Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS ......................................................... 13 CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIFÚNGICOS ....................................................... 25 PRINCIPAIS BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA.................. 28 PRINCIPAIS BACTÉRIAS GRAM NEGATIVAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA ................ 29 PRINCIPAIS FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA ................................................. 29 INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ...................................................... 30 SINUSITE, OTITE E FARINGITE .............................................................................. 32 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE ...................................................... 34 EXACERBAÇÃO INFECCIOSA DA DPOC ................................................................. 37 PNEUMONIA ADQUIRIDA EM AMBIENTE HOSPITALAR ....................................... 38 ENDOCARDITE INFECCIOSA ................................................................................. 40 INFECÇÕES DO TRATO GASTRINTESTINAL ............................................................ 45 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO ........................................................................ 48 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ........................................................ 50 INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES .................................................................. 54 INFECÇÕES ÓSSEAS E ARTICULARES EM ADULTOS ............................................... 55 TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NO BRASIL ....................................................... 56 INFECÇÕES OPORTUNISTAS ASSOCIADAS À INFECÇÃO PELO HIV ......................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 64 ÍNDICE 13CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Bactericidas Beta-lactâmicos - MAF*: inibem a síntese da PC**; Penicilinas Cefalosporinas Carbapenêmicos Monobactâmicos Inibidores de beta-lactamases - FD***: tempo-dependentes; - Resistência: alteração das PBP, produção de beta-lacta- mases e redução de porinas. Glicopeptídios - MAF: inibem a síntese da PC, são bacteriostáticos contra Enterococcus, sem atividade contra Gram negativos; Vancomicina Teicoplanina- Resistência: redução da afinidade do glicopeptídio ao sítio de ação. Aminoglicosídeos - MAF: inibem a SP**** ligando-se ao RNAr, produzindo proteínas defeituosas, inclusive as da MC, determinan- do lise celular; Estreptomicina Gentamicina Amicacina - FD: concentração-dependentes; - Resistência: alteração estrutural do sítio de ação e sínte- se de enzimas inativadoras; - Propriedades: efeito pós-antibiótico. Quinolonas - MAF: bloqueiam a atividade das topoisomerases; Ácido nalidíxico Norfloxacino Ciprofloxacino Levofloxacino Moxifloxacino - FD: concentração-dependentes; - Resistência: menor afinidade da topoisomerase; redu- ção de porinas; - Propriedades: efeito pós-antibiótico. Polimixinas Bacteriostáticos Macrolídeos - MAF: inibem a síntese proteica, por meio de ligação à subunidade 50S do RNAr; Azitromicina Claritromicina Eritromicina Roxitromicina Telitromicina - FD: tempo-dependentes; - Resistência: intrínseca de enterobactérias; plasmídeos codificam enzima capaz de modificar o RNAr, diminuin- do afinidade pelo antibiótico; - Propriedades: efeito pós-antibiótico. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia14 Bacteriostáticos Tetraciclinas - MAF: inibem a SP, impedindo a ligação do RNAt ao ri- bossomo; TetraciclinaDoxiciclina Minociclina- Resistência: alteração do sítio de ação dos ribossômicos ou bombas de refluxo. Sulfonamidas - MAF: inibição da síntese de ácidos nucleicos. SulfadiazinaSulfametoxazol Oxazolidinonas - MAF: inibem a SP ligando-se à subunidade 50S; Linezolida- Principais espectros: Gram positivos resistentes a beta--lactâmicos e glicopeptídios; - Resistência: rara, ocorre por mutação do RNAr. Anfenicóis Cloranfenicol Tianfenicol Lincosaminas Clindamicina Polimixinas Polimixina B e polimixina E (colistina) Glicilciclinas Tigeciclina * MAF: Mecanismo de Ação Farmacológica; ** PC: Parede Celular; *** FD: Farmacodinâmica; **** SP: Síntese Proteica. Bactericidas 1. Beta-lactâmicos Características gerais dos antimicrobianos beta-lactâmicos Mecanismo de ação Bloqueio da fase de transpeptidação do peptidoglicano, isto é, impedindo as ligações entre os aminoácidos que confe- rem o arranjo molecular final à estrutura da parede celular. Para isso, ligam-se ao sítio ativo das enzimas transpeptidases (PBP), catalisadoras desse processo. Sua ação bactericida requer: - Associação à bactéria; - Em Gram negativos, penetração por intermédio da membra- na externa e espaço periplásmico; - Interação com as PBP na membrana citoplasmática; - Ativação de uma autolisina que degrada o peptidoglicano da parede celular. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 15CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Características gerais dos antimicrobianos beta-lactâmicos Farmacodinâ- mica Tempo-dependentes. Efeito antimi- crobiano Ação bactericida. Resistência - Alteração das PBP, determinando diminuição da afinidade pe- los beta-lactâmicos; - Produção de beta-lactamases, que inativam o antimicrobiano; - Redução de porinas, com consequente diminuição de perme- abilidade. A - Penicilinas Classificação das penicilinas Penicilinas naturais ou benzilpenicilinas - Penicilina G cristalina; - Penicilina G procaína; - Penicilina G benzatina; - Penicilina V. Aminopenicilinas - Ampicilina; - Amoxicilina. Penicilinas resistentes às penicilinases - Oxacilina; - Meticilina. Penicilinas de amplo espectro - Ureidopenicilinas (mezlocilina, piperacilina); - Carboxipenicilinas (carbenicilina, ticarcilina). B - Cefalosporinas Classificação das cefalosporinas Geração Espectro de ação 1ª Gram positivos 2ª Gram positivos e alguns Gram negativos 3ª Reduzido para Grampositivos e amplo para Gram negativos 4ª Amplo para Gram positivos e negativos, inclusive resistentes a be-ta-lactâmicos. Gram positivos não tratam meticilinorresistentes. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia16 Aspectos farmacológicos - Boa disponibilidade oral. Exceção da 4ª geração, que não é administrada por esta via; - Pode ser feito o uso intravenoso em infusão lenta e contínua, e uso intra- muscular; - Boa penetração tecidual, mas não atingem altas concentrações no meio intracelular; - Apenas 3ª e 4ª gerações atingem concentrações terapêuticas no SNC; - A maioria não é metabolizada e sofre excreção renal por meio de secreção tubular; - Ceftriaxona sofre preferencialmente eliminação hepática. Mecanismos de resistência bacteriana às cefalosporinas e aos carbapenêmicos - Hidrólise por enzimas beta-lactamases (AmpC, ESBL ou metalobeta-lactamase; - Produção de carbapenemases; - Alteração estrutural do sítio de ação (PBP), resultando em diminuição de afinidade; - Diminuição da permeabilidade da membrana externa por alteração das porinas; - Aumento do efluxo da droga por mecanismo ativo (bombas de efluxo). Principais cefalosporinas em uso prático no Brasil Geração Cefalosporinas 1ª Cefazolina, cefalotina, cefalexina e cefadroxila 2ª Cefuroxima, cefprozila, cefaclor 3ª Cefotaxima, ceftriaxona, ceftazidima 4ª Cefepima (única disponível atualmente) C - Carbapenêmicos Características gerais Mecanismo de ação Ação ligando-se às PBP, levando à lise da célula. Aspectos farmaco- lógicos - Sem disponibilidade oral adequada; - Apenas disponíveis para uso parenteral; - Excreção por via renal; - Boa concentração sérica e penetração tecidual. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 17CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Principais carbapenêmicos disponíveis no Brasil - Imipeném; - Meropeném; - Ertapeném. 2. Glicopeptídeos Características gerais dos glicopeptídeos Mecanismo de ação - Liga-se aos peptidoglicanos que compõem a parede celular (N- -metilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico) e aos peptídeos que fazem as ligações cruzadas entre essas moléculas, inibindo a síntese da parede celular em bactérias Gram positivas. Efeito antimicro- biano - Ação bactericida; - Ação bacteriostática com Enterococcus. Resistência - Resistência intrínseca: relação com genes do tipo vanC: es- pécies Enterococcus gallinarum e Enterococcus casselifla- vus/flavescens; - Resistência adquirida: relação com os genes vanA e vanB: cepas de E. faecium e E. faecalis. Modo de utilização - Necessitam de dose de ataque para atingir o steady state, que é a concentração mínima para tratamento, por isso a dose inicial sempre deve ser maior. Aspectos farmacológicos Vancomicina - Disponibilidade apenas como formulação intravenosa; uso via oral para ação tópica sobre bactérias da luz intestinal; - Ampla distribuição por tecidos e líquidos orgânicos; - Atinge concentrações terapêuticas no fígado, nos pulmões, nos rins, no miocárdio, nas partes moles e nos líquidos pleu- ral, pericárdico, sinovial e ascítico. - Excreção basicamente renal, sob a forma de droga ativa inalterada; - Penetração limitada no SNC. Há aumento de penetração quando ocorre quebra de barreira em meninges inflamadas. Teicoplanina - Boa concentração tecidual prolongada; - Uso em dose única diária por via intravenosa ou intramus- cular; - Sem penetração liquórica. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia18 3. Aminoglicosídeos Características gerais dos aminoglicosídeos Mecanismo de ação - Ação por meio da ligação ao RNA ribossômico (RNAr), inibindo o início da síntese proteica e provocam a produção de proteínas defeituosas e não funcionais (incluindo as proteínas da membrana celular), o que leva à lise celular e à consequente morte bacteriana. Farmacodinâmica - Concentração-dependência. Efeito antimicro- biano - Ação bactericida. Modo de ação - A utilização desses medicamentos 1 vez por dia apre- senta melhor ação, por ser concentração-depen- dente, principalmente nas 3 horas após o uso. Resistência Cromossômicas e extracromossômicas: - Mecanismos: • Alteração estrutural do sítio de ação ribossômico; • Síntese de enzimas inativadoras. Propriedades - Efeito pós-antibiótico (ação após as 3 horas da ad-ministração). Principais aminoglicosídeos - Estreptomicina; - Neomicina; - Gentamicina; - Amicacina; - Tobramicina. Aspectos farmacológicos dos aminoglicosídeos Aminoglicosídeos - Má biodisponibilidade oral; - Administração por via parenteral; - Altas concentrações séricas, próximas às tóxicas; - Difusão rápida pelos líquidos intersticiais; - Concentrações terapêuticas nos líquidos pleural, peri- cárdico, ascítico e sinovial; ótima concentração na urina; - Não se concentram adequadamente no líquor, mesmo por via intravenosa. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus RealceMatheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 19CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Aspectos farmacológicos dos aminoglicosídeos Estreptomicina - Disponibilidade via intramuscular; - Até 30% da dose administrada sofrem inativação he- pática; - Cerca de 70 a 90% são excretados por via renal sob a forma ativa; - Altas concentrações atingidas no parênquima renal; - Pequena quantidade encontrada na bile. Neomicina - Uso limitado a formulações tópicas associadas a outros antimicrobianos e/ou corticoides. Gentamicina - Alta concentração e eliminação renal sob a forma ativa; - Disponibilidade para uso intramuscular e intravenoso; - A maior penetração placentária entre os aminoglicosí- deos; - 40% da concentração sérica na gestante são encontra- dos no sangue do feto. Amicacina - Aproximadamente 90% da dose administrada são elimi- nados por filtração glomerular renal sob a forma ativa. Tobramicina - Comportamento farmacocinético semelhante ao dos demais aminoglicosídeos quando em uso pa- renteral; - Disponível também em formulações tópicas em colírio ou pomada oftálmica. 4. Polimixinas Características gerais das polimixinas Mecanismo de ação - Ação sobre a membrana plasmática de bactérias Gram negativas. Ligam-se aos LPS da membrana externa e se integram à estrutura fosfolipídica da membrana plas- mática, gerando descontinuidades letais à célula. Aspectos farmacológicos - Disponibilidade apenas em apresentação parenteral e algumas formas para uso tópico; - Meia-vida de 4 a 6 horas; - Eliminação via renal. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia20 Características gerais das polimixinas Observações - Sem concentração no sistema nervoso central (não passa barreira); - Não tratam Proteus sp.; - Escolha ruim para Gram negativos. 5. Quinolonas Características gerais das quinolonas Mecanismo de ação - Bloqueio da atividade da topoisomerase tipo II em Gram negativos (também denominadas DNA-girase) e tipo IV em Gram positivos; atuação em bactérias em fase de crescimento estacionário. Farmacodinâmica - Concentração-dependentes. Efeito antimicro- biano - Ação bactericida. Resistência - Mutações cromossômicas determinando menor afini- dade da DNA-girase. - Redução das porinas com consequente diminuição de permeabilidade. Isso dificulta a penetração da droga na célula bacteriana e o contato com seu alvo de ação. Propriedades - Efeito pós-antibiótico. Drogas pertencentes à classe das quinolonas - Ácido nalidíxico; - Norfloxacino*; - Ciprofloxacino*; - Levofloxacino*; - Moxifloxacino*; - Gatifloxacino, grepafloxacino e trovafloxacino**; - Clinafloxacino, esparfloxacino, gemifloxacino***. * Principais quinolonas em uso clínico no Brasil (também o ofloxacino). ** Retirados do mercado por toxicidade. *** Não usados habitualmente no Brasil. Mecanismos de resistência das quinolonas - Mutações cromossômicas levam à alteração estrutural do sítio catalítico das topoisomerases, diminuindo sua afinidade pela quinolona; Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 21CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Mecanismos de resistência das quinolonas - Nos Gram negativos, há ainda diminuição de permeabilidade por redução de expressão e alteração da estrutura das porinas de membrana externa; - Bombas de efluxo: retiram a droga do meio intracelular da bactéria. Aspectos farmacológicos Quinolonas - Boa concentração sérica e boa penetração na maioria dos tecidos; - Biodisponibilidade oral e meia-vida variáveis; - Parcial metabolização pelo fígado e parte excretada na forma original por via renal; - Altas concentrações urinárias. Norfloxacino - Baixa absorção oral e baixas concentrações plasmáticas; - Concentração urinária é muitas vezes maior do que a plasmática; - Concentração razoável no líquido ascítico. Ciprofloxacino - Apresentação parenteral e oral; - Altas concentrações urinária e biliar, de até 4 vezes a concentração plasmática; - Má penetração liquórica; - Baixa penetração pulmonar. Ofloxacino - Uma das melhores biodisponibilidades orais entre as quinolonas; - 90% excretados sobre a forma ativa na urina. Levofloxacino - Administração em dose única diária; - Boa concentração sérica e penetração pulmonar; - Administração oral resulta em concentrações séricas muito semelhantes às obtidas com a via intravenosa – biodisponibilidade oral de 100%; - Eliminação predominantemente renal; - Excelente distribuição por todos os tecidos e fluidos do organismo, em que geralmente atinge concentrações superiores à sérica; - Baixa concentração liquórica. Moxifloxacino - Boa penetração nas vias aéreas superiores e inferiores; - Disponibilidades em uso oral e parenteral, em dose única diária; - Pelo uso mais restrito, melhor perfil de sensibilidade aparente das bactérias a essa droga, inclusive de mico- bactérias. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia22 Bacteriostáticos 1. Macrolídeos Características gerais dos macrolídeos Mecanismo de ação - Ligação à subunidade 50S dos ribossomos, inibindo a sín- tese proteica. Farmacodinâ- mica - Tempo-dependência. Efeito antimi- crobiano - Ação bacteriostática; - Ação bactericida, dependendo de sua concentração, do mi- crorganismo, do inóculo bacteriano e da fase de crescimento. Resistência- Resistência intrínseca de enterobactérias; - Resistência adquirida: mediada por plasmídeos que codi- ficam uma enzima capaz de modificar o RNA ribossômico, diminuindo a afinidade da bactéria pelo antibiótico; - Induzível: na presença do antibiótico; - Constitutiva: cruzada para macrolídeos e clindamicina. Propriedades - Efeito pós-antibiótico, o que significa que, quando se pres- creve um macrolídeo por 10 dias (ex.: azitromicina), ele teria efeito por mais alguns dias – até D14, pelo menos. Principais macrolídeos em uso clínico no Brasil - Eritromicina; - Espiramicina; - Azitromicina; - Claritromicina. Aspectos farmacológicos dos macrolídeos Eritromicina - Disponibilidade vias oral, intramuscular e intravenosa; - Inativação em pH gástrico; - Maior parte metabolizada no fígado; - Eliminação de pequena parte sob a forma original na urina; - Tolerância gástrica ruim (muitas queixas gástricas pós- -alimentares); - Altas concentrações nas vias biliares; - Baixas concentrações liquóricas; - Boa concentração na secreção brônquica; - Capacidade de penetrar no interior de macrófagos e neu- trófilos, inclusive do fígado e do baço. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 23CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS Aspectos farmacológicos dos macrolídeos Espiramicina - Uso via oral; - Concentrações terapêuticas em quase todos os tecidos e lí- quidos orgânicos, exceto no líquor e tecido nervoso central; - Concentrações placentárias até 5 vezes maiores que a con- centração sérica na mãe; - Não ultrapassagem da barreira placentária adequadamen- te para atingir o feto, portanto sem tratá-lo; - Boa ação contra Toxoplasma gondi. Azitromicina - Meia-vida de aproximadamente 68 horas; - Acentuada e prolongada penetração tecidual; - Concentrações elevadas em diversos órgãos e tecidos com destaque para tonsila, pulmão e pele; - Altas concentrações nos macrófagos alveolares; - Baixa biodisponibilidade via oral; - Disponibilidade de via intravenosa. Claritromicina - Uso via oral ou intravenoso. 2. Tetraciclinas Características gerais das tetraciclinas Mecanismo de ação - Ação sobre a síntese proteica, impedindo a ligação do RNA transportador ao ribossomo, necessária à agrega- ção do aminoácido transportado ao peptídeo nascente. Efeito antimicro- biano - Ação bacteriostática. Resistência - Alteração de sítio de ação ribossômico;- Bombas de efluxo. Aspectos farmacológicos das tetraciclinas - Uso oral e parenteral; - Meia-vida variável, sendo a doxiciclina e a minociclina as de meia-vida mais prolongadas: 18h e 20h, respectivamente; - Boa penetração tecidual; - Altas concentrações no fígado, na medula óssea, no baço, nos ossos, nos dentes, no líquido sinovial e na mucosa dos seios paranasais; - Capacidade de penetração maior para doxiciclina e minociclina, por suas características de lipossolubilidade e hidrossolubilidade; - As tetraciclinas de ação curta são excretadas pelos rins e pelas fezes. Já a doxiciclina e a minociclina são metabolizadas parcialmente no fígado. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia24 3. Sulfonamidas Características gerais das sulfonamidas Mecanismo de ação - Inibição, de forma competitiva, da enzima bacteriana diidropteroato-sintetase, responsável pela incorpora- ção do PABA ao ácido diidrofólico. Dessa forma, blo- queia a síntese desse ácido e, consequentemente, a síntese de ácido tetraidrofólico, prejudicando a síntese de ácidos nucleicos bacteriana. Sulfadiazina Aspectos farmacológicos - Rápida absorção via oral; - Rápida eliminação; - Absorção facilitada em pH alcalino; - Distribuição em todos os líquidos orgânicos, inclusive no humor aquoso e no líquido cefalorraquidiano; - Boa ação contra Toxoplasma gondi, inclusive no sistema nervoso central, mesmo com uso oral; - Eliminação pelo rim, principalmente por filtração glo- merular. 4. Oxazolidionas Características gerais das oxazolidionas Mecanismo de ação - Ligação à subunidade 50S do ribossomo bacteriano, impedindo a formação do complexo com a subunidade 30S, necessária para o início da síntese proteica. Efeito antimicrobiano - Ação bacteriostática especialmente contra Gram posi- tivos, incluindo cepas resistentes a beta-lactâmicos e glicopeptídios. Resistência - Rara; - Casos descritos: estafilococos meticilino-resistentes e Enterococcus vancomicina-resistentes com mutações no RNA ribossômico. Aspectos farmacológicos das oxazolidionas - Uso intravenoso e oral; - Boa distribuição orgânica e concentração tecidual, especialmente no pa- rênquima pulmonar; - Excreção predominantemente renal. Cerca de 10% são eliminados via fecal. - Risco de plaquetopenia e pancitopenia se uso por mais de 28 dias. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus RealceMatheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 25CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIFÚNGICOS CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIFÚNGICOS Fungicidas Anfotericina B - MAF*: modificação da permeabilidade se- letiva da membrana plasmática. AnfoB** deoxicolato (Fun- gizon®) AnfoB dispersão coloidal (Amphocil®) AnfoB complexo lipídico (Abelcet®) AnfoB lipossomal (Ambiso- me®) Maior espectro de ação - Principal toxicidade: nefrotoxicidade; - Principais indicações clínicas: micoses sis- têmicas (candidíase invasiva, criptococose, PBmicose, histoplasmose), terapêutica em- pírica na neutropenia febril, micoses super- ficiais refratárias a outros antifúngicos. Equinocandinas - MAF: inibem a síntese de 1-3-B-D-glucana, principal componente da parede celular da maioria dos fungos; - Principais espectros: infecções por Candi- da e Aspergillus; - Não apresentam concentrações na urina e no liquor, não devendo ser usados nesses sítios. Caspofungina Anidulafungina Micafungina Fungistáticos Azólicos - MAF: inibição da síntese de ergosterol. Cetoconazol - Principais eventos adversos: hepatotoxicidade, amplo es- pectro, absorção errática e perfil de interação medicamen- tosa desfavorável quando comparado a outros azólicos mais modernos. Fluconazol - Espectro principal: leveduras; - Indicação: infecções por Candida, exceto C. krusei e C. glabrata. Excelente atividade contra Cryptococcus neoformans. Itraconazol - Absorção e biodisponibilidade erráticas; - Principal evento adverso: hepatotoxicidade; - Principais indicações: PBmicose, histoplasmose pulmonar, profi- laxia secundária da histoplasmose em HIV, esporotricose. Voriconazol - Excelente biodisponibilidade oral, hepatotoxicidade baixa e amplo espectro; - Principais indicações: candidíase invasiva (incluindo candide- mia) e candidíase superficial não responsiva a fluconazol; - Inatividade contra zigomicetos. * MAF: Mecanismo de Ação Farmacológica; ** AnfoB: Anfotericina B. Antibioticoterapia26 Classes de drogas antifúngicas Poliênicos - Anfotericina B;- Nistatina. Azólicos - Cetoconazol; - Miconazol; - Itraconazol; - Fluconazol; - Voriconazol; - Posaconazol. Pirimidinas fluoradas - 5-fluocitosina; Equinocandinas - Caspofungina; - Micafungina; - Anidulafungina. Anfotericina B Características Mecanismo de ação - Por ser lipofílica, exerce sua atividade por meio de sua in- serção na membrana plasmática do fungo, ligando-se às moléculas de ergosterol. Essa alteração causa modificação da permeabilidade seletiva da membrana plasmática, o que compromete a sobrevida da célula. Aspectos far- macológicos - Desprende-se o sal deoxicolato quando é infundida na cor- rente sanguínea e liga-se a proteínas plasmáticas, princi- palmente a beta-lipoproteína; - É carreada até os tecidos e rapidamente deixa a corrente sanguínea, ligando-se às membranas celulares teciduais; - Deposita-se no fígado e em outros órgãos, de onde volta a ser liberada na corrente sanguínea; - Maior parte é degradada in situ; - Apenas parte sofre eliminação renal e biliar; - Boa distribuição e penetração tecidual, inclusive em flui- dos orgânicos de sítios inflamatórios; - Baixa penetração liquórica, em ossos e músculos. Equinocandinas Caspofungina Mecanismo de ação - Inibe a síntese de 1-3-B-D-glucana, principal componente celular da maioria dos fungos. Essa inibição compromete a integridade da parece celular, altera a morfologia da célula fúngica e leva à sua lise. 27CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ANTIFÚNGICOS Caspofungina Aspectos far- macológicos - Boa penetração tecidual; - Metabolização hepática. Micafungina Características principais - Sem necessidade de dose de ataque; - Metabolização hepática como a da caspofungina. Anidulafungina Características principais - Semelhante a caspofungina, mas sem apresentar a mesma metabolização hepática (pode ser usada em hepatopatas com mais segurança). Azólicos Mecanismo de ação dos azólicos: inibição da síntese de ergosterol – com- ponente essencial da membrana plasmática fúngica – por meio da inibição da enzima C-14-alfa-lanosterol-demetilase. Aspectos farmacológicos Cetoconazol - Disponível para uso via oral com biodisponibilidade variável por esta via; - Solúvel em pH ácido; - Uso concomitante de bloqueadores H2 ou inibidores de bom- ba de prótons prejudica sua absorção e eficácia; - Metabolização hepática, com eliminação biliar; - Eliminação renal muito baixa; Fluconazol - Disponível em formulações por vias oral e intravenosa; - Boa absorção oral: confere concentrações séricas semelhan- tes às obtidas com administração intravenosa; - Não sofre metabolização hepática; - Excelente penetração no SNC. Itraconazol - Metabolização hepática; - Disponível apenas a apresentação oral em cápsulas; - Absorção e biodisponibilidade muito inferiores à formulação em suspensão; - Níveis séricos imprevisíveis. Voriconazol - Excelente biodisponibilidade via oral, com níveis séricos com- paráveis à administração intravenosa; - Metabolização hepática; - Uso oral limitado a pacientes com distúrbios de absorção intestinal; - Não deve ser usada por via oral em pacientes em choque séptico. Antibioticoterapia28 PRINCIPAIS BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Cocos Gram positivos Staphylococcus Coagulase-positivo Coagulase-negativos S. aureus S. epidermidis S. saprophyticus S. lugdunensis S. aureus Streptococcus Beta-hemolíticos Não beta-hemolíticos Grupo Viridans S. pyogenes (A) S. pneumoniae S. milleri S. agalactiae (B) S. bovis S. mitis S. mutans S. oralis S. salivarius S. sanguis Enterococcus E. faecalis E. faecium Bacilos aeróbicos Gram positivos Bacillus Listeria - B. anthracis; - B. cereus. - Listeria monocytogenes. Nocardia Corynebacterium - N. asteroides; - N. brasiliensis; - N. farcinica. - C. diphtheriae; - Corynebacterium sp. Bacilos anaeróbios Gram positivos Clostridium Actinomyces - C. tetanii; - C. botulinum; - C. difficile; - C. perfringens. - A. israeli. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 29PRINCIPAIS BACTÉRIAS E FUNGOS PRINCIPAIS BACTÉRIAS GRAM NEGATIVAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Bacilos Gram negativos Fermentadores Não fermentadores - Escherichia coli; - Klebsiella pneumoniae; - Enterobacter sp; - Citrobacter sp; - Proteus sp; - Citrobacter sp; - Proteus sp; - Salmonella sp; - Shigella sp; - Yersinia pestis; - Helicobacter pylori; - Campylobacter jejuni. - Pseudomonas aeruginosa; - Acinetobacter baumannii; - Stenotrophomonas maltophilia; - Burkholdelia cepacia; - Aeromonas sp. Cocos/Cocobacilos Gram negativos - Neisseria meningitidis; - Neisseria gonorrhoeae. - Haemophilus sp (Haemophilus influenzae B). - Moraxella catarrhalis. - Bordetella pertussis; - Bordetella parapertussis. PRINCIPAIS FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Fungos patogênicos Leveduriformes Filamentosos Dimórficos - Candida; - Cryptococcus; - Malassezia; - Pichia; - Rhodotorula; - Trichosporon. - Aspergillus; - Cladosporium; - Fusarium; - Mucor; - Penicillium; - Sporothrix. - Coccidioidis; - Histoplasma; - Loboa; - Paracoccidioides. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus RealceAntibioticoterapia30 INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Contexto Agente etiológico Tratamento M en in gi te b ac te ria na Adultos sem comorbidades ou fatores de risco S. pneumoniae Penicilina G. cristalina 300 a 500.000UI/kg/dia até 24.000.000UI/dia, 3/3h ou 4/4h. N. meningitidis - Duração depende da etiologia: · S. pneumoniae: 10 a 14 dias; · N. meningitidis: 7 dias. Adultos >50 anos, gestantes e imu- nodeprimidos S. pneumoniae - Antes da cultura: ceftria- xona 2g IV, 12/12h por 14 dias + ampicilina 2g IV, 4/4h; N. meningitidis - Se L. monocytogenes presente em cultura: ampicilina 2g IV, 4/4h por 21 dias. L. monocytogenes Ab sc es so c er eb ra l Primário ou fonte contígua Streptococcus, anaeróbios, Ente- robacteriaceae, S. aureus Ceftriaxona 2g IV, 12/12h + Metronidazol 500mg IV, 8/8h; o tempo do tratamento é determinado pela resposta terapêutica avaliada por intermédio da neuroimagem (CT/RNM). Pós-cirúrgico ou pós-traumático S. aureus, Entero- bacteriaceae - MSSA: oxacilina 2g IV, 4/4h + ceftriaxona 2g, IV, 12/12h; - MRSA: vancomicina 1g IV, 12/12h + ceftriaxona 2g IV, 12/12h. O tempo do tratamento é determinado pela resposta terapêutica avaliada por intermédio da neuroima- gem (CT/RNM). Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 31INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Contexto Agente etiológico Tratamento En ce fa lit e Início agudo de febre, cefaleia e confusão mental sem sinais de irri- tação meníngea Herpes simplex, arboviroses (encefa- lite japonesa, West Nile vírus, encefalite de St. Louis) Aciclovir 10mg/kg IV, 8/8h para adultos – deve ser iniciado o mais precoce- mente possível em todos os pacientes com suspeita clínica de encefalite por Herpes simplex e mantido até a definição diagnóstica. M en in go en ce fa lit e Fúngica Cryptococcus neoformans Anfote- ricina B deoxicolato 0,7 a 1mg/ kg/24h IV, de 2 a 6 semanas +flucitosina 25mg/kg VO, 6/6h, 6 semanas seguida por fluconazol 400mg/24h VO, 10 semanas. Anfotericina B lipossomal 6mg/kg/24h, IV, 6 a 10 semanas ou fluconazol 400mg/24h VO, 10 semanas. Tuberculose Mycobacterium tuberculosis Veja, neste material, esquema básico para o tratamento da tuberculose no Brasil. - De acordo com a Infectious Diseases Society of America (IDSA), recomenda- se o uso de dexametasona (0,15mg/kg, 6/6h, por 2 a 4 dias, sendo a 1ª dose administrada 10 a 20 minutos antes ou, ao menos, concomitantemente com a 1ª dose do antimicrobiano) em adultos com suspeita ou meningite pneu- mocócica confirmada; entretanto, como não é possível inferir a etiologia da meningite bacteriana aguda na avaliação inicial, indica-se a introdução de de- xametasona em todos os adultos. A terapêutica com dexametasona deve ser mantida somente se o Gram do LCR mostrar diplococos Gram positivos ou se a cultura do sangue ou LCR resultarem positivas para S. pneumoniae; - Atenção: a dexametasona não deve ser administrada para adultos que já receberam terapêutica antimicrobiana. Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia32 SINUSITE, OTITE E FARINGITE Sinusite bacteriana Apresentação Agentes Tratamento Aguda (duração dos sinto- mas até 4 semanas) S. pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis Amoxicilina 500mg, 8/8h, por 10 dias ou amoxicilina-clavulanato 500/125mg, 8/8h, por 10 dias ou cefaclor 250mg VO, 12/12h por 10 dias ou cefprozila 500mg VO, 12/12h por 10 dias ou axetilcefuroxima 500mg VO, 12/12h, por 10 dias ou cefpodoxima proxetil 400mg VO, 12/12h por 10 dias ou azitromicina 500mg VO, 24/24h, por 10 dias ou claritromicina 500mg VO, 12/12h por 10 dias ou levofloxacino 500mg VO, 24/24h por 10 dias ou moxifloxacino 400mg VO, 24/24h por 10 dias Crônica (duração dos sinto- mas por mais de 12 semanas) S. pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis Anaeróbios orais Amoxicilina-clavulanato 500/125mg, 8/8h ou clindamicina 600mg VO, 6/6h ou axetilcefuroxima 500mg VO, 12/12h associada à metronidazol 500mg VO, 8/8h Atenção: tratamento por 4 sema- nas, em média. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 33SINUSITE, OTITE E FARINGITE Otite Média Aguda (OMA) Contexto Principais agentes Tratamento Inicial não compli- cada S. pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis Amoxicilina 500mg, 8/8h, por 10 dias ou claritromicina 500mg, 12/12h por 10 dias ou azitromicina 500mg, 24/24h, por 10 dias Falha do tratamento ou microrganismo resistente S. pneumoniae-MDR ou H. influenzae pro- dutor de beta-lacta- mase Amoxicilina-clavulanato 500/125mg, 8/8h ou axetilcefuroxima 500mg VO, 12/12h, por 10 dias Faringite estreptocócica Apresentação Principais agentes Tratamento Aguda Streptococcus beta-he-molítico do grupo A Penicilina G benzatina 1.200.000UI IM, dose única ou penicilina V 500mg VO, 12/12h, por 10 dias ou amoxicilina 500mg VO, 8/8h, por 10 dias ou eritromicina 500mg VO, 6/6h, por 10 dias - Objetivos do tratamento: prevenção da febre reumática aguda, prevenção de complicações supurativas, melhora dos sinais e sintomas clínicos, redução da transmissão para contatos intradomiciliares. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Antibioticoterapia34 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) (Adaptado das Diretrizes brasileiras para PAC em adultos imunocompetentes, 2009) Classificação da gravidade Critérios definidos por Fine MJ et al. (Prediction rule to identify low risk patients with community-acquired pneu- monia. N Engl J Med 1997; 336(4): 243-250) Fatores demográficos Homens 1 ponto/ano de idade Mulheres Idade - 10 Procedentes de asilos Idade + 10 Achados laboratoriais e radiológicos pH <7,35 +30 Ureia >65mg/dL +20 Sódio <130mg/dL +20 Glicose >250mg/dL +10 Hematócrito <30% +10 PO2 <60mmHg +10 Derrame pleural +10 Comorbidades Neoplasia +30 Doença hepática +10 ICC +10 Doença cerebrovascular +10 Doença renal +10 Exame físico Alteração do estado mental +20 Frequência respiratória >30irpm +20 Pressão arterial sistólica <90mmHg +20 Temperatura <35 ou >40°C +15 Pulso ≥125bpm +10 Matheus Realce Matheus Realce 35PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE Pneumonia Severity Index (PSI) Classe Pontos Mortalidade Local de tratamento I - 0,1% Ambulatório II ≤70 0,6% Ambulatório III 71 a 90 2,8% Ambulatório ou internação breve IV 91 a 130 8,2% Internação V >130 29,2% Internação Escore de avaliação CURB-65 (C: Confusão mental; U: Ureia >50mg/dL; R: frequência Respiratória ≥30 ciclos/min; B: Blood pressure; pressão arterial sistólica 0 a 1 Mortalidade: 1,5% Provável tratamento ambulatorial. 2 Mortalidade: 9,2% Considerar tratamento hospitalar. 3 ou + Mortalidade: 22% Tratamentohospitalar (PAC grave); esco- res 4 e 5: avaliar internação em UTI. Escore de avaliação CRB-65 (C: Confusão mental; R: frequência Respira- tória ≥30 ciclos/min; B: Blood pressure; pressão arterial sistólica 0 Mortalidade: 1,2% Provável tratamento ambulatorial. 1 ou 2 Mortalidade: 8,15% Avaliar tratamento hospitalar. 3 ou 4 Mortalidade: 31% Hospitalização urgente. Critério de definição de Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) grave Critérios maiores (a presença de 1 critério indica a necessidade de UTI) - Choque séptico necessitando de vasopressores; - Insuficiência respiratória aguda necessitando de ventilação mecânica. Critérios menores (a presença de 2 critérios indica a necessidade de UTI) - Hipotensão arterial; - Relação PaO2/FiO2 <250; - Infiltrados multilobulares. Antibioticoterapia36 Antibioticoterapia empírica inicial conforme estratificação por nível de gravidade Contexto Fatores de risco Terapêutica inicial Ambulatoriais Previamente hígidos Macrolídeo* Doenças associa- das a antibióticos Beta-lactâmico** Internados não graves - Quinolona*** ou beta-lactâmico + macrolídeo Admitidos em UTI Sem risco de Pseudo- monas sp. Beta-lactâmico + quinolona ou macrolídeo Com risco de Pseu- domonas sp. Beta-lactâmico com atividade an- tipneumococo/ antipseudomo- nas**** + quinolona***** * Azitromicina 500mg, VO, dose única diária por 3 dias ou 500mg no 1º dia, seguido de 250mg/dia por 4 dias; claritromicina de liberação rápida, 500mg, VO, 12/12h por 7 dias; claritromicina de liberação prolongada, 500mg, VO, dose única diária por 7 dias. ** Considerar 1 falha em cada 14 pacientes tratados; amoxicilina 500mg, VO, 8/8h por 7 dias. *** Levofloxacino 500mg/dia ou moxifloxacino 400mg/dia. **** Piperacilina-tazobactam, cefepima, imipeném ou meropeném. ***** Levofloxacino (750mg) ou ciprofloxacino. Pneumonia aspirativa/abscesso pulmonar Contexto Agente etiológico Tratamento Pneumonia aspi- rativa/ abscesso pulmonar* Anaeróbios orais S. pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis VO: clindamicina 600mg, VO, 6/6h ou levofloxacino 500mg, VO, dose única diária ou moxiflo- xacino 400mg, dose única diária; IV: quinolona respiratória ou cefalosporina de 3ª geração + macrolídeo + clindamicina ou metronidazol. * O tempo de tratamento depende da gravidade e extensão do quadro clí- nico: as pneumonias aspirativas geralmente são tratadas por 7 a 14 dias; o tempo de tratamento dos abscessos pulmonares usualmente é prolon- gado (em média, 4 semanas), dependendo da resposta clínica. Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce Matheus Realce 37EXACERBAÇÃO INFECCIOSA DA DPOC EXACERBAÇÃO INFECCIOSA DA DPOC Tratamento ambulatorial e hospitalar da exacerbação infecciosa da DPOC Grupo Agentes etiológicos Tratamento recomendado DPOC com VEF1 >50% e sem fatores de risco H. influenzae Beta-lactâmico + inibidor de beta-lactamase Cefuroxima Azitromicina/claritromicina M. catarrhalis S. pneumoniae C. pneumoniae M. pneumoniae DPOC com VEF1 >50% e com fatores de risco H. influenzae Beta-lactâmico + inibidor de beta-lactamase Cefuroxima Azitromicina/claritromicina Levofloxacino/moxifloxacino M. catarrhalis S. pneumoniae resistente à penicilina DPOC com VEF1 entre 35 e 50% H. influenzae Levofloxacino/moxifloxacino Beta-lactâmico + inibidor de beta-lactamase M. catarrhalis S. pneumoniae resistente à penicilina Gram negativos entéricos DPOC com VEF1 <35% H. influenzae Moxifloxacino/levofloxacino Ciprofloxacino se suspeita de Pseudomonas Beta-lactâmico + inibidor de beta-lactamase (se houver alergia às quinolonas) S. pneumoniae resistente à penicilina Gram negativos entéricos P. aeruginosa - Fatores de risco de má evolução da agudização: idade >65 anos, dispneia grave, cardiopatia, diabetes mellitus dependente de insulina, insuficiência renal ou hepática; mais de 4 exacerbações nos últimos 12 meses, hospitaliza- ção por exacerbação no ano prévio, uso de esteroides sistêmicos nos últimos 3 meses, uso de antibióticos nos 15 dias prévios e desnutrição. Antibioticoterapia38 PNEUMONIA ADQUIRIDA EM AMBIENTE HOSPITALAR Pneumonia adquirida em Ambiente Hospitalar (PAH) – inclui Pneumonia Associada à Assistência à Saúde (PAAS) – e Pneumonia Associada à Venti- lação mecânica (PAV) (Adaptado de Guidelines for the management of adults with Hospital-acquired, Ventilator-associated and Healthcare-associated pneumonia, ATS/IDSA, 2005) Definições - PAH: é a pneumonia que ocorre 48 horas ou mais após a admissão hos- pitalar, e que não estava em seu período de incubação no momento da admissão; - PAAS: inclui qualquer paciente que foi hospitalizado por 2 ou mais dias nos últimos 90 dias antes da infecção; residentes em casas de repouso; pacien- tes que receberam terapêutica antibiótica intravenosa, quimioterapia ou cuidados em feridas até 30 dias antes da infecção atual, ou frequentam clínicas ou hospitais para a realização de hemodiálise; - PAV: refere-se à pneumonia diagnosticada 48 a 72 horas após a intubação endotraqueal. Fatores de risco para patógenos multirresistentes causadores de PAH, PAAS ou PAV - Terapêutica antimicrobiana nos 90 dias precedentes; - Hospitalização atual por 5 dias ou mais; - Alta frequência de resistência a antimicrobianos na comunidade ou em uni- dade hospitalar específica. - Presença de fatores de risco para PAAS: · Hospitalização por 2 dias ou mais nos 90 dias precedentes; · Residentes de casa de repouso; · Terapêutica IV domiciliar (incluindo antibióticos); · Diálise nos últimos 30 dias; · Cuidados domiciliares de feridas; · Familiar com patógeno multirresistente. - Terapêutica ou doença imunossupressora. 39PNEUMONIA ADQUIRIDA EM AMBIENTE HOSPITALAR Terapêutica empírica para pneumonias adquiridas em ambiente hospitalar (Adaptado de Guidelines for the management of adults with Hospital- acquired, Ventilator-Associated and Healthcare-Associated Pneumonia, ATS/IDFA, 2005) Antibioticoterapia40 ENDOCARDITE INFECCIOSA Endocardite infecciosa (Adaptado de Infective Endocarditis, Circulation, 2005) En do ca rd ite in fe cc io sa d e va lv a na tiv a Agente Tratamento Streptococcus do grupo viridans sensível à penicili- na e Streptococcus bovis Penicilina cristalina 12 a 18 milhões UI/24h, IV, infusão contínua ou dividida em 4 ou 6 doses diárias durante 4 semanas ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose diária durante 4 semanas Penicilina cristalina 12 a 18 milhões UI/24h, IV, infusão contínua ou dividida em 4 doses diárias durante 2 semanas ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose diária durante 2 semanas associado a gentamicina 3mg/kg nas 24h, IV/IM em 1 dose diária durante 2 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vancocinemia estão inapropriadamente baixos) durante 4 semanas. Streptococcus do grupo viridans e Streptococcus bovis relativamen- te resistentes à penicilina Penicilina cristalina 24 milhões UI/24h, IV, infusão contínua ou dividida em 4 a 6 doses diárias durante 4 semanas ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose diária durante 4 semanas associado a gentamicina 3mg/kg nas 24h, IV/IM em 1 dose diária durante 2 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vancocinemia estão inapropriadamente baixos) durante 4 semanas. 41ENDOCARDITE INFECCIOSA Agente Tratamento En do ca rd ite in fe cc io sa d e va lv a na tiv a Enterococcusspp. sensível à penicilina, gentamicina e vancomicina Ampicilina 12g/24h IV dividida em 6 doses diárias por 4-6 semanas ou Penicilina cristalina 18 a 30 milhões UI/24h IV infu- são contínua ou dividida em 6 doses diárias por 4 a 6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h IV dividida em 3 doses diárias por 4 a 6 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não ex- cedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vancocine- mia estiverem inapropriadamente baixos) durante 6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h IV dividida em 3 doses diárias por 6 semanas. Enterococcus spp. sensível à penicilina, estreptomicina e vancomicina e resistente à gentamicina Ampicilina 12g/24h IV dividida em 6 doses diárias por 4-6 semanas ou Penicilina cristalina 24 milhões UI/24h IV infusão contínua ou dividida em 6 doses diárias por 4 a 6 semanas associada a estreptomicina 15mg/kg nas 24h IV/IM dividida em 2 doses diárias por 4 a 6 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vanco- cinemia estão inapropriadamente baixos) durante 6 semanas associada a estreptomicina 15mg/kg nas 24h IV/IM dividida em 2 doses diárias por 6 semanas. Enterococcus spp. resistente à penicilina e suscetível a aminogli- cosídeo e vancomicina - Cepa produtora de beta-lactamase Ampicilina-sulbactam 12g/24h IV dividida em 6 do- ses diárias por 6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h IV dividida em 3 doses diárias por 6 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vancoci- nemia estão inapropriadamente baixos) durante 6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h IV dividida em 3 doses diárias por 6 semanas Antibioticoterapia42 En do ca rd ite in fe cc io sa d e va lv a na tiv a Agente Tratamento Enterococcus spp. resistente à penicilina e suscetível a aminogli- cosídeo e vancomicina - Resistência intrínseca à penicilina Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vancoci- nemia estão inapropriadamente baixos) durante 6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h IV dividida em 3 doses diárias por 6 semanas. E. faecium resistente à penicilina, ami- noglicosídeos e vancomicina Linezolida 1.200mg/24h IV/VO dividida em 2 doses diárias por ≥8 semanas ou Quinupristina-dalfopristina 22,5mg/kg /24h IV dividida em 3 doses por ≥8 semanas. E. faecalis resistente à penicilina, ami- noglicosídeos e vancomicina Imipeném/cilastatina 2g/24h IV dividido em 4 doses diárias por ≥8 semanas associado a ampicilina 12g/24h IV dividida em 6 doses diárias ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose por ≥8 sema- nas associado a ampicilina 12g/24h IV dividida em 6 doses diárias ≥8 semanas. HACEK (H. influenzae, H. aphrophilus, Actinobacillus, Cardiobacte- rium, Eikenella e Kingella) Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose por 4 semanas ou Ampicilina-sulbactam 12g/24h IV dividida em 6 doses diárias por 4 semanas ou Ciprofloxacino 1.000mg/24h VO ou 800mg/24h IV dividida em 2 doses diárias por 4 semanas. Staphylococcus spp. sensível à oxacilina Oxacilina 12g/24h IV em 4 a 6 doses por 6 semanas ou Cefazolina 6g/24h IV em 3 doses diárias por 6 sema- nas (para pacientes alérgicos à penicilina) associada a gentamicina (opcional) 3mg/kg nas 24h IV/IM dividida em 2 a 3 doses. Staphylococcus spp. resistente à oxacilina Vancomicina 30mg/kg nas 24h IV/IM dividida em 2 doses por 6 semanas. 43ENDOCARDITE INFECCIOSA En do ca rd ite in fe cc io sa d e va lv a pr ot éti ca Agente Tratamento Streptococcus do grupo viridans e Streptococcus bovis - Cepas suscetíveis à penicilina (CIM ≤0,12µg/mL) Penicilina cristalina 24 milhões UI/24h, IV, infusão contínua ou dividida em 4 a 6 doses diárias duran- te 6 semanas ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose diária durante 6 semanas com ou sem gentamicina 3mg/kg nas 24h, IV/IM em 1 dose diária durante 2 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vanco- cinemia estão inapropriadamente baixos) durante 6 semanas - Cepas relativamente resistentes ou resistentes à penicilina (CIM >0,12µg/mL) Penicilina cristalina 24 milhões UI/24h, IV, infusão contínua ou dividida em 4 a 6 doses diárias duran- te 6 semanas ou Ceftriaxona 2g/24h IV/IM em 1 dose diária durante 6 semanas associada a Gentamicina 3mg/kg nas 24h, IV/IM em 1 dose diária durante 6 semanas Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h (exceto se os níveis de vanco- cinemia estão inapropriadamente baixos) durante 6 semanas. Antibioticoterapia44 Agente Tratamento En do ca rd ite in fe cc io sa d e va lv a pr ot éti ca Staphylococcus - Cepas suscetíveis à oxacilina Oxacilina 12g/24h IV dividida em 6 doses por ≥6 semanas associada a rifampicina 900mg/24h IV/VO dividi- da em 3 doses diárias por ≥6 semanas associada a gentamicina 3mg/kg nas 24h, IV/IM dividida em 2 a 3 doses durante 2 semanas - Cepas resistentes à oxacilina Vancomicina 30mg/kg nas 24h em 2 doses, não excedendo 2g/24h por ≥6 semanas associada a rifampicina 900mg/24h IV/VO dividida em 3 doses diárias por ≥6 semanas associada a genta- micina 3mg/kg nas 24h, IV/IM dividida em 2 a 3 doses durante 2 semanas. Enterococcus spp. Seguir os mesmos esquemas terapêuticos preconizados para o tratamento de endocardite infecciosa em valva nativa. HACEK (H. influenzae, H. aphrophilus, Actinobacillus, Cardiobacte- rium, Eikenella e Kingella) Seguir os mesmos esquemas terapêuticos preconizados para o tratamento de endocardite infecciosa em valva nativa. 45INFECÇÕES DO TRATO GASTRINTESTINAL INFECÇÕES DO TRATO GASTRINTESTINAL Diarreia aguda Contexto Principais patógenos Conduta Diarreia adquirida na comunidade ou diarreia do viajante Salmonella Shigella Campylobacter E. coli O157:H7 Clostridium difficile Quinolona na suspeita de shigelose em adultos; ma- crolídeo para Campylobac- ter resistente; evitar ini- bidores da motilidade ou antimicrobianos se houver suspeita de E. coli produ- tora de toxina Shiga. Diarreia nosocomial Clostridium difficile (pes- quisar toxinas A e B). Descontinuar o uso de an- timicrobianos se possível; considerar o uso empírico de metronidazol oral se houver piora ou persistên- cia da diarreia. Diarreia persistente por >7 dias Além dos agentes de diar- reia de comunidade, con- siderar parasitas: Giardia, Cryptosporidium, Cyclos- pora e Isospora belli; em pacientes com infecção/ doença pelo HIV, conside- rar Microsporidia e com- plexo M. avium. Tratar de acordo com pa- tógenos específicos. Infecções intra-abdominais Contexto Tratamento Apendicite perfurada ou abscesso ou, ainda, peritonite Cefazolina, cefuroxima, ceftriaxona, cefotaxima, ciprofloxacino ou levofloxacino; associar me- tronidazol ao antimicrobiano indicado. Colecistite aguda leve a moderada Cefazolina, cefuroxima ou ceftriaxona. Colecistite aguda grave, em idosos ou pacientes imunodeprimidos Imipeném, meropeném, piperacilina-tazobac- tam, ciprofloxacino, levofloxacino ou cefepima; associar metronidazol. Antibioticoterapia46 Contexto Tratamento Colangite aguda Imipeném, meropeném, piperacilina-tazobac- tam, ciprofloxacino, levofloxacino ou cefepima; associar metronidazol. Pancreatite aguda grave Imipeném, meropeném ou ciprofloxacino asso- ciado a metronidazol; 14 a 21 dias. Peritonite bacteriana espontânea Cefotaxima 2g, IV, 8/8h, 5 a 14 dias. Recomendações de tratamento para patógenos específicos Patógeno Tratamento Shigella spp. SMX-TMP 800/160mg, VO, 12/12h por 3 dias ou norfloxacino 400mg, VO, 12/12h por 3 dias ou ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h, por 3 dias. Salmonella spp. não typhi Recomendado somente em casos graves, em pacientes com <6 meses ou >50 anos ou doença cardíaca valvar, aterosclerose avançada, neopla- sia ou uremia; SMX-TMP ou ciprofloxacino, de 5 a 7 dias. Campylobacterspp. Eritromicina 500mg, VO, 12/12h por 5 dias. Escherichia coli spp. - Enterotoxigênica: SMX-TMP ou quinolona por 3 dias; - Enteropatogênica: SMX-TMP ou quinolona por 3 dias; - Enteroinvasiva: SMX-TMP ou quinolona por 3 dias; - Enteroagregativa: desconhecido; - Êntero-hemorrágica (STEC): evitar drogas an- timotilidade; evitar administração de antimi- crobianos (risco de SHU). 47INFECÇÕES DO TRATO GASTRINTESTINAL Patógeno Tratamento Vibrio cholerae O1 ou O139 Doxiciclina 300mg, dose única ou tetraciclina 500mg, 6/6h por 3 dias ou SMX-TMP 800/160mg, 12/12h, por 3 dias ou fluoroquinolona em dose única Clostridium difficile toxigênico Metronidazol 250mg, 6/6h ou 500mg, 8/8h por 10 dias. Giardia Metronidazol 250 a 750mg, 8/8h, por 7 a 10 dias. Cryptosporidium spp. Paromomicina 500mg, 8/8h, durante 7 dias. Isospora spp. SMX-TMP 800/160mg, 12/12h, 7 a 10 dias. Cyclospora spp. SMX-TMP 800/160mg, 12/12h, por 7 dias. Microsporidium spp. Albendazol 400mg, 12/12h, por 21 dias. Entamoeba hystolitica Metronidazol 750mg, 8/8h, 5 a 10 dias + paro- momicina 500mg, 8/8h, durante 7 dias. Antibioticoterapia48 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO Contexto Tratamento Observação Bacteriúria assintomática (>100.000UFC/mL na urocultura e ausência de sinais e sintomas clínicos de infecção). De acordo com a cultura e o antibiograma por 5 a 7 dias. Indica-se o tratamento para gestantes, trans- plantados e pacientes aguardando cirurgias em vias urinárias. Cistite na mulher jovem Norfloxacino, 400mg VO, 12/12h, por 3 dias ou ciprofloxacino 500mg VO por 3 dias. Esse esquema não deve ser utilizado em idosos, diabéticos, imunossupri- midos e pacientes com infecções complicadas. Cistite no homem Norfloxacino, 400mg VO, 12/12h, por 7 dias ou ciprofloxacino 500mg VO por 7 dias ou, ainda, levofloxacino 500mg VO dose única, por 7 dias. No homem, os agentes são os mesmos das mulheres, porém é re- comendado um período maior de tratamento (ausência de estudos controlados). Cistite na gestante Fosfomicina trometamol, em jejum, 3g pó diluído em água, dose única, ou cefalexina, 500mg, VO, 6/6h, por 3 dias, ou, tam- bém, amoxicilina, 500mg, VO, 8/8h, durante 3 dias. Contraindicada a pres- crição de quinolonas durante a gestação e SMX-TMP no 1º trimestre. Cistite na mulher idosa e no paciente diabético Norfloxacino, 400mg VO, 12/12h por 7 dias ou ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h por 7 dias, ou, então, levofloxacino 500mg, VO, dose única, por 7 dias. Nesses pacientes, o tratamento de curta duração é menos eficaz, e a recorrência é mais comum. 49INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO Contexto Tratamento Observação Pielonefrite aguda de origem comu- nitária - Tratamento ambulato- rial: levofloxacino, 500mg VO, dose única, por 10 a 14 dias ou gatifloxaci- no, 400mg VO, 24/24h, por 10 a 14 dias, ou, ainda,ciprofloxacino, 500mg VO, 12/12h, por 10 a 14 dias. O tratamento alterna- tivo para o tratamento hospitalar é o ceftriaxo- na 2g, IV, em dose única diária.- Tratamento hospitalar: levofloxacino, gatiflo- xacino ou levofloxacino IV; após melhora clínica, substituir pela formulação oral; duração de 14 dias. Pielonefrite aguda de origem hospi- talar - Drogas de escolha: fluoroquinolonas ou ceftriaxona; - Etiologias mais pro- váveis: enterobactérias (principalmente E. coli), P. aeruginosa e entero- cocos (especialmente E. faecalis). - Drogas alternativas: ampicilina associada à gentamicina ou piperacili- na-tazobactam. Pielonefrite crônica Levofloxacino, 500mg VO, dose única diária, ou ciprofloxacino 500mg VO, 12/12h, durante 4 a 6 semanas. Os principais agentes etiológicos são as ente- robactérias. Antibioticoterapia50 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS - De acordo com Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde: toda doença sexualmente transmissível constitui evento sentinela para a busca de outra DST e possibilidade de associação ao HIV. Terapêutica de acordo com abordagem sindrômica de DST Síndrome Causas mais frequentes Tratamento de escolha Corrimento vaginal e cervicite* Chlamydia Gonorreia Azitromicina 1g VO em dose única + ciprofloxacino 500mg VO em dose única Corrimento uretral ChlamydiaGonorreia Azitromicina 1g VO em dose única + ciprofloxacino 500mg VO em dose única Úlcera genital**,*** Sífilis primáriaCancro mole Penicilina G benzatina 2.400.000UI, IM, dose única (1.200.000UI, IM, em cada glúteo) +azitromicina 1g VO em dose única Desconforto ou dor pélvica na mulher (DIP) Neisseria gonor- rhoeae Chlamydia trachomatis Mycoplasma genitalium Ceftriaxona 250mg IM dose única + ciprofloxacino 500mg VO 12/12h por 14 dias ou doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias * Na impossibilidade de realização de exames como pH vaginal e o teste das aminas, tratar todas as possíveis causas de vulvovaginites infecciosas, incluindo tricomoníase, vaginose bacteriana e candidíase (de acordo com o tratamento detalhado nas páginas seguintes). ** História ou evidência de lesões vesiculosas: tratar herpes genital. *** Lesões com mais de 4 semanas: tratar sífilis e cancro mole, solicitar bióp- sia da lesão e instituir tratamento para donovanose. Terapêutica de acordo com agente etiológico Diagnóstico Agente Tratamento Gonorreia Neisseria gonorrhoeae Ceftriaxona 250mg IM dose única 51DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Diagnóstico Agente Tratamento Linfogranulo- ma venéreo Chlamydia tracho- matis Tianfenicol 1,5g VO 1x/dia por 14 dias ou sulfametoxazol-trimetoprima (800-160mg) VO 12/12h por 14 dias ou Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 a 21 dias ou Eritromicina 500mg VO 6/6h por 21 dias Cancro mole Haemophilus ducreyi Azitromicina 1g VO dose única ou Ciprofloxacino 500mg VO 12/12h por 3 dias ou Eritromicina (estearato) 500mg VO 6/6h por 7 dias ou Ceftriaxona 250mg IM dose única Sífilis Treponema pallidum Penicilina G benzatina ou penicili- na cristalina Tricomoníase Trichomonas vagi- nalis Metronidazol 2g VO dose única ou Secnidazol 2g VO dose única ou Tinidazol 2g VO dose única Vaginose bacteriana Gardnerella vaginalis Metronidazol 500mg VO 12/12h 7 dias ou Metronidazol 2g VO dose única Candidíase vaginal Candida albicans Miconazol creme a 2%, via vaginal, uma aplicação à noite ao deitar-se, por 7 dias, ou flucona- zol 150mg VO em dose única Antibioticoterapia52 Diagnóstico Agente Tratamento Condiloma acu- minado HPV Ácido tricloroacético (ATA) ou Podofilina de 10 a 25% ou Imiquimode 5% creme ou Interferon ou Eletrocoagulação ou Crioterapia ou Exérese com cirurgia de alta frequência Donovanose Klebsiella (Calym- matobacterium) granulomatis Doxiciclina 100mg VO 12/12h ou SMX-TMP 800-160mg VO 12/12h ou Ciprofloxacino 750mg VO 12/12h; até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas) Herpes genital HSV Aciclovir Sífilis adquirida Estadiamento Tratamento Alternativa Primária Penicilina G benzatina 2.400.000UI IM dose única (1.200.000UI IM em cada glúteo) Doxiciclina 100mg VO, 12/12h por 2 semanas Secundária e latente pre- coce (com menos de 1 ano de evolução) Penicilina G benzatina 2.400.000UI IM, 1x/semana, por 2 semanas (dose total de 4.800.000UI) Doxiciclina 100mg VO, 12/12h por 2 semanas 53DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Estadiamento Tratamento Alternativa Terciária ou latente tardia (com mais de 1 ano de evolução) ou com dura- ção ignorada Penicilina G benzatina 2.400.000UI IM, 1x/semana, por 3 semanas (dose total de 7.200.000UI). Em gestantes, o uso de qualquer medicação que não seja penicilina indica a necessidade de tratamento do feto ao nascer. Doxiciclina 100mg VO, 12/12h por 4 semanas Neurossífilis Penicilina cristalina 3 a 4.000.000UI IV, 4/4h, 10 a 14 dias Ceftriaxona 2g IV, 24/24h por 10 a 14 dias. Risco de falha de 25% se usado. Herpes genital Contexto Tratamento 1º episódio Aciclovir 200mg, 4/4h, 5x/dia, por 7 dias ou 400mg VO, 8/8h, por 7 dias ou Valaciclovir 1g VO, 12/12h,por 7 dias ou Fanciclovir 250mg VO, 8/8h por 7 dias Recorrência (iniciar tratamento ao aparecimento dos primei- ros pródromos – aumento de sensibilidade, ardor, dor, prurido) Aciclovir 400mg VO, 8/8h, por 5 dias ou Valaciclovir 500mg VO, 12/12h, por 5 dias; ou 1g dose única diária por 5 dias ou Fanciclovir 125mg VO, 12/12h, por 5 dias Casos recidivantes (6 ou mais episódios/ano) Aciclovir 400mg VO, 12/12h, por até 6 anos ou Valaciclovir 500mg/dia VO por até 1 ano ou Fanciclovir 250mg VO, 12/12h, por até 1 ano Antibioticoterapia54 INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Contexto Principais agentes Tratamento Alternativa Impetigo - Streptococcus beta- hemolítico e/ou S. aureus. Cefalexina 500mg VO 6/6h por 7 a 10 dias, dependendo da resposta clínica. Clindamicina 600mg VO 6/6h por 7 a 10 dias ou amoxicilina- clavulanato 875/125mg VO 12/12h por 7 a 10 dias. Abscessos cutâ- neos - Polimicrobianos; S. aureus como patógeno único em ∼25% dos episódios. O tratamento mais efetivo consiste em drenagem do abscesso e abor- dagem de cistos epidermoides que podem ser multiloculados. Raramente é necessária a prescri- ção de antimicrobianos. Celulite (afeta a derme profun- da, assim como a gordura sub- cutânea) - Streptococcus beta- hemolítico do gru- po A; S. aureus. Oxacilina 1 a 2g, IV, 4/4h, 7 a 10 dias (internados) ou cefalexina 1g VO 6/6h por 7 a 10 dias (ambulato- rial). C l i n d a m i c i n a 600mg VO 6/6h por 7 a 10 dias. Erisipela (afeta a derme superior, atin- gindo os vasos linfáticos) - Streptococcus beta-hemolítico do grupo A; Penicilina crista- lina 2.000.000UI IV 4/4h (inter- nados) ou amoxicilina 500mg VO 8/8h por 7 a 10 dias (ambulatorial). Clindamicina 600mg VO 6/6h por 7 a 10 dias. - Ocasionalmente Streptococcus beta-hemolítico dos grupos C e G; - Raramente S. au- reus e Streptococ- cus beta-hemolíti- co do grupo B. 55INFECÇÕES ÓSSEAS E ARTICULARES EM ADULTOS INFECÇÕES ÓSSEAS E ARTICULARES EM ADULTOS Contexto clínico Principais agentes Tratamento empírico Pioartrite aguda S. aureus. Oxacilina 2g IV 4/4h por 2 sema- nas seguida por cefalexina 1g VO 6/6h por 2 semanas. Osteomielite aguda S. aureus. Oxacilina 2g IV 4/4h por 2 sema- nas seguida por cefalexina 1g VO 6/6h por 4 semanas. Osteomielite crônica S. aureus (fraturas), BGN e anaeróbios (DM, anemia falci- forme, desnutrição). Ciprofloxacino 400/500mg IV/ VO 12/12h associado à clinda- micina 600mg IV/VO 6/6h; dura- ção: 6 meses. Fratura exposta Gustillo I e II Staphylococcus e ba- cilos aeróbios Gram negativos. Cefalosporina de 1ª geração* (cefazolina, 1g, IV, 8/8h) associa- da à aminoglicosídeos (gentami- cina ou tobramicina)**. Fratura exposta Gustillo III Staphylococcus e ba- cilos aeróbios Gram negativos; anaeró- bios em casos de lesões vasculares ou risco de contamina- ção por Clostridium. Cefalosporina de 1ª geração (ce- fazolina, 1g, IV, 8/8h) associada à aminoglicosídeos (gentamici- na ou tobramicina); associar pe- nicilina ou ampicilina no caso de suspeita de contaminação por Clostridium**. - Atenção: a administração precoce de antibióticos reduz o risco de infec- ção em pacientes com fratura exposta. * Alguns autores defendem a administração de cefazolina como terapêu- tica única para as fraturas do tipo I. ** O início da administração de antimicrobianos deve ser o mais precoce possível, todavia não há consenso na literatura médica em relação à du- ração da administração de antimicrobianos na fratura exposta. Em geral, recomenda-se a administração de antibiótico durante 3 dias; aconselha- se a extensão por mais 3 dias em casos submetidos a procedimentos cirúr- gicos como cobertura cirúrgica e enxerto ósseo. Antibioticoterapia56 TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NO BRASIL Esquema básico para o tratamento da tuberculose no Brasil Esquema Fármaco Peso Dose Duração 2RHZE Fase intensiva R – Rifampicina H – Isoniazida Z – Pirazinamida E – Etambutol Até 20kg R – 10mg/kg/dia 2 meses H – 10mg/kg/dia Z – 35mg/kg/dia E – 25mg/kg/dia 20 a 35kg 2 comprimidos 36 a 50kg 3 comprimidos >50kg 4 comprimidos 4RH Fase de manuten- ção R – Rifampicina H – Isoniazida Até 20kg R – 10mg/kg/dia 4 meses H – 10mg/kg/dia 20 a 35kg 2 comprimidos 36 a 50kg 3 comprimidos >50kg 4 comprimidos Dose por comprimido: R = 150mg; H = 75mg; Z = 400mg; E = 275mg. Esquema para tuberculose meningoencefálica Esquema Fármaco Peso Dose Duração 2RHZE Fase intensiva R – Rifampicina H – Isoniazida Z – Pirazinamida E – Etambutol Até 20kg R – 10mg/kg/dia 2 meses H – 10mg/kg/dia Z – 35mg/kg/dia E – 25mg/kg/dia 20 a 35kg 2 comprimidos 36 a 50kg 3 comprimidos >50kg 4 comprimidos 7RH Fase de manuten- ção R – Rifampicina H – Isoniazida Até 20kg R – 10mg/kg/dia 7 meses H – 10mg/kg/dia 20 a 35kg 2 comprimidos 36 a 50kg 3 comprimidos >50kg 4 comprimidos Dose por comprimido: R = 150mg; H = 75mg; Z = 400mg; E = 275mg. - Atenção: na forma meningoencefálica, a fase intensiva tem duração de 2 meses e a fase de manutenção tem duração de 7 meses; recomenda-se o uso concomitante de corticosteroide VO (prednisona 1 a 2mg/kg/dia por 4 semanas) ou IV nos casos graves (dexametasona 0,3 a 0,4mg/kg/dia por 4 a 8 semanas) com redução gradual da dosagem nas próximas 4 semanas. 57TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NO BRASIL Esquema para tuberculose multirresistente (TBMR) Esquema Fármaco Dose (>50kg) Duração 2S5OZT Fase intensiva (1ª etapa) S – Estreptomicina 1.000mg/dia 2 meses E – Etambutol 1.200mg/dia O – Ofloxacina 800mg/dia Z – Pirazinamida 1.500mg/dia T – Terizidona 750mg/dia 4S3EOZT Fase intensiva (2ª etapa) S – Estreptomicina 1.000mg/dia 4 meses E – Etambutol 1.200mg/dia O – Ofloxacina 800mg/dia Z – Pirazinamida 1.500mg/dia T – Terizidona 750mg/dia 12EOT Fase de manu- tenção E – Etambutol 1.200mg/dia 12 mesesO – Ofloxacina 800mg/dia T – Terizidona 750mg/dia - O número antecedendo a sigla indica o número de meses de tratamento; o número subscrito após a letra na sigla indica o número de dias da semana em que o medicamento será administrado; - Para pacientes abaixo de 50kg, consultar III Diretrizes para Tuberculose da SBPT 2009; J. Bras. Pneumol. 2009; 35(10):1018-1048. Indicações de 2S5OZT/4S3EOZT/12EOT - Falência ao esquema básico, com resistência à R + H ou R + H + outro fár- maco de 1ª linha; - Impossibilidade de uso do esquema básico por intolerância a dois ou mais medicamentos. Esquema para o tratamento de crianças (pacientes com menos de 10 anos) Esquema Fármaco Dose Duração 2RHZ Fase intensiva R – Rifampicina H – Isoniazida Z – Pirazinamida R – 10mg/kg/dia H – 10mg/kg/dia Z – 35mg/kg/dia 2 meses Antibioticoterapia58 Esquema para o tratamento de crianças (pacientes com menos de 10 anos) Esquema Fármaco Dose Duração 4RH Fase de manutenção R – Rifampicina H – Isoniazida R – 10mg/kg/dia H – 10mg/kg/dia 4 meses - Atenção: a justificativa para a não utilização do etambutol em crianças é a dificuldade de identificar precocemente a neurite óptica (reação adversa ao etambutol) nessa faixa etária. Apresentação das drogas Rifampicina Isoniazida Pirazinamida - Cápsulas de 300mg; - Comprimidos de 100mg; - Cápsulas de 500mg; - Suspensão oral 20mg/ mL, frasco 50mL. - Não há suspensão oral ou xarope. - Suspensão oral 30mg/ mL, frasco 150mL. Esquema em caso de intolerância a um medicamento Intolerância à R (Rifampicina) 2HZES5\10HE Intolerância à H (Isoniazida) 2RZES5\7RE Intolerância à Z (Pirazinamida) 2RHE\7RH Intolerância ao E (Etambutol) 2RHZ\4RH Hepatotoxicidade após o início do tratamento ALT/AST >5x o limite superior da nor- malidade (com ou sem icterícia) ou icterícia (sem aumento de ALT/AST) ou sintomas he- páticos Suspender o esquema e investigar abuso de álcool, doença biliar ou uso de outras drogas hepatotóxicas Em casos graves, até que se detecte a anormalidade ou casos em que as en- zimas/bilirrubinas não se normalizam após 4 semanas sem tratamento 3SEO/9EO, acrescido ou não de H (isoniazida)
Compartilhar