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Direito Empresarial 1º Bimestre

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Direito Empresarial I
· Evolução Histórica
A história do direito empresarial se desenvolve em 3 fases. A primeira fase é a que chamamos de fase das Corporações de Ofício, a segunda é a fase dos Atos de Comércio e a terceira é a fase da Teoria da Empresa. 
1º) Corporações de Ofício (teoria subjetiva ou teoria do comerciante).
2º) Atos de Comércio (teoria objetiva/codificação napoleônicas) – Teoria dos atos de comércio.
3º) Teoria da Empresa (teoria subjetiva moderada/moderna) - Conceito de empresa – Atividade econômica organizada de produção ou circulação de bens ou serviços.
1. A fase de corporações de ofício, é denominada a primeira fase do direito empresarial. O funcionamento do direito empresarial ou comercial nesta fase é simples, tratava-se do agrupamento de comerciantes atrás das chamadas corporações de ofício. Nesta fase o direito era tratado de forma classista e subjetivo e era regido por regras criadas por estes comerciantes e para estes comerciantes. Existiram corporações de ofícios de diversos tipos como, por exemplo, carpinteiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, padeiros, entre outros. Tal aglutinação por parte das corporações tinha o cunho de formar uma tutela jurídica em torno de suas atividades, buscando, portanto, mais segurança.
As corporações de ofício eram bem organizadas. Existiam as seguintes categorias numa corporação:
A. Mestres: eram os donos de oficina e com muita experiência no ramo em que atuava;
B. Oficiais: tinham uma boa experiência na área e recebiam salário pela função exercida;
C. Aprendizes: eram jovens em começo de carreira que estavam na oficina para aprender o trabalho. Não recebiam salário, mas ganhavam, muitas vezes, uma espécie de ajuda.
Com a eficácia advinda dos julgamentos realizados pelos juízes classistas das corporações de ofício, houve a pressão da sociedade, com base na revolução francesa, para que tais juízes julgassem não apenas lides comerciais, mas sim sociais. Todo esse movimento deu-se através do surgimento dos ideais do liberalismo, nos quais pregavam a igualdade política, social e jurídica de uma sociedade.
2. Nasce a partir daí a segunda fase ou fase do direito empresarial conhecida como fase dos atos de comércio. É preciso destacar que durante muito tempo o Brasil não possuiu uma legislação própria. Aplicavam-se aqui as leis de Portugal, as chamadas Ordenações do Reino (Ordenações Filipinas, Ordenações Manuelinas e Ordenações Afonsinas). Tal fase teve como guardião o Code de Commerce elaborado pelos juristas de Napoleão Bonaparte. Com fulcro em um direito mais amplo, houve o abandono do subjetivismo que antes abarcava a primeira fase, sendo excluído ainda o corporativismo e sendo adotado uma ampla ordem comercial, assim deu-se lugar ao objetivismo dos atos legais. Desta forma, o que se levava em consideração no julgamento de uma lide comercial, não eram as partes em si mas o que cada parte fez, a parti daí analisava-se a conduta de acordo com o estipulado nas regras.
O diploma francês tornou-se referência em todo o mundo. No Brasil, em 1850, foi editado o nosso Código Comercial inspirado na Teoria dos Atos de Comércio. O Código Comercial (Lei 556 de 25 de junho de 1850) descrevia comerciante como aquele que praticava mercancia, todavia, sem definir esta. Foi o regulamento 737, também de 1850, que definiu os atos considerados de comércio (ex.: compra e venda de imóveis, cambio, operações de seguro, transporte de mercadorias, etc.). Assim, só seriam considerados atos de comércio, contando com a proteção das normas comerciais, aqueles atos expressamente definidos como tal.
3. Foi a Itália que, com a promulgação do Codice Civile de 1942, consagrou a terceira e última fase de formação do Direito Empresarial, até hoje vigente, a chamada fase da Teoria da Empresa. De acordo com essa teoria, o amparo do Direito Comercial recai não em razão da condição de comerciante, não em razão da presença ou não do ato em uma lista, mas sim em razão da caracterização ou não da atividade como empresarial.
A Teoria da empresa teve a sua efetiva inserção no ordenamento nacional somente com o advento do novo Código Civil de 2002 (Lei 10.406/02), o qual derrogou a primeira parte do Código Comercial de 1850. Atualmente somente a parte referente ao comércio marítimo continua vigente no Código Comercial.
· Autonomia 
Com o código comercial de 1850 e o código civil de 1916 classificavam as matérias de maneira declaradamente diversa, todavia, a partir do código civil de 2002 as duas matérias foram unificadas em uma só norma, (com exceção da segunda parte do código de 1850 que trata do comercio marítimo, este subsiste), desde então, há quem diga, de maneira errônea, que o direito empresaria não é autônomo, mas parte do direito civil. 
Essa teoria não prospera, uma vez que por ter conteúdo especifico, amplo, definido e direcionado, de maneira necessária o direito comercial/empresarial tem sim autonomia, regendo-se por um compilado de normas, e dentre elas, disposições incluídas no código civil de 2002, no título “do direito da empresa” art. 966 ss do CC (boa parte das normas que regem o direito empresarial se encontram em legislação extravagante).
· Fontes
São fontes primárias ou diretas do Direito Empresarial: leis, regulamentos e tratados comerciais. As fontes secundárias ou indireta são os usos e costumes, jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito. As fontes primárias ou diretas são preferenciais em relação às secundárias ou indiretas. Assim, ao caso concreto deve ser procurada, para aplicação, a fonte primária, só na sua inexistência recorre-se às fontes secundárias.
1º - FONTE PRIMÁRIA: Lei, regulamentos e tratados comerciais.
2º - FONTE SECUNDÁRIA: (art. 4º da LINDB)
· Analogia
· Princípios gerais de Direito/ Princípios do Direito Empresarial: 
· Princípio da Liberdade de Iniciativa 
· Princípio da Liberdade de concorrência 
· Princípio da Defesa da propriedade privada 
· Princípio da Preservação da empresa
· Costumes
Além dessas normas comerciais positivadas, que constituem as principais fontes do direito comercial, também merecem destaque os usos e costumes mercantis, sobretudo porque o direito comercial, como visto, surgiu como um direito consuetudinário, baseado nas práticas mercantis dos mercadores medievais.
Os usos e costumes surgem quando se verificam alguns requisitos básicos: exige-se que a prática seja (i) uniforme, (ii) constante, (iii) observada por certo período de tempo, (iv) exercida de boa-fé e (v) não contrária à lei.
Obs: o direito comercial, enquanto lex mercatória se iniciou no costume, dessa forma, o direito empresarial, até hoje, tem grandes raízes no costume, iniciando-se pelo costume e, em seguida, regularizando-se por normas.
· Empresário
I. Quem é o empresário? Do conceito de empresário estabelecido no artigo 966 do CC (‘’considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços’’), podemos extrair as seguintes expressões, que nos indicam os principais elementos indispensáveis à sua caracterização: a) profissionalmente; b) atividade econômica; c) organizada; d) produção ou circulação de bens ou serviços.
A. Da primeira expressão destacada, pode-se extrair o seguinte: só será empresário aquele que exercer determinada atividade econômica de forma profissional, ou seja, que fizer do exercício daquela atividade a sua profissão habitual. Quem exerce determinada atividade econômica de forma esporádica, por exemplo, não será considerado empresário, não sendo abrangido, portanto, pelo regime jurídico empresarial.
B. Ao destacarmos a expressão atividade econômica, por sua vez, queremos enfatizar que empresa é uma atividade exercida com intuito lucrativo. Afinal é características intrínseca das relações empresariais a onerosidade. Mas não é só à ideia de lucro que a expressão atividade econômica remete. Ela indica também que o empresário, sobretudo em função do intuito lucrativo de sua atividade,é aquele que assume os riscos técnicos e econômicos de sua atividade.
C. A terceira expressão destacada – organizada- significa, como bem assinala a doutrina, que empresário é aquele que articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia). No mesmo sentido diz-se que o exercício de empresa pressupõe, necessariamente, a organização de pessoas e meios para alcance da finalidade almejada. Como dizia Asquini, o empresário é responsável pela ‘’ prestação de um trabalho autônomo de caráter organizador’’, e é isso, junto com a assunção dos riscos do empreendimento, que justifica a possibilidade de auferir lucro.
D. A última expressão demonstra a abrangência da teoria da empresa, em contraposição à antiga teoria dos atos de comércio, a qual, como visto, restringia o âmbito de incidência do regime jurídico comercial a determinadas atividades econômicas elencadas na lei. Para a teoria da empresa, em contrapartida, qualquer atividade econômica poderá, em princípio, submeter-se ao regime jurídico empresarial, bastando que seja exercida profissionalmente, de forma organizada e com intuito lucrativo. Sendo assim, a expressão produção ou circulação de bens ou de serviços deixa claro que nenhuma atividade econômica está excluída, a priori, do âmbito de incidência do direito empresarial. Além de denotar a abrangência da teoria da empresa, a expressão em análise também nos permite concluir que só restará caracterizada a empresa quando a produção ou circulação de bens ou serviços destinar-se ao mercado, e não ao consumo próprio. 
 
II. O empresário pode ser um empresário individual (pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma sociedade empresária (pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada).
III. Normalmente os empresários nos grandes meios empresariais, são pessoas jurídicas.
IV. Pessoas físicas que exercem atividade empresarial são chamados de “empresário individual” (*cuidado* não é sinônimo de MEI- todo MEI é empresário individual, mas nem todo empresário de individual é MEI).
V. Cuidado: CNPJ não é sinônimo de pessoa jurídica. empresário individual, - leia-se pessoa física – também tem CNPJ. Trata-se de uma inscrição tributaria, nem por isto a pessoa física passa a incluir uma pessoa jurídica, uma vez que o cadastro de CNPJ, para pessoas físicas, tem caráter meramente tributário. Ex: ter título de eleitor não gera uma nova pessoa, apenas um novo cadastro para ação especifica, qual seja, exercer funções eleitorais.
VI. Geralmente PF com atividade de empresa, relacionam se aos pequenos negócios.
VII. Cuidado: tratando-se de empresário individual, o patrimônio costuma ser um só, tanto para a atividade empresarial quanto para a pessoa física. Confusão.
VIII. Pessoa jurídica que exerce empresa é chamada de “sociedade empresarial”.
OBS: O parágrafo §ú do art. 966 CC apresenta a seguinte exceção: não é empresário quem exerce atividade intelectual, científica, literária ou artística, salvo quando o exercício da profissão constitui elemento da empresa (exceção da exceção).
No caso da segunda parte do §ú do referido artigo, quando o profissional que exerce as áreas a que se referem o artigo deixa de exerce-la e passa a administrar o exercício desta atividade por meio de outros profissionais, exemplo disso é o médico que deixa de atender para gerenciar atividade de médicos por ele contratados para exercer a função anteriormente exercida por ele, de maneira negocial/empresarial. O gerenciamento da atividade prevalece (como atividade profissional daquela pessoa) ao seu exercício.
P.S: por força de lei advogado NUNCA será empresário por atividades na seara da advocacia.
· Capacidade Empresarial 
I. Especificamente para empresários individuais, haja vista que pessoa jurídica não possui capacidade.
II. Capacidade empresarial = capacidade civil + desimpedimento legal.
III. Capacidade civil tal qual regulado no direito civil.
IV. Desimpedido legal = aquele que não submetido a impedimento legal para exercer função empresarial. Exemplo: servidor público federal, militar, magistrados, falidos - por determinado tempo - Cabe delinear que estes impedidos podem ser sócios, apenas não podem ser sócios-gerentes, nada os impede, por exemplo, de atuar na bolsa de valores, comprando ações.
V. Caso pessoa impedida exerça função de sócio-gerente, independentemente de nulidade, são insertos de responsabilidade penal.
Obs: art. 974, CC 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
· Regime Jurídico Empresarial 
· Quem é empresário está sujeito à falência.
· Recuperação da empresa
· 1º Registro 
· É obrigação legal imposta a todo e qualquer empresário (empresário individual ou sociedade empresária) se inscrever na Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob pena de começar a exercer a empresa irregularmente. Trata-se de obrigação legal prevista no art. 967 do Código Civil o qual dispõe ser ‘’obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade’’.
· Salienta-se, porém que o registro na Junta Comercial, embora seja uma formalidade legal imposta por lei a todo e qualquer empresário individual ou sociedade empresária – com exceção daqueles que exercem atividade econômica rural (art. 971 e 948) - não é requisito de caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. 
I. Empresário Individual.
II. Para ser empresário o registro é obrigatório.
III. Para ser empresário individual não é necessário o registro desde que exerça a atividade. 
IV. FIRMA: assinatura no cartório -> Nome empresarial que será usado 
V. Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, realizado pela Junta Comercial, o empresário individual terá de obedecer às formalidades legais previstas no art. 968 CC, ou seja fazer requerimento que contenha: ‘’o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; a firma, com a respectiva assinatura autografa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; o capital; o objeto e a sede da empresa’’. Tratando-se, por outro lado, de sociedade empresária, deve-se levar a registro de ato constitutivo (contrato social ou estatuto social), que conterá todas informações necessárias. 
VI. Firma reconhecida
· Sociedade Empresarial
I. Empresário Rural é obrigado a fazer registro? Não é obrigado a fazer registro na junta comercial.Já a sociedade rural empresária é obrigada a fazer registro para ter personalidade jurídica.
II. Enquanto o produtor rural está produzindo na zona rural ele não precisa se registrar, porém quando passa a vender na cidade ele necessita se registrar.
III. Empresário individual o registro é declaratório e obrigatório. O rural é facultativo o registro constitutivo não obrigatório.
IV. PRAZO -> Da data da assinatura até 30 dias, caso haja desrespeito ao prazo só poderá ser realizado a partir da concessão. Se respeitado o prazo do registro e a junta demore mais de 30 dias para à concessão, os efeitos da concessão retroagem à data do contrato social (concedido o registro) art. 1.151, cc c/c 36 da Lei 8.934.
V. Assinatura (registro) tem 30 dias para realizar o pedido, se ultrapassar só vale o dia da concessão. Caso seja respeitado os 30 dias vale o dia da assinatura.
VI. Abertura de Filial - art. 969, cc. Pode-se definir como filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua vez, pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios desde e a ele subordinado administrativamente. 
VII. O código civil ainda determina, em seu artigo 969, que ‘’o empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária’’. E complementa no parágrafo único: ‘’
VIII. em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede’’. 
IX. Caso queira abrir uma filial entre Estados, deve pegar um documento da sede (onde está ela) e levar na junta comercial onde será a filial e após isso levar de volta na sede. (registro no local da filial e averbar na sede).
X. Franquia não é filial, em regra, na filial haverá o mesmo CNPJ (uma parte do CNPJ é igual).
· Espécies de Registro
· As Juntas Comerciais exercem função executiva no âmbito do SINREM, ou seja, são elas que executam os atos de registro dos empresários individuais, das sociedades empresárias e dos seus auxiliares. Os atos de registro praticados pela Junta Comercial são: a) matrícula; b) arquivamento; c) autenticação (art. 32 da Lei 8.934/1994).
I. ARQUIVAMENTO: é o ato de registro que diz respeito basicamente, aos atos constitutivos da sociedade empresária ou do empresário individual. Deve ser feito o arquivamento na junta comercial, segundo o artigo 32, inciso II, da Lei 8.934/1994: ‘’a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declarações de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;’’.
II. MATRÍCULA: é um ato de registro praticado pela Junta que se refere a alguns profissionais específicos, os chamados, auxiliares do comércio: leiloeiros, tradutores públicos, intérpretes, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. Nesse caso, a Junta funciona, grosso modo, como órgão regulador da profissão. 
III. AUTENTICAÇÃO: é o ato de registro que se refere aos instrumentos de escrituração contábil do empresário (livros empresariais) e dos agentes auxiliares do comércio. A autenticação é um requisito extrínseco de regularidade da escrituração.
IV. OBS: Escrituração da ME e EPP (tamanho da empresa) são simplificados só precisa do livro caixa e inventário. Caso não seja ME e EPP necessitará de livro de diário. 
· Contabilidade
· Outra obrigação legal imposta a todo empresário, seja ao empresário individual ou à sociedade empresária, é a necessidade de ‘’seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, como base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico’’ (artigo 1.179 do código civil).
· O empresário, uma vez por ano, é obrigado a levantar o resultado econômico e realizar balanço para saber quanto de ativo e passivo.
· A escrituração do empresário é tarefa que a lei incumbe a profissional específico: o contabilista, o qual deve ser legalmente habilitado, ou seja, estar devidamente inscrito no seu órgão regulamentador da profissão (art. 1.182 do cc). Exceção: casos que não exista contabilista habilitado na localidade, quando a tarefa de escrituração do empresário poderá ser exercida por outro profissional ou mesmo pelo próprio empresário. 
· Embora a lei fale somente de livros, os instrumentos de escrituração são: a) livros; b) conjunto de fichas ou folhas soltas; c) conjunto de folhas contínuas; d) microfichas extraídas a partir de microfilmagem por computador. 
· Instituição Financeira é obrigada a realizar resultado econômico e levantar balanço semestral. 
Estabelecimento
 (ART. 1.142 CC)
‘’Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.’’
· Conceito: O estabelecimento comercial é a junção dos elementos materiais, como móveis, imóveis e demais bens e seus elementos imateriais, tais como a propriedade industrial, nome empresarial, ponto etc. 
· Composição:
· Bens materiais: Tudo aquilo que se pode tocar, sentir, pegar, é material; tudo aquilo feito de matéria efetivamente física, é matéria. Nestes casos, tudo aquilo que se atribui valor pela empresa, e é material, é considerado bem material. Exemplo: mercadoria, utensílios, máquinas, instalações, equipamentos, etc.
· Bens imateriais: corresponde a tudo aquilo passível de se atribuir valor, mas que não é tocável, material, físico em si: existência ideal ou abstrata. Exemplo: nome empresarial, marcas e patentes, títulos de estabelecimento, créditos, contratos, ponto e etc. 
· Natureza Jurídica: Universalidade de fato – o conteúdo dessa universalidade é definido pelo empresário e não pela lei. 
· 1° o estabelecimento empresarial não é sujeito de direito;
· 2° o estabelecimento empresarial é uma coisa;
· 3° o estabelecimento empresarial integra o patrimônio da sociedade empresária.
· Ponto Comercial: Dependendo do tipo de atividade empresarial a ser exercida pelo empresário ou pela sociedade empresária, o local em que o estabelecimento empresarial está localizado é de suma importância. Este local é chamado de ponto comercial ou de propriedade comercial. Quando o empresário é o dono do imóvel em que se localiza o comércio, o direito ao ponto comercial lhe é assegurado pelo direito de propriedade. No entanto, quando o empresário ou a sociedade empresária é locatária do imóvel em que está localizado o estabelecimento comercial, a proteção do direito ao ponto comercial decorre de uma disciplina jurídica específica de alguns contratos de locação não residencial que assegura, dentre outros direitos, a prorrogação compulsória do contrato.
Nos dias atuais, não se deve entender o ponto de negócio apenas como local físico, em função da proliferação dos negócios via internet. Assim, o ponto pode ter existência física ou virtual. Este seria o site, ou seja, o endereço eletrônico por meio do qual os clientes encontram o empresário. Em suma: o site de determinado empresário individual ou sociedade empresária é o seu ponto empresarial virtual ou ponto de negócio virtual. 
A questão do ponto comercial é tão importante que caberá indenização pelaperda do ponto em determinadas hipóteses. São elas:
a) Se a exceção de retomada for a existência de proposta de terceiro mais vantajosa que a do locador;
b) Se o locador demorar mais de três meses da entrega do imóvel para dar-lhe o destino alegado na exceção de retomada;
c) Se explorar no imóvel a mesma atividade do locatário; 
d) Não for sincero na exceção de retomada.
· Ação renovatória: É um recurso que o empresário tem de renovar o contrato com o locatário. Caberá na hipótese de se exercer 03 anos no mesmo segmento de atividade, contrato escrito, por prazo determinado, por período não inferior a 05 anos. Deve ser ajuizada entre 01 ano e 06 meses antes do término do contrato. 
· Propriedade intelectual 
· Direitos autorais 
· O direito de propriedade industrial é espécie do chamado direito de propriedade intelectual, que também abrange o direito autoral, outros direitos sobre bens imateriais e, segundo algumas doutrinas, ainda o direito antitruste. Pode-se dizer, pois, que o direito de propriedade intelectual é gênero, do qual são espécies o direito do inventor (direito de propriedade industrial), intrinsecamente ligado ao direito empresarial, e o direito do autor (direito autoral).
· Ambos protegem bens imateriais.
· O direito autoral protege a obra em si, enquanto o direito de propriedade industrial protege uma técnica. 
· Propriedade industrial
· Aviamento: De acordo com o professor Ricardo Negrão, aviamento é atributo do estabelecimento empresarial, resultado do conjunto de vários fatores de ordem material ou imaterial que lhe conferem capacidade ou aptidão de gerar lucros.
· A doutrina ainda costuma subdividir o aviamento em objetivo (ou real), quando derivado de condições objetivas, como o local do ponto, e subjetivo (ou pessoal), quando derivado de condições subjetivas, ligadas às qualidades pessoais do empresário. 
· É em função do aviamento, sobretudo, que se calcula o valor de um estabelecimento empresarial. 
· Clientela: É o conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou sociedade empresária relações jurídicas constantes. Portanto, a clientela, a exemplo do aviamento, também não é um elemento do estabelecimento, mas apenas uma qualidade ou um atributo dele. 
· Alienação – estabelecimento 
- Trespasse: Possibilidade de o estabelecimento ser negociado como um todo unitário, ou seja, como universalidade de fato, quando estaremos no chamado trepasse, ou seja, do contrato oneroso de transferência do estabelecimento empresarial. 
- Efeitos contra terceiros: Art. 1.144 (CC) ‘’O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial’’. Portanto é condição de eficácia perante terceiros o registro do contrato de trepasse na Junta Comercial e a sua posterior publicação. 
- Alienante: Art. 1.145 (CC) ‘’Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação’’. O empresário que quer vender o estabelecimento empresarial, ou conserva bens suficientes para pagar todas as dívidas perante seus credores, ou deverá obter consentimento destes, o qual poderá ser expresso ou tácito. Com efeito, caso não guarde em ser patrimônio bens suficientes para saldar suas dívidas, o empresário deverá notificar seus credores para que se manifestem em 30 dias acerca da sua intenção de alienar o estabelecimento. Uma vez transcorrido tal o prazo in albis, o consentimento dos credores será tácito, e a venda será realizada. 
- Adquirente: Art. 1.146. ‘’O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento’’. Portanto o adquirente do estabelecimento empresarial responde pelas dívidas existentes – contraídas pelo alienante -, desde que regularmente contabilizadas, procedimento denominado due diligence (medidas investigatórias sobre a real situação econômica do empresário alienante e dos bens que compõem o seu estabelecimento empresarial.
Embora o adquirente assuma dívidas contabilizadas, o alienante fica solidariamente responsável por elas durante o prazo de um ano. Tal prazo, todavia, será contado de maneira distintas a depender do vencimento da dívida em questão: tratando-se de dívida já vencida, o prazo é contado a partir da publicação do contrato de trespasse; tratando-se em contrapartida, de dívida vincenda, o prazo é contado no dia de seu vencimento. 
Ex: Se uma dívida contraída pelo alienante só vier a vencer 6 meses da publicação do contrato, somente depois de transcorridos esses 6 meses é que começará a fluir o prazo de um ano referido no art. 1.146. Só após o término desse prazo é que cessará, enfim, a solidariedade passiva do alienante relativa a essa dívida. * Dívidas tributárias ou dividas trabalhistas, não se aplica o disposto neste artigo, levando em consideração que possuem regimes jurídicos próprios, previsto em legislações específicas. 
IMPORTANTE: Em homenagem ao princípio preservação da empresa, cumpre destacar que a legislação falimentar (Lei 11.101/2005) entende que a alienação de estabelecimento empresarial feita em processo de falência ou recuperação judicial não acarreta, para o adquirente do estabelecimento, nenhum ônus, isto é o adquirente não responderá pelas dívidas anteriores do alienante, inclusive dívidas tributárias e trabalhistas. 
- Cláusula de não concorrência: Art. 1.147. ‘’Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato’’.
· Elementos de Identificação de empresa 
· O empresário individual ou sociedade empresária, deve possuir um nome empresarial, que consiste, justamente, na expressão que os identifica nas relações que formalizam em decorrência do exercício da atividade empresarial. Em outras palavras, ‘’Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário e a sociedade empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes’’ (art., 1º, caput, da IN/DNRC 104/2007).
· Nome empresarial – nome em que o empresário se identifica para outros empresários. Possui funções relevantes, uma de ordem subjetiva – de individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da atividade empresarial – e outra de ordem objetiva – de lhe garantir fama, renome, reputação etc. É preciso tomar cuidado para não confundir o nome empresarial com alguns outros importantes elementos de identificação do empresário, tais como a marca, o nome fantasia (também chamado por alguns de título de estabelecimento ou insígnia), o nome de domínio e os chamados sinais de propaganda. 
· Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Portanto, distingue-se duas espécies de nome empresarial: a) firma; e b) denominação. 
· Firma: Pode ser individual ou social, é espécie de nome empresarial, formada por um nome civil – do próprio empresário, no caso de firma individual, ou de um ou mais sócios no caso de firma social. O núcleo da firma é, pois sempre um nome civil (por exemplo: Ana Clara Barbosa ou A.C Barbosa). Também pode ser indicado o ramo de atividade (exemplo: Ana Clara Barbosa Cursos Jurídicos ou A.C. Cursos Jurídicos).
· Denominação: Só pode ser social – O empresário individual somente opera sob firma -, pode ser formada por qualquer expressão linguística (o que algunsdoutrinadores chamam de nome fantasia) e a indicação do objeto social (ramo de atividade), esta obrigatória (vide arts. 1.158, §2º, 1.160 e 1.161, todos do cc). 
· Título do estabelecimento: como o empresário se apresenta para o público. 
· Regras de uso do nome empresarial: A firma é privativa de empresários individuais e sociedades de pessoas, enquanto a denominação é privativa de sociedades de capital. Assim, pode-se dizer que a firma é usada, em regra, pelos empresários individuais e pelas sociedades em que existam sócios de responsabilidade ilimitada (sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade em comandita por ações), enquanto a denominação é usada, em regra, pelas sociedades em que todos os sócios respondem de forma limitada (sociedade limitada e sociedade anônima). 
· Empresário individual: Firma 
LTDA e EIRELI: QQ
S/A: Denominação 
ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Nome empresarial
2. Título do estabelecimento
3. MARCA 
- Uma empresa pode ter várias marcas. Ex.: UNILEVER.
· Os bens protegidos pelo direito de propriedade industrial são, portanto, quatro: a invenção e o modelo de utilidade, protegidos mediante a concessão de patente (instrumentalizada por meio da respectiva carta-patente), e a marca e o desenho industrial, protegidos mediante a concessão do registro (instrumentalizada por meio do respectivo certificado de registro). O direito a propriedade industrial ainda reprime, as falsas indicações geográficas e a concorrência desleal. 
PROPRIEDADE INTELECTUAL
a) direitos autorais 
a. Obras intelectuais: obras do espírito humano. Engloba tudo que compõe campo artístico. Ex.: música. Proteção sobre a propriedade da obra dura 70 anos, contados de 1º de janeiro do ano seguinte à morte do autor. Passado isto, a obra cai em domínio público.
b. Programa de computador: prazo de proteção de 50 anos, a contar de 1º de janeiro do ano seguinte à publicação do programa.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
1. Marca: “são os sinais visualmente perceptíveis destinados à individualizar e distinguir produtos ou serviços de uma empresa.”
a. Registro – INPI
b. Liberdade- critério negativo. Pode ser registrado tudo aquilo que não foi proibido pelo art.124, da lei 9279/96.
c. Marca de alto renome – protegida nacionalmente em qualquer ramo de atividade- necessita estar registrada no brasil - na pratica, se reconhece uma marca de alto renome pela taxa extra adicionada no registro desta.
d. Marca notoriamente reconhecida- marca registra em qualquer país que seja signatário da convenção de paris, terá proteção no território nacional.
e. Proteção- 10 anos + renováveis.
f. Cessão de marca- transferência da propriedade
g. Licença de uso- permissão para outra pessoa usar a marca.
2. Patente (ao registrar, deve apresentar o desenho): proteção que a lei da as novidades inventadas, proteger a inovação.
· Invenção
a) Deve ser novidade: não ter sido criado antes (já existe).
b) Inventividade: ação, agir para criar (a mera descoberta não é patenteada).
c) Aplicação industrial: deve ser utilizada industrialmente. Modelo de Utilidade: objeto de uso prático ou parte deste que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em processo de fabricação. 
· Invenção: proteção por 20 anos a partir do pedido do registro.
· Modelo de utilidade: 15 anos a partir do pedido do registro. 
3. Proibição de registro:
a. Art. 10/18 da Lei 9.279
b. Não se patenteia ser vivo, exceto microrganismos transgênicos.
c. Inventividade de microrganismo é modificar a genética do mesmo. 
Licença Compulsória: ‘’É a quebra de patente’’; Tem que haver o abuso do poder econômico por parte do dono da patente, onde o Estado poderá autorizar que o outro o produza, sendo este especificado pelo estado (determina um valor).
· Desenho Industrial: Forma nova decorativa, desenho industrial, traços novos, modificações. O produto não é novo, porém as formas sim (os traços). Proteção 10 anos, renováveis 3x de 5 anos.
4. Cultivar: São as variedades vegetais desenvolvidas por meio de melhoramento genético decorrente de gerações sucessivas das plantas.
a. Plantas não são patenteáveis.
b. Melhoramentos por cruzamento.
c. Registra-se no SNPC.
d. Proteção por 15 anos.
e. Em caso de árvores, videiras possuem proteção de 18 anos. 
· MEI, ME & EPP (artigo 173 da CF/ Lei c. 123/2006)
· Cada empresa tem um conjunto de escolhas, é necessário escolher um Tipo Societário + Enquadramento de Porte + Enquadramento Tributário.
· MEI (microempreendedor individual) – É o empresário individual ou produtor rural que tenha auferido receita bruta de até R$81.000,00 (oitenta e um mil reais) no ano anterior. Será sempre uma pessoa física. O empresário individual é obrigado a registra-se na junta comercial. O produtor rural não é obrigado a registrar-se na junta comercial. 
· ME – (microempresa) - (empresário individual ou sociedade empresária) – Aufere faturamento de até R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) no ano anterior. 
· EPP – (empresa de pequeno porte) - (empresário individual ou sociedade empresária) - Aufere faturamento bruto anual de R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e não ultrapasse R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).
· OBS: O empresário tem a obrigação de fazer o enquadramento correto como MEI, ME ou EPP, sob pena de perder referida característica a perder os benefícios tributários. 
· BENEFÍCIOS DE SER MEI, ME & EPP: Tratamento tributário simplificado, ME & EPP podem ser autoras no juizado especial; benefícios no processo do trabalho, visto que é possível levar terceiro como preposto, não sendo necessário ser empregado; vantagem em licitações; se for ME & EPP será dispensada de uma lista de obrigações que os demais empregadores têm; vantagens empresariais: tem livros mais fáceis de escriturar, dispensa de publicação dos atos societários.

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