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1 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 1 Imunologia Clínica Reações de Hipersensibilidade – Tipo II 1. Introdução ▪ De modo geral, as reações de hipersensibilidade correspondem a eventos imunológicos nos quais se verifica uma exacerbada estimulação dos processos inflamatórios, o que, entre outros aspectos, promove danos celulares e/ou teciduais ao organismo. ▪ Os efeitos deletérios de tais reações, por sua vez, são majoritariamente oriundos da liberação de citocinas pró inflamatórias, as quais atuam na gênese, no prolongamento e no agravamento do processo inflamatório, nesse caso especifico, não mais fisiológico, porem patológico. ▪ A depender do mecanismo imunológico enfatizado, tem diferentes classificações para essas reações. No material em pauta, focaremos na hipersensibilidade do tipo II, que é mediada por anticorpos e pelo sistema complemento. 2. Hipersensibilidade do Tipo II ▪ Também conhecida como ‘citotóxica’, esse tipo de hipersensibilidade tem sua reação iniciada a partir da ligação entre anticorpos – IgM, IgE e IgG – e a membrana celular ou a matriz extracelular de células do organismo. Também é possível que se verifique atuação do sistema complemento. 2 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 2 ▪ Os antígenos reconhecidos podem ser intrínsecos à células, como componentes celulares, ou podem ser moléculas exógenas, como metabólitos de alguma droga que foram absorvidos pelas células. ▪ Vejamos abaixo alguns dos principais mecanismos de ação desse tipo de hipersensibilidade. I. Interação entre anticorpos e células ▪ Em princípio, tem-se a ligação entre anticorpos (IgM ou IgG, majoritariamente), o que promove alteração conformacional da porção Fc dessas proteínas. Por conseguinte, verifica-se o reconhecimento dessa alteração por outros agentes do sistema imune, como células fagocitárias e componentes do sistema complemento. ▪ Como consequência da interação com células fagocitárias, por exemplo, tem-se inicio o processo de citotoxicidade celular mediada por dependência de anticorpos (antibody dependent cell mediated cytotoxicity – ADCC). Basicamente, os fagócitos, como neutrófilos, monócitos e macrófagos, ligam-se aos anticorpos IgM e/ou IgG, iniciando o processo de fagocitose e, também, de opsonização. ▪ Além disso, verifica-se a atividade do sistema complemento, que é ativado por IgM e por IgG, passando a atuar por meio da via clássica, notadamente com atuação dos componentes C3b e C4b. De modo geral, essas proteínas são depositadas na superfície das células já ligadas às imunoglobulinas ativadores – IgM e IgG – e passam a atuar 3 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 3 no processo de opsonização. Em suma, é um processo complementar e catalisador da atuação do sistema fagocitário imunológico. II. Interação entre anticorpos e matriz extracelular ▪ Anticorpos que são capazes de se ligar à matriz extracelular – membrana basal, por exemplo – podem atuar na ativação da via clássica do complemento, a qual sintetiza anafilotoxinas, como C5a, C4a, C3a, as quais recrutam neutrófilos e monócitos para o sitio inflamatório. A subsequente interação tende a produzir, por exemplo, espécies reativas de oxigênio (EROS), as quais atuam no agravo do processo inflamatório tecidual. III. Alterações da funcionalidade celular mediada por anticorpos 4 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 4 ▪ Em algumas situações, anticorpos se ligam a receptores de superfície celular sem que haja necessariamente ativação do sistema complemento ou ligação com fagócitos. ▪ Todavia, tal ligação tende a bloquear os receptores nos quais esses anticorpos se ligam, o que, por sua vez, impede a ligação com os ligantes naturais. ▪ Tal tipo de interação é característico de algumas patologias, podendo ser uma ligação estimulatória – Doença de Graves – ou inibitória – Miastenia Gravis. 3. Patologias – Hipersensibilidade Tipo II I. Anemia Hemolítica Autoimune ▪ Antígeno Alvo – Proteínas de membrana do eritrócito. ▪ Mecanismo da Doença – Opsonização e fagocitose dos eritrócitos. Lise mediada por complemento. ▪ Manifestação Clínica – Hemólise, anemia. II. Púrpura Trombocitopênica Autoimune ▪ Antígeno Alvo – Proteínas de membrana das plaquetas, como gpIIb e gpIIIa. ▪ Mecanismo da Doença – Opsonização e fagocitose de plaquetas. ▪ Manifestação Clínica – Sangramento. 5 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 5 III. Febre Reumática Aguda ▪ Antígeno Alvo – Antígeno da parede celular do estreptococo. Ocorre reação cruzada entre anticorpo e antígeno da parede miocárdica. ▪ Mecanismo da Doença – Inflamação e ativação de macrófagos. ▪ Manifestação Clinica – Miocardite, artrite. 6 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 6 IV. Miastenia Gravis ▪ Antígeno Alvo – Receptor de Acetilcolina. ▪ Mecanismo de Ação – Inibição da ligação de acetilcolina ao receptor. Regulação negativa do receptor. ▪ Manifestação Clínica – Fraqueza muscular, paralisia muscular. 7 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 7 V. Doença de Graves – Hipertireoidismo ▪ Antígeno Alvo – Receptor de TSH. ▪ Mecanismo de Ação – Estimulação dos receptores de TSH mediada por anticorpos. ▪ Manifestação Clínica – Hipertireoidismo. VI. Anemia Perniciosa ▪ Antígeno Alvo – Fator intrínseco das células gástricas parietais. 8 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 8 ▪ Mecanismo de Ação – Neutralização do fator intrínseco, absorção reduzida de vitamina B12. ▪ Manifestação Clinica – Eritropoiese anormal, anemia, sintomas neurológicos.
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