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AN02FREV001/REV 4.0 30 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE SEXOLOGIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 31 CURSO DE SEXOLOGIA MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 32 MÓDULO II 10 SEXUALIDADE 10.1 A SEXUALIDADE E SEU SIGNIFICADO Para falarmos sobre sexualidade temos que entender amplamente seu significado. A sexualidade, quando colocada em uma conversa informal, pode ser tratada de diferentes maneiras. Algumas pessoas falarão sobre o amor, outras a respeito de diferentes escolhas sexuais, há quem fale sobre as mudanças que vieram com o tempo, existe também quem discuta a propósito das diferentes posições e porque não falar também daquelas que irão argumentar sobre as diferentes formas de realizar o sexo. Em algumas escolas, o assunto já vem sendo trabalhado como uma disciplina escolar, assim como a língua portuguesa, para que o aluno tenha noções básicas, saiba métodos de prevenção e entenda um dos momentos de grande importância de sua vida. O assunto também é tratado em comerciais de emissoras de televisão e rádios para que as pessoas a cada dia adotem a prevenção como uma maneira de prática saudável do ato sexual, que já virou um assunto de saúde pública. Algumas famílias se abrem para falar do assunto em momentos em que todos estão reunidos, outras se recusam a discorrer sobre o assunto pensando ser a melhor maneira de tratamento com seus entes queridos. O assunto sexualidade vem sendo inserido de forma gradativa em nossa sociedade, apesar de já ser tema de discussão ou vergonha desde o tempo da sociedade agrícola. Ela sempre foi própria do ser humano, acompanha-o em todos os momentos e faz parte da história pessoal de cada um. A sexualidade é tida como qualidade sexual ou conjunto de excitações e atividades presentes desde a infância (de um indivíduo). Está ligado ao coito, assim AN02FREV001/REV 4.0 33 como aos conflitos daí resultantes (HOUAISS, 2009). Esta palavra vem cercada de mitos, proibições, conflitos e também de sentimentos prazerosos, ela foi se ajustando conforme os tempos foram passando e conforme a sociedade discutia esse assunto. 10.2 UM POUCO DE HISTÓRIA Durante a construção das sociedades, ou seja, durante o período de organização das sociedades agrícolas, do feudalismo e das religiões dominantes, a sexualidade também era um assunto que colaborava para o desenvolvimento pessoal, mesmo que esta não tivesse escritos ou fosse falada tão abertamente como em dias atuais. Sabe-se que em muitas sociedades agrícolas, por existir a necessidade de viverem de modo nômade, a sexualidade possuía muitas restrições, como o controle de natalidade que colocava em jogo a prática sexual. Não existia o conhecimento de métodos contraceptivos, por isso era preferível a abstinência, por parte de algumas mulheres e a dificuldade de monogamia por parte dos homens. No entanto, algumas sociedades não associavam o sexo à concepção, o que culminou no arranjo de métodos contraceptivos ou na crença de alguns métodos eficazes como a amamentação da criança por longos períodos. Quando começaram a ser publicados os primeiros códigos de condutas legais, estes continham informações importantes sobre a sexualidade, como exemplo podemos falar da importância da fidelidade feminina. A sociedade egípcia era um pouco mais liberal em relação à sexualidade, nela as mulheres se interessavam pela sexualidade e demonstravam isso ao homem, havia o maior interesse na descoberta sexual inclusive com práticas abortivas, tirando a sensação de que o sexo estava apenas relacionado à concepção. Stearns (2010), em seus estudos sobre a história da sexologia, descobriu que na China, durante sua evolução, a sexualidade era tratada de maneira a apreciar a atividade e o prazer sexual não com fim reprodutivo, mas como meio de prazer, esperando inclusive que o esposo mantivesse várias mulheres, de lá surgiram os primeiros manuais sexuais conhecidos. AN02FREV001/REV 4.0 34 Na Grécia, a conotação sexual não era por prazer e sim por trocas econômicas para o aumento populacional, por isso a virgindade feminina era valorizada ao máximo e a masturbação feminina desaprovada. Por fim na Índia a sexualidade era enfatizada, sempre colocada no mesmo patamar religioso, com escritos e manuais sexuais dando origem ao Kama Sutra. 10.3 RELIGIÃO E SEXO Com a chegada da religião, o princípio “sexo por prazer” sofreu algumas repressões. Muitas histórias começaram a usar o comportamento dos deuses como alertas para o perigo dos excessos e violência na sexualidade. As religiões em vez de apresentarem o sexo de forma positiva e agregá-lo a elas optaram por regular a sexualidade. O budismo e o cristianismo foram duas das religiões mais marcantes em razão das mudanças pregando o celibato e outras medidas para manterem o decoro (STEARNS, 2010). FIGURA 5 - MULHER SENDO JULGADA PELA IGREJA FONTE: Disponível em: <http://santainquisicaocatolica.blogspot.com.br/>. Acesso em: 06 nov. 2012 AN02FREV001/REV 4.0 35 A má conduta sexual era considerada crime contra Deus e uma grave perversão contra os desígnios humanos, assim como observamos na foto ao lado, que implicava em punição divina, o que contribui para que os governos incluíssem novas penalidades contra quem cometesse o crime tão ofensivo para a Igreja e perante Deus (STEARNS, 2010). Se comprovado que a moça não era virgem após o casamento, esta poderia ser devolvida à casa dos pais para que então fosse apedrejada pelos homens da cidade. A lei religiosa proibia a masturbação inclusive com a morte, crianças que moravam no internato usavam um pijama especial para que esse ato temeroso não ocorresse, existiam inclusive bandagens para que a masturbação não fosse praticada (LINS, 1997). O sexo deveria ser realizado apenas com o fim da procriação, bem como as posições as quais ele deveria ser praticado para que as leis da natureza não fossem contraditas, negar o sexo e o dever de gerar filhos também era um pecado a menos que a mulher se encontrasse em caso de doença grave (PRIORE, 2011). A luta cristã contra a sexualidade se fortaleceu bastante nos primeiros séculos da religião como forma de realçar a sensualidade das classes mais altas da Roma. Dessa forma, o casamento era preferível em vez do sexo antes do casamento; as viúvas não tinham direito a um novo casamento, pois seria equivalente à prostituição; a contracepção e o aborto eram intensamente atacados e tratados como assassinato (STEARNS, 2010). As leis mais importantes a serem seguidas eram não se masturbar, não cobiçar a mulher do outro, não praticar a relação sexual antes do casamento e não praticar relações homossexuais. As pessoas que sentiam culpa por seus desejos cometiam o autoflagelo (LINS e BRAGA, 2005). No budismo havia autores que criticavam com afinco os desejos sexuais porque para a busca espiritual era necessário separar as paixões dos sentidos. No entanto, existiam homens considerados santos que praticaram atividades sexuais, muitas budistas praticavam sexo, pois ele significava o amor pela humanidade e por isso não seriam corrompidos, ainda é difícil, no entanto, para os estudiosos relacionarem o impacto budista sobreo comportamento humano (STEARNS, 2010). Casos de moças que se casavam ainda na adolescência eram cada vez mais comuns, já que os pais tentavam preservar a pureza e a honra de suas filhas AN02FREV001/REV 4.0 36 assim como a Igreja exigia. O que ocorria então eram queixas sobre os maridos e a repugnância do ato sexual com o marido, visto que este muitas vezes era muito mais velho que a esposa (PRIORE, 2011). Por fim, os casos de adultério, de casamentos com moças desvirginadas, continuavam a acontecer. Muitas vezes, a Igreja fazia vistas grossas para o fato. Muito embora existissem textos explicando sobre ervas contraceptivas e abortivas, os líderes da Igreja continuavam com suas críticas (STEARNS, 2010). As mulheres ainda sofriam com o fato de serem tratadas apenas como objeto de procriação e por serem tratadas dessa maneira eram frequentemente infectadas por doenças sexualmente transmissíveis (PRIORE, 2011). Pense nisso: Sexualidade é muito mais do que sexo. Ela é um aspecto central da vida das pessoas e envolve sexo, papéis sexuais, orientação sexual, erotismo, prazer, envolvimento emocional, amor e reprodução. A sexualidade é vivenciada e expressada por meio de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. Em todas as sociedades, as expressões da sexualidade são alvo de normas morais, religiosas ou científicas, que vão sendo aprendidas pelas pessoas desde a infância. A sexualidade envolve, além do nosso corpo, nossa história, nossos costumes, nossas relações afetivas, nossa cultura. É importante buscarmos o autoconhecimento, para que possamos fazer as escolhas que sejam mais positivas para a nossa vida e para a expressão da nossa sexualidade. FONTE: Portal da Saúde, 2005. AN02FREV001/REV 4.0 37 10.4 COLONIZAÇÃO NAS AMÉRICAS Muitos sabem sobre a descoberta do Brasil, um dos países da América Latina, no entanto, como foi a história da sexualidade nas Américas? Será que foi construída de maneira pacífica e não teve grandes modificações? A seguir descobriremos como foi esta parte da história da colonização das Américas de acordo com relatos do autor Stearns (2010). Em meio aos processos de novas doenças e o desenvolvimento de novas posições de poder, houve a busca de mais pessoas para serem escravas. Os homens europeus começaram a assumir posições de grande poder o que lhes conferiu capacidade de imposição. Os conquistadores europeus chegaram à conclusão de que os nativos americanos eram impudicos e imorais quando o assunto era sexo, o que levavam alguns a acharem o evento apavorante e outros a apreciarem. As diferenças dos hábitos sexuais entre os europeus e os latinos eram intensas, os nativos caminhavam seminus, enquanto os europeus cobriam o corpo para não confrontar e despertar a sexualidade e as pregações religiosas. Alguns grupos nativos da América incentivavam o sexo antes do casamento, o que rapidamente foi recriminado pelos europeus por ser considerado um ato libidinoso. Contudo, os indígenas praticavam além do sexo antes do casamento o relacionamento homossexual e bissexual. Existiam escritos e pinturas retratando a sexualidade das americanas. Começou-se então a tentativa de mudanças dos hábitos dos oriundos das Américas por parte dos grupos evangelistas cristãos ou alguns outros líderes europeus, primeiramente tentando modificar as vestimentas o que aos poucos apresentou resultados, após isso veio a tentativa de dividir as famílias numerosas a fim de evitar infidelidade e episódios de abuso sexual. O período de noivado dos maias permitia que o casal se relacionasse sexualmente para que se fossem constatadas incompatibilidades e o casamento pudesse ser cancelado sem danos aos noivos. Esses atos voluptuosos foram também reprimidos, o que resultou em aumento da violência familiar. Essas AN02FREV001/REV 4.0 38 condutas europeias difundiram e fortaleceram o controle sexual dos homens com as mulheres. Os nativos não aceitaram facilmente aos rigores dos europeus, o que gerou um considerável conflito de valores e desejos, isso causou também a força de desejos europeus sobre as mulheres americanas, transformando-as em simples objeto de prazer, algumas realmente doavam seu amor àqueles homens, porém o estupro ainda era uma forma extremamente praticada e divulgada pelos homens europeus. As mulheres nascidas na América eram vistas como mulheres disponíveis para o sexo praticado à força ou não, por isso não fazia sentido as mesmas praticarem sexo por dinheiro. Algumas mulheres recorriam à lei para reclamar de terem sido abusadas. No entanto, quem mais sofria com isso eram elas, principalmente se fossem mestiças ou nativas, pois não havia como ter certeza que as mesmas eram virgens antes do ato. Já as mulheres casadas obtinham mais sucesso com a lei que não era muito severa a este tipo de crime, portanto o número casos julgados era muito pequeno. A necessidade de proteção da honra da família fazia com que as famílias casassem as filhas com seus estupradores, ou tentassem mantê-las virgens até o casamento. Isso implicou em relacionamentos infiéis e o número crescente de filhos ilegítimos o que perdura em grande quantidade até os dias de hoje. Esses eventos, além de acontecerem com os nativos, ocorreram também com as pessoas trazidas da África, muitos donos de escravos pensavam que por serem donos deles poderiam fazer também seu uso sexual, estas mulheres eram observadas e ditas como sensuais e devassas, o que justificava o desejo masculino. Eram na verdade um simples objeto de fantasia de origem sexual. Os homens negros sentiram-se então desmerecidos e foram colocados como fracos e impotentes, diante desse tipo de situação, fato que causou, dentro da comunidade africana, o alto índice de violência doméstica e a proibição das mulheres brancas de saírem com homens negros, pois eles tinham a fama de possuir um falo poderoso bem como sua ânsia sexual. Pode-se perceber que na verdade muitas coisas que vivenciamos hoje são fruto do período colonial, no qual a Europa demonstrou seu poder e impôs seus mandamentos, sua cultura, e quando ocorreu uma mistura de desejos e valores o AN02FREV001/REV 4.0 39 que culminou para que hoje cada país e cada grupo desenvolvessem sua própria cultura, desejos e valores relacionados ao sexo, tentando se respeitar ou simplesmente não tocar no assunto que ainda hoje é tratado muitas vezes como indecoroso. 10.5 DA PÓS-COLONIZAÇÃO ATÉ DIAS ATUAIS Até a abolição da escravidão, as mulheres escravas continuaram sendo objeto de desejo e escravas sexuais de seus senhores, vivenciada também por fatores raciais já que as mulheres europeias eram consideradas mulheres de respeito e as outras como mulheres quaisquer (STEARNS, 2010). As mulheres jovens, da elite ou não, eram vendidas nos mercados do matrimônio, o amor era irrelevante durante e após o processo de venda, toda forma de sexo que não tivesse a finalidade de produzir filhos era considerada como prostituição (PRIORE, 2011). FIGURA 6 - ESCRAVIDÃO NA AMÉRICA FONTE: Disponível em: <http://www.mw.pro.br/mw/mw.php?p=hist_mercantilismo_e_colonizacao&c=h>. Acesso em: 06 nov. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 40 Na América, após a colonização, a higiene íntima era realizada de forma muita precária, a falta de higiene era muito comum, descrita inclusive em poemas. As perseguições e ideias da Igreja por fim tiveram mais efeito na sociedade (PRIORE, 2011). Com a chegada da corte portuguesa, eram comuns os casos de adultério, atos que as esposas sabiam, porém nada podiam fazer, inclusive cometido pelo imperador Dom Pedro I, o que culminou em muitos filhos ilegítimos. Muitos maridos sustentavam, além desua família, outra prole de mulher chamada normalmente de teúda e manteúda ou concubina, essas mulheres, em alguns casos, residiam juntamente com a família considerada verdadeira perante a lei. Deste tipo de união e dos desejos mais afincos dos homens surgiram os bordeis que eram locais onde existiam shows de teatros referentes ao sexo – era um espaço dos prazeres (PRIORE, 2011). O período da Revolução Industrial trouxe consigo uma mudança nos padrões sexuais, com a melhor alimentação e padrão de trabalho a idade da puberdade se modificou, vieram os ataques ao catolicismo, a dificuldade de os pais assegurarem uma herança aos seus filhos o que implicou na falta de aceitação plena da autoridade dos pais sobre os filhos (STEARNS, 2010). Uma mudança bastante marcante foi após o período da República, nesta época, as pessoas começaram a valorizar mais o corpo, deixar os cabelos à mostra. Usavam-se cada vez mais faixas para modelar o formato do corpo e usavam-se também a partir dessa época camisolas e anáguas que deixavam o corpo mais à mostra (PRIORE, 2011). Nos anos 50, surgiram alguns produtos para o controle de natalidade como a camisinha e o diafragma, o que separou o sexo da procriação. Ocorreu nesse período também um fato marcante que foi a reivindicação por parte dos médicos de que o aconselhamento fosse ideal para a conservação da ética sexual e também para a saúde. Neste mesmo período, o contato entre várias regiões e países demonstrou a diferença de culturas principalmente sexuais. Como resultado a isso ocorreram algumas mudanças nas culturas públicas e nas leis para proteção das tradições de cada região (STEARNS, 2010). AN02FREV001/REV 4.0 41 Já nas décadas de 60 e 70 ocorreu a Revolução Sexual, que previa o prazer, a saúde e o cuidado ao corpo. A priorização do prazer passou a ditar as regras daquele momento em diante, com o rock and’ roll em alta os adolescentes estavam livres para experimentar de tudo, o que indicava a revolta contra os valores dos adultos. As músicas da época pregavam o sexo livre e a paz, as pessoas mais jovens aprenderam a falar palavrões livremente. No entanto, os adultos ainda poupavam os mais jovens de informações diretas sobre o sexo (PRIORE, 2011). A taxa de natalidade vinha diminuindo drasticamente em comparação com as épocas anteriores, mesmo com a época chamada de baby boom que foi o aumento da taxa de natalidade que fez com que cada família tivesse em média quatro filhos cada. O sexo agora também era associado ao prazer e as medidas preventivas para o sexo seguro eram utilizadas pela maioria das pessoas. Este fator do controle da natalidade nos acompanha até os dias de hoje (STEARNS, 2010). FIGURA 7 - PARTICIPANTES DO MOVIMENTO HIPPIE FONTE: Disponível em: <http://blogdogalila.com.br/2012/02/01/movimento-hippie/>. Acesso em: 12 nov. 2012 AN02FREV001/REV 4.0 42 Após tantas mudanças, barreiras encontradas, influências de outros países, cada cultura realizou sua própria escolha. Passamos ainda por punições sociais veladas sobre a nossa escolha sexual e de praticar o amor. Temos direito de escolha, leis para nos defender e ainda muito a evoluir, contamos com aprendizados durante a história humana e também partes de acertos e erros. Hoje existem propagandas realizadas por organizações internacionais para que o sexo seja realizado de forma segura para que doenças não sejam propagadas e a gravidez indesejada pouco a pouco deixe de existir. No mundo moderno as pessoas podem contar com outras para se informar a cada dia mais sobre sua sexualidade e sobre escolhas que podem e devem ser realizadas. Em séculos passados, pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência jamais seriam apoiadas para a prática do amor, mas hoje existem campanhas governamentais específicas que apoiam e orientam a prática sexual de pessoas portadoras de deficiência. Ainda hoje lidamos por outro lado com o preconceito quando tratamos de certos assuntos, mas aos poucos eles vão sendo trabalhados para que a sociedade fique livre de pré-conceitos e ideias errôneas sobre a sexualidade, ainda não encontramos um senso comum sobre a idade correta do início da vida sexual, mas a escolha de cada um diante dos olhos da sociedade é respeitada e de certa maneira apoiada por muitos. Estudos novos a cada dia vêm sendo divulgados e desenvolvidos, para que gradualmente as pessoas possam se beneficiar com o conhecimento. Cursos são lançados no mercado, pais orientam os filhos e famílias buscam cada vez mais o cuidado. A sexualidade vem sendo trabalhada e moldada desde os tempos remotos, visando na verdade a busca pelo bem comum, para que a noção de sua própria sexualidade seja o direito de todos e uma forma de prazer que perdure pela vida toda. O sexo é trabalhado de forma diferente para homens e mulheres, possivelmente pelo que foi construído ao longo de séculos. Alguns optam por seguir velhos ensinamentos, outros optam por inovar sempre, ainda existem os que dividem suas experiências e por fim aqueles que passam a vida a se esconder ou a procurar o que é melhor para si. AN02FREV001/REV 4.0 43 A história mudou completamente o rumo de algumas coisas, principalmente para a homossexualidade, que em um tempo foi considerado normal, após isso uma aberração e hoje como uma redescoberta que deve ser respeitada. Já a educação feminina não apresentou muitas mudanças, exceto pelo direito feminino da busca do prazer, do orgasmo e da felicidade sexual. A masturbação já é tratada como evento normal do ser humano e indicada inclusive como tratamento de alguns problemas. 11 EMOÇÕES RELACIONADAS AO SEXO 11.1 O QUE SENTIMOS Quando o assunto é sexo, podemos ser jovens, ter meia idade ou ainda participar do grupo da terceira idade, as reações são quase sempre as mesmas, uma espécie de vergonha, medo, ansiedade e aquela sensação de borboletas na barriga a qual muitas já experimentaram. Todos esses sentimentos são bastante comuns e rotineiramente experimentados, mas o que eles querem dizer e por que aparecem? Podem aparecer quando se fala no assunto pela primeira vez ou pela milésima, pode estar relacionado com a primeira relação sexual ou simplesmente com a mudança de parceiro ou com mudanças na vida. É importante entender e controlar as emoções e colocá-las ao parceiro no momento ideal, para que sua relação em vez de ser marcada pelo prazer seja marcada pela lembrança de algo que não saiu como o planejado. Ter em mente que a relação a dois é uma questão de confiança e que ela deve ser conversada e descoberta é um grande passo para o sucesso. AN02FREV001/REV 4.0 44 11.2 ANSIEDADE A ansiedade é um sentimento experimentado mundialmente, principalmente em um mundo moderno e globalizado. Está relacionada a provas, entrevistas, depressão, algumas preocupações recorrentes, à primeira relação sexual e as relações sexuais sem o envolvimento emocional. A ansiedade é mais experimentada entre as mulheres do que entre os homens já que a sociedade permite o experimento de muitas coisas mais facilmente ao homem do que no caso das mulheres (ROSA, 1998). A ansiedade ocorre também em jovens meninos pela falta de local apropriado para a relação sexual, fazendo com que a sensação do sexo não seja suficientemente prazerosa e que a pressa aliada à ansiedade atrapalhe o momento íntimo. A ansiedade aumenta inclusive quando essa experiência é dividida e divulgada para outras pessoas, principalmente mãe e/ou pai de algum dos parceiros (GUBERT e MADUREIRA, 2008). Não ocorrendo só em jovens, a ansiedade pode acontecer em todas as idades, pelo medo da gravidez, pelo medo de agradar o(a) parceiro(a), pela reação dos outros, e alguns pelo medo da culpa. As mulheres com menopausa podem experimentar uma diminuição das relações sexuaispela ansiedade presente neste momento, pelo pensamento de que a morte já está próxima e que o envelhecimento a proíbe de realizar certas atividades (LORENZI e SACILOTO, 2006). Para que a ansiedade diminua são necessários tranquilidade, positivismo e certeza de estar realizando a coisa certa. No caso daqueles que experimentam a ansiedade por um pensamento como o das mulheres em período de menopausa, é adequado procurar um médico e retirar todas as dúvidas para que a ansiedade pouco a pouco diminua. AN02FREV001/REV 4.0 45 11.3 MEDO O medo é um sentimento experimentado por muitas pessoas. Este sentimento implica no receio de algo. Esse medo pode vir pelo receio de ser assaltado na rua, da morte próxima de alguém querido, da gravidez, da contaminação por um agente patológico, por tentar ou querer agradar o parceiro sexual ou por sentir dor em vez do prazer na relação sexual. A prescrição do uso da camisinha adicionou o medo associado à contaminação em relações sexuais quando se não conhece muito bem o parceiro e não se tem exames realizados com frequência (ALTMANN, 2007). Aos homens também é comum a sensação de medo de não corresponder às expectativas, de não sair tudo como se planejou e, principalmente, por temer que sua performance não seja bem comentada. A sensação de medo é normal e ocorre com a maioria das pessoas. É importante que esse sentimento seja experimentado, vivenciado, mas não em todas as relações, as dúvidas devem ser retiradas e o bom relacionamento e diálogo com o parceiro é essencial para a desmistificação de alguns pensamentos. 11.4 AMOR E PRAZER O amor, afinal o que é o amor? Amor é segundo Amora (2008) uma afeição acentuada de uma pessoa por outra. Essa afeição acentuada muitas vezes culmina no ato sexual, como demonstração de cuidado, de zelo e afeto pelo(a) parceiro(a). Talvez uma das maiores realizações do ser humano, o amor é alcançado quando há respeito mútuo, para isso precisamos sentir prazer no que realizamos. Prazer, segundo Amora (2008), pode ser classificado como algo alegre que proporciona satisfação, jovialidade, júbilo e contentamento. De acordo com essas definições, podemos logo refletir que muitas vezes o amor e o prazer caminham juntos. AN02FREV001/REV 4.0 46 Nem sempre se pode ter a vivência de ambos em uma relação sexual e em razão desse fato pode-se experimentar o medo, a culpa a ansiedade e talvez o constrangimento de ter realizado um ato impensado ou incorreto, para isso é necessária a capacidade de absorver os sentimentos, saber expressá-los e contê- los em certos momentos para que estes não sejam canalizados de forma incorreta e tragam problemas futuros ou agravem os que naturalmente já se carrega. 12 PARCEIRO SEXUAL Antigamente a escolha do parceiro sexual era realizada com base em pensamentos sociais, relacionados à ascensão social e à melhor maneira de procriação. Com o tempo, essa postura foi se modificando visto que o papel do parceiro sexual não é somente baseado na atividade sexual, é baseado também no apoio que ele será capaz de oferecer em certas situações e no companheirismo inerente a todas as relações, no carisma e também no sentimento que ambos se dedicam. Atualmente, para a escolha de parceiros há uma diversidade de padrões: Há pessoas que preferem escolher parceiros sexuais do mesmo sexo; Há as que preferem escolher pessoas do sexo oposto; Há as que idealizam alguém que supõem ser o ideal para suprir suas necessidades afetivas e sexuais. Existe ainda uma série de fatores a serem pensados consciente ou inconscientemente que irão afetar na escolha realizada, conforme seja a mais adequada a cada pessoa. Tais escolhas ainda, por certo, são efeitos da construção da história da sexualidade como visto anteriormente. Borrione e Lordelo (2005) explicam que existe uma teoria que afirma que a escolha do parceiro sexual não é baseada no desempenho sexual que esta pessoa irá apresentar, mas sim em sua capacidade de desenvolvimento de ser pai ou mãe AN02FREV001/REV 4.0 47 em certo ponto da vida. Por isso o sexo feminino seria o objeto de maior seletividade e rejeição, dada a sua importância em gerar o filho e criá-lo. Existe também a estratégia sexual de curto prazo, em que o homem teoricamente pode ter várias parceiras com o objetivo de maior procriação. Para a mulher este ato fica mais difícil, pois precisa lidar com a discriminação social em ter vários parceiros o que não é aceitável. Carneiro (s.d) nos informou que a escolha sexual entre heterossexuais e homossexuais pode diferir ou se igualar em certos aspectos, em casais heterossexuais a dimensão da sexualidade é mais valorizada. Em homossexuais homens a vivência sexual do parceiro apresenta grande valia e para casais homossexuais femininos o que conta mais são o companheirismo e a amizade. De fato alguns valores mudaram, mas a base de tudo é que a concepção de uma nova família ainda permanece firme e forte e provavelmente jamais irá mudar. Percebemos que a ligação do sexo com a procriação ainda dita as regras na hora da escolha para o casamento, enquanto que para a cópula sem maiores interesses esta busca não é tão marcante. Mesmo com o passar dos anos, alguns valores permanecem fortes nas culturas de modo geral, perdurando por meio de gerações, mesmo que inconscientemente. 13 MITOS SOBRE O SEXO Alguns mitos foram colocados em torno do assunto sexo, cabe nesta fase erradicar o máximo de dúvidas e trazer o assunto a um patamar mais elevado e menos assustador. Os mitos têm em grande maioria a função de repressão sexual, por isso devem ser banidos da fala social, já que esses mitos podem também agravar a ansiedade, e a culpa e esconder desejos, naturais do ser humano. Ainda hoje, em tempos modernos, eles são bastante difundidos causando confusão, discórdia e a diminuição do prazer que o sexo pode trazer para as pessoas. Alguns mitos mais erroneamente difundidos serão colocados na tabela a seguir: AN02FREV001/REV 4.0 48 TABELA 1 - MITOS REFERENTES À SEXUALIDADE A masturbação causa danos mentais irreversíveis. O vírus do HIV só atinge a homossexuais. Os homens têm desejo sexual maior que o das mulheres. Mulheres que fazem sexo com outras mulheres não adquirem AIDS. O primeiro ato sexual é doloroso para as mulheres. O anticoncepcional de emergência é também um abortivo. As virgens sempre apresentam sangramento durante o ato sexual. Sexo oral não é higiênico. Não pode ocorrer relação sexual no período menstrual. Após os quarenta anos o sexo não tem tanta importância. Sexo anal não traz prazer, somente dor. O tamanho do pênis interfere no prazer. O sexo oral indica falta de virilidade. Masturbação é uma prática exclusivamente masculina. Sexo oral é sinal de imaturidade. As mulheres não devem tomar iniciativa na relação sexual. A homossexualidade é uma anormalidade orgânica. Quem se masturba fica epilético. Sexo é sujo. Quanto mais sexo se faz agora menos sexo sobra para futuras relações. O homem deve estar sempre pronto para o sexo. A mulher grávida não pode ter relações sexuais. O tamanho dos pés, nariz e mãos corresponde ao tamanho do pênis. A vasectomia e a laqueadura diminuem o desejo sexual. O tamanho do clitóris corresponde à capacidade de ter prazer da mulher. A masturbação faz aparecer espinhas. Se o homem não ejacula frequentemente, o esperma vai para a cabeça e o deixa louco. Após os sessenta anos as pessoas não têm direito ao sexo. FONTE: ASSIS e COL.,1986; LINS, 1997; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; MINISTÉRIO AS SAÚDE, 2005; FONSECA, et al, 2001; RESSEL e GUALDA, 2003; CRUZ e OLIVEIRA, 2002. AN02FREV001/REV 4.0 49 14 EXAMES FEMININOS As mulheres devem periodicamenterealizar alguns exames a fim de acompanhar sua saúde, se prevenir de doenças e providenciar seu tratamento caso sejam descobertas. Os exames de rotina realizados pelas mulheres são: Citologia oncótica; Exame clínico das mamas e Mamografia. FIGURA 8 - CONSULTA FEMININA FONTE: Disponível em: <http://soudiva.com/a-importancia- do-papa-nicolau>. Acesso em: 10 nov. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 50 14.1 CITOLOGIA ONCÓTICA O exame de citologia oncótica conhecido também por exame preventivo do colo do útero, papanicolau ou PapTest, é, no Brasil, a principal estratégia escolhida para o rastreamento precoce do câncer de colo de útero e doenças sexualmente transmissíveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Existem hoje muitos fatores associados ao câncer de colo de útero: Fatores como o início precoce da atividade sexual; A contaminação por HPV; O uso prolongado de anticoncepcionais orais. Por isso a prevenção é a melhor escolha para a saúde, esta prevenção se dá pelo exame simples que é realizado em consultório médico e pode ser realizado por médico ou por enfermeiro. O exame consiste na coleta de material do colo do útero, é simples e normalmente não dói, para ser realizado é necessário que a mulher não tenha tido relações sexuais, nem ter usado duchas e medicações nas últimas 48 horas, além disso, ela não pode estar menstruada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Este exame deve ser realizado por toda mulher que já teve sua primeira relação sexual, anualmente e a cada dois resultados normais. Pode ser realizado novamente a cada três anos, a faixa etária, maiormente preconizada para a realização do exame é dos 25 aos 60 anos de idade (MINISTÉIO DA SAÚDE, 2006). 14.2 EXAME CLÍNICO DAS MAMAS E MAMOGRAFIA O exame clínico das mamas é um dos mais importantes para a detecção do câncer de mama e deve ser realizado por mulheres acima de 40 anos salvo em casos em que a mulher já apresente motivos como: histórico familiar, menarca AN02FREV001/REV 4.0 51 precoce e mulheres com histórico de lesão mamária. E a mamografia deve ser realizada em mulheres de 50 a 69 anos. Para as mulheres do grupo de risco, a necessidade de exame clínico e da mamografia é maior, por isso devem ser realizados a partir dos 35 anos de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). O exame clínico consiste na observação e palpação das mamas e linfonodos realizadas por médico ou enfermeiros, caso sejam encontradas anormalidades é indicada a mamografia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 14.3 AUTOEXAME DAS MAMAS O autoexame das mamas deve ser realizado pela mulher, uma vez ao mês após a menstruação e para aquelas mulheres que não menstruam mais deve ser realizado no mesmo dia de cada mês a fim de detectar qualquer anormalidade e recorrer ao tratamento necessário com maior segurança (BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE, 2003). Este exame pode ser realizado no banho ou deitada, é necessário elevar os braços em busca de anormalidades, com o braço direito elevado, deve-se deslizar os dedos da mão esquerda na mama direita em direção a axila e vice-versa (BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE, 2003). AN02FREV001/REV 4.0 52 15 EXAMES MASCULINOS Os homens também devem se prevenir e realizar alguns exames anualmente, ficando mais seguros em relação a sua saúde e também para transmitir maior segurança a sua parceira, alguns exames que o homem deve realizar são: PSA; Toque retal. 15.1 PSA O PSA é uma proteína produzida na próstata e liberada no sangue. Esta substância serve para detectar mais precocemente o câncer de próstata e outros problemas, esse exame deve ser realizado em homens acima dos 50 anos, sendo FIGURA 9 - CONSULTA MASCULINA FONTE: Disponível em: <http://www.folhadacidade.inf.br/site.asp?cod_editoria=6>. Acesso: 10 nov. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 53 que o valor limite aceitável deve ser de 4ng/ml (INCA, 2007; BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE, 2007). Para homens com histórico familiar de câncer de próstata, este exame deve ser realizado a partir dos 45 anos (INCA, 2007). 15.2 TOQUE RETAL O toque retal é um exame realizado em consultório médico normalmente após a realização do exame PSA, para confirmar a ausência ou existência de anomalias, podendo ou não representar o câncer. Este exame deve ser realizado após os 50 anos, salvo em casos de histórico familiar de câncer de próstata, neste caso o exame deve ocorrer aos 45 anos (INCA, 2007). FIM DO MÓDULO II
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