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CONSTITUCIONALISMO SOCIAL RESUMO ➢ As condições desumanas de trabalho que assolaram o proletariado entre as duas primeiras revoluções industriais determinaram historicamente a necessidade de intervenção estatal para a regulação da relação de emprego. ➢ Essa intervenção deu-se inicialmente pela lei e depois, em linhas mais gerais, pelas próprias constituições, originando o CONSTITUCIONALISMO SOCIAL ( ESTADO SOCIAL) ➢ Estado Social x Estado do bem-estar social. ▪ O Estado Social coincide, semântica e cronologicamente, com a onda do constitucionalismo social, emprenhando a tessitura constitucional com nítido viés de esquerda. ▪ O Estado do bem-estar social, radica nas políticas do segundo pós-guerra, com o projeto de reconstrução da Europa. Estritamente CAPITALISTA e estadunidense. ➢ Atribui-se à Constituição mexicana promulgada em 1917 a gênese formal do constitucionalismo social do século XX. Foi marcadamente anticlerical, agrarista, nacionalista e social, com forte inspiração anarcossindicalista. Pela primeira vez, positivaram normas destinadas a proteger o trabalho humano e a prover as necessidades sociais dos mais desfavorecidos ou vulneráveis. ➢ Em 1919, na Alemanha, entrou em vigor a Constituição de Weimar, ainda hoje, o mais memorável símbolo do constitucionalismo social emergente do início do século XX. Após a derrota na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha tornou-se uma república (1918). O social-democrata Friedrich Ebert formou o primeiro governo republicano e instalou assembleia nacional constituinte. Na assinatura da Weimarer Verfassung, acentuou a unidade da Alemanha federal e sinalizou a passagem do modelo liberal para o modelo social de Estado. • Alemanha eriçou, perante o mundo, a bandeira da “regulamentação internacional da situação jurídica dos trabalhadores, que assegurasse ao conjunto da classe operária da humanidade um mínimo de direitos sociais” (MORAES,A.,1998:31), o que efetivamente se concretizou com o advento da OIT, no mesmo ano, e toda a sua atividade normativa ulterior. ➢ Os direitos sociais têm sido incluídos, em vários momentos (como no caso da nossa Constituição), dentre os direitos e garantias fundamentais. Este processo de “socialização” de algumas liberdades públicas é fenômeno que não pode ser desprezado, sobretudo com o advento do constitucionalismo social. ➢ Assim, hoje somente há liberdade onde ela possa crescer de forma a propiciar o engrandecimento de todos os indivíduos. Nesse contexto, não é sem propósito que o Capítulo dos direitos sociais encontra-se no nosso ordenamento constitucional, inserto no Título dos direitos e garantias fundamentais. Estamos diante de novos direitos fundamentas que não se dissociam mais, com o próprio curso da história, dos direitos sociais ➢ Com isso, os tradicionais direitos fundamentais, como o direito à vida e à liberdade de expressão, associam-se, por exemplo, no mesmo bojo que os direitos do consumidos (art. 5º XXXII) e menciona-se a função social da propriedade. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ➢ A Constituição Federal de 1988 foi uma inovação na legislação brasileira no sentido de considerar iguais homens e mulheres. Buscou-se mudar a concepção da mulher perante a sociedade. No seu art. 3º, inciso IV da Constituição consta que “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. ➢ A igualdade entre homens e mulheres ganhou o status de direito fundamental. ➢ O art. 7º, inciso I, dispõe que é um direito do trabalhador a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa. • A mulher é uma das maiores vítimas da despedida discriminatória, logo este inciso é uma forma de proteção do seu trabalho. • XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; • XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; ➢ A lei nº 9.029, de 1995: “Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências.” ➢ É necessário políticas e ações afirmativas para a permanência da mulher no mercado de trabalho, assim como, para ocupar cargos de liderança dentro de empresas. ➢ É vedado ao empregador exigir da mulher serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 quilos, para o trabalho contínuo, ou 25 quilos, para o trabalho ocasional (CLT, art.390). Proteção à maternidade ➢ A empregada tem direito à licença à gestante, de no mínimo 120 dias, em decorrência do nascimento do seu filho, sem prejuízo do emprego e do salário (CF, art. 7º, XVIII, e CLT, arts. 392 e 393). ➢ A Lei 10.421, de 2002, deu nova redação ao art. 392 e seus §§ 1º a 3º da CLT, nos seguintes termos: Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença- maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário. § 1º A empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu empregador da data do início do afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocorrência deste. § 2º Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado médico. § 3º Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos 120 (cento e vinte) dias previstos neste artigo. ➢ De acordo com a OJ 44 da SBDI-1/TST, é devido o salário- maternidade, de 120 dias, desde a promulgação da CF/88, ficando a cargo do empregador o pagamento do período acrescido pela Carta. ➢ Com relação à proteção da mulher durante a gravidez, o § 4º do art. 392 da CLT, com redação dada pela Lei 9.799/99, dispõe textualmente que é garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e demais direitos: I – transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho; II – dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares ➢ Ainda durante o período de licença-maternidade, a empregada mulher terá direito ao salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, bem como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava (CLT, art. 393). ➢ O art. 392-A da CLT (com redação dada pela Lei 13.509/2017), segundo o qual à “empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança ou adolescente será concedida licença maternidade”, nos termos do art. 392 da CLT. ➢ A Lei 11.770/08 possibilitou a prorrogação de 60 dias na licença maternidade em caso de o empregador aderir ao Programa Empresa Cidadã (forma de combater a discriminação contra a mulher em relação à maternidade) ➢ Em caso de aborto não criminoso, a mulher empregada faz jus à licença remunerada de duas semanas, assegurado o direito ao retorno à função que ocupava antes do afastamento (CLT, art. 395). É importante notar que pode ocorrer assédio moral do empregador que se recusa a aceitar o atestado médico que corrobora o aborto não criminoso. ➢ Para amamentar o filho, a empregada terá direito a dois descansos intrajornadas especiais, com duração de 30 minutos cada, sem prejuízo do salário e do seu cômputo na duração do trabalho diário GARANTIA PROVISÓRIA NO EMPREGO “DESDE A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ” ➢ À empregada gestante é assegurado o direito à garantia no emprego,desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (ADCT, art. 10, II, “b”), isto é, caso a sua dispensa seja arbitrária ou sem justa causa, poderá pleitear reintegração. ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição: II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. ➢ A confirmação da gravidez retroage à data da concepção, ou seja, não tem relevância para fins de aquisição de garantia de emprego o fato de o empregador saber ou não do estado gravídico da empregada ➢ A garantia de emprego da gestante, não se confunde com a licença maternidade. ▪ Na licença maternidade a trabalhadora recebe um benefício previdenciário chamado “salário maternidade”. Doutrina e jurisprudência entendem que o período configura interrupção do contrato de trabalho, eis que a trabalhadora não sofre qualquer prejuízo no recebimento do salário. ▪ A estabilidade prevista no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é uma garantia de emprego, hipótese em que a trabalhadora não pode ser dispensada sem justa causa. Licença maternidade: dura 120 dias e a empregada recebe salário maternidade da previdência social. Estabilidade: da concepção até 5 meses após o parto. ➢ É importante lembrar que o caput do art. 391-A da CLT dispõe que a “confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do ADCT”, sendo que seu parágrafo único (incluído pela Lei 13.509/2017) estende tal garantia “ao empregado adotante ao qual tenha sido concedida guarda provisória para fins de adoção”. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS Conceito e natureza jurídica do direito de trabalho ➢ (O Direito do Trabalho) “pode ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas”(Mauricio Godinho Delgado) ➢ Natureza jurídica: Tertium genus (Direito Social – art. 6º/88) Histórico da criação e a evolução do direito do trabalho ➢ Primeiras leis trabalhistas: ▪ Inglaterra (1802) – Lei de Peel jornada máxima de 12 horas para os menores que trabalhavam nas fábricas ▪ França (1814) - proibiu trabalho de menores de oito anos ▪ Alemanha (1833) – Leis “sociais” de Bismark ▪ Itália (1886) – proteção ao trabalho da mulher e do menor ➢ Corporativismo fascista Carta Del Lavoro (1927) - regulação do trabalho na Itália fascista ➢ Constitucionalismo social ▪ Constituição do México de 1917 - Constituição alemã de Weimar de 1919 ▪ Tratado de Versailles (1919) ▪ Organização Internacional do Trabalho (OIT) ▪ Constituição da República Federativa do Brasil de1988: consolidação do Direito do Trabalho em nível constitucional — artigos 6º, 7º a 11º da CF/88 Direito do trabalho como direitos (sociais) fundamentais na Cf/88 ➢ “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana ; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa ; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. ➢ “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. ( (...) ➢ Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação da Emenda Constitucional n. 90/2015). ➢ “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; (...) XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; (...) XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; (...) XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- escolas; (Redação EC nº 53, de 2006) XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; (...) XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; (PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO) XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; (...) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; “Art. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (PRINCÍPIO DA INTERVENCIENCIA OBRIGATÓRIA) (...) III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; (...) VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; (...) ➢ Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. (...) ➢ Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores ➢ “Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (PRINCIPIO PROTETIVO) I - a proteção à família, à maternidade, àinfância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; (...) ➢ Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (...) ➢ II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (EC nº 65, de 2010) Direitos (sociais) fundamentais e ordem econômica ➢ “CF/88 - Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) III - função social da propriedade; (...) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; Direitos sociais como cláusulas pétreas ➢ “CF/88 – “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e garantias individuais.” STF - Interpretação: ADIN 939: direitos individuais a serem preservados como cláusulas pétreas não são apenas os elencados no art. 5º, mas outros que garantam efetividade aos direitos fundamentais. DIREITOS SOCIAIS E O BRASIL NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS SEGUNDO A CF/88 ➢ “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; (...) VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações ➢ Art. 5º (...): (...) § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela EC nº 45, de 2004) § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela EC nº 45, de 2004) Decreto 678/1992 e a internalização da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) Convenções ratificadas da OIT Evolução do estado moderno, de suas bases e de seus objetivos fundamentais. Estado de Direito Estado Democrático Estado de Bem- “Governo das Leis” “Governo do e para o Povo” Estar social “Capitalismo Organizado” ESTADO DEMOCRÁTICO (SOCIAL) DE DIREITO (Constituição Federal de 1988) funções e principais características do direito do trabalho Quais são as funções do direito do trabalho? Tutelar Conservadora ou Repressiva FUNÇÕES Econômica Social Coordenadora Quais são as principais características? Intervencionismo/Reformismo social Protecionismo CARACTERÍSTICAS Coletivismo Expansionismo Cosmopolitismo Pluralismo de fontes TEORIA GERAL DO DIREITO COLETIVO ➢ O direito coletivo do trabalho nasce com o reconhecimento do direito de associação dos trabalhadores, o que efetivamente só se deu após a Revolução Industrial (século XVIII). ➢ “conjunto de regras, princípios e institutos regulatórios das relações entre os seres coletivos trabalhistas: de um lado, os obreiros, representados pelas entidades sindicais, e, de outro, os seres coletivos empresariais, atuando quer isoladamente, quer através de seus sindicatos” ➢ O direito coletivo normatiza, portanto, as relações coletivas com ênfase na autorregulamentação e autocomposição dos conflitos coletivos ➢ O direito coletivo do trabalho ocupa-se das relações coletivas de trabalho, isto é, das relações jurídicas nas quais os seus titulares atuam, em regra, na qualidade de representantes de grupos sociais e econômicos. ➢ Busca-se, assim, viabilizar o exercício da autonomia privada pelos trabalhadores e empregadores, coletivamente considerados. ➢ Pode-se dizer, portanto, que o direito coletivo assume caráter instrumental, constituindo, geralmente, um complexo de normas autônomas, que são as criadas pelos próprios atores sociais diretamente interessados. Isto porque, como se sabe, além dessa forma autocompositiva, há países que adotam também a solução heterônoma dos conflitos. É o caso do Brasil, onde o Estado exerce o poder normativo por intermédio da Justiça do Trabalho (CF, art. 114, § 2º). ➢ A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, art. XXII, item 4: Toda pessoa, todo homem têm direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. ➢ A Organização Internacional do Trabalho (OIT) editou diversos tratados sobre o tema, sendo os mais importantes a convenção 87 (1948) – ainda não ratificada pelo Brasil -, que dispõe sobre a liberdade sindical, e a Convenção de 98, que trata, basicamente, da negociação coletiva. FUNÇÕES ESPECÍFICAS DAS ENTIDADES SINDICAIS ➢ REPRESENTATIVA: O artigo 8º, III, da CF, estabelece que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. O mesmo consta do art. 513, “a” da CLT: “representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida ➢ NEGOCIAL: Geração de normas jurídicas – Art. 8º, VI, da CF: “é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho”. Art. 513, “b” da CLT: “São prerrogativas dos sindicatos: (...) b) celebrar contratos de trabalho” ➢ ASSISTENCIAL: Prestação de serviços. CLT, Arts. 477: “Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.” 514, “b” e “d”: “São deveres dos sindicatos: (...) b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro de pessoal,em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe.” ➢ ECONÔMICA: CF/88 x Art. 564 da CLT (veda esse tipo de atividade). Porém, o dispositivo constitucional que prevê a não intervenção do Estado nos sindicatos não recepcionou esse artigo do texto da CLT, com isso, não há restrições legais para que as entidades sindicais desemprenhem funções econômicas. ➢ POLÍTICA: CF/88 x Arts. 511 e 521, “d” da CLT. A função política foi proibida pela CLT. O art. 521, d veda o exercício de atividades político-partidárias pelos sindicatos. Contudo, esse dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com a veda da interferência do Estado nos sindicatos, conforme coloca Maurício Godinho Delgado[19]. A liberdade do exercício de funções, uma das dimensões da liberdade sindical, é que deve prevalecer quando a entidade sindical for definir suas prioridades de atuação. Aspectos históricos do direito coletivo no brasil ➢ Influência dos imigrantes, formação de ligas operárias no final do séc. XIX ➢ Formação do sindicato dos trabalhadores rurais (1903) e urbanos (1907) ➢ Influências externas: Pós 1919 – Tratado de Versailles , OIT e constitucionalização do Direito do Trabalho (Constituição Mexicana de 1917 e Constituição de Weimar de 1919) ➢ Criação do Ministério do trabalho, indústria e comércio em 1930: início do corporativismo com interferência estatal: sindicatos oficiais, sem liberdade ➢ A Constituição brasileira de 1934, inspirada na alemã de Weimar, assegurou a liberdade sindical, destacando, inclusive, sua função política ➢ Já a Constituição de 1937, outorgada no Estado Novo, retoma o sistema sindical corporativista, inspirado no sistema italiano da Carta del Lavoro ➢ As Constituições Federais de 1946 e 1967 reconheceram formalmente o direito de greve, embora mantivessem as limitações à liberdade sindical ➢ Regime Militar – neste período, impôs-se aos sindicatos uma postura assistencialista em detrimento da reivindicatória ➢ Década de 1980 – fase de gradual liberação e forte sindicalismo à margem da legalidade, com o desenvolvimento de dois tipos de sindicalismo: o reivindicativo - revolucionário e o reformista de resultados ➢ Constituição Federal de 1988 (CF/88): mesclou elementos de autonomia e liberdade sindical com outros de heteronomia e intervencionismo, pois: • apesar de assegurar a livre associação em sindicatos, manteve o monopólio da representação e unicidade sindical • embora tenha garantido a liberdade de autodefinição e organização dos sindicatos, manteve o condicionamento de sua base territorial mínima aos municípios • manteve a contribuição sindical obrigatória, se assim for prevista em lei, e criou a confederativa • aboliu o estágio preliminar de sindicatos sob a forma de associação e a necessidade de seu reconhecimento pelo Ministério do Trabalho • garantiu a livre criação de sindicatos sem a autorização do Estado • Manteve a organização sindical piramidal com sindicatos, federações e confederações • Previu a liberdade individual de filiação e de desfiliação • Concedeu aos aposentados o direito sindical de votar e serem votados • Conferiu estabilidade aos dirigentes sindicais • Tratou do direito de greve Distinção importante entre unicidade sindical, unidade sindical e pluralidade sindical ➢ UNICIDADE SINDICAL: Implica a existência de apenas uma entidade sindical que detém a exclusividade da representação dos trabalhadores ou empregadores, em conformidade com a forma imposta, pelo poder público (CF/88 em seu artigo 8º, inciso II), para tal representação. ➢ UNIDADE SINDICAL: É o sistema no qual os sindicatos se unem são por imposição legal, mas por opção própria. ➢ PLURALIDADE SINDICAL: Garante a ampla liberdade de escolha, constituição e associação sindical (Convenção 87 OIT – Brasil não ratificou a convenção, não tem ampla liberdade) NORMAS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITO COLETIVO ➢ OIT (Organização Internacional do Trabalho): Tratado de Versalhes em 1919. ▪ Pessoa jurídica de direito público e internacional de caráter permanentes, constituída por Estados que assumem a obrigação de observar as normas constitucionais da organização e das convenções que ratificam, integrando o sistema da Nações Unidas como uma de suas agências especializadas. ▪ Objetivo: promover a uniformização internacional do Direito do Trabalho, proporcionando a evolução das normas protetivas do trabalhador com o alcance na justiça social e na dignidade do trabalho. ▪ Os governos dos Estados-Membros e suas organizações de empregadores e de trabalhadores tem elaborado normas internacionais referentes a todos os âmbitos de trabalho humano como abolição do trabalho forçado, liberdade de associação e sindicalização, saúde e segurança do trabalho. Convenção n. 87, da Organização Internacional do Trabalho. ➢ Garante ampla liberdade sindical, garantido, em linhas gerais: ▪ tanto aos trabalhadores quanto aos empregadores, sem qualquer distinção, o direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas ▪ o direito dos mesmos de elaborarem seus estatutos e regulamentos administrativos, de elegerem livremente seus representantes, de organizarem a gestão e a atividade dos mesmos e de formularem seu programa de ação ▪ e, fundamentalmente, o compromisso das autoridades públicas absterem-se de qualquer intervenção que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercício legal OBS: tal convenção não foi ratificada pelo Brasil em função da pluralidade sindical que ela implica! Demais instrumentos normativos internacionais ratificados pelo Brasil ➢ Convenções de n. 11 (1921) e 141 (1975) que tratam dos direitos sindicais dos trabalhadores rurais ➢ Convenção n. 98, de 1949, sobre o direito de proteção contra atos de ingerência e condutas antissindicais ou direito de livre sindicalização, bem como o direito à negociação coletiva ➢ Convenção n. 135, de 1971, que dispõe sobre a proteção e prerrogativas dos representantes dos trabalhadores no local de trabalho ➢ Convenção n. 151 de 1972 sobre as relações de trabalho na administração pública e, o direito de sindicalização de seus servidores ➢ Convenção n. 154, de 1981 sobre o fomento à negociação coletiva, ratificada apenas recentemente, em 15/06/2010 ORGANIZAÇÃO SINDICAL ➢ Sindicatos em sentido amplo ▪ Conceito: “são entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores (e empregadores) vinculados por laços profissionais (econômicos) e laborativos comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida” (Mauricio Godinho Delgado) ➢ Natureza Jurídica: entes associativos de direito privado ➢ Base territorial mínima: munícipio ❖ OBS: princípio da especificidade ((TST – RO – 1847- (78.2012.5.15.0000; AIRR-808-13.2011.5.03.0001)). Conflito de representação entre dois sindicatos – um de âmbito estadual e mais específico em relação à atividade profissional, e outro de âmbito municipal e mais abrangente quanto à atividade. A decisão foi a de que o critério da especificidade prevalece em detrimento ao da territorialidade. TIPOS DE SINDICATO (ART. 511 DA CLT) ➢ Sindicato por categoria econômica (de empregadores) ➢ Sindicato por categoria profissional e por categoria diferenciada ▪ NÃO CONFUNDIR CATEGORIA DIFERENCIADA COM O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE ❖ CONCEITOS FUNDAMENTAIS: ➢ Categoria econômica (art. 511,§ 1º da CLT): “a solidariedade de interesses econômico dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas forma o vínculo social básico que se denomina categoria econômica” • Assim, tem-se como o critério de agrupamento o ramo de atividade econômica idêntico. Ex.: metalurgia – Sindicato das Empresas Metalúrgicas de São Paulo. • Iguais – ex. papelaria e papelaria • Similar – papelaria e livraria, papelaria e bomboniere • Conexas – ex. construção civil e esquadrilhas, serviços de acabamento. ➢ Categoria profissional (art. 511,§ 2º): define-se em função da “similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional” ➢ Categoria profissional diferenciada (art. 511, §3º): “é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de vida singulares”. EX.: Aeronautas Músicos Profissionais Condutores de Veículos Rodoviários (motoristas) Oficiais Gráficos Cabineiros (ascensoristas) Secretárias Classificadores de Produtos de Origem Vegetal Empregados Desenhistas Técnicos, Artísticos, Industriais, Copistas, Projetistas Técnicos e Auxiliares Aeroviários Jornalistas Profissionais Radiotelegrafistas da Marinha Mercante Operadores de Mesas Telefônicas Agenciadores de Publicidade Propagandistas e Vendedores de Produtos Farmacêutico Maquinistas e Foguistas (de geradores termoelétricos e congêneres) Professores Publicitários Técnicos de Segurança do Trabalho Práticos de Farmácia Classificadores de Produtos de Origem Vegetal Carpinteiros Navais Profissionais de Enfermagem, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde Tratoristas (salvo os rurais) Condutores de ambulâncias Vendedores e Viajantes de Comércio Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões Profissionais de Relações Públicas Trabalhadores em Atividades Subaquáticas e Afins Obs: Sindicato Patronal É uma associação que defende e preza pelos interesses dos empregadores, tanto em termos econômicos, sociais e políticos quanto em questões profissionais. Funciona por meio de contribuição sindical (facultativa). É uma instituição cujo objetivo é servir aos interesses dos empresários frente ao sindicato dos funcionários e até perante o governo. Sua atuação também representa as empresas nas convenções e dissídios (ações ajuizadas no Tribunal para solucionar conflitos entre as partes coletivas que compõem uma relação de trabalho – desacordo que existe entre empregador e empregado em relação a benefícios como auxílio- refeição, auxílio-creche, plano de saúde, valor de horas extras, piso salarial e reajuste salarial (benefícios que são determinados pelos Acordos Coletivos e pelas Convenções)) Federações ➢ São entidades sindicais de segundo grau, situadas acima dos sindicatos da respectiva categoria, abaixo das confederações, constituídas por Estado a partir de no mínimo 5 sindicatos. Confederações ➢ São as organizações sindicais de maior grau em determinada categoria. Podem ser criadas, por, no mínimo, três federações. Centrais Sindicais ➢ São as maiores unidades representativas de trabalhadores, sendo consideradas entidades de cúpula. Representam organizações sindicais de diferentes categorias que a elas se filiam livremente. Foram reconhecidas com a Lei n.11.648/2008 e têm por atribuição coordenar a representação dos trabalhadores das organizações sindicais filiadas e participar das negociações em colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite em assuntos de interesses dos trabalhadores. Esses requisitos mínimos legalmente fixados correspondem a: I — filiação de, pelo menos, 100 sindicatos distribuídos nas cinco regiões do país; II — filiação em pelo menos três regiões do país de, no mínimo, 20 sindicatos em cada uma; III — filiação de sindicatos em, no mínimo, cinco setores de atividade econômica; IV — filiação de sindicatos que representem, no mínimo, sete por cento do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional (art. 2º, incisos I a IV, Lei n. 11.648/08) Garantias Sindicais ➢ Garantia Provisória de Emprego • A principal delas é a vedação à dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei (art. 8º, VIII, CF/88). Esta garantia tem sido chamada também de estabilidade sindical. • Pelo texto constitucional, a garantia abrange apenas empregados sindicalizados com registro a cargos eletivos, titulares ou suplentes, de direção ou representação sindical. Em princípio, não atingiria, desse modo, participantes da administração sindical que não tivessem sido eleitos pela respectiva categoria. O insucesso na eleição compromete, é claro, a correspondente garantia constitucional. • Em se tratando de dirigente sindical de categoria diferenciada, a proteção estaria restrita aos casos em que o sindicalista exercesse em seu emprego atividade relacionada à sua específica categoria. Ilustrativamente, dirigente de sindicato de motoristas, que exercesse, junto a seu empregador, exatamente a função de motorista (categoria diferenciada) ➢ Inamovibilidade do Dirigente Sindical • Deriva da lógica da estabilidade do sindicalista a proibição de sua remoção para funções incompatíveis com a atuação sindical ou para fora da base territorial do respectivo sindicato. É que tais mudanças poderiam inviabilizar, ou restringir significativamente, o razoável exercício de suas funções sindicais específicas. • Tal garantia conexa está, de todo modo, lançada expressamente no texto da lei. De fato, a CLT dispõe que o dirigente sindical não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais (art. 543, caput, in fine). • Em coerência, estabelece a lei que o dirigente que solicitar ou aquiescer com tais mudanças perderá o correspondente mandato sindical (art. 543, § 1º, CLT). Trata-se de inferência também estritamente lógica: mesmo contando com amplas garantias da ordem jurídica, o trabalhador acolhe a modificação contratual incompatível (ou, até mesmo, a solicita); seu gesto, ou sua omissão, traduzem ato tácito de renúncia ao exercício de suas funções sindicais. ➢ Garantias Oriundas de Normas da OIT • A Convenção 98, OIT, que trata do direito de sindicalização e de negociação coletiva, vigorante no Brasil há cerca de 50 anos(32), estipula critérios para tais garantias sindicais, conforme já foi exposto neste Curso: “Art. 2-1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração. 2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma organização de empregadores.” (grifos acrescidos.) • O mesmo texto convencional reprime eventuais restrições empresariais a obreiros em face da participação ou não participação em tal ou qual sindicato (art. 1, 2, “a”, Convenção 98, OIT) ou em atividades sindicais(art. 1, 2, “b” da Convenção 98) • A Convenção 135, por sua vez (vigente no Brasil desde 18.03.1991)(33), que trata da proteção de representantes de trabalhadores, estipula a seguinte garantia, também já mencionada neste Curso: “Art. 1º Os representantes dos trabalhadores na empresa devem ser beneficiados com uma proteção eficiente contra quaisquer medidas que poderiam vir a prejudicá-los, inclusive o licenciamento (na verdade, despedida, isto é, “licenciement”), e que seriam motivadas por sua qualidade ou suas atividades como representantes dos trabalhadores sua filiação sindical, ou participação em atividades sindicais, conquanto ajam de acordo com as leis, convenções coletivas ou outros arranjos convencionais vigorando. ➢ NÃO CONFUNDIR GARANTIA E ESTABILIDADE. A garantia é um tipo de estabilidade. ❖ Garantia = é provisória, ideia de temporariedade, pois garante o emprego a determinados trabalhadores em um determinado tempo. Tem seu emprego garantido, não podendo ser dispensado por vontade do empregador, salvo por falta grava ou força maior. ❖ Estabilidade = representa a garantia no emprego e visa proteger o trabalhador em determinadas situações especiais ou no exercício de alguns cargos. EX.: dirigentes sindicais. O empregado detentor de estabilidade só pode ser dispensado por falta grave devidamente apurada através de inquérito judicial. PRINCIPAIS FONTES DE RECEITAS SINDICAIS ➢ Contribuição sindical: não é obrigatória. Com a Lei n. 13.467, vigorante desde 11.11.2017, a contribuição sindical obrigatória foi convolada em contribuição sindical voluntária, passível de desconto apenas mediante expressa e prévia autorização dos participantes das categoriais econômicas e profissionais. ((art. 8º, IV, CF/88 e arts. 578 a 610, CLT) • O Novo caráter facultativo da Contribuição Sindical Nova redação da CLT promovida pela Lei 13.467/2017 • “Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados. (NR) • “Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.” (NR) • “Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.” (NR) • “Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.” (NR) • “Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês de fevereiro, observada a exigência de autorização prévia e expressa prevista no art. 579 desta Consolidação.” (NR) • “Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade.” (NR) • “Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho.” ➢ Contribuição Confederativa: (art. 8º, IV, CF/88) Destina-se ao custeio do sistema confederativo, devendo ser fixada nos limites legais, pela assembleia sindical OBS: Não é obrigatório o seu pagamento pelas pessoas não associadas ao respectivo sindicato (súmula vinculante 40 – ex sum. 666 STF) ➢ Contribuição ou “Taxa” Assistencial: (art. 513, “e”, da CLT) Consiste no pagamento feito à entidade sindical que participou das negociações coletivas e obteve novas condições de trabalho. É prevista em sentenças normativas, acordos e convenções coletivas OBS: Só pode ser cobrada do associado ao sindicato. O argumento é de que fere a liberdade sindical constitucionalmente assegurada a cobrança encetada contra trabalhadores não sindicalizados, mesmo sendo efetivos integrantes da respectiva base sindical. (Precedente 119 da SDC do TST – mantido - DEJT divulgado em 25.08.2014) ➢ Mensalidade dos sócios do sindicato (art. 548, “b”, da CLT) COMISSÃO DE EMPREGADOS NAS EMPRESAS – CLT/LEI 13.467/2017 ➢ Serve para representar os empregados perante o empregador, com fins de reinvindicação, solução de conflitos, aprimoramento na relação e fiscalização. ➢ A Lei da Reforma Trabalhista, a respeito desse tema, inseriu o novo Título IV-A na CLT (“Título IV-A — Da Representação dos Empregados”), integrado pelos arts. 510-A até 510-D. ➢ Eis a regulamentação legal do novo instituto trabalhista: COMISSÃO DE REPRESENTANTES • “Art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de uma comissão para representá-los, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. § 1º A comissão será composta: I — nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros; II — nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros; III — nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros. § 2º No caso de a empresa possuir empregados em vários Estados da Federação e no Distrito Federal, será assegurada a eleição de uma comissão de representantes dos empregados por Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma estabelecida no § 1º deste artigo.” ATRIBUIÇÕES DA COMISSÃO DE REPRESENTANTES • “Art. 510-B. A comissão de representantes dos empregados terá as seguintes atribuições: I — representar os empregados perante a administração da empresa; II — aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus empregados com base nos princípios da boa-fé e do respeito mútuo; III — promover o diálogo e o entendimento no ambiente de trabalho com o fim de prevenir conflitos; IV — buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva aplicação das normas legais e contratuais; V — assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, idade, religião, opinião política ou atuação sindical; VI — encaminhar reivindicações específicas dos empregados de seu âmbito de representação; VII — acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho. § 1º As decisões da comissão de representantes dos empregados serão sempre colegiadas, observada a maioria simples. § 2º A comissão organizará sua atuação de forma independente. ➢ Candidatura à comissão de representantes: Qualquer empregado pode ser candidato, exceto: contratos por prazo determinado, com contrato suspenso ou que estejam em período do aviso prévio, trabalhado ou indenizado PROCESSO ELEITORAL • “Art. 510-C. A eleição será convocada, com antecedência mínima de trinta dias, contados do término do mandato anterior, por meio de edital que deverá ser fixado na empresa,com ampla publicidade, para inscrição de candidatura. § 1º Será formada comissão eleitoral, integrada por cinco empregados, não candidatos, para a organização e o acompanhamento do processo eleitoral, vedada a interferência da empresa e do sindicato da categoria. § 2º Os empregados da empresa poderão candidatar- se, exceto aqueles com contrato de trabalho por prazo determinado, com contrato suspenso ou que estejam em período de aviso prévio, ainda que indenizado. § 3º Serão eleitos membros da comissão de representantes dos empregados os candidatos mais votados, em votação secreta, vedado o voto por representação. § 4º A comissão tomará posse no primeiro dia útil seguinte à eleição ou ao término do mandato anterior. § 5º Se não houver candidatos suficientes, a comissão de representantes dos empregados poderá ser formada com número de membros inferior ao previsto no art. 510-A desta Consolidação.” PRERROGATIVAS DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO DE REPRESENTANTES • “Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados será de um ano. § 1º O membro que houver exercido a função de representante dos empregados na comissão não poderá ser candidato nos dois períodos subsequentes. § 2º O mandato de membro de comissão de representantes dos empregados não implica suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, devendo o empregado permanecer no exercício de suas funções. § 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. § 4º Os documentos referentes ao processo eleitoral devem ser emitidos em duas vias, as quais permanecerão sob a guarda dos empregados e da empresa pelo prazo de cinco anos, à disposição para consulta de qualquer trabalhador interessado, do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.” ➢ OBSERVAÇÕES ❖ o art. 510-C, § 1º, in fine, passa a ideia equivocada de que o sindicato não pode participar do pleito para a composição da comissão de representantes dos empregados – o que seria regra ou dinâmica jurídica manifestamente antissindicais, ferindo não só a Constituição de 1988 como também as Convenções 98 e 135 da OIT. ❖ Em segundo lugar, a necessária abertura à participação dos trabalhadores terceirizados que atuem de maneira permanente na empresa tomadora de serviços (empresa contratante) — sob pena de se configurar também clara regra ou dinâmica antissindicais, além de traduzir discriminação vedada pela Constituição da República (art. 3º, IV, in fine, c./c. art. 7º, XXXII, da CF/88). ❖ Em terceiro lugar, a coerência de se interpretar a garantia de emprego inserida no art. 510-D, § 3º, igualmente para os suplentes dos representantes titulares da representação dos empregados, sob pena de se esvaziar o próprio instituto jurídico. NEGOCIAÇÃO COLETIVA A NEGOCIAÇÃO COLETIVA COMO INSTITUTO JURÍDICO TRABALHISTA ➢ A negociação coletiva é um dos mais importantes métodos de solução de conflitos existentes na sociedade contemporânea. Sem dúvida, é o mais destacado no tocante a conflitos trabalhistas de natureza coletiva. ➢ É o modo como se desenvolve o poder normativo dos grupos sociais segundo uma concepção pluralista, não restrita à elaboração direta de normas pelo do Estado. Envolve, portanto, de relações coletivas que tem por fim a formação consensual de normas e condições de trabalho que serão aplicadas a um grupo de trabalhadores e empregadores Fases da negociação coletiva a. Assembleia do sindicato de trabalhadores e/ou patronal para autorizar a diretoria a iniciar as negociações (art. 612, CLT) b. Discussões entre os dirigentes dos sindicatos de empregados e de empregadores no caso de convenção, e entre aqueles e os diretores da empresa no caso de acordo coletivo (art. 616, CLT) c. Possibilidade de mediação do Delegado Regional do Trabalho visando à aproximação entre as partes e com poderes de convocação compulsória destas para o diálogo, ato que tem o nome de “mesa-redonda” no antigo Ministério do Trabalho (art. 616, § 1º, da CLT), atual “Secretaria do Trabalho” d. Havendo o ajuste de vontades, segue-se a redação do documento com as cláusulas objeto da negociação, pelos advogados das partes (art. 613, CLT) e. Aprovação do ajuste pelas assembleias dos sindicatos convenentes DEMAIS FASES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA f. Depósito do documento redigido na Secretaria (Ministério) do trabalho no prazo de 8 dias da assinatura pelos representantes dos sindicatos ou empresas (art. 614 e § 1º, da CLT) g. Publicidade da convenção ou acordo com afixação, de modo visível, nas sedes dos sindicatos ou empresas, dentro de 5 dias da data do depósito h. Início da vigência após 03 dias do depósito na Secretária (Ministério) do Trabalho i. Duração máxima de 02 anos, podendo ser prorrogada, revista ou denunciada, significando prorrogação o ato pelo qual as partes, antes do término da duração da convenção ou acordo, resolvem reapreciar as suas cláusulas; e denunciam o ato pelo qual uma das partes comunica à outra a sua intenção de por fim antecipadamente à convenção, o que só ocorrerá também bilateralmente, isto é, com o consentimento da outra parte. PECULARIDADES DAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS ENVOLVENDO SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E MILIARES ➢ CF/88 – Art. 142, § 3º, IV “ao militar são proibidas a sindicalização e a greve” ➢ OBS: “extensão” dessa restrição, quanto à greve, a policiais civis e servidores na área de segurança – STF ARE 654432 Quanto aos servidores públicos civis: ➢ Os servidores públicos civis têm direito a livre sindicalização (art. 37, VI, CF/88) ➢ Limite ao objeto da negociação: princípio da legalidade administrativa e precisão de (aumento) de gastos por dotação em lei orçamentária ➢ O servidor público civil tem o direito de greve que será exercido nos termos de lei específica (art. 37, vii, cf/88) ➢ OBS: o STF, em julgamento de mandado de injunção 712-8, decidiu que se aplica a LEI GERAL DE GREVE (lei 7783/89), aos servidores públicos enquanto não for editada a lei específica. NORMATIZAÇÃO E INSTRUMENTOS COLETIVOS ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVOS ➢ Acordo Coletivo de Trabalho (ACT): diploma negocial de caráter normativo entre sindicato de empregados e uma ou mais empresas. ➢ Convenção Coletiva de Trabalho (CCT): Art. 611, caput, CLT – “acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho” ➢ A convenção resulta, pois, de negociações entabuladas por entidades sindicais, quer a dos empregados, que a dos respectivos empregadores. Envolve, portanto, o âmbito da categoria, seja a profissional (obreiros), seja a econômica (empregadores). ➢ Firmado entre sindicato de empregado e sindicato de empregadores. ACT E CCT: CARACTERIZAÇÃO I. LEGITIMAÇÃO: Empregados Sindicatos de categoria profissionais Empregadores Legitimação pode ser própria, direta, ao menos no caso de ACT Categorias Inorganizadas Federações (CCT). Inexistindo Federação, assume a Confederação (art. 611, § 2º, CLT) - Centrais Sindicais: não possuem legitimidade na negociação coletiva. II. CONTEÚDO: ➢ Os instrumentos negociais coletivos contem, basicamente, regras jurídicas e cláusulas contratuais. Ou seja, seu conteúdo engloba, ao mesmo tempo, dispositivos normativos e dispositivos obrigacionais. CLÁUSULAS NORMATIVAS ➢ São aquelas que geram direitos e obrigações que irão se integrar aos contratos individuais de trabalho das respectivas bases representadas.Fixam condições econômicas, sociais e/ou adaptativas do trabalho, vinculantes para os membros da categoria. Ex.: clausulas de: reajuste salarial; gratificação de função; adicionais noturnos ou de horas extras superiores àqueles previstos na CF/88 e CLT; concessão de plano de assistência médica, odontológica; pagamento de creche; instituição de Banco de Horas etc. CLÁUSULAS OBRIGACIONAIS: ➢ São as que criam direitos e obrigações para as respectivas partes convenentes: sindicato obreiro e empresa, no caso de ACT, e sindicado obreiro e sindicato empresarial, no caso de CCT. Ex.: Cláusula de multa em favor do sindicato caso a empresa descumpra a convenção coletiva; previsão de deveres da empresa de prestar informações ao sindicato sobre seus empregados etc. III. DURAÇÃO: ➢ A lei trabalhista brasileira não permite estipular convenção ou acordo coletivo com duração superior a dois anos (art. 614, § 3º, CLT), podendo ser renovada, revista ou denunciada. PROIBIÇÃO DE ULTRATIVIDADE (§3º, ART. 614 CLT – LEI 13.467/2017) MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NO DIREITO COLETIVO PELA LEI 13.467/2017 Limitação ao controle jurisdicional ao direito trabalhista negociado ➢ CLT – “Art. 8º. (...) §3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. OBS: Limitação de constitucionalidade questionável em razão do Princípio do Acesso à Justiça, dada a restrição à análise meramente formal, pela Justiça do Trabalho, quanto à regularidade dos acordos e convenções coletivas (art. 5º, inciso XXXV, CF/88) “Prevalência” do negociado sobre o legislado, nas convenções e acordos coletivos sobre os temas listados no art. 611-A da CLT OBS: Mudanças de constitucionalidade questionável em razão do Princípio Protetivo, do caráter de norma de ordem pública da regulamentação estatal sobre saúde e segurança e do Princípio da aplicação da norma mais benéfica (art. 7, caput, CF) GREVE CONCEITO ➢ É a cessação coletiva do trabalho para fins reivindicatórios, na qual há paralisação temporária dos serviços ou suspensão temporária do trabalho realizada para atender a interesses dos trabalhadores, condicionada à aprovação em assembleia. Constitui-se em instrumento de pressão por parte dos trabalhadores. NATUREZA JURÍDICA ➢ Direito do empregado, sendo uma forma autorizada de autodefesa pelos trabalhadores em conflitos coletivos, considerada socialmente útil e protegida pelo ordenamento jurídico OBS: compete aos tribunais do trabalho a declaração da abusividade do movimento grevista (Súmula 189 e Precedente Normativo 29, TST) » Distinção entre GREVE e LOCK-OUT Lock-out é a paralisação das atividades pelo empregador, com a finalidade de frustrar a negociação coletiva e dificultar o atendimento das reinvindicações dos trabalhadores. É proibida pelo Direito sendo devidos os salários dos dias de paralisação (art. 722, da CLT) EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO LEGAL DA GREVE NO BRASIL » Até 1937 não era regulada, passando, então, a ser considerada delito » Só em 1946 a greve passou a ser um direito do trabalhador » Em 1967, embora mantida como direito, sofreu grandes limitações » A partir de 1988, a greve é reafirmada como direito fundamental » CF/88 – “Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por dele defender §1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade §2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei Efeitos sobre o contrato de trabalho » O período de greve é qualificado como de suspensão do contrato de trabalho (art. 7º da Lei n. 7.783/89) » Não configura abandono de emprego ou justa causa (súmula n. 316 do STF: “a simples adesão a greve não constitui falta greve”) OBS: segundo a lei de greve as relações obrigacionais durante o período devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho Obs. 02: a rescisão do contato de trabalho só será admitida se a greve persistir depois de julgada abusiva, ou, quando necessário, se não forem mantidas “em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento” (art. 9º da Lei de Greve) Procedimento necessário para deflagrar a greve » Negociação coletiva obrigatória » Decisão em assembleia convocada pelo sindicato » Aviso-prévio da greve: 48 horas de antecedência em geral, e de 72 horas no caso de serviços essenciais, quando deverão ser pré-avisados o empregador e os usuários Greve em atividades essenciais (arts. 10 e 11 da Lei de Greve) » É permitida a greve, mesmo em atividades essenciais, desde que as partes, de comum acordo, garantam, durante a greve, a prestação dos serviços indispensável ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim entendidas aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população » Segundo o TST, o não atendimento de tais prestações no mínimo fixado pela Justiça torna a greve abusiva. (TST – 0J- SDC-38) O ROL DE ATIVIDADES ESSENCIAIS NA LEI DE GREVE Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo e navegação aérea; (Redação dada pela Lei nº 13.903, de 2019) XI - compensação bancária. XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); e (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. ESTÁ REGULANDO GREVE DE SERVIÇO PUBLICO EM INICIATIVA PRIVADA. NÃO PODE. INFORMAL A questão da greve no setor público » A Lei nº 7.783/89, diz respeito à greve no setor privado, excluindo o setor público (artigo 16 da Lei de Greve) » No setor público, a greve também é prevista constitucionalmente (artigo 37, inciso VII), porém, depende de regulamentação em lei específica, ainda não existente » Recentemente, no julgamento de Mandado de Injunção n. 712-8 Pará, sob a relatoria do ministro Eros Grau, o Supremo Tribunal Federal – STF declarou que a Lei nº 7.783/89 (Lei de Greve do setor privado) deve ser aplicada, no que for compatível, ao setor público, enquanto não for promulgada a leiespecífica referida no artigo 37, inciso VII, da CF/88 Greve abusiva » Constitui abuso do direito de greve o ato de violar ou constranger garantias constitucionais ou a realização da greve sem obediência do procedimento legal » Cabe, porém aos tribunais do trabalho a declaração da abusividade do movimento grevista, nesse sentido, tem se manifestado O TST – TST sumula 189 e 29: » “SUM-189 GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.” » “PN-29 GREVE. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS PARA DECLARÁ-LA ABUSIVA - Compete aos Tribunais do Trabalho decidir sobre o abuso do direito de greve.”
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