Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SÍNTESE CRÍTICO-REFLEXIVA CASO MOTIVADOR 1: Compreender os direitos e deveres de um médico diante de um óbito: Nesse objetivo, é importante pontuar que o médico não pode assinar nada que não foi ele quem fez, ser perito ou auditor do próprio paciente, bem como de qualquer outra pessoa que tenha relações capazes de interferir em seu julgamento. Além disso, as perícias devem ser realizadas em locais apropriados para tais ações e o perito não pode receber gratificações pelo trabalho prestado. Em âmbito penal, o médico não pode se recusar a fazer uma perícia, a não ser por força maior, como: “se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo;” entre outros casos. Essa distinção entre direito penal e civil é muito complexa, apesar de ver várias definições ainda me confundo. É importante pontuar, inicialmente, que a finalidade da perícia é produzir provas. Dessa maneira, existem vários tipos de perícia. A perícia médico-legal é feita pelo médico-legista do IML. Isso foi um ponto de bastante discussão na tutoria, pois gerou algumas dúvidas, mas o que eu gravei foi: existem vários peritos, mas apenas o perito médico do IML é chamado de “legista”. No caso de morte violenta, a responsabilidade pela morte - declaração de óbito, perícia e afins - é do Instituto Médico-Legal (IML) de cada cidade. Nos municípios que não possuem esse serviço, é solicitado de outra cidade. No entanto, se ainda não for possível, o juiz pode nomear um perito para ser responsável pelo caso. Nesses casos em que não há perito do IML para definir a causa da morte em morte violenta, necessita-se de duas pessoas com ensino superior escolhidas pelo juiz para exercer a função, a qual pode ser negada, desde que tenha uma justificativa plausível, dentro do prazo estipulado. A justificativa por falta de conhecimento não é aceita em casos de perícia penal. Dentre os deveres do perito, podemos citar: dever de informação, de atualização profissional, de abstenção de abusos, de vigilância, de cuidado e de atenção. Já em casos de morte natural, em que não há marcas de agressão, o corpo é encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), entretanto, não são todas as cidades que possuem. Nesses casos, o próprio médico assistente pode atestar o óbito sem a necessidade de passar por perícia médica (anexo 1). A Declaração de Óbito (DO) é o documento-base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Ela é composta por nove blocos de informações de preenchimento obrigatório. A primeira parte é preenchida exclusivamente pelo Cartório de Registro Civil. A segunda contém a identificação do falecido e o médico deve dar especial atenção a ela devido a importância jurídica do documento. A terceira corresponde ao endereço habitual do morto. A quarta, o local do óbito. A quinta é específica para óbitos fetais e de menores de um ano de idade e corresponde a dados extremamente importantes para estudos da saúde materno-infantil. A sexta parte deve conter as condições e causas do óbito, destacando-se os diagnósticos que levaram à morte. Na sétima parte é onde são colocados os dados do médico que assinou a DO. Os campos da oitava parte devem ser preenchidos sempre que se trata de mortes violentas. A última (nona) deve ser preenchida em localidade onde não haja médico. Nessa ocasião, o registro oficial deve ser feito por duas testemunhas. Atestado de óbito O atestado de óbito não deve ser assinado em branco, evitar uso de abreviaturas, ser escrito em letra legível. O médico, quando não legalmente autorizado, não deve assinar atestado de óbito em causa de morte violenta. Deve-se, ainda, evitar como causa básica certas expressões como parada cardíaca, pois como falamos em tutoria, todos morrem de parada cardiorrespiratória. Decálogo do perito: O primeiro item diz respeito ao dever de atuar com a ciência do médico, a veracidade da testemunha e a equanimidade do juiz. O segundo diz “é necessário abrir os olhos e fechar os ouvidos”, o que quer dizer que o perito não se deve influenciar pelos comentários de outras pessoas e estar atento a tudo o que vê. O terceiro leva em consideração ao fato que na clínica, é comum pensarmos mais no mais prevalente, entretanto, na medicina legal, os casos raros não são tão raros assim, e devem ser pontuados com igual nível de importância. O quarto alerta o perito para que desconfie dos sinais patognomônicos, uma vez que é fundamental juntar o maior número de elementos possíveis para uma determinada conclusão. No quinto item é dito que o perito deve seguir o método cartesiano e no sexto que não se deve confiar na memória. Isso quer dizer que à medida que observa, faz as devidas anotações, assim, as referências serão mais exatas. “Uma necropsia não pode ser refeita” é o que está escrito no sétimo item, ou seja, ao final da necropsia, não deverá restar dúvidas, a fim de evitar perícias sucessivas. O oitavo diz: pensar com clareza para esclarecer com precisão. Neste sentido, os peritos devem concluir um fundamento lógico e uma coerência de fatos, evitando as contradições. O penúltimo fala que a arte das conclusões consiste nas medidas, ou seja, a descrição deve ser feita o mais semelhante possível do real para que qualquer pessoa que leia tenha a mesma impressão de quem de fato escreveu. Por fim, “A vantagem da Medicina Legal está em não formar uma inteligência exclusiva e estritamente especializada.” Além deste, existe também outro decálogo, o chamado “decálogo ético do perito''. Os postulados são: evitar conclusões intuitivas e precipitadas; falar pouco e em tom sério; agir com modéstia e sem vaidade; manter segredo exigido; ter autoridade para ser acreditado; ser livre para agir com isenção; não aceitar a intromissão de ninguém; ser honesto e ter vida pessoal correta; ter coragem para decidir; ser competente para ser respeitado. Antropologia: A antropologia nos auxilia a identificar um corpo. Primeiramente, precisamos estabelecer alguns conceitos. O ato de reconhecer é quando uma pessoa, a partir de uma imagem prévia, identifica o indivíduo em questão. É normalmente feita por um parente da vítima. O conceito de identidade consiste em um conjunto de características que individualizam uma pessoa ou uma coisa, tornando-a distinta das demais. Já a identificação é o conjunto de características adquiridas de forma científica, a qual normalmente é feita pelo perito. A forma de identificação deve contemplar alguns conceitos, tais como: unicidade, imutabilidade, perenidade, praticabilidade, classificabilidade. A única forma de identificação que contempla todos os itens anteriores é a dactiloscopia. É incrível como podemos determinar algumas características da pessoa apenas com alguns dados de partes dela. Para determinarmos a espécie, por exemplo, analisamos os canais de Havers presentes nos ossos, os quais são em menor número nos homens e mais largos do que nos animais, e, através do sangue podemos buscar cristais de teichmann. Quanto à raça, existem 5 tipos étnicos fundamentais: caucásico, mongólico, negroide, indiano, australoide. Os elementos de caracterização da raça que podem ser utilizados são: forma do crânio, índice cefálico, índice tibiofemoral, índice radioumeral, ângulo facial e anatomia dentária. Quanto ao sexo, existem várias formas de determinar: morfológico (fenótipo), cromossomial (XX ou Xy), gonadal (ovários ou testículos), cromatínico (corpúsculo de Barr), genitália interna, genitália externa (registro civil), jurídico, de identificação/psíquico/comportamental (identificação o indivíduo faz de si próprio e que se reflete no comportamento), médico-legal (perícia médica nos portadores de genitália dúbia ou sexo aparentemente duvidoso). Os elementos que podem ser utilizados são: ossos da pelve, características do crânio (anexo 2), disposição de pelos, características externas, órgãos genitais e gonadais,mandíbula e tórax. Em relação a idade, é possível estimar pela aparência, presença ou ausência de pelos, pelo globo ocular através da presença do arco senil (geralmente aparece em pessoas de mais idade com algumas patologias), contagem dos dentes, radiografia da mão e punho direitos, suturas cranianas e ângulo mandibular. Para estimar a estatura, utilizam-se os ossos do fêmur e da tíbia, além de adicionar 4 a 6 cm, dado ao desgaste, couro cabeludo e discos vertebrais. Aspectos odontológicos também podem ser úteis para identificação. Além disso, identificação de características individuais, como os nevo, as manchas, as verrugas, tatuagens, cicatrizes… Enfim, todo e qualquer sinal único daquele indivíduo são úteis para identificação. Outros métodos menos utilizados é a identificação através do pavilhão auricular, o qual apresenta características individuais que persistem pela vida inteira, exame de DNA - pouco utilizado devido ao alto custo e necessidade de comparação com um parente próximo - e impressão digital, a qual é mais utilizada pelos policiais. REFERÊNCIAS: FRANÇA, Genival Veloso de. Fundamentos de Medicina Legal, 3ª edição. Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040-040: Grupo GEN, 2018. 9788527733373. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733373/. Acesso em: 21 May 2021 ANEXOS: ANEXO 1: ANEXO 2: -
Compartilhar