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O ENGENHEIRO DE COMPUTAÇÃO E A PROFISSÃO AULA 3 Prof. Ederson Cichaczewski 2 CONVERSA INICIAL O computador possibilitou uma nova área de estudo e pesquisa, impulsionando uma série de avanços tecnológicos nas outras áreas do conhecimento, na arte e no entretenimento. Atualmente, o computador está presente nas mais variadas atividades, serviços e equipamentos, desde um computador de bordo de um automóvel até nos supercomputadores para simulação de explosões termonucleares ou previsão sísmica. Nesta aula, traremos uma visão geral dos sistemas computacionais, destacando seu surgimento e evolução. Veremos ainda os principais componentes de um computador, além de fazermos uma distinção entre um computador tradicional e um computador embarcado. Por fim, serão abordadas algumas utilizações dos computadores no cotidiano. TEMA 1 – EVOLUÇÃO E HISTÓRICO DOS COMPUTADORES Os computadores como conhecemos hoje tiveram uma evolução gradual ao longo dos anos, principalmente nos últimos 70 anos, e seu desenvolvimento sempre esteve atrelado ao avanço tecnológico dos componentes eletrônicos. Os conceitos utilizados na constituição dos computadores foram sendo desenvolvidos por diversos inventores, matemáticos e filósofos, como Charles Babbage, que fez a máquina analítica em 1834, George Boole, com a álgebra booleana em 1847, Alan Mathison Turing, com a máquina de Turing em 1936, e John Von Neumann, com o projeto lógico do computador na década de 1940. Se observarmos a evolução dos computadores, constataremos que eles tiverem três estágios evolutivos. Esses estágios de evolução (mecânico, eletromecânico e eletrônico) foram necessários para a consolidação dos conceitos da computação. O primeiro estágio pode ser definido como computadores mecânicos, iniciado em 1642 com a máquina mecânica pascalina, ilustrada na Figura 1, desenvolvida por Blaise Pascal. Esse estágio se caracteriza basicamente por máquinas com um conjunto de engrenagens que executavam operações aritméticas básicas, como somas e subtrações. 3 Figura 1 – La pascaline (a pascalina) foi a primeira calculadora mecânica do mundo, planejada por Blaise Pascal em 1642 Crédito: J J Osuna Caballero/Shutterstock. O segundo estágio iniciou em 1930 com os computadores eletromecânicos, sendo que o mecanismo básico de operação são os relês, atuando como chaves. Nesse modelo os acionamentos da parte mecânica deixaram de ser manuais e passaram a ocorrer pela ação de relês, conforme ilustrado na Figura 2. Estes são interruptores eletromecânicos, em que o fechamento dos contatos ocorre pela ação de um eletroímã. Figura 2 – Relê eletromecânico Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. O primeiro computador eletromecânico, o chamado Z-1, ilustrado na Figura 3, usava relês e foi construído pelo alemão Konrad Zuse (1910-1995) em 1936. Zuse tentou vendê-lo ao governo alemão para uso militar, mas foi subestimado pelos nazistas, que não se interessaram pela máquina. Figura 3 – O computador Z-1 de Conrad Zuse 4 Crédito: 360B/Shutterstock. O terceiro e atual estágio de evolução tecnológica dos computadores é denominado computadores eletrônicos. Esse estágio é o mais significativo e o que realmente concretizou o anseio do homem em criar uma máquina capaz de realizar os cálculos mais rapidamente, com maior precisão e autonomia. Nesse estágio da evolução, o funcionamento dos computadores passou a ser totalmente eletrônico, iniciando com a utilização das válvulas, conforme ilustrado na Figura 4, para substituir o relê como elemento de chaveamento. Figura 4 – Válvula eletrônica Crédito: B Kris/Shutterstock. A evolução dos computadores modernos, ditos eletrônicos, pode ser caracterizada em quatro gerações, com base no tipo ou tecnologia do dispositivo eletrônico utilizado como elemento básico de construção. 1.1 Primeira geração (1943): válvula A primeira geração de computadores eletrônicos é caracterizada pela utilização do dispositivo eletrônico denominado válvula como elemento de chaveamento. Devido às características das válvulas, esses computadores eram grandes, pesados, ocupavam muito espaço físico, além de consumirem muita 5 energia. O primeiro computador projetado utilizando a válvula foi o Colossus, apresentado na Figura 5. Figura 5 – Computador Colossus Crédito: Steve Vidler/ Alamy/ Fotoarena. Um exemplo com grande destaque é o ENIAC (Eletronic Numerical Integrator and Computer), apresentado na Figura 6, que era constituído por 18.000 válvulas, 1.500 relês e 70.000 resistores, pesava 30 toneladas e consumia 150 KWh. Figura 6 – Computador ENIAC Crédito: Everett Collection/ Shutterstock. 1.2 Segunda geração (1956): transistor A segunda geração de computadores eletrônicos foi em decorrência da adoção de um novo dispositivo eletrônico que substituiu a válvula, o transistor, apresentado na Figura 7. Como sua função básica no computador, o transistor é utilizado como elemento de chaveamento, ou seja, ele funciona como uma chave eletrônica. Com esse dispositivo os computadores sofreram uma redução 6 significativa no tamanho, peso e espaço, mas com um aumento expressivo de capacidade de processamento devido à incorporação de mais recurso ao computador. Figura 7 – Exemplo de um transistor Crédito: 3DRenderings/ Shutterstock. O PDP-1 (Programmed Data Processor-1) (Figura 8) foi o primeiro computador em série PDP da Digital Equipment, produzido pela primeira vez em 1959, que utilizou o transistor em sua constituição. Figura 8 – Computador PDP-1 Crédito: Volker Steger/Science Photo Library/Fotoarena. 1.3 Terceira geração (1964): Circuito Integrado (CI) Com o advento do circuito integrado (Figura 9), inventado por Jack Kilby em 1958, possibilitou-se o desenvolvimento de computadores ainda mais potentes e compactos, o que ocasionou uma difusão da utilização dos computadores para outros segmentos que não fossem somente para grandes corporações como acontecia até a geração anterior. Os circuitos integrados, como o próprio nome indica, possibilitaram uma integração de diversos circuitos eletrônicos, antes separados em placas, em um único encapsulamento, 7 resultando principalmente em uma redução do tamanho e um incremento considerável na capacidade de processamento. Figura 9 – Exemplo de um circuito integrado Crédito: Suthiphong Yina/Shutterstock. Um dos computadores ícones dessa geração foi o PDP-8, apresentado na Figura 10 e que era uma máquina de 12 bits, tendo sido o primeiro sucesso comercial, produzido pela Digital Equipment Corporation (DEC) na década de 1960. A DEC introduziu-o em 22 março de 1965 e vendeu mais de 50.000 computadores, mais do que qualquer outro computador até essa data. Figura 10 – O computador PDP-8 Crédito: CC/PD. 1.4 Quarta geração (1971/1980): VLSI/computador pessoal Essa geração possui dois momentos interligados: o advento do microprocessador e o desenvolvimento do microcomputador ou computador pessoal. O microprocessador foi o primeiro circuito integrado classificado como VLSI (Very Large Scale Integration) – chips com mais de 100.000 portas lógicas 8 –, e possibilitou o desenvolvimento dos computadores pessoais. Isso levou à difusão da computação para todas as áreas, inclusive uso pessoal e lazer. O primeiro microprocessador desenvolvido foi o Intel 4004 em 1971, apresentado na Figura 11. Era um microprocessador com 4-bits fabricado pela Intel Corporation, e foi o primeiro disponível comercialmente. Embora projetado originalmente para ser um componente de calculadoras, o 4004 logo encontrou muitos usos. A Intel iniciou um processo que logo fez alguns outros fabricantes de chips a embarcar em projetos para desenvolverem firmemente os microprocessadores mais capazes, o que gerou a tendência quecriou as indústrias multibilionárias dos microprocessadores e computadores atuais. Figura 11 – Microprocessador Intel 4004 Crédito: Peter1912/PD. O microprocessador possibilitou o desenvolvimento de microcomputadores, também chamados de computadores pessoais. Os primeiros computadores pessoais são da década de 1980, como no caso do Apple I, apresentado na Figura 13. Figura 12 – Microcomputador Apple I Crédito: CCBY-AS 2.0/Rebelpilot. 9 Essa história ainda não está completa, pois a cada momento novas tecnologias são desenvolvidas e incorporadas nos novos computadores. Desse modo, pode-se esperar novos estágios de evolução e geração de computadores, mas que em sua essência preservam os fundamentos da primeira geração. TEMA 2 – SISTEMAS COMPUTACIONAIS Sistema computacional é um termo mais abrangente que computador. Computador se refere ao equipamento eletrônico que realiza o processamento, e sistema computacional envolve a integração do computador com o programa que realiza a tarefa. Com isso, os sistemas computacionais são caracterizados por dois componentes básicos: hardware, a parte física (Figura 13), e software, a parte lógica (Figura 14). Essa divisão primária facilita o entendimento da organização de um sistema computacional. A placa-mãe integra todos os componentes: processador, memória, placas de interconexão e barramentos. Figura 13 – Placa-mãe (motherboard) de um computador (hardware) Crédito: Vetkit/ Shutterstock. Figura 14 – Programa em linguagem C (software) Crédito: Casimiro PT/ Shutterstock. 10 Entretanto, esses dois componentes trabalham integrados e de forma complementar, pois coexistem simultaneamente em um sistema computacional. O sistema computacional é, portanto, um conjunto composto por computador (hardware) e aplicativos (software). O computador é um sistema integrado de processador(es), memória(s) e dispositivo(s) de E/S (Entrada e Saída), interconectados por barramento(s), em que a quantidade, capacidade, características desses elementos é variável e diferente para cada aplicação ou sistema. Tendo isso em mente, pode-se imaginar que a variedade de sistemas é muito grande, desde sistemas uni- processador (com um único processador), até sistemas paralelos com dezenas ou centenas de processadores, passando pelos computadores dual e quad core. Contudo, na sua essência, os sistemas computacionais são basicamente iguais e continuam em sua grande maioria seguindo o modelo de von Neumann definido na década de 1940. O modelo de computador (Figura 15) idealizado por John von Neumann compreende cinco componentes distintos e complementares: memória – que contém as instruções e os dados; Unidade de Controle (UC) – responsável pelo gerenciamento dos sinais de controle das demais unidades; Unidade Lógica e Aritmética (ULA) – que realiza as operações do computador; Entrada – por onde os comandos e dados são inseridos no computador; e Saída – possibilita o acesso do(s) resultado(s) do processamento. Figura 15 – Visão geral do modelo de computador de Von Neumann Esse modelo continua válido para os computadores atuais, pois o que mudou foi a capacidade, a quantidade e a integração desses componentes. Nos primeiros computadores, a UC e a ULA eram unidades separadas, mas com o advento dos CIs (Circuitos Integrados) VLSI (Very Large Scale Integration). elas passaram a ser integradas em um único dispositivo, o microprocessador. Em termos de utilização, os sistemas computacionais têm se difundido enormemente, desde o lazer/entretenimento até a área espacial, e com toda a certeza isso é só o começo de uma revolução ainda maior que está por vir. 11 TEMA 3 – O COMPUTADOR Os computadores surgiram pela necessidade de o ser humano manipular grandes quantidades de informações de maneira rápida e eficiente. São máquinas capazes de resolver problemas por meio da execução de instruções previamente definidas. A sequência destas instruções, ou programa, descreve a maneira como o computador vai realizar determinada tarefa. O conjunto de instruções diretamente executáveis pelo circuito de um computador vai formar uma linguagem, chamada linguagem de máquina. Uma definição mais clássica para computador (Figura 16) é: "um sistema composto por processador (processor), memória (memory) e dispositivos de E/S (I/O devices), interconectados por meio de barramentos". Os computadores trabalham com a unidade básica de informação digital, o bit, que pode assumir os valores ‘1’ (também chamado de nível alto ou ligado) ou ‘0’ (também chamado de nível baixo ou desligado). Um conjunto de 8 bits é chamado de byte. Figura 16 – Visão clássica do computador Registradores Memória Entrada eSaída Unidade Lógica e Aritmética Processador Unidade de Controle Barramento Essa composição básica para o computador não significa que os componentes são unitários, pois atualmente o processador não é mais único, tendo em conta que podemos ter máquinas dual, quad e octal em termos de processadores, com velocidades, recursos e capacidade de processamento variados. A mesma análise se pode fazer para a memória, pois se os primeiros computadores pessoais ou microcomputadores tinham 64 Kbytes de memória principal (RAM), hoje temos computadores com 8 Gbytes de memória ou mais. Quando são analisados os dispositivos de E/S, percebe-se que há uma enorme variedade e tipos de periféricos – não somente o monitor, impressora, mouse e teclado, como normalmente se observa. Hoje temos dispositivos de 12 muitos gêneros, como de entrada (teclado, mouse, pen tablet, scanners etc.), os de saída (monitor, impressora, display, projetor etc.), além dos especiais, como de conexão (modems, módulo Wi-Fi, módulo USB, rede etc.) e de armazenamento (pen drives, HDs externos etc.). Com base nisso, percebe-se que há uma enorme variedade de configurações possíveis para computadores, e isto tudo resulta em diferentes desempenhos, capacidades e potencialidades. Os computadores estão presentes nas mais variadas áreas e aplicações. Eles saíram dos CPDs (Centro de Processamento de Dados) para equipamentos do nosso dia a dia, como os smartphones, eletrodomésticos e automóveis. Com isso surgiu uma nova classificação de computadores, com base em seu tipo de aplicação básico: computadores de uso geral, como notebooks e desktops, e computadores dedicados/embarcados, como computadores nos equipamentos. 3.1 Hardware Hardware é a parte física do computador. Entre seus elementos estão: • Processador – pode ser um microprocessador de um computador tradicional ou microcontrolador de um sistema embarcado. Entre suas principais características estão a frequência de operação em Hz (Hertz), por exemplo, 2 GHz (Giga Hertz), e o tamanho do seu barramento em bits, por exemplo, 64 bits. • Placa-mãe – é a placa principal do computador onde vai o processador, a memória RAM, o chipset, a BIOS, os conectores para os periféricos, os slots de expansão, entre outros componentes. • Memória RAM – é a memória principal do computador, sem ela o computador não liga; são os pentes de memória DDR, cujo formato é diferente para cada tipo de computador, por exemplo, a memória RAM para desktop é fisicamente diferente da memória RAM para notebook, mesmo tendo a mesma capacidade. A sua capacidade é dada em bytes, por exemplo 8 Gbytes (Giga bytes). • Disco rígido ou de estado sólido – é onde ficam armazenados o sistema operacional, os programas e arquivos de texto, fotos, músicas etc. Sua capacidade é dada em bytes, por exemplo, 1 Tbytes (Tera bytes). • Pen drive – dispositivo de armazenamento em massa. • Teclado – periférico de entrada. 13 • Mouse – periférico de entrada. • Monitor – periférico de saída. • Impressora – periférico de saída. • Fonte de alimentação – provê a energia convertida conforme a necessidade e o tipode computador. • Placa de vídeo – também conhecida com placa de vídeo offboard, visto que a interface de vídeo já vem integrada nos processadores dos computadores atuais, neste caso chamada de vídeo onboard. A placa de vídeo offboard é uma opção de maior desempenho, sendo possível utilizar nos computadores desktop. Figura 17 – O hardware do computador Crédito: Onyxprj/Shutterstock. 3.2 Software O software é a parte lógica do computador; a sequência lógica de operações que descreve a execução de dada tarefa, e que muitos chamam de programa de computador. Os programas são subdivididos em: • Firmware – é o software que roda em um sistema embarcado. • Sistema operacional – é o primeiro software que roda em um computador, gerencia todo o hardware e permite rodar os aplicativos. Entre os principais temos Windows, Linux, Android, Mac OS e iOS, entre outros. • Aplicativos – são efetivamente as aplicações que usamos no dia a dia, como editores de texto, e-mail, navegador de internet etc. São desenvolvidos utilizando um aplicativo específico que compila um código 14 e traduz para uma linguagem de máquina específica para uma plataforma. É por isso que determinados aplicativos possuem versões específicas para Windows, Linux ou Android, por exemplo. • Linguagens de programação – é por meio delas que são desenvolvidos os aplicativos. Por meio da programação implementa-se um algoritmo em uma linguagem de programação ou usando um conjunto de linguagens que se relacionam, então esse algoritmo é compilado por um ambiente de desenvolvimento para se chegar ao aplicativo final. Existem centenas ou até milhares de linguagens de programação, para as mais diversas aplicações, como para Windows, Linux, internet, dispositivos móveis, entre outras. Algumas linguagens são: C, C++, C#, Objetive C, Swift, Java, Visual Basic, Assembly, HTML, PHP, Python, Javascript, Ruby etc. Figura 18 – Ícones representando os softwares de computador Crédito: Oleksiy Mark/ Shutterstock. 3.3 Tipos de computadores Os computadores podem ser encontrados em diferentes formatos de acordo com o seu tipo de utilização: • Desktop – é um computador de mesa, não tem característica de ser portátil, pois não possui partes muito integradas; o monitor é separado da CPU, que fica em um gabinete, assim como o teclado e o mouse são externos. Normalmente o conjunto de hardware considerando a placa- mãe, processador, placa de vídeo e memórias permite maior desempenho e versatilidade para mudanças de configurações, inclusive porque permite um melhor sistema de ventilação e refrigeração de seus componentes. A fonte de alimentação é interna ao gabinete do computador. Normalmente roda os sistemas operacionais Windows ou Linux. 15 • Servidor – os mais simples possuem o mesmo formato de um desktop, sendo a diferença no sistema operacional que é específico para servidores. Há também placas-mãe específicas para servidores, que permitem rodar mais processadores, colocar uma maior quantidade de memória RAM e também uma maior quantidade de discos de armazenamento, também necessitando de gabinetes maiores e fontes de alimentação de maior potência. Os mais robustos são computadores com suas partes dispostas em racks, totalmente diferente do formato desktop. Normalmente servidores ficam ligados 24h por dia e necessitam estar em um ambiente refrigerado com ar-condicionado. Normalmente rodam os sistemas operacionais Linux ou Unix. Dentro dessa categoria há algumas ramificações, como o mainframe, que é um computador de grande porte, dedicado normalmente ao processamento de um volume grande de informações e há também os supercomputadores, que possuem altíssima velocidade de processamento e uma enorme capacidade de memória. • Notebook – também conhecido como laptop, é um computador portátil, com monitor integrado ao restante do hardware em um mesmo conjunto, inclusive o teclado e o mouse (chamado de touchpad). Seu formato mais comum é o de levantar a tela, como um livro na horizontal, em que a capa seria a tela e o corpo do livro seria o restante do conjunto; quando fechado, a tela fica dobrada sobre o corpo do notebook. Existem algumas subcategorias, como os netbooks (menores em tamanho e desempenho) e ultrabooks (tops de linha, mais finos, leves e com maior desempenho). A troca de peças é mais limitada, pois sua placa-mãe é bem compacta e não permite troca ou adição da placa de vídeo, por exemplo. Os processadores para notebook são diferentes dos processadores para desktop, visto que há uma necessidade de menor potência e menor consumo de energia em um notebook, por isso os processadores para desktop conseguem chegar a melhores desempenhos. A fonte de alimentação do notebook é externa, acoplada ao cabo de energia e sua potência é em média de quatro a cinco vezes menor do que a potência de uma fonte de alimentação de um desktop. Possui bateria integrada que permite usar por algumas horas sem conectar o cabo de energia. Normalmente roda os sistemas operacionais Windows, Linux ou Mac OS. 16 • All-in-one – é parecido com o desktop por não ter característica portátil, mas possui a placa-mãe e componentes integrados ao monitor, apesar de não ser dobrável como o notebook. O teclado e o mouse são externos. Não permite troca de peças, pois sua placa-mãe é equivalente às placas- mãe dos notebooks, assim como os processadores são os mesmos usados em notebooks. Sua fonte de alimentação é externa e acoplada ao cabo de energia. Não possui bateria integrada. Normalmente, roda os sistemas operacionais Windows, Linux ou Mac OS. • Smartphone – é uma evolução dos telefones celulares, que incorporou as funcionalidades de um computador. Possui uma tela de toque (touch- screen) na qual há um teclado virtual sempre que for necessário digitar, e a função do mouse é feita por toques na tela. Possuem mais interfaces de comunicação sem fio, como Bluetooth, rádio FM, TV, GPS e NFC, além de WiFi, dados 4G e telefonia GSM ou CDMA. Usa um sistema operacional diferente dos modelos desktop e notebook, portanto, todos os aplicativos são específicos para este formato. Normalmente roda os sistemas operacionais Android ou iOS. • Tablet – é equivalente ao smartphone, mas com uma tela maior, normalmente entre 7 e 10 polegadas, contudo, não possui a função de telefone. Alguns modelos permitem o uso de chip SIM card apenas para a conexão na rede de dados das operadoras. Os modelos mais tradicionais permitem o acesso à internet por meio de uma conexão WiFi apenas. É muito usado para crianças, pois são desenvolvidos vários aplicativos educativos. Também é usado para leitura de livros digitais. TEMA 4 – COMPUTADOR TRADICIONAL VERSUS COMPUTADOR EMBARCADO O computador tradicional é o desktop, o notebook, o tablet ou o smartphone. Entretanto, o computador não corresponde somente aos modelos citados, pois está incorporado também nos mais variados equipamentos, desde TVs a automóveis. Esses computadores são denominados computadores embarcados ou sistemas embarcados. Cada vez mais o computador está presente no nosso dia a dia, nos ajudando e auxiliando em várias atividades, proporcionando algum tipo de 17 benefício. Um equipamento que representa bem essa categoria é o telefone celular, que permite a comunicação de maneira móvel e ágil. Todavia, algumas pessoas se surpreendem quando descobrem que o celular é em última análise um computador com uma função específica, no caso, a comunicação. Nesse sentido, é importante fazer uma distinção entre os tipos de computadores. O primeiro tipo é denominado computador genérico ou tradicional, projetado para atender uma grande variedade de tarefas, dependendo do tipo do software que é executado. Nesse caso, o computador é versátil para suportar um grande número de aplicativos. Exemplos são os já citados desktop, notebooke tablet. O segundo tipo de computador, denominado computador dedicado ou sistema embarcado, corresponde aos computadores incorporados a equipamentos e máquinas, e sua funcionalidade depende não somente do software, mas também do hardware. Nesse caso, a característica fundamental é que tudo é customizado, tanto o software quanto o hardware para atender as várias características, como uma maior velocidade, menor consumo de energia ou menor espaço físico. Exemplos dessa segunda categoria de computadores são os que estão incorporados às TVs e aos eletrodomésticos. Figura 17 – Sistema embarcado em um eletrodoméstico (forno de micro-ondas) Crédito: Carlos Restrepo/ Shutterstock. Os computadores do tipo sistemas embarcados representam uma grande parcela do universo dos computadores e que são negligenciados pela maioria das pessoas, até mesmo por uma parcela de “profissionais” da área. Ambos os tipos de computadores, genéricos e dedicados, coexistem no nosso cotidiano nas mais diversas áreas, como entretenimento, negócios, serviços (bancários, saúde, segurança) etc., e propiciam uma série de benefícios, como maior agilidade, mobilidade, menor gasto de tempo e outras vantagens. O CLP (Controlador Lógico Programável) (Figura 18) é também um computador, mas desenvolvido para aplicações genéricas de automação e de 18 controle de processos, como no caso das aplicações industriais, e preserva sua independência em relação à aplicação. Figura 18 – Controlador lógico programável Crédito: Aumm Graphixphoto/ Shutterstock. Se for observada a constituição funcional dos CLPs, pode-se dizer que eles também se enquadram em termos de arquitetura como um sistema embarcado ou computador embarcado, visto que são sistemas embarcados voltados para aplicações de automação. TEMA 5 – UTILIZAÇÃO DOS COMPUTADORES Os computadores surgiram para resolver problemas específicos na área militar, como cálculo de balística, criptografia e outros, mas na medida em que foram ficando mais “potentes” passaram a ser utilizados por outros setores, como estatística, censo populacional, contabilidade nas empresas etc. Devido ao custo e tamanho dessas máquinas, elas eram somente utilizadas por setores críticos e por pessoas especializadas. Normalmente, essas áreas eram voltadas para processamento de dados nas empresas, e foi daí que surgiu o termo Centro de Processamento de Dados ou CPDs (Figura 19). 19 Figura 19 – Centro de Processamento de Dados (CPD) Crédito: Sashkin/ Shutterstock. Até a terceira geração, os computadores eletrônicos eram grandes, com um custo expressivo, e sua disseminação era limitada. Com o advento do microprocessador, a computação tomou uma nova direção e deixou de ficar restrita a grandes empresas, universidades ou centros de pesquisa, e passou a ter uma utilização mais universal. Isso levou ao desenvolvimento do computador pessoal (Figura 20) ou do inglês Personal Computer (PC), permitindo seu uso em ambiente doméstico, empresas, organizações e indústrias. Figura 20 – Computador pessoal de mesa (desktop) Crédito: Den Rozhnovsky/Shutterstock. O computador pessoal saiu do CPD e se tornou uma realidade em nosso cotidiano. Obviamente os computadores não assumiram seu papel atual de um dia para o outro, pois de seu surgimento até os dias atuais foram 80 anos. Essa evolução deu origem a uma nova área do saber/conhecimento, conhecida como computação. Esse tempo, em comparação com o tempo de vida de outras áreas como a física ou a química, é muito pequeno, mas mudou radicalmente a forma como trabalhamos, vivemos e nos comunicamos. A computação por meio dos sistemas embarcados está presente em nosso dia a dia mesmo quando nem imaginamos, pois estão de alguma forma nos ajudando ou proporcionando uma melhor qualidade de vida. A computação 20 se tornou uma grande aliada para outras áreas, pois possibilitou que estas se desenvolvessem de maneira acelerada. O que seria da medicina sem os tomógrafos e os equipamentos biomédicos? Sem o computador, não teríamos os cartões de crédito e débito, e mesmo os bancos e o setor financeiro ainda estariam na “idade da pedra”, em que o controle seria feito por fichas. Não há dúvida de que o computador tomou um papel central em nossa vida, mesmo que não estejamos utilizando diretamente, mas toda a vez que vamos até um caixa automático, utilizamos um micro-ondas ou uma máquina de lavar roupa, estamos interagindo com um computador, que está de alguma forma nos auxiliando. FINALIZANDO Nesta aula, foram abordados assuntos sobre o histórico dos computadores e sua utilização. Vimos que o termo sistema computacional corresponde a um computador (hardware) e o respectivo programa (software). Os sistemas computacionais estão presentes em nosso cotidiano, como em automóveis, eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos como smartphone etc. Os computadores podem ser classificados em duas categorias básicas: genéricos, como é o caso dos notebooks e desktops, e dedicados ou embarcados, como é o caso dos computadores incorporados a equipamentos e maquinários, por exemplo, o computador de bordo dos automóveis. 21 REFERÊNCIAS JOÃO, B. N. Informática aplicada. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2019. JUNIOR, C. C.; WILDAUER, E. W. Informática instrumental. Curitiba: InterSaberes, 2013. TANENBAUM, A. S.; AUSTIN, T. Organização estruturada de computadores. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS