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Língua Brasileira de Sinais - Libras Aula 3 Língua Brasileira de Sinais - Libras Aula 3 Sumário 1 Língua de Sinais Brasileira - Libras 4 1.1 Principais Características da Libras 4 1.2 Alfabeto Manual da Língua de Sinais Brasileira 9 1.3 Datitologia 11 1.4 Sistema de Transcrição para Libras 14 1.5 Empréstimos Linguísticos 15 4 1 Língua de Sinais Brasileira - Libras 1.1 Principais Características da Libras Segundo TEMÓTEO (2008), ao invés de palavra, na Língua Portuguesa, tem-se o sinal na Libras. A respeito de sinal, diz que é um gesto que possui significado. O sinal é o fio condu- tor capaz de transmitir, propagar e difundir a “palavra” em suas diferentes realizações através das mãos, ele tem vida própria e, no geral, leva consigo uma semelhança que remete a forma ou coisa representada, tem a propriedade de reproduzir por seme- lhança o mundo real, como também, comunicar signos abstratos, independentemente de seu grau de subjetividade. Conforme FELIPE (1998, p.83), “O que é denominado de palavra ou item lexical, nas línguas orais-auditivas, é denomina- do sinal nas línguas de sinais”. Conforme o exemplo: Apito: Palavra ou item lexical. Ilustração referente a palavra-sinal. Ilustração do modo como o sinal é realizado. Fonte: CAPOVILLA & RAPHAEL (2001, p. 212) (Ilustração: Silvana Marques) O léxico de uma língua são as palavras que servem para nomear os seres, os objetos e a classificá-los simultaneamente. Assim, os sinais nas línguas sinalizadas, representam o léxico das línguas de sinais, uma vez que, representam um determinado 5 ser ou objeto. Os sinais da Libras são classificados em icônicos e arbi- trários. Os sinais icônicos são aqueles que se assemelham ao seu referente. Na maioria das vezes esta relação de iconicidade é es- tabelecida quando um sinal é criado na comunidade Surda, onde se busca resgatar uma imagem que torne o sinal mais concreto. Para BRITO (1998, p. 19,20), os sinais icônicos são “for- mas linguísticas que tentam copiar o referente real e suas carac- terísticas visuais”. São exemplos de sinais icônicos: sal, abra- ço e banana, que estabelecem uma relação com a forma e/ou o significado: 6 Sinais Icônicos Sal Abraço O sinal de “bana- na”é icônico por se assemelhar ao ato de descascar uma banana Fonte: CAPOVILLA & RAPHAEL (2001, p. 139, 268,1161) (Ilustração: Silvana Marques COUTINHO (2000:19) define os sinais icônicos como “aqueles que apresentam semelhanças físicas e geo- métricas com os seres representados”. Quanto aos sinais arbitrários a 7 autora diz que “são aqueles não apresentam tais semelhanças, que não dependem de regras”. Os sinais arbitrários, assim como as palavras das Línguas em geral, não estabelecem qualquer ligação com a forma ou sig- nificado do sinal, eles estão, na maioria dos casos, relacionados a conceitos abstratos, como é o caso dos sinais vontade e saúde, conforme o quadro abaixo: Sinais Arbitrários Vontade Saúde Fonte: CAPOVILLA & RAPHAEL (2001, p. 1329, 1170) (Ilustração: Silvana Marques A área da linguística que estuda os constituintes bá- sicos que formam os sinais é a fonologia, esta área se propõe a anali- sar como as unidades mínimas se combinam e quais as variações 8 que podem existir. Como sabemos as línguas de sinais e as línguas faladas, se articulam em modalidades diferenciadas, a primeira é oral-audi- tiva e a segunda gestual-visual. Mesmo com estas diferenças, a fonologia também tem sido utilizada para descrever e estudar os elementos básicos que formam os sinais, ou seja, os fonemas. Historicamente, entretanto, para marcar a diferença entre esses dois sistemas linguísticos, Stokoe (1960) pro- pôs o termo quirema para deno- minar as unidades forma- cionais dos sinais (Configuração de mão, locação e movi- mento) e, ao estudo de suas combinações propôs o termo quirologia (do grego mão). O dicionário Aurélio Buarque de Holanda apud Quadros (2004) define quirologia como a arte de conversar com as mãos por meio de sinais feitos com os dedos; dactilologia (QUA- DROS, p. 49, 2004). Posteriormente, um grupo de pesquisadores, incluindo Stokoe em outras edições (1978), adotou os termos fonema e fonologia, tendo em vista que estes agregam os princípios lin- guísticos para a modalidade gestual-visual. Estudando a composição dos sinais, Stokoe os dissecou e observou que eles eram formados por três unidades mínimas a qual ele chamou de parâmetros: Configuração de Mão (CM), Locação (L) e Movimento (M), analogamente, estas três unida- des seriam os fonemas nas línguas de sinais que se combinam para forma os morfemas. 9 Análises das unidades formacionais dos sinais, posterio- res à de Stokoe, sugeriram a adição de informações referentes à orientação da mão (Or) e aos aspectos não-manuais (NM) – expressões faciais e corporais (BATTISON, 1974, 1978 apud QUADROS, 2004). Dessa forma, as unidades mínimas de formação dos si- nais, os fonemas ou ainda, parâmetros da Língua de Sinais são: Configuração de mão (CM), Locação (L), Movimento (M), Orientação (Or) e Expressões Não-Manuais (NM). Estudaremos mais sobre as unidades mínimas ou parâme- tros com mais detalhes na unidade 4. Fique atento! 1.2 Alfabeto Manual da Língua de Sinais Brasileira O alfabeto manual também é um recurso usado quando não há um sinal próprio da Língua Brasileira de Sinais, ou seja, é feita uma soletração do português no espaço. Esse movimento envolve uma sequência de confi- gurações de mão que tem correspondência com a sequên- cia de letras escritas do português. A soletração manual é linear, sendo utilizada para “escrever no ar” palavras emprestadas das línguas auditivo-orais (GUARINELLO, p. 52, 2007). 10 Acompanhe agora através das figuras abaixo, o alfabeto manual. Letras FONTE: SILVA, 2007, p. 19. Números FONTE: SILVA, 2007, p. 19. 11 1.3 Datitologia Quando a palavra tem que ser em datilologia, então é con- veniente colocar em letra maiúscula e separada por hífens, para as pessoas saberem o que está escrito. A datilologia é usada ainda quando uma determina- da palavra em português não possui um sinal próprio, então é ne- cessário fazer soletração manual, seguida da explicação do con- teúdo semântico. Outro uso da datilologia é quando as pessoas ouvintes que ainda não possuem um sinal pessoal de identificação se apresen- tam, elas fazem uso da soletração manual para dizerem os seus nomes, ou seja, o signo que a representa. Em seguida, ela pode solicitar a um surdo que lhe conceda um sinal, processo também conhecido como “batismo”. Assim, sempre que estiverem conversando, não será mais necessário so- letrar o nome da pessoa com as letras do alfabeto o tempo todo, eles farão apenas aquele sinal representativo da pessoa. Geralmente quando os surdos se encontram o primeiro si- nal utilizado por eles, é o sinal de “OI” ou os cumprimentos como “BOM DIA”, “BOA TARDE” e “BOA NOITE”. Caso eles não conheçam ainda a pessoa, em seguida eles perguntarão o nome e a “batizarão” com um sinal. Observe os sinais abaixo de apresentação pessoal e de cumprimentos. 12 Fique atento, esses são os sinais essenciais para o primeiro contato com as pessoas surdas. Sinal de “OI” Fonte: (SILVA et all, p. 18, 2007). Ilustrado por: Sérgio Barbosa Júnior Sinal de “Tudo bem?” - Tudo bem? - Bem!! 13 - Eu sou ouvinte. - Eu uso Libras!! Fonte: (SILVA et all, p. 24, 2007). Ilustrado por: Sérgio Barbosa Júnior Sinais de “Bom dia”, “Boa tarde” e “Boa noite” Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Fonte: (SILVA et all, p. 24, 2007). Ilustrado por: Sérgio Barbosa Júnior 14 Formas de apresentação pessoal: “NOME?” Fonte: (SILVA et all, p. 17, 2007). Ilustrado por: Sérgio Barbosa Júnior Agora que você já conhece como as pessoas surdas se apresentam e se cumprimentam através da Libras. Vejamos ago- ra como acontece o processo de transcrição para Libras. 1.4 Sistema de Transcrição para Libras A escrita da língua de sinais ainda está em processo de pesquisae aceitação. Porém, algumas convenções já foram es- tabelecidas para tal. Apresentamos algumas dessas convenções citadas por Felipe apud Silva et all, p.15, 2007. 1.4.1 Os sinais em Libras serão representados por uma glosa (sistema de anotação) da Língua Portuguesa em letras maiúsculas. Exemplos: TRABALHAR, QUERER, NÃO-TER. 15 1.4.2 A datilologia é usada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não pos- suem um sinal, está representada pela palavra separada, letra por letra, por hífen. Exemplos: HOTEL I-T-A-G-U-A-Ç-U. 1.4.3 Na Libras não há desinências para gênero (mas- culino e feminino). O sinal,representado por palavra da língua portuguesa que possui marcas de gênero, está ter- minado com o símbolo @ para reforçar a ideia de ausên- cia e não haver confusão. Exemplos: EL@ (ela, ele), AMIG@S (amigos ou amigas). 1.5 Empréstimos Linguísticos Os empréstimos linguísticos, são expressões de outro país que são adotadas pelos falantes de determinada nacionalidade. Por exemplo, em português, fizemos o empréstimo linguístico da língua inglesa de palavras como: show, rock in roll, chock, equalization etc; estas palavras passaram a integrar o léxico do português. No caso da Língua de Sinais, segundo Battison apud Quadros (2004, p.88), “palavras do português podem ser em- prestadas à língua de sinais brasileira, via soletração manual, ou seja, através da “representação ortográfica do português en- volvendo uma sequência de configurações de mão que tem cor- respondência com a sequência de letras escritas em português”. Por exemplo, “o sinal de AZL ou AL é derivado da sole- tração manual. 16 A-Z-U-L, assim o sinal N-U-N é derivado da sole- tra- ção N-U-N-C-A, conforme ilustram os exemplos abaixo”. (QUADROS, p. 89, 2004). Azul Fonte: CAPOVILLA & RAPHAEL (2001, p. 254) (Ilustração: Silvana Marques Nunca Fonte: CAPOVILLA & RAPHAEL (2001, p. 964) (Ilustração: Silvana Marques) 1 Língua de Sinais Brasileira - Libras 1.1 Principais Características da Libras 1.2 Alfabeto Manual da Língua de Sinais Brasileira 1.3 Datitologia 1.4 Sistema de Transcrição para Libras 1.5 Empréstimos Linguísticos
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