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Textos de A W Tozer

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TEXTOS 
 
DE 
 
A.W. TOZER 
 
 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 2 - 
OBSERVAÇÃO 
1ª) Os textos todos foram escritos por A.W.Tozer. No final de cada um, colocamos a fonte de onde foi 
extraído. Alguns fazem parte de livros que já se encontram em português; os demais foram traduzidos 
por Helio Kirchheim. 
 
 
 
A ABSOLUTA IMPORTÂNCIA 
DO MOTIVO 
 
A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo. 
Como a água não pode subir mais alto do que o nível da sua fonte, assim a 
qualidade moral de um ato nunca pode ir mais alto do que o motivo que o inspira. Por 
esta razão, nenhum ato procedente de um mau motivo pode ser bom, ainda que algum 
bem possa parecer provir dele. Toda ação praticada por ira ou despeito, por exemplo, 
ver-se-á afinal que foi praticada pelo inimigo e contra o reino de Deus. 
Infelizmente, a natureza da atividade religiosa é tal que muita coisa dela pode ser 
levada a efeito por razões não boas, como a raiva, a inveja, a ambição, a vaidade e a 
avareza. Toda atividade desse jaez é essencialmente má e como tal será avaliada no 
julgamento. 
Nesta questão de motivos, como em muitas outras coisas, os fariseus dão-nos 
claros exemplos. Eles continuam sendo os mais tristes fracassos religiosos do mundo, 
não por causa de erro doutrinário, nem porque fossem pessoas de vida abertamente 
dissoluta. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus motivos religiosos. 
Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e deste modo o seu motivo arruinava as 
suas orações e as tornava não somente inúteis, mas realmente más. Contribuíam 
generosamente para o serviço do templo, mas às vezes o faziam para escapar do seu 
dever para com os seus pais, e isto era um mal, um pecado. Eles condenavam o pecado e 
se levantavam contra ele quando o viam nos outros, mas o faziam por sua justiça própria 
e por sua dureza de coração. Assim era com quase tudo que faziam. Suas atividades eram 
cercadas de uma aparência de santidade, e essas mesmas atividades, se realizadas por 
motivos puros, seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus jazia na qualidade 
dos seus motivos. 
Que isso não é coisa pequena infere-se do fato de que aqueles religiosos formais e 
ortodoxos continuaram em sua cegueira até que finalmente crucificaram o Senhor da 
glória sem um pingo de noção da gravidade do seu crime. 
Textos de A. W. Tozer - 3 - 
Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus — maus em si 
mesmos e maus porque praticados em nome de Deus. Isso é equivalente a pecar em 
nome daquele Ser que é sem pecado, a mentir em nome daquele que não pode mentir, e 
a odiar em nome daquele cuja natureza é amor. 
Os cristãos, especialmente os muito ativos, freqüentemente devem tomar tempo 
para sondar as suas almas para certificar-se dos seus motivos. Muito solo é cantado para 
exibição; muito sermão é pregado para mostrar talento; muita igreja é fundada como 
uma bofetada nalguma outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se 
competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, passando a ser uma espécie de 
plano de vendedor de escovas, para satisfazer a carne. Não se esqueçam, os fariseus 
eram grandes missionários, e circundavam mar e terra para fazer um converso. 
Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer 
ante Deus sempre que possível com as nossas Bíblias abertas no capítulo treze de 1 
Coríntios. Esta passagem, conquanto considerada como uma das mais belas da Bíblia, é 
também uma das mais severas das que se acham nas Escrituras Sagradas. O apóstolo 
toma o serviço religioso mais elevado e o consigna à futilidade, a menos que seja 
motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são 
despedidos sem recompensa. 
Para resumir, podemos dizer simplesmente que, à vista de Deus, somos julgados, 
não tanto pelo que fazemos como por nossas razões para fazê-lo. Não o que, mas por que 
será a pergunta importante quando nós cristãos comparecermos no tribunal para 
prestarmos contas dos atos praticados enquanto no corpo. 
[A Raiz dos Justos, Editora Mundo Cristão.] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 4 - 
TORNAR-SE MENOR 
AO TENTAR SER GRANDE 
 
Algum tempo atrás, ouvimos uma pequena palestra de um jovem pregador, na 
qual ele fez a seguinte afirmação: "Se você é grande demais para uma posição 
insignificante, você é pequeno demais para uma posição importante". 
 Uma antiga regra do reino de Deus é que quando procuramos ser grandes, 
naquela mesma hora, sempre, nos tornamos insignificantes. Deus é zeloso da Sua glória 
e não permitirá a homem nenhum que a reparta com Ele. O esforço por parecer grande 
diante dos homens trará o desfavor de Deus sobre nós e na verdade nos impedirá de 
alcançar a grandeza que tanto ansiamos. 
 A humildade agrada a Deus onde quer que se encontre, e o humilde terá Deus 
como seu amigo e ajudador em todo tempo. É apenas o humilde que é mentalmente são 
por completo, porque ele é o único que vê com clareza o seu próprio tamanho e 
limitações. O egoísta vê as coisas fora de foco. No seu próprio conceito, ele é grande e 
Deus é pequeno, e isso é uma espécie de insanidade moral. A humildade é uma volta à 
sanidade, como aconteceu a Nabucodonosor. O humilde avalia tudo de forma correta, e 
isso o torna um sábio e um filósofo. 
 Os jovens cristãos muitas vezes emperram a própria utilidade por causa da 
atitude que têm para consigo mesmos. Eles começam com a ingênua idéia de que se 
encontram pelo menos um pouco acima da média nos quesitos inteligência e habilidade 
e, em consequência, sentem-se envergonhados se tiverem de assumir um lugar humilde. 
Eles querem começar no topo e seguir daí pra cima! O que acontece é que normalmente 
eles falham em corresponder ao lugar importante que se imaginam qualificados a ocupar 
e acabam desenvolvendo um crônico ressentimento para com qualquer pessoa que se 
ponha no seu caminho ou não lhes dá o devido valor. À medida que envelhecem, isso 
passa a incluir quase todo mundo. Por fim, surge uma profunda e permanente inveja 
amargurada contra o mundo todo. Desenvolvem, por fim, uma expressão de santidade 
azeda e assumem uma aparência de mágoa santa que eles imaginam que deve ser igual à 
que estava na face dos mártires das arenas romanas. 
 Isso é sério demais para ser engraçado, e por demais trágico e nocivo para ser 
considerado levianamente. A verdade pura e simples é que ninguém pode atrapalhar um 
homem que se humilhe por completo. Não há suficientes montanhas no inferno para 
sufocar o verdadeiro homem ou a verdadeira mulher de Deus, mesmo que fossem 
empilhadas sobre ele ou ela de uma só vez. Deus escolhe os mansos para confundir os 
poderosos: "Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos 
teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador" (Salmo 8.2). As crianças 
de peito são exatamente o que são - não têm orgulho em si mesmas e não guardam 
rancor. Eis uma pista para os cristãos. 
[This World: Playground or Battleground, capítulo 13.] 
 
Textos de A. W. Tozer - 5 - 
 
A FÉ SEM EXPECTATIVA 
ESTÁ MORTA 
 
Expectativa e fé, embora semelhantes, não são a mesma coisa. Um cristão 
instruído não confundirá as duas. 
A fé verdadeira jamais estará sozinha; ela sempre estará acompanhada pela 
expectativa. O homem que crê nas promessas de Deus espera vê-las cumpridas. Onde 
não existe expectativa, não existe fé. 
Contudo, é bem possível existir a expectativa sem que exista a fé. A mente é 
perfeitamente capaz de confundir um forte desejo com a fé. Na verdade a fé, da forma 
em que é comumente entendida, não passa de um desejo combinado com um agradável 
otimismo. Alguns escritores conquistam bons lucros promovendo essa pretensa fé que 
se supõe criar um pensamento "positivo", em oposição à atitude mental negativa. Os 
seus ensinamentos são muito bemrecebidos pelo coração daqueles afligidos por uma 
compulsão psicológica para crer, e que lidam com os fatos pelo simples expediente de 
não levá-los em conta. 
A fé verdadeira não é formada do mesmo material de que são feitos os sonhos; 
antes ela é consistente, prática e totalmente realista. A fé vê o invisível, mas ela não vê 
aquilo que não existe. A fé ocupa-se com Deus, a grande Realidade, que deu e dá 
existência a todas as coisas. As promessas de Deus estão de acordo com a realidade, e 
qualquer que confia nelas entra num mundo real, e não fictício. 
Na experiência normal, chegamos à verdade por meio da observação. Tudo o que 
se pode verificar por meio de experimentos é aceito como verdade. Os homens crêem 
nas informações dos seus sentidos. Se a ave caminha como um pato, parece um pato 
e emite sons como de um pato, então provavelmente é um pato. E se dos ovos que 
choca saem pequenos patos, praticamente se conclui o teste. A probabilidade dá lugar à 
certeza; essa ave é mesmo um pato. Essa é uma forma válida para lidar com nosso 
ambiente natural. Ninguém ousaria reclamar desse método, já que todos agem assim. É 
o jeito que lidamos com este mundo. 
Mas a fé introduz um outro elemento em nossa vida, radicalmente diferente. "Pela 
fé entendemos" é a palavra que alça nosso conhecimento a um nível superior. A fé se 
ocupa com fatos que foram revelados do céu e que, por sua natureza, não reagem a 
testes científicos. O cristão conhece como verdade alguma coisa não porque a verificou 
por meio de alguma experiência, mas porque Deus a declarou. As suas expectativas 
nascem da sua confiança no caráter de Deus. 
A expectativa sempre esteve presente na igreja nos tempos em que ela mais 
manifestou poder. Quando ela creu, ela esperou, e o seu Senhor jamais a desapontou. 
"Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da 
parte do Senhor" (Lucas 1.45). 
Textos de A. W. Tozer - 6 - 
Todo grande mover de Deus na história, cada avanço incomum na igreja, cada 
reavivamento, foi precedido por um senso de forte antecipação. A expectativa sempre 
acompanhou as operações do Espírito. As Suas intervenções dificilmente surpreenderam 
o Seu povo, porque eles aguardavam com expectativa o Senhor ressurrecto e 
aguardavam confiantemente o cumprimento da Sua Palavra. As Suas bênçãos seguiam as 
suas expectativas. 
Uma característica que é sintomática nas igrejas normais de hoje é a ausência de 
expectativa. Os cristãos, quando se reúnem, não esperam que aconteça nada fora do 
comum; em consequência, só acontece o costumeiro, e esse costumeiro é tão previsível 
como o pôr-do-sol. Uma mentalidade de não-expectativa impregna a reunião, uma 
quieta disposição de tédio que o ministro de várias formas tenta dissipar, meios esses que 
variam conforme o nível cultural da congregação e particularmente do próprio ministro. 
Um recorre ao humor, outro apela para um assunto do momento que divide a 
opinião pública, como o uso de flúor na água, pena de morte ou a prática de esportes 
aos domingos. Outro, que talvez duvide de suas habilidades como humorista e que não 
esteja tão seguro quanto a que lado da controvérsia deve defender, tentará gerar 
expectativa no povo tratando de alguma programação futura: o churrasco dos homens, 
na próxima terça-feira; ou o piquenique e o jogo entre casados e solteiros, cujo resultado 
o alegre ministro modestamente se recusa a prever; ou o anúncio do lançamento de um 
novo filme religioso, cheio de sexo, violência e falsa filosofia, mas adoçado com insípida 
moralidade e frouxas sugestões de que a extasiada platéia precisaria nascer de novo. 
Dessa forma, as atividades dos santos são estabelecidas por aqueles que se 
presume saberem melhor aquilo de que eles precisam. E esse procedimento, esse 
joguinho se torna aceitável até pelos mais piedosos, pela estratégia de adicionar no final 
algumas palavras de dedicação religiosa. Isso é chamado de "comunhão", embora se 
pareça pouquíssimo com as atividades dos cristãos de antigamente, a quem se aplicou 
primeiro a Palavra. 
A expectativa do cristão, na igreja normal, segue o programa, não as promessas. 
As condições espirituais do momento, embora pobres, são aceitas como inevitáveis. O 
que vai acontecer é o que sempre aconteceu. Os cansados escravos da estúpida rotina 
julgam impossível esperar alguma coisa melhor. 
Precisamos hoje de um novo espírito de antecipação que venha das promessas de 
Deus. Temos de declarar guerra à disposição de não-expectativa e temos de adotar uma 
fé infantil. Somente então poderemos outra vez experimentar a beleza e a maravilha da 
presença de Deus entre nós. 
[God Tells the Man Who Cares, capítulo 32.] 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 7 - 
A IMPORTÂNCIA 
DA DOUTRINA CERTA 
 
Seria impossível exagerar na ênfase à importância da doutrina certa na vida do 
cristão. Pensar corretamente acerca de todas as questões espirituais é imperativo, se 
pretendemos viver corretamente. Como os homens não colhem uvas dos espinheiros, 
nem figos dos abrolhos, assim o bom caráter não se desenvolve do ensino errôneo. 
A palavra doutrina significa simplesmente crenças sustentadas e ensinadas. A sacra 
tarefa de todos os cristãos, primariamente como crentes e secundariamente como 
mestres de crenças religiosas, consiste em assegurar-se de que estas crenças 
correspondem exatamente à verdade. Uma precisa harmonia entre as crenças e os fatos 
constitui a legitimidade da doutrina. Não podemos permitir-nos menos que isso. 
Os apóstolos não somente ensinavam a verdade, mas também pelejavam por sua 
pureza contra toda e qualquer pessoa que a corrompesse. As epístolas paulinas resistem a 
todos os esforços dos falsos mestres para introduzirem excentricidades doutrinárias. As 
epístolas de João apresentam contundente condenação dos mestres que importunavam a 
novel igreja negando a encarnação e lançando dúvidas sobre a doutrina da Trindade; e 
Judas, em sua breve mas poderosa epístola, sobe às culminâncias da m ais ardente 
eloqüência quando despeja desprezo sobre os maus mestres que querem desviar os 
santos. 
Cada geração de cristãos deve examinar as suas crenças. Se bem que a verdade 
mesma é imutável, as mentes dos homens são vasos porosos dos quais a verdade pode 
escoar-se e nas quais o erro pode infiltrar-se, diluindo a verdade que contêm. O coração 
humano é herético por natureza, e corre para o erro com a mesma naturalidade com 
que um jardim vira mato. Tudo que um homem, uma igreja ou uma denominação 
precisa, para garantir a deterioração da doutrina, é tomar tudo como líquido e certo, e 
não fazer nada. O jardim negligenciado logo será dominado pelas ervas daninhas; o 
coração que deixa de cultivar a verdade e de arrancar o erro, em pouco tempo será um 
deserto teológico; a igreja ou denominação que cresce descuidada no caminho da 
verdade, não demorará a ver-se perdida e atolada em alguma baixada lodosa da qual não 
há como fugir. 
Em todos os campos do pensamento e das atividades dos homens a precisão é 
considerada virtude. Enganar-se, ainda que ligeiramente, é atrair grave prejuízo, senão a 
própria morte. Só no pensamento religioso a fidelidade à verdade é vista como um 
defeito. Quando os homens lidam com coisas terrenas e temporais, exigem a verdade; 
quando passam a considerar as coisas celestiais e eternas, eles se fecham e hesitam, como 
se a verdade não pudesse ser descoberta ou não tivesse a mínima importância. 
Montaigne dizia que o mentiroso é valente para com Deus e covarde para com os 
homens; pois o mentiroso enfrenta a Deus e cede aos homens. Não é isso uma simples 
prova da incredulidade? Não equivale a dizer que o mentiroso crê nos homens mas não 
Textos de A. W. Tozer - 8 - 
está convencido da existência de Deus, e está disposto a arriscar-se ao desagrado de um 
Deus que talvez não exista, e não ao desagrado do homem, que obviamente existe? 
Penso também que, por trás do descuido humano em religião,está essa 
incredulidade básica e profunda. O cientista, o médico, o navegador tratam de matérias 
que sabem que são reais; e por serem reais, o mundo exige que, tanto o mestre como o 
que faz o trabalho prático sejam peritos no conhecimento delas. Somente do mestre de 
coisas espirituais se requer que seja inseguro em suas crenças, ambíguo em seus 
comentários e tolerante para com quaisquer opiniões religiosas expressas por quem quer 
que seja, até mesmo pelo menos qualificado para ter alguma opinião. 
A nebulosidade sempre foi a marca do liberal. Quando as Sagradas Escrituras são 
rejeitadas como a autoridade final quanto à crença religiosa, alguma coisa terá de ser 
encontrada para tomar-lhe o lugar. Historicamente essa “alguma coisa” foi a razão ou o 
sentimento; se foi o sentimento, o humanismo prevaleceu. Às vezes houve uma mistura 
dos dois, como se pode ver atualmente nas igrejas liberais. Estas não renunciam 
inteiramente à Bíblia, e tampouco crêem nela completamente; o resultado é um obscuro 
corpo de crenças que lembra mais um nevoeiro que uma montanha, corpo nebuloso em 
que qualquer coisa pode ser verdadeira, mas não se deve confiar em coisa alguma como 
certamente verdadeira. 
Já nos acostumamos às sombrias lufadas de plúmbea névoa que passam por 
doutrina nas igrejas modernistas, e delas nada de melhor esperamos, mas é causa de real 
alarme que ultimamente a névoa começou a dar os seus primeiros passos em muitas 
igrejas evangélicas. De algumas fontes anteriormente inatacáveis estão vindo agora vagos 
pronunciamentos que consistem numa tímida mescla de Escritura, ciência e sentimento 
humano que não faz jus a nenhum dos seus ingredientes, porque cada qual se presta para 
anular os outros. 
Alguns dos nossos irmãos conservadores parecem estar trabalhando sob a 
impressão de que são pensadores avançados porque estão reconsiderando o 
evolucionismo e reavaliando várias doutrinas bíblicas, ou até mesmo a inspiração divina; 
mas tão longe estão de serem pensadores avançados que não passam de tímidos 
seguidores do modernismo — cinqüenta anos atrás do desfile. 
Pouco a pouco os cristãos conservadores destas dias estão sofrendo lavagem 
cerebral. Uma prova disso é que grupos cada vez maiores deles vão ficando com 
vergonha de serem achados inequivocamente ao lado da verdade. Eles dizem que crêem, 
mas as suas crenças foram diluídas a tal ponto que é impossível defini-las claramente. 
As crenças bem definidas sempre foram acompanhadas de energia moral. Os 
grandes santos sempre foram dogmáticos. Precisamos voltar agora mesmo a um pacífico 
dogmatismo, capaz de sorrir ao mesmo tempo que se mantém inflexível e firme na 
Palavra de Deus que vive e permanece para sempre. 
[Homem: Habitação de Deus, Editora Mundo Cristão.] 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 9 - 
A REVELAÇÃO 
NÃO É SUFICIENTE 
Num de Seus confrontos com os líderes judeus, Jesus nos chama a atenção para 
os Seus contemporâneos que acreditavam ser a verdade algo meramente intelectual. Eles 
acreditavam ser possível reduzir a verdade a um código — algo parecido ao que nós 
fazemos quando tomamos por certo que dois e dois são quatro. Aqui está o cenário, o 
problema e a contestação de Jesus: 
 "Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava. Então, os judeus 
se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado? Respondeu-lhes 
Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a 
vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim 
mesmo" (João 7.14-17). 
 Essa atitude para com a verdade sustentada pelas pessoas nos tempos de Jesus 
nos leva a considerar aqueles que fazem a mesma coisa hoje, apegando-se a um conceito 
intelectual da verdade de Deus. Não estou me referindo aos teólogos liberais que negam 
a pessoa e a posição de Jesus Cristo como Filho de Deus. Refiro-me antes àqueles que 
tenho de chamar de racionalistas evangélicos. A razão porque me preocupo é que 
cheguei à conclusão que o racionalismo evangélico acabará matando a verdade tão 
rapidamente como o fará o liberalismo. 
 Em primeiro lugar, veja os líderes judeus nos tempos de Jesus. Eles se 
maravilhavam com Ele, e diziam uns aos outros: "Como sabe este letras, sem ter 
estudado?" Eles se preocupavam com o fato de Jesus nunca ter estudado nas escolas de 
ensino superior. Muitas escolas daqueles dias nada mais eram do que pequenos grupos 
ensinados por um só rabino; não eram como são hoje nossas instituições com múltiplas 
disciplinas. É evidente que nosso Senhor jamais compareceu a esse tipo de escola 
rabínica. Por isso eles perguntaram: "Como é que Ele conseguiu esse ensino 
maravilhoso, já que nunca frequentou nenhuma escola dos rabinos?" 
 Ora, essa pergunta por si só nos diz muito a respeito dos judeus daquela época. 
Ela nos revela que eles consideravam a verdade (e você pode escrever a palavra com 
inicial maiúscula, se quiser) como algo meramente intelectual, passível de ser reduzida a 
um código. Para conhecer a verdade, era preciso apenas aprender o código. A maioria 
das pessoas não possuía livros; eles memorizavam o código na escola, e era esse o 
conceito que possuíam da verdade. Aprendemos isso não só da resposta de Jesus à 
pergunta deles, mas em todo o Evangelho de João. 
 
A VERDADE É MAIS DO QUE PALAVRAS 
Eles consideravam a verdade como algo intelectual. Conosco, o fato de que duas 
vezes dois são quatro constitui verdade, mas é uma verdade intelectual — uma evidência 
para a mente. Tudo o que temos de fazer é aprender a tabuada até duas vezes dois e 
obtemos o fato. Eles tinham reduzido a verdade de Deus a essa mesma situação. Para 
eles, não havia profundidade misteriosa na verdade, nada abaixo, e nada mais além. Duas 
Textos de A. W. Tozer - 10 - 
vezes dois são quatro. E foi exatamente ali que eles se separaram do nosso Salvador, 
porque o Senhor Jesus constantemente ensinou o "mais profundo" e o "mais além". Mas 
eles jamais conseguiam perceber a profundeza do Seu ensino — eles apenas viam que 
duas vezes dois são quatro. 
 É isso que nós temos de lembrar: aqueles líderes religiosos evidentemente criam 
que as palavras da verdade eram a verdade. Essa continua sendo basicamente a 
compreensão errônea da teologia cristã. Fazer essa análise hoje não é insistir em algo 
insignificante. Não, não! Se fosse somente vontade de discutir algo sem importância, eu 
não me importaria com o assunto. Isto que estamos tratando tem consequências tanto 
morais como espirituais. Os judeus criam que a palavra da verdade era a verdade — 
criam que, se você tivesse as palavras, você tinha a verdade. Se você conseguisse repetir 
o código, você tinha a verdade. Se você estivesse vivendo pela palavra da verdade, você 
estava vivendo na verdade. 
 Eu repito: esse foi o exato ponto em que eles se separaram do Senhor Jesus 
Cristo. O Salvador tentou corrigir essa visão defeituosa. Ele lhes mostrou a qualidade 
celestial da Sua mensagem. Ele lhes mostrou que Ele era simplesmente um meio 
transparente por meio do qual Deus falou. Ele disse, de fato: "A minha doutrina não é 
minha - Eu não sou apenas um mestre ensinando doutrina que vocês podem memorizar 
e repetir. O que Eu estou lhes dando não é de forma nenhuma essa espécie de doutrina". 
 
UMA NOVA LINHA DE BATALHA 
Anteriormente, Jesus lhes havia dito: "Eu nada digo por mim mesmo. Aquilo que 
vejo meu Pai fazer, isso Eu também faço, e aquilo que o Pai diz, isso eu também falo. Eu 
falo daquilo que vi no além. Eu sou um meio transparente através de quem a verdade 
está sendo anunciada. Vocês pensam que o caminho para a verdade é ir a um rabino e 
aprendê-la, mas isso não é a verdade - essa forma de aproximar-se da verdade é 
inadequada". 
 Aqui reside a fraqueza do cristianismo moderno, e eu me admiro que haja tanto 
silêncio a esse respeito. A linha de batalha, a guerra de hoje, não se trava necessariamente 
entre o fundamentalista e o liberal. Háuma diferença entre esses dois, é claro. O 
fundamentalista diz: "Deus fez o céu e a terra". O liberal diz: "Bem, essa é uma forma 
poética de pôr as coisas, mas na verdade isso ocorreu por meio da evolução". O 
fundamentalista diz: "Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus". O liberal replica: 
"Bem, Ele com certeza foi um homem maravilhoso e Ele é o Mestre, mas eu 
nada conheço sobre a Sua divindade". Dessa forma, existe de fato uma divisão. Mas a 
linha de batalha não reside mais nesses assuntos. 
 Alguns anos atrás, fui a Gettysburg com alguns amigos, e relembramos outra vez 
essa famosa batalha da Guerra Civil. Lemos as lápides. Contemplamos os memoriais. 
Mas ali não há mais luta nenhuma agora. Não ouvi o troar de canhões, nenhum choque 
de espadas. Não vi nenhum soldado morto. Eu vi apenas o lugar onde se travou a 
batalha. 
 Ora, em nossos dias, alguns poucos ministros continuam agitando suas palavras 
sangrentas por sobre a cabeça, mas o sangue já está seco, porque na verdade não há 
Textos de A. W. Tozer - 11 - 
sangue fresco entre liberalismo e fundamentalismo. Isso já está liquidado; aqueles que 
são liberais são liberais, e os que são fundamentalistas sabem o que crêem e onde firmam 
os pés. A guerra não está mais ali. A batalha se deslocou para um outro e mais 
importante campo. 
 A guerra — a linha divisória de hoje — é entre os racionalistas evangélicos e os 
místicos evangélicos. Eu explico o que quero dizer com isso. 
 Há, hoje, um racionalismo evangélico em nada diferente do racionalismo 
ensinado pelos escribas e fariseus. Eles diziam que a verdade está na palavra e que, se 
você deseja conhecer a verdade, deve ir a um rabino e aprender a palavra. Se você 
aprender a palavra, você terá a verdade. Isso é racionalismo evangélico, e nos círculos 
fundamentalistas encontramos isso hoje aos montes. Isso está entre nós. É a doutrina 
que diz "se você aprendeu o texto, você aprendeu a verdade". 
 
UM RACIONALISMO MORTAL 
Esse racionalismo evangélico matará a verdade tão rapidamente como o fará o 
liberalismo, embora o faça com mais sutileza. O liberal diz com toda franqueza: "Eu não 
creio na sua Bíblia inspirada. Eu não creio no seu Cristo endeusado. Eu creio na Bíblia 
de certa forma; ela é o registro dos principais feitos de homens destacados, e creio numa 
certa comunhão mística com o universo, creio que tudo é muito maravilhoso, mas eu 
não creio do jeito que vocês crêem". Você pode identificar esse homem com muita 
facilidade. É quase automático. Você pode dizer que ele está do lado oposto, pois ele 
veste o uniforme inimigo. 
 Mas o evangélico racionalista de hoje continua trajando o nosso uniforme. Ele se 
aproxima vestindo nosso uniforme e diz aquilo que os fariseus disseram enquanto Jesus 
estava aqui no mundo (e eles eram os Seus piores inimigos): "Está certo, a verdade é a 
verdade, e se você crê na verdade, você possui a verdade!" 
 Naqueles tempos, ou em nossos dias, gente desse tipo não consegue ver além, e 
não divisa nenhuma profundeza mística, nenhuma altura misteriosa, nada sobrenatural 
nem divino. A única coisa que eles conseguem enxergar é: 
 Creio-em-Deus-Pai-Todo-Poderoso-criador-do-céu-e-da-terra-e-em-Jesus-Cristo-
Seu-único-Filho-nosso-Senhor. 
 Eles estão de posse do texto e do código e do credo e, para eles, isso é a verdade. 
É dessa forma que eles a passam aos outros. O resultado disso é que estamos morrendo 
espiritualmente. 
 Agora, e o que dizer a respeito dos místicos evangélicos? Na verdade eu não 
gosto muito da palavra místico porque faz você pensar em alguém de cabelo comprido, 
barbicha de bode, pensativo, e que age meio esquisito. Talvez não seja uma boa palavra, 
mas estou me referindo ao lado espiritual das coisas - que a verdade é mais do que o 
texto. Existe alguma coisa na qual você precisa penetrar. A verdade é mais do que o 
código. Há um coração que bate nesse código, e você tem de chegar até ali. 
 A questão vital é simplesmente esta: Será que o mero corpo da verdade cristã é 
suficiente, ou será que a verdade, além do corpo, possui uma alma? O racionalista 
Textos de A. W. Tozer - 12 - 
evangélico diz que toda essa conversa a respeito da alma da verdade são tolices poéticas. 
O corpo da verdade é tudo de que você precisa. Se você crê no corpo da verdade, você 
está a caminho do céu e dessa posição você não pode cair. No final, tudo dará certo e 
você, no último dia, receberá uma coroa. 
 Talvez pudéssemos fazer a pergunta da seguinte forma: Será que a revelação é 
suficiente, ou é preciso haver iluminação? A Bíblia é um livro inspirado? É um livro 
revelado? É claro, você e eu cremos que ela é uma revelação, que Deus falou todas essas 
palavras e homens santos falaram conforme foram movidos a isso pelo Espírito Santo. 
 Eu creio que a Bíblia é um livro vivo, que Deus a deu para nós e que não 
devemos ousar nem adicionar nem remover nada do que ali está. Ela é uma revelação. 
 
A REVELAÇÃO NÃO É SUFICIENTE! 
Mas a revelação não é suficiente! É preciso haver iluminação antes que a revelação 
chegue até a alma de uma pessoa. Não é suficiente que eu segure nas mãos um livro 
inspirado. Eu preciso também de um coração inspirado. Há uma diferença, a despeito do 
racionalista evangélico que insiste em que apenas a revelação já é suficiente. 
 Isso está acontecendo bem aqui, na América do Norte1. Um pastor me 
confidenciou as experiências que teve com certo grupo religioso. Eles crêem que a 
verdade é suficiente, o código é suficiente. Aqueles que vão à frente atendendo ao apelo 
e dizem "Eu creio em Cristo" são aceitos como membros da igreja, e não se pergunta 
mais nada. Eles estão "dentro". 
 Conversei com um irmão que provou uma comovente experiência espiritual, com 
uma inundação de glória descendo e as asas de amor adejando sobre a alma dele, como 
acontecia aos cristãos nos dias do evangelista Carlos Finney. Esse irmão me disse que foi 
"convidado a se retirar" da denominação a que pertencia, criticado por homens cuja 
única acusação contra ele era a sua fé no miraculoso elemento divino da graça. Ele cria 
não apenas na revelação da graça de Deus no livro, mas cria também que o novo 
nascimento era uma intervenção miraculosa de Deus na alma humana. 
 E quem foi que o atacou e o acusou de heresia? Foram os fundamentalistas. E 
foram os evangélicos - os racionalistas evangélicos, que dizem: "Se você apenas crer, 
tudo ficará certo". 
 E faziam isso também nos tempos de Jesus, quando diziam: "Quem é esse 
homem? Ele nunca se assentou aos pés dos rabinos para memorizar o texto. Ele não 
tem a verdade!" 
 Você pode decorar todos os textos da Bíblia — e eu creio na necessidade de 
memorizar a Palavra. Mas depois de fazer isso, você não alcançou nada mais do que o 
corpo. E a verdade tem, além do corpo, uma alma também. Há uma iluminação divina 
interior que o Espírito Santo tem de nos dar, caso contrário não saberemos o que 
significa a verdade. 
 
1 Também aqui no Brasil. E infelizmente esse veneno se alastrou por toda parte no mundo inteiro. N.T. 
Textos de A. W. Tozer - 13 - 
 Aqui reside a diferença. Temos de insistir no fato que a conversão é uma 
operação miraculosa de Deus por meio do Espírito Santo. Ela tem de ser operada em 
nosso espírito. O corpo da verdade, o texto inspirado, não é suficiente; é necessária uma 
iluminação interior! 
 
 A REVELAÇÃO NÃO SALVA 
 Nos dias de Cristo, o conflito dEle era com o teólogo racionalista. Isso fica 
evidente no Sermão do Monte e em todo o livro de João. Da mesma forma que a carta 
da Paulo aos Colossenses é um argumento contra o maniqueísmo, e Gálatas argumenta 
contra o legalismo judeu, assim o livro de João é um livro longa, inspirada, 
apaixonadamente vertido com o propósito de nos salvar do evangelho racionalista - a 
doutrina que diz que o texto é suficiente. O textualismo é tão mortal quanto o 
liberalismo. 
 A revelação, eu repito, não pode salvar. A revelação é o chão em que pisamos. A 
revelaçãonos diz em que devemos crer. A Bíblia é o livro de Deus e isso eu sustento de 
todo o coração. Mas antes que eu possa ser salvo, precisa haver iluminação, 
arrependimento, renovação, libertação interior. 
 Não tenho dúvidas de que tentamos facilitar a entrada de muita gente no reino de 
Deus, pessoas essas que nunca jamais haverão de entrar. Elas são persuadidas a crer no 
texto, e elas o fazem, mas elas nunca jamais foram iluminadas pelo Espírito Santo. Elas 
nunca jamais foram renovadas no íntimo. Elas nunca entraram no reino, de jeito 
nenhum. 
 Ora, existe um segredo na verdade divina totalmente escondido da alma que não 
está preparada. É nesse ponto que nos encontramos nesses terríveis dias em que 
vivemos. O Cristianismo não é algo que você estende a mão a agarra à força, 
como alguns ensinam. É preciso haver uma preparação da mente, uma preparação da 
vida e uma preparação da pessoa interior antes que possamos crer de forma salvadora 
em Jesus Cristo. 
 Você pergunta: "É possível ouvir a verdade e não entendê-la?" Ouça o que diz 
Isaías: "Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais" (Isaías 6.9). 
 Sim, é possível ver e contudo não perceber. Paulo diz: "A minha palavra e a 
minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em 
demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria 
humana, e sim no poder de Deus" (1 Coríntios 2.4,5). 
 Agora, o teólogo racionalista entende isso tudo da seguinte forma: Ele diz que a 
sua fé não deveria basear-se na sabedoria do homem, mas na Palavra de Deus. Mas não 
é isso que Paulo disse. Ele disse que a sua fé deveria apoiar-se no poder de Deus. Isso é 
uma coisa completamente diferente. 
 Veja adiante, nesse mesmo capítulo: "mas, como está escrito: Nem olhos viram, 
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem 
preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito..." (1 Co 
2.9,10). 
Textos de A. W. Tozer - 14 - 
 "Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio 
espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o 
Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito 
que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado 
gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria 
humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, 
o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não 
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (2.11-14). 
 Paulo, o homem de Deus, está dizendo: "Eu fui pregar e preguei com poder que 
iluminasse e alcançasse a consciência e o espírito e mudasse a pessoa interior, para que a 
fé de vocês se apoiasse no poder de Deus". 
 A sua fé pode apoiar no texto e você ainda estar mortinho da silva, mas quando o 
poder de Deus invade o texto e desce como fogo sobre o sacrifício, aí então você terá 
verdadeiro Cristianismo. Costumamos chamar isso de avivamento, mas isso não é 
avivamento de jeito nenhum. Isso é apenas o Cristianismo do Novo Testamento. Era 
isso que devia ter sido no começo, mas não tinha ocorrido. 
 Agora veja Mateus 11.25-27: "Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, 
ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as 
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi 
entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, 
senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar". 
 Aqui temos a doutrina exposta de forma simples e clara. Não existe somente um 
corpo de doutrina que deixamos de lado por nossa conta e risco, mas existe também 
uma alma nesse corpo, à qual temos de chegar. Se não chegarmos à alma da verdade, a 
única coisa que teremos nas mãos será um cadáver. 
 
É O ESPÍRITO QUE GERA A VIDA 
É possível que uma igreja prossiga sustentando o credo e a verdade por gerações 
seguidas e assim continue se perpetuando. Novos membros podem seguir e receber esse 
mesmo código e também acabar envelhecendo. Aí algum avivalista vem, abre fogo e 
inquieta a todos, e pela oração Deus Se manifesta naquele lugar e o avivamento chega 
àquela igreja. Pessoas que se julgavam salvas são agora salvas de fato. Pessoas que 
meramente haviam crido num código agora crêem em Cristo. E o que é que aconteceu 
de fato? Aconteceu apenas que o Cristianismo do Novo Testamento recebeu o devido 
lugar. Não é uma edição de luxo do Cristianismo; é apenas o que o Cristianismo deveria 
ter sido já desde o começo. 
 Um homem começa a frequentar uma igreja, crê nos textos bíblicos, memoriza 
esses textos, cita-os, ensina-os e talvez até se torne um diácono da igreja. Ele talvez até 
seja eleito para a diretoria da igreja e tudo o mais. Aí, certo dia, ouvindo a pregação 
inflamada de algum visitante ou talvez do próprio pastor, ele de súbito se sente em falta 
para com Deus e, esquecendo-se de todo o seu passado religioso, põe-se de joelhos. 
Como Davi, ele começa a derramar a alma em confissão. Depois, levanta-se e começa a 
Textos de A. W. Tozer - 15 - 
testemunhar: "Eu fui diácono nesta igreja por 26 anos e nunca havia nascido de novo, 
mas isso aconteceu hoje à noite!" 
 O que foi que aconteceu? Esse homem estava confiando no cadáver da verdade 
até que algum pregador inspirado o fez ver que a verdade tem uma alma. Ou, talvez 
Deus lhe ensinou em secreto que a verdade tem uma alma tanto quanto um corpo, e ele 
ousou avançar e insistir pelo arrependimento e pela obediência até que Deus honrou a 
sua fé e fez brilhar a luz. Daí, como relâmpago rasgando o céu, ela tocou o seu espírito e 
todos os textos que ele havia memorizado passaram a viver. 
 Graças a Deus, ele tinha memorizado os textos, e toda a verdade que ele 
conhecia, agora, de repente, floresceu na luz. É por isso que eu creio que devemos 
decorar as Escrituras. Essa é a razão por que devemos nos familiarizar com a Palavra, 
por que devemos encher a mente com os grandes hinos e canções da igreja. Eles haverão 
de significar muito pouco para nós até que venha o Espírito Santo. Mas quando Ele vier, 
Ele terá combustível para usar. Fogo sem combustível não queima, mas o combustível 
sem fogo está morto. E o Espírito Santo não virá a uma igreja onde não haja o corpo 
bíblico da verdade. O Espírito Santo não vem nunca para um vácuo, mas onde a Palavra 
de Deus está, ali está o combustível, e o fogo desce e queima o sacrifício. 
 
O ARREPENDIMENTO É A PREPARAÇÃO NECESSÁRIA 
Jesus afirmou que aqueles que quiserem fazer a vontade de Deus conhecerão; eles 
conhecerão o Seu ensino - se ele procede de Deus ou se Ele fala de Si mesmo. Agora, esse 
corpo de ensino pode ser apreendido pelo intelecto comum, de capacidade média. Você 
pode apreender o ensino, mas somente a alma iluminada pode conhecer a verdade e 
somente o coração preparado será iluminado. E o que é essa preparação necessária? 
 Jesus disse que, se alguém quiser fazer a vontade de Deus, a luz haverá de invadi-
lo. Deus lhe iluminará a alma. O que nós queremos é fazer de Jesus uma conveniência. 
Fazemos dEle um bote salva-vidas para nos conduzir até a praia, um guia para nos 
encontrar quando estamos perdidos. Nós O reduzimos a um mero bom Amigo que nos 
ajuda quando estamos encrencados. Isso não é o Cristianismo bíblico. Jesus Cristo é 
Senhor, e quando nos dispomos a fazer a vontade de Deus, isso é arrependimento e a 
verdade se manifesta em nosso interior. Pela primeira vez na vida nos vemos dizendo 
voluntariamente: "Eu vou fazer a vontade do Senhor, mesmo que isso me custe a vida!" 
 A iluminação começará sua obra no coração. Isto é arrependimento: nós que 
seguíamos nossa própria vontade estamos decididos a fazer a vontade de Deus! 
 Nós não podemos conhecer o Filho, a menos que o Pai no-lo mostre. Nós não 
podemos conhecer o Pai, a menos que o Filho O revele. Eu possochegar a conhecer a 
respeito de Deus; isso é o corpo da verdade. Mas eu não consigo conhecer a Deus, a 
alma da verdade, a menos que eu esteja disposto a obedecer. Discipulado verdadeiro é 
obedecer a Jesus Cristo, aprender dEle, segui-lO e fazer aquilo que Ele nos ordena. É 
guardar os Seus mandamentos e executar a Sua vontade. Uma pessoa dessas é um cristão 
- e nenhuma outra espécie o é. 
Textos de A. W. Tozer - 16 - 
 Quando você está tentando descobrir em que pé se encontra alguma igreja, não 
pergunte apenas se ela é evangélica. Veja se é uma igreja evangélica racionalista que diz 
"O texto é suficiente", ou se é uma igreja que crê que é necessário o texto mais o 
Espírito Santo. 
 Antes que a Palavra de Deus possa significar qualquer coisa em meu interior, é 
preciso que haja obediência à Palavra. A Verdade não se confia a um rebelde. A Verdade 
não transmitirá vida a um homem que não vai obedecer à luz! "se, porém, andarmos na 
luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu 
Filho nos purifica de todo o pecado" (1 João 1.7). Aquele que está desobedecendo a 
Jesus Cristo não pode esperar ser iluminado. 
 
A ILUMINAÇÃO É UM FATO 
Mas na verdade existe iluminação. Eu sei o que Carlos Wesley quis dizer quando 
escreveu: "O Seu Espírito atende ao sangue,/ E me garante que eu nasci de Deus!" Não 
é preciso que ninguém me diga o que ele quis dizer com isso. "Aqueles que quiserem 
fazer a minha vontade", disse Jesus na verdade, "haverão de receber uma revelação em 
seu coração. Eles receberão uma iluminação interior, que lhes assegurará que são filhos 
de Deus". 
 Se um pecador se dirige ao altar e um obreiro com um Novo Testamento cheio 
de anotações o introduz no reino por meio de argumentações, o diabo haverá de 
encontrar esse recém-convertido dois quarteirões abaixo e, com argumentações, o 
removerá do reino outra vez. Mas se ele for iluminado interiormente — esse testemunho 
interior — porque o Espírito respondeu ao sangue, você não conseguirá argumentar 
com uma pessoa dessas. Ele se tornará teimoso, sem levar em consideração os 
argumentos que você tentar manobrar. Ele vai dizer: "Mas eu sei!" 
 Um homem desses não é nem teimoso nem arrogante; ele apenas é seguro. Ele se 
parece com aquele alegre irmão crente que trabalhava numa fábrica, e alguém o 
convidou para uma reunião em que um homem pretendia provar que os cristãos estavam 
errados. Esse irmão foi assistir à palestra. Foi uma eloquente apresentação de 
argumentos de todo tipo. Na saída, o homem que o tinha convidado perguntou: "E 
então, o que você achou?" 
 "Olha, eu ouvi esta palestra com um atraso de 25 anos", replicou o cristão. "Foi 
25 anos atrás que Deus fez na minha vida o que esse palestrante disse que é impossível 
ser feito!" Ora, esse é o Cristianismo normal. Esse é o jeito que deveríamos ser. "Se 
alguém quiser fazer a vontade de Deus, conhecerá." Ele haverá de saber. 
 
Todavia, algumas pessoas continuam a resistir a Deus, recusando-se a seguir a 
Jesus, o tempo todo frustrados com algo que Ele lhes disse, mas que eles não vão fazer. 
 Você diz que pretende fazer um curso bíblico. Você pode fazer um curso e 
estudar tudo a respeito de síntese e análise e tudo o mais. Mas se você está resistindo a 
Deus, será o mesmo que ler um outro livro qualquer. Nem todos os cursos deste mundo 
iluminarão o seu interior. Você pode encher a mente de conhecimento, mas o dia em 
Textos de A. W. Tozer - 17 - 
que decidir obedecer a Deus, o conhecimento haverá de descer ao seu coração. Você 
conhecerá. Somente os servos da verdade conseguem conhecer a verdade. Somente 
aqueles que obedecem alcançam a mudança interior. 
 
O CONHECIMENTO NÃO É SUFICIENTE 
Você pode manter-se do lado de fora, e possuir toda a informação e saber tudo a 
respeito da verdade, e contudo não ser um verdadeiro discípulo que de fato conhece a 
Cristo. Certa vez eu li um livro a respeito da vida espiritual interior, escrito por um 
homem que de forma alguma era cristão. Ele era um intelectual esperto, um inglês 
perspicaz. Ele estava parado do lado de fora e examinava as pessoas espirituais por esse 
ângulo, mas nada daquilo o alcançava. E isso é possível! 
 Você pode argumentar sobre o assunto. Pode ler a sua Bíblia — ler qualquer 
versão que desejar — e se você é honesto haverá de admitir que é ou obediência ou 
cegueira interior. Você pode repetir a Epístola aos Romanos palavra por palavra e ainda 
assim estar completamente cego interiormente. Você pode citar todos os Salmos, e ainda 
estar cego interiormente. Você pode conhecer a doutrina da justificação pela fé e 
colocar-se ao lado de Lutero e da Reforma, e ainda continuar cego interiormente. Não é 
o corpo da verdade que ilumina; é o Espírito da verdade que ilumina. 
 Se você está disposto a obedecer ao Senhor Jesus, Ele haverá de iluminar o seu 
espírito. Ele iluminará você interiormente. A verdade que você conheceu 
intelectualmente agora você a conhecerá espiritualmente. O poder começará a fluir 
abundantemente, e você se verá mudado, maravilhosamente transformado. Vale a pena 
crer num Cristianismo que de fato muda as pessoas. 
 Eu preferiria fazer parte de um pequeno grupo com conhecimento interior, a 
fazer parte de um vasto grupo com conhecimento meramente intelectual. No grande dia 
da volta de Cristo, o que vai importar é se eu fui iluminado interiormente ou não, se fui 
regenerado interiormente, purificado interiormente. 
 A questão é: Será que realmente conhecemos a Jesus dessa forma? 
 
[Faith Beyond Reason, capítulo 2.] 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 18 - 
A VERDADE 
TAMBÉM 
TRAZ PROBLEMAS 
 
 A verdade soluciona algumas dificuldades e cria outras. 
 “… a verdade vos libertará” (João 8.32); isto é, libertará da desgraça, dos jugos, 
dos fardos impostos pelo pecado. 
Contudo, essa mesma verdade gera problemas de outra espécie. Não pode ser de 
outra forma, uma vez que somos forçados a acolher a verdade num mundo consagrado à 
mentira. A sociedade humana se encontra numa sutil conspiração contra a verdade no 
que diz respeito às coisas espirituais e morais. A alma dedicada à verdade de Deus nunca 
é popular entre as multidões. Elas a fazem pagar pelo seu amor à verdade. E isso cria um 
problema para essa pessoa. 
Em qualquer lugar que seja, e em qualquer época que a verdade se encarna 
nalgum homem, esse homem com certeza se tornará o alvo de todo tipo de oposição — 
desde o insulto informal de alguém que se diz amigo até à campanha cuidadosamente 
preparada de um inimigo declarado. O problema que isso cria para o homem 
comprometido com a verdade é como receber esses ataques com espírito caridoso, 
como manter-se calmo e paciente quando todos os seus velhos reflexos naturais o 
impelem a bater de volta com qualquer arma que estiver a seu alcance. 
O homem a quem Cristo ilumina com Sua mensagem agora tem olhos, e isso 
acaba com a velha dificuldade da cegueira; mas ele precisa usar os seus novos olhos num 
mundo cego, e isso cria um outro problema. O mundo em sua cegueira se ressente 
contra a sua alegação de que ele vê, e fará de tudo para desacreditar o que ele diz. A 
verdade de Cristo traz segurança, e dessa forma remove o antigo problema do medo e da 
incerteza, mas essa segurança será interpretada como fanatismo pela multidão governada 
pelo medo. E mais cedo ou mais tarde essa falsa compreensão das coisas conduzirá o 
homem de Deus a problemas. E assim acontece com muitos outros benefícios do 
evangelho. Por todo o tempo que permanecermos neste mundo deformado, esses 
benefícios haverão de criar seus próprios problemas. Não há como escapar deles. 
Mas nenhum cristão esclarecido se queixará. Em vez disso, ele aceitará os seus 
problemas como oportunidades para exercitar as virtudes espirituais. Ele os transformará 
em disciplinas úteis para a purificação da sua vida e se regozijará com o fato de que lheé 
permitido sofrer com o seu Senhor. Porque por mais severas que sejam as provações do 
cristão, elas não haverão de durar muito, e o bendito fruto que elas geram durará por 
toda a eternidade. 
[We Travel an Appointed Way] 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 19 - 
A VERDADEIRA 
E A FALSA HUMILDADE 
 
A humildade é algo absolutamente indispensável para o cristão. Sem ela, não pode 
haver conhecimento de si mesmo, nem arrependimento, nem fé, nem salvação. 
As promessas de Deus são dirigidas aos humildes; o homem orgulhoso, com seu 
orgulho perde o direito a todas as bênçãos prometidas aos humildes de coração, e não 
pode esperar da mão de Deus outra coisa senão justiça. 
Contudo, não devemos esquecer que há uma falsa humildade que se distingue da 
real, e que no geral existe entre os crentes, sem que se dêem conta de que é falsa. 
A humildade verdadeira é algo saudável. O homem humilde aceita que se lhe diga 
a verdade. Ele crê que em sua natureza caída não habita bem nenhum. Reconhece que, 
separado de Deus, não é nada, não tem nada, não sabe nada, nem pode fazer nada. Mas 
esse conhecimento não o desanima, porque também sabe que, em Cristo, ele é alguém. 
Sabe que para Deus ele é mais precioso que a menina dos seus olhos, e que pode todas 
as coisas por meio de Cristo, que o fortalece; ou seja, pode fazer tudo o que está dentro 
da vontade de Deus que ele faça. 
A pseudo-humildade é, na realidade, simplesmente orgulho com outra cara. Faz-se 
evidente na oração do homem que se condena diante de Deus como fraco, pecador e 
néscio, mas que se ofenderia e lhe causaria raiva se sua esposa dissesse essas mesmas 
coisas dele. 
Não é que esse homem seja necessariamente um hipócrita. A oração de 
autocondenação pode ser completamente sincera, como também o pode ser sua defesa 
própria, embora ambas pareçam contradizer-se mutuamente. A semelhança entre as duas 
é que ambas nasceram dos mesmos pais: o pai é o amor próprio e a mãe é a confiança 
em si mesmo. 
O homem cheio de auto-estima espera de forma natural grandes coisas de si 
mesmo, e se sente amargamente desanimado quando fracassa. O crente que tem auto-
estima tem os mais elevados ideais morais: chegará a ser o homem mais santo de sua 
igreja, se não o mais santo de sua geração. É possível que fale da depravação total, da 
graça e da fé, enquanto ao mesmo tempo inconscientemente está confiando em si 
mesmo, promovendo-se a si mesmo e vivendo para si mesmo. 
Como tem aspirações tão nobres, qualquer falha em alcançar seus ideais o enche 
de desânimo e desgosto. Vem, então, a dor da consciência, que ele erroneamente 
interpreta como evidência de humildade, mas que na realidade só é uma amarga negativa 
de perdoar-se a si mesmo por haver caído da alta opinião que tinha de sua própria 
pessoa. Às vezes se pode traçar um paralelo com a pessoa do pai orgulhoso e ambicioso 
que espera ver no filho o tipo de homem que ele havia esperado ser e não é, e que 
quando o filho não vive de acordo com suas expectativas não quer perdoá-lo. A dor do 
pai não vem do seu amor pelo filho, mas de seu amor por si próprio. 
Textos de A. W. Tozer - 20 - 
O homem verdadeiramente humilde não espera encontrar virtude em si mesmo, e 
quando não a encontra, não se desanima. Ele sabe que qualquer boa obra que poderia 
fazer é resultado da obra de Deus nele, e se é obra própria sua sabe que não é boa, por 
melhor que pareça. 
Quando essa crença se torna parte desse homem, algo que opera como uma 
espécie de reflexo subconsciente, ele se vê liberto do peso de viver segundo a opinião 
que tem de si mesmo. Pode descansar e contar com o Espírito para que cumpra a lei 
moral em seu íntimo. Muda-se o centro de sua vida, do ego para Cristo, que é onde 
deveria Ter estado desde o princípio, e assim se vê livre para servir a sua geração de 
acordo com a vontade de Deus, sem os milhares de empecilhos que antes tinha. 
Se um homem assim falha para com Deus de alguma forma, lamenta-o e se 
arrepende, mas não passa os dias castigando-se a si mesmo por seu fracasso. Dirá com o 
Irmão Lourenço: "Nunca poderei agir de outra forma se me deixas só; Tu és aquele que 
deve impedir minha queda e emendar o que é mau", e depois disso "não continuará se 
torturando pelo acontecido". 
Quando lemos sobre a vida e os escritos dos santos, é que a falsa humildade mais 
entra em ação. Lemos Agostinho e percebemos não ter sua inteligência; lemos Bernardo 
de Claraval e sentimos um calor em seu espírito, que não encontramos em nosso próprio 
em um grau que sequer se lhe assemelhe; lemos o diário de George Whitefield e temos 
de confessar que comparados com ele somos simples principiantes, noviços espirituais, e 
que apesar de nossas "vidas tão supostamente ocupadas" vemos muito pouco ou nada 
realizado. Lemos as cartas de Samuel Rutherford e sentimos que seu amor por Cristo 
ultrapassa tanto o nosso, que seria estupidez sequer mencioná-los ao mesmo tempo. 
É então que a pseudo-humildade começa a trabalhar em nome da autêntica 
humildade e nos leva até o pó numa confusão de autocompaixão e autocondenação. 
Nosso amor próprio se volta contra nós mesmos e com grande azedume nos joga em 
rosto nossa falta de piedade. Sejamos cuidadosos com isso. Aquilo que achamos ser 
penitência pode facilmente ser uma pervertida forma de inveja e nada mais. É possível 
que simplesmente estejamos invejando esses poderosos homens, e desanimemos de 
chegar a ser como eles, imaginando que somos muito santos porque nos sentimos 
humilhados e desanimados. 
Tenho conhecido duas classes de crentes: os orgulhosos que se consideram 
humildes, e os humildes que têm medo de ser orgulhosos. Deveria haver outra classe: os 
desesperados de si mesmos que deixam todo o assunto nas mãos de Cristo, e se negam a 
gastar o tempo tentando fazer-se bons. Serão esses os que alcançarão o alvo, e bem antes 
que os demais. 
[God Tells the Man Who Cares, capítulo 33.] 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 21 - 
AS MELHORES COISAS 
DEMANDAM ESFORÇO 
 
 
Em nosso mundo distorcido, as coisas mais importantes muitas vezes são as mais 
difíceis de aprender; e inversamente, as coisas que vêm fácil são na maioria das vezes de 
pouco valor real no longo prazo. 
Isso se vê claramente na vida cristã, onde muitas vezes acontece que aquilo que 
aprendemos a fazer sem dificuldade são as atividades mais superficiais e menos 
importantes, e os exercícios verdadeiramente vitais tendem a ser omitidos devido à 
dificuldade de pô-los em prática. Isto é mais facilmente visto em nossas variadas formas 
de trabalho cristão, particularmente no ministério. Ali as atividades mais difíceis são as 
que produzem maior fruto, e os serviços menos frutíferos se desempenham com menor 
esforço. Esta é uma armadilha em que o ministro sábio não cairá, ou, se ele perceber que 
está preso nela, importunará céu e terra em sua luta para dela escapar. Orar com sucesso 
é a primeira lição que o pregador tem de aprender, se quiser pregar frutiferamente; 
embora a oração seja a tarefa mais difícil para a qual ele é chamado. Como homem será a 
atividade que será tentado a menos pôr em prática do que qualquer outra. Ele tem de 
determinar o coração para conquistar pela oração, e isso significa que primeiro tem de 
comquistar sua própria carne, porque é a carne que sempre atrapalha a oração. 
Quase tudo que diz respeito ao ministério pode ser aprendido com uma porção 
média de esforço inteligente. Não é difícil pregar, ou gerenciar atividades da igreja ou 
atender compromissos sociais; casamentos e funerais podem ser dirigidos sem 
problemas com um pouco de ajuda de um Manual do Ministro. Pode-se aprender a fazer 
sermões tão facilmente como fazer sapatos — introdução, conclusão e só. E assim é 
com todo o trabalho do ministério como se tem levado na igreja normal de hoje. Mas 
orar — isso é outro assunto. Aqui de nada serve a ajuda de um Manual do Ministro. 
Aqui o solitário homem de Deus tem de combater sozinho, às vezes com jejunse 
lágrimas e fadigas indizíveis. Ali cada homem tem de ser original, porque a verdadeira 
oração não pode ser imitada nem pode ser aprendida de outrem. Cada um tem de orar 
como se só ele pudesse orar, e sua aproximação tem de ser individual e independente; 
independente de todos, menos do Espírito Santo. 
Thomas à Kempis diz que o homem de Deus deve sentir-se mais à vontade em 
seu quarto de oração do que diante do público. Não é exagero dizer que o pregador que 
gosta de estar diante do público dificilmente se encontra espiritualmente preparado para 
estar diante dele. É mais provável que a oração correta torne o homem hesitante em 
aparecer diante de uma audiência. O homem que realmente se sente à vontade na 
presença de Deus se verá preso numa espécie de contradição interior. Ele provavelmente 
sentirá de forma tão aguda sua responsabilidade, que preferiria fazer qualquer outra coisa 
a encarar um auditório; e contudo a pressão sobre seu espírito pode ser tão grande que 
nem cavalos selvagens o poderiam arrancar do seu púlpito. 
Textos de A. W. Tozer - 22 - 
Nenhum homem deveria se colocar diante de uma audiência sem antes ter estado 
diante de Deus. Muitas horas de comunhão deveriam preceder uma hora no púlpito. O 
quarto de oração deveria ser mais familiar do que a plataforma pública. A oração deveria 
ser contínua; a pregação, intermitente. 
É de notar que as escolas ensinam tudo sobre a pregação, exceto a parte 
importante, a oração. Não se deve censurar as escolas por causa dessa fraqueza, pela 
razão que a oração não se pode ensinar; ela somente pode ser praticada. O melhor que 
qualquer escola ou qualquer livro (ou qualquer artigo) pode fazer é recomendar a oração 
e exortar a que seja praticada. A oração mesma tem de ser trabalho do indivíduo. 
E é justamente o trabalho religioso que, feito com pouco entusiasmo, se torna 
uma das grandes tragédias dos nossos dias. 
[God Tells the Man Who Cares, capítulo 13.] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 23 - 
AS VESTES DA HUMILDADE 
 
Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a 
sua graça. (1 Pe 5.5) 
 
Quando o apóstolo Pedro aconselha aos crentes que se revistam de humildade no 
seu trato uns com os outros, na verdade, está dando a entender que a humildade deve ser 
uma espécie de uniforme que nos identifique diariamente. 
Naquela época, era costume as pessoas se vestirem de acordo com seu status e sua 
posição na sociedade. Hoje em dia, também, costumamos identificar alguns servidores 
públicos pelo tipo de roupa uniformizada que usam. Se, por exemplo, estivermos numa 
cidade estranha e necessitarmos de um determinado tipo de auxílio, logo daremos uma 
olhada pelas redondezas à procura de um policial, que podemos identificar pela farda. 
Quando o carteiro chega em nossa casa, também, nós não temos nenhum receio 
dele. O uniforme que usa mostra que ele é um servidor público, com a responsabilidade 
de realizar um tipo de serviço. E o Espírito Santo, através das palavras do apóstolo, 
ensina que é necessário que os membros do Corpo de Cristo estejam submissos uns aos 
outros pelos laços do amor, da misericórdia e da graça. E essa postura de submissão e 
humildade, assumida em sinceridade, torna-se o nosso uniforme, nosso adorno, que 
mostra para os outros que somos remidos, que somos discípulos obedientes de Jesus 
Cristo e que pertencemos a Ele! E se lembrarmos que foi Jesus Cristo, nosso Senhor, 
quem se revestiu de humildade, e rebaixou-se a tal ponto de chegar à morte, e morte de 
cruz, não acharemos estranha essa orientação de Pedro. Esse ensino é um exemplo 
divino e escriturístico que temos na pessoa de Jesus, que, “subsistindo em forma de Deus não 
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, 
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, 
tornandose obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe 
deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.6-9). 
É muito importante que os crentes entendam que, como Jesus veio ao mundo 
revestido de humildade, ele sempre estará entre aqueles que se revestem de humildade. 
Ele sempre se encontrará entre aqueles que são humildes. Há muita gente que ainda não 
aprendeu essa lição. 
Quero mencionar aqui uma passagem muito interessante do livro de Cantares de 
Salomão que, em minha opinião, revela de forma muito prática o anseio que o Noivo 
celestial tem de estar em comunhão com aqueles que lhe são caros no plano do serviço 
humilde. Encontra-se no capítulo 5. 
A noiva está narrando sua aflição porque seu amado a chamou no meio da noite, 
para sair com ele, mas ela demorou a responder. Ele dissera a ela que a cabeça dele 
estava coberta de orvalho, o cabelo molhado pelas gotas da noite, pois ele estivera 
colhendo mirra, lírios, e cuidando de suas ovelhas. Resumidamente, ela recorda que 
estava belamente vestida para a noite, mas essa roupa não seria apropriada para atender 
Textos de A. W. Tozer - 24 - 
ao chamado dele, pois ele queria que ela fosse estar com ele, onde ele se encontrava, na 
sua humildade, trabalhando entre as ovelhas, no serviço das hortas e dos campos. Por 
fim ela confessa: “Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora... 
busquei-o mas não o achei; chamei-o, e não me respondeu.” Quando afinal ela se 
dispusera a vestir as roupas certas, para auxiliá-lo no serviço humilde, ele já fora embora. 
As Escrituras ensinam claramente que Deus está sempre do lado dos humildes, e 
Pedro concorda plenamente com este ensino de que Deus resiste aos soberbos mas aos 
humildes concede a sua graça. É possível que as pessoas, de um modo geral, pensem que 
encontrarão Jesus Cristo onde quer que elas estejam. Mas eu acho que existe a 
possibilidade de encontrarmos a Cristo somente onde ele está — e ele está na posição de 
humildade — sempre! 
Deus resiste aos soberbos. Deus resiste àquele que é orgulhoso e obstinado. 
Acredito que Deus vê a atitude do orgulhoso como uma atitude de resistência a ele. Não 
é muito comum um homem levantar os olhos para Deus e dizer: “Ó Deus, eu resisto a 
ti; eu te desobedeço!” Talvez isso aconteça uma vez em cada cem anos. Os homens, 
geralmente, não têm essa atitude. O mais provável é que nos oponhamos a ele fazendo 
resistência ao lado em que ele está ou aos seus ensinamentos. Mas a Bíblia mostra com 
clareza que quando uma pessoa orgulhosa e obstinada resiste a Deus, pode saber que 
Deus também estará resistindo a ela. 
Quando um homem delibera firmemente praticar uma ação contra um crente, 
mesmo que este tenha razão no ponto em questão, ele descobrirá depois que Deus faz 
resistência a ele, pois seu espírito e atitude estão errados. Deus não olha apenas a 
situação exterior, ele vê o espírito e a atitude do indivíduo. Ele está mais interessado na 
maneira como reagimos à agressão ou aos maus tratos, do que no fato de que fomos 
maltratados. 
Alguns crentes já passaram pela experiência de ser destratados por outros, com 
palavras violentas e linguagem bem agressiva. No que diz respeito a Deus, essa violência 
não interessa. Se você é um filho de Deus que está sofrendo agressões ou perseguição 
por causa dele, o grande interesse dele é a atitude que você terá em face da agressão. 
Você teria um espírito de resistência, com intenções de vingança? Se você resistir ao 
Espírito de Deus, que lhe pede que demonstre o amor e a graça de Jesus Cristo, seu 
Salvador, pode ficar certo de uma coisa: Deus também resistirá a você! Bem, mas isso 
não quer dizer que agora Deus vai-se virar contra você e tomar o partido do outro que o 
maltratou. Mas quer dizer que ele irá resistir-lhe porque sempre resiste ao obstinado. 
Mesmo que a razão esteja com você, Deus leva em conta que sua atitude está 
errada. O fato de Deus resistir ao soberbo, não significa também que mandará logosobre ele um castigo severo. É provável que nem revele sua resistência a ele com um 
castigo visível ao público. Raramente Deus nos dá castigos trágicos. Muitas vezes tenho-
me perguntado se não aprenderíamos mais depressa a lição da humildade se Deus 
resistisse a nós, como dois soldados em luta se resistem um ao outro: com um 
entrechoque de espadas, e derramamento de sangue. Mas não é assim que ele age. 
 Quando Deus resiste a um homem por causa de pecados de atitude, e do espírito, 
ocorre uma lenta degeneração espiritual interior que é um sinal do castigo que veio sobre 
Textos de A. W. Tozer - 25 - 
ele. E esse endurecimento lento do coração provocado pela nossa obstinação em não 
nos rendermos a Deus, acaba provocando cinismo. Desaparece o gozo espiritual, e não 
produzimos mais os frutos do Espírito. A pessoa que passa por esse processo acabará 
azedando-se como uma fruta estragada — e não é exagero dizer que aquele que provoca 
a resistência divina continuará a azedar-se amargamente em seu próprio sumo. Deus 
resiste ao soberbo, e acredito que o aspecto mais importante de tudo isso é o seguinte: 
essa pessoa pode estar com a razão na questão básica, mas fracassou no teste a que seu 
espírito foi submetido. 
 
Deus dá graça ao humilde 
É importante observar também que esse texto afirma que o mesmo Deus que tem 
que resistir ao soberbo, sempre está pronto para conceder ao humilde a sua graça. A 
Bíblia ensina que devemos humilharnos sob a potente mão de Deus. 
Se tivéssemos que demonstrar nossa humildade apenas sob a mão de Deus, isso 
seria relativamente fácil. Se o Senhor lhe dissesse: “Olhe, vou chegar à igreja, e vou me 
colocar lá na frente. Você deverá vir ajoelhar-se e humilhar-se diante de mim”, isso seria 
muito fácil, pois sei que não é humilhante ajoelhar-me diante do próprio Deus. Qualquer 
um poderia fazer isso e continuar a sentir-se orgulhoso, embora estivesse ajoelhando-se 
perante a eterna Majestade de Deus nas alturas. 
Mas Deus conhece nosso coração e não permite que obedeçamos à sua ordem de 
ser humilde somente com um gesto exterior. Deus pode usar pessoas que achamos não 
ser dignas de engraxar nosso sapato, e no entanto, numa determinada situação, ele pode 
querer que nos humilhemos mansamente e aceitemos aquilo que elas fizeram conosco. 
Com esse espírito de mansidão, estaremos humilhando-nos debaixo da potente mão de 
Deus. 
Vamos recordar o exemplo de nosso Salvador, cruelmente fustigado e ferido 
pelos chicotes. Aquelas chicotadas não foram dadas por um arcanjo, mas pelas mãos de 
um soldado romano, pagão. Todo aquele sofrimento que ele suportou foi-lhe infligido 
por homens ímpios, maus, blasfemos, de boca suja, que não eram dignos de limpar a 
poeira da sola do sapato dele, e não por multidões das hostes celestiais. Mas Jesus, 
voluntariamente, se humilhou debaixo das mãos dos homens, e assim fazendo, 
humilhou-se também sob a mão de Deus. 
 
Submeter-se, mas não fazer concessões 
Muitas vezes os crentes indagam: “Mas então tenho que me humilhar e aceitar 
mansamente todas as situações da vida?” Em minha opinião a resposta para isso é a 
seguinte: como crentes, para nos humilharmos, não devemos transgredir as leis morais 
nem falsear a verdade. Se para nos humilharmos tivermos que fazer concessões à 
verdade, não devemos humilhar-nos. O mesmo se aplica quando se trata de transgredir 
as leis morais. Estou certo de que Deus não exige que ninguém se humilhe moralmente 
ou falseando a verdade. Mas temos uma orientação de Deus para nos humilharmos 
debaixo de sua potente mão — e que os outros atirem a primeira pedra! 
Textos de A. W. Tozer - 26 - 
Mas nessa orientação que Deus dá a seu povo para que se humilhe, ele faz uma 
promessa, a de que “em tempo oportuno” ele nos exaltará! “Tempo oportuno”. 
Acredito que isso se refere a uma ocasião adequada em todos os aspectos. Será a hora 
que Deus sabe ser a melhor para nós, para nosso aperfeiçoamento, uma hora em que seu 
nome receberá toda a glória, e que resultará em bem para outros. Esse é o “tempo 
oportuno”. 
É possível que Deus, em sua vontade, queira que esperemos um longo tempo 
antes de sermos exaltados. Ele poderá deixar que trabalhemos muito tempo, em 
humildade e sujeição, antes de nos honrar, porque ainda não é o “tempo oportuno”, não 
é o tempo dele. Irmão, Deus sabe o que é melhor para cada um de nós, no seu plano de 
transformar-nos em crentes que irão glorificá-lo e honrá-lo em todas as coisas. 
Muitos de nós prejudicamos nossos filhos concedendo-lhes coisas que não 
deveríamos dar: ensinando-os a dirigir antes que tenham a idade certa; dando-lhes muito 
dinheiro antes que saibam o valor dele; dando-lhes liberdade excessiva antes que eles 
saibam o que é ter responsabilidade e maturidade. Fazemos isso por causa de uma 
afeição mal aplicada, mas essas coisas prejudicam nossos filhos. Retribuir uma pessoa 
por coisas que não fez por merecer certamente resultará em prejuízo para ela. Assim 
também, se Deus vier prontamente em nossa defesa, antes que tenhamos passado pelo 
fogo, isso redundará em prejuízo para nós. 
 
A hora de Deus é a melhor 
Estamos vendo aqui uma verdade bíblica, e não uma ficção criada por homens. Se 
a história de Daniel fosse escrita por um autor de ficção moderna, ele procuraria 
proteger o profeta. É possível que na hora em que ele fosse lançado na cova dos leões, 
todos ouviriam uma voz do céu bradando algo, e aqueles animais cairiam mortos. Mas o 
que foi que aconteceu realmente? Deus permitiu que os inimigos de Daniel o jogassem 
na cova dos leões e que ele passasse a noite ali, porque o “tempo oportuno” de Deus 
para Daniel era na manhã seguinte, e não na noite anterior. 
Gostaria de ver também como os escritores de ficção hoje tratariam a história dos 
três hebreus que foram lançados na fornalha ardente. Provavelmente escreveriam todo 
um romance com aquele fato! Eles teriam que inventar um artifício humano, dramático, 
para apagar aquele fogo pouco antes de os três rapazes serem lançados na fornalha — 
mas isso seria apagar o fogo antes da hora! Para que a vontade de Deus fosse feita, e ele 
fosse glorificado em tempo oportuno, aqueles moços tinham que entrar no fogo e passar 
a noite ali — o tempo oportuno era pela manhã. 
Deus disse que nos exaltará em tempo oportuno, mas lembremos que ele está 
falando de sua hora, não da nossa. É possível que alguns leitores estejam nesse momento 
passando por uma fornalha ardente. Talvez estejam passando por uma provação 
espiritual. Pode ser que o pastor não saiba de nada, nem as outras pessoas, mas você 
pode estar orando a Deus e perguntando: “Senhor, por que não me tiras daqui?” É que, 
pelos planos de Deus, ainda não é o “tempo oportuno”. Assim que você tiver passado 
pelo fogo, Deus o libertará disso, e não haverá cheiro de fumaça em sua roupa, e você 
Textos de A. W. Tozer - 27 - 
não terá sofrido dano algum. O único dano que pode haver decorrerá de você insistir 
em que Deus o retire da provação antes da hora por ele planejada. 
Deus prometeu exaltar-nos no momento oportuno, e ele sempre cumpre as 
promessas que faz a seu povo. Nós, os filhos de Deus, sempre podemos esperar. 
Quando um filho de Deus está no centro da vontade de Deus, ele não precisa 
preocupar-se com o tempo. O pecador, sim, ele não tem tempo. Terá que apressar-se, 
ou então irá para o inferno. Mas o crente, não; o crente tem à sua frente uma eternidade 
de bênçãos. Então, se você estiver numa fornalha, não queira sair dela antes da hora. 
Espere pela vontade de Deus, e ele o exaltará no tempo oportuno — o momento certo 
para as circunstâncias. Será uma hora certa, determinada por Deus, com o propósito de 
glorificá-lo, e edificar seu espírito. 
Uma das maiores fraquezas que nós, os crentes, temos, é a de querer tudo 
acertado antes que a provação termine. Deus já disse que ele deseja testar-nos e pôr-nos 
à prova, e que depois que a provação terminar ele mesmo dará o veredito: “Provado e 
achado sem falta!” 
Eu só peço aDeus que, nesta época em que aguardamos o retorno de Cristo, 
todos nós possamos conduzir-nos como filhos dele, como crentes cheios de fé. Paulo 
disse que, quando Jesus veio ao mundo, veio na plenitude dos tempos — era a hora 
determinada por Deus para que ele viesse e morresse pelos nossos pecados. E Pedro 
afirma que Deus nos exaltará em “tempo oportuno”, referindo-se ao fato de que Jesus 
vai voltar à terra no tempo determinado por Deus. 
O desejo de Deus para nós, nesses dias, é que vivamos em sujeição uns aos 
outros, em humildade, preparando-nos para a volta de seu Filho, que será exaltado 
juntamente com seus filhos! 
 
[Revista Mensagem da Cruz.] 
 
 
 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 28 - 
COMO OBTER 
UM AVIVAMENTO PESSOAL 
 
Eu já disse, noutra ocasião, que qualquer cristão que desejar, com certeza 
experimentará um radical renascimento espiritual, e isso inteiramente à parte da atitude 
dos seus companheiros cristãos. A principal questão é: Como? Bem, eis aqui algumas 
sugestões que qualquer um pode seguir e que, estou convencido, resultarão numa vida 
cristã tremendamente aperfeiçoada. 
 
1. Sinta-se completamente insatisfeito consigo mesmo. 
A complacência é o inimigo mortal do desenvolvimento espiritual. Alma satisfeita 
é alma estagnada. Ao falar de bens terrestres, Paulo podia dizer “Aprendi... a estar 
contente”; mas quando se referia a sua vida espiritual, testificou “Prossigo para o alvo”. 
Avive o dom de Deus que está em você. 
 
2. Decida-se vigorosamente por uma radical transformação de sua vida. 
Tímidos fazedores de experiências estão fadados ao insucesso antes mesmo de 
começar. Temos de pôr toda a nossa alma em nosso desejo por Deus. “O reino dos céus 
é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.” 
 
3. Coloque-se no caminho da bênção. 
É um erro esperar que a graça nos visite como uma espécie de mágica benigna, ou 
esperar que a ajuda de Deus venha como sorte inesperada, à parte das condições já 
conhecidas e recebidas. Há caminhos claramente estabelecidos que levam diretamente 
aos verdes pastos; andemos neles. Desejar avivamento, por exemplo, e ao mesmo tempo 
negligenciar oração e devoção é desejar um caminho e andar noutro. 
 
4. Faça um cuidadoso trabalho de arrependimento. 
Não se apresse com este assunto. Um apressado arrependimento significa rasa 
experiência espiritual e deficiência de convicção na vida toda. Deixe a tristeza segundo 
Deus fazer seu trabalho de cura. Nunca desenvolveremos o temor do mal, até que 
deixemos a consciência do pecado nos ferir. É nosso desprezível hábito de tolerar 
pecado que nos mantém nessa condição de meio-mortos. 
5. Faça restituição onde quer que seja possível. 
Se você tem alguma dívida, pague-a, ou no mínimo tenha uma conversa franca 
com seu credor a respeito das suas intenções de pagá-la, de forma que sua honestidade 
esteja acima de qualquer questão. Se você se desentendeu com alguém, vá o mais rápido 
Textos de A. W. Tozer - 29 - 
que puder e se esforce para reconciliar-se. Tanto quanto for possível, endireite o que está 
torto. 
 
6. Ajuste a sua vida ao Sermão do Monte e a outros tantos textos do Novo 
Testamento destinados a nos instruir no caminho da justiça. 
Um homem honesto com a Bíblia aberta, um bloco de anotações e um lápis, com 
certeza descobrirá bem rápído o que está errado consigo mesmo. Recomendo que esse 
auto-exame seja feito de joelhos, levantando-se para obedecer aos mandamentos de 
Deus assim que nos forem revelados pela Palavra. Não há nada romântico nem colorido 
nessa forma simples de tratar consigo mesmo sem rodeios, mas isso dá resultado. Os 
homens de Isaque não pareciam figuras heróicas enquanto cavavam no vale, mas 
conseguiram abrir os poços, e era a isso que se tinham proposto. 
 
7. Aja com seriedade. 
Você bem pode arcar com a decisão de ver menos programas humorísticos na 
TV. A menos que você se afaste dos engraçadinhos desses programas, todo e qualquer 
sentimento espiritual será vão para o seu coração e vai se perder bem ali, na sua sala de 
televisão. As pessoas mundanas costumam ir ao cinema para evitar ter de pensar 
seriamente a respeito de Deus e da religião. Você não vai com eles ali, mas agora você 
tem comunhão espiritual com eles em sua própria casa. 
Você está aceitando os ideais do diabo, os padrões morais dele, e as atitudes 
mentais dele, sem que você se dê conta disso. Você se admira porque não progride na 
vida cristã. É que seu clima interior não é propício para o crescimento das graças 
espirituais. Ou você provoca uma radical mudança em seus hábitos ou não haverá 
nenhum desenvolvimento permanente na vida interior. 
 
8. De forma deliberada, reduza seus interesses. 
O pau-pra-toda-obra não é mestre em obra nenhuma. A vida cristã requer que 
sejamos especialistas. Projetos demais consomem tempo e energia sem resultar em 
aproximação de Deus. Se você reduzir seus interesses, Deus enlarguecerá seu coração. 
“Somente Jesus” é, para o homem não-convertido, um slogan de morte. Mas um 
grande grupo de alegres homens e mulheres podem dar testemunho de que essa atitude 
tornou-se para eles um caminho para um mundo infinitamente mais amplo e rico do que 
qualquer outra coisa que tenham conhecido antes. 
Cristo é a essência de toda sabedoria, beleza e virtude. Conhecê-lo em crescente 
intimidade é crescer na apreciação de tudo o que é bom e belo. As mansões do coração 
se tornarão mais espaçosas quando suas portas se abrirem para Cristo e se fecharem para 
o mundo e para o pecado. Experimente pôr isso em prática. 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 30 - 
9. Comece a testemunhar 
Descubra alguma coisa para fazer para Deus e para os seus semelhantes. Não 
fique à toa. Coloque-se à disposição de seu pastor e faça qualquer coisa que lhe for 
solicitada. Não procure lugar de liderança. Aprenda a obedecer. Tome o lugar mais 
simples até a hora de Deus ver que você pode ser colocado num lugar mais alto. 
Endosse seus novos propósitos com seu dinheiro e seus dons, quaisquer que sejam eles. 
 
10. Tenha fé em Deus 
Comece a ter uma atitude de expectativa. Erga os olhos para o trono, onde está 
assentado o seu Advogado, à mão direita de Deus. O céu inteiro está ao seu lado. Deus 
não vai desapontar você. 
Se você seguir estas sugestões, com certeza vai experimentar um avivamento em 
seu coração. E quem pode dizer até onde ele vai se estender? Deus conhece a 
desesperada necessidade que a igreja tem de uma ressurreição espiritual. E ela só pode 
surgir através de indivíduos resssuscitados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Textos de A. W. Tozer - 31 - 
EM PALAVRA , OU EM PODER 
 
Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas sobretudo em poder, 
no Espírito Santo. 1 Tessalonicenses 1.5 
Se alguém está em Cristo, é nova criatura. 2 Coríntios 5.17 
Tens nome de que vives, e estás morto. Apocalipse 3.1 
Para quem é apenas um estudante, estes versículos podem ser interessantes, mas 
para um homem sério, empenhado em obter a vida eterna, bem podem provar-se mais 
do que algo perturbadores. Pois eles evidentemente ensinam que a mensagem do 
Evangelho pode ser recebida de uma destas duas maneiras: em palavra somente, sem 
poder, ou em palavra com poder. E estes versículos também ensinam que quando a 
mensagem é recebida em poder, efetua uma mudança tão radical que se pode chamar de 
nova criação. Mas a mensagem pode ser recebida sem poder, e, por certo, alguns a 
receberam desse modo, pois têm nome de que vivem, e estão mortos. Tudo isso será 
presente nestes textos. 
Observando as maneiras de jogar dos homens, pude entender melhor as maneiras 
de orar dos homens. Na maioria os homens, na verdade, brincam de religião como 
brincam nos jogos, sendo que de todos os jogos a religião é o jogo mais universalmente 
jogado. Os vários desportos têm as suas regras, as suas bolas e os seus jogadores; o jogo 
desperta interesse, dá prazer

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