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Tributos Federais, Estaduais e Municipais Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual Palhoça, 2017 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Universidade Sul de Santa Catarina Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Mauri Luiz Heerdt Vice-Reitor Lester Marcantonio Camargo Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Hércules Nunes de Araújo Pró-Reitor de Administração e Operações Heitor Wensing Júnior Assessor de Marketing, Comunicação e Relacionamento Fabiano Ceretta Diretor do Campus Universitário de Tubarão Rafael Ávila Faraco Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Zacaria Alexandre Nassar Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Ana Paula Reusing Pacheco Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Ana Paula Reusing Pacheco Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos Renato André Luz Gerente de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação Moacir Heerdt Gerente de Relacionamento e Mercado Guilherme Araujo Silva Gerente da Rede de Polos José Gabriel da Silva Livro Didático Professor conteudista Gabriel Walter Gonzalez Bocchetti Designer instrucional Cristina Klipp de Oliveira Assistente Acadêmico Thayanny Aparecida Bedinot da Conceição (1ª ed. Atualizada) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Noemia Mesquita Revisão Ortográfica Diane Dal Mago ISBN 978-85-506-0184-7 e-ISBN 978-85-506-0185-4 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul B64 Bocchetti, Gabriel Walter Gonzalez Tributos federais, estaduais e municipais : livro didático / Gabriel Walter Gonzalez Bocchetti ; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – 1. ed. atual. - Palhoça : UnisulVirtual, 2017. 145 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-506-0184-7 e-ISBN 978-85-506-0185-4 1. Direito tributário. 2. Impostos. I. Oliveira, Cristina Klipp. II. Título. CDDir 341.396 Copyright © UnisulVirtual 2017 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2017 Designer instrucional Cristina Klipp de Oliveira Tributos Federais, Estaduais e Municipais Gabriel Walter Gonzalez Bocchetti 1ª edição atualizada Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Conceitos, princípios e normas básicas do Direito Tributário | 9 Capítulo 2 Imposto Extrafiscais | 23 Capítulo 3 Outros Impostos e Contribuições Federais | 43 Capítulo 4 Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza - IR | 65 Capítulo 5 Impostos Estaduais e Municipais | 111 Considerações Finais | 141 Referências | 143 Sobre o Professor Conteudista | 145 Introdução Assim como em qualquer área do direito, para que o conceito de liberdade não se extrapole, atingindo, dessa maneira, a área da libertinagem, é necessário que o Estado imponha limitações, valendo-se do direito positivo para tanto. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 coloca tais limitações ao poder delegado por ela aos entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e, dessa maneira, cria uma relação com polos distintos, sendo que o primeiro cobra o tributo e tem o direito de recebê-lo, constituindo o polo ativo da situação e, em contrapartida, se institui uma obrigação ao contribuinte, pessoa física ou jurídica que tenha dado fato gerador à obrigação de pagar o tributo, sendo o sujeito passivo. O poder de tributar está relacionado nos artigos 150 ao 152 da Carta Magna, e como ensina o professor Vittorino Cassone, “é a parte do Direito Financeiro que estuda as relações jurídicas entre o Estado (Fisco) e os particulares (contribuintes), no que concerne à instituição, arrecadação, fiscalização e extinção do tributo. É direito autônomo, pois se rege por princípios e normas próprias” (CASSONE, 1994, p. 28). Com base nesses conceitos, estudaremos o Direito Tributário como o conjunto de regras que regulam a relação jurídica entre o poder tributante (Fiscos - União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) e o contribuinte (pessoas físicas ou jurídicas), seus princípios constitucionais informadores, os elementos constitutivos da obrigação jurídica tributária, a classificação dos tributos e as receitas originárias. Também trataremos sobre as causas que suspendem o pagamento do crédito tributário, as causas extintivas e as de exclusão do crédito tributário. E, por fim, apresentaremos os impostos em espécie, previstos e já instituídos no Direito brasileiro, a competência para a sua instituição e seus fatos geradores e outros aspectos relevantes que os envolvem. 9 Capítulo 1 Conceitos, princípios e normas básicas do Direito Tributário Seção 1 O Estado e o Poder de Tributar No exercício de seu poder, o Estado necessita de meios materiais e pessoais para cumprir seus objetivos institucionais, garantindo a ordem jurídica, a segurança, a defesa, a saúde pública e o bem-estar social de todos. Para cumprir essas tarefas, que têm valor econômico e social, o Estado, por sua atividade financeira, precisa obter, gerir e aplicar os recursos indispensáveis ao cumprimento de seus objetivos. A atividade financeira do Estado é, então, o conjunto de atos que o Estado pratica no processo de obtenção, gestão e aplicação dos recursos financeiros de que necessita para atingir seus fins. Tal atividade desenvolve-se em três fases distintas: • Receita (Arrecadação): a receita pública divide-se em duas espécies: · Originárias: são as receitas provenientes da exploração econômica do patrimônio do Estado. São, portanto, as receitas oriundas dos bens e empresas comerciais e industriais que pertencem ao Estado. Ex.: lucros provenientes de investimentos no Banco do Brasil, Banrisul, Correios etc.; venda de bens (alienação de imóveis); prestação de serviços (tarifas públicas); · Derivadas: são as receitas decorrentes da exploração de fontes externas ao próprio Estado, sendo exigidas de maneira compulsória, exercendo seu poder de soberania. Correspondem aos tributos e às penalidades pecuniárias decorrentes de atos ilícitos. Ex.: taxas, impostos, contribuições de melhoria etc. 10 Capítulo 1 • Gestão (Orçamento): o Orçamento demonstra como os recursos arrecadados em forma de receitas ordinárias e derivadas serão aplicados. • Despesas (Aplicação): diz respeito à aplicação dos recursos financeiros arrecadados. Ao Direito Tributário interessam as “receitas derivadas”, que correspondem ao conceito de tributo. Conceito de Legislação Tributária “Legislação Tributária” pode ser entendida como o conjunto de normas que envolvem assuntos tributários. Segundo o art. 96 do CTN (Código Tributário Nacional), “a expressão “Legislação Tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e as relações jurídicas a eles pertinentes”. Os artigos 101 a 104 do CTN versam sobre a vigência da Legislação Tributária, definindo que: • A vigência da Legislação Tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral. Isso significa que, salvo disposição em contrário (expressão “esta lei entra em vigor...”), a lei deve entrar em vigor 45 dias após ser publicada; • A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no país, fora de seus respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritoriedade ou convênios de que participem, ou de que disponham as leis expedidas pela União; • Salvo disposição em contrário, entram em vigor: · Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas: na data de sua publicação; · Decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa: 30 dias após a data de sua publicação; · Os convênios que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios celebram entre si: na data prevista no próprio convênio.• Impostos sobre o patrimônio ou renda que criem ou majorem tais impostos, que definem novas hipóteses de incidência e que extingam ou reduzam isenções: no 1º dia do exercício subsequente àquele em que a lei foi publicada. 11 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Com relação à aplicação da legislação tributária, o art. 105 do CTN define que ressalvadas as garantias constitucionais sobre majoração ou instituição de tributo, a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes (fato cuja ocorrência tenha início, mas não esteja completa). Direito Tributário Direito Tributário é “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas à imposição tributária de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”. O Direito Tributário disciplina uma relação jurídica entre um sujeito ativo (o fisco) e um sujeito passivo (o contribuinte), envolvendo uma prestação (tributo). O Direito Tributário existe para delimitar o poder de tributar, sua finalidade não é a arrecadação de tributos, porque essa sempre aconteceu, e acontece, independente da existência do Direito Tributário. Sistema Tributário Nacional O Sistema Tributário é um conjunto de princípios constitucionais, que regula o poder de tributar, as limitações desse poder e a repartição de suas receitas. O ideal é que o Sistema Tributário seja barato (o contribuinte deve suportar o pagamento, isso não significa necessariamente a menor alíquota); simples (deve ser entendido pelo contribuinte) e estável. Fontes do Direito Tributário As fontes do Direito Tributário estão classificadas em primárias e secundárias, de acordo com o poder que elas têm em inovar na ordem jurídica: • Fontes Primárias: a lei é a fonte imediata e primária do direito tributário. Nas suas várias formas e diversos graus de hierarquia as fontes primárias dividem-se em: (a) Lei Constitucional: é a fonte soberana da legislação, sendo que todas as leis devem obedecer aos limites impostos pela Constituição Federal (CF), sob pena de perder a validade. A Lei Constitucional fixa a competência (o poder de tributar), as limitações e a repartição da receita. 12 Capítulo 1 (b) Lei Complementar: regula a matéria que a Constituição lhe reserva especificamente. A CF estabelece que a Lei Complementar deve definir as normas gerais do Direito Tributário, as competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios e regular as limitações ao poder de tributar. A Lei n. 5.172/66, que passou a denominar-se Código Tributário Nacional (CTN) por força do art. 7º do Ato Complementar n. 36/67 pode, conforme estabelece a CF, ser reconhecida como lei complementar até que a nova lei complementar seja editada. (c) Lei Ordinária: a Lei Ordinária difere-se da Lei Complementar porque pode ser editada pela União, pelos Estados e pelos Municípios, no campo de suas competências, delimitado pela Constituição (não há uma definição expressa dos casos que serão por elas regulados, como é o caso da Lei Complementar). A Lei Ordinária, diferentemente da Lei Complementar, que não cria tributos (exceto empréstimos compulsórios 1 e de competência residual da União), pode instituir, revogar ou extinguir tributos. Outra diferença entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária está no fato de que a Lei Complementar exige maioria absoluta de votos nas duas Casas do Congresso Nacional. Fontes Secundárias: são as demais fontes possíveis que não compõem as fontes primárias, tais como: Instruções Normativas; Pareceres Normativos; Jurisprudência; Portarias do Ministério; decisões de órgãos administrativos da Receita Federal. Hierarquia Legislativa do Sistema Tributário Nacional CTN CF Outras Leis 1 Consiste na tomada compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte a título de “empréstimo”, para que este o resgate em certo prazo, conforme as determinações estabelecidas por lei. 13 Tributos Federais, Estaduais e Municipais CONSTITUIÇÃO Estabelece o poder de tributar (fixa a competência), as limitações e a repartição da receita. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CTN (Lei 5.162/66) Estabelece as normas gerais do direito tributário: (a) Fato Gerador; (b) Contribuinte; (c) Base de Cálculo. LEIS Normas que regulam os impostos, que só podem ser exigidos após a existência da lei. DECRETOS E OUTRAS NORMAS REGULADORAS Decretos: finalidade de possibilitar a aplicação da norma por agentes administrativos; Normas Complementares: Explicitam leis, decretos, tratados e convenções internacionais. Seção 2 Tributos De acordo com art. 3º do CTN, tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. • Prestação pecuniária: são as prestações que asseguram ao Estado os meios financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos; • Compulsória: há a ausência do elemento “vontade”, ou seja, o dever de pagar o tributo nasce independentemente da vontade do contribuinte; • Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: não existe a figura do tributo in natura ou in labore, uma vez que a prestação é pecuniária. Ex.: a um exportador de trigo não é permitido pagar seus impostos com uma quantidade X de trigo. 14 Capítulo 1 • Que não constitua sanção de ato ilícito: a incidência do tributo é um ato lícito (difere-se de “penalidade”). As penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no conceito de tributo; assim, o pagamento de tributo não decorre de infração de determinada norma ou descumprimento da lei; • Instituída por lei: só a lei pode instituir o tributo, o que significa que nenhum tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o art. 150, inciso I, da CF; • Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a cobrança é administrativa e privativa, não pode ser realizada por outra pessoa e deve ser vinculada (a administração pública deve agir conforme a lei e não segundo seus critérios de conveniência e oportunidade). Classificação dos Tributos No que se refere às espécies de tributos, o Sistema Tributário Nacional está estruturado de forma a permitir ao Estado a cobrança de: • Impostos; • Taxas; • Contribuições de melhoria; • Contribuições especiais. Já no que diz respeito a sua vinculação com a atividade estatal, os tributos podem ser classificados em: • Vinculados, quando o Estado oferece uma contraprestação de imediato ao contribuinte; e • Não vinculados, quando a arrecadação do tributo não depende de qualquer contrapartida do Estado em favor do contribuinte. Além disso, os tributos podem ser criados e utilizados com funções não arrecadatórias, sobretudo de intervenção na economia, sendo classificados, quanto as suas finalidades em: • Tributos fiscais: possuem função meramente arrecadatória, visando ao financiamento das atividades do Estado para garantir o aporte de recursos necessários ao exercício de suas atividades. Ex.: Imposto de Renda; 15 Tributos Federais, Estaduais e Municipais • Tributos parafiscais: possuem função meramente arrecadatória; contudo, a receita arrecadada destina-se ao cumprimento de funções paralelas às funções típicas do Estado. Ex.: contribuições previdenciárias; • Tributos extrafiscais: não são instituídos com função arrecadatória, mas para que o Estado cumpra a função de controle da economia. Ex.: Imposto sobre Importação; Imposto sobre Exportação; Imposto sobre Produtos Industrializados etc. Taxas (CTN, art. 77) São vinculadas à atividade do Estado. É o tributo que tem como fato gerador o exercício de poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Ex.: Taxa de Coleta de Lixo; Taxa de Emissão de Documentos;Taxa de Conservação e Limpeza Pública; Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos etc. Contribuição de Melhoria (CTN, art. 81) Tributo instituído para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa incorrida e como limite individual o acréscimo do valor que a obra resultar para cada imóvel beneficiado. Pode-se afirmar que a Contribuição de Melhoria difere-se da Taxa porque essa está relacionada ao “serviço público” enquanto a Contribuição de Melhoria diz respeito à “obra pública”. Contribuições Especiais São instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para fazer face aos investimentos em determinado setor (ex.: social), tais como as contribuições: • À seguridade social (CF, art. 195, 201 a 204); • Social do salário-educação (CF, art. 212, § 5o); • Para o Programa de Integração Social –PIS; • Para o Programa de Formação do Patrimônio Público – PASEP (CF, art. 239); • Para o Fundo de Investimento Social – COFINS. Impostos (CTN, art. 16) É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Possui caráter geral, ou seja, se destina a cobrir as necessidades públicas gerais. 16 Capítulo 1 Os impostos se distinguem entre si pelos respectivos “fatos geradores” e com base nessa distinção são atribuídos às diversas entidades em que se divide o Poder Político (Municipal, Estadual e Federal): • Sobre o comércio exterior; • Sobre o patrimônio e a renda; • Sobre a produção e a circulação; • Impostos especiais. Os impostos também podem ser segregados em diretos e indiretos: • Indiretos: · São os tributos cujo ônus da contribuição os contribuintes podem transferir, total ou parcialmente, para terceiros; · Os impostos indiretos são pagos pelo comprador, a empresa é somente a intermediária do imposto; · Nesse caso, existe a figura do contribuinte de fato (aquele que efetivamente está pagando o imposto (consumidor)) e de direito (aquele que a lei determina que é o apurador, arrecadador (intermediário)). · O ônus não é do contribuinte de direito. · Ex.: IPI e ICMS, são cobrados pelo fisco do Produtor-Vendedor (contribuinte de fato) que emite a nota fiscal, cujo custo é transferido ao comprador de mercadoria (contribuinte de direito). • Diretos: · São tributos cujos contribuintes são os mesmos indivíduos que arcam com o ônus da respectiva contribuição; · O ônus é exclusivamente do contribuinte (o contribuinte de fato é o de direito). Ex.: IR, Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre Exportação (IEx), Imposto Territorial Rural (ITR), Imposto Transmissão Inter vivos (ITBI), Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Imposto Propriedade Veículos Automotivos (IPVA) etc.). Com relação à sua cumulatividade os impostos podem ser segregados em: • Cumulativos: incidem em todas as etapas intermediárias dos processos produtivo e/ou de comercialização de determinado bem, inclusive sobre o próprio imposto anteriormente pago, da origem até o consumidor final, influindo na composição de seu custo e, em consequência, na fixação de seu preço de venda. 17 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Ex.: ISS: A cumulatividade ocorre quando o serviço é prestado para outra empresa também prestadora de serviço. Assim, se uma empresa de construção civil constrói ou reforma um hospital, ou se uma empresa de decoração decora um hotel, o usuário do serviço arca com o ônus do imposto constante da fatura. Não há permissão para o aproveitamento do imposto e para o abatimento do ISS devido pelo hospital ou pelo hotel. • (b) Não Cumulativos: compensa-se o que é devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. Não incide sobre o mesmo imposto/tributo pago/recolhido na etapa anterior. Ex: IPI e ICMS. Tributos Federais, Estaduais e Municipais (Poder de Tributar) • União (CF, art. 153 e 154); • Estado e Distrito Federal (CF, art. 155); • Municípios (CF, art. 156). Quadro 1.1 – O poder de tributar União Estados e Distrito Federal Municípios Impostos sobre: - Importação de produtos estrangeiros (II): cobrado sobre a entrada de mercadorias estrangeiras no país; ** - Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IEx); ** - Renda e proventos de qualquer natureza (IR); - Produtos Industrializados (IPI); ** - Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativos a títulos ou valores mobiliários (IOF, IOC); ** Impostos sobre: - Transmissão causa mortis (herança) e doação de quaisquer bens e direitos (ITCMD); - Circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS); - Propriedade de veículos automotores (IPVA): cobrado sobre a propriedade de veículos automotores: consiste num tributo patrimonial sobre veículos, proporcional à data de fabricação do carro e ao seu valor de mercado. Impostos sobre: - Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); - Transmissão inter vivos: (Imposto sobre a transmissão de bens imóveis - ITBI); - Serviços de qualquer natureza (ISS). 18 Capítulo 1 - Propriedade Territorial Rural (ITR); - Grandes Fortunas (IGF) *; - Impostos Extraordinários de Guerra (IEG); - Impostos que não sejam cumulativos e que não tenham a mesma base de cálculo dos impostos acima (Imposto Residual). (*) embora definido na CF, o IGF ainda não foi regulamentado por lei complementar. O contribuinte do imposto, a alíquota e a base de cálculo ainda não foram definidas. (**) não é necessária lei para alterar as alíquotas desse imposto, desde que sejam obedecidos aos limites da legislação (a alteração pode ser realizada por Decreto). Fonte: Elaborado pelo autor Conjunto de Princípios Constitucionais Tributários Os princípios constitucionais tributários prevalecem sobre todas as demais normas jurídicas, as quais só têm validade se editadas em rigorosa consonância com eles: • Legalidade (CF, art. 150, I): qualquer alteração nos termos tributários deve ser estabelecida em lei para que o pagamento possa ser exigido do contribuinte. É a garantia de que nenhum tributo será instituído ou aumentado a não ser pela lei. • Isonomia/Igualdade (CF, art. 150, II): não deve haver tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situações equivalentes. Ex.: no caso dos impostos progressivos, quem tem mais capacidade contributiva deve pagar um imposto maior, pois assim será “igualmente” tributado, em termos proporcionais. • Irretroatividade (CF, art. 150,III, “a” – exceção art. 106, CTN): 19 Tributos Federais, Estaduais e Municipais a lei nova, que cria ou aumenta tributos, alcança somente os fatos ocorridos posteriormente à sua publicação. Admite-se a retroatividade da lei tributária quando ela beneficia, de alguma forma, o contribuinte. • Anterioridade (CF, art. 150, III, “b” – exceção do art. 150, § 1 e 195 § 6): qualquer alteração em termos de impostos só pode ser exigida do contribuinte a partir do 1º dia do próximo ano, com exceção de: · Empréstimos compulsórios para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou de sua eminência; · Impostos sobre importação de produtos estrangeiros e exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados; · Produtos industrializados; · Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas à títulos ou valores mobiliários; · Impostos extraordinário de eminência de caso de guerra; · Contribuições sociais: CSSL, PIS, COFINS, FGTS, INSS. • Capacidade Tributária/Contributiva (CF, art. 145, § 1º): os tributos devem ser graduados segundo a capacidade tributária do contribuinte. • Proibição de Confisco (CF, art. 150, IV): os tributos não devem ser utilizados para efeito de confisco. Esse princípio determina que o tributo deve ser instituído em um nível racional, ou seja, a suarigorosa cobrança não deve acarretar assimilação do valor total do objeto tributado. • Liberdade de Tráfego (CF, art. 150, V): não é permitido estabelecer tributos pelo trânsito de pessoas entre estados/municípios (salvo cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público). • Imunidade 2 (CF, art. 150, VI): não há tributação sobre: · Patrimônio, renda ou serviços entre União, Estados, Distritos Federais e Municípios (ex.: o município não pode cobrar IPTU do Governo do Estado); · Templos de qualquer culto; 2 Isenção difere-se de Imunidade, uma vez que a Isenção concedida é temporária e deve ser estabelecida por lei. 20 Capítulo 1 · Patrimônio, renda ou serviços de partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos; · Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; Seção 3 Impostos Federais A competência tributária da União está prevista no art. 153 da Constituição, no que se refere aos impostos nominados. Trata-se da competência ordinária, ou seja, aquela para instituir os impostos previstos na Constituição Federal. Esquematizando, temos o seguinte: Competência Tributária da União Federal para instituir impostos sobre: Importação de produtos estrangeiros (II) Exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) Renda e proventos de qualquer natureza (IR) Produtos Industrializados (IPI) Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) Propriedade Territorial Rural (ITR) Grandes Fortunas, nos termos da lei complementar (IIGF) 21 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Lembre-se de que a União não exerceu em sua plenitude sua competência tributária ordinária para a instituição e cobrança de todos os impostos nominados acima arrolados. O imposto sobre grandes fortunas, previsto no inciso VII, ainda não foi instituído pela União por meio de lei complementar. Além da competência ordinária, diferentemente do que ocorre com as demais matérias, possui a União competência residual para legislar em matéria tributária, podendo instituir por meio de lei complementar outros impostos não previstos no rol acima, desde que sejam não cumulativos e não possuam o mesmo fato gerador ou base de cálculo de imposto discriminado na Constituição, conforme dispõe o art. 154, I, da Constituição. Percebe-se, assim, que no exercício de sua competência residual deverá a União ficar atenta quanto à vedação à bitributação. Além da competência residual, em determinadas situações, encontra-se a União legitimada extraordinariamente para instituir outros impostos que não estejam compreendidos em sua competência tributária, na forma do art. 154, II, da Constituição. Diferentemente do que ocorre na competência residual, quando do exercício da competência extraordinária, não precisará a União se preocupar com a bitributação, pois essa se encontra expressamente permitida pelo texto constitucional. Art. 154, CRFB - A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Atenção: com relação à exigência de lei complementar para traçar normas gerais, em especial sobre fato gerador, base de cálculo e contribuintes (art. 146, III, “a”), não há que se falar em sua aplicação aos impostos extraordinários de guerra, uma vez que esses não estão inclusos na competência ordinária da União. Fogem dessa mesma regra os impostos residuais, pois além de não estarem discriminados na Constituição, sua criação está condicionada à legislação complementar. 22 Capítulo 1 Para o contador e em especial para quem milita na área fiscal, conhecer o sistema tributário nacional é de suma importância. Assim, além da Constituição, ter conhecimento do CTN – Código Tributário Nacional – é importante, pois nele temos a definição, em nível de lei complementar à constituição, do que são impostos, contribuições e taxas. A lei 5.172/1966 (CTN) é um diploma único no seu gênero por ser uma lei que não sofreu muitas modificações ao longo do tempo – por ter, na minha opinião, qualidade técnica e objetividade. Abaixo do CTN, que é uma lei complementar, temos a chamada lei ordinária: observados seus limites de competência, pode ser editada pela União, Estados, municípios e Distrito Federal, onde são declarados os critérios de imposição tributária. Por exemplo: a lei que determina as regras do ICMS, em São Paulo, é a 6.374/1989, que tem sua regulamentação atual no decreto 45.490/2000. Essa é outra figura que deixa todo mundo meio confuso: o decreto. Este ato normativo do poder executivo explica e robustece a lei, detalhando o que ela apenas prevê em termos gerais, sem extrapolar suas atribuições. Agora, as chamadas instruções normativas, tão amplamente publicadas pela Receita Federal, são verdadeiras “instruções” que têm o condão de serem reguladoras de matérias, como a instrução normativa 1.234/2012, a qual dispõe sobre retenção de tributos e contribuições nos pagamentos recebidos pelas pessoas jurídicas provenientes de órgãos públicos. Assim sendo, de acordo com a atividade de determinado empreendimento, haverá uma série de atos normativos que regulamentam as operações, o fato gerador do imposto, suas obrigações acessórias e a maneira com que o Estado pode também aplicar sanções. Como se vê, para entender pelo menos um pouco do sistema tributário, necessário se faz ter noções de hermenêutica, exegese e conhecer as ferramentas necessárias para uma interpretação correta de aplicação das normas. Logo, a necessidade criada obriga o profissional contábil a buscar novos horizontes e ampliar seu conhecimento de outras disciplinas para que haja um bom atendimento junto ao cliente, afinal, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (Constituição Federal/1988, art. 5º, II). 23 Capítulo 2 Imposto Extrafiscais Seção 1 Imposto sobre a Importação – II O imposto sobre a importação, também chamado de “tarifa aduaneira”, possui finalidade preponderantemente extrafiscal, ou seja, não se presta somente a carrear recursos privados aos cofres federais, mas a precipuamente permitir ao governo federal regular a economia por meio da fixação de suas alíquotas, em especial a balança comercial (o conjunto das importações e exportações de um país). Em função dessa característica regulatória da economia, determina a Constituição (art. 153, § 1º) que poderá o Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar suas alíquotas, não sendo necessária para esse caso a edição de lei em sentido estrito. Atenção: a dispensa de lei em sentido estrito vale somente para a alteração das alíquotas do imposto, não se aplicando para os demais aspectos da regra matriz de incidência não previstos na Constituição. Vale dizer então que para a alteração da base de cálculo será necessária a edição de lei, diferentemente do que afirma o art. 21 do CTN, anterior à redação atual da Constituição de 1988, que autorizava ao Poder Executivo alterar não só as alíquotas, mas também as bases de cálculo. Nessa parte, portanto, não foi recepcionada a norma inscrita no CTN. Ainda em função de seu caráter regulatório da economia, com a finalidade de lhe conferir o dinamismo necessário para interferir nesse setor, em especial no tocante às importações, a Constituição (art. 150, §1º) dispensa que o tributo observe a anterioridade máxima, ou seja, sua instituição ou majoração não precisará esperar o exercício financeiro seguinte e nem noventa dias na edição da norma para que possua eficácia. Encontra-seprevisto na Constituição (art. 153, II), com normas gerais traçadas no CTN (arts. 23 a 28 do CTN) e regulamentado no DL 1.578/77. 24 Capítulo 2 Fato gerador O fato gerador do tributo é a entrada de um produto estrangeiro no território nacional (art. 19, CTN). Para o CTN, acompanhado pelo regulamento aduaneiro, basta a simples entrada de mercadoria estrangeira no território nacional para que se repute ocorrido o fato gerador do tributo. Contudo, entende a doutrina que importar é trazer o produto do exterior com o objetivo de promover a sua incorporação à economia nacional. Atenção: exige a doutrina que o ato de entrada da mercadoria estrangeira tenha por objetivo específico a sua incorporação à economia nacional, não bastando a simples entrada no território brasileiro para a ocorrência do fato gerador do imposto de importação. Essa discussão tem enormes consequências práticas, pois se adotado o conceito mais amplo previsto no CTN e no regulamento aduaneiro, qualquer mercadoria, ainda que entre no país de forma transitória (carros de corrida da Fórmula 1 para uma única corrida ou quadros para uma exposição) configuraria a hipótese de incidência do imposto. Em se adotando o conceito proposto pela doutrina, como não há a intenção nesses casos de incorporar tais bens à economia nacional, não houve a importação propriamente dita apta a ensejar a tributação pelo tributo. Em provas da OAB, deve-se adotar o conceito da doutrina, de forma que somente ocorrerá a importação se houver o objetivo de incorporar a mercadoria estrangeira à economia nacional. Apesar da discussão na doutrina, levada aos tribunais pelos contribuintes, com relação à diferença entre as expressões “produto” (utilizada pelo CTN) e “mercadoria” (utilizada pelo DL 37/66, que instituiu o tributo), entendeu o STJ que “mercadoria” deveria ser interpretada de forma ampliativa, de forma que as palavras “mercadoria” e “produto” foram utilizados como sendo sinônimos. Assim, a importação de produtos em geral, destinados ou não ao comércio, abarcando, portanto, aquele que, por exemplo, serão consumidos pelo importador ou destinados ao seu ativo fixo, sujeitam-se à tributação. O Decreto-lei nº 37/66 estabeleceu (art. 1º, §1º) que será considerada mercadoria estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada que fora anteriormente exportada e depois retorne ao mercado nacional. Possui disposição equivalente o art. 70 do regulamento aduaneiro. Considera-se ocorrido o fato gerador, na forma prevista pelo DL 37/66, na data do registro da declaração de importação na repartição aduaneira competente. 25 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Assim, para as mercadorias que deverão ser registradas, conforme previsão na legislação aduaneira considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro da importação e não na data da efetiva entrada da mercadoria em si. Contudo, a legislação aduaneira prevê para a maioria das mercadorias que o registro não será realizado na repartição aduaneira competente, mas no sistema integrado de comércio exterior, por meio da internet (Siscomex). Alíquota e base de cálculo As alíquotas e a base de cálculo serão determinadas de acordo com a legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador, conforme dispõe o CTN (art. 144). Todavia, não é tema pacífico na doutrina quando se considera ocorrido o fato gerador, em relação às mercadorias que serão registradas no Siscomex, para fins de determinação da alíquota aplicável. Como pode haver uma variação da alíquota no período compreendido entre a data do registro da mercadoria e a data da efetiva entrada no território nacional, surgiu dúvida sobre qual se aplicaria nesse caso, tendo sido pacificado o entendimento pelos tribunais que será exigida a alíquota vigente à época da data do registro junto ao Siscomex. Conforme dito anteriormente, poderá o Poder Executivo alterar as alíquotas do tributo. Não é, contudo, restrito tal poder na pessoa do Presidente da República, havendo, inclusive, lei autorizativa (Lei nº 8.085/90) para delegar tal competência à Câmara do Comércio Exterior (CAMEX). Com relação à base de cálculo do tributo, essa foi prevista no CTN (art.20), de forma distinta, a depender do tipo de alíquota e de como se deu sua aquisição pelo contribuinte do imposto. Esquematizando, temos o seguinte: Quadro 2.1 – Base de cálculo do Imposto sobre Importações Base de cálculo do Imposto sobre Importações Alíquota específica A base de cálculo será a unidade de medida adotada pela lei tributária Alíquota for ad valorem A base de cálculo será o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País Produtoapreendido ou A base de cálculo será o preço da mercadoria abandonada, levada a leilão ou arremate 26 Capítulo 2 Atenção que em virtude da adoção pelo Brasil do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT 94), quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro será apurado segundo as normas do artigo VII do Acordo e quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida. Assim, na alíquota ad valorem, a base de cálculo é o preço normal do produto ou de seu similar ao tempo de importação, ainda que outro tenha sido o preço ajustado pelas partes quando da importação da mercadoria. A intenção é evitar fraudes, podendo a autoridade fazendária promover o lançamento de ofício quando identificar valor aduaneiro diferente daquele que fora apontado pelas partes contratantes. Quando o valor da mercadoria estiver expresso em moeda estrangeira, deverá ser convertido em moeda nacional na data em que se procedeu ao registro da declaração no SISCOMEX. Atualmente, em razão do Brasil ser membro do Mercosul, as alíquotas do Imposto de Importação estão relacionadas na Tarifa Externa Comum (TEC). A cobrança do imposto se faz com base na classificação dos produtos importados, conforme fixado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e exposto em lista intitulada Tarifa Aduaneira Brasil (TAB). Atenção: somente será possível o desembaraço aduaneiro após o pagamento de todos os tributos devidos. Contribuinte O contribuinte do tributo é o importador ou quem a lei a ele equiparar. Poderá ainda a lei estabelecer casos de responsabilidade tributária. Dispõe o CTN (art. 22) ainda que será contribuinte do imposto o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. Será o contribuinte do imposto também o destinatário no Brasil de remessa postal internacional, indicado pelo respectivo remetente, assim como o adquirente da mercadoria entrepostada. Atenção: diferentemente do que ocorre com o ICMS, não há neste tributo a necessidade da habitualidade nas importações realizadas pelo importador para que ele seja considerado contribuinte do tributo, podendo ser física ou jurídica, registrada ou não. 27 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Lançamento A legislação adotou como regra a modalidade de lançamento por homologação, cabendo ao contribuinte ou responsável fornecer declaração com a identificação da matéria tributável e promover o pagamento antecipado do tributo. Contudo, prevê a legislação algumas exceções. Para fins de prova de Exame da OAB, as mais importantes são: • Declaração de bagagem acompanhada – lançamento por declaração • Não apresentação de declaração pelo contribuinte quando deveria fazê-lo -lançamento de ofício, também chamado de lançamento direto supletivo. Regimes alfandegários Existem institutos peculiares ao direito alfandegário. Para fins de prova de Exame de Ordem, é importante se destacar os seguintes: Drawback - É uma forma utilizada pelo país para incentivar as exportações de sua indústria nacional, pois desonera as exportações de produto final produzido no país, por meio, para citar um exemplo, do ressarcimento do imposto incidente sobre a importação de insumosde origem estrangeira. São as modalidades de drawback: a. suspensão – suspende-se o pagamento do imposto do insumo proveniente do estrangeiro, destinado exclusivamente à produção de produto nacional que será depois exportado; b. isenção – dispensa-se o pagamento do imposto de importação do insumo estrangeiro em quantidade necessária à industrialização do produto nacional a ser exportado; c. restituição – concessão de crédito tributário referente ao valor do imposto que incidiu sobre a importação do insumo estrangeiro utilizado na elaboração do produto nacional posteriormente exportado. Cláusula da nação mais favorecida - Os países contratantes de acordos comerciais obrigam-se a conceder um ao outro a mesma vantagem que porventura concederem a um terceiro país, estranho àquele tratado. Uniões aduaneiras - Tratados pelos quais dois ou mais países consentem em adotar tarifas idênticas para as importações, com o objetivo de formarem um bloco econômico. 28 Capítulo 2 Colis postaux (encomenda postal) - Trata-se de processo simplificado de importação quando realizada por meio de correio dos países de origem e do destinatário da mercadoria importada. Recebida a mercadoria, o correio do país destinatário expede um aviso ao seu destinatário, que comparecendo preenche um formulário próprio para a liberação do produto e paga o imposto devido. Exemplo de contabilização da importação de bens para o ativo imobilizado Deve ser observado que a maioria dos procedimentos é semelhante tanto para a aquisição de bens para o ativo imobilizado quanto para estoque, alterando apenas quando da internação. O reflexo poderá ser observado na sequência da contabilização. Custo de importação de bem para o ativo imobilizado O custo de aquisição dos bens importados destinados ao ativo imobilizado será composto do preço de aquisição do bem, acrescido do imposto de importação, dos impostos não recuperáveis, assim como os demais gastos realizados com o desembaraço aduaneiro, transporte e seguro. Não compreende os tributos recuperáveis incidentes na importação. Assim, podem ser caracterizados como recuperáveis o ICMS, o IPI e as contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes, de acordo com a atividade de cada empresa. O valor do tributo a ser aproveitado deve ser lançado na correspondente conta de “Tributos a Recuperar”, no Ativo Circulante ou, conforme o caso, no Ativo Não Circulante, subgrupo Realizável a Longo Prazo. Fundamentação: CPC 27, aprovado pela Resolução CFC nº 1.177/2009- NBC TG 27; CPC nº 27 - Ativo Imobilizado. Registros antes da entrada Vamos utilizar como exemplo uma indústria que realiza a aquisição de máquina para seu processo produtivo, paga antecipadamente o fornecedor no exterior e depois aguarda a chegada da máquina. Os adiantamentos realizados para aquisição do bem devem ser classificados segundo a destinação a ser dada ao bem adquirido, assim, no nosso exemplo, em que o bem importado será destinado para o ativo imobilizado do importador e fornecedor no estrangeiro receberá antecipadamente o valor do bem a ser exportado, tais valores devem ser registrados em conta transitória, dentro do subgrupo do imobilizado, que pode ser intitulada “Importação em Andamento”, da mesma forma que outros gastos referentes à importação, pagos ou que venham a incorrer, efetuados até a data do desembaraço do bem. http://www.fiscosoft.com.br/index.php?PID=216508 29 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Nas importações realizadas com pagamento antecipado, as variações cambiais ativas ou passivas ocorridas até a data do fechamento de câmbio serão registradas como custo na conta de “Importação em Andamento”. A partir dessa data até a data do desembaraço aduaneiro são registradas como despesa operacional, em obediência ao princípio contábil da competência. Consideraremos para a máquina a ser adquirida o valor CIF em dólares americanos de US$ 350.000,00 e que a fatura pró-forma foi registrada em 9.9.2011, data na qual o valor da taxa de dólar para venda era de R$ 1,6583 /US$. Cálculo: US$ 350.000,00 x R$ 1,6583 / US$ = R$ 580.405,00 Quadro 1 A Valor do Material (FCA) US$ 350.000,00 x taxa do dia (R$ 1,6583/US$ ) % R$ 580.405,00 a) Pelo registro da fatura de importação Débito R$ Crédito R$ D Ativo Circulante Adiantamento para Importação 580.405,00 C Passivo Circulante Fornecedores Estrangeiros 580.405,00 b. Pagamento antecipado da importação Quando o importador se obriga ao pagamento antecipado remete o valor da importação ao exterior antes do embarque da mercadoria. O pagamento pode ser feito até 180 dias antes da data prevista para o embarque ou da nacionalização da mercadoria. Deve apresentar ao banco a fatura proforma, para a liquidação do câmbio, por meio do fechamento de câmbio. O fechamento de câmbio é a negociação das divisas com determinada instituição financeira por uma determinada taxa de câmbio, cujo valor em moeda estrangeira é remetido ao fornecedor no exterior, após ter sido emitida a Licença de Importação, no caso de licenciamento não automático. O câmbio fica vinculado à Declaração de Importação, sob responsabilidade do importador. 30 Capítulo 2 Embora não o tenhamos considerado nessas oportunidades, pode haver a incidência do IOF se a operação não se enquadrar em uma das hipóteses de isenção desse imposto sobre o valor da aquisição de moeda estrangeira para pagamento ao fornecedor do bem. Havendo a incidência a contabilização será necessária como complemento do custo da operação cambial, e, por consequência, a sua agregação ao custo de aquisição do bem. Entretanto, a legislação fiscal permite às empresas registrarem o valor do IOF, por ocasião da liquidação da operação cambial, como despesa tributária, deixando de agregá-lo ao custo do bem. Exemplo: No dia 23.09.2011 foi recebida a fatura pró forma e realizado o fechamento de câmbio para remessa para o exterior, data em que o dólar comercial para venda era de R$ 1,8280/US$, com reconhecimento da variação cambial. 1) Pelo registro da fatura de importação, considerando os seguintes valores: a. valor do bem adquirido: (...) US$ 350.000,00 b. frete internacional: (...) US$ 3.200,00 c. seguro transporte internacional. US$ 1.450,00 US$ 354.650,00 Quadro 2 % R$ A Valor do Material (FCA) US$ 350.000,00 x taxa do dia (R$ 1,8280 / US$ ) 639.800,00 B Frete Internacional s/peso, volume e tipo de produto. = US$ 3.200,00 5.849,60 C Seguro internacional 0,05% s/ FCA = USD 1.450,00 2.650,60 ST Valor Aduaneiro FCA + Frete + Seguro US$ 354.650,00 648.300,20 2) Pelo reconhecimento da variação cambial entre o registro contábil inicial e a data do fechamento de câmbio. Cálculo: R$ 639.800,00 - R$ 580.405,00 = R$ 59.395,00 Débito R$ Crédito R$ D Resultado do Exercício - Despesas Financeiras Importação em Andamento - Estoques 59.395,00 C Passivo Circulante Fornecedores Estrangeiros 59.395,00 31 Tributos Federais, Estaduais e Municipais 3) Pelo registro dos valores definidos de frete internacional e seguro correspondente na data do fechamento de câmbio. Cálculo: R$ 5.849,60 + R$ 2.650,60 = R$ 8.500,20 Débito R$ Crédito R$ D Resultado do Exercício - Despesas Financeiras Importação em Andamento - Estoques 8.500,20 C Passivo Circulante Fornecedores Estrangeiros 8.500,20 Registros no desembaraço aduaneiro O desembaraço aduaneiro ocorreu no dia 13/10/2011, data na qual o valor da moeda estrangeira, dólar americano, era de R$ 1,7658/US$. Quadro 3 % R$ a Valor do Material (FCA) US$ 350.000,00 x taxa do dia (R$ 1,7658 / US$) ) 618.030,00 b Frete Internacional s/peso, volume e tipo de produto. = US$ 3.200,00 5.650,56 c Seguro internacional 0,05% s/ FCA = USD 1.450,00 2.560,41 ST Valor Aduaneiro FCA + Frete + Seguro US$ 354.650,00 626.240,97 1) Registro da variação cambial observada entre a data do pagamento do adiantamento, fechamento de câmbio, e a data do desembaraço aduaneiro, ocorrida em 13/10/2011, considerando que ovalor da moeda estrangeira, dólar americano, para venda nessa data, era de R$ 1,7658,/US$. Cálculos: US$ 354.650,00 x R$ 1,7658/ US$ = R$ 626.240,97 Variação cambial: R$ 626.240,97 - R$ 648.300,20 = (R$ 22.059,23) = Variação cambial Ativa. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado Importação em Andamento - Imobilizado 22.059,23 C Resultados Variação Cambial Ativa 22.059,23 32 Capítulo 2 2) Registro do adiantamento para o despachante aduaneiro. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Circulante Conta Corrente - Despachante Aduaneiro 240.000,00 C Ativo Circulante Bancos - conta Movimento 240.000,00 Valores pagos pelo despachante aduaneiro e seus honorários. Quadro 4 % R$ ST Valor Aduaneiro FCA + Frete + Seguro US$ 354.660,00 626.240,97 D Imposto de Importação (II) * 0% s/Valor Aduaneiro 2 0,00 E IPI * 0% s/ VA + II 5 0,00 F PIS/PASEP 1,65 10.332,98 G COFINS 7,6 47.594,31 H ICMS * 18% s/VA + II + IPI Art. 52, I do RICMS/SP 18 112.723,37 ST 796.891,63 J Outras despesas de importação: Taxas portuárias, taxas alfandegárias e outras despesas acessórias. 350,00 K Transporte Interno s/peso ou volume 1.100,00 L Seguro p/transp. interno 350,00 L Serviços profissionais Despachante 320,00 Custo c/impostos 799.011,63 33 Tributos Federais, Estaduais e Municipais 3) Pelos pagamentos realizados pelo despachante no desembaraço aduaneiro. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado Importação em Andamento - Imobilizado ICMS (...)18% 154.631,97 PIS/PASEP-Importação (...)1,65% 13.885,61 COFINS - Importação (...) 7,6% 63.957,96 Taxas portuárias, taxas alfandegárias e outras despesas acessórias. 350,00 232.825,54 C Ativo Circulante Conta Corrente - Despachante Aduaneiro 232.825,54 Em relação às parcelas relativas aos impostos pagos, a posse dos documentos comprobatórios dos seus recolhimentos permite a transferência do valor do IPI, do ICMS, do PIS/PASEP - Importação e da COFINS - Importação, se recuperáveis, para as contas próprias do grupo “Tributos a Recuperar” e o saldo segue para a conta “Importação em Andamento”. 4) Registro da recuperação dos tributos Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado ICMS a Recuperar 154.631,97 PIS/PASEP a Compensar 13.885,61 COFINS a Compensar 63.957,96 232.475,54 C Ativo Circulante Importação em Andamento - Imobilizado 232.475,54 Os honorários pagos pelo serviço do despachante aduaneiro também compõem o custo de aquisição e, portanto, devem ser debitados à conta “Importação em Andamento”, no grupo de Estoques. 5) Registro dos honorários do despachante aduaneiro. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Circulante Importação em Andamento 320,00 C Ativo Circulante Conta Corrente - Despachante Aduaneiro 320,00 34 Capítulo 2 Nota - Incidência de IRRF e CSRF Por não ser o foco da presente matéria, deixamos de registrar, porém, o serviço do despachante aduaneiro sujeita-se à retenção na fonte nas condições dos artigos 628, se prestado por pessoa física ou item 36 da relação constante do § 1º do artigo 647 do Decreto nº 3.000/1999(RIR), se prestado por pessoa jurídica, além das contribuições previstas no artigo 30 da Lei nº 10.833/2003. Valor depositado em conta bancária decorrente da devolução do despachante aduaneiro, decorrente do acerto de contas, conforme sua fatura. 6) Registro do valor do saldo devolvido ao importador pelo despachante aduaneiro. Cálculo: R$ 240.000,00 - R$ 232.825,54 - R$ 320,00 = R$ 6.854,46. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Circulante Banco conta Movimento 6.854,46 C Ativo Circulante Conta Corrente - Despachante Aduaneiro 6.854,46 Registros após o desembaraço aduaneiro Registros na saída do porto/aeroporto para o estabelecimento importador 1) Frete - Pelo frete correspondente ao transporte rodoviário do porto ou aeroporto até o estabelecimento importador: Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado Importação em Andamento - Imobilizado 1.100,00 C Ativo Circulante Bancos - Conta Movimento 1.100,00 2) Seguro - Pelo pagamento do seguro contratado cobrindo o trajeto até o estabelecimento importador: Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado Importação em Andamento - Imobilizado 350,00 C Ativo Circulante Bancos - Conta Movimento 350,00 http://www.fiscosoft.com.br/docs.php?docid=rir2011&bookmark=RIR99art.647 http://www.fiscosoft.com.br/docs.php?docid=rir2011&bookmark=RIR99art.647 http://www.fiscosoft.com.br/index.php?PID=115672#Lei10.833_03art.30 35 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Registros na internação 1) Pela transferência do saldo da conta “Importações em Andamento” para a conta definitiva do Ativo Imobilizado: Cálculo: Soma dos valores lançados a débito da conta Importações em Andamento - Bens do Imobilizado. Débito R$ Crédito R$ D Ativo Não Circulante - Imobilizado Máquinas e Equipamentos 860.836,51 C Ativo Não Circulante - Imobilizado Importação em Andamento - Imobilizado 860.836,51 Se a aquisição for feita por pessoa jurídica sujeita à modalidade não cumulativa da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP na apuração dos créditos da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP poderá utilizar como base de cálculo desses créditos a depreciação ou, se sua utilização for destinada ao processo produtivo, com uso do percentual legalmente previsto na incidência sobre o custo de aquisição do bem, conforme art. 3º da Lei nº 10.833/2003; art. 15, § 7º da Lei nº 10.865/2004. Seção 2 Imposto sobre a Exportação – IE Introdução e finalidade extrafiscal O imposto incidente sobre a exportação possui finalidade eminentemente extrafiscal, ou seja, objetiva possibilitar a União intervir de forma indireta na economia, por meio da fixação de alíquotas incidente sobre as exportações, de modo a atender as políticas do Governo Federal. Encontra-se previsto na Constituição (art. 153, II), com normas gerais traçadas no CTN (arts. 23 a 28 do CTN) e regulamentado no DL 1.578/77. http://www.fiscosoft.com.br/index.php?PID=119967#Lei10.865_04art.15 http://www.fiscosoft.com.br/index.php?PID=119967#Lei10.865_04art.15 36 Capítulo 2 Fato gerador O fato gerador do tributo é a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados. Atenção: com relação a este tributo, a Constituição dispõe expressamente que incidirá sobre a exportação de produtos nacionalizados, diferentemente do Imposto sobre Importações, conforme vimos acima. Consideram-se nacionais os produtos produzidos no Brasil. O Regulamento Aduaneiro, Decreto 6.759/09, dispõe que produto nacionalizado (art. 212, §1º) é aquele de procedência originalmente estrangeira, mas que fora importada a título definitivo. Deverá ser interpretada de forma ampliativa a palavra “produtos”, de forma a abarcar tanto mercadorias (bens sujeitos ao comércio) quanto bens em geral. Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da saída do produto do território nacional. Atualmente, corresponde à data do registro da exportação no SISCOMEX. Contribuinte O contribuinte do tributo é o/a exportador/a, aquele que promove a saída do produto do território nacional. Atenção: não há qualquer requisito quanto à habitualidade ou à profissionalidade para fins de incidência do tributo, conforme ocorre com o ICMS. Assim, pode ser contribuinte pessoa física ou jurídica, que promova exportação com ou sem habitualidade, independentemente de organização profissional. O que fora dito sobre a possibilidade de mudança de alíquota com relação ao II se aplica a este tributo. Assim, pode ser alterada por ato do Poder Executivo, excepcionando ambas as anterioridades. O Regulamento Aduaneiro (art. 215) prevê a alíquota no valor de 30% sobre a base de cálculo, possibilitando que ela seja alterada, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior, pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). Em nenhum caso poderá a alíquota ser superior a 150%. A base de cálculo será a mesma adotada pelo II, conforme previsto no CTNe repetido no DL 1.578/77 (artigos 24 e 2º, respectivamente), levando-se, portanto, em consideração se a alíquota é específica ou ad valorem. Quando a alíquota for ad valorem, o preço normal que o produto ou seu similar alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. 37 Tributos Federais, Estaduais e Municipais De forma esquematizada, fica assim: Base de cálculo do Imposto sobre Exportações Alíquota específica A base de cálculo será a unidade de medida adotada pela lei tributária Alíquota for ad valorem A base de cálculo será preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência Lançamento A legislação adotou como regra a modalidade de lançamento por homologação, cabendo ao contribuinte ou responsável fornecer declaração com a identificação da matéria tributável e promover o pagamento antecipado do tributo. Seção 3 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Introdução O IPI é um imposto com finalidade precipuamente extrafiscal, pois apesar de arrecadar fundos para os cofres públicos federal em montante considerável, objetiva intervir na economia, com a adoção de alíquotas distintas ao longo do território nacional, além de possibilitar a alteração das alíquotas por ato do Poder Executivo, de forma a onerar ou desonerar determinados produtos, de acordo com sua política econômica, incentivando ou inibindo o consumo deles. Em razão da obrigatoriedade da adoção do princípio da seletividade, tributa-se de forma mais gravosa aqueles produtos menos essenciais, mais supérfluos. De tal forma objetiva-se onerar mais a camada da sociedade com maior poder aquisitivo, que supostamente será a consumidora de tais produtos. Procura-se consubstanciar o princípio da capacidade contributiva, por meio da adoção do princípio da seletividade. Ao Poder Executivo então, observados os limites legais, é facultado alterar as alíquotas do tributo, assim como visto no II e no IE, sendo desnecessária a edição de lei sem sentido estrito para tanto, conferindo a tal intervenção maior dinamismo, uma vez que é mais célere a edição de um simples decreto pelo Presidente da República que de uma lei ordinária. Como a dispensa de se observar o princípio da legalidade se refere apenas às alíquotas, a modificação dos demais aspectos da regra matriz de incidência exigirá lei em sentido estrito. 38 Capítulo 2 Atenção: O IPI excepciona somente o princípio da anterioridade de exercício financeiro, prevista no art. 150, III, “b” da CRFB, mas deverá observar o art. 150, III, “c”, qual seja a anterioridade nonagesimal. Este ponto é muito explorado em provas da OAB, especialmente em primeira fase, mas que pode ser de conhecimento necessário para a resolução de eventuais questões discursivas. Não cumulatividade Outra obrigação constitucional (art. 153 §3º, II) imposta na instituição do IPI é de ser ele não cumulativo. A cumulatividade é uma técnica que permite abater do imposto cobrado o valor já cobrado na operação anterior. A não cumulatividade é efetivada pelo sistema de registro crédito do imposto relativo à entrada de produtos no estabelecimento do contribuinte, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, registrados como débitos, em um mesmo período de apuração. A não cumulatividade do IP está regulamentada no art. 225 do Decreto 7.212/10 (Regulamento do IPI). Estabelece tal norma que a não cumulatividade abrange as matérias-primas, os produtos intermediários e as embalagens, ou seja, o valor pago de IPI em relação a eles poderá ser creditado pelo industrial e aproveitado no momento do pagamento do tributo por ele devido. O contribuinte deverá manter um livro que registrará os créditos de IPI recolhido em relação às matérias- primas, produtos intermediários e embalagens e outro livro onde registrará os débitos, ou seja, o montante de IPI por ele devido. Ao final do período de operação, e não a cada operação efetivada, compensam-se os créditos com os débitos e recolhe-se a diferença. Assim, esquematizando nós temos: Insumos que dão Direito a crédito Produtos intermediários consumíveis na intermediação Matéria-Prima Embalagens 39 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Consideram-se produtos intermediários aqueles que integrarão o novo produto fabricado ou que serão consumidos pelo contribuinte no processo de industrialização. Atenção: entende o STJ que a aquisição de bens que integram o ativo permanente de empresa, ou cujo desgaste não ocorra integralmente e de forma imediata, não gera direito de crédito para o contribuinte. Desgastes parciais ou de natureza eventual, assim como a defasagem do produto utilizado para fabricar o produto industrializado final obstam o direito ao creditamento. Como sobre a energia elétrica e sobre o combustível só incide de imposto o ICMS, sua aquisição pelo estabelecimento industrial não irá gerar direito de creditamento. Os insumos adquiridos pelo contribuinte que sejam considerados isentos, imunes e sujeitos à alíquota zero, objetos de isenção condicionada não irão gerar crédito para o industrial contribuinte do imposto. Assim, atualmente, entende o STF (informativo nº 602) que insumos que não foram tributados pelo IPI em operação anterior, não geram direito de crédito para o contribuinte. Atenção: só há que se falar em não cumulatividade, na visão do Supremo, quando houver o que se compensar, ou seja, pressupõe-se tributação na operação anterior. A questão acima se refere a situações onde a entrada não é tributada, mas a saída é. Vimos que o STF atualmente entende que não há que se falar em direito a crédito nessa hipótese. Estudaremos agora a situação oposta, qual seja, quando a entrada é tributada, mas a saída não é. A dúvida então repousa em o que se fazer com o crédito adquirido nesse caso. Diferentemente do que ocorre com o ICMS, no qual haverá o cancelamento de eventual crédito registrado (art. 155, §2º, II), a Constituição Federal é omissa a esse respeito ao disciplinar o IPI. Diante da omissão constitucional, surgiram duas correntes: a. A fazendária, que entendia que deveria ser dado ao IPI o tratamento conferido ao ICMS; b. A dos contribuintes, que entendia existir o direito de manutenção do crédito nas situações em que a Constituição não lhe tenha expressamente negado. 40 Capítulo 2 Pacificando a questão, o STF entendeu que a não cumulatividade exige montante devido na operação posterior e montante cobrado a ser compensado na operação anterior. Assim, se não há montante devido em função de imunidade, isenção ou qualquer outro instituto que desonere a tributação, não há direito ao creditamento, salvo quando haja lei dispondo em sentido contrário. Exemplificando essa ressalva, a própria constituição assegura a manutenção do crédito de ICMS, em função da saída não onerada por este tributo nas exportações. A Lei nº 9.779/79 trouxe disposição no sentido de permitir que o contribuinte possua o direito de manter o crédito de IPI em relação ao que fora pago antes nas situações em que a saída não será tributada pelo tributo. Assim, passou a entender o STF (informativo nº 545) que somente após a edição, essa lei se tornou possível direito de manutenção do crédito de IPI nas situações de saída não tributadas. Trata-se de direito legalmente e não constitucionalmente assegurado. Esquematizando, temos o seguinte: Entrada tributada; saída não tributada Antes da Lei 9779/79 Depois da Lei 9779/79 Não há direito a manutenção de crédito Há direito a manutenção do crédito Entrada não tributada; saída tributada Não há direito a registro de crédito Fato gerador O fato gerador está previsto no CTN (art. 46) e pode ocorrer nas seguintes situações: a. Desembaraço aduaneiro: produto industrializado que for de procedência estrangeira; b. Operação jurídica de transferência de titularidade de produto que fora industrializado: no momento da saídado estabelecimento industrial; c. Arrematação: quando o produto industrializado tiver sido apreendido ou abandonado e levado a leilão. Perceba-se que para fins de ocorrência do fato gerador do IPI se exige a simultânea ocorrência de duas situações: i) uma operação por meio da qual se dê a transferência da titularidade do produto industrializado; e ii) a industrialização de um produto realizada por uma das partes contratantes da operação. 41 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Atenção:asimplestransferênciadeumprodutoindustrializadopodenãogeraraincidência do IPI, se uma das partes não realizou a industrialização daquele bem. Para que se configure o fato gerador do imposto, é necessário que tenhamos a operação jurídica de transferência de titularidade de produto que fora industrializado por uma das partes. Explica o CTN (art. 46) que “considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo”. A Constituição prevê imunidade (art. 153, §3º, CRFB) para os produtos industrializados destinados ao exterior. Contribuinte O contribuinte é o estabelecimento que promoveu a industrialização do bem, a pessoa que importou o produto industrializado ou aquele que adquiriu o produto arrematado em leilão Alíquotas e base de cálculo Conforme dito anteriormente, o IPI deverá ser seletivo, ou seja, é obrigatoriamente imposto pelo poder constituinte ao legislador ordinário federal, fazendo com que ao se estabelecer suas alíquotas se leve em conta a essencialidade do produto tributado. Quanto mais essencial for o produto objeto da tributação, menor será a alíquota a ser fixada. As alíquotas são fixadas no Decreto nº 6.006/2006 levando-se em consideração cada produto especificamente. As alíquotas não precisam ser uniformes em todo o território nacional. A União pode incentivar a industrialização de uma região menos desenvolvida, reduzindo o valor das alíquotas do IPI naquele território. O valor do ICMS integra a base de cálculo do IPI. Lançamento A modalidade de lançamento empregada pela legislação do IPI é a via homologação, pois caberá ao contribuinte identificar a matéria tributável ao prestar a declaração, além de aplicar as deduções cabíveis e antecipar o pagamento do tributo devido. Em caso de discordância ou ausência de recolhimento por parte do contribuinte ou responsável, poderá a autoridade fazendária promover o lançamento de ofício. 42 Capítulo 2 43 Capítulo 3 Outros Impostos e Contribuições Federais Seção 1 Imposto sobre propriedade territorial rural – ITR Introdução e finalidade O ITR possui finalidade precipuamente extrafiscal, pois possui função diversa da meramente arrecadatória. Por meio da fixação de suas alíquotas, pretende o Governo Federal desestimular propriedades improdutivas, não incidindo sobre pequenas glebas rurais, na forma prevista na Lei nº 9.393/97. Ponto muito explorado em provas se refere à repartição de receitas arrecadadas pelo ITR. Dispõe a Constituição que a União deverá entregar metade do que fora arrecadado com o ITR àquele município em que estiver situado o bem imóvel rural. Contudo, caso os Municípios optem por fiscalizar a arrecadação do tributo, receberão o valor integral do imposto arrecadado. Trata-se de caso de delegação da capacidade tributária ativa. Fato gerador e área rural X área urbana O Imposto Territorial Rural (ITR) tem como hipótese de incidência tributária, segundo o art. 29 do CTN, “a propriedade, o domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título”. Dito de outro modo, o fato gerador do ITR é a propriedade territorial rural, ou seja, a propriedade de imóvel situado na zona rural, no dia primeiro de janeiro de cada ano. 44 Capítulo 3 Assim, para que se descubra quando um determinado imóvel ensejará a cobrança do ITR, é necessário descobrir se a localidade na qual ele se encontra é considerada pela lei como área rural ou área urbana. Caso se descubra que se localiza o imóvel em área urbana, estaremos diante do IPTU e não do ITR. A definição da área rural é feita por exclusão, ou seja, será área rural aquela que não for considerada urbana. O CTN traz critérios objetivos para a identificação da área urbana (Art. 32, §1º), de modo que após a aplicação de tais critérios será possível se verificar qual o imposto que incidirá sobre aquele imóvel. Abordou a FGV interessante questão sobre o ITR, que narrou situação na qual o proprietário viu seu direito de propriedade esvaziado, pois fora esbulhado por uma invasão de sem-terra e, mesmo após liminar concedida em ação de reintegração de posse, diante da inércia do Estado em lhe dar cumprimento, continuou apenas com a propriedade formal. Diante desse fato, defendeu a banca a tese de que não teria ocorrido o fato gerador do ITR, uma vez que não há que se falar em propriedade nesse caso, fato gerador do tributo. Alíquota e base de cálculo Conforme abordado acima, as alíquotas devem ser fixadas de forma progressiva, de forma a desestimular as propriedades improdutivas. Para atender a tal finalidade, além de atender também ao princípio da capacidade contributiva, as alíquotas serão fixadas na proporção direta ao tamanho da propriedade rural, ou seja, quanto maior o imóvel, maior a alíquota; e de forma proporcionalmente indireta ao seu grau de utilização, sendo menor a alíquota quanto maior for o grau de utilização do imóvel. A base de cálculo do tributo é o valor da terra nua tributável, ou seja, somente o valor da terra que a lei considerar como passível de tributação, desconsiderando diversas parcelas, tais como acréscimos artificiais decorrentes do esforço humano e áreas de proteção integral do meio ambiente e as inservíveis para o cultivo. Contribuinte O contribuinte do imposto é o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor que exerça a posse com animus domini. Assim, não poderá o possuidor exercer a posse com base em contrato que não seja apto a lhe transferir a titularidade da propriedade, tal como o contrato de locação, para ser considerado contribuinte do imposto. Por tal motivo, não poderá ser considerado contribuinte do tributo o locatário, uma vez que exerce a possa em função de contrato precário. 45 Tributos Federais, Estaduais e Municipais Lançamento A legislação optou pela modalidade de lançamento por homologação. Assim, compete ao contribuinte apresentar declaração identificando a matéria tributável, além de efetuar a antecipação do pagamento do tributo devido. Em casos de discordância da autoridade fazendária, poderá essa lançar de oficio, também chamado, nesse caso, de lançamento direto supletivo. Seção 2 Imposto sobre grandes fortunas (IGF) O IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas previsto pela primeira vez na Constituição Federal de 1988 como de competência da União, demanda lei complementar para a sua regulamentação que não foi aprovada até 2016, existindo projetos de lei engavetados no Congresso Nacional. As razões alegadas para o impedimento de sua regulamentação vão desde que afugentaria o capital até que teria pequeno potencial tributário, geraria conflitos com outros impostos sobre o patrimônio e não teria como incidir eficazmente sobre títulos mobiliários. Nenhuma dessas alegações procede. Em vez de afugentar, deve atrair mais o capital ao permitir a desoneração do fluxo econômico, gerando maior consumo, produção e lucros. Não teria nenhum conflito com os impostos existentes, pois sua base tributária é o valor total dos bens. Quanto às dificuldades de avaliação dos títulos mobiliários, o registro eletrônico das transações e as posições fornecidas pelos bancos podem resolver o problema. O seu potencial tributário como será visto à frente supera o da CPMF. O IGF poderia ser cobrado de forma progressiva, arbitrando-se um nível mínimo de isenção, incidindo pela alíquota reduzida sobre o valor do patrimônio declarado no imposto de renda, no final do exercíciode pessoas físicas e jurídicas, que exceder o valor da isenção. A proposta de Reforma Tributária enviada ao Congresso facilita a aprovação do IGF, pois pela primeira vez o governo federal propõe partilhar mais da metade com os Estados e Municípios. Assim, governadores, prefeitos e potenciais candidatos a esses postos no Congresso teriam todo interesse em aprovar esta nova fonte de recursos para seus orçamentos. Estudo Tributário feito pela Secretaria da Receita Federal – SRF evidencia a concentração do patrimônio nas camadas mais ricas da sociedade. 46 Capítulo 3 Apenas 0,9% dos declarantes possuíam renda mensal superior a R$ 10 mil e detinham 15% do patrimônio. O mesmo percentual de 15% do patrimônio pertencia aos que tinham renda mensal entre R$ 1.000 e R$1.500 e representavam 24,0% do número de declarantes. Quem tenha renda mensal acima de R$ 10 mil possuía em média um patrimônio de R$ 1.450 mil e quem ganhava até R$ 1 mil de R$ 47 mil, ou seja, 31 vezes mais. Seção 3 PIS/PASEP/COFINS Segundo o art. 149 da Constituição Federal de 1988 (CF), as Contribuições Sociais só podem ser instituídas pela União. Conforme o art. 149 CF/88, compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Para que seja instituída uma contribuição social, tem que ser observado como característica a finalidade da contribuição, e não pelo destino do recurso da respectiva cobrança. Conforme descreve o ilustre jurista Hugo de Brito Machado: “contribuição social é como uma espécie de tributo com finalidade constitucionalmente definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse de categorias profissionais ou econômicas e seguridade social”. (GRISARD, 2002) Por sua vez, as contribuições têm destinação própria para a aplicação dos recursos, definida no art. 149 da CF, toda contribuição tem destinação especifica de recursos, tais como o Programa de Integração Social (PIS), instituído pela LC n. 7 de 07 de setembro de 1970, com o apoio no art. 165, V, da anterior constituição de 1967, destinado a promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas, e a Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) instituída pela LC n. 70, de 31 de dezembro de 1991, e tem previsão no art. 195, I, da CF/88. Seus recursos são destinados exclusivamente ao custeio das despesas com atividades afins das áreas de saúde, previdência e assistência social, o artigo 149 da CF/88, determina que compete exclusivamente a União instituir contribuições sociais. 47 Tributos Federais, Estaduais e Municipais PIS – Programa de Integração Social/COFINS – Contribuição para o financiamento da Seguridade Social Hipótese de Incidência As duas contribuições possuem regras bastante similares, variando conforme seus contribuintes sejam pessoas jurídicas de direito privado, público ou contribuintes especiais, tais como instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos, sindicatos e templos. Ambos os tributos apresentam três hipóteses de incidência distinta: a. o faturamento ou o auferimento de receitas, para pessoas jurídicas de direito privado; b. o pagamento da folha de salários, para entidades de relevância social determinadas em Lei; c. a arrecadação mensal de receitas correntes e o recebimento mensal de recursos, para entidades de direito público. Segundo a Lei nº 9.718/98, em seu art. 1º, foi dada a hipótese de incidência dos tributos PIS/COFINS. Art. 1º Esta Lei aplica-se no âmbito da legislação tributária federal, relativamente às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, de que tratam o art. 239 da Constituição e a Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, ao Imposto sobre a Renda e ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativos a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF. Também definida pelo texto do art. 1º da Lei Complementar nº 70/91, onde tal Lei instituiu a COFINS. Art. 1° Sem prejuízo da cobrança das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), fica instituída contribuição social para financiamento da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art. 195 da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas inclusive as a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda, destinadas exclusivamente às despesas com atividades-fins das áreas de saúde, previdência e assistência social. 48 Capítulo 3 Base de Cálculo A base de cálculo do PIS/COFINS é instituída pela Lei nº 9.718/98, e conceituada como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas elas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide art. 15 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide art. 15 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001). Segundo o art. 2º, da Lei n. 9.715/98, a base de cálculo para o PIS é o faturamento mensal das pessoas jurídicas de direito privado. Limitando-nos à fonte faturamento, verificamos que a hipótese de incidência do PIS não era “faturar”, no sentido de emitir fatura ou cobrança, independentemente do respectivo recebimento. E isso porque a adoção do regime de competência nesse caso importaria em frontal violação da capacidade contributiva, exigindo do contribuinte que entregasse ao Estado uma parte de montantes que ainda não recebera. O regime de competência é compatível com o IRPJ e com qualquer outro tributo em que haja a necessidade: a) de periodização para a ocorrência do fato gerador e a apuração da base de cálculo; b) de tratamento uniforme para receita/despesa ou débito/crédito, para se chegar ao resultado final, que é a base de cálculo. (LOBATO, 2003). Segundo a MP 2.113/2001, algumas entidades contribuem para o PIS, tendo como base de cálculo a folha de salário, são elas: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I - templos de qualquer culto; II - partidos políticos; III - instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV - instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; V - sindicatos, federações e confederações; VI - serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por Lei; 49 Tributos Federais, Estaduais e Municipais VII - conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII - fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX - condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X - a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1º da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. A Lei n. 9.718/98 dispôs em seu art. 2º que, na incidência da contribuição para o PIS/PASEP, serão observadas as disposições vigentes bem como as alterações introduzidas por essa Lei. A Lei citada não revogou expressamente nenhuma Lei anterior sobre a incidência dessas contribuições. Entretanto,
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