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CUIDADO INTEGRAL AO RECÉM NASCIDO E A CRIANÇA Nathália Ribas Machado Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Demonstrar os principais procedimentos invasivos e não invasivos em neonatologia. Identificar os principais procedimentos invasivos e não invasivos em pediatria. Elaborar planos de ações para prevenir intercorrências em procedi- mentos invasivos em neonatologia e pediatria. Introdução O profissional de enfermagem traz consigo uma ampla responsabilidade no que diz respeito à execução e à prestação da assistência no cuidado aos pacientes. No Centro de Terapia Intensiva (CTI), sua responsabilidade é aumentada, pois este é um ambiente em que há risco eminente de óbito e complicações durante a internação dos pacientes. No CTI, recém-nascidos (RNs) e crianças devem receber cuidados de forma integral e suas famílias devem ser inseridas nessa assistên- cia ao cuidado com o objetivo de manter o vínculo, principalmente o materno-fetal, e auxiliar no processo de recuperação desses pacientes sem maiores danos. Neste capítulo, você irá estudar os procedimentos invasivos e não invasivos a que os pacientes neonatos e pediátricos são submetidos, além de estabelecer planos de ações para prevenir intercorrências durantes esses procedimentos. Principais procedimentos invasivos e não invasivos em neonatologia Neonatologia é o ramo da pediatria que atua com crianças desde o nascimento até o seu 28º dia de vida, quando passam a ser lactentes. Trata-se da área de conhecimento que é responsável pelas transformações que modifi cam o prognóstico e a qualidade de vida dos RNs que apresentam alguma patologia (TAVARES et al., 2019). Os avanços científico e tecnológico, com seu aperfeiçoamento de téc- nicas, procedimentos, equipamentos e pessoal, contribuem para garantir a sobrevivência dos RNs, reduzindo as taxas de morbimortalidade. Isso gera uma sofisticação nos cuidados neonatais que auxiliam na sobrevida dos RNs, principalmente dos prematuros, haja vista que estes têm seus órgãos e sistemas imaturos, por essa razão, as doenças respiratórias são o principal motivo de internação no CTI Neonatal. Para o tratamento dessas doenças respiratórias, é necessário que seja ofer- tado um suporte apropriado, com oximetria contínua e aporte do oxigênio, e, se necessário, posicionamento adequado do pescoço (evitar flexão ou hipe- rextensão), regulação térmica do ambiente e modo de alimentação adequado. O suporte ventilatório no RN inclui soluções aplicadas de forma não invasiva, como elevação da mandíbula, elevação do queixo e aspiração por cateter, e a oxigenoterapia por intermédio de cânula nasal, máscara simples de oxigê- nio, máscara de oxigênio de não reinalação e bolsa-válvula-máscara (BVM), bem como ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP). Além das citadas, também são utilizadas algumas formas invasivas, como entubação endotraqueal, por exemplo. O Quadro 1 apresenta um esquema com os procedimentos que são reali- zados tanto em pacientes neonatais quanto nos pediátricos, haja vista que os realizados em neonatos também podem ser realizados em pacientes pediátricos. Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria2 Procedimentos invasivos Procedimentos não invasivos Entubação endotraqueal Manobra de elevação de mandíbula Punção venosa periférica Elevação do queixo Punção venosa central Remoção de secreções da via aérea Cateter central de inserção periférica (PICC ou CCIP) Cateter nasal Cateterismo umbilical venoso/arterial Via aérea orofaríngea (VOF) — Cânula de Guedel Toracocentese Máscara simples de oxigênio Paracentese abdominal Máscara de oxigênio de não reinalação Sonda gástrica ou entérica Cânula nasal de alto fluxo (CNAF) Cateterismo vesical (demora ou alívio) Ventilação com pressão positiva (VPP) — BVM Pressão arterial média (PAM) VNIPP — CPAP/BiPAP Fototerapia CPAP, pressão positiva contínua da via aérea, do inglês continuous positive airway pressure. BiPAP, pressão positiva em dois níveis, do inglês bi-level positive airway pressure. Quadro 1. Procedimentos neonatais e pediátricos Oxigenoterapia Conforme Stone et al. (2016), a manobra de elevação de mandíbula abre a via aérea aliviando a pressão que a língua ou epiglote possa ter sobre a faringe posterior. Para realizá-la, colocam-se os polegares em cada lado do maxilar do paciente e se eleva o queixo, empurrando-o anteriormente com os dedos no ângulo da mandíbula. A elevação do queixo tem o mesmo objetivo da manobra de elevação de mandíbula e só pode ser usada se não houver suspeita de lesão na coluna cervical. Você deve colocar uma mão na testa do paciente, pressionando-a para baixo, e a outra mão na ponta do queixo, elevando-o para frente e para cima, inclinando a cabeça para trás (STONE et al., 2016). A remoção de secreções da via aérea (faringe e boca) limpa a abertura e remove quaisquer barreiras para que os canais respiratórios sejam abertos. 3Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria Para efetuar essa extração de secreções, é utilizada a aspiração com cateter. É importante sempre aspirar primeiro o nariz e em seguida a boca (Figura 1) (STONE et al., 2016). Figura 1. Aspiração de vias aéreas superiores (faringe e boca). Fonte: Barbosa ([2014?]). O oxigênio pode ser administrado por meio de cânulas plásticas nas narinas do paciente, sendo esta uma forma segura, simples, confortável e facilmente tolerada. O cateter nasal é utilizado em níveis menores que 4 L/min e é eficaz na administração de oxigênio em pacientes com hipóxia leve a moderada. Esse Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria4 instrumento pode causar ressecamento de mucosas das vias aéreas, levando ao desconforto do paciente, por essa razão, o oxigênio inalatório deve ser umidificado, o que é feito com água destilada esterilizada (STONE et al., 2016). Para os pacientes que necessitam de uma VPP, é usada a BVM. Frequen- temente usada antes da entubação, essa técnica é aplicada sobre o nariz e a boca do paciente para impedir o vazamento de ar sobre a face, sem extrapolar os limites dos olhos e do queixo. Esse vazamento de ar é vedado, quando realizado o método E-C. No método E-C, a máscara é pressionada com o polegar e o indicador na forma da letra C e os outros três dedos formam posteriormente a letra E abaixo do queixo do paciente. Em seguida, aperta-se a bolsa com a mão livre do operador ou com a ajuda de outra pessoa. Tanto o tamanho da bolsa quanto a frequência das inflações dependem da idade e da condição do paciente. Compressões inadequadas podem causar hipoventilação, hiperventilação, barotrauma e redução do débito cardíaco (STONE et al., 2016). Pacientes com fadiga respiratória, asma, bronquiolite, pneumonia e apneia obstrutiva do sono têm indicação de uso de VNIPP, a qual é utilizada de forma eficaz para estabilizar a respiração do paciente, evitando a entubação. Existem dois métodos considerados VNIPP — a CPAP e a BiPAP —, sendo que ambos são utilizados em pacientes que necessitam de suporte ventilatório primário ou para desmame de ventilação mecânica (STONE et al., 2016). A CPAP evita a falência alveolar e, quando utilizada de forma antecipada, reduz o uso da ventilação mecânica invasiva (VMI), por essa razão é muito aplicada no CTI Neonatal e também em salas de parto. Esse sistema possibi- lita que o cliente que respira espontaneamente receba uma pressão positiva contínua das vias respiratórias, mantendo a via aérea aberta para permitir o fluxo de oxigênio suplementar para os pulmões. Ela pode ser empregada por máscara facial ou tubos nasais. A BiPAP fornece níveis de pressão positiva inspiratória e expiratória na via aérea preestabelecidos que podem reagir à respiração do paciente como consequência. Algumas vezes a escolha pela BiPAP é preferida em relação à CPAP devido à sua capacidadede fornecer auxílio extra na inspiração e na ventilação. 5Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria A entubação endotraqueal envolve a inserção oral ou nasal de um tubo flexível pela laringe até o interior da traqueia, com a finalidade de controlar a via respiratória e a ventilação mecânica do paciente, fornecendo oxigênio e aliviando o seu trabalho respiratório. Como indicações para entubação de neonatos, é possível citar: instabilidade cardiopulmonar (p.ex., sinais vitais atípicos, sofrimento respiratório, pressão arterial baixa, frequência cardíaca [FC] baixa e baixa saturação), síndrome de aspiração de mecônio (atualmente a entubação é recomendada quando o RN apresenta tônus muscular fraco, FC < 100 bpm ou um esforço respiratório insuficiente) e prematuridade com sofrimento respiratório, o qual pode ser causado por uma insuficiência na produção de surfactante. A entubação endotraqueal é de responsabilidade médica, cabendo ao enfermeiro a responsabilidade de preparar e testar todo o material e a medicação solicitada (STONE et al., 2016). O balanço do oxigênio e as trocas de gás carbônico nos pulmões e em células envol- vem mecanismos fisiológicos complexos. Pacientes críticos requerem intervenções terapêuticas para a manutenção desse equilíbrio da troca respiratória, portanto, faz-se necessária a monitorização contínua de alguns parâmetros, como a oximetria de pulso, por exemplo. Terapia venosa As crianças e os RNs também podem passar por outros procedimentos inva- sivos durante a internação hospitalar, como a punção venosa periférica, cujo objetivo é a administração de medicamentos, a correção de défi cit hídrico e/ ou a infusão de derivados do sangue. Em alguns casos, esses procedimentos podem ocasionar complicações, como trombose e infecções (GOODMAN et al., 2011). Já a punção venosa central é utilizada para obter acesso à circulação venosa central, monitorar a pressão venosa central e infundir nutrição paren- teral, terapia venosa prolongada, componentes sanguíneos e grandes volumes de líquidos, além de possibilitar a coleta de amostras de sangue. Para os pacientes que necessitam de terapia venosa central de longa perma- nência, ou que necessitam de acesso venoso repetidas vezes, a melhor opção pode ser um CCIP, já que ele apresenta menor risco de complicações mecânicas Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria6 e infecciosas. Ressalta-se que esse procedimento deve ser realizado por um profissional capacitado e treinado (DI SANTO et al., 2017). O cateterismo umbilical venoso é indicado em casos de exsanguineotrans- fusão, reanimação na sala de parto (acesso venoso de urgência) e infusão de soluções de manutenção e/ou medicações, podendo ser utilizado como acesso venoso para RN < 1 kg. O cateterismo umbilical arterial pode ser utilizado para medições frequentes e contínuas da gasometria arterial e monitorização contínua da pressão arterial (PA), já que é indicado nas situações de gravi- dade, independente do peso do RN ao nascer. É importante citar que esses procedimentos podem ocasionar complicações, como acidentes vasculares ou tromboembólicos, infecção, sangramento secundário ocasionado pelo deslo- camento do cateter devido à má fixação e alteração de perfusão de membros inferiores (STONE et al., 2016). Fototerapia Outro procedimento não invasivo é a fototerapia. O RN pode sofrer um processo benigno e secundário ao aumento da bilirrubina indireta, também conhecido como hiperbilirrubinemia indireta ou icterícia, podendo esta ser tóxica e causar danos neurológicos irreversíveis ou indicar alguma doença de base. A bilirrubina é gerada na quebra da hemoglobina. Primeiramente, ela não se dilui em água (bilirrubina indireta), sendo então conjugada no fígado (bilir- rubina direta) e excretada no intestino. A icterícia pode ser tratada de várias formas, entre elas, pela Fototerapia, que tem sua efi cácia terapêutica associada à quantidade de energia luminosa (irradiância) emitida no comprimento de onda do espectro da luz visível (MAROSTICA et al., 2018). Toracocentese A toracocentese implica a aspiração de líquido ou ar do espaço pleural. Esse procedimento alivia a compressão do tecido pulmonar e a angústia respiratória ao remover ar ou líquido acumulado em decorrência de lesão ou patologias, como pneumotórax hipertensivo e derrame pleural (GOODMAN et al., 2011). Paracentese Em casos de paciente com acúmulo de líquido no espaço peritoneal, realiza-se a aspiração desse líquido ascítico, denominada paracentese abdominal. Esse 7Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria procedimento pode ser realizado junto ao leito do paciente e é usado para diagnóstico de ascite e também para alívio (GOODMAN et al., 2011). Sondagem gástrica/enteral Com o objetivo de facilitar o acesso à cavidade gástrica, utiliza-se a sonda nasogástrica (SNG) ou orogástrica (SOG), as quais são instaladas no estômago para que seja feita a descompressão do trato gastrintestinal superior, a lavagem gástrica ou a administração de dieta enteral e medicamentos em pacientes comatosos ou incapacitados. Para a nutrição enteral de longa duração, utiliza-se a sonda nasoenteral (SNE) ou a sonda oroenteral (SOE), que são instaladas no intestino. Essas sondas são produzidas de polietileno, sendo, portanto, mais resistentes às secreções gástricas. A SNE e a SOE têm a sua ponta distal, mantendo-se bem posicionadas por essa razão, e são radiopacas, o que permite que sejam visualizadas por meio de exames radiológicos para confi rmar o seu posicionamento. Ambas são numeradas e escolhidas de acordo com o tamanho e a idade da criança (MAROSTICA et al., 2018). Sondagem vesical O cateterismo vesical consiste na introdução de um cateter estéril na bexiga pela uretra, com técnica asséptica, visando a drenar a urina. No cateterismo vesical de alívio, é feita a introdução de um cateter para esvaziamento da bexiga com retenção urinária e coleta de amostras de diurese para análise laboratorial. Sua retirada é imediata. Já no cateterismo vesical de demora, o cateter é introduzido para esvaziamento da bexiga, mas com permanência prolongada, cujo objetivo é possibilitar o controle hídrico adequado e o tra- tamento de retenção urinária (pós-operatório, hipertrofi a prostática, bexiga neurogênica) e obter amostra de urina para exames (GOODMAN et al., 2011). Principais procedimentos invasivos e não invasivos em pediatria Todos os procedimentos utilizados em neonatos servem também para os pacientes pediátricos, entretanto, com os pediátricos podem ser realizados outros procedimentos além destes. Para ventilar um paciente pediátrico com esforço respiratório, a VOF é uma forma benéfi ca, a qual também é conhecida como Cânula de Guedel (Figura 2). Conforme Stone et al. (2016), o tamanho de Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria8 uma VOF é medido por meio da distância entre os cantos da boca e o ângulo da mandíbula. Uma VOF é inserida de forma que sua porção convexa fique posicionada para cima e a côncava para baixo, acompanhando a curvatura da língua, conforme ilustrado na figura 2. Figura 2. Inserção da Cânula de Guedel. Fonte: Nehris/Shutterstock.com; Stone et al. (2016). Na máscara simples de oxigênio, este flui por meio de um portal de entrada no fundo da máscara, saindo por furos ao lado dela. Quando mal ajustada, a máscara pode fornecer concentrações imprevisíveis de oxigênio, já que elas se diluem no ar ambiente. A máscara simples de oxigênio é usada em pacientes 9Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria com hipoxemia, mas não pode ser utilizada em terapia prolongada, devido à imprecisão (STONE et al., 2016). Já na máscara de oxigênio de não reinalação, durante a inspiração, a válvula inspiratória unidirecional se abre, direcionando o oxigênio de uma bolsa reservatória para a máscara. Durante a expiração, o gás deixa a máscara por intermédio das válvulas expiratóriasunidirecionais e vai para a atmosfera, fazendo com que o paciente respire apenas o ar da bolsa. A máscara administra a mais alta concentração possível de oxigênio (60–90%) e é efetiva para terapias em curto prazo. A CNAF é utilizada em casos de sofrimento respiratório em RNs e crianças, de modo a possibilitar uma melhora na conduta das vias aéreas, fornecendo pressão positiva em baixos níveis. Essa estratégia proporciona misturas de gases aquecidos e umidificados por meio de uma cânula nasal específica. A fração inspirada de oxigênio fornecida é de até 1,0 e o fluxo máximo é de 60 L/min (PIRES; MARQUES; MASIP, 2018). Nos pacientes em choque com elevada resistência vascular periférica, podem ser registradas divergências significativas na mensuração da pressão arterial sistêmica ao comparar os métodos convencionais (auscultatório/palpatório) com a técnica de mensuração direta por cateter intra-arterial. A monitoração direta da PA é um método mais preciso, pois possibilita a mensuração contínua das pressões sistólica, diastólica e média e também a coleta de amostras de sangue arterial. Nos casos de pacientes que requerem altas doses de drogas vasoativas potentes ou que necessitem de frequentes coletas de amostras de sangue, é de fundamental importância uma mensuração frequente e, se possível, contínua da PA. Nesses momentos, o médico pode optar por uma punção arterial com um cateter intra-arterial para a monitorização da PAM. A entubação endotraqueal em bebês e crianças é indicada em casos de obstrução da via aérea causada por edema, lesão na traqueia, laringe ou brôn- quios ou até mesmo devido à presença de corpo estranho (Figura 3). Crianças com insuficiência respiratória apresentam sintomas diferentes, dependendo da etiologia e da idade. Um sintoma clínico precoce e comum em qualquer idade é a taquipneia, porém, tiragens intercostais e subdiafragmática, tiragem de fúrcula, batimento de asa de nariz, dispneia e diminuição ou ausência dos sons respiratórios são comuns a qualquer etiologia no desconforto respiratório. Quando a causa do bloqueio respiratório é ultrapassada pelo tubo endotraqueal, a via aérea do paciente é aberta, preservando a respiração normal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRA, [2017?]; STONE et al., 2016). Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria10 Planos de ações para prevenir intercorrências em procedimentos invasivos em neonatologia e pediatria A efi cácia do tratamento de pacientes com procedimentos invasivos requer a elaboração de um plano de cuidados da equipe multidisciplinar. Uma abor- dagem coordenada do cuidado é útil para a coordenação do cuidado com o paciente, além de aperfeiçoar os resultados. O plano de cuidados é um processo específico do diagnóstico e faz com que toda a equipe multidisciplinar esteja focada nos resultados esperados para o paciente (CHULAY; BURNS, 2012). A enfermagem deve estar sempre atenta para minimizar os riscos de segurança inerentes ao ambiente hospitalar. É necessário considerar todos os aspectos que envolvem o ambiente, como o uso inadequado de um equipamento, trilhos da cabeceira e cabos e tubulações no chão. Além disso, a equipe multidisciplinar deve manter uma comunicação efetiva com o paciente e a sua família. O paciente doente já é predisposto a várias complicações fisiológicas e patológicas, sendo assim, a função da equipe que atua junto a ele é prevenir complicações associadas à doença crítica e aos procedimentos invasivos a que ele é submetido (CHULAY; BURNS, 2012). Dessa forma, faz-se necessário Figura 3. Entubação endotraqueal. Fonte: KITTIPONG SOMKLANG/Shutterstock.com. 11Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria entender que todo cuidado com o paciente pediátrico envolve também o cuidado com a sua família, sendo assim, é imprescindível que a equipe desenvolva uma parceria e um relacionamento de confiança com a família. Ressalta-se que o plano de cuidados ao paciente em uso de procedimentos invasivos inclui lavar as mãos antes de manipular quaisquer procedimentos invasivos (Quadro 2). Procedimento Cuidados Entubação endotraqueal Confirmar o posicionamento do tubo endotraqueal após a punção por raio X Aspirar as secreções conforme necessidade do paciente para evitar obstrução do tubo endotraqueal Atentar-se ao tamanho da sonda de aspiração e utilizar luva plástica estéril para efetuar tal procedimento Verificar se a fixação do tubo endotraqueal está correta para evitar extubação acidental Conter membros superiores para evitar extubação acidental Punção venosa periférica Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com o uso de curativo semipermeável transparente e observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor, infiltração, edema, dor local) Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70% antes da infusão de qualquer solução Punção venosa central Confirmar o posicionamento do cateter após a punção por meio de raio X Irrigar o cateter rotineiramente para evitar obstrução Lavar o cateter com SF (soro fisiológico) 0,9% ao término de cada administração de medicamentos para deixá-lo limpo Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos oclusivos com gaze, mas a preferência é que seja realizado com curativo semipermeável transparente com intervalos de 3 a 7 dias e mais frequentemente se o curativo tiver a integridade comprometida Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com o uso de curativo semipermeável transparente e observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor, infiltração, edema, dor local) Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos (Continua) Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria12 Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos Procedimento Cuidados Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70% antes da infusão de qualquer solução CCIP Inserção por um profissional capacitado e treinado Confirmar o posicionamento do cateter após a punção por meio de raio X Realizar a técnica com turbilhonamento ao infundir medicamentos e, ao término, lavar com SF 0,9% para evitar obstrução do cateter Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos oclusivos com gaze, mas a preferência é que seja realizado com curativo semipermeável transparente com intervalos de 3 a 7 dias e mais frequentemente se o curativo tiver a integridade comprometida Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70% antes da infusão de qualquer solução Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com o uso de curativo semipermeável transparente e observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor, infiltração, edema, dor local) Cateterismo umbilical venoso e arterial Utilizar SF 0,09% para manter a permeabilidade do cateter em infusão contínua Confirmar o posicionamento do cateter após a punção por meio de raio X Observar sinais de isquemia em pés, se for realizado o cateterismo arterial Toracocentese Explicar o procedimento ao paciente Estar atento para não contaminar campos estéreis durante o procedimento, evitando infecções por contaminação Avaliar sinais vitais durante o procedimento SNG e SNE Observar fixação de sonda para evitar lesão em aleta nasal por pressão da sonda Trocar fixação a cada 24 h Certificar-se que a sonda está no estômago antes da infusão de dietas e medicamentos Lavar a sonda a cada 4 h para evitar obstrução Elevar a cabeceira a 45° para infundir dieta enteral ou para realizar a lavagem da sonda (Continuação) (Continua) 13Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria Procedimento Cuidados Paracentese abdominal Explicar procedimento ao paciente Estar atento para não contaminar campos estéreis durante o procedimento, evitando infecções por contaminação Avaliar sinais vitais durante o procedimentoCateterismo vesical de alívio e demora Explicar o procedimento ao paciente Estar atento para não contaminar campos estéreis durante procedimento, evitando infecções por contaminação Fixar a sonda na parte lateral da coxa em mulheres e na região suprapúbica em homens Insuflar o balonete após a introdução de toda a sonda e o retorno da diurese, a fim de evitar lesão na uretra por insuflação do balonete PAM Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos oclusivos com gaze Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70% antes de coletar amostras de sangue Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com o uso de curativo semipermeável transparente e observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor, infiltração, edema, dor local, hematoma) Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos (Continuação) Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria14 BARBOSA, B. Cuidados imediatos e mediatos ao RN. Brasil, [2014?]. Disponível em: https:// slideplayer.com.br/slide/1642925/. Acesso em: 8 jul. 2019. CHULAY, M.; BRUNS, S. M. Fundamentos de enfermagem em cuidados críticos da AACN. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. DI SANTO, M. K. et al. Cateteres venosos centrais de inserção periférica: alternativa ou primeira escolha em acesso vascular? Jornal Vascular Brasileiro, v. 16, n. 2, p. 104−112, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jvb/v16n2/1677-5449-jvb-16-2-104.pdf. Acesso em: 8 jul. 2019. GOODMAN, D. M. et al. Current: procedimentos em Pediatria. Porto Alegre: AMGH, 2011. (Série Lange). MAROSTICA, P. J. C. et al. Pediatria. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. (Série Consulta Rápida). PIRES, P.; MARQUES, C.; MASIP, J. Cânulas nasais de alto fluxo: uma alternativa de oxigeno- terapia na insuficiência respiratória aguda. Medicina Interna, v. 25, n. 2, p. 123−133, 2018. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872- -671X2018000200012. Acesso em: 8 jul. 2019. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Insuficiência respiratória aguda. [2017?]. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Terapia_-_Insuficiencia_Respi- ratoria_Aguda.pdf. Acesso em: 8 jul. 2019. STONE, C. K. et al. Current: emergências pediátricas: diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: AMGH, 2016. (Série Lange). TAVARES, A. K. et al. Compreensão do enfermeiro sobre o cuidado ao recém-nascido em oxigenoterapia. Revista Online de Pesquisa Cuidado é Fundamental, v. 11, n. 1, p. 31−39, 2019. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/ view/6444/pdf. Acesso em: 8 jul. 2019. Leituras recomendadas BRASIL. 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