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E-book Gratuito ENSINA-ME OS TEUS CAMINHOS 31 reflexões para uma vida cristã bíblica PENSANDO AS ESCRITURAS Organizado Por FABRÍCIO A. DE MARQUE Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe as fontes e não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais. MARQUE, Fabrício A. de. Ensina-me os Teus Caminhos: 31 reflexões para uma vida cristã bíblica. Araçatuba, SP: Pensando as Escrituras, 2021. 1. Vida cristã. 2. Teologia. 3. Ética cristã. 4. Devocional. Organização Fabrício A. de Marque. Revisão e edição Fabrício A. de Marque. Diagramação Franciane C. Almeida de Marque. Capa Franciane C. Almeida de Marque. 110 páginas. 1. Causadores de Desconfiança (Fabrício A. de Marque) 2. Leia a Bíblia! (Welerson Duarte) 3. A Vontade de Deus Para o Seu Povo (Mauro de Moraes Porto) 4. Satisfação Pessoal ou Cura Interior? (Fernando Fernandes) 5. Descartando a Cultura ou Resgatando-a Para a Glória de Deus? (Raul Cardoso) 6. A Minha Ansiedade e a Graça de Jesus (Matheus Nogueira Dantas) 7. O Inimigo do Aprendizado (Fabrício A. de Marque) 8. Em Defesa de uma Submissão Humilde (Diego Vinícius de Oliveira) 9. Aprendendo a Viver Contente (Alexandre Cortês) 10. Quando Devemos Orar? (Cléber Matos) 11. Tesouros Para as Horas Difíceis (Isaías Lobão) 12. Sexualidade Redimida (Guilherme Gonçalves [Zamba]) 13. As Duas Dimensões do Perdão (Marcos Vinícius Marques) 14. Amanhã é Segunda-feira, graças a Deus! (Vinícius Mello) 15. Princípios Para um Casamento Feliz (Wanderley Santana) Índice I N T R O D U Ç Ã O 4 6 10 13 17 21 26 29 32 35 37 39 43 46 50 54 Índice 16. Paciência: Uma Virtude Entrando em Extinção (Fabrício A. de Marque) 17. Sofrimento ou Felicidade às Avessas? (Fernando Fernandes) 18. Refletindo a Santidade de Deus Através da Obediência (Diego Vinícius de Oliveira) 19. É Pecado Planejar? (Cléber Matos) 20. A Amorosa Disciplina Divina (Welerson Duarte) 21. Como Posso Ser Cheio do Espírito Santo? (Mauro de Moraes Porto) 22. Expulsando a Inveja do Coração (Fabrício A. de Marque) 23. A Cruz de Cristo me Ensina a Ser Generoso (Matheus Nogueira Dantas) 24. Ou Você Anda com Deus ou Você Anda com Medo (Alexandre Cortês) 25. Criados Para a Adoração e Não Para a Idolatria (Guilherme Gonçalves [Zamba]) 26. O Prazer Secreto (Isaías Lobão) 27. Como Posso Vencer a Tentação? (Marcos Vinícius Marques) 28. A Verdadeira Amizade (Wanderley Santana) 29. Vinho Para a Glória de Deus? (Vinícius Mello) 30. Em Qual Igreja Devo Congregar? (Raul Cardoso) 31. Marcas no Corpo: Uma Reflexão Sobre o Cristão e a Tatuagem (Fabrício A. de Marque) 57 61 64 67 69 72 76 78 82 84 87 91 94 96 100 104 INTRODUÇÃO Uma vida cristã saudável só é possível se a Palavra de Deus for colocada em prática. Para que a Palavra de Deus seja colocada em prática, é necessário entendê-la. E, para entendê-la, precisamos meditar em seus ensinos. Diferente do que algumas pessoas pensam, a Bíblia trata de todos os assuntos da vida humana. A Bíblia é a Palavra de Deus. Por isso, ela lida com o ser humano em sua totalidade. Deus está interessado em todos os aspectos do ser humano. E a razão disso é simples: Deus quer ser glorificado em todas as esferas de nossa vida (1Co 10.31). De fato, esse é o significado de amar a Deus com todo o nosso ser, conforme nos ensinou o Senhor Jesus (Mt 22.37). Tendo em vista esse fato, o presente e-book aborda diversas áreas da vida humana, apresentando a cosmovisão bíblica sobre aquela esfera em particular. Como devemos perdoar aqueles que nos ofendem? O que é a verdadeira amizade? Planejar é indicativo de arrogância? Um cristão pode consumir bebida alcoólica? Essas e outras perguntas tentarão ser respondidas à luz da Palavra de Deus. O e-book está organizado em 31 reflexões, cada uma abordando um assunto diferente. O objetivo inicial deste projeto é encorajar você, leitor, a meditar diariamente nos textos, lendo uma reflexão por dia, durante o mês de Janeiro de 2021. Contudo, nada impede que você faça isso em outros meses do ano. De qualquer forma, queremos que a Palavra de Deus influencie positivamente a sua mente e, consequentemente, a sua vida. 4 Este projeto foi idealizado pelo “Pensando as Escrituras”. Não há qualquer lucro financeiro envolvido nesse trabalho virtual, embora não haveria problema se quiséssemos estabelecer um preço para o material. O e-book grátis visa motivar o maior número de pessoas a consumir um tipo de material que, julgamos, ser de qualidade. Este é o primeiro e-book organizado pelo “Pensando as Escrituras”. No entanto, você pode encontrar mais materiais sobre teologia e vida cristã que disponibilizamos gratuitamente através da internet. Você pode, por exemplo, acessar o blog e o canal no Youtube do “Pensando as Escrituras”, e aproveitar o conteúdo que é oferecido através desses meios (links na página 110). Por fim, quero agradecer a cada irmão em Cristo que, gentilmente, aceitou o convite para participar desse projeto. Cientes de que a produção literária seria sem remuneração, mesmo assim aceitaram participar. Minha oração é para que o Senhor recompense cada um, segundo as riquezas da Sua graça. Que a generosidade do nosso Deus seja derramada sobre a família e sobre o ministério de cada um de vocês. Quanto a você, querido leitor, minha oração é para que esse e-book lhe traga fortalecimento na fé, instrução na mente e piedade no coração. Desejo que no ano de 2021 você conheça mais profundamente o nosso Salvador, afinal, a exortação da Palavra de Deus é clara: “[...] cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2 Pedro 3.18). Fabrício A. de Marque 28 de Dezembro de 2020 Araçatuba/SP5 1. CAUSADORES DE DESCONFIANÇA DIA 1 A desconfiança é um sentimento provocado, muitas vezes, por pessoas cujo histórico de vida não demonstra uma integridade irrepreensível. O passado de uma pessoa tem muito a dizer a respeito de quem ela foi ou acerca do que ela continua sendo. Contudo, a desconfiança também pode ser gerada pelas atitudes que essa mesma pessoa pratica no presente momento. A desconfiança referida aqui é aquela que provoca certos questionamentos em nós, do tipo: será que essa pessoa é verdadeira no que fala? Será que posso confiar no caráter dela? Ela “apronta” coisas terríveis nos bastidores? Ela é falsa ou isso é coisa da minha cabeça? Na maioria das vezes, a pessoa que provoca desconfiança em você, tem alguma coisa contra você. Os motivos são inumeráveis: inveja, inferioridade, ódio sem razão, cobiça de algo que você tem, etc. Como lidar com as pessoas que causam esse terrível sentimento de desconfiança em nós? É muito ruim ficar com o pé atrás, porque, naturalmente, isso levanta barreiras no relacionamento, impedindo que haja uma conexão efetiva. O problema torna-se ainda mais complicado quando se trata de alguém muito próximo, alguém que precisamos ter alguma proximidade devido às circunstâncias. Exemplos de situações assim são: colegas de trabalho, membros da família, irmãos da igreja, vizinhos, etc. 6 Vamos ver algumas atitudes simples que poderão servir de auxílio quando enfrentarmos situações desse tipo. A primeira atitude a ser tomada é a oração. Se o sentimento de desconfiança estiver incomodando você, é necessário apresentar isso ao Senhor. Por quê? Porque, uma vez que o nosso coração é enganoso, você pode estar enganado a respeito desse sentimento. Nossas emoções são como gangorras num parquinho de diversão. Elas oscilam e, frequentemente, brincam conosco, nos levando a conclusões equivocadas. Quando apresentar isso ao Senhor, fale acerca do “fulano”. Fale das situações que aconteceram que acabaram provocando essadesconfiança em você. Por exemplo: “Senhor, aquela atitude me deixou muito desconfiado. Estou equivocado acerca disso?” Peça, também, sabedoria e discernimento através das Escrituras. Peça que Deus o ajude a não agir como um tolo. Depois de orar, a segunda atitude é a observação. A Bíblia diz que a árvore é conhecida pelos frutos: “Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas” (Lucas 6.44). Podemos dizer que as atitudes de uma pessoa são sinais do seu coração e das suas intenções mais íntimas e ocultas. É óbvio que há exceções em que podemos julgar as atitudes inapropriadamente a partir de uma interpretação distorcida. Todavia, atitudes erradas sempre serão erradas, ainda que as motivações sejam “boas” aos olhos de quem as praticou. 7 Diz a Bíblia: “Não é certo que se despreza o ladrão, quando furta para saciar-se, tendo fome? Pois este, quando encontrado, pagará sete vezes tanto; entregará todos os bens de sua casa” (Provérbios 6.30-31). Em outras palavras, o crime de um ladrão será ignorado só porque ele roubou para matar sua fome? Não! Ele terá que arcar com as consequências, mesmo que precise vender todos os seus bens. Portanto, fique de olho na pessoa que gera desconfiança em você. Não seja precipitado. Apenas observe e aguarde. As atitudes falarão bastante à medida que o tempo passar. Por último, se você concluir que aquilo era coisa da sua cabeça, ou se a pessoa consertou a situação durante o tempo em que você a observava, esqueça a situação. Tudo foi resolvido. Bola para frente. No entanto, se depois de orar e observar, ficou evidente que você tinha razão, vá conversar com a pessoa: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão” (Mateus 18.15). Esclareça os pontos. Conte o processo todo de oração e observação que você vem praticando para não chegar até ela injustamente. Pergunte a razão de tudo aquilo. Pode ser que alguma coisa tenha ficado mal resolvida. Dê a ela o direito de falar. Dê liberdade para que a transparência e a humildade ajudem na resolução do problema. Finalmente, a pessoa poderá confessar a culpa e resolver a situação, ou poderá negar a culpa e criar um atrito relacional. Esteja pronto para as duas reações. Simplesmente se prepare para qualquer tipo de reação. 8 As pessoas são imprevisíveis, então vá preparado. Se a pessoa negar todas as evidências e hostilizá-lo, se afaste dela aos pouquinhos, se isso for possível. Essa não é uma boa companhia e, portanto, deve ser evitada. Se ela trabalhar para resolver a situação, louve a Deus, porque “ganhaste o teu irmão”. Todos precisamos de sabedoria para resolver situações desse tipo, assim como precisamos de sabedoria para assumirmos a nossa culpa quando estivermos errados. Procure tapar os buracos por onde vaza a desconfiança. Busquemos, todos juntos, uma vida irrepreensível: “Bem- aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR” (Salmos 119.1). Fabrício A. de Marque 9 Todos sabemos da importância de uma boa alimentação para a saúde. Uma alimentação saudável previne doenças e nutre nosso corpo para o trabalho e estudos. Da mesma forma, todo cristão sabe, e a experiência comprova, que sem a leitura e a prática da Palavra de Deus, a fé se torna anêmica, enfraquecida e mais susceptível às investidas do inimigo. A leitura da Bíblia, além de alimentar, também nos purifica (João 15.3). Todavia, mesmo sabendo da importância de uma boa alimentação, nem sempre nos dedicamos a ela. Isso é ainda mais verdadeiro quando o aplicamos à nossa saúde espiritual. Infelizmente, esse é um exercício geralmente negligenciado pelos discípulos de Cristo. A leitura diária da Bíblia nos capacita a conhecer e amar mais a Deus. É através da Bíblia que Deus revela a Si mesmo, Sua aliança e quem nós somos. Estudando a Bíblia conhecemos nossas limitações e podemos ver o quão dependentes somos da graça de Deus. Quando lemos e meditamos na Bíblia, temos uma compreensão melhor da Pessoa e Obra do nosso Redentor. Não há ninguém mais precioso para se conhecer do que Deus, e nenhum outro lugar para encontrá-lo diariamente do que em Sua Palavra. 2. LEIA A BÍBLIA! DIA 2 10 A leitura diária da Bíblia também nos dá esperança e conforto. Não importa o contexto que estivermos vivendo, por mais difícil que ele seja, encontraremos na Bíblia esperança, não apenas quanto ao futuro, o que já seria muito, mas também para o presente, pois cremos no Deus que é por nós (Romanos 8.31). Deus inspirou as Escrituras para que seu povo desfrutasse de consolo e esperança até nos piores momentos da vida. Segundo Paulo, “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Romanos 15.4). Um dos grandes objetivos do ser humano, se não o maior de todos, é ser feliz. A Bíblia nos conduz à suprema felicidade em Deus. É na Bíblia que encontramos em quem podemos realmente nos alegrar. O salmista afirma que “na presença do Senhor há plenitude de alegria” (Sl 16.11) e a Bíblia revela esse caminho de felicidade uma vez que declara que quem medita nela de dia e de noite é bem-aventurado (Sl 1). Nosso maior problema hoje é o pecado. Essa é a verdadeira pandemia vivida desde a queda. A leitura diária da Bíblia capacita o cristão a mortificar o pecado pelo poder do Espírito. Sendo a Palavra de Deus a “espada do Espírito” (Efésios 6.17), ela é usada por Ele para decepar o pecado da vida dos filhos de Deus. Com a Bíblia somos capacitados a nos despir do velho homem e nos revestir do novo (Efésios 4.22-32). Estudando a Bíblia percebemos as áreas da vida que carecem de mudança e crescimento à imagem de Cristo. De acordo com o Apóstolo Paulo, quando contemplamos “a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3.18). 11 O fato é que, quando o cristão contempla Cristo nas Escrituras, ele se depara com o modelo e percebe as áreas de sua vida em que ele precisa ser transformado e crescer à medida da estatura de Cristo. Não meditar diariamente na Escritura traz a ilusão de que está tudo bem com nossa condição espiritual. Quando eu era criança cantava uma música que dizia: “Leia a Bíblia e faça oração, se quiser crescer. Quem não ora e a Bíblia não lê, diminuirá”. A Bíblia nos ensina a orar eficientemente. A oração é a oportunidade que o filho tem de derramar seu coração diante do Pai celestial. Deus recebe as orações de Seus filhos como um incenso aromático, algo agradável às suas narinas (Apocalipse 5.8). Todavia, nem toda oração feita a Deus é aceitável, pois “o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável” (Provérbios 28.9). Somente quando permanecemos nas palavras de Jesus temos a promessa de que tudo o que pedirmos em Seu nome será concedido (João 15.7). Deus disse a Josué que, para se conduzir prudentemente e ser bem sucedido, deveria meditar dia e noite na Lei e obedecê-la (Josué 1.8). Josué seguiu a direção do Senhor e foi bem sucedido, e ao chegar ao final de sua trajetória nesta vida reuniu o povo e deu a eles a mesma orientação que recebeu (Josué 23.6). Portanto, saúde espiritual só pode ser alcançada com estudo diário da Bíblia sob a iluminação e capacitação do Espírito Santo. Welerson Duarte12 Quando pensamos na vontade de Deus para nossa vida, nossos corações e olhos quase automaticamente se voltam para Romanos 12.1-2 onde o grande apóstolo Paulo, depois de revelar nos capítulos anteriores como o velho homem pode restabelecer sua relação com Deus por meio da conversão, santificação e uma vida entregue sem reservas, agora (12.1—15.3),mostra também como o novo homem pode desfrutar da bem-aventurada convivência com Deus, consigo mesmo, com sua comunidade de fé e com os demais homens na sociedade. Recentemente, numa pesquisa de opinião na América, perguntou-se a mil pessoas o que mais desejavam na vida. A conclusão fascinante foi que dos 90% de cristãos que criam na Bíblia, disseram que desejavam: um relacionamento íntimo com Deus, um propósito claro na vida, um alto nível de integridade e um profundo comprometimento com a fé. Isso é “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”, que Paulo deseja que experimentemos, e é o mesmo que Miquéias¹ profetizou durante a segunda metade do oitavo século a.C., no tempo de Isaías, de Amós e Oséias. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6.8) 3. A VONTADE DE DEUS PARA O SEU POVO DIA 3 13 ¹ Miquéias foi um profeta da vila de Moresete, próxima de Gate, cerca de quarenta quilômetros a sudoeste de Jerusalém. Fazer a vontade de Deus, segundo o entendimento de Warren W. Wiersbe, “é uma questão pessoal que cada pecador deve considerar como indivíduo”. O que é, então, “praticar a justiça, amar a misericórdia, e andar humildemente com o nosso Deus”? Primeiro, não podemos praticar a justiça, a menos que entendamos que nos tornamos justos pela fé, que toda nossa iniquidade foi perdoada, nossos pecados cobertos e, por isso, o Senhor não encontra culpa alguma em nós. Também se torna necessário que prestemos conta de nossos atos, aos superiores, aos iguais e aos inferiores a nós; que sejamos verdadeiros e justos com todos, e que, de forma alguma, venhamos a oprimir nosso semelhante, sua pessoa ou sua reputação, mas sim, manifestar a equidade com todos. Outra necessidade para experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, é amar a misericórdia. E somente amamos a misericórdia quando experimentamos, pessoalmente, a misericórdia de Deus que “sendo rico em misericórdia, por causa do seu grande amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos e pecados, nos deu vida juntamente com Cristo; nos salvou, nos ressuscitou e nos colocou nos lugares altos”, conforme nos ensina Paulo em Efésios 2.4-6. Tudo isso é muito bonito e verdadeiro, assim como são lindas e verdadeiras as promessas de que podemos experimentar Deus, Sua vontade bondosa, agradável e perfeita. 14 No entanto, precisamos ir além e entender que amar a misericórdia é não usar de severidade, ou exercer malícia, inveja, vingança, inimizade ou ódio contra quem quer que seja, mas ser compassivo, misericordioso, perdoador, gentil e bondoso para com todos, não mais dando vazão às obras da carne, mas sim, tornando o fruto do Espírito uma realidade prazerosa. Amar a misericórdia, é exibir aquela qualidade de benevolência incessante que se observa em Jeová e que vem d’Ele. Por fim, somos exortados por Miquéias a andar humildemente com Deus. Para isso, precisamos antes nos prostrar diante d’Ele confessando nossos pecados e nos apropriando de Suas promessas de perdão com as mãos purificadas e um coração limpo. Como Noé, que achou graça diante do SENHOR; Enoque, que Deus tomou para Si; Abraão, que foi chamado de amigo de Deus e tantos outros, no passado e no presente, podemos hoje, com o conhecimento que temos, experimentar a vontade de Deus – em constante comunhão com Ele, pelo exercício de uma fé humilde, santa, amorosa e obediente, servindo ao SENHOR com alegria. Tais sacrifícios de atitudes corretas e caráter honesto, são aceitáveis por Jeová. Na parábola que Jesus contou sobre o fariseu e o publicano no templo (Lucas 18.9-14), temos essas três expectativas que Deus requer de cada um de nós. O publicano, sendo judeu, não se achava merecedor da misericórdia divina, mas obrigado ainda, a borrifar sangue alheio diante do altar. 15 Ao renunciar a todos os seus pensamentos elevados de si mesmo e a toda dependência em sua própria justiça, voltou justificado para sua casa, se deleitou com a misericórdia e, com certeza, passou a andar humildemente com Deus. Voltando agora nossos corações e olhos para Romanos 12.1-2 e, unindo a esse texto as palavras de Miquéias, podemos descobrir, encontrar ou aprender qual é a vontade de Deus para nossa vida: que pratiquemos a justiça, a misericórdia e a humildade. E a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. É isso que Deus deseja que experimentemos, é isso que Deus requer de cada um de nós. Mauro de Moraes Porto 16 A vingança, o ato ou o efeito de se vingar por meio de um ato lesivo praticado por alguém que foi ofendido ou lesado, em represália contra o causador do dano gera um sentimento de satisfação pessoal, de desforra, enquanto perdoar é assumir a culpa do outro, numa demonstração de amor incondicional e altruísta. O ato de perdoar é desafiador porque isenta o agressor da culpa e da punição merecida, soltando as amarras que nos prendem aos sentimentos negativos causados pelo desejo de vingança e pela falta de perdão (Rm 5.8; 2Co 5.18-19). Perdoar, nesse sentido, é conceder livramento ao ofensor ao mesmo tempo em que nos libertamos das lembranças e dos ressentimentos que o abuso causou. Quem perdoa não sofre mais as dores e tristezas do abuso sofrido, mesmo quando vê as cicatrizes que ficaram na alma, na mente e no coração. Embora a predisposição inicial da pessoa ofendida seja a de vingança, devemos perdoar para que Deus libere poder e autoridade espiritual em nossas orações (Mc 11.24-25). Devemos perdoar para que seja agregado valor espiritual às nossas ofertas (Mt 5.23-24), e para que sejamos perdoados por Deus (Mc 11.25-26). Perdoar é um desafio de fé e funciona como processo de retroalimentação espírito existencial, proporcionando espiritualidade sadia e um estado emocional equilibrado, que nos abençoam e nos faz 4. SATISFAÇÃO PESSOAL OU CURA INTERIOR? DIA 4 17 bem psicológica e existencialmente. Assim sendo, ao invés de nos vingarmos do ofensor, devemos perdoar, porque, quando perdoamos, transferimos para o ofensor a responsabilidade espiritual da quebra do relacionamento (Pv 25.21-22; Rm 12.17-21). Esse texto de Romanos é uma citação expandida de Provérbios e algumas questões devem ser destacadas, tais como: a) não retribuir, vs. 17, que indica que não devemos dar de volta ao ofensor aquilo que dele recebemos; b) devemos procurar fazer o bem colocando diante da mente, ou seja, publicamente, coisas boas e positivas, vs. 17; c) fazer o possível para viver em paz é buscar desenvolver o poder espiritual que nos capacita para a convivência pacífica, vs. 18; d) não procurar se vingar é não fazer justiça por si mesmo, com as próprias mãos ou atitudes, vs. 19; e) dar lugar à ira de Deus é deixar que Deus, justo Juiz, nos justifique, vs. 19; f) conforme o teólogo F. F. Bruce, o vs. 20 diz que devemos tratar o inimigo “com bondade, pois isto aumentará a culpa dele; assim você conseguirá para ele um julgamento mais terrível, e para você uma recompensa melhor – da parte de Deus”; g) colocar brasas vivas sobre a cabeça do inimigo é tornar público e notório que a responsabilidade espiritual, a culpa moral, pela quebra do relacionamento é dele. Na verdade, este provérbio se refere a um ritual egípcio, no qual a pessoa evidenciava o seu arrependimento levando pelas ruas uma bacia cheia de carvão em brasas na cabeça, admitindo e assumindo a culpa publicamente; e h) vencer o mal com o bem é demonstrar fibra emocional, maturidade espiritual e firmeza de caráter, humano e cristão, em situações adversas, vs. 21. No original o texto diz que “o bom vence o mal”. 18 Pois bem, quando nos deparamos com questões nas quais até poderíamos desejar a vingança, se refletirmos sobre o ocorrido à luz da Bíblia Sagrada,percebemos que o perdão não é algo que está em moda em nossos dias, porque perdoar não parece um instrumento de sobrevivência muito útil numa sociedade má como a nossa, que privilegia o personalismo, as nulidades, a desonra, a injustiça e a corrupção. Porém, à luz de Romanos 12.17-21, aprendemos que perdoar nos ajuda a desenvolver a espiritualidade e a alcançar maturidade cristã, promovendo não apenas satisfação pessoal, mas cura interior. Perdoar responsabiliza o agressor diante de Deus e nos capacita a desenvolver virtudes cristãs essenciais. Perdoar nos ajuda a viver em retidão diante de Deus e dos homens. Perdoar desenvolve em nós uma predisposição sempre benévola, mas não ingênua, para os relacionamentos. Perdoar nos capacita a manter o autocontrole e mantém a nossa fé e esperança sempre vívidas, nos tornando vitoriosos sempre, não importando a intensidade do abuso sofrido. Perdoar pode não promover uma satisfação pessoal na mesma intensidade que a vingança, inicialmente, mas ao contrário da vingança, perdoar faz bem para nós mesmos, nos aliviando dos fardos impostos pelos sentimento negativos e ressentimentos, promovendo, além de pura satisfação pessoal, cura interior e libertação não apenas para o agressor, mas principalmente para nós, agredidos, que, por nos sentirmos abençoados, nos tornamos pessoas melhores para nós mesmos, nossa família, igreja e para sociedade. 19 A vingança, além de ter que ser consumida, isto é, praticada a frio, lentamente, adoece e machuca ainda mais o coração. O perdão, por sua vez, promove cura interior e é libertador, rompendo as amarras psicológicas, emocionais e espirituais que nos prendiam ao agressor. Não se vingue. Perdoe. Amém. Fernando Fernandes 20 “Cultura” é uma palavra muito complexa. Ela pode tomar alguns significados em nossos dias, mas a palavra é derivada do termo grego τέχνη (technē), que é usado para se referir à técnica ou à profissão, ocupação, inteligência, habilidade e ofício que, por sua vez, pode também ser usado para a palavra cultura, sendo a cultura parte da técnica, gerando assim, o termo “agricultura”, por exemplo. A palavra “cultura” foi tomando alguns significados com o passar dos séculos, até em meados dos anos 1960 surgir a expressão “cultura pop”, que era uma cultura mais popular, misturada com a cultura erudita que desemboca em um padrão feito exatamente para fins comerciais. Existe um tipo de pensamento muito comum no meio dos cristãos, que gera uma tensão entre cultura e religiosidade. Essa tensão se dá por meio de uma dualidade que afirma que tudo o que pertence à esfera eclesiástica deve ser mantido e visto como santo e imaculado, enquanto aquilo que pertence à esfera “mundana” — tudo o que não faz parte do meio “religioso” — é visto como secularizado, profano e mau aos olhos de Deus. Assim, a igreja está dividida entre uma classe de pessoas que acredita que não se pode consumir qualquer tipo de cultura mundana como filmes, músicas, teatros e até mesmo o trabalho, incluindo, é claro, a própria política. Todas essas atividades são “seculares”. 5. DESCARTANDO A CULTURA OU RESGATANDO-A PARA A GLÓRIA DE DEUS? DIA 5 21 Esse grupo pode ser denominado de “anoréxicos culturais”, pois buscam se afastar, ao máximo, de toda forma de cultura vista, baseados no versículo de 1 João 2.15: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”. Todavia, devemos ter cuidado com a interpretação ligeira desse mesmo versículo. João não fala do mundo físico como ordem criada por Deus. Basta pensarmos em Gênesis 1.31: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. João não ordenaria o seu público a odiar aquilo que Deus afirma ser “muito bom”, ainda que a Criação tenha sido negativamente marcada pela Queda pecaminosa de Adão (Gn 3). Vale mencionar o Salmo 19.1-4: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol”. O salmista nos faz perceber que a Criação proclama a glória de Deus através da beleza ímpar dos céus. Assim como o salmista, eu tenho certeza de que você, leitor desse texto, já perdeu alguns minutos, senão horas, observando a beleza de um pôr-do-sol, ou de uma linda noite estrelada. De fato, é uma visão maravilhosa, pois nos remete ao poder criador de nosso Deus. 22 Na contramão do salmista, essa maneira errada de enxergar a cultura e até de produzi-la, tem sido uma forma clara de rebelião contra Deus da parte de homens desprovidos de Sua graça. Em 1916, surgiu um movimento chamado “Dadaísmo”, movimento artístico criado por Tristan Tzara (1896—1963) e Hugo Bal (1886—1927). Esses homens visavam desconstruir a arte objetiva dos quadros clássicos, transformando a arte em subjetiva. Através da cosmovisão e da falta de sentido que havia nesses homens, eles transformaram a arte no nonsense (sem sentido). Em 1917, após a partida de Hugo Ball, Tzara assumiu o controle do movimento dadaísta em Zurique e proclamou a sua vontade de destruir a sociedade, os seus valores e a linguagem. Com isso, podemos perceber que a arte, a cultura e o entretenimento sempre serão expressões interiores de seus autores, ou seja, a arte tem relação intrínseca ao coração de seu autor. Mas como enxergar o mundo e a cultura através de uma ótica cristã? Jonathan Edwards nos dá uma dica de como ver a criação através de uma lente cristã: “Quando nos sentimos deliciados com campos floridos e sopros suaves de brisas, poderíamos considerar que vemos apenas as emanações da doce benevolência de Jesus Cristo; quando seguramos a rosa com sua fragrância e o lírio, vemos seu amor e sua pureza. Assim as árvores verdes e os campos, e o cantar dos pássaros, são emanações de sua infinita alegria e bondade; a simplicidade e naturalidade das árvores e das vinhas são sombras de sua infinita beleza e amabilidade; os rios 23 cristalinos e os murmurantes cursos d’agua tem as pegadas de sua doce graça e bondade.” O mundo, para Edwards, não é um universo opaco. É, na verdade, um universo que aponta para a realidade e beleza divina. Apelando para nossa percepção, ele está dizendo que o perfume da rosa deve ser a pista do sinal da graça divina, ou seja, a arte e a cultura não são neutras, mas podemos modificar a maneira como a buscamos e mantemos relação com a cultura em geral através de uma cosmovisão genuinamente bíblica: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4.8). Paulo diz aos filipenses que se alguma coisa deve ocupar o pensamento deles, deve ser tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama. Pode-se consumir cultura, arte e entretenimento com temas religiosos. O que não pode é sentir-se culpado por não trabalhar temas religiosos. A preocupação é com elementos na arte, mesmo não cristã, que não glorificam a Deus e deturpam a criação e a verdade. “A primeira razão para valorizarmos a criatividade é que Deus é o criador. Em segundo lugar, uma obra de arte tem valor como criação porque o homem é feito à imagem de Deus e, portanto, pode não apenas amar, pensar e sentir emoções; ele tem também a capacidade de criar. Tendo sido feito à imagem do criador, somos chamados à criatividade. Portanto, não devemos ter medo de usar a imaginação.” (F. Schaeffer - A Arte e a Bíblia) 24 Quando dizemos que algo é do mundo, tiramos Deus do Seu lugar de soberania, e a consequênciaé a luta contra o secularismo. Em outras palavras, vivemos através de experiências religiosas, mas quando olhamos para o mundo, ele se torna opaco e sem sentido novamente. Não devemos descartar a cultura, mas lutar contra o que há de maligno na cultura: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (João 17.15). Raul Cardoso 25 Estabilidade financeira; Bonança; Saúde; Relacionamentos estáveis; Paz. O segredo da alegria é a confiança e saciedade. Certamente você já sentiu paz, alegria e tranquilidade. Normalmente esses sentimentos brotam quando há um alto nível de confiança no ar. Todas as vezes que passamos por momentos turbulentos, temos grandes dificuldades, pois nossa confiança é abalada. Nós precisamos constantemente olhar para a Palavra de Deus e nos recuperarmos nela, sermos reabastecidos. A verdade é que normalmente nos sentimos muito confiantes e encorajados quando as coisas vão bem. Normalmente isso acontece porque nossa confiança quase sempre anda de mãos dadas com: Tudo isso é muito bom e aconselho que você busque viver assim, fará bem para sua alma e corpo. No entanto, quando estamos sem um ou mais desses itens, você já sabe. Nosso chão some. O salmista, escrevendo o Salmo 131.1-3, pinta um cenário muito lindo de uma criança saciada após ter sido amamentada por sua mãe. Ele está nos trazendo um grande incentivo a andarmos tranquilos e sem ansiedade, pois assim como uma mãe procura amamentar seu filho na hora certa, 6. A MINHA ANSIEDADE E A GRAÇA DE JESUS DIA 6 26 mantendo-o suprido, o Senhor também o fará em relação a nós. Isso significa que não deveríamos ter medo ou desconfianças, pois a Escritura também afirma que, ainda que meu pai e minha mãe se esqueçam de mim, o Senhor não se esqueceria jamais. Em outras palavras, o consolo que o salmista traz é ainda maior. Uma mãe ainda pode ser má com seu filho, mas Deus é sempre bom e sabe bem do que seus filhos necessitam. Infelizmente, somos constantemente assaltados pela ansiedade quando não somos atendidos naquilo que julgamos ser bom para nós. Contudo, o encorajamento do salmista é para que abandonemos a impaciência, o medo, a insegurança e os pré-julgamentos, e fiquemos como um filho que acabou de mamar no colo de Deus. Isso é extraordinário! Esse é um chamado à fé! Mas, afinal, o que significa viver pela fé? Viver pela fé é crer que Deus cuida de você mesmo que tudo pareça estar desmoronando. Ora, se Ele nos deu o Seu Filho, por acaso não nos dará juntamente com Ele todas as coisas (Rm 8.32)? Ter fé significa saber que não estamos sós. O Paracleto está conosco, o Espírito Santo está aqui. Ter fé significa esperar pelo “leite”, sabendo que ele virá de Deus. Quando olhamos para o Salmo 131, percebemos que o melhor amigo da ansiedade é a falta de confiança em Deus. No primeiro verso, o salmista diz que a criança que recebeu o leite está recém desmamada, ou seja, está alimentada e satisfeita. A grande questão, aqui, é saber se Deus tem nos dado o que precisamos, pois muitas vezes não nos sentimos saciados. Achamos que entendemos melhor sobre as nossas necessidades e queremos controlar tudo, inclusive Deus (se isso fosse possível). O que deveríamos fazer é exatamente o contrário. Deveríamos 27 entregar tudo nas mãos de Deus. A verdade é que ninguém pode se comparar a Deus ou ter o Seu entendimento das coisas. Por isso, a palavra-chave para vencermos a ansiedade é confiança. O chamado do salmista é para sermos como uma criança. Esse é o mesmo chamado de Jesus no evangelho de Mateus 18.4. Precisamos da humildade e da confiança de uma criança no colo da mãe. Quando uma criança está em fase de amamentação, ela estabelece um profundo senso de dependência e confiança com sua mãe. Um adulto, porém, normalmente não se comporta assim, pois ele é guiado pelos seus sentimentos, instintos e memórias. Além disso, sua visão das coisas é limitada e ele está cheio de pré-conceitos. Desde a infância, a ansiedade é resultado da fome. E a grande questão é: do que estamos com fome? Deus não tem nos provido em tudo? Acaso Ele não tem cuidado de Seus filhos? A verdade é que deveríamos ter mais fome de Deus e menos fome das coisas desta vida. Para vencermos a ansiedade, o caminho é Jesus! Precisamos ter confiança total em Deus, sem reservas, desarmado, tendo preocupações normais e não desequilibradas. Lembre-se das palavras de Jesus: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.28-30). Matheus Nogueira Dantas 28 Você conhece alguma pessoa que possui uma visão exagerada dela mesma? Você já experimentou o desprazer de estar perto de um indivíduo orgulhoso e fechado para o aprendizado? Você conhece algum jovem imaturo que se acha o mais sábio dentre os homens? E uma pessoa de mais idade — de 35 anos para cima — que se julga experiente e, portanto, boa demais para ter que sentar e aprender alguma lição? Todos nós conhecemos pessoas com essas características, pessoas redondamente enganadas pelo orgulho que se encarregou de distorcer a visão que possuem delas mesmas. Vamos conversar um pouco sobre esse inimigo do aprendizado chamado “orgulho”. O Dicionário da Língua Portuguesa (Dício) define o orgulho com as seguintes palavras: “Soberba; elevado conceito que alguém tem de si próprio”. É exatamente assim que esse sentimento traiçoeiro age no coração humano. Lembro-me de alguns alunos a quem tive a oportunidade de ensinar no seminário. Dentre as várias pessoas da sala de aula, algumas eram mais novas, e outras eram de mais idade. Depois de determinado tempo, tive bastante dificuldade com alguns “gatos pingados” mais velhos do que eu. Durante as explicações em sala de aula, essas pessoas reagiam com variadas expressões faciais. As expressões revelavam a indiferença, o deboche e a raiva. A linguagem corporal, seguida da expressão facial, não podia negar que elas tinham bronca do professor e estavam decididas a não receber qualquer lição vinda de alguém mais novo do que elas. Vemos, aqui, uma 7. O INIMIGO DO APRENDIZADO DIA 7 29 ilustração real de como o orgulho pode ser traiçoeiro. Pagava-se o curso a fim de aprender, todavia, resistiam ao aprendizado porque o orgulho as impedia de progredir. A Bíblia diz que o orgulhoso resistente será, por fim, resistido por Deus: “[...] Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tiago 4.6). Muitas pessoas não aprendem e não crescem porque lhes falta humildade, não oportunidade. Eu reconheço que muitos jovens de nossa época bancam os “sabichões” quando, na verdade, carecem de maturidade e de humildade. Muitos não são capazes nem mesmo de lidar com as próprias emoções e com os próprios desejos da carne e querem falar de virtude? Apesar desse fator bastante negativo, existem jovens que são exemplo de fé, maturidade e sabedoria. Ora, o jovem pastor Timóteo, discípulo do apóstolo Paulo, tinha aproximadamente 27 anos de idade quando assumiu o pastorado, e, todavia, ele foi alguém digno de ser imitado tanto pelos mais novos quanto pelos mais velhos. Timóteo foi desprezado por sua pouca idade. Paulo precisou encorajá- lo: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.” (1 Timóteo 4.12). Portanto, não é a idade que determinará a tua capacidade de ser exemplo para alguém, mas sim, a tua dependência de Deus acompanhada da disposição em assumir responsabilidades. Quem teme a Deus é sábio: “Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor. Os tolos desprezam a sabedoria e não querem aprender.” (Provérbios 1.7). 30 Caminhando para o fim desta breve reflexão, gostariade apresentar alguns conselhos práticos que impedirão que você caia nas armadilhas do orgulho. Em primeiro lugar, sente-se para aprender. Nenhum ser humano aprendeu tanto a ponto de não precisar mais aprender. A vida é um aprendizado contínuo do começo ao fim. Crianças, jovens e idosos precisam continuar aprendendo. O aprendizado deve cessar apenas quando a vida se findar. Em segundo lugar, não despreze os meios de aprendizado que Deus usa para ensinar. Você já parou para pensar que Deus pode abençoar muito a vida de alguém através de pessoas mais novas? Já notou a frequência com que as crianças são usadas para nos fazer refletir? Ao desprezar os meios de Deus, estamos desprezando o próprio Deus, pois na qualidade de Soberano, Ele usa os meios que bem entender. Em terceiro e último lugar, ignore a voz do inimigo chamado orgulho. O orgulho sempre dirá que você é melhor do que o outro, ainda que o outro saiba mil vezes mais do que você. O orgulho não se dará por vencido, por isso você precisa vencê-lo ignorando a sua voz e optando pela voz da humildade. A humildade nos levará a glorificar a Deus, a amar o próximo e a crescer de maneira plenamente saudável. Concluo este artigo com a belíssima frase do falecido pastor e teólogo John Stott (1921-2011): “Não há maior obstáculo ao conhecimento do que o orgulho, e nenhuma condição mais essencial do que a humildade”. Fabrício A. de Marque 31 Neste texto, podemos encontrar uma orientação para a submissão. A resistência à autoridade espiritual e espírito indócil não é coisa somente de jovens e adolescentes, ainda que encontremos neles as maiores resistências. Às vezes podemos encontrar tais atitudes até em pessoas mais velhas que pensam saber de tudo, ou que, por terem vivido mais tempo, julgam-se “imunes” às opiniões dos mais novos. Essa resistência à submissão também é um tipo de orgulho. Muitas vezes não paramos para pensar nisso, mas esse pecado de insubmissão é o que Jerry Bridges chama de “espírito independente”. Independente, porque acha que não depende de ninguém para tomar decisões. Assim como as pessoas que decidem não congregar, elas frequentemente não têm a quem se dirigir e, assim, vivem de forma independente. Esse não é o plano que Deus tem para nós (Hb 10.25). Para obedecer o mandato de ser submisso à uma autoridade, essa autoridade deve existir, e só existirá se estivermos congregando. De modo geral, esses dois comportamentos andam de mãos dadas. Eles podem estar associados ao pensamento de que sabemos tudo. Muitas vezes vemos pessoas ocupando determinadas áreas de autoridade e, de forma silenciosa, os criticamos sem termos nenhuma experiência naquilo. 8. EM DEFESA DE UMA SUBMISSÃO HUMILDE DIA 8 “Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois zelam pela alma de vocês, como quem deve prestar contas. Que eles possam fazer isto com alegria e não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês.” (Hebreus 13.17) 32 Da mesma forma acontece quando jovens criticam pais que educam os filhos de uma forma que eles não concordam. O resultado é o mesmo: críticas. Isso é um tremendo orgulho. Não temos experiência naquilo e, mesmo assim, pensamos que faríamos melhor do que eles. O pensamento de achar que sabemos tudo nos leva à insubmissão, pois quando a liderança que foi posta para exercer autoridade sobre nós nos oferece um conselho, não damos ouvidos. E, com isso, agimos com desrespeito e hostilidade contra essa autoridade. Frequentemente temos opiniões diferentes dessa liderança. Às vezes, nossas opiniões não têm base bíblica, são somente coisas da nossa cabeça, opiniões baseadas em experiência, e não na Escritura Sagrada. Os líderes da igreja são como pastores fieis que Deus preparou para nos apascentar, servindo de modelo para o povo de Deus (Jr 23.4; 1Pe 5.2-4). Eles também são como o vigia que aciona o alarme de perigo para a cidade (Ez 33.6). O cuidado dos líderes é profundo e genuíno porque eles são nomeados por Deus e prestarão contas a Ele. Todos sofrem quando há resistência ao ministério dos líderes nomeados pelo Senhor. Contudo, gostaria de dizer que autoridade espiritual não significa que o líder tem o poder de decidir quem será o seu cônjuge ou em qual profissão você deve trabalhar. Na verdade, significa que o líder, revestido de autoridade, zela por sua vida e, por isso, é capaz de opinar sobre esses e outros assuntos semelhantes, dando-lhe conselhos sábios e bíblicos. Significa também que as pessoas mais experientes têm capacidade de ajudá-lo a crescer e a tornar-se um cristão maduro, capaz de auxiliar outras pessoas. 33 Devemos entender que não sabemos de todas as coisas. Frequentemente não sabemos que há caminhos mais fáceis de serem percorridos, ou caminhos que até mesmo não nos levará a lugar algum. A liderança nos ajuda a tomar algumas decisões que vão fazer grande diferença em nossas vidas. Nossos líderes podem nos ajudar a tomarmos decisões segundo a vontade de Deus. Para deixar bem claro: submissão não equivale à obediência incondicional. Também não significa que estaremos debaixo de uma “cobertura espiritual”. Significa, sim, que vamos ser submissos ao líder espiritual, quando ele: 1) nos der alguma orientação baseada na Palavra de Deus; e 2) com amor, corrigir alguma postura nossa, à luz da Palavra de Deus. Diego Vinícius de Oliveira 34 Todos nós passamos por momentos de alegria, de prazer, de satisfação, de contentamento. Momentos esses que gostaríamos que fossem permanentes, um estilo de vida. Quem não gostaria de viver contente? Parece uma utopia, parece ser impossível, mas só parece, porque viver uma vida satisfatória está totalmente ao nosso alcance. Viver contente, ser alguém contente, independente da situação, é uma questão de aprendizado. Sim, na escola da vida aprendemos a matéria de como ser contente. Na carta aos Filipenses, capítulo 4, a partir do versículo 10, até o versículo 13, Paulo diz que aprendeu o segredo de viver contente em toda e qualquer situação. Na versão bíblica NVI (Nova Versão Internacional), Paulo diz que aprendeu a se adaptar (se encaixar) em qualquer circunstância. E no decorrer do texto, ele cita as mais diversas circunstâncias, ou situações, sejam elas boas ou más. Em todas elas, ele se diz contente. Paulo aprendeu a viver contente, ele se permitiu passar por situações, ele adquiriu experiência. Tudo se aprende com experiência. Por isso, aproveite as circunstâncias, sejam elas favoráveis ou desfavoráveis, assim você poderá sempre aprender algo. Deus sempre está nos ensinando algo. Mas, afinal de contas, o que Paulo aprendeu ao se permitir passar por várias situações? Qual foi o grande aprendizado de Paulo no final? Qual é o segredo que ele aprendeu para viver contente? 9. APRENDENDO A VIVER CONTENTE DIA 9 35 A resposta se encontra no versículo 13, quando Paulo diz: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Uma frase muito conhecida, usada até como um bordão cristão de efeito instantâneo, mas que na verdade é uma lição que Paulo aprendeu durante toda a sua experiência, e agora ele nos passa de forma enriquecedora. Paulo nos ensina, nessas palavras, que o contentamento não está ligado às circunstâncias, ou àquilo que você possui. O contentamento está ligado a uma pessoa, e essa pessoa é Jesus. Paulo aprendeu que as circunstâncias são transitórias e passageiras; que o importante não é aquilo que você possui, mas quem você possui. O nosso sustento vem do Dono do ouro e da prata. As tempestades da vida podem passar, bastando apenas uma palavra dAquele que fez os céus e a terra. Paulo termina nos dando um dos seus maiores aprendizados de vida, dizendo: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Em outras palavras: aprendi a viver contente em toda e qualquer situação, porque a minha força vem do Senhor. Alexandre Cortês 36Entre as diversas exortações que o apóstolo Paulo faz nesta carta, temos nos versos 16-18 as seguintes exortações: "Sejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos [...]”. Em alguns momentos de nossas vidas, parece que somos mais voltados à contínua busca em oração, especialmente quando esses momentos envolvem algum tipo de pedido pessoal, desejos, necessidades “urgentes”, dentre outros motivos. Mas, o nosso maior motivo quanto à oração deve ser a comunhão e a busca da realização da vontade de Deus. Confiar em Deus, o nosso Provedor suficiente, é o que nos faz descansar e nos alegrar continuamente, independente das circunstâncias. Não temos um horário ou local específico para falar com Deus. Temos a liberdade de glorificar, exaltar, clamar, interceder em todo o tempo e em todos os lugares. A Palavra de Deus nos mostra que até mesmo dentro da barriga de um grande peixe é possível orar (Jonas 2.1). Quando orar? Em família, entre irmãos, amigos, colegas de trabalho, com um desconhecido, a sós em seu quarto, caminhando, enquanto viaja, deitado, em pé, ajoelhado, na igreja, no velório, em uma festa ou na faculdade? Quando? Respondo: Sempre! Nossa disposição e pensamentos devem estar sempre ligados ao Senhor em oração. 10. QUANDO DEVEMOS ORAR? DIA 10 "Orem sempre" (1 Tessalonicenses 5.17 NTLH) “A oração é o antídoto para todas as nossas aflições” (João Calvino, 1509-1564) 37 Mas, afinal, qual é o objetivo da oração contínua? Oração é um exercício espiritual em que o salvo aspira mais por Deus do que pelas Suas bênçãos. Deus deve ser o fim principal em nossa vida de oração, uma vida que busca refletir nosso relacionamento restaurado com o Pai, por meio de Jesus que nos deu livre acesso a Deus (Efésios 3.11-12). Como podemos ter certeza de que somos ouvidos por Deus? Segundo o apóstolo João: “Se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 João 5.14). Deus revela a nós a Sua vontade através das Sagradas Escrituras. Assim, temos a direção e o caminho a seguir. Portanto, “que seja feita sua vontade assim na terra como no céu” (Mateus 6.10). Ao orarmos continuamente, reconhecemos a nossa dependência de Deus e percebemos que podemos descansar na Sua providência em todos os aspectos da nossa vida. A minha oração é que o seu relacionamento com Deus seja profundo e eterno por meio de Jesus Cristo. Cléber Matos “Orando em todo o tempo no Espírito” (Efésios 6.18) 38 Pesquisas apontam o alto nível de endividamento das famílias brasileiras. 66% dos brasileiros possuem dívidas, e o pior, a maioria delas no cartão de crédito, no cheque especial e em empréstimos pessoais; dívidas com taxas de juros muito altas. Sucessivas crises econômicas, a falta do planejamento financeiro pessoal, a ganância do coração, que busca satisfazer os desejos rapidamente, contribuem para ampliar este quadro. Em alguns casos, as dívidas podem estar relacionadas a situações emergenciais, como o fato de alguém da família ter ficado doente, por exemplo; e você pode ter se endividado por conta disso. No entanto, na maioria dos casos, as dívidas decorrem de péssimos hábitos financeiros, como gastar além da conta ou comprar por impulso respondendo aos apelos do consumismo. Quem não está com as contas em dia vive estressado e ansioso, pois teme as inúmeras ligações dos cobradores, fica preocupado (a) com as contas atrasadas e sofre pressão por parte dos familiares. Em muitos casos, as pessoas chegam a ter depressão, já que a questão financeira influencia a vida espiritual, a saúde mental, a rotina da família e os planos para o futuro. 11. TESOUROS PARA AS HORAS DIFÍCEIS DIA 11 "Na casa do sábio há tesouros preciosos e o suficiente para viver, mas o tolo desperdiça tudo o que tem." (Provérbios 21.20) 39 Se você está endividado (a), ou prestes a se endividar, atente para o que diz o texto bíblico de Provérbios 21.20. Aqui são apresentados dois princípios sobre dívidas e como deve ser feita a administração de sua vida financeira. Em primeiro lugar, o princípio do contentamento. O sábio confia que Deus irá prover o necessário para sua vida. Como diz a Bíblia: “Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. Porque Deus disse: ‘Não o deixarei; jamais o abandonarei’.” (Hebreus 13.5). Todo o sucesso, a segurança e as bênçãos da vida dependem da providência de Deus. Tudo o que precisamos vem de Deus: a casa que nos traz proteção; a cidade que nos dá segurança e estabilidade; os alimentos e as provisões diárias que precisamos para sustentar a vida. Portanto, para ser feliz e se sentir satisfeito (a), você não precisa responder aos constantes apelos do consumismo. Porém, devemos nos lembrar que a promessa de suprir nossas necessidades não significa que Deus irá nos empanturrar com bens materiais, como anunciam os pregadores da teologia da prosperidade. O texto bíblico é claro, teremos o suficiente para viver e devemos ser gratos por isso. “Não digo isso por estar necessitado, pois aprendi a ficar satisfeito com o que tenho. Sei viver na necessidade e também na fartura. Aprendi o segredo de viver em qualquer situação, de estômago cheio ou vazio, com pouco ou muito. Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá forças” (Filipenses 4.11-13). 40 O segundo princípio que aprendemos aqui é o princípio da moderação. O tolo vive gastando e se endividando. Ele consome tudo que possui, comprando o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para impressionar pessoas que não gosta, a fim de tentar ser uma pessoa descolada e moderna. Portanto, seja moderado (a) em seus gastos. Aprenda a poupar. A maioria das pessoas prefere os bens do presente em detrimento aos bens do futuro. Este conceito está relacionado ao fato de preferirmos eliminar um dissabor futuro o quanto antes, por meio de ações que atribuímos um maior valor. Concluindo, para poupar e se livrar das dívidas, você precisa desistir de uma satisfação presente, onde geralmente alcançamos uma recompensa imediata, por uma satisfação no futuro. A Bíblia nos incentiva a economizar, mas não acumular tesouros. O dinheiro deve ser gasto com prudência e controle. Gênesis registra a história de José, filho de Jacó no Egito. Ele utilizou o princípio da moderação para resolver o problema das vacas magras. Deus anunciou que viria um tempo de fome e carestia e determinou que 20% de toda produção fosse poupada. José seguiu à risca as determinações de Deus. Durante 7 anos, o povo do Egito foi obrigado a poupar 20% de sua produção. E quando chegou o período de calamidade, eles tinham recursos para alimentar toda a população do Egito e ainda vender o excedente para os povos que viviam ao seu redor. 41 Por isso, adote esse princípio e seja moderado em seus gastos. Como é dito por aí: “O dinheiro não aceita desaforo”. Isto quer dizer que ninguém consegue viver gastando mais do que ganha. Portanto, devemos ser prudentes com nossos gastos, inclusive fazendo poupança para as horas difíceis ou para emergências. Além disso, a pessoa que tem o hábito de poupar pode adquirir à vista bens de maior valor, sem a necessidade de pagar juros exorbitantes. Isaías Lobão 42 Existe algo conhecido como a vontade de Deus, e as Escrituras revelam a vontade de Deus para nós. A Bíblia revela, já no comecinho, a vontade de Deus para a sexualidade: o homem e a mulher como uma só carne (Gênesis 2.24). O sexo é uma dádiva divina para um homem e uma mulher em aliança de casamento. Assim Deus é glorificado. Essa é a vontade de Deus para a sexualidade, e a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Romanos 12.2). Deus é bom e justo, e, já que fomos criados por um Deus bom e justo, nada mais justo que vivamos para Sua glória. O problema, porém, é que houve uma Queda. Adão, o representante da raça humana, caiu em pecado juntamente com sua esposa, Eva, e, consequentemente, toda a raça humanatambém caiu (Gênesis 3). Nossa natureza se tornou corrompida e começamos a odiar a vontade de Deus para nós. Idólatras nos tornamos, pois o cerne do pecado é a idolatria. Assim, nos tornamos idólatras também em relação à sexualidade. Colocamos o sexo no altar do nosso coração, ou melhor dizendo, no trono. Começamos a crer que a dádiva que foi dada a nós, não é tão boa assim, se for desfrutada segundo a vontade de Deus. Seguimos, após a Queda, crendo que o sexo monogâmico é tedioso e enfadonho. 12. SEXUALIDADE REDIMIDA DIA 12 “Pois a vontade de Deus é a santificação de vocês: que se abstenham da imoralidade sexual; que cada um de vocês saiba controlar o seu próprio corpo em santificação e honra, não com desejos imorais, como os gentios que não conhecem a Deus.” (1 Tessalonicenses 4.3-5) 43 Pensamos que o sexo, para ser desfrutado somente em um contexto de aliança entre duas pessoas, é aprisionador. Preferi usar o termo “sexo”, ao invés de “intimidade sexual”, pois até mesmo a intimidade relacional é considerada escravizadora por muitos. Por isso, o sexo casual e sem nenhum compromisso, está no altar de nossa sociedade de homens caídos. Mas Deus é bom e reto, e aponta o caminho para os pecadores (Salmos 25.8). Foi da vontade de Deus redimir um povo para Si, um povo que estava debaixo da escravidão da vontade de transgredir a Sua justa Lei. Ao invés de nos condenar por nossa sexualidade idólatra, Deus enviou Seu Filho para morrer pelas nossas depravações, incluindo as depravações sexuais. E, como Ele é o nosso representante perfeito, Ele não pecou durante Sua vida aqui na terra, mesmo estando debaixo da Lei. Ele ressuscitou e venceu a morte. Assim, nos concedeu não somente a vida eterna, mas também uma direção. Não recebemos somente a justificação, mas também a santificação. E, em santificação, Deus nos guiará até o fim rumo à glorificação, onde seremos libertos, por toda a eternidade, de todo desejo pecaminoso. Maranata! O versículo de 1 Tessalonicenses 4.3 diz que a vontade de Deus é a nossa santificação. Fomos separados por Deus para voltarmos para Ele. Mesmo que o pecado permaneça em nós, recebemos o Espírito Santo para lutarmos contra nossas tendências pecaminosas. Recebemos uma renovação de mente e, agora, a nossa mente tem prazer na Lei de Deus. 44 Mas, o que a Lei de Deus requer? Ela requer que nos abstenhamos da prostituição. Sexo fora do casamento é prostituição aos olhos de Deus. No mesmo versículo, Paulo deixa claro que a santificação e a prostituição são totalmente opostas e antagônicas. E, na sequência do texto (1Ts 4.4- 5), está escrito que o cristão que não santifica e honra o seu próprio corpo, sendo dominado pela lascívia, está agindo como um pagão que é idólatra e que não conhece o Deus verdadeiro. Você já reparou que o maior número de exortações no Novo Testamento é contra a imoralidade sexual, incluindo até mesmo a imoralidade que praticamos com nossos olhos (1 João 2.16; Mateus 5.28)? A boa notícia é que Deus colocou em nosso coração a busca por um prazer superior, que é fazer a Sua vontade. Quando erramos o alvo desse prazer superior, não ficamos bem com isso. Queremos nos desembaraçar de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia (Hebreus 12.1), lutando na força do Espírito Santo contra o pecado sexual que prejudica a nossa alegria e comunhão com Deus. Deus é a fonte de toda a alegria e, por gratidão ao Seu amor que nos constrange, buscamos a Sua vontade. Amém. Guilherme Gonçalves (Zamba) 45 O perdão é um dos pilares centrais do Cristianismo. Quando uma pessoa afirma ser cristã, ela precisa compreender o significado do perdão e também praticá-lo. Entretanto, para que se possa entender o perdão, é necessário a convicção de que todos somos pecadores, e é isso que a Bíblia afirma em Romanos 3.23: “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Desta forma, todos nós carecemos do perdão de Deus. O perdão acontece em duas direções: (1) vertical: quando Deus perdoa o pecado do homem e o lança nas profundezas do mar (Miqueias 7.18-19), e (2) horizontal: quando o homem perdoa o seu próximo (Colossenses 3.13). Essas duas direções estão intimamente ligadas; uma não existe sem a outra. Quando Deus perdoa o homem, Ele decreta que o homem precisa perdoar o seu irmão, assim como o homem não é capaz de perdoar sem antes ter sido perdoado por Deus. Jesus afirma que essa é a posição de Deus. Quando estava ensinando os apóstolos a orarem, Ele disse: “Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6.12). Vejamos, de forma mais aprofundada, essas duas direções. 13. AS DUAS DIMENSÕES DO PERDÃO DIA 13 46 1. O Perdão Vertical A Palavra de Deus nos diz que, por causa do pecado original, todo ser humano tem uma natureza pecaminosa e é indesculpável diante de Deus. Também afirma que, por isso, todos precisam de um Salvador, e que esse Salvador será Aquele que retirará nossos pecados e nos tornará justos diante de Deus. Jesus, ao vir à terra como homem, passou por todos os tipos de tentações e provações para então morrer em nosso lugar. Assim, Ele levou todos os nossos pecados naquela cruz, dando ao homem livre acesso ao Pai (visto que antes de Cristo somente algumas poucas pessoas podiam ter acesso a Deus, através do tabernáculo, quando uma vez ao ano o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos e ficava face a face com Deus). A cruz de Cristo é o meio pelo qual Deus escolheu perdoar o Seu povo. Se não fosse a morte e ressurreição de Jesus, o homem nunca poderia alcançar o perdão dos seus pecados. Um dos atributos de Deus, relatados nas Escrituras, é a misericórdia. Deus dá ao homem o privilégio de se arrepender dos seus pecados e buscar o perdão, e Ele afirma categoricamente que o perdoará. O profeta Isaías diz em seu livro: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Isaías 55.6-7). O Deus de misericórdia convida a todos para buscarem o arrependimento. E o tempo que Ele determina é agora. Não existe um momento melhor do que esse para dobrar seu joelho e se arrepender dos seus pecados tendo a certeza de que Ele o perdoará. 47 2. O Perdão Horizontal O homem, ao receber o perdão da parte de Deus, tem como obrigação perdoar o seu próximo da mesma forma. Jesus ensina Seus seguidores a perdoarem, enfatizando que todo tipo de mal que os outros fizerem contra as nossas vidas, não se compara ao mal do pecado que temos cometido contra Deus. E, se Deus tem nos perdoado, nós também precisamos perdoar nosso próximo, pois somente desta forma, quando orarmos clamando o perdão de Deus, Ele nos ouvirá e perdoará nossas falhas. Durante nossa caminhada cristã, passaremos por muitos problemas em que teremos que perdoar as pessoas que nos feriram. Essa prática precisa ser libertadora para o cristão, pois a falta de perdão não traz nenhum benefício para o homem. Ao contrário, apenas leva o cristão a ter mágoa, ressentimento e até mesmo um sentimento de vingança. Mas quantas vezes precisamos liberar perdão a uma pessoa que nos feriu? A Bíblia nos orienta a perdoarmos sempre que um irmão vier pedir perdão (Lucas 17.3-4). Mesmo depois de nos entregarmos ao Senhor como único e suficiente Salvador de nossas vidas, nós ainda continuamos a pecar e Deus continua a nos perdoar. Da mesma forma acontece com o homem. Continuamos a errar contra o nosso próximo, e ele continuará a errar conosco. Por isso, precisamos perdoar a todo momento, compreendendo que todos nós somos pecadores que necessitam da ação do Espirito Santo. 48 Infelizmente, em nossa sociedade atual, o perdão não é umassunto que agrada a todos. A cultura tem pregado muito mais sobre pagar com a mesma moeda o mal que o próximo nos fez, ao invés de ser humilde e liberar perdão sobre ele. Por isso é tão importante que o cristão ande na contra mão do mundo e mostre que a crença em Deus transforma a pessoa por inteiro. Precisamos amar o próximo, não importa quem ele seja. Afinal, é assim que saberemos que já passamos da morte para a vida (1 João 3.14). Marcos Vinícius Marques 49 “O trabalho não é ruim. O ruim é ter que trabalhar”. Assim iniciava a fala de um famoso personagem de seriado de televisão ao se referir à sua aversão ao trabalho. Provavelmente você não siga esta mesma filosofia de vida, porém, quantas vezes não tratou a segunda-feira com desprezo e desânimo, enquanto a sexta-feira tornou-se o dia mais aguardado da semana? E em quantos momentos não se perguntou o que estaria fazendo atrás de uma escrivaninha ou apertando algum parafuso enquanto poderia estar se “aventurando” nas terras africanas levando o evangelho aos mais longínquos rincões da terra? E quem inventou o trabalho? Deus ordenou ao homem e deu a ele toda capacidade de trabalhar nas mais diferentes atividades. Chamamos isto de “mandato cultural”. Em Gênesis 1.28, Adão é instruído a cuidar da terra recém criada – seu contexto então era o da agricultura. Enquanto a Bíblia relata a história pós-queda, Deus continua a dotar o ser humano com talentos, desde a criação de instrumentos musicais até a fabricação de ferramentas (Gênesis 4.21-22). Seja dando nome aos animais (Gênesis 2.19), seja colhendo as frutas desconhecidas, toda forma de trabalho ali é reconhecida como um sinal de obediência a Deus. 14. AMANHÃ É SEGUNDA-FEIRA, GRAÇAS A DEUS! DIA 14 50 Não há possibilidade de que Deus não supervisione e possa ser engrandecido por alguma atividade, desde o desenvolvimento de novas tecnologias à produção de material artístico – tudo pode ser trabalhado para a glória de Deus. O trabalho não foi planejado para ser um fardo ao homem, mas, com a queda e a entrada do pecado na história, o relacionamento “homem x trabalho” sofreu um processo de dificuldades – surgem espinhos (Gênesis 3.18) e agora o sustento traria um suor dolorido (Gênesis 3.19). Aquilo que seria algo prazeroso e que poderia resultar em glória a Deus torna-se um fardo que aterroriza as segundas-feiras de alguns. Mas ainda assim, o trabalho não é uma consequência do pecado. A resposta para a dificuldade de se encontrar e permanecer em um bom relacionamento com o trabalho está no fato de que toda a criação nesse momento geme por estar afastada de seu Criador. O pecado distorceu os propósitos divinos para o trabalho e, com isso, tornou-se uma fonte de esgotamento para alguns, e uma fonte de frustração para outros. Pode ser difícil pensar assim, mas, como em outras áreas contaminadas pelo pecado – relacionamentos, política, educação, família, etc. – corremos o risco de ser engolidos pelo nosso trabalho e nos tornarmos “apertadores incontroláveis de parafusos”, como o personagem famoso de Charles Chaplin em “Tempos modernos”. Deus se importa com seu lugar de trabalho À luz da célebre frase de Kuyper, não há um centímetro em seu escritório ou oficina sobre o qual Cristo não afirme: “É meu”. A obra da 51 redenção não se limitou a retirar o crente de seu convívio na sociedade, mas deu a ele a possibilidade de expressar seu relacionamento com Deus através do trabalho. O plano dEle é nos tornar mais semelhantes a Seu filho, Jesus Cristo, e isto inclui um interesse especial também por onde trabalhamos. Quando entendemos o alcance da salvação no trabalho cristão, podemos enxergá-lo não mais como uma fonte de frustração, mas como um instrumento de Deus para nossa santificação – nosso caráter pode ser moldado através de um bom testemunho e nosso serviço e testemunho cristão validados – não mais desejando e vivendo apenas para alcançar as sextas-feiras aqui, mas, ansiando pelo nosso descanso verdadeiro por todo trabalho cristão aqui realizado. Fazemos Deus conhecido enquanto trabalhamos e quando não estamos trabalhando, buscamos conhecer a Deus. Aliás, com um Deus tão grande para conhecer, não há tempo a perder com futilidades, apenas observando o tempo passar. De certa forma, nosso trabalho é constante. O ditado popular diz que se você fizer o que gosta, não precisará nem trabalhar. Mas isto não é real e ilude a muitos. Precisamos trazer dia após dia o sustento para nossa casa e nem sempre isso será agradável. Mas, podemos ao menos mudar nossa visão de trabalho ao enxergar que chamado não é só o pastor ou o missionário, mas também aquele que usa sua vocação, não para ser mais um “médico-cristão”, “professor-cristão”, mas, para ser um cristão que é profissional e seu trabalho é seu campo missionário. 52 Então, se eu não for um missionário... Se nossos olhos forem guiados por uma cosmovisão cristã de trabalho, então compreenderemos que não seremos melhores se abandonarmos tudo e ir trabalhar nos campos missionários. Deus não vocacionou e separou todos para que vão. Ele quer que também fiquemos. Você pode servir e ser um missionário quando prepara uma peça no torno mecânico ou até quando serve um café no balcão – apenas se servir “... de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens” (Efésios 6.7). Precisamos rejeitar a dicotomia “sagrado-secular” que vem se arrastando desde o catolicismo romano medieval. O que torna qualquer trabalho, desde o pastor até a mais humilde profissão, louvável, não é onde ele é realizado, mas a capacidade de torná-lo um campo missionário onde você pode glorificar a Deus, obedecê-Lo, servindo e amando ao próximo. Toda nossa vida pertence a Deus e a utilizamos para engrandecê-Lo – no domingo à noite e na segunda pela manhã. Se você não foi chamado para ser um missionário, e entende que pode glorificar a Deus em sua profissão, recomendo as palavras do puritano Richard Baxter (1615-1691): “Escolha aquele emprego ou chamado no qual você pode ser mais útil a Deus. Não escolha aquele no qual possa ser mais rico ou ilustre no mundo, mas aquele no qual possa fazer maior bem e manter-se longe de pecar.” Vinícius Mello 53 Casamento e família são dádivas de um Deus sumamente sábio e maravilhoso. Infelizmente, hoje em dia não é raro o manual do Criador ser desconsiderado ou mesmo rejeitado. No tocante ao plano de Deus para a instituição sagrada do lar, não faltam ignorância, apatia e hostilidade em nossa cultura. Os conflitos no casamento, contudo, não são males característicos apenas dessa época. Na verdade, existem desde que o primeiro casal foi criado por Deus e colocado no paraíso. O pecado original destruiu a harmonia que havia entre Adão e Eva. A partir da queda, vemos o casamento ser maculado pela acusação, discórdia, dominação e conflitos diversos. Deus, contudo, mediante a redenção pelo sacrifício de Seu Filho, não apenas redime a alma dos pecadores arrependidos, mas também, dentre outras coisas, restaura a vida do homem em suas relações sociais, em especial sua relação no casamento. Além disso, Deus elevou o casamento à dignidade de aliança ou pacto, e fez dessa aliança um símbolo do amor entre Cristo e Sua Igreja. Para que o casamento seja de fato uma bênção é necessário que ambos observem os princípios estabelecidos pelo Criador e se atentem, dentre outras coisas, nas diferenças características entre os sexos. Seguem abaixo alguns princípios que, via de regra, são negados pelos ideólogos do pós-modernismo: 15. PRINCÍPIOS PARA UM CASAMENTO FELIZ DIA 15 54 1. Somente Deus pode satisfazer plenamente seu coração. Embora essa verdade seja enfatizada no momento em que estamos sendo evangelizados, frequentemente é esquecida quando o assunto é casamento. Muitos casamentos chegaram ao fim porque as pessoas se casarambuscando em seus cônjuges algo que pode ser encontrado unicamente em Deus: satisfação plena. Seria impossível não recordar aqui as palavras de Agostinho em uma oração ao Altíssimo: “Fizeste-nos para Vós, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em Vós”. Em outras palavras, enquanto nossa relação vertical (homem/Deus) não estiver sadia, a horizontal (casamento, família e sociedade) também não estará. 2. Homens e mulheres não são iguais. Embora muitos ideólogos queiram tratar os gêneros masculino e feminino como sendo uma mera construção social, nunca poderão negar a realidade de que homens e mulheres são real e profundamente diferentes. Nenhuma propaganda falaciosa poderá mudar este dado da natureza. Dois mais dois são quatro, independente do quanto alguém possa gritar em contrário. Essa tentativa de negar as diferenças entre homem e mulher, além de anticientífica, é uma clara atitude de rebeldia contra Deus. A negação ou a ignorância dessas diferenças apenas aprofundará as crises na relação. 55 3. O amor entre o casal deve ser um retrato da união entre Cristo e a Igreja. O marido deve amar sua esposa como Cristo ama Sua Igreja e a esposa deve amar seu marido como a Igreja ama a Cristo. É evidente que nosso amor será apenas um reflexo imperfeito desse amor divino. Mas, embora imperfeito, é fundamental. O amor do marido pela esposa, ilustrado pelo amor de Cristo pela Igreja, consiste basicamente em: protegê-la, sustentá-la, edificá-la espiritualmente e torná-la cada dia mais linda (Efésios 5.25-29). Já o amor da esposa pelo marido, nesta mesma ótica, consiste, dentre outras coisas, em ser-lhe submissa (aceitar sua missão) e tê-lo como o cabeça do lar (Efésios 5.22-24). Wanderley Santana 56 A paciência é uma qualidade quase em extinção. Todos os dias alguém perde a paciência perto de nós. Mas nós também perdemos a paciência perto de alguém. Não é fácil manter a calma quando as coisas vão mal. Não é fácil manter a calma quando as situações contribuem para que a paciência vá embora. Todavia, é necessário que a paciência seja agarrada para não encurralarmos a nossa vida em problemas. O campo fértil da impaciência Você já deve ter notado que a semente da impaciência cresce com rapidez e gera frutos em quantidades abundantes. O grande problema é que tais frutos fazem mal. Ora, muitas vezes acordamos tranquilos emocionalmente, mas um pequeno problema é suficiente para colocarmos tudo a perder. Pense naquela cobrança do patrão que não foi muito legal. Pense naqueles imprevistos que bagunçam as folhas de nosso orçamento financeiro. Ou então, pense naqueles motoristas no trânsito que são verdadeiros testes para exercitarmos o autocontrole. Os exemplos são inumeráveis. Acredito que somos frequentemente enganados pelo nosso coração. Quem disse que estar tranquilo emocionalmente é garantia de que teremos atitudes de sabedoria? Com certeza é mais fácil agir certo quando estamos bem emocionalmente, mas se a nossa vida for pautada por emoções agradáveis, e não por princípios bíblicos, cedo ou tarde vamos pisar no tomate. 16. PACIÊNCIA: UMA VIRTUDE ENTRANDO EM EXTINÇÃO DIA 16 57 Uma atitude bela é aquela que exerce o autocontrole mesmo quando as emoções estão explodindo dentro do peito. Não quero que você pense que o problema é circunstancial. As circunstâncias podem potencializar o que está em nosso coração, mas elas não são, necessariamente, a causa da nossa impaciência. Portanto, o campo fértil da impaciência é o coração humano. O alicerce teológico da paciência Você merece tolerância? Você é digno de paciência? É claro que a resposta deve ser um enfático “não”! Você pecou contra o Deus de toda a terra. Os seus pecados ofenderam Aquele “que não pode ver o mal” (Habacuque 1.13). Na verdade, a sua impaciência continua ofendendo a Deus com certa frequência. Quando penso nessas coisas, fico bastante incomodado. Eu não sou paciente como deveria e não gosto quando as pessoas são impacientes comigo. Eu não sou paciente como deveria e ainda quero que Deus seja mais paciente comigo. A minha esperança repousa no fato de que “[...] Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5.25b-27). Em outras palavras, embora a minha paciência não seja madura como deveria ser, Jesus está trabalhando nisso. Ele está me moldando para um dia me apresentar para Ele mesmo. Que bom saber que o caráter de Deus é a base teológica da verdadeira paciência. Que bom saber que Ele foi paciente comigo quando a única coisa que eu merecia era a Sua ira: "[...] na sua paciência, Deus 58 deixou de punir os pecados anteriormente cometidos” (Romanos 3.25). E mais: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo [...]” (Efésios 2.4-5a). Observe a expressão “riquíssimo em misericórdia”. Quem é rico em misericórdia também é rico em paciência. Não há motivo para ser impaciente quando a misericórdia assume o primeiro lugar. Portanto, o alicerce teológico da paciência é o caráter misericordioso de Deus. Cultivando um coração paciente Não pretendo ser simplista nem exaustivo na lista de conselhos práticos. Posso garantir que os conselhos são bíblicos e, por isso, eles trarão crescimento para você. Vamos para os três conselhos práticos: 1. Pratique a virtude tríplice da fé. A Bíblia diz em Romanos 12.12: “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”. Se você está em Cristo, você tem uma esperança na qual se alegrar, você tem graça para suportar as tribulações, e você tem favor para perseverar nas orações. A paciência durante as tribulações produzirá força espiritual em seu caráter. Consequentemente, você será perseverante na oração. Ao invés de agir impacientemente, você vai orar. 2. Cultive o fruto do Espírito Santo. A Bíblia diz em Gálatas 5.22-23: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”. Se você nasceu de novo, o Espírito Santo habita dentro de você. Ele está trabalhando para que tais 59 virtudes espirituais floresçam de maneira mais visível com o passar dos anos. No entanto, você também tem um papel ativo nesse processo. Para que tais virtudes se tornem mais evidentes em sua vida, você precisa se santificar através dos meios de graça: estudo da Bíblia, oração, comunhão, jejum, arrependimento e confissão dos pecados, etc. 3. Seja imitador de Deus. Já foi dito aqui que Deus não nos tratou conforme o nosso merecimento, mas de acordo com a Sua misericórdia. Escrevendo aos efésios, Paulo afirmou: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios 5.1). Literalmente, Paulo está dizendo: “Sejam mímicos de Deus, como filhos amados” Isso é possível graças ao poder do Espírito Santo que é derramado sobre nós, capacitando-nos para vivermos o evangelho. Colocando em poucos termos, imitar a Deus significa tratar as pessoas como Ele nos tratou. As pessoas não merecem paciência. Nós também não merecíamos, mas Deus foi paciente conosco. Portanto, devemos manifestar paciência em relação às pessoas. Isso não acontece da noite para o dia. O trabalho é árduo e contínuo, mas acredite: existe graça para você. “O amor é paciente” (1 Coríntios 13.4) Fabrício A. de Marque 60 Felicidade é a qualidade ou estado de feliz. É o estado de uma consciência plenamente satisfeita e cheia de contentamento, que desfruta de bem-estar pelo seu bom êxito, por sua fortuna, por seus acertos e pelo
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