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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Johnny César dos Santos Mestre em Estudos da Linguagem. Especialista em Língua Brasileira de Sinais. Graduado em Letras e Pedagogia. Possui vasta experiência como Tradutor e Intérprete de Libras e atua como Professor de Pedagogia e Libras do Instituto Federal do Sul de Minas. LIBRAS I 1ª edição Ipatinga – MG 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científi- co (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO O STATUS DA LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL ............................................ 7 1.1 RESGATANDO UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA .............................................................................................................. 7 1.2 AS LEGISLAÇÕES BRASILEIRAS – A LUTA DAS COMUNIDADES SURDAS .............. 9 1.3 O BILINGUISMO – UMA LUTA DAS COMUNIDADES SURDAS PELA EDUCAÇÃO E PELA LIBRAS. .......................................................................................................... 12 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 16 INTRODUÇÃO À LIBRAS .......................................................................... 21 2.1 O ALFABETO MANUAL E A DATILOLOGIA ........................................................... 21 2.2 OS PARÂMETROS DA LIBRAS ................................................................................ 24 2.3 OS CLASSIFICADORES .......................................................................................... 26 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 28 PARÂMETROS DA LIBRAS ........................................................................ 32 3.1 A CONFIGURAÇÃO DA MÃO (CM) .................................................................... 32 3.2 O PONTO DE ARTICULAÇÃO (P.A) ...................................................................... 33 3.3 O MOVIMENTO (M) .............................................................................................. 35 3.4 ORIENTAÇÃO (OR) ............................................................................................... 35 3.5 EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENMS) .................................................................. 37 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 39 OS CLASSIFICADORES ............................................................................ 43 4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 43 4.2 CLASSIFICADORES DESCRITIVOS ......................................................................... 43 4.3 CLASSIFICADORES ESPECIFICADORES ................................................................ 44 4.4 CLASSIFICADORES DE NÚMERO/ PLURAL ............................................................ 46 4.5 CLASSIFICADORES INSTRUMENTAIS ..................................................................... 47 4.6 CLASSIFICADORES DE CORPO ............................................................................. 48 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 51 PRIMEIROS SINAIS – VOCABULÁRIO ...................................................... 56 5.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 56 5.2 CUMPRIMENTOS (VOCABULÁRIO) ...................................................................... 56 5.3 CALENDÁRIO – DIAS DA SEMANA, MESES, ANOS - (VOCABULÁRIO) ............. 58 5.4 VERBOS ANTÔNIMOS – (VOCABULÁRIO) ........................................................... 61 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 64 CONSTRUINDO SENTENÇAS - ASPECTOS GRAMATICAIS ...................... 69 6.1 ORDENAÇÃO DAS SENTENÇAS EM LIBRAS ......................................................... 69 6.2 AS INTERROGATIVAS EM LIBRAS .......................................................................... 70 6.3 AS NEGATIVAS EM LIBRAS.................................................................................... 73 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 74 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 78 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 79 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 06 UNIDADE 04 6 CONFIRA NO LIVRO A Unidade I, aborda os aspectos históricos da Libras e das comunidades surdas brasileiras, bem as lutas e conquistas legais dos surdos, incluindo a luta por uma educação bilíngue e pelo status linguístico da Libras Para iniciar as discussões em torno da linguística da Libras, a Unidade II apresenta o alfabeto datilológico bem como aborda a base da formação de sinais, apresentando brevemente os parâmetros e os classificadores da Libras A Unidade III se aprofunda nos estudos sobre os cinco parâmetros da Libras e suas aplicações na constituição de um sinal A Unidade IV retoma, porém de forma mais detalhada o conceito de classificador, bem como apresenta os diversos tipos e suas exemplificações A possibilidade de ampliar o vocabulário, acontece na Unidade V. Nela é apresentado sinais básicos para um diálogo inicial, incluindo a apresentação de alguns verbos antônimos. Por fim, na Unidade VI, discute-sealguns aspectos sintáticos e morfológicos para a construção e enunciação de frases em Libras. Nesta unidade também é abordada a formação de sentenças interrogativas e negativas. 7 O STATUS DA LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL 1.1 RESGATANDO UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA A história da Libras – Língua Brasileira de Sinais, está intimamente ligada à história das comunidades surdas brasileiras. É importante ressaltar que línguas de sinais existem, ainda que não oficialmente, desde quando pessoas surdas existem, ou seja, desde o início da história humana. No entanto, até o século XV, os surdos eram considerados ineducáveis e consequentemente colocados à margem da sociedade, em muitas partes do mundo. No Brasil, um dos precursores da história da educação dos surdos e da Língua Brasileira de Sinais foi Ernest Huet, também conhecido como Eduard Huet, um educador surdo francês, que em 1857, a pedido de Dom Pedro II vem para o Brasil e funda a primeira escola para surdos do país. Escola essa que foi nomeada como Instituto de Surdos Mudos e que existe até hoje, localizada no Rio de Janeiro – RJ, e chamada atualmente de Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – nacional e internacionalmente conhecido, de fato, um marco na educação dos surdos brasileiros e consequentemente da Libras (INES, 2007). UNIDADE 8 Figura 1: Sede do Instituto Nacional de Educação de Surdos no Rio de Janeiro, projetada seguindo o estilo renascentista francês, pelo arquiteto Gustavo Lully, em 1915. Fonte: Cabral (2019, online) Assim, a mistura e uma inicial padronização entre a Língua de Sinais Francesa, apresentada por Huet, e os sinais já utilizados pelos surdos brasileiros do INES, deram início à construção da Libras que conhecemos hoje. Essa padronização de sinais tornou-se importantíssima, à época, para que os professores ouvintes do INES, conseguissem se comunicar com os alunos surdos. No entanto, em meio a esse progresso, um grande Marco negativo para o desenvolvimento da Língua Brasileira de Sinais se deu em1880 com o famoso Congresso de Milão, um congresso Internacional de Educação de Surdos, realizado em Milão na Itália. Neste congresso, foi instituído que as línguas de sinais deveriam ser banidas como instrumento de educação de surdos, sendo legitimado como o método mais adequado para a educação deles, o Oralismo. Desta forma, a exemplo de outras instituições de ensino para surdos espalhadas pelo mundo, o INES, adotou o método oralista como base para educação de seus alunos (INES, 9 2007). Porém, como evidência de que as Língua de Sinais são naturais e vivas (SKLIAR, 1999), mesmo com essa proibição no âmbito da educação, os surdos não deixaram de se comunicar usando as línguas de sinais nos dormitórios, nos refeitórios e nem mesmo quando retornavam para as suas respectivas comunidades. Assim, se por um lado essa proibição trouxe prejuízos ao progresso da língua de sinais brasileira, como instrumento de ensino, por outro lado, a língua ganha força pelo seu contínuo uso entre os sujeitos das comunidades surdas. A partir de 1980, a Libras vai ganhando destaque com o crescimento de pesquisas em torno da língua e da educação de surdos o que, consequentemente, gerou impacto nas legislações educacionais brasileiras. 1.2 AS LEGISLAÇÕES BRASILEIRAS – A LUTA DAS COMUNIDADES SURDAS Analisando a perspectiva histórica é apropriado afirmar que a Libras é um patrimônio das comunidades surdas brasileiras, isso porque sua origem, evolução, divulgação e perpetuação se deu e se dá graças às lutas travadas por essas comunidades e, por sua resistência em mostrar que a Libras, a exemplo das línguas de sinais espalhadas pelo mundo, são línguas vivas e ricas e que merecem galgar o seu status linguístico. Assim, tanto pelos estudos como pelo amplo uso da Libras, as comunidades surdas brasileiras foram marcando espaço e lutando por seus direitos legais, reivindicações essas que, mais tarde, prepararam o terreno para a oficialização da Libras a nível nacional. Vejamos alguns desses marcos legais em torno da Libras. Partindo da própria Constituição federal de 1988. Em seus artigos 205 e 208: 10 Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” [...] Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:[...] III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; [...] (BRASIL,1988). Podemos dizer que esses dois artigos foram as molas propulsoras para que as comunidades surdas embasassem a exigência do uso de sua língua pois, sendo a educação um direito de todos os brasileiros, inclui-se aí os sujeitos surdos. Assim, sendo a surdez, considerada uma deficiência (no ponto de vista médico), os surdos passam a exigir uma educação especializada, conforme previa a Lei. Esse direito a uma educação especializada foi ratificado anos a frente com a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDB, sancionada em 1996. Em seu quarto artigo, no 3º inciso garantia: “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1996, Art. 4º, Inciso III). Pesquisadores (ALBRES, 2011; PERLIN; STROBEL; 2006) e membros das comunidades surdas ficaram atentos também às Disposições Gerais da LDB que, desde sua implementação, rege sobre a responsabilidade da União na promoção e fomento da cultura indígena brasileira na oferta de educação bilingue, como forma de valorização de língua e cultura desses povos. Educação Bilingue passa a ser então uma das lutas das comunidades surdas, conforme veremos na próxima seção. Dando continuidade aos marcos legais ligados à educação dos surdos e da Libras, em 19 de dezembro de 2000, A lei 10.098 ficou conhecida como Lei da Acessibilidade., o que inclui a comunicacional. Dentre outros aspectos, esta lei traz em seu artigo segundo as seguintes definições: acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, 11 inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; [...] barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: [...] a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; [...] b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; [...] c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes; [...] d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação(BRASIL, 2000, Art. 3º, Grifo Nosso). Como bem delimitado, essa Lei visava promover a acessibilidade e eliminar barreiras. Assim, enquadrava-se às comunidades surdas as questões relacionadas às barreiras comunicacionais. Essa relação é claramente exposta na própria legislação que em seu artigo nono exemplifica a Libras como forma de comunicação entre os cidadãos brasileiros. Por fim, nessa esteira de legislações, como grande destaque histórico e legal das comunidades surdas brasileiras, temos em 2002 o sancionamento da Lei de Libras, nome pelo qual ficou conhecida a Lei nº 10.436 de 24 de dezembro de 2002. Nesta lei, a Libras é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão e 12 de uso corrente das comunidades surdas brasileiras. Em 2005, com o fim de regulamentar e possibilitar a efetivação da Lei da Libras, foi publicado o decreto número 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Este decreto, muito conhecido entre as comunidades surdas e pesquisadores da área da Libras, trouxe várias regulamentações dentre elas: a inserção da Libras como disciplina curricular em cursos de licenciatura e fonoaudiologia; a instituição da formação de professores de Libras; a garantia do uso e da difusão da Libras e da língua portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação; a formação de tradutor e intérprete de Libras. Sendo assim é possível afirmar que foi a partir dessas duas últimas legislações que a Libras ganhou, legalmente, o status de Língua, frisamos que legalmente, pois historicamente a Libras já tinha esse status pelas comunidades surdas e pesquisadores da área. Como efeito dessas conquistas legais, pode-se dizer que a partir daí acontece um “boom” no campo dos estudos linguísticos da Libras, explosão está marcada pela implementação do primeiro curso, a nível de graduação, em Letras – Libras (licenciatura), ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 2006. 1.3 O BILINGUISMO – UMA LUTA DAS COMUNIDADES SURDAS PELA EDUCAÇÃO E PELA LIBRAS. Retomando as questões relacionadas às conquistas legais das comunidades surdas brasileiras, uma educação bilingue começou a ser pauta das conversas, lutas e reivindicações das comunidades, em especial pelo exposto no decreto Decreto nº 5.626 (BRASIL, 2005, Art. 22), que em seu capítulo IV cita a organização de "escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental [...]". Essa educação bilingue referida na legislação se assemelha às conquistas das comunidades indígenas no que tange a ter acesso à educação em sua língua natural e, consequentemente, aprender o português. 13 Porém, cabe aqui uma pergunta, o que é o bilinguismo quando se fala de educação de surdos? Quais os aspectos a serem levados em consideração ao se pensar uma educação bilingue? Para responder essas perguntas, podemos primeiramente retomar a etimologia da palavra bilingue e sua significação. Segundo o dicionário Michaelis (2021, on-line), a palavra BI-LIN-GUE, vem do latim bilingŭis e possui pelo menos duas definições: “Que faz uso de duas línguas” e “Que fala duas línguas”. Em outras palavras, no sentido literal, uma educação bilingue seria aquela que envolva duas línguas, a materna e uma segunda. No Brasil, temos exemplos de escolas bilingues de inglês/português, alemão/português, francês/português, por exemplo. No entanto, quando pensamos em educação de surdos, pensar em uma educação bilíngue envolve algumas reflexões. Muitos talvez se perguntem: Mas ter um intérprete de Libras em sala de aula já não garante uma educação bilingue? A resposta é não! Uma vez que, o que se anseia em uma educação bilingue para alunos surdos, não é apenas o contato com a Libras nas escolas, ou ter os conteúdos acessíveis através de uma tradução. Antes, o que se almeja é ter acesso aos conteúdos diretamente em sua língua, em outras palavras, a Libras, em uma escola bilingue, deve ser a língua de instrução. E por que esse é o anseio de muitos surdos brasileiros? Não seria essa uma forma de exclusão? Podemos responder essa pergunta às palavras de Sá (2011, p. 17-22): [...] a escola bilíngue específica para surdos tem seu valor ampliado pelo fato de que é o único tipo de escola que mais adequadamente pode configurar-se como um ambiente linguístico natural favorável à aquisição da língua de sinais [...] os surdos, bem como os estudiosos que defendem a escola específica para surdos, não querem a criação de guetos; querem a criação de espaços garantidos para que o surdo se torne mais rapidamente uma pessoa "bilíngue", e, para tanto, precisa de um ambiente linguístico natural para a aquisição de sua primeira língua, a partir do qual terá condições de desenvolver sua consciência metalinguística, ampliando as possibilidades de aprendizagem da segunda língua. No Brasil, já existem exemplos de escolas públicas bilingues (Rio de Janeiro, Distrito Federal, Fortaleza, São Paulo) que utilizam a Libras como língua de instrução 14 e português na modalidade escrita e que podem ser frequentadas por alunos surdos e alunos ouvintes que saibam ou estejam dispostos a aprender Libras. Neste tipo de escola, todos os professores devem ser bilingues e ministrar suas aulas (história, geografia, matemática...) em Libras. No entanto, a educação bilingue não é uma realidade acessível a todos os surdos brasileiros, pois, diferentemente das comunidades indígenas, os surdos estão espalhados por todo o brasil e, em muitos casos, eles representam uma baixa quantidade ou são únicos em idade escolar em sua região, o que impossibilita a oferta de uma educação em uma escola bilingue. Fora esse aspecto, outros aspectos precisam ser levados em consideração ao se falar de educação bilingue, dentre eles o contexto de aquisição da Libras, uma vez que muitos surdos aprendem a língua de sinais tardiamente (QUADROS, 2009). Isso porque a maior parte dos surdos brasileiros são filhos de pais ouvintes e, em muitos casos, são impedidos, por diversos fatores, de ter contato com a Libras por ocasião de sua primeira infância. Assim, antes de pensar em uma educação bilingue, é necessário garantir que as crianças surdas tenham contato com outros surdos e com a língua o mais cedo possível, como defendem os principais pesquisadores na área de educação de surdos (FERREIRA-BRITO, 1993; PERLIN, 1998; QUADROS, 2005; SKLIAR, 1997, 1999, 2001). Por tratar-se de um país de tamanho continental e de população com culturas diferentes, a diversidade está presente também entre os surdos brasileiros e isso se dá por questões de ordem social, geográfica, linguística, política, dentre outros fatores que tornam a cultura surda multifacetada (QUADROS, 2005). Justamente por essa diversidade que corretamente fala-se de comunidades surdas no Brasil, no plural, e, por isso, questões como a educação bilingue, um direito dessas comunidades, torna-se também um grande desafio. 15 16 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (CESPE/CEBRASPE) Considerando a filosofia bilíngue de educação de surdos, assinale a opção correta. a) A língua de sinais pressupõe a leitura labial. b) O professor deve, preferencialmente, ser usuário da LIBRAS ou bilíngue. c) O bilinguismo consiste na utilização simultânea da língua de sinais e da língua oral. d) Na perspectiva do surdo, a língua de sinais é sua segunda língua, e o português escrito, a primeira. e) A língua de sinais deve ser aprendida após a aquisição do português escrito. 2. (FEPESE) Quando se fala de educação bilíngue para surdos no contexto escolar tem-se como premissa que o surdo seja escolarizado em: a) Libras e na escritada língua portuguesa. b) Sinais caseiros e uma língua estrangeira oral. c) Sinais internacionais e na escrita do português. d) Leitura labial e produção da escrita da língua majoritária. e) Nas modalidades oral e escrita da língua portuguesa. 3. (IF- CE) De acordo com a Lei 10.436/02 e com o Decreto 5626/05, a) A modalidade escrita da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. b) A Libras deve ser ofertada como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de nível superior de licenciatura e bacharelado. 17 c) A lei 10.436/02 torna a Língua Brasileira de Sinais oficial da nação brasileira. d) Para o Decreto 5626/05, considera-se pessoa surda apenas aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio da Língua Brasileira de Sinais – Libras. e) A lei 10.436/02 assegura o ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – pcns. 4. (UFSM) Existem diferentes abordagens que orientaram práticas de ensino para os sujeitos surdos. Associe as abordagens na primeira coluna às definições na segunda coluna. (1) Oralismo (2) Bilinguismo (3) Comunicação Total ( ) Defende a utilização de diversos recursos e técnicas, tudo que facilite a comunicação da pessoa surda. ( ) Os adeptos dessa abordagem concordam que a língua de sinais favorece o aprendizado da língua escrita. ( ) Foi defendida em 1880, no Congresso de Milão. ( ) Defende a aprendizagem da língua de sinais como primeira língua e da língua oral na modalidade escrita como segunda língua. A sequência correta é a) 3 ‒ 2 ‒ 1 ‒ 2. b) 2 ‒ 3 ‒ 1 ‒ 1. c) 1 ‒ 2 ‒ 3 ‒ 1. d) 3 ‒ 1 ‒ 2 ‒ 2. e) 2 ‒ 1 ‒ 3 ‒ 2. 18 5. (UFES) O fato histórico que marca a implementação da filosofia oralista na educação de surdos a partir do final do século XIX é a) Realização do Setembro Azul. b) Fundação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. c) Fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos. d) Movimento em prol de uma Educação Bilíngue para surdos. e) Realização do Congresso de Milão. 6. (IBADE, 2020) A história da educação de surdos (...) evolui continuamente apesar de vários impactos marcantes, no entanto, vivemos momentos históricos caracterizados por mudanças, turbulências e crises, mas também de surgimento de oportunidades. (Strobel, 2009, p.3) Analisando o contexto histórico, o ano de 1857 é considerado por pesquisadores como um marco histórico para a Educação de Surdos do Brasil. A alternativa que define a importância da data para os estudos é: a) Primeiro registro formalizado que menciona sobre "Língua de Sinais". b) Criação de leis que permitiam o surdo de ingressar nas escolas, possuir ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos. c) A pedido do governo, viajou para a França, o professor do antigo Instituto, A. J. De Moura e Silva, para avaliar aquela decisão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo “método oralista puro". d) Encontro internacional para avaliação da decisão do Congresso Mundial de Professores de surdos que tinha ocorrido em Milão. e) Fundação da primeira escola para surdos no Brasil, o Instituto dos Surdos Mudos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES). 7. (SELECON, 2019 - adaptada) O primeiro fato histórico que contribuiu para a sistematização e organização da Língua Brasileira de Sinais foi: 19 a) A chegada do professor E. Huet no Brasil para criar uma escola para surdos b) A partida do professor E. Huet do país para ministrar aulas para surdos no México c) A ida do professor Thomas Gallaudet para a França para aprender como ensinar surdos d) A chegada de Thomas Gallaudet e do professor surdo Laurent Clerc no Estados Unidos e) A chegada dos franceses no Brasil. 8. (COPEVE – UFAL, 2019) O atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) foi criado em meados do século XIX por iniciativa do surdo francês E. Huet, tendo como primeira denominação Colégio Nacional para Surdos-Mudos, de ambos os sexos. O colégio começou a funcionar em 1º de janeiro de 1856, mesma data em que foi publicada a proposta de ensino apresentada por Huet. Essa proposta continha as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios. Ainda sobre o INES, assinale a alternativa correta: a) E. Huet realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de Paris. Ao finalizar os estudos, partiu para o Brasil para fundar o que seria a primeira escola para surdos na América, o INES b) A língua de sinais praticada pelos surdos no Instituto – de forte influência francesa, em função da nacionalidade de Huet – foi espalhada por todo Brasil pelos alunos que regressavam aos seus Estados ao término do curso c) O INES foi responsável pela chegada da Libras ao Brasil. Antes disso, outros sistemas gestuais já existiam, espalhados pelo Brasil, e os surdos se comunicavam através dos gestos com familiares e amigos. A partir do ensino da Libras pelo INES, os surdos começaram a desenvolver uma língua, de fato d) O INES é referência em educação de surdos no Brasil desde a sua inauguração, por levar em conta a língua de sinais, não se deixando influenciar por modelos 20 de educação que se distanciam da Libras, como o Oralismo, por exemplo e) Em 1980, o INES fechou as portas, devido às decisões tomadas no Congresso de Milão, referentes à proibição do uso das línguas de sinais. Somente em 26 de setembro de 1930, com o fim da república velha, o INES foi reinaugurado pelo então presidente Getúlio Vargas. 21 INTRODUÇÃO À LIBRAS 2.1 O ALFABETO MANUAL E A DATILOLOGIA Antes de começarmos a estudar sobre o Alfabeto Manual da Libras, é importante nos atentarmos para a significação da palavra ALFABETO. Em poucas palavras, o alfabeto trata-se de um conjunto de sinais gráficos, que conhecemos como LETRAS, as quais devidamente ordenadas podem formar palavras. Esses sinais gráficos representam os sons (fonemas). Existem diversos tipos de alfabetos pelo mundo (latino, grego, georgiano...). Vale lembrar que nem todas as línguas utilizam o alfabeto, a exemplo da língua chinesa que usa um sistema de escrita logografia. Essa contextualização se faz necessária para introduzirmos os nossos estudos sobre o alfabeto manual da Libras. E para tal, apresentamos a seguir o alfabeto manual da Libras também conhecido como alfabeto digital ou datilológico, justamente por utilizar os dedos: UNIDADE 22 Figura 2: Alfabeto Manual Da Libras Fonte: Autor (2021) É muito comum as pessoas que têm interesse pela Libras decorarem as configurações do alfabeto manual e dizerem que sabem um “pouquinho de Libras”. Afinal, será que o alfabeto manual é Libras? Em outras palavras, será que podemos dizer que sabemos Libras se aprendermos o alfabeto manual? A resposta é não! Neste sentido, é importante entendermos, como visto no capítulo anterior, que a Libras tem uma estrutura linguística própria, e, como veremos mais a frente, não se forma um vocábulo (sinal) na Libras apenas utilizando a junção de configurações manuais que representam as letras do português (GESSER, 2009). Sendo assim, o alfabeto manual trata-se de um código de representação das letras do alfabeto de línguas orais alfabéticas. No casodo Brasil, o alfabeto manual da Libras representa as letras do alfabeto do português (GESSER, 2009). Considerado como parte da composição linguística da Libras, o alfabeto manual é, inclusive, entendido por muitos linguistas da Libras como um exemplo de 23 empréstimo linguístico (FERREIRA, 2010). Entretanto, se o alfabeto manual faz parte da Libras, em que situações ele é utilizado? Para além de sua utilidade prática em auxiliar os iniciantes na Libras com as configurações de mãos básicas, veja algumas situações em que utilizamos o alfabeto manual: Soletrar o nome de pessoas, em uma apresentação pessoal, por exemplo. Endereços (nome de rua, número da casa) ao convidar alguém para visitar sua casa, por exemplo. Nomes de marcas, termos técnicos e siglas que não tenham um sinal específico ou conhecido na Libras. Aprender um novo sinal quando se deseja saber o sinal de determinada coisa, poderá utilizar a datilologia da palavra desejada. Além das letras, é possível também usar configurações de mão para representar os números. Abaixo apresentamos os números cardinais (de zero a nove) e ordinais (de 1 a nove) em Libras. Figura 3: Números cardinais em libras Fonte: Adaptado de SEL-LIBRAS (online). 24 Figura 4: Números ordinais em libras Fonte: Adaptado de SEL-LIBRAS (online). Como pode ser observado nas figuras anteriores, o que diferencia o número cardinal do ordinal, na Libras, é o balançar/ vibrar da mão. Vale lembrar que no caso dos ordinais, acima de 9 (nove) usa-se a composição dos números. Por exemplo, número 23. Primeiro sinaliza o número “2” e na sequência, o número “3”. Na sequência, vamos entender que tanto o alfabeto manual quanto os números, fazem parte de um componente linguístico integrante dos Parâmetros da Libras. 2.2 OS PARÂMETROS DA LIBRAS No capítulo anterior ressaltamos o Status Linguístico da Libras, ou seja, a Libras, assim como qualquer outra língua vocalizada ou sinalizada é composta 25 também por seus níveis linguísticos que constituem a gramática da língua, são eles: o nível fonético-fonológico, o nível morfológico, o nível sintático (RODRIGUES; VALENTE; 2011). Sim, a Libras também possui tais estruturas linguísticas comum a outras línguas. Essa descoberta se deu graças aos estudos de Willian C. Stokoe, um linguista americano que iniciou seus estudos com a Língua de Sinais Americana (ASL) na década de 1960. Com as pesquisas de Stokoe, foi possível perceber que assim como as línguas vocalizadas, as línguas de sinais também podiam se decompor em partes menores que, isoladas, não tem significação, os chamados fonemas, conhecidos também como quiremas (QUADROS; 2008). Por exemplo, na língua portuguesa, vamos decompor a palavra PATA. PAT (radical) + A (desinência de gênero) É possível mudar a significação e o gênero da palavra PATA, se alterarmos somente a vogal final, trocando A por O, conforme exemplo a seguir: PAT (radical) + O (desinência de gênero) Analisando as unidades menores da palavra PATA, é possível perceber que a troca de apenas um fome pode modificar totalmente a palavra, transformando-a em outra de significado completamente diferente, como o caso a seguir, onde substituímos a letra T pela letra R: PATA PARA Esses exemplos é apenas para mostrar que uma análise linguística é possível quando decompomos uma palavra em partes menores (pares mínimos) A mesma coisa pode ser feita na Libras. Os estudos linguísticos da Libras apontam para 5 componentes que nos permitem estudas a língua através do estudo de unidades menores, partes essas essenciais e indispensáveis para a formação de um vocábulo (sinal). Esses cinco componentes são chamados de PARÂMETROS DA LIBRAS, são eles: 1) Configuração de Mão; 2) Ponto de Articulação ou Locação; 3) Movimento; 4) Orientação; 26 5) Expressões não-manuais. Um sinal (vocábulo) na língua de sinais não se cria do nada, não se trata apenas de gesticulações vazias e aleatórias, para a criação de um novo sinal todos esses elementos descritos anteriormente devem ser levados em consideração. No capítulo 3, examinaremos cada um desses parâmetros em detalhes e entenderemos como eles são importantíssimos para as análises linguísticas da Libras. Assim, vimos até o momento a importância do alfabeto manual e dos parâmetros quando falamos da Libras. Mas você sabia que a Libras possui também marcações de plural, singular, intensidade e dentre outros aspectos comuns a línguas vocalizadas? Esse campo de estudo na Libras é chamado de Classificadores, como veremos na seção a seguir. 2.3 OS CLASSIFICADORES Presentes também em línguas vocalizadas como o português, inglês e espanhol, os Classificadores, segundo Ferreira Brito (1995) “são um tipo de morfema gramatical e lexical, afixado, que serve para mencionar a classe a que pertence e descrever formas, maneiras na ação verbal etc.” Trata-se de um fenômeno linguístico que permite marcar “quase que de forma transparente” e perceptível aspectos relacionados à número, gênero, quantidade, intensidade, textura, formas, dentre outros aspectos. Apesar das diferenças entre as línguas de sinais do mundo todo, é esse fenômeno, os classificadores, que por um momento traz similaridades nas sinalizações dada a sua possível iconicidade. É por isso que, às vezes, mesmo sem saber Libras, uma pessoa pode ver uma sinalização e compreender parte do que está sendo dito. Por exemplo, caso uma pessoa esteja sinalizando uma notícia sobre uma tempestade, o uso do sinal CHUVA + VENTO concomitantemente utilizados com as devidas expressões faciais que denotam a intensidade da chuva e do vento, são considerados classificadores. Assim, fica claro que classificadores não são meros gestos ou pantomimas, na verdade ainda que haja a incorporação de gestos 27 comuns, eles passam a ser gramaticalizados. Os estudos linguísticos da Libras explicitam e categorizam de diversas formas os classificadores, (FERREIRA-BRITO, 1995; GRINEVALD, 2000; QUADROS; STUMPF; LEITE, 2013; SUPALA, 1986) baseados nessas pesquisas podemos destacar pelo menos cinco classificadores que funcionam como marcadores de concordância ou para explicitar manualmente imagens, são eles: Classificadores Descritivos Classificadores Especificadores Classificadores de Número/ Plural Classificadores Instrumentais Classificadores de Corpo Estudaremos cada um deles detalhadamente e com exemplos no capítulo 4. Assim, vimos até o momento a riqueza e complexidade da Libras partindo do uso do alfabeto manual até às possibilidades de análise linguísticas por meio dos parâmetros e dos classificadores. 28 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (UFES – 2014) Sobre o alfabeto manual (ou datilologia), é CORRETO afirmar: a) O alfabeto manual é a única forma pela qual o surdo se comunica. b) Para escrever palavras por meio do alfabeto manual, é necessário o uso das duas mãos para a formação das sílabas de cada palavra. c) O alfabeto manual é um empréstimo linguístico da língua portuguesa, que é utilizado para representar nomes próprios ou algo que não possui um sinal. d) O alfabeto manual é padronizado mundialmente. e) No alfabeto manual, todas as letras são representadas de maneira icônica com uma das mãos. 2. (UFBA – 2014 - adaptada) Observe as seis afirmações seguintes, que se referem ao alfabeto manual da Libras: I. É uma língua utilizada pela comunidade surda no Brasil; II. É um código de representação gestual das letras alfabéticas; III. Com o alfabeto datilológico é possível soletrar 27 diferentes letras (considerando também o “ç”); IV. É utilizado para soletrar nomespróprios de pessoas ou lugares, siglas ou palavras que ainda não possuem sinais correspondentes; V. O alfabeto datilológico é o mesmo em todos os países onde se utiliza língua de sinais; VI. Cada país tem seu próprio alfabeto manual, sendo que no Brasil, além do alfabeto datilológico comum, temos um alfabeto manual tátil para comunicação com interlocutores surdo-cegos. Quais dessas afirmações estão corretas? 29 a) I, III, IV e VI. b) II, III, IV e VI. c) I, II, III e V. d) I, II, III e IV. e) I, III, IV e V. 3. (FURB – 2019) A Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais possuem diferenças, mas também semelhanças. Ao encontro desses aspectos, é correto afirmar: a) A fala ou os sinais são expressões de línguas distintas. A língua é um sistema coletivo de uma comunidade linguística, tecida por meio de trocas sociais, culturais e políticas. b) A língua de sinais apresenta uma sintaxe espacial, incluindo os chamados classificadores. A língua portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a descrição para captar o uso de classificadores. c) A língua de sinais utiliza a estrutura de foco através de repetições sistemáticas. Esse processo não é comum na língua portuguesa. relevante na língua portuguesa, apesar de poder ser substituído pela prosódia. d) A língua de sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais. Esse fator não é considerado como e) A escrita da Língua de sinais não é alfabética. 4. Analise o excerto de Ferreira Brito (1995): “[...] um tipo de morfema gramatical e lexical, afixado, que serve para mencionar a classe a que pertence e descrever formas, maneiras na ação verbal etc.” De qual fenômeno linguístico da Libras o excerto trata? Assinale a alternativa correta. a) Gestualização. 30 b) Alfabeto Manual. c) Parâmetros. d) Classificadores. e) Mímicas. 5. (ITAME -2019) De acordo com Brito (1993, p. 38), o sinal, na Língua de Sinais, [...] é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Esses conceitos trabalhados pela autora dizem respeito: a) A Datilologia dos Sinais. b) A Semântica das Línguas de Sinais. c) Aos Parâmetros das Línguas de Sinais d) À Gramática dos Sinais. e) Aos Quiremas. 6. Sobre os parâmetros da Libras, assinale a alternativa correta: a) São unidades mínimas distintivas que formam os sinais. São quatro parâmetros composto por configuração de mão, ponto de articulação e movimento b) São unidades mínimas distintivas que formam os sinais que servem para indicar unicamente a localização espacial onde é feita a sinalização e a configuração de mão. c) São unidades mínimas distintivas que formam os sinais. Elas existem somente na língua de sinais brasileira. d) São unidades mínimas distintivas que formam os sinais. Elas existem somente em língua de sinais americana. e) São unidades mínimas distintivas que formam os sinais. São 5 parâmetros: configuração de mão, movimento, ponto de articulação, orientação de mão e expressão não-manual. 31 7. (FUNDATEC - 2019) Os sinais, na Língua Brasileira de Sinais, são constituídos a partir da: a) Percepção e criatividade de seus usuários, que não precisam seguir regras fixas. b) Inserção dos movimentos de negação, afirmação e elementos semânticos. c) Configuração de mãos associada ao conhecimento da língua portuguesa. d) Configuração de mãos, movimento, semântica e morfologia. e) Configuração de mãos, movimento, locação, expressão e ponto de articulação. 8. (UFRN – 2017 – Adaptada) A Libras é uma língua que se articula nos níveis a) Fonético, morfológico e sintático, mas, discursivamente, realiza-se de forma rudimentar, pertencendo, portanto, à classe das linguagens concretas. b) Fonético e morfológico, mas apresenta inconsistências sintáticas, o que a coloca no subgrupo das línguas semi-articuladas. c) Morfológico e sintático, mas é desprovida de unidades fonéticas, o que a situa na categoria das línguas afônicas. d) Fonético, morfológico e sintático, mas se manifesta espaço-visualmente, não pertencendo, portanto, ao rol das línguas orais-auditivas. e) Morfológico e sintático, pois não se pode falar em nível fonético em línguas de sinais. 32 PARÂMETROS DA LIBRAS 3.1 A CONFIGURAÇÃO DA MÃO (CM) Como vimos na unidade anterior, a Libras pode ser estudada e decomposta em unidades menores fundamentais para a construção de um sinal (vocábulo) essas unidades são chamadas de parâmetros. Sendo eles: configuração de mão; ponto de articulação; movimento; orientação /direcionalidade; expressões não manuais. Analisadas em pormenores nesta seção e nas seções consecutivas. A Configuração de Mão (CM), são as diversas formas que as mãos assumem para sinalizar. Segundo Karnopp (1999) essas configurações se dão pelos posicionamentos e seleção dos dedos ao executar um sinal. Não existe um número definitivo de configurações de mãos, Ferreira-Brito (1995) catalogou uma tabela com 46 configurações de mãos. Pimenta e Quadros apresentam posteriormente uma tabela com 61 configurações de mãos. Existem outros estudos que tem aumentado o número dessas configurações de mãos, na sequência, como referência apresenta-se a lista de Pimenta e Quadros (2010): UNIDADE 33 Figura 5: Configurações de mãos Fonte: Pimenta e Quadros (2010) Nota-se que as configurações de mão utilizadas para fazer o alfabeto manual, conforme estudado na unidade 2, faz parte desse quadro. A letra “A” é a CM -1, “B” CM- 52, “C” é a CM – 29 e assim sucessivamente. No entanto, vale lembrar que as configurações de mão não apresentam significados isoladamente, pois a construção de um sinal se dá a partir do uso de uma ou mais de uma delas associadas aos demais parâmetros (ponto de articulação, movimento, orientação/direcionalidade e expressões não manuais). 3.2 O PONTO DE ARTICULAÇÃO (P.A) 34 O ponto de articulação é o lugar do corpo ou espaço em que o sinal é feito podendo ser: cabeça, mão, tronco, braço ou espaço, conforme ilustra a figura a seguir: Figura 6: Espaços de realização dos sinais Fonte: Quadros e Karnopp (2004, p. 57) Alguns sinais, caracterizados como pares mínimos, são idênticos em todos os parâmetros diferenciando-se apenas pelo ponto de articulação, como é o caso dos sinais de SABADO e APRENDER, conforme evidenciado a seguir: Figura 7: Ponto de articulação “Aprender” e “Sábado” Fonte: Adaptado de Felipe e Monteiro (2007) Os sinais de “Aprender” e “Sábado”, são exemplos de pares mínimos, pois 35 tem a mesma configuração de mão 29 + 6 (de acordo com a figura 1). Ambas possuem o mesmo movimento (movimento de abre e fecha), mas são executados em pontos de articulação diferentes, pois “Aprender” é em frente a testa e “Sábado” em frente a boca. 3.3 O MOVIMENTO (M) Os sinais podem ter um movimento ou serem estáticos, conforme figura 8: Figura 8: Exemplos de sinais com e sem movimentos Fonte: Felipe e Monteiro (2007) No caso de apresentarem movimentos, eles podem ser classificados quanto ao tipo, direção, maneira e frequência do sinal (QUADROS; KARNOPP; 2004). Quanto ao tipo ele pode ser: retilíneo, circular, semicircular, sinuoso etc. Quanto à direção ele pode ser: unidirecional, bidirecional, direita, esquerda, à frente. Quanto à maneira ele pode ser: contínuo, seccionado, intenso, rápido etc. Quanto à frequência ele pode ser: simples ou repetido. 3.4 ORIENTAÇÃO (OR) 36 Este parâmetro se refereà direção da palma da mão na execução de um determinado sinal. Segundo Ferreira-Brito (1995), elas podem sem classificadas como: para cima, para baixo, para o corpo, para a frente, para a direita ou para a esquerda, sempre em relação ao locutor (a quem está sinalizando) conforme descrito na figura a seguir. Figura 9: Orientações da Mão Fonte: Marentette (1995) A orientação e direção de um sinal, também podem modificar seu significado, como exemplificado na figura a seguir: Figura 10: Orientação de mão 1) Ajudar 2) Ser ajudado 37 Fonte: Gesser (2009) Analisando a figura 6, vemos duas sinalizações, no primeiro sinal da figura, a palma da mão está para frente e o movimento é em sentido ao interlocutor. Já na segunda sinalização, as mesmas configurações de mão, porém com a palma da mão vira para frente de quem executa a sinalização. 3.5 EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENMS) As Expressões Não Manuais, podem ser definidas também como expressões faciais e/ou corporais, elementos fundamentais na gramática da Libras. O estudo de Ferreira-Brito (2015), identificou que tais expressões não manuais podem ser materializadas no rosto, na cabeça e no tronco, conforme descrito a seguir: Quadro 1: Resumo de ENMs Exemplos de Expressões Não Manuais Ros to Parte superior: sobrancelhas franzidas; olhos arregalados; lance de olhos; sobrancelhas levantadas. Parte inferior: bochechas infladas; bochechas contraídas; lábios. Ca beça: Movimento de assentimento (sim); movimento de negação; inclinação para frente; inclinação para o lado; inclinação para trás. Ros to e cabeça: Cabeça projetada para frente; olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas; cabeça projetada para trás e olhos arregalados. Tro nco: Para frente; para trás; balanceamento alternado (ou simultâneo) dos ombros. Fonte: Ferreira-Brito (1995, p. 240 - 242) 38 As expressões não manuais na Libras podem marcar questões sintáticas e fonológicas do discurso (QUADROS; KARNOPP; 2004). São responsáveis também pela marcação de intensidade, afirmação, interrogação e negação. Em sua função gramatical de intensidade, pode-se exemplificar da seguinte forma: “ESTÁ FRIO” X “ESTÁ MUITO FRIO” em português Nas libras para diferenciar essa intensidade, ao invés de usar o sinal de MUITO, pode-se simplesmente fazer o sinal de FRIO + a expressão facial e corporal de muito frio (tronco para frente + sobrancelhas franzidas). Por fim, é possível perceber que a mínima mudança seja na configuração de mão, no ponto de articulação, na orientação ou nas expressões não manuais pode afetar toda a significação de um enunciado. Por isso a importância de estudar os aspectos gramaticais da Libras à medida em que se progride os estudos práticos da língua. 39 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (UFPA – 2018) De acordo com Gesser (2009), em Libras a orientação da palma da mão pode fazer a distinção do significado de um sinal. De acordo com a imagem acima, os sinais significam, respectivamente, a) Você me ajuda / Eu ajudo você. b) Nós o ajudamos / Ele nos ajuda. c) Eles ajudam você / Você os ajuda. d) Eu ajudo você / Você me ajuda. e) Vós ajudas ele / Ele vos ajuda. 2. (IFAP – 2016) Quanto à fonologia da Libras, assinale a alternativa correta. a) Na Libras, as expressões faciais são elementos acessórios aos sinais. b) A configuração de mão sempre assume o formato de uma das letras do alfabeto datilológico. c) Um dos parâmetros da Libras, o movimento, é o espaço onde o sinal é realizado. d) O movimento e a direcionalidade do sinal são parâmetros básicos da Libras. e) O movimento dos olhos, na realização de frases negativas ou afirmativas 40 caracteriza um parâmetro fonológico da Libras. 3. (IFF – 2018) A partir das pesquisas de Stokoe, Ferreira-Brito e outros estudiosos no Brasil, definiram-se os parâmetros fonológicos da LIBRAS, que são: a) Locação ou ponto de articulação, configuração de mãos, movimento, orientação da mão, expressões não manuais. b) Ponto de articulação, alfabeto manual e expressões não manuais. c) Orientação do olhar, ponto de articulação, expressão facial, expressões não manuais. d) Alfabeto manual, orientação do olhar, expressão corporal, configuração da mão. e) Locação ou ponto de articulação, expressões não manuais, expressão facial. 4. (UEC -2018 - Adaptada). Na língua de sinais podem-se listar pares mínimos em relação às configurações de mão, ou à locação, ou ao movimento em que apenas a mudança de um destes elementos, em contraste com os demais idênticos, vai identificar o seu valor distintivo na língua. Assinale a opção que apresenta exemplos de pares mínimos na Libras quanto à locação. a) Aprender – sabado b) Marron – roxo c) Queijo – rir d) Saber – não saber e) Amor – saudade 5. As expressões faciais fazem parte das expressões não manuais que compõe os classificadores. É uma das funções das expressões faciais gramaticais em Libras a) Marcar tempo verbal. b) Realizar concordância nominal. c) Realizar referenciação. 41 d) Marcar as interrogativas. e) Substituir os sinais 6. (FUNRIO – 2014) Leia atentamente a definição abaixo e assinale a alternativa que complete corretamente a afirmativa: Os __________ são sinais que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto com o verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Funcionam como partes dos verbos de movimento, localização, ou para descrever tamanhos e formas de objetos. A) classificados. B) compostos. C) classificadores. D) abstratos. E) gestos. 7. (UFPA- 2018) Segundo Quadros e Karnopp (2004), o Ponto de Articulação ou a Locação é a área no corpo ou no espaço de articulação definido pelo corpo em que ou perto da qual o sinal é articulado, conforme ilustrado na imagem a seguir. 42 Os sinais que têm como Ponto de Articulação ou Locação, respectivamente, o braço, o espaço neutro, a bochecha, o nariz, a testa, o queixo e o peito do sinalizador são a) Educado, televisão, conseguir, biscoito, alemanha, saudade, água. b) Educado, televisão, conseguir, alemanha, biscoito, água, saudade. c) Educado, conseguir, televisão, biscoito, alemanha, água, saudade. d) Educado, televisão, conseguir, biscoito, alemanha, água, saudade. e) Educado, conseguir, biscoito, alemanha, água, saudade, televisão 8. (ITAME -2019) De acordo com Brito (1993, p. 38), o sinal, na Língua de Sinais, [...] é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Esses conceitos trabalhados pela autora dizem respeito: a) A Datilologia dos Sinais. b) A Semântica das Línguas de Sinais. c) Aos Parâmetros das Línguas de Sinais d) À Gramática dos Sinais. e) Aos Quiremas 43 OS CLASSIFICADORES 4.1 INTRODUÇÃO Antes de iniciar o detalhamento deste tema, é importante retomar o conceito de “Classificadores”, abordado na Unidade 2. Assim, classificadores, “são um tipo de morfema gramatical e lexical, afixado, que serve para mencionar a classe a que pertence e descrever formas, maneiras na ação verbal etc.” Trata-se de um fenômeno linguístico que permite marcar “quase que de forma transparente” e perceptível aspectos relacionados à número, gênero, quantidade, intensidade, textura, formas, dentre outros aspectos. Por se tratar de uma Unidade Lexical, os classificadores são formados levando em conta os parâmetros da Libras (MENDONÇA; 2012). Vale a pena relembrar também que “os estudoslinguísticos da Libras explicitam e categorizam de diversas formas os classificadores, (FERREIRA-BRITO, 1995; GRINEVALD, 2000; QUADROS; STUMPF; LEITE, 2013; SUPALA, 1986), baseados nessas pesquisas podemos destacar pelo menos cinco classificadores que funcionam como marcadores de concordância ou para explicitar manualmente imagens, são eles: Classificadores Descritivos, Classificadores Especificadores, Classificadores de Número/ Plural, Classificadores Instrumentais e Classificadores de Corpo” a definição e exemplificação de cada um destes se dará a seguir. 4.2 CLASSIFICADORES DESCRITIVOS Os Classificadores descritivos, como o próprio nome sugere, são usados para descrever o som, a forma, a textura, o paladar, o cheiro, o tamanho, a consistência, a tonalidade etc., dos objetos, coisas e animais. No que diz respeito a forma, eles podem ser: dimensionais, bidimensionais ou tridimensionais Sim, com o uso dos classificadores descritivos é possível descrever qualquer aspecto ou característica, de um referente, assim como é possível ser feito em UNIDADE 44 qualquer outra língua vocalizada. Vejamos a seguir exemplos em que se usam os Classificadores Descritivos: 4.3 CLASSIFICADORES ESPECIFICADORES Os Classificadores especificadores também estão visam descrever o som, a forma, a textura, o paladar, o cheiro, o tamanho, a consistência, a tonalidade etc., dos objetos, coisas e animais, no entanto, diferentemente dos descritivos, eles visam especificar: A localização de elementos 'de' ou 'em' um referente (números, símbolos etc.); ou (ii) o modo como os referentes “arranjam-se”, dispõem-se, distribuem-se ou espalham-se no espaço; o modo como os referentes estão dispostos em dado lugar ou contexto, por exemplo: enrolados, em círculos, empilhados, enfileirados, espalhados etc (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 121). Ou seja, os classificadores especificadores dizem sobre a localização ou o modo como os referentes estão/são em relação a um espaço. 45 Quadro 2: Exemplos de uso de Classificadores Especificadores: O Modo como a fumaça se espalha Fumaça saindo das chaminés de indústrias Fumaça da explosão de uma bomba atômica Fumaça de um churrasco Fumaça de um incenso Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) A especificação quanto a localização pode ser exemplificada com a localização de um número, por exemplo (número da casa, número da camiseta de futebol, número de telefone). 46 4.4 CLASSIFICADORES DE NÚMERO/ PLURAL Veja, a seguir, exemplos em que se usam os Classificadores de número/plural: Quadro 3: Classificadores de número/plural Vários livros na estante na posição vertical Livros sobre uma mesa na posição horizontal Carros em um estacionamento Disposição de cadeiras em um auditório Pessoas em uma fila indiana Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Com o uso deste classificador, é possível descrever a quantidade de objetos, pessoas, coisas, animais etc. em um determinado espaço. Neste processo a mão substitui, ou incorpora o objeto e, por meio da repetição e extensão, representa sua quantidade. 47 4.5 CLASSIFICADORES INSTRUMENTAIS Vejamos a seguir exemplos em que se usam os Classificadores Instrumentais: Quadro 4: Classificadores Instrumentais Usar uma Britadeira Usar uma tesoura Pintar um quadro com pincel Pintar parede com rolo 48 Passar batom Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Com o uso desse classificador as mãos, o corpo e a expressão facial do sinalizador incorpora o formato e/ou a ação (funcionamento) do instrumento referido. 4.6 CLASSIFICADORES DE CORPO Este, é um classificador que descreve a ação corporal (de uma pessoa, de um animal) da forma como ela acontece na realidade. O sinalizador utiliza a parte superior do corpo (as mãos, os braços e as expressões faciais e corporais), para como que “simular” a ação. Tem uma grande semelhança com os Classificadores Instrumentais, porém se diferencia pelo fato de que não há a manipulação nem o toque de objetos. Veja, a seguir, exemplos em que se usam os Classificadores de Corpo: Quadro 5: Classificadores de Corpo O andar de um Leão Bravo 49 O rastejar de uma cobra O andar de uma pessoa bem idosa A ultrapassagem de um corredor em uma maratona Uma pessoa andando de sapatos com saltos altos Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Por fim, é muito importante lembrar que os classificadores, sendo uma 50 unidade lexical e parte da gramática da Libras, se diferenciam de mímicas e pantomimas, pois além de todos os aspectos linguísticos supracitados, por se tratar de uma língua de sinais, tem-se que levar em consideração. Figura 11: Espaço de realização dos sinais na Libras Fonte: Langevin e Ferreira Brito (1988) 51 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (CCV – UFC -2019) Sobre classificadores em língua de sinais é correto afirmar: a) Os classificadores são morfemas que existem tanto em línguas orais, como em línguas de sinais. b) As configurações de mãos e o movimento são partes constituintes de um classificador em língua de sinais. c) Os classificadores não podem funcionar como nome, como adjetivo, como advérbio de modo ou como locativo. d) Em uma narrativa em língua de sinais, os classificadores não podem assumir uma relação espacial entre pessoas e objetos. e) As Configurações de mãos são fonemas das línguas de sinais e, por isso, funcionam como afixos classificadores que se juntam aos verbos. 2. (IF SERTÃO -PE – 2016) Nas línguas de sinais os classificadores utilizam configurações de mãos que representam alguma propriedade física de uma classe. Na Libras encontram-se os seguintes tipos de classificadores: a) Classificadores específicos, classificadores de plural, classificadores de corpo, classificadores de movimento, classificadores instrumentais. b) Classificadores de movimento, classificadores descritivos, classificadores de plural, classificadores instrumentais, classificadores de plural. c) Classificadores de unidade, classificadores específicos, classificadores de plural, classificadores de movimento, classificadores instrumentais. d) Classificadores descritivos, classificadores específicos, classificadores instrumentais, classificadores de unidade, classificadores de plural. e) Classificadores específicos, classificadores descritivos, classificadores de plural, classificadores de corpo, classificadores instrumentais. 52 3. (FUNRIO – 2014) Leia atentamente a definição abaixo e assinale a alternativa que complete corretamente a afirmativa: Os __________ são sinais que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto com o verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Funcionam como partes dos verbos de movimento, localização, ou para descrever tamanhos e formas de objetos. a) Classificados. b) Compostos. c) Classificadores. d) Abstratos. e) Gestos. 4. (INSTITUTO AOCP- 2016) Os classificadores são recursos linguísticos usados para descrever pessoas, animais, objetos, movimentos ou localização. Mediante essa afirmação, assinale a alternativa correspondente a tipos de classificadores. a) CL Descritivo, CL Indicativo, CL do Corpo. b) CL Locativo, CL Semântico, CL Direcional. c) CL de Parte do Corpo, CL Especificador, CL Nome e Número. d) CL de Elemento, CL Direcional, CL do Plural. e) CL Indicador, CL de Nome, CL de Localização5. (UFU -MG – 2019 - Adaptada) Nas frases: “Colocar um livro na estante” / “Colocar as cartas sobre a mesa” / “Colocar os copos na lavadora”, é correto afirmar que, em língua de sinais, o verbo COLOCAR, tal como usado nas frases, pertence a a) Verbo classificador. b) Verbo espacial (+loc). c) Verbo com concordância. d) Verbo simples. e) Verbo composto. 53 6. (COPEVE-UFAL-2019) Os classificadores envolvem uma categoria polimórfica específica das línguas de sinais. Esse tipo de produção abrange uma combinação de morfemas altamente complexos simultaneamente articulados. As descrições de classificadores apresentam três diferentes tipos, conforme as imagens a seguir: 54 Estes tipos podem ser classificados respectivamente como classificadores: 55 a) De tamanho e forma, de manipulação e de entidade. b) De objetos, de ações e de pessoas. c) De simetria, de dominância e de cruzamento. d) De nomes, verbos e pronomes. e) De concretos, abstratos e espaciais. 7. (CCV – UFC- 2018) Conforme as autoras Quadros, Campello, Pizzio e Rezende (2009), sobre os classificadores na Libras é correto afirmar que: a) Os classificadores são considerados exclusivamente descritivos. b) A escolha de um classificador é geralmente uma escolha morfológica. c) Os classificadores descritivos apresentam apenas a função bidimensional. d) Os classificadores representam a relação entre gramatical e agramatical em um dado contexto dentro do sistema de uma determinada língua. e) A função dos classificadores especificadores é descrever visualmente a forma, o tamanho, a textura, o paladar, o cheiro, os sentimentos, “o olhar”, “os sons” do material, do corpo da pessoa e dos animais 8. (COVEST - COPSET-2019) _________________ se refere ao tamanho e à forma. É utilizado para apresentar a aparência de um objeto, isto é, a forma, o tamanho, a textura ou o desenho de um objeto. Usualmente, é produzido com ambas as mãos, para formas simétricas ou assimétricas. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna acima. a) Classificador semântico. b) Classificador do plural. c) Classificador instrumental. d) Classificador descritivo. e) Classificador de corpo. 56 PRIMEIROS SINAIS – VOCABULÁRIO 5.1 INTRODUÇÃO Até o momento, foi possível explanar, basicamente, os aspectos históricos e linguísticos da Libras. Na unidade 2, apresentou-se o alfabeto manual bem como os numerais em Libras. No entanto, é importante relembrar que dominar, unicamente, a sinalização do alfabeto não significa saber Libras. Se familiarizar com alguns sinais é um passo importante para estabelecer os primeiros diálogos com pessoas surdas. Neste sentido, esta última unidade visa focar na aquisição de vocabulários e expressões básicas na comunicação em Libras. A seguir, apresentaremos algumas expressões e sinais. Atente-se para configuração das mãos representadas nas imagens e para as setas, que indicam a direcionalidade do sinal. 5.2 CUMPRIMENTOS (VOCABULÁRIO) O sinal de “Bom Dia”, sofre algumas variações a depender da região ou localidade. Isso é um exemplo de Variação Linguística na Libras. Figura 12: Bom dia em Libras Fonte: Oliveira (2009) Fonte: Pimenta (2019, online) UNIDADE 57 Figura 13: Outros cumprimentos Fonte: Oliveira (2009) Obs. o sinal de MEU pode ser também com a mão espalmada batendo no peito. 58 Fonte: Oliveira (2009) Fonte: Pimenta (2019, online) 5.3 CALENDÁRIO – DIAS DA SEMANA, MESES, ANOS - (VOCABULÁRIO) Analise atentamente os sinais de tempo que estão dispostos abaixo. Os dias da semana, meses e a forma de se referir a passagem de tempo dos anos. Figura 14: Dias Da Semana 59 Fonte: Oliveira (2009) 60 Figura 15: Meses do ano 61 Fonte: Oliveira (2009) Figura 16: Anos Fonte: Oliveira (2009) 5.4 VERBOS ANTÔNIMOS – (VOCABULÁRIO) Nesta seção apresentaremos alguns sinais antônimos, além de possibilitar a aprendizagem dos sinais e seus correspondentes contrários na Libras, esta seção proporcionará também uma ampliação vocabular, elemento necessário para a fluência na língua. 62 Figura 17: Verbos antônimos 63 Fonte: Oliveira (2009) Observando atentamente os pares das imagens anteriores, é possível identificar algo comum a todas elas. Na próxima unidade, abordaremos detalhadamente essa característica linguística na composição de orações na Libras. 64 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (QUADRIX-2019 - Adaptada) Assinale a alternativa que corresponde à sinalização apresentada na figura abaixo a) Boa tarde, boa noite, boa madrugada b) Bom almoço, boa tarde, bom jantar c) Olá, tudo bem? d) Bom dia, boa tarde, boa noite e) Obrigada, de nada, tudo bem 2. (UFES-2014) Sobre o alfabeto manual (ou datilologia), é CORRETO afirmar: a) O alfabeto manual é a única forma pela qual o surdo se comunica. b) Para escrever palavras por meio do alfabeto manual, é necessário o uso das duas mãos para a formação das sílabas de cada palavra. c) O alfabeto manual é um empréstimo linguístico da língua portuguesa, que é utilizado para representar nomes próprios ou algo que não possui um sinal. d) O alfabeto manual é padronizado mundialmente. e) No alfabeto manual, todas as letras são representadas de maneira icônica com uma das mãos. 65 3. (VUNESP-2019) Observe a palavra a seguir: Assinale a alternativa que contém o significado da datilologia apresentada. a) Meses. b) Verme. c) Vezes. d) Verde. e) Fezes. 4. Observe as sinalizações da figura a seguir e estabeleça a sua relação com uma das alternativas abaixo: a) Dias da semana. b) Meses do ano . c) Anos. d) Números cardinais. e) Saudações. 5. Observe as sinalizações da figura a seguir e estabeleça a sua relação com uma das alternativas abaixo: 66 a) Dias da semana. b) Meses do ano . c) Anos. d) Números cardinais. e) Saudações . 6. As imagens a seguir representam alguns dos meses do ano em Libras. 67 Selecione a alternativa que apresenta, respectivamente, a sequência correta : a) Maio/ Junho/ Abril. b) Abril/ Julho/ Maio. c) Abril/ Junho/ Maio. d) Outubro/Junho/ Maio. e) Outubro /Abril/ Maio. 7. Observe as sinalizações a seguir e as relacione, na ordem em que se apresentam, com as alternativas abaixo a) Mês/ Segunda-feira / Dia b) Janeiro / Fevereiro/ Domingo c) Janeiro/ Segunda-feira / Domingo d) Domingo/ Dois / Dia e) Mês/ Segunda-feira/ Domingo 8. (COVEST-COSET- 2019) Sobre a datilologia, assinale a alternativa correta. a) Não é língua de sinais, mas cabe a ela o processo de transposição de palavras do Português para a Libras. b) É língua de sinais, pois cabe a ela o processo de transposição de palavras da 68 Libras para o português. c) Não é língua de sinais, embora caiba a ela a formulação de todas as configurações de mãos. d) É língua de sinais, pois todos os sinais partem de suas configurações de mãos. e) É língua de sinais e cabe a ela a transposição da configuração das mãos para as palavras de uma língua oral. 69 CONSTRUINDOSENTENÇAS - ASPECTOS GRAMATICAIS 6.1 ORDENAÇÃO DAS SENTENÇAS EM LIBRAS A sintaxe é responsável por descrever a ordem e estabelecer relação entre as palavras e os termos de uma determinada oração. Quadros e Karnopp (2004), sobre esta questão, dissertam que: Ordem das palavras é um conceito básico relacionado com a estrutura da frase de uma língua. O fato de que as línguas podem variar suas ordenações das palavras apresenta um papel significante nas análises linguísticas. Por exemplo, Greenberg (1966) observou que de seis combinações possíveis de sujeito (S), objeto (O) e verbo (V), algumas delas são mais comuns do que outras. (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.133). Diversos Linguistas que pesquisam línguas de sinais (ARAÚJO, 2013; FELIPE, 1989; FERREIRA-BRITO, 1995; QUADROS, 1999, QUADROS; KARNOPP, 2004), admitem a possibilidade de diversas ordenações na Libras, mas todos concordam que a predominante é a S.V.O (Sujeito – Verbo – Objeto). Por exemplo: JONAS COMPROU BICICLETA (SUJEITO + VERBO + OBJETO) Existem, porém, outras possibilidades de ordenação como a OSV e a SOV Por exemplo: BICICLETA, JOÃO COMPROU (OBJETO +SUJEITO + VERBO) Neste caso há o que chamamos de topicalização (QUADROS, 2000), muito UNIDADE 70 comum em Libras. Em outras palavras o que ocorre é: BICICLETA (tópico), JOÃO COMPROU (comentário) No caso das frases com ordenação em SOV, segundo QUADROS (2000), elas acontecem, mas com a presença de verbos manuais, ou desde que essas trocas não gerem a possibilidade de reversão de sujeitos, pois em casos de reversibilidade a ordenação SOV torna-se agramatical. Exemplo: JOÃO BICICLETA COMPROU (SUJEITO + VERBO + OBJETO) gramatical No entanto, se fosse a frase original fosse JOÃO AMA MARIA a ordenação SOV seria agramatical, pois a frase MARIA AMA JOÃO (reversibilidade) trata-se de uma outra frase, ou seja, neste caso a ordenação SOV não cabe. As demais ordenações (VSO, OVS e VOS) –, segundo Quadros (2000) não são derivadas na LIBRAS, mesmo com a presença de alguma marca especial, logo, são agramaticais. 6.2 AS INTERROGATIVAS EM LIBRAS A ordenação também está presente nas sentenças interrogativas, afinal, elas também são construções linguísticas. No entanto, nas sentenças interrogativas em Libras, independente das ordenações sintáticas, há a presença INDISPENSÁVEL de um elemento: as marcas não manuais. Sem os elementos não manuais (expressão facial e/ou corporal) qualquer sentença deixa de ser classificada como interrogativa. (QUADROS; KARNOPP, 2004) 71 Essas marcas não manuais podem ser: o arquear da sobrancelha, o inclinar da cabeça juntamente com o arquear da sobrancelha, inclinar do tronco para frente ou para trás, dentre outras possibilidades. Na maioria das sentenças interrogativas há a presença dos elementos linguísticos interrogativos (o que, quem, como, onde, por que, quando etc.) Porém, veremos exemplos em que eles não aparecem, pois estão ocultos ou subtendidos em um diálogo. Exemplo de frases interrogativas: Em português: Onde você mora? Em Libras: VOCÊ MORA ONDE Há uma leve elevação da cabeça e um franzir das sobrancelhas. Interrogativa que expressa curiosidade, note que há uma inversão na ordem da sentença e o elemento interrogativo é deslocado para o final da frase. Em português: Quem ganhou o jogo? Em Libras: QUEM GANHOU O JOGO QUEM Há uma leve elevação da cabeça e o levantar das sobrancelhas. Interrogativa que expressa uma curiosidade pela novidade, excitação, note que há uma repetição do elemento interrogativo ao final da frase. A sinalização do sinal QUEM, é feita de modo repetitivo tanto no início quanto no final da sentença. Em português: O Jonas Comprou um carro? Em Libras: JONAS COMPRAR CARRO Há um leve abaixamento da cabeça, acompanhado elevação das sobrancelhas. Interrogativa que expressa dúvida e desconfiança é como se 72 dissesse: “Eu não acredito que o Jonas comprou um carro!”. Figura 18: Expressões interrogativas em Libras Fonte: Capovilla e Raphael (2001) 73 Acima, foram apresentados para a ampliação vocabular alguns dos sinais interrogativos na Libras. 6.3 AS NEGATIVAS EM LIBRAS As sentenças negativas são aquelas que apresentam em sua estrutura uma negação, geralmente acompanhadas das palavras NÃO, NEM, NUNCA, JAMAIS etc. Na Libras, elas podem vir acompanhadas do vocábulo (sinal) NÃO, ou por meio da incorporação da negação, sem a utilização do sinal NÃO. Em grande parte das construções frasais negativas, em Libras, a negação é marcada por elementos não manuais - expressão faciais e/ou corporais - (QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2008). No capítulo 5, vimos alguns exemplos de vocabulários antônimos, naquela lista, é possível perceber uma marcação não manual comum a todos os sinais ali listados. Reanalisemos estes exemplos, especificamente, nas imagens a seguir: Figura 19: Exemplo de sinais de negação Fonte: Oliveira (2009) Note que em todos as sinalizações, da figura anterior, há a incorporação da negação, o balançar da cabeça de um lado para o outro, é uma das formas de se fazer isso. A incorporação da negação pode ser evidenciada também, em alguns casos, pela sinalização direcionalmente contrária, como é o caso dos sinais QUERER/ NÃO QUERER. Assim, com todas as análises linguísticas feitas ao longo dessas unidades, é possível reafirmar o status linguístico da Libras e ressaltar a importância de se aprofundar nos estudos gramaticais em todos os seus níveis o fonético, o morfológico e o sintático. 74 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (INSTITUTO MACHADO DE ASSIS -2018 - Adaptada) A Língua de Sinais utiliza as expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de frases, como as entonações na língua portuguesa. A imagem abaixo trata de qual tipo de frase? a) Frase exclamativa. b) Frase afirmativa. c) Frase negativa. d) Frase interrogativa. e) Frase agramatical. 2. (UFMT 2017) A Libras possui diversas regras gramaticais, um aspecto dessa língua de modalidade visual-espacial é o fenômeno de incorporação. Um processo produtivo na língua de sinais brasileira é a incorporação da negação. Sobre esse processo, analise as afirmativas abaixo. I. Na Libras, pode ocorrer a incorporação da negação em alguns verbos, que, com um movimento contrário, caracteriza a negação incorporada, como nos verbos QUERER/QUERER-NÃO. II. Em todos os verbos na Libras, a incorporação de negação é feita pelo indicador movimentando-se de um lado para outro, representando o sinal de NÃO logo após o sinal a ser negado. III. Outra forma de incorporação de negação pode ocorrer simultaneamente ao movimento ou à expressão corporal, são exemplos TER e NÃO-TER, PODER e NÃO- PODER. Está correto o que se afirma em 75 a) II, apenas. b) I, II e III. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) Nenhuma das afirmativas está correta. 3. (CCV -UFC- 2018) “A ordem das palavras é o conceito básico relacionado à estrutura da sentença de uma língua. A ideia de que as línguas podem apresentar diferentes ordens básicas teve um papel significativo na análise linguística” (QUADROS, PIZZIO, REZENDE, 2008). Sobre a ordem das palavras na Libras, é correto afirmar que: a) A ordem SOV é derivada da ordem OSV. b) As ordens VSO e OVS são possíveis na Libras. c) Na Libras só é possível a seguinte ordem: OSV. d) A ordem SOV é considerada agramatical na Libras. e) A ordem SOV é permitida quando há alguma característica especial, como a concordância e os marcadores não manuais. 4. (IBADE-2018) A diferença entre a língua oral
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