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Curso de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde VIGILÂNCIA, NOTIFICAÇÃO, MONITORAMENTO E INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE OBJETIVOS ✓ Contextualizar a vigilância sanitária de serviços de saúde no Brasil ✓ Reforçar os fundamentos e marcos conceituais para a investigação de eventos adversos e incidentes ✓ Destacar as principais interferências ao método de investigação ✓ Apresentar os principais tipos de investigação ✓ Mostrar o fluxo das notificações e os sistemas de informação de eventos adversos no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária ✓ Indicar o processo de hierarquização do risco INTRODUÇÃO ✓ A Vigilância Sanitária (VISA) de serviços de saúde como setor, equipe, estruturada com equipamentos e outros meios próprios para a realização do trabalho, é relativamente recente na estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). ✓ A principal ferramenta de atuação da VISA frente às ocorrências era a aplicação de roteiros de inspeção e a coleta pouco racional de amostras para a realização de análises pelos laboratórios oficiais. ✓ As ações de VISA de serviços de saúde eram direcionadas para a inspeção global do serviço, com atenção aos problemas secundários da instituição. Por consequência, os inspetores identificavam os problemas acessórios que envolviam as ocorrências, sem chegar à causa raiz do problema. COMO CONSEQUÊNCIAS TEMOS O SEGUINTE CONTEXTO PARA AS VISAS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO BRASIL ✓ Fragilidade no planejamento das ações – Ameaça política sobre a atividade técnica – Descontinuidade nas ações ✓ Diferentes interpretações dos regulamentos – Dificuldade no cumprimento da legislação (SS e Visa) – Ausência de critérios harmonizados para a aplicação das normas ✓ Elevada rotatividade de profissionais – Precariedade dos vínculos ✓ Ausência de integração no sistema de informação – Inconsistência nos bancos de dados ✓ Ausência de estrutura voltada para serviços de saúde – Equipe, equipamentos e outros meios – Maioria dos estados: ausência de Visa de serviços de saúde e de coordenação de controle de infecção ✓ Visão do SNVS como sistema exclusivamente PUNITIVO ✓ Indefinição do fluxo de informações inter e intra institucional – Anvisa, Visas, Laboratórios, serviços de saúde e outras vigilâncias ✓ Mecanismos de notificação – Mídia era o principal denunciante ✓ Confusão de conceitos e competências sobre o papel investigativo – Vigilância sanitária x vigilância epidemiológica x Epidemiologia ✓ Limitações na estrutura laboratorial – Não atende a todas as demandas – Número excessivo de amostras a serem analisadas e demora dos resultados ✓ Metodologia de investigação – Foco na inspeção global no serviço com atenção aos problemas secundários – Associação direta entre exposição e ocorrência – Investigação limitada a coleta fiscal ✓ Algumas consequências – Fragilidade das informações (Ausência de dados consistentes das ações vigilância sanitária) – Dificuldade no planejamento das ações de vigilância sanitária – Ausência de resultados finais das investigações, do monitoramento e da vigilância dos riscos – Reduzido respaldo político para as ações sanitárias – Fraca integração entre as vigilâncias e os serviços de saúde: • Superexposição e desamparo dos serviços de saúde VIGILÂNCIA SANITÁRIA TRADICIONAL VERSUS NOVA VIGILÂNCIA SANITÁRIA Modelo/ representação Sujeito Objeto Meio de trabalho Formas de organização Vigilância Tradicional Fiscal Produtos e Serviços Inspeção, fiscalização, Blitz Gerenciamento por áreas (produção, serviços), atendimento às demandas. Nova Vigilância Equipe de Saúde/ Vigilância Sanitária representante da população organizada Riscos, danos, necessidades sanitárias, determinantes do processo saúde-doença- cuidado e qualidade de vida Tecnologias sanitárias de investigação, comunicação, vigilância e monitoramento, auditorias, processos de autoavaliação, boas práticas, qualificação e certificação Planejamento estratégico, ações intersetoriais, políticas públicas SEGURANÇA DO PACIENTE Programa Nacional de Segurança do Paciente – Criação dos Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) nos serviços de saúde – Implantação da Gestão de Risco – Vigilância sanitária: responsável pela vigilância e monitoramento de eventos adversos Nova vigilância sanitária: A condução da gestão do risco é direcionada à identificação das causas e implementação de melhorias e não à busca por culpados. *Cultura da Segurança do Paciente É um conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde É a observação sistemática e contínua da frequência, distribuição e dos determinantes dos eventos em saúde e sua tendência na população específica. População específica: grupo de pessoas expostas aos riscos em serviços de saúde O que é Vigilância? Em 1988, Thacker e Berkelman propõe formalmente o uso do termo "vigilância em saúde pública", como alternativa ao termo "vigilância epidemiológica", com a finalidade de “remover certa confusão que rodeia a prática” derivada do problema causado pela discrepância de TERMINOLOGIA e principalmente, destacando que a vigilância não envolve a pesquisa nem o fornecimento de serviços por si mesma. Isso ficou refletido na nova definição do CDC em 1992: […] a vigilância em saúde pública é a coleta, análise, interpretação e disseminação contínua e sistemática de dados sobre a saúde […] O conceito de vigilância em saúde pública não inclui a administração de programas de prevenção e controle, apesar de incluir um vínculo intencional com esses programas. Leia na biblioteca do curso: Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Há diferença entre Monitoramento e Vigilância? • A vigilância inclui a análise, interpretação e retroalimentação de dados coletados de forma sistemática, em geral utilizando métodos que se distinguem por seu aspecto prático, uniformidade e rapidez. • O monitoramento é a avaliação contínua de uma relação entre intervenção e mudança. O monitoramento avalia uma ação e implica um ajuste constante do desempenho com relação aos resultados. Ambos os processos só têm em comum o fato de terem rotinas contínuas de medida e coleta de dados e de empregar métodos que tendem a ser rápidos e práticos Então... • A Vigilância Sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir, ou prevenir o risco à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio-ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde • Abrange o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde Conceitos importantes De acordo com a Classificação Internacional de Segurança do Paciente (International Classification for Patient Safety – ICPS): • Erro - falha em executar um plano de ação como pretendido ou na aplicação de um plano incorreto. • Incidente relacionado ao cuidado de saúde – é um evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. Classificam-se como: ✓ near miss – incidente que não atingiu o paciente ✓ incidente sem danos – evento que atingiu o paciente, mas não causou danos discerníveis ✓ incidente com dano (Evento Adverso) – incidente que resulta em dano ao paciente.Incidentes relacionados ao cuidado de saúde com base na ICPS Incidente Near Miss Incidente sem dano Incidente com dano Incidente que não atingiu o paciente Incidente que atingiu o paciente, mas não causou dano Incidente que resulta em dano ao paciente (Evento Adverso) Fonte: Proqualis (2014). Leia: Conceitos e Definições de Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária. Afinal, o que é a investigação de eventos adversos e incidentes em serviços de saúde? • Investigar (do latim investigare) refere-se à ação de seguir os vestígios de uma ocorrência. Faz referência à realização de atividades intelectuais e experimentais de modo sistemático (pesquisar), com o objetivo de ampliar os conhecimentos e apresentar soluções em relação a uma determinada matéria • Portanto, a investigação é um instrumento de apoio à vigilância e ao monitoramento sanitários, exigindo a aplicação de um método apropriado Pereira D P. Conceitos e Definições de Saúde e Epidemiologia usados na Vigilância Sanitária, 2004. Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/pdf/epid_visa.pdf http://www.cvs.saude.sp.gov.br/pdf/epid_visa.pdf Objetivos da investigação • Determinar o dano • Entender as causas fundamentais do dano • Contribuir para o entendimento da dinâmica de ocorrência dos danos • Definição de medidas de prevenção e controle • Aprendizagem É importante: • Iniciar a investigação o mais rápido possível e descrever a apuração de forma clara e lógica. • Concentrar as análises dos incidentes clínicos mais sobre os fatores organizacionais que sobre pessoas • Utilizar protocolos formais pois aumenta as chances de uma investigação sistemática, abrangente e eficiente • Adotar um método de investigação de maneira a reduzir as chances de explicações simplistas e de direcionar para a rotina da culpa • O paciente que sofreu o evento adverso ou o seu responsável legal tem direito ao relatório completo da investigação Interferências no método de investigação Viés ou bias - qualquer tendência, distorção, preconceito ou enviesamento na coleta, registro, análise, interpretação, publicação ou utilização de dados que possa levar a conclusões sistematicamente diferentes da verdade Efeito de halo - possibilidade de que a avaliação de um item possa interferir no julgamento sobre outros fatores, contaminando o resultado geral. Principais viéses Viés de seleção Viés de informação Viés retrospectivo Viés de resultado Notificação de eventos adversos Consiste na comunicação da ocorrência de casos, suspeitos ou confirmados, de eventos adversos relacionados à assistência em serviços de saúde ✓ Pode ser de casos individuais de eventos adversos ou de agregados de casos de infecção e surtos ✓ Possui caráter sigiloso ✓ Não tem caráter punitivo sobre o indivíduo Notificação de eventos adversos As informações contidas nas notificações e a análise das mesmas por parte do SNVS não tem qualquer caráter punitivo sobre o indivíduo ou serviço, mas possui dois objetivos principais: ✓ Promover a cultura da notificação, da aplicação dos métodos de investigação e monitoramento, sempre voltados para melhoria contínua de seus processos, utilizando como ponto de partida os dados coletados ✓ Captar informação sobre eventos adversos que levaram ao óbito e aos eventos graves, visando à oportuna adoção de medidas corretivas e preventivas que impossibilitem que tal evento volte a ocorrer Qual a importância da notificação? Dado pode ser conceituado como um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância, um número bruto que não sofreu qualquer tratamento estatístico Informação é o dado tratado, compreendida como o resultado da análise, combinação e interpretação de vários dados que permitem a tomada de decisões ou fazer afirmações Gerar conhecimento Conhecimento vai além das informações, pois agrega um significado e uma aplicação, constituindo-se em um saber Sistemas de notificação A vigilância sanitária dispõe de dois importantes bancos de dados: • Notivisa - Destinado ao registro de eventos adversos, incluindo os relacionados à assistência à saúde e as queixas técnicas • FormSUS – Ferramenta atualmente utilizada para o monitoramento dos incidentes infecciosos relacionados à assistência à saúde, tanto para a notificação dos indicadores nacionais, quanto para o registro de agregado de casos e surtos infecciosos Notificação de eventos adversos Principais instrumentos para o registro de eventos adversos e incidentes, por tipo de ocorrência, notificação e prazos. Instrumento de coleta Tipo de evento Tipo de notificação Prazos para notificação Prazo para a investigação Evento não Notivisa Leve e Dado Até o 15 o dia do - infeccioso moderado individual mês subsequente (Caso a caso) ao mês de vigilância Evento não Notivisa Grave e óbito Dado Até 72h após a 60 dias infeccioso individual ocorrência (Caso a caso) Evento FormSUS Indicadores Dado Até o 15 o dia do - infeccioso nacionais agregado mês subsequente ao mês de vigilância Evento FormSUS Surto e Dado Até 72h após a 60 dias infeccioso agregado de individual ocorrência casos (Caso a caso) O Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) é o responsável pela comunicação oficial dos eventos adversos ocorridos nos Serviços de Saúde ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária Principais Eventos Adversos e Incidentes • Incidente ou evento adverso nas atividades administrativas • Infecções relacionadas à assistência à saúde • Incidente ou evento adverso durante procedimento cirúrgico • Falhas no cuidado ou proteção do paciente • Incidente ou evento adverso na administração de dietas • Queda do paciente • Acidentes do paciente • Incidente ou evento adverso na identificação do paciente • Úlcera por pressão • Incidente ou evento adverso ocorridas em laboratórios clínicos ou de patologia • Falhas na assistência radiológica • Problema ou evento adverso relacionado ao uso de medicamentos • Problema ou evento adverso relacionado ao uso de sangue • Problema ou evento adverso durante ou após doação de sangue/hemocomponente • Problema ou evento adverso relacionado ao transplante (córnea, rim, coração, fígado, medula óssea ou outros), enxerto (osso, pele ou outros) ou fertilização (inseminação artificial) • Problemas ou eventos adversos associados a produtos para a saúde Hierarquizando o risco sanitário • A hierarquização dos riscos consiste na determinação dos níveis de risco quanto as suas consequências e probabilidade de ocorrência, possibilitando determinar se o risco e sua magnitude são aceitáveis ou toleráveis • Envolve a comparação do nível de risco encontrado durante a vigilância e monitoramento ou de uma investigação com critérios de risco previamente estabelecidos, e o desenvolvimento de uma lista priorizada de riscos para a ação futura de controle, minimização ou eliminação Hierarquizando o risco sanitário • Algumas razões pelas quais os riscos dos eventos podem ser considerados como aceitáveis pelo SNVS: ✓ A probabilidade de ocorrência de evento e a sua consequência são tão baixos, que o tratamento do risco específico é desproporcional frente os recursos disponíveis ou necessários ✓ A inexistência de um tratamento disponível para o risco limita as ações ao seu monitoramento ✓ As oportunidades apresentadas superam as ameaças, a tal ponto que conviver com o risco e monitorá-lo torna-se justificado • Para os riscos considerados não aceitáveis: implantação de planos de gestão do risco e estratégias de reorganização das práticas Hierarquizando o risco sanitário • A avaliaçãode riscos deve levar em conta o grau de controle que cada serviço de saúde tem sobre o evento e do seu impacto, consequência, potencial, custo, benefícios e oportunidades • Cada risco identificado é categorizado quanto à severidade, sua probabilidade e sua possibilidade de dano, além dos custos • Os sistemas analíticos utilizam a atribuição de duas ponderações, uma na valoração dos itens de controle e outra se refere à complexidade dos procedimentos Hierarquizando o risco sanitário • Classificação do grau de dano ocasionado pelo incidente: ✓ Nenhum: não houve nenhuma consequência para o paciente ✓ Leve: o paciente apresentou sintomas leves, danos mínimos ou intermediários de curta duração sem intervenção ou com uma intervenção mínima (pequeno tratamento ou observação) ✓ Moderado: o paciente necessitou de intervenção como, por exemplo, a realização de procedimento suplementar ou terapêutica adicional, prolongamento da internação, perda de função, danos permanentes ou por longo tempo ✓ Grave: necessária intervenção para salvar a vida, grande intervenção médico-cirúrgica ou causou grandes danos permanentes ou em longo prazo; perturbação/risco fetal ou anomalia congênita ✓ Morte causada pelo EA Hierarquizando o risco sanitário Os eventos adversos e incidentes podem ser classificados quanto à previsibilidade, frequência, gravidade ou severidade e causalidade Critério de Hierarquização do risco avaliação Previsibilidade Previsíveis: Já relatados em outros estudos, notificações, investigações. Imprevisíveis: Desconhecidos (Incerteza) Ocorrência Frequência Probabilidade Consequência Gravidade Severidade Frequente (5): mais de uma vez por ano Ocasional (4): cada 1 a 2 anos Remota (3): cada 2 a 5 anos Improvável (2): entre 5 a 10 anos Muito improvável (1) > 10 anos Óbito, muito grave ou Catastrófica (A): Morte, invalidez permanente. Grave (B): Complicação significativa ou invalidez permanente significativa. Todos os eventos que nunca devem ocorrer (never events). Moderado (C): Lesão sem perda de função/Recuperação sem complicação ou invalidez significativa. Leve ou baixa (D): Sem lesão, mas com aumento de dias de internação. Nenhum, insignificante ou muito baixa (E): Sem aumento no tempo de internação, não incapacitante. Causalidade Definida Provável Possível Não classificável (duvidosa, improvável, condicional). Critérios e hierarquização para avaliação de risco de eventos adversos Hierarquizando o risco sanitário Uma vez que a probabilidade e consequência do evento adverso foram determinadas, o próximo passo é definir o nível de risco Priorização da ação em função da probabilidade e severidade Hierarquizando o risco sanitário As ações a serem adotadas, de acordo com classificação do risco, para o evento adverso em questão Nível de ação Hierarquização de risco Ação requerida 1 Baixo Acompanhamento à distância, por meio eletrônico ou telefone. 2 Médio Acompanhamento intensivo à distância, por meio eletrônico ou telefone. Acompanhamento das ações de controle adotadas pelo(s) serviço(s). Monitoramento das ações de controle anual. 3 Alto Avaliação local imediata e acompanhamento subsequente à distância. Devem ser exigidos dos serviços controles imediatos. Monitoramento das ações de controle semestral. 5 Extremo Atuação direta na investigação do evento adverso, com alerta para as demais unidades da federação. Devem ser exigidos dos serviços controles imediatos e estreitamente monitorados. Monitoramento mensal das ações de controle até eliminação ou redução do risco. Níveis de ação e ação requerida para a investigação de eventos adversos em âmbito nacional, segundo a hierarquização de risco Tipos de investigação Não existe um método padrão de investigação que atenda a todos os tipos de incidentes A decisão sobre o tipo ou nível de investigação depende da avaliação inicial da ocorrência e de outros critérios: ✓ Gravidade do evento adverso ✓ Se a identificação do evento ou incidente foi oportuna ✓ Investigação realizada em tempo hábil ✓ Existência do esperado nível de independência e autonomia do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) para a condução do processo investigativo Tipos de Investigação • É a equipe de investigação que deve estabelecer os métodos, ferramentas e técnicas mais adequadas para o contexto, as instalações de cuidado à saúde, as competências, os recursos e o tipo de incidente • Independentemente do método, os princípios e os passos básicos do processo não apresentam diferenças consideráveis, além do nível de detalhamento e de revisão dos processos e dos sistemas Níveis de investigação Com base no desfecho danoso, as investigações dentro dos serviços são categorizadas em três tipos: – Concisa • A investigação concisa (Nível 1) é uma forma sucinta e sistemática para analisar os incidentes. Usualmente adotada para incidentes sem dano ou com o dano mínimo (nenhum ou leve), incluindo a investigação do near miss – Compreensiva • Na investigação compreensiva (detalhada ou de Nível 2) o dano chega a moderado e é necessária alguma intervenção imediata junto ao paciente • uso de métodos, ferramentas e técnicas combinadas e mais robustas para a determinação da causa raiz do evento – Independente • São adotadas as medidas previstas no Nível 2, incluindo o uso de métodos, ferramentas e técnicas combinadas e mais robustas, para a determinação da causa raiz do evento. Pode ser utilizada para a investigação de eventos adversos graves ou para a revisão de diversos incidentes de uma única vez. Níveis de investigação • Concisa (Nível 1) ✓ Conduzida por uma ou duas pessoas que compõem a equipe do local do incidente e é concluída rapidamente ✓ Para a análise da causa são utilizadas ferramentas simplificadas, como a construção da linha do tempo, o Cinco Porquês e quadro de fatores contribuintes ✓ As fontes de informação são o próprio notificador, os relatórios disponíveis e pode ser necessária a realização de algumas entrevistas ✓ O relatório final deve conter uma análise resumida do contexto, os dados da ocorrência, fatores contribuintes e, quando aplicável, as ações recomendadas são descritas em um plano de avaliação ✓ Pode ser considerada como investigação preliminar para os eventos que resultaram em dano moderado para apontar, em um curto período de tempo, as barreiras imediatas ✓ É útil para construir um resumo executivo para a investigação compreensiva ou independente dos eventos potencialmente graves. Níveis de investigação • Compreensiva (Nível 2) ✓ Possui elevado nível de detalhamento e deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar que não esteja diretamente envolvida na ocorrência ✓ Deve ser liderada por profissional experiente (preferencialmente) e com treinamento em análise de causa raiz, erro humano e no desenvolvimento de soluções eficazes para conter a recorrência ✓ Requer tempo, recursos humanos e financeiros. Deve ser realizada uma revisão de literatura consistente ✓ É necessário o uso de ferramentas adicionais, como o Diagrama de Ishikawa, para a identificação dos fatores contribuintes ✓ Deve-se atentar para o envolvimento dos meios de comunicação e do setor jurídico da instituição ou da secretaria de saúde ✓ Os resultados devem incluir recomendações robustas para a aprendizagem compartilhada no nível local e, por vezes, nacionalmente ✓ A equipe de investigação deve elaborar um relatório completo, com resumo, termo de referência e anexos. Níveis de investigação • Independente ✓ Inclui as medidas previstas no Nível 2 de investigação, além doa aplicação de métodos,ferramentas e técnicas combinadas e mais robustas ✓ Possivelmente, será o principal tipo de investigação pelas VISAS, pois é realizada por agente externo e independente do serviço de saúde e também para a investigação de múltiplos incidentes ou agrupamento de registros de casos e investigações ✓ Pode requerer o trabalho conjunto de especialistas, como epidemiologistas e cirurgiões, outros setores da Secretaria de Saúde ou envolver diferentes órgãos da administração pública ✓ Devem ser emitidos relatórios parciais com dados quali-quantitativos ✓ As informações devem ser compartilhadas com as altas lideranças do serviço de saúde e instituições públicas. Níveis de investigação ✓ O Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa) possibilita que o serviço efetue o registro do passo-a- passo da Análise de Causa Raiz (ACR) ✓ A ACR é apenas um modelo, sendo que o serviço de saúde poderá adotar qualquer outra ferramenta ou técnica consagrada para a investigação Deve ser considerado o nível de complexidade, área de abrangência, pressões internas e externas e os recursos disponíveis, incluindo os aspectos temporais, financeiros e humanos Níveis de investigação Investigações de eventos adversos que envolvam mais de um serviços de saúde • Último serviço que teve contato com o paciente será o responsável por iniciar a revisão do incidente • Se houve transferência do paciente, quaisquer observações ou problemas devem ser levados em consideração como parte da investigação • A vigilância sanitária deve: ✓ Coordenar e participar ativamente da investigação ✓ Promover a investigação conjunta em todos os serviços envolvidos ✓ Padronizar os procedimentos investigativos a serem utilizados Características Concisa Compreensiva Deve incluir pessoa (s) com o conhecimento de análise de incidentes, os fatores humanos e desenvolvimento de soluções eficazes. √ √ Facilitada pela participação de um indivíduo como especialista da organização ou externo nas reuniões de paciente, familiares, funcionários e médicos locais envolvidos no incidente. √ Conduzido por um grupo interdisciplinar. Pode incluir pacientes, membros da família, funcionários e médicos locais envolvidos no incidente, bem como reconhecidos peritos e consultores independentes, internos ou externos (*consultores: não estão envolvidos no incidente; peritos: especialistas que são externos ao evento, mas não necessariamente externo à organização participante) √ Tempo necessário para análise Linha do tempo curta (horas ou dias) Linha do tempo longa (até 90 dias) Identifica os fatores contribuintes, assim como ação corretiva tomada (se houver) √ (foco em fatores- chave) √ Recomendações para a melhoria √ (se aplicável) √ Princípios de análise de incidentes Reflete a intenção, mas não pode resolver todos Incorpora todos os princípios Estratégia de avaliação monitoramento √ √ Diferenças dos tipos de investigação Critérios Compreensiva Concisa Independente Grau do dano (severidade e probabilidade) Moderado a grave Nenhum a leve Todos Nível de Complexidade (grau de ocorrência, certeza, número de interações) Difícil, complexo Simples, complexo Simples, difícil ou complexo Área de impacto Equipe, Unidade/Programa, Organização, Sistema Equipe, Unidade/Programa, Possível Organização Equipe, Unidade/Programa, Organização, Sistema, Setor Contexto – Pressões internas e externas Alta Baixa Baixa, Média ou Alta Recursos necessários ou disponíveis (tempo, financeiro, humano) Moderado a oneroso Limitado Moderado a oneroso Linha do tempo Semanas a meses Horas a dias Variável Investigação de múltiplos incidentes • Iniciada no âmbito da vigilância sanitária. • Desenvolvida a partir dos registros de notificações e investigações extraídas dos bancos de dados nacionais. – Conduzida por uma equipe interdisciplinar que avaliará a necessidade de aprofundamento das investigações dentro de serviços ou de repetir os passos da investigação geral Investigação de múltiplos incidentes • Uma análise de múltiplos eventos ou incidentes também pode ser chamada cluster, agregado de casos, análise de tendência e meta- análise • Pode ser realizada dentro da própria VISA a partir do conjunto de dados registrados no Notivisa e relatórios de investigação enviados pelos NSP – Tema, extensão e escopo pré-definidos – O uso de metodologias quantitativas e qualitativas – Envolvimento de uma equipe interdisciplinar Assista ao vídeo: Introdução aos Estudos Epidemiológicos - Resumo - Epidemiologia (Youtube). Vantagens da investigação de múltiplos incidentes • Potencial para revelar tendências ou padrões de fatores contribuintes, que antes não eram perceptíveis • Demonstrar, a partir de recomendações anteriormente estabelecidas, se as ações adotadas foram ou não eficazes • As ações identificadas no processo como recomendações para melhorar a segurança do paciente, abrangem questões comuns dos diversos eventos investigados Passos da investigação de múltiplos incidentes • Passo 1. Identificar o assunto e o foco para a revisão das informações • Passo 2. Revisão da literatura e consulta a especialistas • Passo 3. Planejar a investigação e montar a equipe de investigação • Passo 4. Conduzir a análise de causa raiz ou agregação de dados • Passo 5. Determinar ações • Passo 6. Escrever e divulgar o relatório • Passo 7. Implementar e avaliar Ações Curso de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde MÉTODOS, TÉCNICAS E FERRAMENTAS DE INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS OBJETIVOS • Apresentar os principais métodos, ferramentas e técnicas utilizados na investigação de eventos adversos em serviços de saúde MÉTODOS DE GESTÃO DE RISCO DE EA RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ✓ A chave para um gerenciamento de riscos pode ser resumida na capacidade da organização em agrupar o conhecimento e a experiência de seus colaboradores, de modo a garantir a obtenção de informações rápidas e precisas, envolvendo um fato potencialmente perigoso ✓ Uma organização não consegue gerenciar riscos com resultados efetivos, sem gerenciar o conhecimento MÉTODOS DE GESTÃO DE RISCO DE EA RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ✓ Promovem confiabilidade e segurança aos processos instituídos nos serviços de saúde ✓ São categorizados em – proativos – reativos MÉTODOS, TÉCNICAS E FERRAMENTAS DE INVESTIGAÇÃO DE EAs RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE • Método epidemiológico • Diretrizes da Entrevista • 5W2H • Cinco Por quês • Diagrama de causa e efeito • SMART • DEPOSE • HAZOP • Outros DIRETRIZES DA ENTREVISTA O propósito da entrevista é reconstituir o cenário em que o evento ou o dano ocorreu, orientando a compreensão da sequência dos fatos, indicação dos fatores contribuintes na e oportunidades de melhoria DIRETRIZES DA ENTREVISTA • O ideal é que o procedimento seja realizado por dois entrevistadores – Um fica com a atribuição de registrar os comentários, enquanto o outro mantém o diálogo • Não deixe para esclarecer dúvidas após ter finalizado a entrevista • As observações e comentários devem ser registrados com precisão e de modo legível. – Repasse as respostas junto com o entrevistado para ter certeza se o que foi registrado foi de fato o que ele comentou • As informações coletadas nas entrevistas somente poderão ser utilizadas para orientar a investigaçãodaquele incidente. Os registros devem ser mantidos em arquivo restrito DIRETRIZES DA ENTREVISTA • As entrevistas devem ser realizadas com uma postura de compreensão e apoio. Jamais emitir juízo de valor, críticas ou comentários negativos • Se for evidenciada alguma lacuna profissional ou erro não intencional, o fato deverá ser discutido na equipe de investigação sem julgamento ou comentários pejorativos. – A entrevista é uma técnica subjetiva, portanto, controle as interferências pessoais e vieses do entrevistador – O foco é em processos, e não em pessoas DIRETRIZES DA ENTREVISTA • Os profissionais envolvidos diretamente com os eventos adversos danosos, geralmente, sentem-se angustiados com as possíveis falhas. – Coloque-se no lugar do entrevistado, paciente ou profissional, e não acentue uma exposição negativa • Estabeleça uma relação de confiança recíproca entre o entrevistado e o entrevistador. Esse posicionamento aumenta as chances de se chegar a um resultado mais próximo do cenário real • Auxilie os profissionais a pensarem sobre os fatores não clínicos que possam ter contribuído com a ocorrência e incentive-os a fornecer detalhes sobre outras questões buscadas na memória • Em grande parte das vezes, eles deixam de descrever fatos relevantes por considerarem a situação como trivial e que não vale a pena ser mencionada. CONSTRUÇÃO DA LINHA DO TEMPO - ENTREVISTA • No dia 27 foi indicada a realização de procedimento odontológico no paciente, com o acompanhamento do anestesista. O procedimento foi realizado no dia seguinte. • A enfermeira deduziu que a sala para a qual estava agendado o procedimento era uma sala com infraestrutura de centro cirúrgico. • O anestesista retirou o paciente da UTI acreditando que também estava levando o paciente para uma sala com estrutura para a realização do procedimento (FALHA NA COMUNICAÇÃO). • Na sequência, como não conseguiu passar o plantão para outro profissional (telefone não atendia) no local aonde o paciente foi encaminhado, decidiu enviá-lo com o anestesista, mesmo sem o cumprimento desta etapa de repassar o plantão. • Não há barreiras institucionais para restringir a saída de pacientes da UTI que requerem monitoramento constante para outras unidades, especialmente para setores com a estrutura de consultório (ATO INSEGURO), bem como a inexistência de diretrizes claras sobre o local onde esses tipos de procedimentos podem ser realizados, como centro cirúrgico. • A inauguração dos consultórios ocorreu sem um mapeamento dos riscos reais e potenciais. CONSTRUÇÃO DA LINHA DO TEMPO - ENTREVISTA Fonte: Transcrição Simões (2012). 5W2H Um dos métodos que pode ser aplicado para a condução da entrevista estruturada é o 5W2H, sendo as iniciais em inglês para as perguntas – What (o quê) – Why (por quê?) – Where (onde?) – Who (quem?) – When (quando?) – How (como?) e – How much (quanto custa? – quantidade e custo). • Pode ser aplicado na condução de uma entrevista estruturada • Direciona a discussão a um único foco, evitando dispersão das ideias • Muito útil na verificação da ocorrência de um problema e na elaboração de um Plano de Ação. 5W2H ANALISE DE PROBLEMAS PLANO DE AÇÃO O que aconteceu? O que será feito? Quais as ações a serem desenvolvidas? Quem era o responsável? Quem será o responsável pela implantação e condução das ações? Por que aconteceu? Por que será feito? Qual a justificativa e qual o resultado esperado? Onde aconteceu? Onde será feito? Onde a ação será desenvolvida? Qual a abrangência? Quando aconteceu? Quando será feito? Qual o prazo, as datas para início e término? Como aconteceu? Como será feito? Como a ação será implementada? Qual o passo a passo? Qual a metodologia a ser utilizada? Quanto custou? Quanto custará? Análise do investimento a ser realizado (não se restringe a investimento financeiro) Análise de problemas e elaboração do Plano de Ação, com base na metodologia 5W2H CINCO POR QUÊS • Método de simples execução • Muito utilizado em entrevistas • Pode ser aplicado para chegar à causa raiz do evento • Consiste em elaborar uma pergunta e dar sequência às perguntas com base na resposta do entrevistado. CINCO POR QUÊS CINCO POR QUÊS Por que a máquina não está funcionando? - Porque o cabo está desconectado da tomada Por que o cabo está desconectado da tomada? - Porque o cabo foi puxado da tomada Por que o cabo foi puxado da tomada? - Porque alguém tropeçou no cabo puxando- o a tomada Por que as pessoas tropeçam no cabo? - Porque o cabo fica no meio do caminho. Por que o cabo está solto no meio do caminho? - Porque o cabo é muito longo. Por que o cabo é muito longo? - Uh!?... Não sei... Solução A: Diminuir o comprimento do cabo Solução B: Prender o cabo com canaleta na parede Solução C: Deslocar o equipamento para próximo da tomada Diagrama de Causa e Efeito • Conhecido por Diagrama de Fishbone, Espinha de Peixe ou Ishikawa • É uma representação das várias causas que podem ter levado ao resultado sob investigação, sendo eficaz para organizar e categorizar elementos identificados a partir do incidente clínico, ou seja, as possíveis causas e fatores contribuintes Diagrama de Causa e Efeito • Eficaz para organizar e categorizar as possíveis causas e fatores contribuintes do evento • Formulação de uma lista abrangente de possíveis causas para a ocorrência do incidente clínico • Agrupamento das situações do evento: “6M”, “4P”, entre outros Diagrama de Causa e Efeito Como criar o Diagrama: 1. Identificar e confirmar o problema: qual é o principal problema que você quer investigar e evitar a recorrência? 2. Brainstorm para as principais causas: a ação e as condições que levaram ao problema chave 3. Concluir a cadeia causal: perguntar 'por que' várias vezes (5 Por quês) para identificar as causas e fatores contribuintes 4. Analisar os achados descritos do Diagrama. Diagrama de Causa e Efeito Diagrama de causa em efeito para óbito decorrente de atraso na cirurgia Fonte: Adaptado de Ferramentas da Qualidade, 2012. Diagrama de Causa e Efeito “6M” (Material, Meio ambiente, Medida, Mão de obra, Método e Máquina) 1. Material: qualquer fator relacionado aos componentes, insumos ou matérias-primas 2. Meio ambiente: fatores relacionados com a infraestrutura do local de ocorrência 3. Medida: elementos relacionados ao controle do processo e o monitoramento 4. Mão de obra: fatores relacionados às falhas humanas ou pessoas 5. Método: fatores relacionados aos procedimentos realizados ou da técnica 6. Máquina: fatores relacionados aos instrumentais, equipamentos e máquinas SMART • A técnica SMART é uma ferramenta de gestão utilizada para estabelecer as metas de um projeto, propostas, soluções ou recomendações • Essas soluções devem abordar diretamente as causas raízes identificadas pelo processo de investigação. – As recomendações de ação devem ser específicas, exequíveis, mensuráveis, incluindo quem será responsável pela implementação e prazos para conclusão e evolução • A implementação das soluções apontadas deve efetivamente prevenir recorrência de incidentes clínicos. O desenvolvimento de recomendações é usado para seguir o sistema inteligente de fixação de metas • A criação de metas é, em um primeiro momento, uma tarefa bastante simples. – A dificuldade de vários gestores está em operacionalizar o que foi estabelecido e alcançar os resultados SMART Ferramenta de gestão utilizada para estabelecer metas de um projeto, soluções ou recomendações • S - Specific ou Específico: um objetivo específico temmaiores chances de ser realizado que uma meta geral • M - Mensurable ou Mensurável: Metas possíveis de serem medidas por meio de indicadores, para que seja possível demonstrar a evolução e o impacto no processo ou resultado final • A - Attainable ou Alcançáveis: Planejar metas exequíveis e possíveis de serem alcançadas • R - Realistic ou Realista ou Relevante: Os objetivos devem ser realistas e relevantes ao cenário do serviço de saúde e do município • T - Timely ou tempo ou tangível: Deve ser limitada por um período de tempo estabelecido DEPOSE Permite a investigação das falhas e prepara as informações para a Análise da Causa Raiz D – Desenho Reconstituição detalhada do desenho organizacional (sistema) e do processo envolvido. E – Equipamento Verificação dos possíveis problemas no desenho de equipamentos, fragilidades no gerenciamento do risco, no planejamento, concepção e dimensionamento de equipamentos e obras, reformas, novas instalações. DEPOSE P - Procedimento Identificação dos problemas no desenho do procedimento ou da política instituída. O - Operadores Deficiências de capacitação, conhecimento e habilidades profissionais para o cumprimento das atividades. A falta de treinamento e o desconhecimento no funcionamento e uso de equipamentos e procedimentos devem ser considerados para a análise. DEPOSE S- Suprimentos Verificação dos problemas reais e potenciais envolvendo o desenho dos suprimentos, assim como a falta de materiais, equipamentos, medicamentos e de outros recursos necessários ao desempenho das funções. E- Ambiente Verificação das condições ambientais (temperatura, umidade, ruídos, estímulos visuais, entre outros) do serviço de saúde. HAZOP ✓ Utilizada para a análise quantitativa de riscos ✓ Busca a identificação de perigos e problemas de operabilidade de um processo ✓ É baseada em um procedimento que origina, de modo sistemático, perguntas estruturadas a partir de um conjunto de palavras-guia ✓ Técnica indutivo qualitativo HAZOP Nós-de-estudo (Study Nodes): são os pontos do processo, localizados através dos fluxogramas da planta, que serão analisados nos casos em que ocorram desvios. Intenção de operação: define os parâmetros de funcionamento normal da planta, na ausência de desvios, nos nós-de-estudo. Desvios: distúrbios provocados no equilíbrio do sistema Causas: motivos pelos quais os desvios ocorrem Consequências: são os resultados decorrentes de um desvio da intenção de operação em um determinado nó-de-estudo Parâmetros de processo: fatores ou componentes da intenção de operação Palavras-guia ou Palavras-chave (Guide Words): são palavras simples utilizadas para qualificar os desvios da intenção de operação e para guiar e estimular o grupo de estudo ao brainstorming. HAZOP Aplicando o HAZOP: • Definir o sistema em estudo • Dividir o sistema em partes de uma seção • Preenchimento da planilha de Análise de Perigos e Operabilidade • Estabelecer o fluxo do processo HAZOP HAZOP As consequências (efeitos) deverão ser analisadas localmente e também no sistema como um todo. Planilha de Análise de Perigos e Operabilidade • Cabeçalho - identifica o subsistema que será analisado, o fluxograma utilizado e o "nó" (problema) escolhido • Coluna 1 - aspectos que estão sendo considerados e os possíveis desvios (falhas) • Coluna 2 - são dispostas as causas que podem acarretar o desvio • Coluna 3 - possíveis efeitos associados a cada uma das causas ou conjunto de causas • Coluna 4 - salvaguardas existentes • Coluna 5 – recomendações ou observações pertinentes ao cenário OUTRAS TÉCNICAS E FERRAMENTAS Comparação de ferramentas e métodos para a análise de causa raiz Método Ferramenta Tipo Define Problemas Define todas as causas Fornece um caminho para a causa raiz Delineia evidências Explica como as soluções previnem a recorrência Fácil de seguir Pontuação Eventos e fatores causais Método Sim Limitado Não Não Não Não 1,5 Análise de mudanças Ferramenta Sim Não Não Não Não Não 1 Análise de barreiras Ferramenta Sim Não Não Não Não Não 1 Árvore de probabilidade Método Sim Não Não Não Não Não 1 Gráfico Why-why Método Sim Não Sim Não Não Não 2 Pareto Ferramenta Sim Não Não Não Não Não 1 Árvore de falhas Método Sim Sim Sim Não Sim Não 4 FMEA Ferramenta Sim Não Limitado Não Limitado Não 2 Gráficos de realidade Método Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6 Curso de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde MÉTODOS, TÉCNICAS E FERRAMENTAS DE INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS (ANÁLISE DE CAUSA RAIZ) UUNNIIDDAADDEE 33 OBJETIVOS ✓ Compreender o que é Análise de Causa Raiz (ACR) ✓ Conhecer as características da ACR ✓ Destacar os passos para o desenvolvimento de uma ACR bem-sucedida. O que é uma ACR? É uma metodologia retrospectiva, ou seja, aplicada após a ocorrência dosincidentes, a fim de identificar as causas dos incidentes ou acidentes e propor estratégias para que não ocorram novamente. Fonte: Fonte: Runciman et al. Int J Qual Health Care (2009) 21 (1): 18-26 OBJETIVOS DA ACR ✓ Identificar o que, como e por que aconteceu ✓ Identificar e rever os sistemas e os processos envolvidos ✓ Identificar as causas subjacentes e os fatores contribuintes ✓ Procurar oportunidades para melhorar os sistemas ✓ Identificar o que pode ser feito para impedir que o evento volte a ocorrer ✓ Desenhar um plano de melhoria ✓ Avaliar se as ações implementadas realmente melhoraram a segurança dos processos/ sistemas CARACTERÍSTICAS DA ACR ✓ Consiste em um processo reativo, ou seja, implementado após a ocorrência de um incidente ✓ É centrada em sistemas e processos (falhas latentes), e não em desempenho individual ou sobre a culpabilização (falhas ativas) ✓ Formada por uma equipe de investigação de natureza multidisciplinar ✓ Utilizada na investigação de eventos graves ✓ Também pode ser aplicada para um conjunto de near misses e eventos menos graves, mas que exigem ações de melhoria de processos. O QUE CONFERE CREDIBILIDADE A UMA ACR? 1. Envolvimento dos profissionais que estão associados aos processos e sistemas em análise; 2. Apoio e encorajamento da gestão de topo; 3. Conclusões coerentes e obtidas com a unanimidade dos elementos da equipe de ACR 4. Revisão de literatura relevante na área do incidente; 5. Comunicação abrangente a todas as pessoas que podem se beneficiar dos resultados; 6. Utilização de uma linguagem clara para todos. QUANDO UMA ACR NÃO É APLICÁVEL? Quando o incidente: 1. Resultou de um ato criminoso 2. Foi desencadeado deliberadamente pelos profissionais 3. Resultou do abuso de substâncias por parte dos profissionais 4. Envolve violência sexual sobre os doentes DESENVOLVIMENTO DE UMA ACR 1. Excluir as situações para as quais não é aplicável 2. Constituir uma equipe de investigação 3. Coletar dados sobre o que e como aconteceu Os dados devem ser organizados utilizando-se a linha do tempo e a reconstrução de cenários através de fluxograma 4. Identificar as causas proximais e das causas raízes 5. Para a identificação das possíveis causas e fatores contribuintes podem ser utilizadas as ferramentas Diagrama de Causa e Efeito ou os Cinco Por quês. 6. Estabelecer as recomendações, preferencialmente fortes, e definir as ações para eliminar ou reduzir o risco de recorrência do incidente 7. Registrar o processo Elaboração de relatórios de acompanhamento, comunicação e ações,o estabelecimento das estratégias de aprendizado. DESENVOLVIMENTO DE UMA ACR A partir do processo de análise da equipe devem ser elaborados: ✓ fluxograma com a sequência dos eventos ✓ fluxograma da sequência esperada de procedimentos ou de acordo com as normas estabelecidas na instituição ✓ lista de ações de melhoria implementadas após o incidente ✓ lista e descrição das barreiras ou controles existentes ✓ lista dos fatores contribuintes, que podem ter sido determinantes para o desenvolvimento do incidente ✓ diagrama de Ishikawa com a análise de cada fator contribuinte ✓ priorização da Causa Raiz ✓ lista de planos de melhoria, detalhando indicadores, metas temporais, medidas objetivas, responsáveis e recursos a empregar ✓ relatório de resultados PASSOS INICIAIS • Considera-se que a reunião preliminar, no âmbito da VISA, já foi realizada • Início do trabalho de campo dentro do serviço de saúde • Ordem de trabalhos: coordenador da investigação e NSP – Determinar a coleta de informações – Decidir quem deve fazer parte da equipe – Definir a data da primeira reunião PRIMEIRA REUNIÃO DA EQUIPE Ordem de trabalhos: ACR propriamente dita 1. Explicar o porquê de o grupo ter sido constituído 2. Dar ênfase ao fato de que a finalidade da ACR é contribuir para que o incidente não se repita. Não se pretende encontrar culpados 3. Dar exemplos de situações em que inicialmente se julgava que a causa de um incidente era uma falha de um profissional e, depois de implementada a ACR, se concluiu que o incidente foi causado por uma falha do sistema 4. Desenhar a sequência de eventos - Tendência para comentar e discutir os elementos da sequência de eventos que são apresentados. Anote estes comentários na área de ideias soltas (brainstorm), mesmo que não pareçam relevantes - Esta tarefa deve terminar apenas quando todos os elementos do grupo estiverem satisfeitos e normalmente decorre durante cerca de uma hora. Nesta etapa pode ser necessário realizar uma visita ao local do incidente. 5. Fazer o levantamento das medidas corretivas desenvolvidas logo após o incidente 6. Rever a sequência de eventos e identificar os fatores contribuintes 7. Fazer corresponder os fatores contribuintes com os elementos da sequência de eventos através de uma brainstorming 8. Analisar as barreiras existentes e as que falharam, fazer o seu inventário numa lista. Equacionar que barreiras adicionais poderiam existir. Juntar esta informação aos fatores contribuintes 9. Categorizar os fatores contribuintes em: fatores do pessoal, fatores do doente, fatores do trabalho/ambiente, fatores organizacionais/do serviço, fatores externos e outros 10. Depois de agrupados os fatores de forma consensual dá-se por terminada a reunião. SEGUNDA REUNIÃO DA EQUIPE Ordem de trabalhos: Líder da equipe e especialistas 1. Dispor os fatores contribuintes e os causais num diagrama de Ishikawa 2. Rever os dados que resultaram da categorização. Colocar as categorias lado a lado com os elementos de cada categoria por baixo. Rever o conteúdo de cada categoria, perceber se há duplicações ou subcategorias que podem ser agrupadas. Para cada uma das categorias ver os elementos que a compõem e perguntar ‘Como’ e ‘Porquê’ até que deixe de fazer sentido fazer a pergunta. Para cada item dentro das categorias escrever um dos três: ‘Dados insuficientes’ a vermelho, ‘Fator contribuinte’ a verde, ou ‘Fator não contribuinte’ a preto. A reunião acaba com a definição de quem vai procurar os dados em falta. 3. Pode ser necessário realizar entrevistas com os envolvidos diretamente no incidente para uma descrição da sequência de eventos. Depois de obtida a descrição pode ser recolhida informação mais específica sobre possíveis fatores contribuintes e barreiras. 4. Rever a eficácia e a eficiência das barreiras existentes: costumam fazer a detecção e prevenção de falhas nos processos que visam acompanhar? O custo que lhes está associado justifica a manutenção da barreira nos termos atuais? Podem ser abordadas alternativas mais eficazes e/ou mais econômicas? Estas questões, a serem relevantes devem ser levadas à equipe responsável pela elaboração dos planos de melhoria. TERCEIRA REUNIÃO Ordem de trabalhos: ACR propriamente dita 1. Validar o diagrama de Ishikawa 2. Validar a informação da reorganização das categorias 3. Garantir que os ‘Fatores não contribuintes’ o são de fato e que cada ‘Fator contribuinte’ não tem mais desdobramentos em níveis inferiores possíveis – são as Causas Raiz 4. Perguntar em relação a cada fator contribuinte se sua eventual eliminação teria resultado na prevenção do incidente. Se for o caso deve merecer um plano de ação 5. Listar os ‘Fatores não contribuintes’ para demonstrar que foram também objeto de análise 6. Priorizar a Causa Raiz e desenhar os planos de ação. Para cada ‘Fator contribuinte’ desenhar uma ação corretiva ou um plano de melhoria 7. Rever as barreiras existentes em termos de eficácia e eficiência 8. Conclusão da ACR com registro de todo o processo. ELEMENTOS MÍNIMOS DOS PLANOS DE AÇÃO Fator contribuinte Fator 1 Fator 2 Plano de ação Rever protocolo de transporte de doentes para o bloco Implementar cirurgia segura Pessoa responsável Enfermeira chefe Cirurgia Geral Enfermeira chefe Bloco Operatório Data fim 31/03/20XX 30/04/20XX Indicadores de medida Protocolo atualizado Cirurgia segura implementada Recursos Equipe de enfermagem R$ XXX Direção do Bloco Equipe de enfermagem R$ XXX Data de revisão 01/03/XX 01/04/XXX Caso a equipe não consiga completar as tabelas, a tarefa deverá ser concluída pelo coordenador da equipe. Curso de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde PRINCIPAIS PASSOS DA INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE UUNNIIDDAADDEE 44 OBJETIVOS ✓ Destacar os passos gerais para a investigação de eventos adversos em serviços de saúde. ✓ Orientar a elaboração do relatório final da investigação e as informações mínimas necessárias para a reconstrução de cenários. PASSOS DA INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS Passo a passo geral para as investigações concisas, compreensivas e independentes realizadas dentro dos serviços de saúde e aplicável tanto pela vigilância sanitária, quanto pelo NSP. Ciclo do processo investigação de eventos adversos e incidentes INVESTIGAÇÃO NA VIDA REAL... Sexta-feira 18h:02min - Vigilância Sanitária de Serviços de Saúde, boa tarde! - Boa tarde. Aqui é do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital São Armandinantino (ficto), no município de Caximboca do Leste e estou com um problema. Uma paciente morreu após a injeção intratecal de um quimioterápico e preciso de ajuda para investigar o caso. - Certo, já estamos a caminho. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Organizar as informações em pessoa, tempo e lugar. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. 4. Identificar a causa raiz; 5. Recomendar ações; 6. Instituir os mecanismos de comunicação e aprendizagem; 7. Acompanhar a implantação das ações. PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO “Leitura complementar (disponível no Material complementar do curso): Capítulo 3. Investigação de Eventos Adversos: da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde; Módulo 5: Investigação de Eventos Adversos em Serviços de Saúde”. Aspectos administrativos Aspectos pessoais Aspectos logísticos Aspectos investigativosPREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO Antes de sair: • Ainda que a Notificação esteja registrada no Notivisa, certifique-se que o gestor local tomou conhecimento da ocorrência (telefone + e- mail ou fax); • Obtenha o convite formal do gestor local com o propósito de aumentar a transparência e o seu envolvimento colaborativo; • Se já houver alguma repercussão, entre em contato com a Anvisa; • Obtenha o máximo de informações possíveis sobre a ocorrência. PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO Antes de sair • Aspectos administrativos e logísticos: – Instituir a equipe de investigação; – Gerencie o deslocamento da equipe de investigação para o local de ocorrência do evento; – Providencie uma reunião preliminar com a equipe de investigação de campo e de suporte; – Mantenha sempre organizado o “Kit investigação”. PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO Antes de sair • Aspectos técnicos e investigativos: – Dados da notificação; – Modelos de questionários e ferramentas de coletas de dados; – Manual de normas e procedimentos vigentes; – Informações de outros bancos de dados; – Informações clínicas e laboratoriais importantes; – Assessoramento estatístico e epidemiológico; – Participação de especialistas para ajudar no planejamento, investigação e monitoramento. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação. INICIAR A INVESTIGAÇÃO • Definir o tipo de investigação: – Não há um método padrão de investigação que atenda a todos os tipos de eventos adversos; – A equipe que deverá estabelecer o(s) método(s), ferramenta(s) e técnica(s) mais adequada(s) para o contexto, as instalações de cuidado à saúde, as competências, os recursos e o tipo de incidente; – Tradicionalmente, os eventos adversos infecciosos são investigados pelo método epidemiológico, que requer outros fundamentos; – A ênfase deste Módulo IV é a investigação dos eventos adversos não infecciosos; – Três principais tipos de investigação de EA dentro do serviço de saúde: concisa, compreensiva e independente; INICIAR A INVESTIGAÇÃO – Considerar avaliação inicial do evento, o nível de complexidade, área de abrangência, pressões internas e externas e os recursos disponíveis (temporais, financeiros e humanos); – Fazer uma avaliação inicial da ocorrência e de outros critérios, como a gravidade do evento, se a investigação foi realizada em tempo hábil e o nível de independência do NSP para a condução do processo investigativo. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso. ESTABELECER O CONTEXTO DO EVENTO ADVERSO • Apurar e registrar as circunstâncias iniciais da ocorrência; • Reconstruir o cenário de ocorrência do evento: – Construir a linha do tempo, narração da sequência cronológica ou fluxograma: • Fluxos de documentos e dos profissionais; • Etapas dos processos de trabalho; • Tempo dispensado para cada etapa. – Comparar a execução da atividade aos protocolos estabelecidos; – Identificar lacunas existentes; ESTABELECER O CONTEXTO DO EVENTO ADVERSO • Recorrer à análise documental para determinar a sequência do evento adverso ou incidente: – Principais fontes de informações: • Prontuários de paciente, anotações de enfermagem, outros registros da internação, da farmácia, do centro cirúrgico, laboratório e de outros setores, incluindo os bancos de dados do serviço. • Recorrer às entrevistas estruturadas: • Profissionais de saúde, colaboradores, familiares e paciente. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico. CONFIRMAR O DIAGNÓSTICO ✓ Revisar os achados clínicos e laboratoriais; ✓ Revisar achados de amostras, se for o caso; ✓ Visitar os setores envolvidos e rever as informações; • Caso único: – Descrever a hipótese(s) diagnóstica(s) na internação e a evolução do doente; – Identificar a causa mortis, se for o caso. • Vários casos: – Confirmar a existência de um surto ✓Estabelecer uma definição de caso ✓ Caracterizar o quadro clínico, laboratorial e epidemiológico ✓ Divulgar a definição de caso entre os demais investigadores ✓ Determinar o número de casos observados, encontrando as pessoas com quadro clínico semelhante ✓ Organizar as informações em uma planilha VAMOS A UM EXEMPLO? • Dados da investigação do MS • Evento Adverso: Óbito após quimioterapia • Tipo: suspeito • Situação: surto • Definição de caso: – Paciente no ambulatório de quimioterapia do Hospital São Armandinantino (ficto), no município de Caximboca do Leste que apresentou, após a administração de: – Sinais e sintomas . E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugar e pessoa. PESSOA, TEMPO E LUGAR Busca-se estabelecer as circunstâncias (quando, onde, quem, como e por que?) sob as quais o processo se desenvolveu na população específica. Organizar as informações – PESSOA ✓ Descrever o grupo de casos em detalhes; ✓ Identificar os fatores comuns; ✓ Obter denominadores para calcular as taxas; ✓ Comparar grupos, se for o caso. EXEMPLO DE VARIÁVEIS DA PLANILHA Identificação Data de nascimento Sexo Data procedimento Hora de início Duração Equipe Sala Cirúrgica Caso? 1 16/06/1972 M 15/10/2014 07:13 02:50 1 A Não 2 25/10/1958 M 15/10/2014 08:36 00:45 2 B Não 3 05/03/1947 F 15/10/2014 10:05 08:11 1 A Sim 4 13/12/1953 M 15/10/2014 10:15 00:15 3 B Não 5 20/12/1961 F 15/10/2014 10:45 01:17 3 C Sim 6 03/01/1955 F 15/10/2014 12:08 00:48 3 B Sim 7 14/08/1954 M 15/10/2014 10:00 03:00 2 C Não 8 21/09/1957 F 15/10/2014 19:00 00:35 1 A Sim PESSOA, TEMPO E LUGAR Organizar as informações - TEMPO • O caso, agregado de casos e surto é a concentração de casos em um determinado período e é reconhecido graficamente em uma curva; • Distribuição dos casos em um histograma, que possibilita a identificação da magnitude do evento e o intervalo de tempo (data de realização do procedimento, implantação de dispositivos, administração de medicamentos, início dos sinais e sintomas e outros); – Se infeccioso, o período de incubação (horas, dias, semanas e meses. 7 5 4 3 3 2 N ú m e ro d e c a s o s c o n fi rm a d o s HISTOGRAMA Distribuição do número de procedimentos e casos de evento adverso em 15 de outubro de 2014 8 7 Distribuição do número de casos por Semana Epidemiológica 14 12 6 10 5 8 4 6 3 4 2 1 0 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 Horário do procedimento 2 0 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Semana Epidemiológica Fonte única N ú m e ro d e p ro c e d im e n to s PESSOA, TEMPO E LUGAR Organizar as informações - LUGAR • A distribuição dos casos fornece elementos para identificar a causa; • Algumas variáveis: tipo de serviço de saúde, setor do hospital (UTI, hemodiálise, bloco cirúrgico). E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugare pessoa. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. FATORES CONTRIBUINTES • Identificar as condições e circunstâncias que contribuíram para que o evento ocorresse: – Estabelecer uma cronologia bem fundamentada do evento; – Organizar de modo esquemático uma reconstituição entre o que aconteceu e o que deveria ter acontecido; – Realizar uma revisão sistemática da literatura dos Planos de Segurança do Paciente, protocolos e procedimentos do serviço. FATORES CONTRIBUINTES Questões centrais relacionadas aos fatores contribuintes: • Fatores humanos - refletidos pelo comportamento, desempenho ou comunicação entre os profissionais de saúde; • Fatores ambientais - Condições de trabalho e de programação e planejamento das atividades; • Fatores ligados ao paciente; • Fatores ligados à doença; • Fatores ligados às tecnologias: ✓ Equipamentos e instrumentais; ✓ Medicamentos. FATORES CONTRIBUINTES 7 8 9 0 4 5 6 C 1 2 3 . 7 8 9 4 5 6 1 2 3 0 . C • Fatores ligados às políticas, procedimentos e protocolos: ✓ Ausência de uma política institucional ou políticas inseguras. Política institucional insegura: aquisição de equipamentos com mecanismos de acionamento diferentes nos andares, mas com mesma função. FATORES CONTRIBUINTES • Fatores ligados aos mecanismos de segurança; • Fatores ligados aos processos: ✓ problemas no transporte interno e externo do paciente; ✓ interface homem-equipamento. DESCRIÇÃO DOS FATORES CONTRIBUINTES • Utilize descrições específicas e precisas sobre o que ocorreu. Evite descrições negativas ou vagas, como “inadequado” ou “descuido”: Incorreto: “Treinamento deficiente” Correto: “O nível de formação da enfermeira aumentou a probabilidade para que não tenha compreendido bem o manuseio dos controles da bomba de infusão, contribuindo para interrupção das etapas de dose prescrita” • Indicar a relação entre o fator contribuinte e o resultado: Incorreto: “O médico estava cansado” Correto: “O nível de fadiga experimentado pelo médico aumentou a probabilidade de que não ter cumprido as instruções levando à inserção incorreta” • Identificar os fatores que precederam a falha humana: Incorreto: “O médico não revisou o sumário de alta” Correto: “O nível de demandas extras sobre o pessoal fez com que o médico efetuasse a alta apressada e o paciente foi enviado para casa com o relatório errado” DESCRIÇÃO DOS FATORES CONTRIBUINTES • Identificar os fatores que precederam um erro de procedimento: Incorreto: “O técnico de farmácia não seguiu a distribuição procedimento correto” Correto: “Devido à falta de pessoal, a verificação de rotina foi ignorada por duas pessoas, resultando na distribuição incorreta de medicamentos” • Só incluir a omissão como um fator contribuinte se houver um dever preexistente para agir: Exemplo: os medicamentos prescritos após um infarto do miocárdio só devem ser usados se for necessário e estiverem previstos no protocolo de tratamento. IMPORTANTE... • Cada fator contribuinte deve ser avaliado pela equipe de investigação e ter o risco classificado, de modo a estabelecer a probabilidade de recorrência do evento e a gravidade das consequências. • Algumas investigações podem identificar lacunas ou problemas importantes que não colaboraram para a ocorrência especificamente do evento sob análise, mas que têm o potencial de contribuir ou causar eventos adversos no futuro. • Estes devem ser registrados na parte inferior do fluxograma e considerados no desenvolvimento de recomendações sem, contudo, ser apontado como fator contribuinte. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugar e pessoa. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. 4. Identificar a causa raiz. IDENTIFICANDO A CAUSA RAIZ • Determinar a causa principal para a ocorrência do evento adverso. • O Sistema NOTIVISA adota como método a Análise de Causa Raiz (ACR), no entanto, o serviço pode adotar qualquer outro método. • A Parte IV do presente módulo é totalmente dedicada ao ensino da Análise de Causa Raiz. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugar e pessoa. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. 4. Identificar a causa raiz; 5. Instituir medidas de controle e recomendações. RECOMENDAÇÕES • São ações desenvolvidas para tratar os fatores contribuintes e deve apontar alternativas para prevenir ou minimizar os eventos adversos ou near miss futuros. • As ações devem ser desenvolvidas por meio de Planos de Ação ou de Minimização, Redução ou Eliminação de riscos. • O plano deve estabelecer as recomendações ou medidas de controle para reduzir ou eliminar esses riscos e definir os processos para verificar a eficiência da gestão dos sistemas de controle e da qualidade. • A literatura categoriza as ações para o tratamento dos riscos como: ✓ recomendações fortes - são aquelas altamente propensas a reduzir o risco, o que torna muito fácil para o pessoal aderir às ações e fazer a coisa “certa”; ✓ recomendações intermediárias; ✓ recomendações fracas - são, em geral, menos propensas a alterar uma condição de risco iminente. RECOMENDAÇÕES • Devem ser claras e direcionadas para cada fator contribuinte, causas e riscos identificados na investigação do evento. • Sempre que possível, devem ser instituídas recomendações fortes para cada fator contribuinte, conforme a sua classificação de risco, fundamentadas em literatura científica que demonstrem resultados positivos. • Podem ser instituídas mais de uma recomendação para tratar o mesmo risco. Dessa forma, tenta-se reduzir os buracos que favorecem que o dano alcance o paciente. RECOMENDAÇÕES • O serviço deve estabelecer a prioridade na implantação das recomendações, definindo as metas, os prazos para a conclusão do processo e os responsáveis para cada uma das ações. Os prazos estabelecidos devem ser exequíveis. • Caso não seja possível afirmar que as recomendações irão, de fato, eliminar o risco, deve-se definir junto aos responsáveis pela implantação das ações, os meios de verificação e validação levando- se em consideração a mitigação e a aceitação dos riscos residuais. • Pode ser utilizada a ferramenta SMART para o desenvolvimento das recomendações e o estabelecimento de metas. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugar e pessoa. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. 4. Identificar a causa raiz; 5. Instituir medidas de controle e recomendações; 6. Instituir os mecanismos de comunicação e aprendizagem. MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO E APRENDIZAGEM • O Relatório final da investigação é mecanismo de comunicação mais usual e deve conter todo o histórico do processo, desde a criação do grupo de investigação, até as recomendações aprovadas, informando os prazos e metas para as ações. • Todos os envolvidos na investigação devem ser comunicados dos resultados e receber o relatório final. • É importante garantirque as lições aprendidas foram identificadas e registradas. • Os resultados analisados e dispostos em Alertas, Notas Técnicas, Boletins e Comunicado de Risco pela autoridade sanitária despertam para o aprendizado e a implementação de novas medidas para prevenir eventos futuros. RELATÓRIO FINAL Deve conter: • Folha de rosto • Sumário • Relatório principal • Anexos e apêndices RELATÓRIO PRINCIPAL 1. Preparar para o trabalho de campo; 2. Iniciar a investigação: ✓ Definir o tipo de investigação; ✓ Estabelecer o contexto do evento adverso; ✓ Confirmar o diagnóstico; ✓ Identificar e contar os casos; ✓ Organizar as informações em tempo, lugar e pessoa. 3. Identificar fatores contribuintes: ✓ Levantar os riscos sanitários. 4. Identificar a causa raiz; 5. Instituir medidas de controle e recomendações; 6. Instituir os mecanismos de comunicação e aprendizagem; 7. Acompanhar a implantação das ações. E AGORA, O QUE FAZER? 1. Acompanhar a implantação das ações. ACOMPANHAR E MONITORAR A IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES • A VISA deve monitorar a implantação das recomendações aprovadas pelo NSP e pela direção do serviço. • Os responsáveis por esse processo precisam instituir os indicadores de acompanhamento e de desempenho de alcance das metas pré- definidas nas recomendações, verificar a frequência de cumprimento dos requisitos de qualidade e elaborar relatórios. • A vigilância pode instituir planilhas eletrônicas e utilizar as ferramentas de auditorias, autoavaliações e inspeção para promover o acompanhamento. • Sugere-se que o relatório final de implementação de todo o processo (investigação e monitoramento) deve ser entregue pelo NSP, 6 meses após a notificação do evento. • Os critérios para o encerramento do monitoramento ainda não estão claramente definidos. Contudo, a VISA poderá utilizar alguns critérios para orientar o fechamento do caso para que as investigações e o monitoramento não sejam realizados indefinidamente.