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Elaboração e Implementação de Políticas Públicas

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ELABORAÇÃO E 
IMPLEMENTAÇÃO 
DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS
Lígia Maria
Fonseca Affonso
Revisão técnica:
Luciana Bernadete de Oliveira
Graduada em Ciências Políticas e Econômicas
Especialista em Administração Financeira
Mestre em Desenvolvimento Regional
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
E37 Elaboração e implementação de políticas públicas / Guilherme
 Corrêa Gonçalves ... [et al.] ; [revisão técnica: Luciana
 Bernadete de Oliveira]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
 324 p. il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-194-5
 1. Políticas públicas. I. Gonçalves, Guilherme Corrêa.
CDU 304
Déficit
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever os aspectos que compõem a atividade � nanceira do Estado.
  Explicar o dé� cit público e sua classi� cação.
  Identi� car fatores implícitos na de� nição de dé� cit público e os me-
canismos de � nanciamento do dé� cit.
Introdução
O Governo possui uma grande responsabilidade, já que uma de suas 
funções é oferecer à sociedade serviços públicos de qualidade nas áreas 
de saúde, educação, segurança, transporte e outros essenciais para o 
bem-estar dos cidadãos. Para arcar com esses compromissos, o Governo 
precisa de vários tipos de recursos, entre eles os financeiros, que arre-
cada por meio da cobrança de impostos, taxas e contribuições junto à 
sociedade. No entanto, esses recursos estão cada vez mais escassos, e os 
gastos, maiores, obrigando o Governo a adotar medidas para contornar 
os problemas e manter suas obrigações. 
Neste texto, você irá estudar como se compõe a atividade financeira 
do Estado, o que é déficit público e sua classificação, as dimensões do 
déficit como características implícitas e os mecanismos de financiamento 
do déficit público.
Atividade financeira do Estado
A atividade fi nanceira do Estado diz respeito ao desempenho das atividades 
políticas, econômicas, administrativas, etc., que constituem sua fi nalidade 
fundamental. Consiste também em obtenção, criação, gestão e gasto do dinheiro 
necessário para atender às necessidades da população, que é de responsabi-
lidade de pessoas de direito público. Quando falamos em fi nanças públicas, 
falamos em métodos, princípios e processos fi nanceiros por meio dos quais as 
três esferas de governo desempenham suas funções de alocação, distributivas 
e estabilizadoras (PEREIRA, 2009). 
Veja, a seguir, cada uma dessas funções:
  Função de alocação: processo que consiste na divisão dos recursos a 
serem utilizados no setor público e no setor privado, pelo governo, que 
oferece aos cidadãos bens públicos, semi-públicos ou meritórios, como 
rodovias, segurança, educação, saúde, etc.
  Função distributiva: o governo distribui rendas e riquezas para asse-
gurar os direitos da sociedade destinando parte dos recursos obtidos de 
tributação aos serviços públicos de saúde, educação, transporte, etc., 
mais utilizados por indivíduos de menor renda. 
  Função estabilizadora: o governo executa políticas econômicas, vi-
sando à promoção de empregos, desenvolvimento e estabilidade, papel 
que o mercado não consegue por si só. 
Assim, os entes públicos e suas responsabilidades são determinados pela 
organização político-administrativa do Estado, que determina também as 
finanças públicas, indicando como cada ente deverá trabalhar para atingir 
seus objetivos, planejando, executando e prestando contas de receitas e gastos 
realizados pelo Estado. 
No Brasil, as finanças públicas são regidas pela Constituição Federal (CF), 
de 1988, pela Lei nº 4.320/1964 e pela Lei Complementar n° 101/2000 (Lei 
de Responsabilidade Fiscal). Essas normas definem a atuação dos Governos 
Federal, Estadual, Distrital e Municipal, principalmente em relação às receitas 
e despesas públicas que constituem o orçamento público.
A atividade financeira é desenvolvida em quatro áreas: receita pública, 
despesa pública, orçamento público e crédito público (PEREIRA, 2009; TEI-
XEIRA, 2014). A receita pública é o montante de ingressos financeiros aos 
cofres públicos decorrentes da instituição e cobrança de tributos, taxas, con-
tribuições (receita derivada) e das que decorrem da exploração do patrimônio 
público (receita originária). A origem dos recursos deve ser evidenciada no 
orçamento público, bem como a forma como será aplicado o montante e a sua 
destinação, para manter os serviços públicos e para a formação do patrimônio 
público. Dessa forma, as receitas e despesas são classificadas em duas cate-
gorias econômicas: corrente e capital.
Déficit278
Receita corrente: são aquelas que alteram de forma positiva o patrimônio público, 
decorrentes de cobrança de taxas, exploração do patrimônio e de transferências 
recebidas de outras esferas de Governo para custear despesas correntes. 
Receita de capital: são aquelas que não alteram o patrimônio público e decorrem 
de alienação de bens móveis e imóveis, os empréstimos recebidos e as amortizações 
de empréstimos concedidos (BRASIL, 2016).
A despesa pública são todos os gastos do governo ou de outra pessoa de 
direito público para manter os serviços públicos. As despesas correntes são 
aquelas referentes a gastos com salários, reforma de imóveis, manutenção 
de estradas, pagamento de juros das dívidas contraídas pelas três esferas 
de Governo, bem como as transferências realizadas para atendimento de 
despesas correntes de outras entidades de direito público ou privado, que não 
correspondam à contraprestação direta em bens ou serviços. Dessa forma, o 
patrimônio público é afetado de forma negativa pelos gastos públicos.
As despesas percorrem seis estágios, chamados de fases das despesas, que 
você verá agora (RIBEIRO, [c2017]):
  Programação da despesa: refere-se ao primeiro estágio da despesa 
pública e tem por finalidade disciplinar os gastos à medida que as recei-
tas vão entrando, evitando a utilização dos recursos logo nos primeiros 
meses do ano, causando problemas e insuficiência de caixa. 
  Licitação: refere-se ao segundo estágio da despesa, que se inicia após 
a programação da despesa ser decretada, fixando cotas trimestrais de 
gastos. Nada no setor público pode ser adquirido, reformado ou rea-
lizado sem licitação, processo administrativo que tem por finalidade 
verificar, entre vários fornecedores, aqueles que ofereçam preços e 
condições mais baixos.
  Empenho: refere-se ao terceiro estágio da despesa e consiste na obriga-
ção de pagamento, ou seja, empenhar uma despesa consiste na emissão 
de um documento chamado de Nota de Empenho.
  Liquidação: é a verificação do direito adquirido pelo credor tomando 
como base os documentos que comprovam o crédito. Tem por finalidade 
verificar a origem e o objeto de pagamento e a quantia exata a ser paga. 
Para ser liquidado (pago) deve-se ter em mãos o contrato, a nota de 
279Déficit
empenho e o comprovante de que o serviço ou o material foi executado 
e entregue, respectivamente.
  Suprimento: estágio que se refere à entrega do pagamento, pelo te-
souro Público, para os agentes públicos pagadores, ou seja, os agentes 
pagadores recebem o montante para liquidar os empenhos. 
  Pagamento: último estágio da despesa, quando a dívida é liquidada, ou 
seja, quando o credor comparece diante do pagador e recebe seu crédito. 
Orçamento público é o instrumento no qual as receitas e despesas do 
governo são apresentadas para determinado período (um ano), e que deve ser 
aprovado e documentado oficialmente. Nesse documento, devem estar presentes 
a previsão de todas as receitas que serão arrecadadas dentro de determinado 
exercício financeiro e todos os gastos que foram autorizados aos governos 
executarem. Esse documento é obrigatório de deve ser elaborado anualmente. 
São instrumentos oficiais do orçamento público o Plano Plurianual (PPA), a Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) (INSTITUTO DE ESTUDOS 
SOCIOECONÔMICOS,2006).
Crédito público é um dos meios pelo qual o Estado pode obter receita 
pública, seja por meio de empréstimos junto a entidades públicas ou privadas, 
nacionais, estrangeiras ou internacionais ou, emitindo títulos e colocando-os 
junto aos tomadores privados de um determinado mercado, que também é 
uma forma de empréstimo público.
Déficit público
Você já deve ter visto em reportagens que as contas públicas não fecham. O 
que acontece é que o Governo tem gasto mais do que arrecada, suscitando um 
conceito que gera bastante confusão: o défi cit público, que vem acompanhado 
de adjetivos com signifi cados diferentes. 
Déficit público é a diferença entre todos os gastos orçamentários e todas 
as receitas (financeiras e não financeiras) arrecadadas pelo Governo, ou 
Déficit280
seja, temos déficit público quando o Governo gasta mais do que arrecada. 
Normalmente, o déficit é expresso como uma porcentagem do Produto Interno 
Bruto (PIB) para que possa ser comparado com o déficit de anos anteriores, 
entre diferentes países, além de permitir verificar o valor excedido da despesa 
de cada país, comparado ao valor da produção (MONTEIRO SOBRINHO; 
OLÍMPIO; MONOLESC, 2006).
Dessa forma temos:
D = Gt − Rt
Onde: 
D = o déficit público.
Gt = gastos públicos em determinado período de tempo (t).
Rt = receitas públicas em determinado período de tempo (t).
Para reduzir os efeitos da crise internacional, os governos implementam 
políticas fiscais e monetárias para aumentar sua influência econômica, levan-
tando discussões sobre o aumento do déficit das contas públicas. 
Em 2009 o Brasil fechou o primeiro trimestre com déficit nominal de R$ 17,8 bilhões, 
o que na época correspondeu a 2,57% do PIB (EUZÉBIO, 2009). 
Na avaliação da situação financeira de um país são considerados alguns 
conceitos de déficit/superávit, que você verá a seguir.
O déficit primário ou fiscal ocorre quando os gastos do governo são maiores 
que a arrecadação vinda dos impostos em determinado período. 
DP = Gasto fiscal > Receita total
Dessa forma, o resultado primário indicará se os níveis de gastos orça-
mentários do governo são compatíveis com suas arrecadações, ou seja, se as 
receitas não financeiras são capazes de suportar as despesas não financeiras. 
Veja a metodologia do cálculo acima da linha:
Resultado primário = Receitas não financeiras − Despesas não financeiras
281Déficit
O cálculo acima da linha é uma das duas formas de apuração dos resul-
tados fiscais, e significa a diferença entre as receitas e as despesas do setor 
público. O resultado fiscal é apurado pela diferença entre fluxos, permitindo 
melhor acompanhamento da execução orçamentária por meio do controle das 
receitas e despesas.
Receitas financeiras: são aquelas obtidas nas operações de crédito internas e externas, 
na aquisição de títulos de capital, de aplicações financeiras, de juros, de amortizações 
e do superávit financeiro.
Receitas não financeiras: dizem respeito ao total da receita orçamentária menos as 
operações de crédito, sem o envolvimento de juros. 
Dessa forma, o déficit primário, que mede o desempenho fiscal, é a diferença 
entre as despesas e as receitas não financeiras, ou seja, ele demonstra a correta 
situação fiscal do governo, uma vez que permite uma simples comparação 
entre a receita e a despesa que o setor público tem para manter o Estado 
funcionando (MONTEIRO SOBRINHO; OLÍMPIO; MONOLESC, 2006).
A partir do conceito de resultado primário, podemos ter as seguintes si-
tuações (TEIXEIRA, 2014):
  RNF > DNF = Superávit primário (significa que os recursos são suficien-
tes para o pagamento das despesas não financeiras e os compromissos 
provenientes de operações financeiras, como juros e amortizações).
  RNF < DNF = Déficit primário (significa que os recursos para paga-
mento das despesas não financeiras são insuficientes e que há, portanto, 
necessidade de recorrer a operações de crédito para pagar as despesas, 
aumentando, então, o grau de endividamento).
  RNF = DNF = Resultado nulo (significa que terá recursos para o paga-
mento de juros e amortização de suas operações de crédito).
O déficit nominal ou total é a receita pública menos a despesa pública, 
incluindo os gastos que o Governo tem com juros e correção monetária de 
empréstimos que precisou contrair para pagar essa diferença entre gasto e 
receita ou vendeu títulos da dívida pública e precisa pagar juros por isso. 
Déficit282
DN = Receita total − Gasto fiscal + juros/cm
Essa diferença é chamada de necessidade de financiamento do setor público 
(NFSP), ou seja, corresponde à quantidade de empréstimos aos quais o Governo 
precisa recorrer. Dessa forma, o resultado nominal pode ser considerado como 
a própria NFSP. Por meio desse cálculo, é possível identificar a necessidade 
ou não de empréstimos junto a instituições financeiras/ou setor privado para 
fazer face aos seus gastos.
O resultado nominal é obtido acrescentando os valores pagos e recebidos de 
juros nominais (juros líquidos) obtidos de operações financeiras, ao resultado 
primário; observe a Tabela 1.
Resultado primário +$100
Conta de juros
Valores recebidos de juros nominais +$10
Valores pagos de juros nominais −$20
Resultado nominal +$90
 Tabela 1. Resultado nominal. 
A partir do conceito de resultado nominal, você pode observar as seguintes 
situações (TEIXEIRA, 2014):
  RP > conta de juros = superávit nominal (significa que os recursos 
para o pagamento de suas dívidas decorrentes de operações de crédito 
contraídas anteriormente serão suficientes, havendo efetiva redução 
do grau de endividamento). 
  RP < conta de juros = déficit nominal (o resultado primário não é sufi-
ciente para cobrir os juros de operações de crédito, havendo necessidade 
de contrair novos empréstimos para cobrir a conta de juros).
  RP = conta de juros = resultado nulo (significa que a receita foi suficiente 
para pagar os juros das operações de crédito contraídas, e, portanto, 
manteve constante o grau de endividamento).
Veja a metodologia para o cálculo abaixo da linha:
283Déficit
Resultado nominal = (dívida fiscal líquida do exercício) − (dívida fiscal 
líquida do exercício anterior), sendo que, caso o resultado seja positivo = 
superávit, e caso negativo = déficit
O cálculo abaixo da linha é a outra forma de apuração dos resultados 
fiscais, e significa a variação da dívida líquida total, interna ou externa do 
setor público. A partir dos saldos da dívida pública, é possível identificar 
a necessidade de financiamentos e destacar as fontes de financiamento do 
setor público.
É por meio dos indicadores de resultado primário e resultado nominal que 
se pode avaliar a sustentabilidade da política fiscal de determinado governo.
O déficit operacional é a necessidade de financiamento do setor público, 
sem os efeitos da correção monetária e cambial nas despesas e nas receitas. 
Portanto, o resultado operacional é o resultado nominal sem a parcela refe-
rente à atualização monetária da dívida líquida. É uma medida utilizada em 
períodos de inflação alta, uma vez que exclui o impacto da inflação sobre a 
NFSP. A atualização monetária repõe a parcela do estoque da dívida que foi 
corroída devido à variação dos preços. Em países com inflação baixa, em 
que a correção monetária é pouco expressiva, esse resultado não é relevante, 
pois tende a ser próximo do resultado nominal (TEIXEIRA, 2014). Observe 
a expressão detalhada no Quadro 1.
DN = G − T + rD 
Onde:
r = taxa real de juros.
D = estoque de dívida pública
 Fonte: Banco Central do Brasil (2016). 
Resultado nominal = variação da dívida fiscal líquida
Resultado operacional = resultado nominal - atualização monetária
Resultado primário = resultado nominal - juros nominais = resultado operacional - 
juros reais
Juros nominais = juros reais + atualização monetária
 Quadro 1. Resultados nominal, operacional e primário, e juros nominais. 
Déficit284
O déficit orçamentário ocorre quando a despesa é maior do que receita 
e há diferençaentre déficit previsto no orçamento e o déficit da execução 
orçamentária. Já o déficit previdenciário é a diferença entre o que o Governo 
arrecada de contribuição para a manutenção da Previdência Social e o valor 
pago em benefícios.
Na avaliação das contas externas, os principais conceitos são (EUZÉBIO, 
2009):
  Déficit comercial: diferença entre a receita com exportações e os gastos 
com importações. Ocorre quando o país importa mais do que exporta, 
gerando um déficit na balança comercial.
  Déficit em conta corrente: considera o resultado da balança comer-
cial, da balança de serviços e de transferências unilaterais, isto é, se 
a totalização desses resultados supera a entrada de divisas, há déficit 
em conta corrente.
O déficit público é o excesso de gastos do governo sobre a arrecadação, estimulando 
a condição para que seja criada a dívida pública. No entanto, não é sinônimo da 
dívida, pois, pode ser financiado por meio do aumento dos tributos ou pela criação 
de moeda (GARSELAZ, 2000).
Dimensões do déficit público: características 
ocultas e mecanismos de financiamento
Ainda que défi cit seja gastar mais do que se arrecadar, existem certas nuan-
ces que estão ocultas e que são fundamentais para determinar suas causas e 
avaliar a política fi scal. Veja os fatores ocultos na defi nição de défi cit (LEITE, 
2000, p. 233): 
1. Os métodos de financiamentos utilizados; 2. A contribuição de déficits 
passados para déficit atual; 3. O impacto das dívidas interna e externa 
sobre o déficit; 4. A necessidade de emissão de moeda; 5. O efeito da 
inflação sobre a receita e dispêndio do governo; 6. O efeito de variações 
285Déficit
na taxa de juros; 7. A cobrança de imposto inflacionário; 8. A existência 
de erros e omissões nas contas governamentais. 
Com o aumento da participação do país na atividade econômica, o dé-
ficit aumenta e obriga o Governo a buscar financiamento para arcar com 
seus gastos. Para isso, ele pode recorrer a três procedimentos: impostos, 
criação de dinheiro e emissão de dívida pública (TROSTER; MOCHÓN 
MORCILLO, 1999). 
Em 2015, o setor público registrou déficit primário de R$ 111,2 bilhões 
(1,88% do PIB). O acumulado em 12 meses até junho de 2016 resultou em um 
déficit de R$151,2 bilhões (2,51% do PIB). Para 2016, de acordo com a LDO, 
foi previsto um déficit primário de R$ 163,9 bilhões. Observe, na Figura 1, o 
resultado primário do setor consolidado desde 2002.
Figura 1. Resultado primário do setor público.
Fonte: Banco Central do Brasil (2016).
LDO: compreende as metas e as prioridades da administração pública federal, incluindo 
as despesas de capital para o próximo exercício financeiro. Orienta a elaboração da LOA, 
dispõe sobre as alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação 
das agências financeiras oficiais de fomento (BRASIL, 2017).
Déficit286
Apesar de os impostos serem uma forma natural de financiar os gastos 
públicos, apresentam limitações, pois, na existência de déficit, não são su-
ficientes para cobrir os gastos e não podem ser aumentados em situação de 
recessão, porque isso agravaria a situação econômica do país. 
A criação de dinheiro é uma possibilidade para enfrentar o déficit público. 
No entanto, apesar de o Banco Central do Brasil (BACEN) ser o responsável 
pela emissão de dinheiro, essa criação não é tão simples quanto parece. Seria 
necessário adotar uma política monetária expansiva, que poderia acarretar 
efeitos contrários à economia do país, além de causar o aumento da inflação 
e a perda do valor do dinheiro.
A emissão de dívida pública é outra possibilidade para financiar os gastos 
públicos. Nela, o Governo coloca a venda Letras do Tesouro Nacional (títulos 
de renda fixa). No entanto, essa medida pode reduzir as possibilidades de 
financiamento da iniciativa privada e contribuir para o aumento da taxa de 
juros, uma vez que os fundos financeiros não são limitados. A esse fenômeno 
dá-se o nome de efeito deslocamento da atividade econômica privada para o 
setor público.
Cabe ressaltar que o déficit público causa impactos consideráveis sobre o 
comportamento da economia, por exemplo, efeitos sobre o produto nacional, 
sobre o nível de geração de empregos e de preços. Essa é uma preocupação 
básica da teoria macroeconômica e objeto das controvérsias existentes entre 
as escolas de pensamento econômico (LEITE, 2000). 
Na verdade, o crescimento econômico nos últimos anos ficou abaixo das 
expectativas, tanto nas economias avançadas como nas emergentes. Os fa-
tores que impactam no desempenho econômico de todo o mundo estão mais 
complexos, combinando tendências demográficas, diminuição do crescimento 
da produção e ajustes no preço de ativos importantes. No Brasil, era esperado 
que a atividade econômica continuasse negativa, apesar de mais promissora 
do que a forte recessão verificada em 2015 (-3,7%), conforme você pode ver 
na Figura 2.
287Déficit
Figura 2. Evolução das projeções de mercado para PIB e IPCA.
Fonte: Banco Central do Brasil (2016). 
Há diferentes mecanismos de financiamento do déficit, os quais, de uma 
forma geral, geram os mesmos resultados, quando aplicados como instrumento 
de financiamento de uma política monetária expansionista, atendida a premissa 
de preços constantes.
Os efeitos macroeconômicos da demanda agregada, em uma situação 
de déficit, dependem da própria interação entre esses elementos, isto é, a 
demanda e oferta agregada. Há uma corrente que defende que, como regra 
geral, o déficit público tenha o poder de alavancar os indicadores de produto 
nacional e emprego, causando, em contrapartida, a inflação. Fatores de escala 
quanto ao produto e ao nível geral de preços influenciam e são influenciados 
pelo grau de ocupação e emprego da economia, bem como da magnitude do 
déficit e da dívida pública. Também tem influência a reação pública à política 
econômica estabelecida pelo governo. 
Não há consenso sobre os efeitos e a influência desses fatores e suas mag-
nitudes, justificando e explicando, assim, as diferentes escolas de pensamento 
econômico, muitas vezes conflitantes.
Em 2015, o total de juros nominais que incidiram sobre a dívida líquida 
totalizou R$ 501,8 bilhões (8,50% do PIB). O acumulado em 12 meses até 
junho de 2016 totalizou R$449,2 bilhões (7,45% do PIB). Em relação às NFSP 
ou ao resultado nominal, somaram R$ 613,0 bilhões (10,38% do PIB), em 
2015, e o acumulado em 12 meses até junho de 2016 foi de R$ 600,5 bilhões 
(9,96% do PIB). 
Na Figura 3 e na Tabela 2, você verá a evolução das NFSP, dos juros 
nominais apropriados e do resultado primário desde 2003.
Déficit288
Figura 3. Resultado primário, resultado nominal e juros nominais – fluxos acumulados em 
12 meses (até jun/16).
Fonte: Banco Central do Brasil (2016).
Fonte: Banco Central do Brasil (2016).
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Primário 3,69 3,74 3,15 3,24 3,33 1,94 2,62 2,94 2,18 1,72 –0,57 –1,88
(+) Juros Nominais 6,56 7,28 6,72 5,98 5,13 5,13 5,03 5,41 4,45 4,68 5,48 8,50
= NFSP 2,88 3,54 3,57 2,74 1,99 3,19 2,41 2,27 2,27 2,96 6,05 10,38
 Tabela 2. Resultado primário, resultado nominal e juros nominais – fluxos acumulados 
em 12 meses (até jun/16). 
Aprofunde seu conhecimento sobre déficit e NFSP 
com o texto de Guimarães (1992), disponível no link 
ou código a seguir.
https://goo.gl/qmCTjF
289Déficit
https://goo.gl/qmCTjF
1. A atividade financeira do Estado 
diz respeito ao desempenho de 
atividades politicas, econômicas e 
administrativas e consiste também 
na obtenção, criação, gestão e 
despendimento do dinheiro, 
indispensável para atender as 
necessidades da sociedade, cuja 
satisfação é de responsabilidade de 
pessoas de direito público. Nesse 
contexto estão envolvidos métodos, 
princípios e processos financeiros 
por meio dos quais as três esferas 
de governo desempenham suas 
funções. O papel no qual o governo 
executa políticas econômicas 
visando a promoção de empregos, 
o desenvolvimento e a estabilidade, 
dizrespeito a que função? 
a) Função de obtenção.
b) Função de alocação.
c) Função distributiva.
d) Função administrativa.
e) Função estabilizadora.
2. A atividade financeira é desenvolvida 
em quatro áreas sendo a despesa 
pública, uma delas, definida 
como os gastos do governo 
ou de outra pessoa de direito 
público para manter os serviços 
públicos. A despesa pública 
percorre seis estágios. Como é 
chamado o estágio onde se verifica 
o direito adquirido pelo credor 
com base em documentos que 
comprovam o crédito? 
a) Empenho.
b) Licitação.
c) Liquidação.
d) Programação da despesa.
e) Suprimento.
3. O déficit público é a diferença entre 
todos os gastos orçamentários 
e todas as receitas financeiras e 
não financeiras arrecadadas pelo 
governo. Ou seja, o déficit público 
acontece quando o Governo gasta 
mais do que arrecada. Na avaliação 
da situação financeira de um país 
são considerados alguns conceitos 
de déficit. Como é chamado o 
déficit que corresponde à receita 
pública menos a despesa pública, 
incluindo os gastos que o governo 
tem com juros e correção monetária 
de empréstimos que precisou 
contrair para pagar essa diferença 
entre gasto e receita? 
a) Déficit operacional.
b) Déficit nominal.
c) Déficit orçamentário.
d) Déficit primário.
e) Déficit comercial.
4. A necessidade de o Governo recorrer 
a empréstimos decorre do fato de 
suas despesas serem maiores que 
sua arrecadação com tributos, taxas 
e contribuições. Esses empréstimos 
correspondem ao valor da diferença 
entre receita e despesa. Como é 
chamada essa diferença? 
a) Juros reais.
b) Variação da dívida fiscal líquida.
c) Juros nominais.
d) Atualização monetária.
e) Necessidade de financiamento 
do setor público.
5. Com o aumento da participação 
do país na atividade econômica o 
déficit aumenta e obriga o governo 
a buscar financiamento para 
arcar com seus gastos. Para isso 
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existem diferentes mecanismos. 
Qual o mecanismo que é uma 
forma natural de financiar os 
gastos públicos mas que não são 
suficientes para cobrir os gastos 
e não podem ser aumentados 
em situação de recessão, 
pois, isso agravaria a situação 
econômica do país? 
a) Impostos.
b) Criação de dinheiro.
c) Aumento de preços.
d) Emissão de dívida pública.
e) Variações na taxa de juros.
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Leituras recomendadas
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http://livrosgratis.com.br/cp056644.pdf
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