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Planejamento e Gestão de Obras SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Planejamento e Gestão de Obras – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO Aula 1: Organização das Atividades da Construção....................................................................1 Aula 2: Acompanhamento e Controle de Serviços...................................................................18 Aula 3: Composição e Controle de Custos................................................................................30 UNIDADE 2 – CONTROLE Aula 4: Orçamento de Obras....................................................................................................43 Aula 5: Cronogramas................................................................................................................58 Aula 6: Controle de Qualidade.................................................................................................66 UNIDADE 3 – GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Aula 7: Introdução ao SCM......................................................................................................77 Aula 8: Fornecedores...............................................................................................................88 Aula 9: Estoque: Almoxarifado de Obras.................................................................................94 UNIDADE 4 – INCORPORAÇÃO Aula 10: Licitação....................................................................................................................109 Aula 11: Contratos..................................................................................................................116 Aula 12: Procedimentos Administrativos...............................................................................127 P la n e ja m e n to e G e stã o d e O b ra s 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 1 Unidade 1 – Planejamento Aula 1: Organização das Atividades na Construção O objetivo desta secção é mostrar a importância da administração para a atuação profissional dos Gestores de Obras. Em função da importância da indústria da construção para o país, estes Gestores têm função fundamental para o crescimento seu crescimento. Ele estará envolvido com diferentes fases do processo de construção (desde a compra do terreno, ou pré- projeto até a pós-ocupação), e também com diferentes grupos de interesses. Ademais, ele também deve estar apto a lidar com outros profissionais de escritório, com clientes, e com operários de obra, às vezes quase simultaneamente. Ele precisa resolver problemas, muitas vezes urgentes, em todos os aspectos da construção. 1. Administração da Construção O ambiente empresarial da construção está a cada dia sujeito a maior competição. Empresas precisam lucrar mais, algumas lutam mesmo apenas para assegurar sua sobrevivência. Neste ambiente, é importante que uma empresa seja competitiva, isto é, que ela faça o melhor uso de seus recursos através de uma boa administração, atingindo a missão da empresa. Esta missão é basicamente relacionada ao lucro, mas vem assumindo a cada dia maior importância no que diz respeito à consciência ambiental, qualidade, e satisfação dos envolvidos no processo. Resumindo: ele precisa saber administrar a construção. Uma boa administração pode ser decisiva no sucesso de uma empresa, ou de qualquer instituição. Muitos são os aspectos importantes a serem considerados para uma boa administração, mas boa parte vem do nível de conhecimento, empenho, criatividade e ética do profissional. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 2 1.1. Indústria da Construção: Importância e Gargalos A indústria da construção é muito importante para a economia brasileira, representando (cadeia do Construbusiness) 8 % do PIB. Desempenha também uma função social, por ser grande geradora de empregos. Para cada R$ 1 milhão produzido na construção, 70 pessoas são empregadas. O pessoal ocupado na cadeia da construção atingiu 11,3 milhões em 2010, representando 14% do total de ocupados na economia. A construção é o 4º maior gerador de empregos do país. Entre 2005 e 2010 houve crescimento de 101% de trabalhadores formais na cadeia da construção (frente a 24% do total). A construção remunera seus trabalhadores 11,7% mais que os outros setores da economia. Também é importante por ter o potencial para resolver o déficit habitacional do país. A importância da indústria também está conectada com o seu potencial para resolver gargalos de infraestrutura (necessidade de construção e manutenção da infraestrutura no país: estradas, portos, aeroportos, saneamento, energia). A cadeia do Construbusiness é formada por: Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 3 De acordo com um estudo realizado pelo Comitê do Construbusiness, muitos gargalos limitam a contribuição da indústria da construção para o desenvolvimento sustentável do país, e, em particular para a criação de empregos. A figura abaixo mostra os gargalos, e suas consequências para a própria indústria e para o país. 1.2. O Gerenciamento no Brasil Um aspecto-chave do gerenciamento no Brasil (que é consequência do cenário instável do país) é que os gestores estão acostumados a adaptarem-se rapidamente às mudanças. Criatividade é outra característica do gerenciamento no Brasil. Para alguns autores, criatividade é uma característica-chave do gerenciamento no Brasil, a qual pode trazer grande vantagem para as empresas brasileiras. Dois são os fatores a considerar quanto à criatividade: a adaptabilidade a novas condições, e a inovação causada pelas restrições do ambiente industrial. Gestores estão cientes da necessidade de atualização tecnológica. Eles investem o que podem. Ainda assim, a adoção de novas tecnologias fica limitada à disponibilidade de recursos. Coutinho e Ferraz (1993) descreveram, sinteticamente, as dimensões/características da gestão no Brasil, conforme apresentado abaixo. • Estratégia: Baixa inovação de produtos, pequena busca de outros mercados externos, pouca orientação para o cliente; ensaios de terceirização e programas cooperativos entre empresas; • Estrutura Organizacional: Hierárquica, funcional, já se descentralizando timidamente; ênfase recente na redução de níveis hierárquicos, mas ainda bastante voltada para o desempenho com foco nas atividades internas; Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 4 • Sistemas Administrativos: Sistemas de planejamento e controle ainda tradicionais, poucos sistemas considerados estratégicos e mais relacionados diretamente com os resultados dos negócios; baixo nível de integração entre os sistemas. O volume de treinamento dos recursos humanos e a informática não estão recebendo a alocação de recursos necessária e suficiente para que se possa criar uma massa crítica maior e condições operacionais de romper com os atuais padrões do sistema de gestão, esforço na implantação dos sistemas de qualidade, necessitando uma maior massa crítica; • Liderança: Paternalista, arraigada a valores culturais tradicionais, iniciando um movimento de relacionamento mais adulto com os subordinados, transferindo um pouco de poder para grupos ou comitês; • Processo Decisório: Ainda centrado em poucas pessoas, mas com tendência no sentido de uma gestão com maiorenvolvimento, internamente, das pessoas; • Cultura Organizacional: Bastante fundamentada em um excesso de normas e regulamentos; baixa capacidade de assumir riscos; imprime muito a postura de espectador, pela grande dependência de um poder centralizado; alto grau de criatividade e de adaptabilidade, orientado para resolver situações regulamentadas. Este estudo foi conduzido há duas décadas, sendo que alguns dos aspectos destacados vêm sofrendo alterações. Novas características tendem à descentralização e à busca de estratégias para obter maiores fatias de mercado, maior investimento em treinamento de RH, em informática e programas de qualidade, maior capacidade de assumir riscos. 1.3. Administração 1.3.1. Definições e Classificação Gerenciar/administrar significa definir metas, prover recursos (materiais, humanos e financeiros) e cobrar resultados. Gerenciar um projeto pode ser definido como: “...a arte de dirigir e coordenar recursos humanos, materiais e financeiros, durante a vida do projeto, usando técnicas de administração, visando atingir objetivos pré-definidos quanto a tempo, custo, qualidade e segurança, necessários à satisfação do cliente” (Ávila e Jungles). Administrar, para diferentes autores, significa: Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 5 A administração pode ser classificada nos seguintes ramos: • Administração de pessoal; • Administração de patrimônio; • Administração documental; • Relações públicas; • Relações humanas; • Administração orçamentária; • Organização e métodos. Para uma boa administração, para que o Gestor possa gerenciar bem um empreendimento, é importante que ele possa entender o funcionamento do processo de construção como um todo, bem como o inter-relacionamento entre as partes e os envolvidos no processo. 1.3.2. Princípios de Administração a) Princípios da administração introduzida por Taylor (administração científica): 1ª Fase: • Racionalização de tarefas, eliminando movimentos inúteis; • Explorar melhor as aptidões dos indivíduos, ou seja, selecioná-lo mais cientificamente, de acordo com sua capacidade; • Distribuição uniforme do trabalho; • Remuneração móvel, segundo o nível de produção de cada indivíduo. 2ª Fase: • O administrador deveria desenvolver um método científico para cada elemento do trabalho de um homem; • O administrador deveria cooperar para com os trabalhadores, a fim de que as tarefas fossem executadas da melhor forma; Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 6 • Deveria haver uma igual divisão de tarefas e responsabilidade entre o administrador e o operário. b) Princípios de organização: teoria clássica (Fayol) • Divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade; • Disciplina; • Unidade de comando; • Unidade de direção; • Subordinação do interesse individual para com o interesse geral; • Remuneração do pessoal; • Centralização; • Princípio de hierarquia; • Ordem; • Princípio da equidade; • Princípio da iniciativa. 1.4. Modelos de Liderança Liderança existe quando alguém (o líder) exerce influência sobre outros (os seguidores) em seu grupo ou organização. Sua influência pode ter longo alcance ou enfocar pequenos grupos, mas nas organizações formais, ênfase é dada para influência sobre: valores, direções nas quais futuros empreendimentos são guiados e a maneira na qual as tarefas do dia-a-dia são cumpridas. Visões de liderança: como se identificar um líder bem-sucedido: • Funções: o que o líder faz; • Maneiras: o que o líder é; • Estilo: como o líder atua; • Encaixe: como o líder se encaixa na situação. 1.4.1. Liderança Situacional Um líder situacional é aquele que é capaz de adotar diferentes estilos de liderança, dependendo da situação. Um modelo criado por Ken Blanchard (guru do gerenciamento) e Paul Hersey, no final dos anos 60, permite analisar a situação e então adotar o estilo mais apropriado. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 7 Este modelo funciona para a maioria das organizações e a maioria das pessoas (só não se aplica às pessoas já em posição gerencial – é aplicado pelo líder, não para o líder). • Diretor: líder que define papéis e tarefas do seguidor, supervisiona de perto. Decisões são tomadas pelo líder e anunciadas. Comunicação é mão única; • Treinador: líder define papéis e tarefas, mas busca ideias e sugestões do seguidor. Decisões ainda são do líder, mas a comunicação é mais mão dupla; • Apoiador: Decisões do dia-a-dia, como distribuição de tarefas, para o seguidor. O líder é um facilitador é ajuda nas decisões, mas o controle é com o seguidor; • Delegador: O líder ainda se envolve nas decisões e solução de problemas, mas o controle é com o seguidor. Este decide quando e como o líder vai estar envolvido. Líderes eficientes são versáteis. Não existe um estilo certo, mas existe o estilo que mais combina com cada um. Nível de desenvolvimento: o estilo de liderança depende das pessoas sendo lideradas – o seguidor. No modelo de alguns autores, o estilo de liderança é regido pela competência e compromisso do seguidor (modelo Blanchard e Hersey): • D4 (corresponde ao estilo S4, e assim sucessivamente): alta competência /alto compromisso: experiente no trabalho e confortável com sua habilidade. Pode até ser mais hábil do que o líder. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 8 • D3: alta competência / compromisso variável: experiente e capaz, mas com pouca autoconfiança para fazer sozinho, ou motivação para fazer bem feito e rápido. • D2: Alguma competência / baixo compromisso: pode ter alguma habilidade importante, mas não consegue fazer o trabalho sem ajuda. A tarefa ou a situação podem ser novas para ele. • D1: Baixa competência, pouco compromisso. Geralmente não têm as habilidades específicas, e não tem autoconfiança ou motivação para encarar o trabalho. 1.5. Empreendimentos 1.5.1. Fatores de Sucesso Os principais fatores que definem o sucesso de um empreendimento são comentados abaixo. Não havendo o cumprimento do abaixo estabelecido, é muito pouco provável que um empreendimento alcance o sucesso planejado. Para tanto, todo o cuidado, atenção e preparo profissional devem ser metas pessoais de comportamento pessoal do Gestor. • Dimensionamento do empreendimento bem definido, neste caso considerando uma correta análise de viabilidade, onde é estudado o adequado tamanho e a inserção do empreendimento na região desejada, frente às exigências de mercado; • Projetos bem detalhados, com a devida consideração de suas interfaces; Gerenciamento e supervisão na linha de frente constante e competente, com controle efetivo tanto da força de construção, como de fornecimento e aplicação de materiais e equipamentos; • Bom relacionamento interpessoal entre os atores e com os clientes, favorecendo um bom processo de comunicação; • Rápida resposta a mudanças exigidas, não só por força de projeto ou especificação, mas também para atendimento ao mercado; • Gerenciamento global do projeto, sem perder de vista o fim a que se destina, executando-o ao tempo, custo e qualidade estabelecida pelos empreendedores. 1.5.2. Ciclo de Vida Todos os organismos vivos possuem um ciclo de vida, assim como objetos materiais. É importante o Gestor ter em mente que o custo de um empreendimento ultrapassa a fase de Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 9 construção, alcançando,também, a de operação. A figura apresenta o ciclo de vida de um empreendimento para a construção civil. 1.5.2.1. COMPORTAMENTO DOS CUTOS DURANTE O CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS Na figura abaixo, pode-se visualizar os custos referentes às fases de anteprojeto, projeto, construção, manutenção e demolição relacionados a um produto. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 10 Embora a figura não tenha sido elaborada especificamente para a construção, o comportamento dos custos é semelhante para qualquer produto. Percebe-se que existe uma grande incidência de custos nas fases de manutenção e demolição. Na habitação, estes custos também ocorrem, e somente poderão ser reduzidos se, durante a elaboração do projeto, forem previstos o uso de materiais recicláveis e de fácil desmonte, na etapa de demolição; e, materiais facilmente substituíveis (com baixo custo), para a manutenção. O hábito de fazer manutenção preventiva pode levar a um aumento da durabilidade da edificação, proporcionando maior retorno ao investimento. Na próxima figura, observa-se o custo para a mudança e o potencial econômico. No anteprojeto, ou projeto conceitual, são poucos os custos para alteração do projeto já que na fase da concepção há um grande grau de liberdade para que ocorram estas mudanças. Na construção, instalação e uso, não se pode dizer o mesmo, onde as mudanças geram custos elevados. Quanto ao potencial econômico, este é maior nas etapas iniciais do processo, quando existem muitas alternativas a serem avaliadas, verificando-se qual a mais satisfatória com custos compensatórios. No decorrer do processo este potencial decai acentuadamente, devido às limitações impostas pelas partes já efetuadas. 1.5.2.2. DISCUSSÃO Com o mercado consumidor cada vez mais consciente na escolha e avaliação dos produtos ofertados e tendo o amparo da Lei nº 0.078, de 11 de março de 1991, que define o “Código de Defesa do Consumidor”, tem ocorrido uma crescente preocupação com o “pós- Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 11 venda”, face a exigência do cliente com o desempenho do produto e da consciência dos cidadãos frente aos seus direitos. Assim, recomenda-se ao Gestor de Obra quando especificar e projetar, ter em vista a manutenção e a operação de seu produto. Uma obra prevista para oferecer baixo custo de operação e manutenção terá vantagem competitiva quanto a produtos concorrentes, situação esta possível de ser explorada já na fase de vendas. A qualidade de uma obra é definida na fase de projeto quando se realiza as especificações, sem falar na de construção, que deve ter um bom planejamento, fiscalização, acompanhamento de suprimento e testes de pré-operação. Projeto bem especificado pode ser bem fiscalizado, pois a qualidade do produto final e a consequente avaliação de custos é definida nas respectivas especificações. O Administrador de Obra deve estar consciente de que em cada fase ou etapa de um empreendimento, as atividades requerem técnicas gerenciais especificas, exigindo do engenheiro capacidade de as identificar e utilizar a metodologia de que dispõe de forma adequada. 1.6. Empresas/Organizações 1.6.1. Objetivos de uma Empresa Empresas têm como características: • Serem orientadas para o lucro; • Correrem riscos; • Serem dirigidas por uma filosofia de negócios; • Serem geralmente avaliadas sob o ponto de vista contábil. A empresa, sendo um sistema aberto, é um conjunto de elementos que são as partes componentes do sistema, os quais são dinamicamente relacionados, desenvolvendo uma atividade ou função, para atingir um ou mais objetivos. Os objetivos naturais de uma empresa são: • Proporcionar satisfação das necessidades de bens e serviços para a sociedade; • Proporcionar emprego produtivo para todos os fatores de produção; • Aumentar o bem-estar da sociedade; • Proporcionar um retorno justo do investimento realizado. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 12 1.6.2. Funções de uma Empresa (Funções Gerenciais) São as mais significativas: a) Função Técnica (Produção): elabora a transformação da matéria-prima em utilidade ou serviços, realizando o objetivo principal da empresa. Caracteriza a função técnica reproduzir bens ou serviços que venham ao encontro das necessidades humanas e sociais. Esta função é também denominada de produção, e sempre dá o nome à organização. b) Função Comercial (Vendas): a prosperidade de uma empresa depende tanto da função técnica como da função comercial. Se o produto não vende, tem-se a ruína da empresa. Saber comprar e vender é tão importante como saber fabricar bem. É a mais difundida de todas as funções porque faz retornar o capital investido acrescido do lucro. Devido à sua amplitude, a função comercial pode ser decomposta nas seguintes sub-funções: • Estudo de mercado – relacionamento com o mercado; • Compra; • Armazenamento; • Cadastro; • Propaganda - marketing; • Licitações • Venda; • Expedição; • Entrega; • Cobrança. c) Função Financeira: o capital é necessário para o pagamento de salários, impostos, aquisição da matéria-prima, insumos, realização de melhorias na empresa. Atividades: tesouraria, relacionamento com o mercado financeiro. d) Função Contabilidade: constitui o órgão de visão da empresa. Deve revelar a qualquer momento a posição e o rumo dos negócios. Deve dar informações claras e precisas sobre a situação econômica da empresa. Uma boa contabilidade é um poderoso meio de administração. e) Função de Segurança: sua missão é proteger as pessoas e os bens da organização contra roubo, incêndio, greves, atentados, etc. f) Função Administrativa: nenhuma das cinco funções precedentes tem o encargo de formular o programa geral de ação da empresa, de constituir o seu corpo social, Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 13 de coordenar os esforços, os atos, o comando, o controle. As sub-funções administrativas são: o comando, a coordenação e o controle. Da compatibilização e harmonização de todas estas funções virá o sucesso da empresa. 2. Estrutura Organizacional “Organizações são grupos de pessoas unidas por alguma associação formal para atingir objetivos individuais ou de grupo” (Dawson 1996). “Escola clássica: princípios que deveriam ser aplicáveis a todos os tipos de organização formal; havia a preocupação com o melhor modo de organizar; muita preocupação com a estrutura formal, e não com os trabalhadores; esta escola conta com autores como Morgan e Fayol” (Stewart 1993). “Escola de relações humanas: a forma com que os empregados trabalham juntos pode afetar a forma de trabalho da organização; esta escola conta com autores como Hawthorne e Mayo” (Stewart 1993). “A estrutura organizacional é simplesmente uma divisão de tarefas e algumas regras e procedimentos para assegurar que estas tarefas se mantenham relacionadas umas às outras” (Watson 1994: 215). Por muito tempo a literatura dizia que uma boa estrutura era aquela baseada em regras e hierarquia de autoridade que privilegiava poucos empregados para um chefe. Mais adiante, a literatura começou a defender que uma boa estrutura deveria conter doses de planejamento em longo prazo, enriquecimento das tarefas e estruturas matriciais, entre outros fatores. Mintzberg definiu cinco configurações para estrutura organizacional: • Estrutura simples: baseada na supervisão direta, na qual a valorização da estratégia era o ponto chave; • Máquina burocrática: baseada na padronização de processos detrabalho, na qual a tecnoestrutura é a parte-chave; • Burocracia profissional: baseada na padronização de habilidades, na qual o núcleo de operação é a parte-chave; • Forma divisionalizada: baseada na padronização de resultados, na qual a linha-média é a parte-chave; Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 14 • Adocracia: baseada no ajuste mútuo no qual a equipe-suporte (algumas vezes o núcleo operacional) é a parte-chave. 2.1. Formas de Organizações – Mecanística e Orgânicas Alguns autores sugeriram que através do projeto da estrutura da organização, empresas poderiam aumentar sua capacidade de assegurar sua posição no mercado em que atuam. Eles identificaram duas formas extremas de organizações: mecanística e orgânica. Uma organização mecanística é caracterizada por forte especialização, formalização, padronização e hierarquia. Uma organização orgânica é caracterizada por flexibilidade na definição das tarefas, uma hierarquia mais fraca, e maior importância dada à coordenação e comunicação entre as redes de trabalho, tanto nas relações laterais quanto entre os níveis hierárquicos. 2.2. Formas de Organizações – Relações Verticais e Horizontais Há dois limites importantes entre as diferentes partes de uma organização: os níveis entre o plano vertical, e níveis entre grupos no plano horizontal (geralmente funções). As relações entre níveis relacionam-se ao controle e resistência, enquanto as relações entre funções estão ligadas à coordenação e fragmentação: 2.2.1. Relações Verticais Entre Grupos Estruturas ‘altas’ são muito hierárquicas, enquanto estruturas ‘planas’ apresentam uma hierarquia menos forte. Consultores em organizações preocupam-se com o equilíbrio entre o número de níveis da hierarquia de uma empresa e o número de subordinados a cada chefe (este número é também referido como ’alcance do controle’). As vantagens de estruturas ‘altas’ (além da redução do número de subordinados por chefe – o que reduz a carga de trabalho do chefe) também se relacionam à política de pessoal. Isto quer dizer que há mais degraus para promoção – o que pode ser uma razão para o compromisso e lealdade dos funcionários (apesar destes níveis de promoção não precisarem ser necessariamente verticais. Pode-se receber uma promoção dentro do mesmo nível de hierarquia). As desvantagens de uma hierarquia alta é que os problemas de comunicação geralmente são maiores do que numa estrutura plana, dificultando a implantação de procedimentos ditados pela alta direção. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 15 2.2.2. Relações Horizontais Entre Grupos Considerando limites horizontais entre grupos, três formas básicas podem ser identificadas. Organizações onde a divisão horizontal é predominantemente em termos de diferentes funções possuem uma estrutura funcional (figura). A autora Rosemary Stewart sugere que estruturas funcionais são geralmente as primeiras a se desenvolverem. Este tipo de estrutura emerge em fases iniciais, em resposta a crises surgidas nas organizações (como solução para problemas do tipo: Estamos crescendo muito? Queremos diretrizes? Há muitos incêndios para apagar aqui! Temos que ter uma forma de definir prioridades! etc.). Uma estrutura funcional possui sistemas claros, linhas de responsabilidades claras, possibilita que as pessoas façam parte de grupos especialistas e responde às aspirações de pioneiros que precisam de uma estrutura para suas organizações. Os problemas de uma estrutura deste tipo são que pode haver falta de integração entre os especialistas, pode aumentar a burocracia (quantidade de papéis a serem preenchidos), criar tentativas ‘insalubres’ de criar impérios de uma especialidade ou outra, e a construção de barricadas contra o cliente. Organizações onde os limites horizontais predominantes sejam entre grupos de produtos, têm se a estrutura de organização por produto (figura abaixo). A adoção deste tipo de estrutura seria a solução para os problemas mencionados acima. De qualquer forma esta não seria uma estrutura livre de problemas, já que agrupamentos por produtos demandam maior autonomia para que cada grupo possa se desenvolver independentemente dos outros. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 16 Desta forma, a mesma autora argumenta que se pode entender o desenvolvimento de uma forma de estrutura divisionalizada, na qual a tomada de decisão operacional e responsabilidade pelo lucro sejam delegadas a gerentes gerais destas divisões. Nesta estrutura, a direção está principalmente envolvida no planejamento estratégico e tomada de decisão, definição de empreendimentos e diretrizes, alocação de recursos entre divisões, controle financeiro global e desempenho organizacional. Isto permite o desenvolvimento de uma sinergia em termos de gerenciamento financeiro e política estratégica, e ainda assim preserva a autonomia operacional. A estrutura divisionalizada é, em outras palavras, a melhor forma de conseguir o melhor das duas versões: centralizada e descentralizada. • Centralização: tomada de decisão nas mãos de poucos – alta direção, pouca autonomia; • Descentralização: gerentes têm mais autonomia para tomada de decisão. Na construção, esta forma de organização acontece em empresas grandes, sendo que cada empreendimento é um produto. Uma terceira forma de relação entre grupos é a organização tipo matriz (figura abaixo). Ela combina os dois tipos mencionados anteriormente, sem que nenhum deles predomine. Esta forma foi desenvolvida na NASA, para ter o melhor das estruturas funcionais e de produto. Nesta forma, especialistas dedicam-se ao grupo de um produto claramente identificado, onde existe a figura do gerente de produto ou processo, mantendo, ao mesmo tempo, uma relação formal com o gerente funcional. Este tipo de estrutura oferece soluções para as dificuldades em trabalhos que exijam alta qualidade em mercados que sofrem mudanças rápidas. Aula 1 - Organização das Atividades na Construção UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 17 As implicações deste tipo de estrutura é a que são adequadas para quando o ‘tempo’ é uma variável muito importante; funcionários devem responder a dois chefes (gerente especialista e o chefe da equipe de projeto), o que é desconfortável; muito tempo gasto com reuniões; estrutura custosa e é uma estrutura altamente burocrática e formal. 2.3. Teoria das Contingências É uma perspectiva de projeto de organizações que é baseada na ideia de que cada solução depende do contexto na qual a empresa está inserida. Não há ‘a melhor forma’ de organizar. Cada empresa deve planejar sua estrutura em função do contexto em que está inserida. Baseado e adaptado de Cristine N. Mutti. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 18 Aula 2: Acompanhamento e Controle de Serviços O planejamento é um dos fatores principais para o sucesso de qualquer empreendimento. Ele deve servir para adaptar informações dos diversos setores da empresa e aplicar esses conhecimentos na construção. O conceito de planejamento se diz respeito a um processo no qual deve ser discutido os fatos e ocorrências previstas e ainda deve veicular informações e mostrar os resultados pretendidos entre os setores da empresa e até mesmo entre empresas; ainda, o planejamento é a tomada antecipada de decisões. 1. Conceitos de Planejamento Planejamento pode ser considerado a definição de um futuro desejado e de meios eficazesde alcançá-lo. Dessa forma a tomada de decisão está essencialmente relacionada com o planejamento, pois é através do processo decisório que as metas estabelecidas nos planos podem ser cumpridas. Analogamente, também pode ser definido como um processo gerencial de tomada de decisão, no qual se envolve o estabelecimento de metas e a determinação de meios para atingi-los, sendo necessário um controle para torná-lo efetivo. Assim sendo, o processo de planejamento na construção civil é resumido da seguinte maneira: • É um processo de tomada de decisão; • É um processo de antecipação, para decidir o que e como executar ações em determinado ponto no futuro; • É um processo para integrar decisões independentes dentro de um sistema de decisões; • É um processo hierárquico envolvendo a formulação de diretrizes gerais, metas e objetivos, para a elaboração de meios e restrições que levam a um detalhado curso de ações; • É um processo que inclui parte ou toda cadeia de atividades compreendendo fontes de informação e análise, desenvolvimento de alternativas, evolução e análise destas e escolhas de soluções; • É um emprego sistemático de procedimentos; • É a apresentação documentada na forma de planos. Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 19 O planejamento é um processo que deve ser repetido várias vezes durante o tempo de execução do projeto. Replanejar um projeto não significa que há falhas no projeto ou falhas de gestão. Quanto mais incerto for o projeto, maior será a necessidade de rever os planos elaborados, já que com o passar do tempo, mais informações estarão disponíveis para o planejador trabalhar e, consequentemente, menos incerto será o projeto. Portanto, o planejamento não é um processo único. Em geral, as empresas têm gastado mais tempo e dinheiro em atividades de controle e de previsão do que com os aspectos formais do planejamento. Planejamento e controle devem ser trabalhados com o mesmo grau de importância pelas empresas. É necessária a elaboração de planejamento tanto antes da execução das obras quanto durante a sua execução. 1.1. Tipos de Planejamento O planejamento é, geralmente, dividido em planejamento estratégico ou de longo prazo; planejamento tático ou de médio prazo; e ainda planejamento operacional ou de curto prazo. O planejamento estratégico ou de longo prazo considera como horizonte de tempo todo o período da obra, sendo aquele que possui maior incerteza associada, já que há um grande período entre a elaboração do planejamento e a conclusão da obra. O produto final desse planejamento é um plano mestre enfocando somente datas importantes, como data de entrega, conclusão e tarefas críticas. Dessa forma podem ser tomadas decisões mais abrangentes como quais são os objetivos do empreendimento, que produto deve ser produzido e quais são os processos tecnológicos a serem utilizados. Tais decisões, além de condicionarem a condução do processo planejamento e controle da produção, podem ser tão danosas quanto o excesso de informações. O planejamento tático ou de médio prazo envolve um horizonte de tempo menor, sendo geralmente de 4 semanas, contando a partir da segunda, já que considera-se como planejamento de curto prazo até duas semanas e, portanto, aumenta o nível de detalhamento considerado. Sua principal função é ligar o planejamento estratégico com o operacional. Além disso, o planejamento tático tem como funções: • Atualizar e revisar o plano de longo prazo da obra; • Desenvolver métodos para a execução do trabalho; • Decompor o plano de longo prazo em pacotes de trabalho; Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 20 • Estabelecer uma sequência do fluxo de trabalho da melhor forma possível, de maneira a facilitar o cumprimento dos objetivos do empreendimento; • Identificar com mais precisão a carga de trabalho necessária e a quantidade de recursos requerida para atender o fluxo de trabalho estabelecido. Por fim, no planejamento operacional ou de curto prazo, o nível de detalhamento tende a ser bastante alto, uma vez que as incertezas tendem a serem bem menores. Esse planejamento deve contemplar metas a serem executadas num período de até duas semanas. No planejamento operacional é possível elaborar planos para a execução de todas as atividades da obra. Para a realização desses planos, é necessária ainda uma melhor programação da sequência das equipes dos diversos serviços, assim como uma avaliação da disponibilidade de recursos como materiais, mão de obra e equipamentos para a realização desses serviços. Dessa forma, devem ser atribuídas tarefas sequenciadas para a equipe de produção da obra esteja bem orientada quanto às metas a serem atingidas. 1.2. Benefícios do Planejamento O planejamento da obra permite que o gestor adquira um elevado grau de conhecimento do empreendimento, sendo assim mais eficiente na condução de seus trabalhos. O autor (MATTOS, 2010) cita vários benefícios que o planejamento traz aos construtores. Os principais benefícios são: • O conhecimento pleno da obra adquirido pelo planejamento, possibilitando ao Gestor ter informações de produtividades consideradas pelos setores de orçamento e planejamento, assim como a duração das tarefas e as sequências previstas. A prática comum de pensar no trabalho logo antes dele ser iniciado não permite tempo para mudanças de planos; • Previsão de situações desfavoráveis ou pontos críticos da obra, uma vez que isso permite ao gerente tomar providências em tempo hábil, adotar ainda medidas preventivas e corretivas para a situação. Quando se prevê trabalhos em terra em períodos chuvosos como Fundação, Blocos e Cintas, por exemplo, devem-se considerar menores índices de produtividade dos serviços, ou ainda adiar ou antecipar as atividades pensando nos possíveis prejuízos que poderão ser causados; Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 21 • Agilidade nas decisões, uma vez que tendo uma visão geral da obra permite ao gerente tomar decisões como mobilização e desmobilização de equipamentos, direcionamento de equipes de trabalho, aceleração das atividades quando é identificada uma situação de atraso, entre outros; • A relação com o orçamento, já que ao juntar as informações de índices de produtividade e dimensionamento de equipes com o planejamento, é possível avaliar inadequações e oportunidades de melhoria; • Uma otimização da alocação dos recursos, uma vez que ao conhecer as folgas presentes no planejamento da obra é possível nivelar a quantidade de mão de obra e de equipamentos entre os diversos serviços; • A referência para o acompanhamento de obras, já que o planejamento é uma ferramenta fundamental para a equipe de acompanhamento, já que usa como base o cronograma previsto e o compara mensalmente com o que foi realizado pela obra; • A criação de dados históricos que poderão ser utilizadas em obras futuras similares. 1.3. Deficiências no Planejamento As “deficiências no planejamento e no controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, de suas elevadas perdas e da baixa qualidade de seus produtos”. Muitas empresas trabalham fazendo improvisação ou planejam mal, e creem que apenas a experiência de seus profissionais seja suficiente para cumprir prazos e orçamento. Mais do que nunca, “planejar é garantir a perpetuidade da empresa pela capacidade que os gerentes ganham de dar respostas rápidas e certeiras por meio do monitoramento da evolução do empreendimento e do eventual redirecionamento estratégico”. Um fator relevante no setor da construção civil no Brasil é o fato de a maioria das empresas, principalmenteas de médio e pequeno porte, não terem planejamento ou fazerem um planejamento mal feito de seus empreendimentos. Segundo autores, há diversas causas das deficiências no planejamento das obras civis como: • Segregação dos setores de planejamento e controle da empresa dos demais, fazendo com que os relatórios, gráficos e cronogramas gerados por estes setores sejam meramente para “fazer média” com os clientes, ou apenas como um trabalho isolado de aplicações técnicas na empresa. Ao invés disso, Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 22 o planejamento deve ter a função de permear por toda empresa como um processo gerencial, com reuniões de acompanhamento junto ao pessoal de campo; • O descrédito dos setores de obra com o planejamento por falta de certeza nos parâmetros adotados, uma vez que é comum a falta de domínio das empresas dos próprios processos de produção utilizados. Porém ao invés de ser repudiado por adotar premissas que muitas vezes não são validadas na obra, o planejamento deveria ser visto como o setor que vai assimilar as mudanças de premissas e comportamento das obras com o passar do tempo, avaliar tais alterações e adaptar aos futuros planejamentos; • A supervalorização do “tocador de obras”, comumente chamados os encarregados, mestres de obras e inclusive engenheiros que atuam no canteiro de obra. Em países desenvolvidos esses profissionais atuam a maior parte do tempo avaliando e programando as atividades com antecedência, ao invés de executá-las de modo improvisado como comumente ocorre por aqui. 1.4. Etapas do Planejamento de Obra As etapas do planejamento de uma obra se dividem em identificar as atividades a serem desenvolvidas, a definição das durações, as definições de precedência entre as atividades, a montagem do diagrama de rede, a identificação do caminho crítico e por último a geração do cronograma. 1.4.1. Identificação das Atividades A identificação das atividades é importante uma vez que irão compor o cronograma da obra. A maneira mais adequada de fazê-la é por meio da elaboração de uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP), “que é um a estrutura hierárquica, em níveis, mediante a qual se decompõe a totalidade da obra em pacotes de trabalho progressivamente menores” (MATTOS, 2010). A Figura mostra uma EAP de uma torre de obra residencial de edificações em formato de árvore. Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 23 1.4.2. Duração das Atividades A duração das atividades é outra informação importante para a elaboração do cronograma. Na prática, a construtora adota premissas provenientes das obras referentes ao tempo de execução da estrutura. Geralmente para obras prediais a referência é a quantidade produção de lajes de pavimento tipo por mês, sendo que essa quantidade pode variar entre uma a quatro. Dessa forma, sempre que possível adota-se esse mesmo prazo Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 24 para as atividades internas e monta-se assim a rede de precedências. As atividades externas, geralmente, por não fazerem parte do caminho crítico, devem ter um prazo inferior ao prazo das atividades internas; e as atividades em terra devem ser analisadas com outros critérios. 1.4.3. Sequência das Atividades A sequência das atividades, ou definição das predecessoras, deve ser feita de acordo com a metodologia construtiva da obra. Dessa forma é necessário que a equipe de obra chegue a um consenso lógico sobre o relacionamento entre as atividades, a sequência de serviços mais coerente e exequível e o relacionamento entre as atividades. Assim para cada atividade são atribuídas predecessoras, ou seja, pré-requisitos para o início da atividade. 1.4.4. Diagrama de Rede Após essas etapas poderá ser criado o diagrama de rede. Denomina-se rede o conjunto de atividades amarradas entre si, que descrevam inequivocamente a lógica da execução do projeto. O diagrama é a representação da rede em forma gráfica que possibilita o entendimento do projeto como um fluxo de atividades. O gráfico de Gantt é a técnica simples e melhor utilizada, uma vez que tem um excelente impacto visual e são fáceis de entender. 1.4.4.1. GRÁFICO DE GANTT O Gráfico de Gantt ou Diagrama de Gantt é uma ferramenta que dos meados de 1890 até os dias atuais vem sendo usado como recurso para ajudar a planejar, controlar e Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 25 analisar atividades e processos nos mais diversos segmentos. Mesmo sendo uma ferramenta com mais de 100 anos de existência, o gráfico de gantt ainda é atual e continua sendo uma das estruturas mais utilizadas no gerenciamento de projetos por permitir, de forma ilustrativa, visualizar o avanço das diferentes etapas de um projeto ao longo do tempo. Henry Gantt lançou o Gráfico de Gantt (Diagrama de Gantt) para o mundo em 1903, implementando-a na indústria como forma de planejar, organizar e controlar a produção. Com a ajuda do Diagrama passou a ser possível planejar em detalhes a linha de produção, distribuindo adequadamente as atividades ao longo das horas de trabalho de cada funcionário, o que ajudava a prever o volume de peças por colaborador e por dia, garantindo, assim, que os pedidos dos clientes fossem atendidos dentro do prazo estabelecido. Em meados de 1960, o Gráfico de Gantt começou a ser usado não apenas na indústria, mas em um mercado totalmente novo: o gerenciamento de projetos. Como se trata de uma ferramenta bastante visual e de fácil compreensão, o diagrama passou a ser usado para ajudar a determinar o caminho crítico de projetos. Com a ajuda do Gráfico de Gantt, os gerentes de projetos podem identificar com precisão tanto o início como o término de cada atividade, assim como as folgas, os gargalos, as interdependências e o progresso das atividades, de forma a tomarem decisões mais assertivas em relação à execução dos projetos desenvolvidos. O responsável pela gestão de projetos deve ter uma ideia geral de todos os processos que serão realizados, sabendo quanto tempo cada um deles deve tomar, quais as tarefas envolvidas e quem serão os responsáveis por cada uma delas. Tendo isso em mente, poderá definir qual é a sequência de eventos mais produtiva, e quais dessas tarefas dependem de outras antes de serem realizadas de forma a aumentar as chances de atingir os principais objetivos do início ao fim do projeto. O gráfico é constituído de 5 dimensões: • Tempo: O eixo horizontal principal representa o tempo do projeto. Ele pode ser dividido em horas, dias, meses, ou até mesmo anos de acordo com as suas necessidades; • Responsáveis: define quem são as pessoas e equipes que serão responsáveis pelas etapas do projeto; Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 26 • Barras: são distribuídas horizontalmente e representam as tarefas. O tamanho varia de acordo com o tempo que vão levar até que sejam finalizadas; • Setas: definem quais tarefas dependem da finalização de outras e quais estão diretamente relacionadas; • Objetivos e metas: são marcas no gráfico que definem o final de etapas importantes ou até mesmo o final do projeto. É aí que você pode ver o deadline (prazo) para manter-se dentro do seu plano de ação.; • Caminho Crítico: é a série de tarefas (ou mesmo uma única tarefa) que regula a data de início ou data de término, previamente calculada do projeto. Se uma única tarefa estiver atrasada no caminho crítico, a data de término do projeto inteiro também estaráatrasada. Exibir informações do projeto dessa maneira também é conhecido como método do caminho crítico do gerenciamento de projetos. 1.4.4.2. CAMINHO CRÍTICO O caminho crítico da obra é outra etapa importante do planejamento, uma vez que o prazo da obra está relacionado com as atividades críticas. O caminho crítico é o que contem a sequência mais longa de atividades, e é chamado por esse nome “porque qualquer atraso em qualquer atividade neste caminho atrasará o projeto todo. Os atrasos em atividades que não estão no caminho crítico não vão necessariamente atrasar o projeto todo. A Figura mostra o caminho crítico através do diagrama de setas. O prazo total do projeto é 18 dias e o caminho crítico é o A-B-E-G-H, uma vez que é ele quem define o prazo do projeto. O método do caminho crítico refere-se a um conjunto de técnicas utilizadas para o planejamento e o controle de projetos. Os fatores relativos a um projeto são três: qualidade, custo e prazo (atente-se a isso, aluno, pois são as 3 grandezas fundamentais e Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 27 mais importantes a serem controladas na engenharia e todas as outras, sejam técnicas, empíricas ou científicas, acabam por ficarem sujeitas à estas), e o método do caminho crítico é utilizado para o gerenciamento dos tempos e dos custos e, também, para permitir a avaliação dos níveis de recursos, que são necessários para desenvolver um projeto. A aplicação desse método na programação da produção ocorre toda vez que devemos programar produtos únicos e não repetitivos, como por exemplo, a programação das atividades necessárias à construção de um navio ou de um avião. Existem dois métodos distintos: • PERT: Program Evaluation and Review Technique (Programa de Avaliação e Revisão Técnica); • CPM: Critical Path Method (Método do Caminho Crítico). 1.4.4.3. O PERT/CPM Muito estudado na Engenharia de Produção, a ideia básica do PERT e do CPM está na identificação do caminho que consome mais tempo, através da rede de atividades como base para o planejamento e o controle de um projeto. Tanto o PERT como o CPM utilizam flechas e nós para a construção gráfica do projeto. Originalmente, as diferenças básicas entre o PERT e o CPM eram que o PERT utilizava flechas para representar as atividades, enquanto o CPM utilizava nós para essa representação. Outra diferença estava associada à estimativa de tempo para a realização das atividades, onde PERT fazia uso das três estimativas de tempo: otimista, pessimista e a mais provável, para a realização de uma atividade, enquanto o CPM utilizava uma única estimativa de tempo, a mais provável. Essa distinção está associada à origem do PERT para a programação de projetos científicos avançados (como missões para a lua), que eram caracterizados pela incerteza, enquanto o uso inicial do CPM estava associado a atividades de rotina de manutenção de fábricas. Assim, o PERT era frequentemente utilizado quando a variável básica de interesse era o tempo, enquanto o CPM era utilizado quando a variável principal era o custo. Após alguns anos, essas duas diferenças entre as técnicas não distinguiam mais o PERT do CPM. Isso ocorreu porque os usuários do CPM começaram a fazer uso das três estimativas de tempo e os usuários de PERT passaram a tratar os nós da representação gráfica como atividades. Para a utilização do método CPM, deve-se determinar uma única duração para cada atividade. Representação: um projeto é constituído por um conjunto de atividades independentes, mas ligadas entre si, através de uma figura chamada diagrama de rede. Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 28 Esclarecendo o diagrama de rede: • A atividade A é representada pelo conjunto de nós 1, 2; • A atividade B é representada pelo conjunto de nós 1, 3; • A atividade C é representada pelo conjunto de nós 2, 4; • A atividade D é representada pelo conjunto de nós 3, 4; • A atividade E é representada pelo conjunto de nós 4, 5; • A atividade F é representada pelo conjunto de nós 3, 5; O objetivo é atribuir uma duração a cada atividade e determinar em quanto tempo é possível se completar o projeto. Ainda, se em cada atividade designarmos o tipo de recurso que é necessário, a quantidade e o custo de cada um dos recursos, poderemos ter uma estimativa do custo do projeto e uma estimativa de quantidade física de cada um dos recursos alocados no projeto em cada unidade de tempo. Determinação do Caminho Crítico: como visto acima, entende-se por caminho a sequência de atividades que ligam o início ao fim do projeto. Caso haja algum atraso na duração de qualquer uma das atividades, haverá um aumento na duração do projeto. É considerado caminho crítico aquele com maior duração. Exemplo: O diagrama de rede abaixo apresenta um conjunto de atividades com seus respectivos tempos (semanas), onde de acordo com o tempo de duração de cada atividade, foi definido suas primeiras e últimas datas de início, com o objetivo de identificar o tempo total de duração do projeto e o tempo de folga do projeto. Aula 2 - Acompanhamento e Controle de Serviços UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 29 Conforme apresentado acima, vemos que o projeto tem duração de 13 semanas, onde o caminho crítico (o que consome mais tempo) é identificado no percurso do caminho B, D e E, e os tempos de folga (1 semana) no caminho A, C e E (onde aparece nitidamente na diferença entre os tempos 3 e 4) e 4 semanas (no caminho B e F). No caminho crítico (B, D e E) não poderá ocorrer nenhuma anomalia para não comprometer a data de término do projeto. Já nos caminhos onde os tempos de folga foram identificados (A, C e E; e B e F), caso ocorra algum problema, ainda temos tempo (folga) de corrigir o problema e conseguir concluir o projeto no prazo especificado. O CPM é uma importante ferramenta no gerenciamento de projetos de engenharia, pois através dele conseguimos nos programar para definirmos os prazos custos e recursos do projeto e, consequentemente, deverá se conseguir chegar ao seu término sem nenhum equívoco inesperado. Baseado e adaptado de Daniel Lage Pires, Rosemary Martins. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 30 Aula 3: Composição e Controle de Custos O conhecimento técnico continuará sendo sempre o fator que propulsiona o progresso material da vida humana. É ele que, aliado a outros valores humanos, como os princípios éticos, por exemplo, determinará os vitoriosos no mercado de trabalho tão competitivo que estamos testemunhando nestes tempos. 1. A Indústria da Construção Civil Chamamos de Construção Civil ao conjunto de atividades, no campo da engenharia, cuja finalidade é a realização material e intencional de planos do homem para, segundo suas necessidades, adaptar a natureza a si ou adaptar-se a ela, através de obras de construção. A Construção Civil possui características particularizadas, que a tornam bastante diversa dos outros ramos industriais, que podemos chamar de “indústria em geral”. A indústria em geral pode ser vista como atividade que se divide em três grupos de naturezas distintas, conforme apresenta-se: • Indústria extrativa; • Indústria de transformação; • Indústria de fabricação; A Construção Civil, além da diversidade enorme e da complexidade de suas atividades, não se identifica integralmente com um dos grupos acima, tendo como características fundamentais: • Atividade de caráter artesanal, atrasada tecnologicamente; • Não fabrica produtos em série; • Atividade nômade; • Alta rotatividadede mão-de-obra; ✓ Baixo nível de qualificação de mão-de-obra; ✓ Baixa remuneração da mão-de-obra; ✓ Atividade insalubre e resistente às mudanças. • Alta demanda de produtos de inúmeras indústrias; • Relativa imprecisão nas previsões de resultados finais. Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 31 Estas características típicas da construção civil, isoladas ou combinadas, justificam a necessidade do desenvolvimento das tarefas de Planejamento, de Programação e de Controle dos empreendimentos de engenharia, o Gerenciamento de Projetos. Serão agora brevemente abordados alguns temas da Aula 2, especificando-se suas aplicabilidades para a Indústria da Construção Civil e de outras disciplinas, a título de rememoração de conceitos para futura elaboração de um plano de contas. 1.1. Planejamento, Programação e Controle 1.1.1. Planejamento Atividade essencial aos empreendimentos, a qual é desenvolvida desde antes de seu início até sua finalização, assumindo formas e denominações diferentes conforme o conjunto de tarefas desenvolvidas nas suas etapas. Ocupa-se do plano geral do Projeto em nível de macro-visão do mesmo, sem detalhamentos que levem a se perder a visão global do Projeto. Elabora-se, nesta fase, um plano inicial, lógico e racional, com base nos dados relativos ao Projeto, chamado Plano Mestre da obra, cuja consolidação se dá aproximadamente aos 30% do Projeto executado, e que contém em seu escopo elementos tais como: • Dimensões globais do projeto; • Sistema construtivo e as necessidades envolvidas; • Dimensionamento geral dos insumos (material, mão-de-obra, equipamentos e ferramentas); • Prazo global estimado; • Valor global estimado; • Outros parâmetros específicos do projeto. O Planejamento tem um caráter dinâmico, e é normalmente utilizado para adaptar o Plano Mestre, quando de sua consolidação às necessidades ou conveniências. Assim, o planejamento se encerra somente ao final do empreendimento, pois até a última tarefa deve ser planejada. 1.1.2. Programação Como parte integrante do planejamento, corresponde às atividades de desenvolvimento de detalhamento dos eventos para o cumprimento do Plano Mestre. Define basicamente como, quando e com que recursos qualitativos e quantitativos a construção será executada. É o planejamento em nível de micro-visão, onde os possíveis lapsos ou desvios de prazos e custos provoquem menor impacto, pois os intervalos de Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 32 tempo e os recursos financeiros enfocados são bastante menores. Fazem parte das responsabilidades da programação, entre outras: • Previsão detalhada de prazos, custos e distribuição de recursos; • Preparação de contratos e especificações técnicas; • Preparação de programas de suprimentos e desembolsos; • O acompanhamento da evolução da obra; • Análise dos progressos alcançados; • Comparação dos resultados obtidos com as metas iniciais; • Análise dos resultados das comparações; • Sugestões de medidas corretivas, quando necessário; • Realimentação do sistema com os resultados coletados; • Auxílio nas reprogramações ou nos replanejamentos. 1.1.3. Controle O sistema Planejamento/Controle pode ser representado de maneira resumida pelo ciclo sequencial de quatro etapas que se repetem (serão objeto da Unidade 2 desta disciplina): • Medições periódicas, tendo-se em vista as previsões originais • Comparações entre previsto e (real) medido; • Análise das variações entre previsto e executado; • Conclusões e tomadas de medidas corretivas, se necessário. O Controle tem, então, objetivos claramente definidos, tendo como ponto de partida acompanhamento diário da execução dos serviços, com foco na produtividade e nos custos: • Apuração de prazos e custos, comparando-os com os previstos; • Tomada de decisões em caso de haver desvios de prazos e custos; • Realimentar o sistema com os novos dados obtidos de custo, prazo e produtividade. Quanto mais racional e rigoroso o Sistema de Controle, maior segurança e confiabilidade nas programações física e financeira e maior progresso nos índices de produtividade e redução das perdas, melhorando os custos reais. Finalmente, é importante o entendimento de que planejamento, programação e controle são atividades interligadas e interdependentes e não se desenvolvem Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 33 sequencialmente, mas se sobrepõem no tempo. Não há, portanto, sentido em se pensar no desenvolvimento de uma só delas sem as outras. 2. Conceituações 2.1. Projeto Pode-se dizer que, genericamente, projeto é a concretização de uma ideia concebida, fundamentada em parâmetros pré-estabelecidos e organizada segundo planos ou passos concretos e racionalizados, que concorrem para a realização daquele objetivo original. Esse objetivo pode ser tanto a implantação de uma indústria, de um conjunto habitacional, de um “shopping center”, uma via de transporte quanto um plano a se concretizar, como a obtenção do título de mestre em uma determinada especialidade. Dentro dessa visão, Projeto (grafado com inicial maiúscula) é, portanto, sinônimo de empreendimento e passa por duas fases básicas: concepção e construção. Na engenharia, o empreendimento tem sua fase de concepção descrita e ordenada em desenhos, plantas, memoriais descritivos, especificações técnicas, orçamentos, cronogramas, maquetes ou modelos reduzidos e outros elementos e detalhes complementares (que usaremos a grafia projeto, com inicial minúscula, para diferenciação). Nesta fase o projeto passa por processos bastante distintos que envolvem como atividades principais: • Estudos de viabilidade técnico-econômica – EVTE; • Estudos preliminares ou projeto preliminar; • Desenvolvimento do projeto-base ou projeto básico; • Desenvolvimento do projeto definitivo; • Desenvolvimento do projeto executivo. 2.2. Obra A fase de construção, execução ou produção, que se segue logo que se tem o desenvolvimento do projeto executivo é a da construção, cuja atividade principal é a de tornar concretos os planos pré-estabelecidos constantes dos desenhos e plantas, obedecendo-se as especificações, detalhes, memoriais, cronogramas, previsões de prazos e de custos e buscando-se um bom padrão de qualidade nos resultados finais do produto. A esta atividade chama-se comumente obra. Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 34 A obra é, portanto, o conjunto de atividades de construção, com emprego de materiais, mão-de-obra especializada, ferramentas e equipamentos específicos, desenvolvido no espaço físico denominado canteiro de obras, planejado racionalmente para possibilitar a materialização daquele projeto específico, conforme os parâmetros estabelecidos. A construção ou obra também passa por duas etapas: o planejamento da construção e a construção propriamente dita. A obra é então uma das fases do Projeto. 2.3. Serviços de Obras São as tarefas ou atividades mínimas e isoladas que geram produtos ou resultados mínimos e auxiliares a outros. Podem ser citados, como exemplos: • Execução de contrapiso para receber a pavimentação final de acabamento; • Desforma de estrutura de concreto; • Preparo da argamassa de rebocos e outras, etc. 2.4. Etapas Construtivas São os conjuntos de serviços de obra, interdependentes e que se complementam definindo elementos que dão características definitivas à obra, os quais, depois de concluídos, permitem o início de uma nova etapa construtiva. As etapas construtivas vão se desenvolvendo e se complementando até a concretização do projeto.Este é o caso da superestrutura, composta de serviços como fôrma (corte, montagem e colocação), armação (corte, montagem e colocação), concretagem (lançamento e cura) e desforma, etapa esta que somente pode ser executada após o término parcial ou total da infraestrutura. Também as alvenarias constituem uma etapa construtiva que poderá ser começada após terminada a estrutura onde ela se apoia, e apenas após acabada poderá ter início a etapa construtiva seguinte, os revestimentos. Em uma obra de edificação, as etapas construtivas mais comuns, salvo o caso de edificações especiais, podem ser conforme relacionadas a seguir: Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 35 É indispensável um conhecimento consistente das etapas construtivas de uma obra e de seus serviços componentes para o bom desenvolvimento da programação e do controle das obras, pois ele permite ao Gestor trabalhar com mais fluência e segurança as atividades de orçamentação, elaboração de cronogramas físico, de compras e de desembolso e no acompanhamento de obras, tão importante para o controle dos resultados desejados. 3. Plano de Contas na Construção Civil A complexidade das tarefas envolvidas na construção civil, como também a imensa variedade dos insumos, trazem certo grau de dificuldade a várias atividades relacionadas. Sabemos que a atividade primordial é o Planejamento e que ele exige, como condição essencial a organização. Como o Planejamento é necessariamente ligado às atividades de Programação e de Controle, estas últimas também carecem da organização tanto quanto a primeira. A construção é uma atividade que deve ser muito bem caracterizada quanto aos seus insumos (materiais, mão-de-obra, equipamentos e ferramentas). Por isso a necessidade de um plano discriminativo e que vise também organizar as várias fases de implantação dos projetos e, ao mesmo tempo, englobando tudo que afete diretamente a construção. A essa organização chamamos Plano de Contas. Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 36 O Plano de Contas deve ser bem estruturado e suficientemente detalhado e adaptado à realidade de cada empresa, dependendo das diversas orientações de operação. O ideal é que se tenha um Plano de Contas que atenda a cada categoria ou grupo de obra conforme sua natureza, como obras residenciais, comerciais, industriais, rodoviárias, ferroviárias, etc. No Plano de Contas tem-se a obra discriminada em suas etapas construtivas e estas são subdivididas nos serviços que as compõem, e as possíveis variedades desses serviços. As subdivisões poderão ainda apresentar ramificações mais detalhadas, conforme se deseja ser mais ou menos específico no planejamento, na programação e no controle. Na utilização do Plano de Contas cada projeto terá um número ou código que passará a identificá-lo. Cada etapa construtiva também passará a ser identificada por um código numérico chamado Conta e cada serviço da etapa será identificado com outro código numérico denominado Sub-conta, a qual poderá ainda se subdividir até limites razoáveis ou racionais de detalhamento. 3.1. Operacionalização do Plano de Contas Em virtude do constante surgimento de novas técnicas construtivas, novos materiais, mudanças e evoluções nos critérios de apropriações, orçamentação, planejamento, etc., o Plano de Contas é uma estrutura dinâmica, obrigando-se a constantes atualizações. A finalidade da implantação do Plano de Contas é a unificação de informações oriundas e destinadas aos diversos setores da empresa, de tal sorte que haja uma uniformidade na linguagem quanto às informações sobre os serviços de obra e as etapas construtivas. Os códigos de contas e subcontas são como que "gavetas" de um arquivo que guardam todos os dados dos serviços, podendo-se assim comparar o Plano de Contas a um grande "gaveteiro" a ser utilizado por toda a empresa com grande facilidade. Utiliza-se a codificação do Plano de Contas desde os primeiros passos do planejamento até as apropriações finais da obra e análises de resultados. Assim, os orçamentos, as previsões financeiras, relatórios finais de custos e prazos e a utilizações de custos apropriados em futuros projetos terão como base organizacional o Plano de Contas. A partir do momento que o setor de produção (obra) identifica, com os códigos de conta e subconta, através de carimbo próprio a destinação de um insumo dentro da obra e envia o documento a outros setores, todo o processo segue seu curso normal até seu Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 37 fechamento final, desde que se adotem rotinas de procedimento análogo nos demais setores da empresa onde vão tramitar os documentos carimbados e codificados pela obra. O Plano de Contas, corretamente utilizado, traz uma série de vantagens para a empresa que o adota, tais como: • O "abrir de portas" para a organização do planejamento, da programação e do controle das obras; • O plano bem elaborado e bem operacionalizado, além de facilitar e sistematizar; • Trabalho de orçamentação, é importante na administração pois é indicativo para a tomada de atitudes na correção dos desvios de resultados de custos de serviços; • Permite uniformização de linguagem entre os diversos setores da empresa; • Os resultados de dados obtidos ao final da obra proporcionam segurança de utilização dos índices para realimentação do planejamento; • Mantém informações codificadas e sigilosas dentro da empresa. 3.2. Estrutura do Plano de Contas Passa-se a apresentar um pequeno exemplo de Plano de Contas esclarecendo que se trata de plano específico para obras de edificações residenciais ou comerciais. É importante ressaltar que os planos são elaborados dentro de cada empresa para atender suas próprias necessidades, e segundo a política e a filosofia administrativa de cada uma. Portanto não se pode esperar que as empresas mantenham alguma similaridade entre si, quando se trata de um assunto particular interno e sigiloso. Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 38 E os subníveis: 4. Os Custos na Construção Civil Desde a antiguidade o homem sempre teve a preocupação de, antes de realizar qualquer tarefa ou serviço, calcular qual seria o custo de tal empreendimento para verificar se teria recursos e outras condições de levá-lo até o final. À medida que a convivência humana foi adquirindo caráter mais complexo no campo econômico, financeiro e social, e a competição foi se tornando um obstáculo a ser vencido, a necessidade de se fazer previsões de custos tornou-se imperativa. Não se concebe, nos dias atuais, a execução de qualquer obra que não tenha sua previsão de gastos bem elaborada antes de seu início. O orçamento é o instrumento técnico que fornece o custo do empreendimento antes de seu início. Este é, portanto, um conhecimento de engenharia que o profissional da área necessita ter familiaridade e perfeito domínio. 4.1. Custo, Preço e Valor Embora sejam frequentemente usadas de maneira indistinta, essas grandezas que compõem a estrutura da elaboração de orçamentos encerram conceitos distintos e que devem ser considerados. Chama-se de Custo a importância financeira ou qualquer outro tipo de esforço necessário de ser empregado na produção de um bem ou produto, seja este material ou não. Por exemplo, a importância gasta com materiais, mão-de-obra, etc. para se fabricar um par de calçados ou o esforço e o emprego de recursos financeiros para a obtenção do título de mestre em determinada especialidade. Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 –PLANEJAMENTO 39 Preço é a importância financeira ou outro tipo de esforço necessário para se adquirir determinado bem ou produto. Adquirir determinado bem significa em que o bem já esteja sendo produzido ou pronto e que já houve um custo de produção, o que nos leva a concluir que Preço e Custo são importâncias diferentes teoricamente. O Preço normalmente corresponde ao Custo acrescentado de uma importância que podemos chamar de Lucro. Lembramos que as duas grandezas, apesar de seus conceitos aparentemente fáceis e distintos de serem assimilados, apresentam uma certa relatividade face a quem seja o produtor e o adquirente do bem em questão. Para exemplificar, citamos o caso do revendedor de sapatos, que compra o produto do fabricante por um preço (referente ao fabricante) e o vende por um outro preço (referente ao revendedor), mas o preço de aquisição para o revendedor pode ser considerado como um custo. Por esse motivo é que sabemos que um produto chega ao consumidor final por um preço tão mais elevado quantos forem os intermediários no caminho produtor/consumidor. O conceito da grandeza Valor nem sempre é objetivamente claro e definido, pois está ligado a condições subjetivas como necessidade, utilidade, benefícios que o bem pode trazer ao adquirente, etc. O que valeria mais durante o inverno, uma roupa de lã ou de linho? O que valeria mais durante o verão, um aquecedor de ambientes ou um refrigerador? Desta feita, o valor de bens e produtos é regido pela lei de oferta e procura. Uma constatação que podemos fazer a essa altura é a de que a engenharia é muito mais envolvida com os custos e preços do que com os valores de bens. Há certa necessidade de especialização dentro da engenharia, para se trabalhar com valores de bens (engenharia de avaliações). O trabalho de orçamentação para as obras de edificações se restringe à determinação dos custos de produção de cada serviço, cada etapa construtiva e do custo global da obra. 4.2. Classificação dos Custos Dão-se das seguintes maneiras. 4.2.1. Custos Quanto à Identificação com o Produto 4.2.1.1. CUSTOS DIRETOS Este grupo de custos é composto por aqueles que se identificam diretamente com o produto. São utilizados na sua composição, ficando a ele incorporado, mesmo que não fisicamente. É o caso de materiais de consumo como tijolos, cimento, areia, brita, tintas, vidros, cal, etc., mão-de-obra de pedreiros, serventes, armadores, carpinteiros, etc. e seus encargos trabalhistas, etc. Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 40 4.2.1.2. CUSTOS INDIRETOS Utilizando-se o raciocínio anterior, os custos indiretos são os gerados por elementos que são auxiliares na execução dos serviços, mas não ficam incorporados à obra. O conceito dos custos indiretos não obedece a critérios apenas técnicos, mas envolve outras circunstâncias temporais de caráter comercial, durante o estabelecimento das diretrizes de negociação das obras, ou seja, o que em uma determinada obra é considerado custo indireto, em uma outra pode não ser de interesse considerá-lo assim. Existem também divergências entre empresas na determinação de custos indiretos, oriundas da filosofia administrativa ou da política comercial adotada por elas. Muito embora haja todas essas polêmicas a seu respeito, os custos indiretos estão longe de ser considerados como secundários ou de pequena importância, pois exercem influência representativa nos custos de obras e nos lucros das empresas construtoras. Por ser um tema polêmico e dotado de relativa complexidade, é indispensável um bom conhecimento sobre essa questão através de constantes estudos em fontes de pesquisa disponíveis. Importante: Em termos práticos, pode-se dizer que não traz resultados diferentes quando determinados custos são considerados diretos ou indiretos, pois de uma ou de outra forma eles serão incorporados ou às planilhas de custos (diretos) ou incluídos no BDI – benefícios e despesas indiretas. O importante é que tais custos sejam efetivamente computados sem omissões no orçamento. Os custos indiretos, para efeito de melhor organização didática, se dividem em dois grupos: • Custos Indiretos Locais: São os custos gerados por elementos localizados no canteiro de obras. Como exemplos, temos: engenheiros de obra, mestre-de- obras e outras funções administrativas locais e equipamentos de difícil alocação em uma só obra. Este grupo de custos indiretos são os mais discutidos e causadores de polêmicas; • Custos Indiretos Empresarias (Overheads): Aqueles que ocorrem no escritório central da construtora e/ou com a administração geral da empresa (alguns autores usam chamá-los custos administrativos ou da administração central). Estes custos não deixam dúvida quanto a sua natureza de custos indiretos. Eles podem ser divididos em 4 grupos por afinidade, conforme se segue. ✓ Administrativos - são os gerados por despesas com a manutenção do escritório central da construtora, oficinas, almoxarifados, tais como Aula 3 - Composição e Controle de Custos UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO 41 funcionários para todas as funções, seus salários e encargos sociais, materiais de escritório e outros de consumo, veículos, maquinários e equipamentos, manutenções normais (limpeza, reparos, etc.), depreciações, aluguéis, periódicos e livros, papéis diversos, softwares, normas técnicas, etc. ✓ Comerciais - os provenientes de todas as atividades do Departamento Comercial da empresa, com marketing, vendas, corretagens, consultorias, etc. ✓ Tributários - gerados por obrigações tributárias da empresa construtora, como despesas cartoriais (emolumentos), impostos (ISSQN, IRPJ, SENAI, SENAC, SEBRAE, COFINS, PIS, etc.), anuidades diversas, taxas municipais, estaduais e federais (água, luz, telefone, etc.), alvarás, licenças, multas, certidões e outras. ✓ Financeiros - são os custos oriundos de todas as operações financeiras que os gerem, como, por exemplo, empréstimos bancários, documentação emitida por entidades financeiras e bancárias, juros diversos para aquisições de maquinários, preparação de propostas, de licitações, etc. Um caso especial é o chamado custo financeiro, gerado pela perda em consequência da defasagem entre a data da medição dos serviços e a data do recebimento do pagamento da medição, o qual é, por vezes, considerado ilegítimo por muitos órgãos públicos. 4.2.2. Custos Quanto à Variação do Volume do Produto 4.2.2.1. CUSTOS FIXOS Estes custos são aqueles que, dentro de certos limites definidos de demanda produtiva, não variam apesar da variação da demanda de produção. Exemplos: os custos indiretos empresariais (para certos limites de volume total de obras da construtora), os equipamentos de obra (dentro de seus limites máximos de trabalho e da demanda produtiva da obra). Até os limites máximos de demanda produtiva que se pode atender com um determinado custo fixo, este se mantém constante, mesmo não trabalhando no limite máximo. Uma vez ultrapassado esse limite, estabelece-se então nova base produtiva, que gerará um custo fixo diferente, porém constante para o novo limite de demanda. 4.2.2.2. CUSTOS VARIÁVEIS Aula 3 - Composição e Controle de Custos PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS 42 São os custos totais (não unitários) que variam diretamente proporcional à variação do volume do produto. É o caso dos custos diretos de materiais e de mão-de-obra, custos de taxas e impostos cobrados proporcionalmente ao volume da obra, etc. 4.2.2.3. CUSTOS SEMI-VARIÁVEIS O grupo dos custos semi-variáveis representa o maior deles, pois apresentam características de custos fixos e de custos variáveis. Estes são os custos que
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