europeias, assinale a alternativa INCORRETA. (a) Entre suas principais manifestações estão o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo, todos surgidos na Europa no início do século XX. (b) As vanguardas europeias influenciaram as artes no mundo ocidental de maneira contundente. No Brasil, as inovações nas artes e na literatura se deram inclusive pela influência dessas vanguardas. (c) As tendências literárias que compuseram as vanguardas europeias estavam unidas por um único projeto artístico, cuja proposta era a de retomar os ideais clássicos nas artes e na literatura. (d) A palavra “vanguarda” tem origem no francês avant-garde, que significa “o que marcha na frente”, ou seja, as correntes de vanguarda antecipavam o futuro com suas práticas artísticas inovadoras e nada convencionais. (e) Não havia um projeto artístico em comum que agregasse os artistas de vanguarda em torno de uma única proposta, contudo, estavam unidos por uma mesma causa: a de inovar as artes e romper com os padrões clássicos vigentes. 05. As vanguardas europeias influenciaram vários pintores. Assinale a alternativa em que NÃO se verifica tal influência. (a) (b) (c) (d) (e) 06. Assinale a alternativa em que TODAS as palavras se vinculam às vanguardas do início do século XX. (a) Ruptura, simultaneidade, linearidade. (b) Abertura, harmonia, ilogismo. (c) Choque, instantaneísmo, destruição. (d) Beleza, proporção, velocidade. (e) Perspectiva, subconsciente, deformação. O poema abaixo, de Álvaro de Campos, intitula-se “Ode triunfal”. Leia-o e responda às questões 07 e 08. 01. À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica 02. Tenho febre e escrevo. 03. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, 04. Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. 05. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! 06. Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! 07. Em fúria fora e dentro de mim, 08. Por todos os meus nervos dissecados fora, 09. Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! 10. Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, 11. De vos ouvir demasiadamente de perto, 12. E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso 13. De expressão de todas as minhas sensações, 14. Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! [...] 15. Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! 16. Ser completo como uma máquina! 17. Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo! 18. Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto; 19. Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento 20. A todos os perfumes de óleos e calores e carvões 21. Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! Vocabulário: “papilas” (v. 09) = pequena saliência na pela ou em uma mucosa; “passento” (v. 19) = material que absorve líquidos facilmente. 07. Analise as proposições abaixo a respeito desse poema. I – O eu lírico enuncia componentes do universo das máquinas que parecem constituir todo o seu mundo próximo. II – A forma de sucessão dos versos e o tom exaltado remetem ao ritmo veloz e agressivo da modernidade. III – A dicção do eu lírico chega a mimetizar os equipamentos, como sugere o uso da onomatopeia no verso 05. Está(ão) correta(s) (a) apenas I. (b) apenas II. (c) apenas III. (d) apenas II e III. (e) I, II e III. Analise o quadro a seguir, de Pablo Picasso, intitulado As senhoritas de Avignon (1907), e, com base nele e no poema “Ode triunfal”, de Álvaro de Campos, reproduzido na questão anterior, responda à questão 08. 08. Considerando o quadro de Pablo Picasso, As senhoritas de Avignon, e o poema de Álvaro de Campos, “Ode triunfal”, assinale a alternativa correta. (a) Tanto o quadro de Picasso quanto o poema de Campos impõem a exigência de uma multiplicidade de perspectivas sobre os objetos ou assuntos de que tratam. (b) O quadro de Picasso impõe um novo olhar para o objeto, capaz de considerar vários pontos de vista, já o poema de Campos não prevê vários pontos de vista, pois defende a modernidade sob o ângulo da positividade. (c) O quadro de Picasso e o poema de Campos não preveem diferentes pontos de vista sobre o objeto ou o assunto de que tratam. (d) Enquanto As senhoritas de Avignon apresentam traços dadaístas, “Ode triunfal” resguarda características futuristas. (e) As duas obras exaltam elementos do mundo moderno expressos na velocidade e na ênfase de sons e cheiros. O poeta austríaco Georg Trakl é considerado um dos grandes expoentes da poesia expressionista. Leia dele o poema “Aosemudecidos”, transcrito a seguir, e responda às questões 09 e 10. 01. Oh a loucura da grande Cidade, quando à noite 02. junto ao muro negro aleijadas árvores se erguem boquiabertas, 03. e por uma máscara de prata o Espírito do Mal se ri; 04. a luz com flagelo magnético a pétrea noite expulsa. 05. Oh, o submerso dobrar dos sinos pelo anoitecer. 06. Prostituta, que em convulsões de gelo pares uma criança morta. 07. A ira de Deus chicoteia a fronte do homem possesso, 08. purpúrea pestilência, fome, verdes olhos quebra. 09. Oh, o horrendo riso do ouro. 10. Mas quieta na caverna escura uma humanidade mais silente sangra, 11. forja no duro metal a redentora cabeça. Vocabulário: “pétrea” (v. 04) = relativo à pedra, muito resistente; “purpúrea” (v. 08) = de aspecto avermelhado; “silente” (v. 10) = silenciosa. 09. Assinale V (verdadeira) ou F (falsa) para cada uma das afirmações relacionadas com o texto. ( ) Trata-se de um poema expressionista porque ocorre uma deformação do mundo exterior justamente para representar o estado de espírito do eu lírico. ( ) O expressionismo se caracteriza por um processo de engajamento social; porém, esse aspecto não está presente nesse poema. ( ) A forma como o poema se constitui ratifica um traço expressionista, ou seja, cada verso adiciona um fragmento ao grande mosaico montado pelo eu lírico, sendo o resultado uma imagem complexa e demonizada da cidade, que o leitor reconhece sem se apoiar no sentido de cada uma das imagens. A sequência correta é (a) V – V – V. (b) F – F – V. (c) V – V – F. (d) V – F – V. (e) F – V – F. 10. Responda: O poema estabelece um paradoxo entre “luz” e “escuridão”. Nos primeiros versos, ressalta-se o elemento luz (v. 04); nos últimos, o elemento escuridão (v. 10). Considerando-se o conteúdo do poema, o que o eu lírico pretende criticar ao estabelecer tais oposições? O Expressionismo surge como outra tentativa da Literatura e Arte Moderna de representar um mundo em constante transformação. As mudanças provocadas pela automatização industrial em larga escala, pelo crescimento acelerado das grandes metrópoles e pelo sur-gimento de novas tecnologias apresentavam um novo paradigma, transformando a maneira como o ser humano existe e interage com o mundo. Assim, os poetas expressionistas esta-vam engajados socialmente em uma crítica ao seu tempo, sendo comum escreverem sobre temas relacionados à angústia da condição humana, à morte, ao medo, muitas vezes repre-sentados de maneira sombria (por retratar o que é tido como indesejável). Para isso, utili-zavam de metáforas exageradas e uma linguagem direta, analisando minuciosamente o subconsciente dos personagens, já que a experiência da realidade é subjetiva. Dessa manei-ra, o paradoxo entre “luz” e “escuridão”, no poema de Georg Trakl, representa a própria realidade da época: com avanços tecnológicos, mas deformado pelo crescimento de certos sentimentos e pessimismo. A “luz” (nos versos 04 e 05), que clareia as ruas da turbulenta cidade, não é capaz de iluminar também a humanidade, presente na escuridão (verso 10). A “escuridão” é fruto do novo mundo burguês e capitalista, da ganancia de uns que gera impotência de outros frente esse “tempo sem alma”, no qual até a ira de Deus castiga (ver-sos 07, 08 e 09). Portanto, o processo antitético utilizado no poema nada mais é que uma denúncia desse universo de “crise”, como explicado anteriormente.
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