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02. Estatuto do Desarmamento

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SISTEMA DE ENSINO
LEGISLAÇÃO 
PENAL ESPECIAL
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do 
Desarmamento
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Sérgio Bautzer
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Estatuto do Desarmamento ...........................................................................................3
1. Crimes do Estatuto do Desarmamento .......................................................................4
1.1. Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido .................................................4
1.2. Entrega das Armas e Abolitio Criminis ...................................................................... 7
1.3. Omissão de Cautela ............................................................................................... 10
1.4. Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido ..................................................... 12
1.5. Diferença do Crime de Porte Ilegal de Arma de Fogo (art. 14) para o Crime de 
Posse Irregular de Arma de Fogo (art. 12) ................................................................... 18
1.6. Disparo de Arma de Fogo.......................................................................................25
1.7. Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito .........................................26
1.8. Análise do § 2º. Forma Qualificada ........................................................................32
1.9. Comércio Ilegal de Arma de Fogo ...........................................................................32
1.10. Tráfico Internacional de Arma de Fogo .................................................................34
1.11 Da Inconstitucionalidade do Art. 21 do Estatuto do Desarmamento ........................36
2. Competência para Julgamento dos Crimes Previstos no Estatuto do Desarmamento 37
3. Doação e Destruição das Armas de Fogo .................................................................38
Resumo ........................................................................................................................39
Questões de Concurso ..................................................................................................47
Gabarito .......................................................................................................................74
Gabarito Comentado .....................................................................................................75
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 134
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Sérgio Bautzer
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Apresentação
Olá, caro(a) aluno(a), sou o professor Sérgio Bautzer. Eu e o Professor André Portela ela-
boramos a aula sobre a Lei n. 10.826/2003, trazendo para você o conteúdo mais atualizado 
sobre o assunto e as questões mais abordadas em prova. Com mais de 10 anos de experi-
ência na produção de livros, apostilas e materiais para concursos públicos, preparamos uma 
aula voltada para os concursos das carreiras da Polícia Federal.
O Estatuto do Desarmamento possui basicamente duas partes. A primeira traz normas 
de natureza administrativa (arts. 1º a 11-A), em que são formuladas as regras para obtenção 
de registro e porte de armas. Nessa primeira parte também é instituído o Sinarm – Sistema 
Nacional de Armas, que atribui competências de fiscalização da produção e comercialização 
de armas de fogo ao conjunto de órgãos públicos da área de segurança. Na segunda parte 
(arts. 12 a 21), são tipificadas as normas de natureza penal.
Nas provas de carreiras policiais, é comum o examinador cobrar tanto os aspectos penais 
quanto os processuais penais do Estatuto do Desarmamento. Ou seja, você deverá ter “na 
ponta da língua” os arts. 12 a 21 da mencionada lei e nós estamos aqui para te ajudar nisso.
Nesta aula, vamos enfocar a análise dos arts. 12 a 21 e eventualmente, quando neces-
sário, abordaremos os conceitos-chave da primeira parte, em especial as regras de registro 
e porte de armas. Então, ao final da aula você estará bem afiado nos aspectos cobrados em 
prova.
Fique alerta às dicas e vamos começar.
Qualquer dúvida, utilize o fórum do curso. Bons estudos!
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Sérgio Bautzer
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
1. Crimes do estatuto do desarmamento
O art. 12 do Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003) trata da posse ilegal de arma 
de fogo, acessórios e munições de uso permitido. Se for arma de uso restrito, estará configu-
rado o crime do art. 16.
1.1. Posse Irregular de arma de Fogo de uso PermItIdo
Dispõe o art. 12 da lei em estudo:
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
É um crime afiançável na esfera policial.
O objeto jurídico, que é o bem protegido pela norma, é a incolumidade pública (segurança 
da coletividade). Incólume significa livre de perigo.
Objeto material, que é a coisa sobre a qual recai a conduta do criminoso, no caso, é arma 
de fogo, acessório ou munição de uso permitido.
Arma de fogo é o instrumento mecânico capaz de lançar projéteis a distância a partir da 
explosão de pólvora. A partir da palavra munição podemos chegar ao projétil, a pólvora e com 
outros artefatos que se carregam as armas de fogo. Acessório é o artefato que é acoplado ou 
serve de apoio para a arma de fogo.
Sujeito ativo: quando se tratar de posse de arma de fogo, acessório ou munição no interior 
de residência ou dependência desta, o crime poderá ser praticado por qualquer pessoa. De 
outra parte, o crime será próprio quando se tratar de pessoa na posse de arma de fogo, aces-
sório ou munição em seu local de trabalho, pois apenas titular ou o responsável legal pelo 
estabelecimento podem praticá-lo.
Sujeito passivo (vítima) do crime é a coletividade.
Elementos do tipo: possuir e manter sob sua guarda; a doutrina diferencia as condutas es-
tabelecendo que possuir é estar na posse e manter sob a guarda é manter sob sua vigilância.
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Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
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Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, 
bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas con-
dições previstas na Lei n. 10.826, de 2003. Cuida-se de norma penal em branco. O Decreto n. 
3.665/2000 definia quais são as armas de fogo permitidas. Atualmente, o Estatuto é regula-
mentado pelo Decreto n. 9.847/2019, que traz, em seu art. 2º, as definições essenciais sobre 
as armas de fogo, acessórios e munições.
A arma de fogo, acessório ou a munição deve estar em perfeita condição de uso. Há ne-
cessidade de perícia para a comprovação da prática do crime. Ex.: exame de eficiência reali-
zado na arma de fogo.
Elemento normativo do tipo: “em desacordo com determinação legal ou regulamentar”, ou 
seja, em desacordo com o Estatuto do Desarmamento e com seus regulamentos.
Basicamente, para ter arma em casa (posse de arma), é necessária autorização da Polícia 
Fe deral, com o aval do Sinarm.
Para adquirir arma de fogo de uso permitido, o interessado deverá, além de declarar a efe-
tiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
• comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas deantece-
dentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não 
estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forneci-
das por meios eletrônicos;
• apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
• comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma 
de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento da Lei n. 10.826/2003.
O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos 
anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intrans-
ferível essa autorização.
A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma regis-
trada e na quantidade estabelecida em regulamento.
A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comuni-
car a venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas 
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as características da arma e cópia dos documentos dispostos na lei (art. 4º, § 3º, da Lei n. 
10.826/2003).
A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente 
por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem 
vendidas.
Será aplicada multa à empresa de produção ou comércio de armamentos que realizar 
publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas pu-
blicações especializadas.
A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas so-
mente será efetivada mediante autorização do Sinarm.
Elemento espacial (modal) do tipo: a pessoa pode apenas ter a arma em casa. No local de 
trabalho, o único que tem a posse é o proprietário ou responsável legal pelo estabelecimento 
da pessoa jurídica.
A autorização é para o proprietário possuir arma no interior do estabelecimento, e não 
para ele portar. Se o funcionário estiver com arma de fogo no local de maneira irregular, res-
ponderá pelo crime previsto no art. 14 ou no art. 16 do Estatuto, a depender se a arma de fogo 
é de uso permitido, restrito ou proibido.
Acerca do tema, vale a pena conferir julgado da 6ª Turma do STJ:
APREENSÃO DE ARMA EM CAMINHÃO. TIPIFICAÇÃO.
O veículo utilizado profissionalmente não pode ser considerado “local de trabalho” 
para tipificar a conduta como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei n. 
10.826/2003). No caso, um motorista de caminhão profissional foi parado durante fis-
calização da Polícia Rodoviária Federal, quando foram encontrados dentro do veículo 
um revólver e munições intactas. Denunciado por porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido (art. 14 do Estatuto do Desarmamento), a conduta foi desclassificada para 
posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12 do mesmo diploma), reco-
nhecendo-se, ainda, a  abolitio criminis temporária. O  entendimento foi reiterado pelo 
tribunal de origem no julgamento da apelação. O Min. Relator registrou que a expressão 
“local de trabalho” contida no art. 12 indica um lugar determinado, não móvel, conhe-
cido, sem alteração de endereço. Dessa forma, a  referida expressão não pode abran-
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ger todo e qualquer espaço por onde o caminhão transitar, pois tal circunstância está 
sim no âmbito da conduta prevista como porte de arma de fogo. Precedente citado: HC 
116.052-MG, DJe 9/12/2008. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, jul-
gado em 24/4/2012.
Elemento subjetivo do tipo: é crime doloso.
A consumação se dá quando o agente entra ilegalmente na posse da arma.
Para a maioria da doutrina, é crime de mera conduta (não tem resultado naturalístico) e 
permanente.
Não cabe tentativa.
1.2. entrega das armas e Abolitio Criminis
Houve um período, que se estendeu de 23/12/2003 a 25/10/2005, para entrega das armas 
de fogo. Várias medidas provisórias prorrogaram o prazo de entrega das armas de fogo para 
a Polícia Federal.
Diante das prorrogações, surgiram questionamentos se havia ocorrido a abolitio criminis 
ou a anistia. A jurisprudência, tanto do STJ quanto do STF, afirma que houve a chamada abo-
litio criminis temporária, também chamada de descriminalização temporária ou vacatio legis 
indireta.
Houve retroatividade para descriminalizar a posse ilegal de arma de fogo na vigência da 
lei anterior (Lei n. 9.437/1997 – a revogada Lei de Armas)?
No STJ prevaleceu o entendimento de que a abolitio criminis temporária é retroativa. Ve-
jamos o que foi decidido no HC n. 100.561/MT, da relatora Ministra Maria Thereza de Assis 
Moura, 6ª Turma:
Penal. Processual penal. Habeas corpus. 1. Crime de posse de armas. Crime cometido 
na vigência da Lei n.  9.437/1997. Vacatio Legis. Aplicação retroativa. Possibilidade. 
Extinção da punibilidade. 2. Crime de receptação. Trancamento da ação penal. Falta de 
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prova da origem ilícita dos bens. Alegações que dependem de aprofundada incursão no 
conjunto probatório. Matéria de mérito. Habeas corpus. Meio incompatível. 3. Ordem 
concedida em parte.
1. Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que a vacatio legis estabelecida 
pelos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003, para a regularização das armas dos seus pro-
prietários e possuidores, é reconhecida hipótese de abolitio criminis temporalis e apli-
ca-se retroativamente aos delitos de posse de arma praticados sob a vigência da Lei 
n. 9.437/1997.
2. O habeas corpus não se presta a uma aprofundada incursão no conjunto probatório, 
de molde a constatar a inocorrência do crime antecedente ao de receptação. Matéria 
probatória e a ser analisada em sede de apelação, já interposta.
3. Ordem concedida, em parte, apenas para declarar extinta a punibilidade do paciente 
relativamente ao crime previsto no art. 10, § 2º da Lei n. 9.437/1997, mantendo, todavia, 
a imputação pelo crime de receptação.
A 1ª Turma do STF, segundo o Informativo n. 494, decidiu:
A Turma indeferiu habeas corpus em que se pretendia o reconhecimento da extinção da 
punibilidade com fundamento na superve niência de norma penal descriminalizante. No 
caso, o paciente fora condenado pela prática do crime de posse ilegal de arma de fogo 
de uso restrito (Lei n. 9.437/1997, art. 10, § 2º), em decorrência do fato de a polícia, em 
cumprimento a mandado de busca e apreensão, haver encontrado uma pistola em sua 
residência. A impetração sustentava que durante a vacatio legis do Estatuto do Desar-
mamento, que revogou a citada Lei n. 9.437/1997, fora criada situação peculiar relativa-
mente à aplicação da norma penal, haja vista que concedido prazo (Lei n. 10.826/2003, 
arts. 30 e 32) aos proprietários e possuidores de armas de fogo, de uso permitido ou res-
trito, para que regularizassem a situação dessas ou efetivassem a sua entrega à auto-
ridade competente, de modo a caracterizar o instituto da abolitio criminis. Entendeu-se 
que a vacatio legis especial prevista nos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003 (“Art. 30. 
Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas deverão, sob pena de 
responsabilidade penal, no prazo de 180 dias (cento e oitenta) dias após a publicação 
desta lei, solicitar o seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação 
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da origem lícita da posse, pelos meios de prova em direito admitidos. Art. 32. Os possui-
dores e proprietários de armas de fogo não registradas poderão, no prazo de 180 (cento 
e oitenta) dias após a publicação desta lei, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo 
e, presumindo-se a boa-fé, poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta 
lei.”), não obstante tenha tornado atípica a posse ilegal de arma de fogo havida no curso 
do prazo que assinalou, não subtraiu a ilicitude penal da conduta que já era prevista no 
art. 10, § 2º, da Lei n. 9.437/1997 e continuou incriminada, com mais rigor, no art. 16 
da Lei n. 10.826/2003. Ausente, assim, estaria o pressuposto fundamental para que se 
tivesse como caracterizada a abolitio criminis. Ademais, ressaltou-se que o prazo esta-
belecido nos mencionados dispositivos expressaria o caráter transitório da atipicidade 
por ele indiretamente criada. No ponto, enfatizou-se que se trataria de norma temporária 
que não teria força retroativa, não podendo configurar, pois, abolitio criminis em relação 
aos ilícitos cometidos em data anterior. HC n. 90.995/SP, Rel. Min. Menezes Direito, 1ª 
Turma, 12/2/2008. (HC-90.995)
Com a edição da Lei n. 11.706/2008 foi dado um novo prazo para regularização de armas. 
A lei presume a boa-fé e admite o pagamento de indenização, porém, o indivíduo deve agir 
de maneira espontânea. Se não houver entrega de maneira espontânea, por vontade livre do 
agente, a conduta típica estará configurada. Dispõe o art. 30 da lei em estudo:
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada 
deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de docu-
mento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de 
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou 
declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, 
ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências cons-
tantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. Para fins do cumprimento do disposto no 
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Fede-
ral, certificado de registro provisório, expedido na forma do § 4º do art. 5º desta Lei. (NR)
Tal norma se estende às munições e acessórios, apesar de não haver menção. Os arts. 31 
e 32 da lei em comento regem:
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qual-
quer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regula-
mento desta Lei.
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Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, 
mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando 
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
Por fim, a Lei n. 11.922/2009 prorrogou o prazo de entrega das armas de fogo de uso per-
mitido até 31 de dezembro de 2009. Dispõe o art. 20 da lei mencionada: “ficam prorrogados 
para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que tratam o § 3º do art. 5º e o art. 30, ambos da 
Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003”.
1.3. omIssão de Cautela
Rege o art. 13 da lei em estudo:
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos 
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse 
ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à 
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou mu-
nição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Por se tratar de uma infração penal de menor potencial ofensivo, o crime em estudo será 
apurado por meio de termo circunstanciado.
1.3.1. Análise do Caput do Art. 13
No caput, trata-se de crime de dupla objetividade jurídica porque protege dois bens 
jurídicos:
• Incolumidade pública (segurança coletiva): é o objeto jurídico imediato protegido por 
todos os tipos penais do Estatuto do Desarmamento;
• Menor de 18 anos ou doente mental: o objeto mediato é a vida ou a integridade física 
do menor de 18 anos ou do doente mental. É sujeito passivo o deficiente mental, e não 
o físico. Não é necessária nenhuma relação, por exemplo, de parentesco, entre sujeito 
ativo e sujeito passivo.
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Sujeito ativo: é o possuidor ou proprietário da arma de fogo.
Objeto material do crime: é a arma de fogo.
O crime do art. 13 não tem como objetos materiais os acessórios e munições, apenas 
armas de fogo.
Elemento subjetivo: é um crime culposo (deixar de observar as cautelas necessárias). 
Aliás, é o único crime culposo previsto no Estatuto do Desarmamento.
Memorize bem isso: este é o único crime culposo do Estatuto porque eventualmente as pro-
vas criam pegadinhas sobre isso, pois não há um nomem juris que destaque que se trata de 
forma culposa. Esteja alerta a esse ponto ao treinar as questões de concurso ao final da aula.
E se o responsável dolosamente deixar menor se apoderar da arma de fogo?
Se for menor de 18 anos, responderá pelo crime previsto no art. 16, parágrafo único, inciso 
V, do Estatuto do Desarmamento.
Consumação e tentativa: a consumação se dá com o mero apoderamento da arma pelo 
menor ou doente mental.
A tentativa é possível?
NÃO, pois se trata de crime culposo.
1.3.2. Análise do Parágrafo Único do Art. 13
No concurso de agente da PF em 2012, a letra de tal dispositivo foi cobrada na prova ob-
jetiva, pelo Cespe, pois no edital também havia previsão da Lei de Segurança Privada.
O parágrafo único do art. 13 do Estatuto do Desarmamento prevê tipo penal autônomo, 
totalmente distinto do caput e assim disposto:
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Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à 
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou mu-
nição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Cuida-se de crime próprio, pois apenas poderá ser praticado pelo diretor ou proprietário 
de empresa de segurança ou de transporte de valores.
O crime próprio é aquele que exige uma especial qualidade do agente, no caso, ser diretor 
ou proprietário de empresa de segurança ou de transporte de valores.
O crime consiste em deixar de registrar o boletim de ocorrência e em deixar de comunicar 
à Polícia Federal. O tipo penal exige, do sujeito ativo, duas comunicações a instituições do 
Estado. Após lavrado o BO, o documento deverá ser levado à Polícia Federal.
E se fizer só uma comunicação?
A maioria da doutrina defende que responderá pelo delito, já que o Estatuto (Lei n. 
10.826/2003) exige as duas comunicações.
Para a minoria, uma só comunicação não configura crime. Entende ser o Estado respon-
sável pela comunicação entre seus órgãos.
Os objetos materiais do crime são as armas defogo, bem como munições ou acessórios.
O elemento subjetivo do crime em estudo é o dolo.
A consumação se dá após as primeiras 24 horas depois do fato. Cuida-se de crime a 
prazo. Na verdade, é depois de conhecido o fato, e não simplesmente “ocorrido” o fato. Só é 
possível fazer a comunicação após tomar ciência do extravio, perda, roubo ou furto. O prazo é 
de 24 horas, a partir do momento em que é possível fazer a comunicação.
Não é possível tentativa, já que se trata de um crime omissivo puro e de mera conduta.
1.4. Porte Ilegal de arma de Fogo de uso PermItIdo
Dispõe o art. 14 do Estatuto do Desarmamento:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório 
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ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver 
registrada em nome do agente
O Plenário do STF declarou inconstitucionais o parágrafo único do art. 14, o parágrafo úni-
co do art. 15 (porque estabeleciam que os respectivos crimes eram inafiançáveis) e o art. 21 
(porque dispunha que os crimes dos arts. 16, 17 e 18 seriam insuscetíveis de liberdade pro-
visória), todos do Estatuto do Desarmamento, por ofensa ao princípio da proporcionalidade. 
Em suma, a maioria os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são de mera conduta 
ou simples atividade, sendo desproporcional compará-los aos crimes hediondos e asseme-
lhados, ao vedar a liberdade provisória com ou sem fixação de fiança (liberdade provisória 
vedada ou proibida). Mesmo com a declaração de inconstitucionalidade, em 2007, o Cespe 
reproduziu na prova de agente da PF em 2009, o parágrafo único do art. 14 do referido Esta-
tuto. A assertiva constou como anulada no gabarito definitivo.
Outro detalhe interessante: 10 anos depois do julgamento da Adin n. 3.112-1, o legislador 
tornou hediondo o crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 do 
Estatuto), tornando-o hediondo. E a tendência de recrudescimento da lei foi reforçada com 
o Pacote Anticrime, que incluiu no rol ainda os crimes de comércio ilegal de arma de fogo 
(art. 17) e de tráfico internacional de armas (art. 18).
Vejamos a ementa da decisão proferida pelo pleno do STF:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 10.826/2003. ESTATUTO 
DO DESARMAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL AFASTADA. INVASÃO DA 
COMPETÊNCIA RESIDUAL DOS ESTADOS. INOCORRÊNCIA. DIREITO DE PROPRIEDADE. 
INTROMISSÃO DO ESTADO NA ESFERA PRIVADA DESCARACTERIZADA. PREDOMI-
NÂNCIA DO INTERESSE PÚBLICO RECONHECIDA. OBRIGAÇÃO DE RENOVAÇÃO PERI-
ÓDICA DO REGISTRO DAS ARMAS DE FOGO. DIREITO DE PROPRIEDADE, ATO JURÍDICO 
PERFEITO E DIREITO ADQUIRIDO ALEGADAMENTE VIOLADOS. ASSERTIVA IMPROCE-
DENTE. LESÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E 
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. AFRONTA TAMBÉM AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. 
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ARGUMENTOS NÃO ACOLHIDOS. FIXAÇÃO DE IDADE MÍNIMA PARA A AQUISIÇÃO DE 
ARMA DE FOGO. POSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO DE REFERENDO. INCOMPETÊNCIA 
DO CONGRESSO NACIONAL. PREJUDICIALIDADE. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE 
PROCEDENTE QUANTO À PROIBIÇÃO DO ESTABELECIMENTO DE FIANÇA E LIBER-
DADE PROVISÓRIA. I – Dispositivos impugnados que constituem mera reprodução de 
normas constantes da Lei n. 9.437/1997, de iniciativa do Executivo, revogada pela Lei 
n.10.826/2003, ou são consentâneos com o que nela se dispunha, ou, ainda, consubs-
tanciam preceitos que guardam afinidade lógica, em uma relação de pertinência, com 
a Lei n. 9.437/1997 ou com o PL n. 1.073/1999, ambos encaminhados ao Congresso 
Nacional pela Presidência da República, razão pela qual não se caracteriza a ale-
gada inconstitucionalidade formal. II – Invasão de competência residual dos Estados 
para legislar sobre segurança pública inocorrente, pois cabe à União legislar sobre 
matérias de predominante interesse geral. III – O direito do proprietário à percepção 
de justa e adequada indenização, reconhecida no diploma legal impugnado, afasta a 
alegada violação ao art. 5º, XXII, da Constituição Federal, bem como ao ato jurídico 
perfeito e ao direito adquirido. IV – A proibição de estabelecimento de fiança para os 
delitos de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” e de “disparo de arma de 
fogo”, mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta, que não se 
equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à proprie-
dade. V – Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados 
nos arts. 16, 17 e 18. Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não 
autoriza a prisão ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da obri-
gatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária 
competente. VI – Identificação das armas e munições, de modo a permitir o rastrea-
mento dos respectivos fabricantes e adquirentes, medida que não se mostra irrazo-
ável. VII – A idade mínima para aquisição de arma de fogo pode ser estabelecida por 
meio de lei ordinária, como se tem admitido em outras hipóteses. VIII – Prejudicado 
o exame da inconstitucionalidade formal e material do art. 35, tendo em conta a rea-
lização de referendo. IX – Ação julgada procedente, em parte, para declarar a incons-
titucionalidade dos parágrafos únicos dos arts. 14 e 15 e do art. 21 da Lei n. 10.826, 
de 22 de dezembro de 2003. (grifos nossos)
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Até 1997, o porte de arma era contravenção penal (art. 19 da LCP). Em 1997, entrou em 
vigor a Lei das Armas de Fogo (Lei n. 9.437/1997), que transformou o porte de arma de fogo 
em crime, cominando a mesma sanção à posse.
Em 2003, entrou em vigor o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), mantendo a 
posse e o porte como crimes.
A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, 
é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de 
fogo de uso restrito. A autorização de porte de arma de fogo perderá automaticamente sua 
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito 
de substâncias químicas ou alucinógenas.
É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos 
previstos em legislação própria e para: os integrantes das Forças Armadas; os integrantes 
de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; os integrantes 
das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 
habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento da lei em estudo; os integrantes 
das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000 habitantes, 
quando em serviço; os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agen-
tes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência 
da República; os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, 
da Constituição Federal; os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, 
osintegrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; empresas de segurança priva-
da e de transporte de valores constituídas, nos termos da lei em comento; para os integrantes 
das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o 
uso de armas de fogo, na forma do regulamento da lei, observando-se, no que couber, a legis-
lação ambiental; integrantes das carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Audi-
toria-Fiscal do Trabalho, cargos de auditor-fiscal e analista tributário; os Tribunais do Poder 
Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e 
dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente 
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estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo 
Conselho Nacional de Justiça – CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP.
Sobre os esportistas, vale a pena ler o julgado da 6ª Turma do STJ:
DIREITO PENAL. TIPICIDADE DA CONDUTA NO CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE 
FOGO DE USO PERMITIDO.
É típica (art.  14 da Lei 10.826/2003) a conduta do praticante de tiro desportivo que 
transportava, municiada, arma de fogo de uso permitido em desacordo com os termos 
de sua guia de tráfego, a qual autorizava apenas o transporte de arma desmuniciada. 
De fato, as  armas dos praticantes de tiro desportivo não integram rol dos “registros 
próprios” (art. 2º, § 1º, do Decreto 5.123/2004), ao menos para o fim de lhes ser defe-
rido porte de arma. Dispõe, na verdade, sobre guia de tráfego (art. 30, § 1º, do referido 
Decreto 5.123/2004), licença distinta, a ser expedida pelo Comando do Exército. Poder-
-se-ia alegar que a restrição de se ter que trafegar com a arma desmuniciada não cons-
taria de lei ou regulamento, daí ser ela inócua mesmo que o Exército tenha expedido a 
guia com essa menção. Todavia, o legislador foi extremamente cuidadoso ao consignar, 
claramente, na Lei 10.826/2003, em seu art. 6º, que é “proibido o porte de arma de fogo 
em todo o território nacional”, seguindo-se as ressalvas. Em relação aos atiradores, foi 
autorizado o porte apenas no momento em que a competição é realizada. Nos indis-
pensáveis trajetos para os estandes de tiro não se deferiu porte, mas específica guia 
de tráfego. Daí, a  necessidade de cautelas no transporte. Nesse contexto, em consi-
deração ao fato de que a prática esportiva de tiro é atividade que conta com disciplina 
legal, é plenamente possível o traslado de arma de fogo para a realização de treinos e 
competições, exigindo-se, porém, além do registro, a expedição de guia de tráfego (que 
não se confunde com o porte de arma) e respeito aos termos desta autorização. Não 
concordando com os termos da guia, a lealdade recomendaria que o praticante de tiro 
desportivo promovesse as medidas jurídicas cabíveis para eventualmente modificá-la, 
e não simplesmente que saísse com a arma municiada, ao arrepio do que vem determi-
nando a autoridade competente sobre a matéria, o Exército. RHC 34.579-RS, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/4/2014
Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos, que comprovem depender do em-
prego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar, será concedido, pela 
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http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC+34579
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Polícia Federal, o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma 
de uso permitido, de tiro simples, com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou 
inferior a 16, desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao 
qual deverão ser anexados o documento de identificação pessoal, comprovante de residência 
em área rural, atestado de bons antecedentes.
O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente 
de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de 
arma de fogo de uso permitido.
Uma observação importante: ainda com relação aos residentes em área rural, é importan-
te ressaltar que o Estatuto foi alterado em 2019 para considerar residência ou domicílio toda 
a extensão do respectivo imóvel rural. Com isso, passa a ser possível que a pessoa residente 
em área rural que tenha posse legítima de arma de fogo possa circular armada por toda a 
sua propriedade, independentemente da área. Antes dessa redação, residência era somente 
considerada a casa, e não a propriedade toda. Portanto, se o grande proprietário de terras cir-
culasse com a arma no interior de sua propriedade, mas fora da sua casa, seria crime de porte 
de armas. Agora a conduta passa a ser atípica se a posse for regular.
As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e 
de transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilida-
de e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, 
devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão 
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia 
Federal em nome da empresa.
Análise do Art. 14
Dispõe o art. 14 do Estatuto do Desarmamento:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório 
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
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Sujeito ativo: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
A pena será aumentada da metade se o crime for praticado por integrante dos órgãos e 
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º do Estatuto do Desarmamento, nos termos do art. 20, 
I, da Lei n. 10.826/2003. A causa de aumento também será aplicada se o sujeito ativo for rein-
cidente específico em crimes dessa natureza (v. art. 20, II).
Sujeito passivo: é a coletividade.
Cuida-se de tipo misto alternativo (prevê várias condutas). É  também conhecido como 
tipo de conduta múltipla, de conduta variada ou plurinuclear. Se forem cometidas no mesmo 
contexto fático, será crime único. Por exemplo, o indivíduo que está portando em via pública 
duas armas de fogo de uso permitido, responderá apenas por um crime.
Elemento normativo: sem autorização ou em desacordo com determinação legal. O sujei-
to ativo não porta a arma de fogo de acordo com o Estatuto do Desarmamento.
1.5. dIFerença do CrIme de Porte Ilegal de arma de Fogo (art. 14) 
Para o CrIme de Posse Irregular de arma de Fogo (art. 12)
Ambos têm como objetos materiais armas de fogo, munição e acessórios de uso permitido.
Cuidado para não confundir posse irregular de arma de fogo com o porte ilegal de arma de 
fogo, pois tais condutas restaram bem delineadas.
A posse consiste em manter a arma de fogo no interior de residência (ou dependência 
desta) ou no local de trabalho. O porte, por sua vez, pressupõe que a arma de fogo esteja fora 
da residência ou local de trabalho.
“Portar arma de fogo desmuniciada configura crime?” Sim, é pacífico tanto no STJ quanto 
no STF.
Em 2012, a 6ª Turma do STJ decidiu:
ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. TIPICIDADE.
A Turma, acompanhando recente assentada, quando do julgamento,por maioria, do 
REsp 1.193.805-SP, manteve o entendimento de que o porte ilegal de arma de fogo é 
crime de perigo abstrato, cuja consumação se caracteriza pelo simples ato de alguém 
levar consigo arma de fogo sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
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– sendo irrelevante a demonstração de efetivo caráter ofensivo. Isso porque, nos termos 
do disposto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei n. 10.826/2003, o legislador teve como 
objetivo proteger a incolumidade pública, transcendendo a mera proteção à incolumi-
dade pessoal, bastando, assim, para a configuração do delito em discussão a probabili-
dade de dano, e não sua ocorrência. Segundo se observou, a lei antecipa a punição para 
o ato de portar arma de fogo; é, portanto, um tipo penal preventivo, que busca minimi-
zar o risco de comportamentos que vêm produzindo efeitos danosos à sociedade, na 
tentativa de garantir aos cidadãos o exercício do direito à segurança e à própria vida. 
Conclui-se, assim, ser irrelevante aferir a eficácia da arma para a configuração do tipo 
penal, que é misto alternativo, em que se consubstanciam, justamente, as condutas que 
o legislador entendeu por bem prevenir, seja ela o simples porte de munição ou mesmo 
o porte de arma desmuniciada. Relativamente ao regime inicial de cumprimento da pena, 
reputou-se mais adequada ao caso a fixação do semiaberto; pois, apesar da reincidên-
cia do paciente, a pena-base foi fixada no mínimo legal – três anos – aplicação direta da 
Súm. n. 269/STJ. HC 211.823-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/3/2012.
Entendendo como crime porte ilegal de munição, vale a pena trazer a colação o seguinte 
julgado da 2ª Turma do STF:
Porte ilegal de arma de fogo e ausência de munição (..)
Em conclusão, a  2ª Turma, por maioria, denegou habeas corpus no qual denunciado 
pela suposta prática do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido pleite-
ava o trancamento de ação penal — v. Informativos 601 e 612. Entendeu-se que, após a 
entrada em vigor da Lei 10.826/2003, a hipótese seria de crime de perigo abstrato, para 
cuja caracterização não importaria o resultado concreto da ação. Aduziu-se que a refe-
rida lei, além de tipificar o simples porte de munição, não exigiria para a configuração do 
crime sob análise que a arma estivesse municiada, de acordo com que se extrairia da 
redação do art. 14 daquele diploma legal. Avaliou-se, ainda, que o trancamento de ação 
penal seria medida reservada a situações excepcionais, como a manifesta atipicidade 
da conduta, a presença de causa de extinção da punibilidade do paciente ou a ausência 
de indícios mínimos de autoria e materialidade delitivas, inocorrentes na espécie. Para 
evitar supressão de instância, não se conheceu da alegação, não apreciada pelo STJ 
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nem pelo tribunal estadual, de que o paciente fora autorizado, por presidente da Corte 
estadual, a portar arma, a qual só não estaria registrada em seu nome porque, à época 
dos fatos, ainda vigoraria o prazo legal para o devido registro. Não obstante, explicitou-
-se que esse prazo, espécie de vacatio legis indireta, teria sido destinado aos proprietá-
rios e possuidores de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 12), e não àqueles acusados 
de porte ilegal (art. 14). Vencido o Min. Celso de Mello, que concedia a ordem por enten-
der destituída de tipicidade penal a conduta imputada ao paciente. HC 96759/CE, rel. 
Min. Joaquim Barbosa, 28.2.2012. (HC-96759)”.
Em 2012, a 5ª Turma do STJ entendeu pela aplicação do princípio da insignificância no 
crime de porte ilegal de munição:
A Turma, por maioria, absolveu o paciente do crime de porte ilegal de munição; ele fora preso com 
um único projétil, sem ter havido apreensão da arma de fogo. O  Min. Relator entendeu que se 
trata de crime de perigo abstrato, em que não importa se a munição foi apreendida com a arma 
ou isoladamente para caracterizar o delito. Contudo, no caso, verificou que não houve lesão ao 
bem jurídico tutelado na norma penal, que visa resguardar a segurança pública, pois a munição 
foi utilizada para suposta ameaça, e não é esse tipo de perigo, restrito a uma única pessoa, que o 
tipo penal visa evitar. E, por se tratar de apenas um projétil, entendeu pela ofensividade mínima da 
conduta, portanto por sua atipicidade. A Min. Maria Thereza de Assis Moura e o Min. Og Fernandes 
também reconheceram a atipicidade da conduta, mas absolveram o paciente sob outro fundamen-
to: o crime de porte de munição é de perigo concreto, ou seja, a munição sem arma não apresenta 
potencialidade lesiva. Precedente citado do STF: HC 96.532-RS, DJe 26/11/2009. HC 194.468-MS, 
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 17/4/2012.
Porte de arma desmontada configura crime previsto no art. 14?
Depende do caso concreto; se possível montá-la rapidamente e municiá-la, pode confi-
gurar o delito.
Já o porte de arma de fogo inapta para efetuar disparos configura crime impossível.
Sobre a arma de fogo danificada, vale a pena ler o julgado da 5ª Turma do STJ:
DIREITO PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E CONCEITO TÉCNICO DE ARMA 
DE FOGO.
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Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento 
apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar 
quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. De 
fato, tem-se como típica a conduta de portar arma de fogo sem autorização ou em des-
conformidade com determinação legal ou regulamentar, por se tratar de delito de perigo 
abstrato, cujo bem jurídico protegido é a incolumidade pública, independentemente da 
existência de qualquer resultado naturalístico. Nesse passo, a classificação do crime de 
porte ilegal de arma de fogo como de perigo abstrato traz, em seu arcabouço teórico, 
a presunção, pelo próprio tipo penal, da probabilidade de vir a ocorrer algum dano pelo 
mau uso da arma. Com isso, flagrado o agente portando um objeto eleito como arma 
de fogo, temos um fato provado – o porte do instrumento – e o nascimento de duas 
presunções, quais sejam, de que o objeto é de fato arma de fogo, bem como tem poten-
cial lesivo. No entanto, verificado por perícia que o estado atual do objeto apreendido 
não viabiliza sequer a sua inclusão no conceito técnico de arma de fogo, pois quebrado 
e, consequentemente, inapto para realização de disparo, não há como caracterizar o 
fato como crime de porte ilegal de arma de fogo. Nesse caso, tem-se, indubitavelmente, 
o  rompimento da ligação lógica entre o fato provado e as mencionadas presunções. 
AgRg no AREsp 397.473-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/8/2014.
Sobre a necessidade de realização de exame pericial na arma de fogo, com a finalidade de 
se determinar sua capacidade de efetuar disparos, a 1ª Turma do STF decidiu que:
Porte Ilegal de Arma de Fogo e Exame Pericial
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da 
União em favor de condenado pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo (Lei 
n. 9.437/1997, art. 10) no qual se sustentava a necessidade de exame pericial para a 
configuração do delito. Alegava que, embora a perícia tivesse sido feita na arma de fogo 
apreendida, esta fora realizada por policiais que atuaram no inquérito e sem qualificação 
necessária. Reputou-se que eventual nulidade do exame pericialna arma não descarac-
terizaria o delito atualmente disposto no art. 14, caput, da Lei n. 10.826/2003, quando 
existir um conjunto probatório que permita ao julgador formar convicção no sentido da 
existência do crime imputado ao réu, bem como da autoria do fato. Salientou-se, ainda, 
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http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=AREsp+397473
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que os policiais militares, conquanto não haja nos autos a comprovação de possuírem 
curso superior, teriam condições de avaliar a potencialidade lesiva da arma. Registrou-
-se, contudo, que a sentença condenatória sequer se baseara na perícia feita por esses 
policiais, mas sim na declaração do próprio paciente que, quando interrogado, dissera 
que usava aquela arma para a sua defesa pessoal, demonstrando saber de sua poten-
cialidade. Vencido o Min. Marco Aurélio, que deferia o writ por considerar que o laudo 
pericial, ante o teor do art. 25 da Lei n. 10.826/2003 [As armas de fogo apreendidas, após 
a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem 
à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, 
no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos 
de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.], seria 
formalidade essencial, que deveria ser realizada por técnicos habilitados e não por poli-
ciais militares. Precedente citado: HC n. 98.306/RS (DJE de 19/11/2009, 2ª Turma). HC 
n. 100.008/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, 18/5/2010. (HC-10.008).
“Porte de munição configura crime?” Sim, pois é crime de perigo abstrato (aquele cuja 
existência dispensa a demonstração efetiva de que a vítima ficou exposta a uma situação 
concreta de risco, STJ – Recurso Especial n. 803.824, 6ª Turma).
Há quem defenda que, pelo simples fato de portar acessório ou munição, já há configura-
ção de crime, com mais razão se punirá quem estiver com uma arma de fogo sem munição. 
Para nós, é crime portar munições de arma de fogo.
Sobre o porte ilegal de munição, decidiu o STJ:
Trata-se da necessidade ou não de comprovação da potencialidade lesiva para confi-
guração do delito de porte ilegal de munição. Nas instâncias ordinárias, o juiz condenou 
o ora recorrido, como incurso no art. 14 (caput) da Lei n. 10.826/2003, a dois anos de 
reclusão em regime aberto e 10 dias-multa, substituída a sanção por duas medidas res-
tritivas de direitos, mas o Tribunal a quo proveu sua apelação, absolvendo-o. Daí que o 
MP estadual interpôs o REsp, afirmando que o porte de munição sem autorização e em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar não depende da comprovação da 
potencialidade lesiva da munição, tal como é, também, no caso da presença de arma de 
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fogo. O Min. Relator, invocando precedente do STF. Consta HC n. 93.876-RJ, 1ª Turma, 
julgado em 28/4/2009, ainda não publicado, entendeu que se está diante de crime de 
perigo abstrato, de forma que tão só o comportamento do agente de portar munição sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar é suficiente para 
a configuração do delito em debate. Observou, ainda, que não via previsão típica em que 
o legislador tenha desejado a análise caso a caso da comprovação de que a conduta do 
agente produziu concretamente situação de perigo. Porém, essa posição ficou vencida 
após a divergência inaugurada pelo Min. Nilson Naves, que concluiu pela atipicidade da 
conduta, conforme posição similar ao porte de arma sem munição, que, por não possuir 
eficácia, não pode ser considerada arma. Precedente citado: HC n. 70.544-RJ, 6ª Turma, 
DJe 3/8/2009. REsp n. 1.113.247-RS, Rel. originário Min. Haroldo Rodrigues (Desembar-
gador convocado do TJ-CE), Rel. para acórdão Min. Nilson Naves, 6ª Turma, julgado em 
15/9/2009.
A consumação do art. 14 se dá com a prática de uma das duas condutas.
A conduta ter em depósito torna o crime permanente.
É possível tentativa no art. 14? Em determinadas condutas, é possível a tentativa, como, 
por exemplo, tentar adquirir.
Objeto material: arma de fogo em perfeita condição de uso. Logo, para nós, indispensável 
a perícia. O STJ já disse que o exame pericial é dispensável (AgRg no Resp. n. 917.040-SC, 6ª 
Turma, Rel. Min. Paulo Gallotti, julg. em 29/4/2008).
No mesmo sentido, a 1ª Turma do STF decidiu que:
Porte Ilegal de Arma de Fogo e Exame Pericial
Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus – impe-
trado em favor de condenado pela prática do delito de porte ilegal de arma de fogo de 
uso permitido (Lei n. 10.826/2003, art. 14) – no qual se sustentava a indispensabilidade 
de exame pericial válido na arma apreendida. Salientou-se a peculiaridade do caso, pois 
o próprio paciente confirmara, em juízo, que havia comprado a pistola. Asseverou-se, 
inclusive, que o paciente fora preso por ter feito uso da arma – em suposto crime contra 
a vida –, e que ela se mostrara eficaz. Vencido o Min. Marco Aurélio, relator, que concedia 
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a ordem por entender indispensável a feitura de perícia quando da apreensão de armas 
de fogo. Acrescentava que o CPP revelaria impedimentos relativamente à atuação dos 
peritos e que, assim, a um só tempo, o policial não poderia exercer atividade que lhe 
fosse inerente e atuar como perito. HC n. 96.921/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
acórdão Min. Dias Toffoli, 14/9/2010. (HC n. 96.921)
O homicídio absorve o crime do art. 14 do Estatuto do Desarmamento?
Primeira corrente: responde sempre pelos dois crimes, porque os tipos penais protegem 
bens jurídicos distintos. O crime de homicídio protege o bem jurídico vida, enquanto o crime 
de disparo protege a coletividade.
Segunda corrente: se o crime de porte de arma foi praticado apenas para a execução do 
homicídio, ou seja, se foi fase normal e necessária para a execução do delito, ficará absorvido, 
tendo em vista o princípio da consunção. No caso, o porte de arma seria crime-meio para a 
prática do delito de homicídio.
É o posicionamento da 6ª Turma do STJ, vejamos:
CONSUNÇÃO. PORTE ILEGAL. ARMA DE FOGO.
Em habeas corpus, o impetrante defende a absorção do crime de porte ilegal de arma 
de fogo pelo crime de homicídio visto que, segundo o princípio da consunção, a primeira 
infração penal serviu como meio para a prática do último crime. Explica o Min. Rela-
tor que o princípio da consunção ocorre quando uma infração penal serve inicialmente 
como meio ou fase necessária para a execução de outro crime. Logo, a aplicação do 
princípio da consunção pressupõe, necessariamente, a análise de existência de um nexo 
de dependência das condutas ilícitas para verificar a possibilidade de absorção daquela 
infração penal menos grave pela mais danosa. Assim, para o Min. Relator, impõe-se que 
cada caso deva ser analisado com cautela, deve-se atentar à viabilidade da aplicação do 
princípio da consunção, principalmente em habeas corpus, em que nem sempre é possí-
vel um profundo exame dos fatos e provas. No entanto, na hipótese, pela descrição dos 
fatos na instrução criminal, na pronúncia e na condenação, não há dúvida de que o porte 
ilegal de arma de fogo serviu de meio para a prática do homicídio. Diante do exposto, 
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a Turma concedeu a ordem para, com fundamento no princípio da consunção, excluir o 
crime de porte de arma de fogo da condenação do paciente. Precedentes citados: REsp. 
n. 570.887-RS, DJ 14/2/2005; HC n. 34.747-RJ, DJ 21/11/2005, e REsp. n. 232.507-DF, 
DJ 29/10/2001. HC n. 104.455-ES, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2010.
1.6. dIsParo de arma de Fogo
Rege o art. 15 da lei em estudo:
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em 
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de 
outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Grifo nosso)
Sujeito ativo: é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).
A pena será aumentada da metade se o crime for praticado por integrante dos órgãos e 
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º do Estatuto do Desarmamento (art. 20, I). O Pacote 
Anticrime acrescentou ainda como causa de aumento se o sujeito ativo for reincidente espe-
cífico em crimes dessa natureza (art. 20, II).
Elemento espacial: lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção 
a ela.
A quantidade de disparos é irrelevante, configurará um só crime. Será importante para a 
fixação da pena-base no momento da dosimetria da pena.
Elemento subjetivo: é crime doloso.
Consumação: com mero disparo ou acionamento da munição.
Tentativa é possível, embora de difícil configuração prática.
E se o agente teve a finalidade de praticar homicídio com o disparo?
Primeira corrente: há concurso de crimes, por haver bens jurídicos distintos em jogo.
Segunda corrente: responde pelo homicídio, por ser crime mais grave. É  a corrente da 
qual partilhamos, até porque a leitura da parte final do dispositivo permite que se chegue a tal 
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conclusão. O disparo de arma de fogo é um crime claramente subsidiário, ou seja, o agente só 
deve responder por tal delito, na falta da incidência de uma norma penal mais grave.
Com a inclusão do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16) 
no rol previsto no art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos, possivelmente os posicionamentos 
adotados serão revistos. Tal assunto não pode ser cobrado em provas objetivas por ser dis-
cutível.
O art. 15, parágrafo único, que veda a concessão de fiança, também foi declarado incons-
titucional pelo STF na ADI n. 3.112 (02/05/2007, Tribunal Pleno). O fundamento dado a essa 
inconstitucionalidade é que, por ser crime de mera conduta, é desproporcional e desarrazoa-
do compará-lo com os crimes hediondos.
1.7. Posse ou Porte Ilegal de arma de Fogo de uso restrIto
Dispõe o art. 16 do Estatuto do Desarmamento:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
A redação original falava em arma, acessório ou munição “de uso proibido ou restrito”, 
mas o Pacote Anticrime optou por dar um tratamento mais rigoroso às armas de fogo de uso 
proibido, de modo que, em se tratando de armas desta natureza haverá a qualificadora do 
§ 2º, que veremos adiante.
Trata-se de crime hediondo, conforme art. 2º, parágrafo único, II da Lei n. 8.072/90. O Pa-
cote Anticrime alterou a Lei de Crimes Hediondos para inserir novas hipóteses de crimes con-
siderados hediondos. Ao fazê-lo, no entanto, cometeu uma imprecisão ao se referir ao art. 16. 
Isso porque mencionou como hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de 
uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/2003. Ocorre que o nomen juris do art. 16 diz 
respeito a arma de fogo de uso restrito, tendo a sua conduta tipificada no caput, sendo que as 
mesmas condutas quando recaírem sobre as armas de uso proibido, estará caracterizada a 
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forma qualificada do § 2º. Pra resumir, acreditamos que a jurisprudência vai considerar todo 
o art. 16 como hediondo, e não apenas o § 2º. Com certeza não foi a intenção do legislador 
deixar as condutas do caput de fora, já que elas já eram consideradas hediondas na redação 
anterior. Mas anote e fique atento(a) a isso no futuro.
O legislador pune com mesma pena quem possui ou porta ilegalmente arma de fogo, 
acessório ou munição de uso restrito.
O objeto material é a arma de fogo de uso restrito, que é aquela de uso exclusivo das For-
ças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, 
devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.
Trata-se de norma penal em branco heterogênea, pois, para haver eficácia, depende da 
complementação de um ato administrativo.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Trata-se de um crime comum.
• Sujeito passivo: coletividade.
• Elemento subjetivo: dolo
• Objeto jurídico: incolumidade pública
• Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito.
1.7.1. Análise § 1º do Art. 16. Condutas equiparadas
O § 1º do art. 16 da lei em estudo tem como objeto material tanto armas de uso restrito 
quanto as permitidas. São tipos penais autônomos em relação ao do caput:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou 
artefato;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: coletividade.
• Elemento subjetivo: dolo.
• Objeto jurídico: incolumidade pública.
• Objeto material: arma de fogo ou artefato.
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Trata-se de um inciso que dificilmente é cobrado em provas de concursos públicos. Deve 
ser observado que quem porta ou possui a arma de fogo com numeração raspada não é ne-
cessariamente quem a alterou ou suprimiu.
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo 
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade 
policial, perito ou juiz;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: coletividade, secundariamente a autoridade policial, perito ou o juiz.
• Elemento subjetivo: dolo.
O criminoso tem a intenção de modificar a arma, com o fim de:
−	 transformar de permitida em restrita ou proibida;
−	 induzir a erro o juiz, o perito e autoridade policial.
Não se aplica o dispositivo penal de fraude processual, mas sim esse inciso II do § 1º do 
art. 16. Por ser crime formal, o crime se consuma com a simples modificação apta a iludir, 
ainda que não induza a erro a vítima.
A tentativa é possível; por exemplo, a pessoa é surpreendida tentando fazer a modificação.
• Objeto jurídico: incolumidade pública.
• Objeto material: arma de fogo.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: coletividade.
• Elemento subjetivo: dolo.
É possível a tentativa nas modalidades fabricar e empregar.
Esse dispositivo derrogou (revogação parcial) o crime do art. 253 do CP, na parte que trata 
de artefato explosivo ou incendiário.
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• Objeto jurídico: incolumidade pública
• Objeto material: qualquer objeto produzido industrialmente explosivo ou incendiário.
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
O Estatuto do Desarmamento não distinguiu a conduta de portar ou possuir arma de fogo 
“raspada”.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. No caso, a arma já está adulterada. O inciso I pune quem 
adultera.
E se o agente que raspou é o mesmo que porta?
Responderá somente pelo inciso I. Conclusão: o inciso IV admite como sujeito ativo qual-
quer pessoa, com exceção daquela que adulterou.
• Sujeito passivo: a coletividade
• Elemento subjetivo: dolo.
• Objeto jurídico: incolumidade pública.
• Objeto material: arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de iden-
tificação raspado, suprimido ou adulterado.
Segundo o STJ:
[...] aquele que está na posse de arma de fogo com numeração raspada tem sua conduta tipificada 
no art. 16, parágrafo único, IV, e não no art. 12, caput, da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o calibre 
do armamento corresponda a uma arma de fogo de uso permitido. (Resp n. 1.036.597-RJ, Rel. Min. 
Felix Fischer, julg. em 21/8/2008, 5ª Turma – Info. n. 364),
A 1ª Turma do STF já decidiu:
Porte Ilegal de Arma de Fogo com Sinal de Identificação Raspado
Para a caracterização do crime previsto no art.  16, parágrafo único, IV, da Lei 
n. 10.826/2003, é irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando 
que o identificador esteja suprimido. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu 
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habeas corpus em que condenado pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo 
com numeração raspada (Lei n. 10.826/2003, art. 16, parágrafo único, IV) pleiteava a 
desclassificação da conduta que lhe fora imputada para a figura do porte ilegal de arma 
de fogo de uso permitido (Lei n. 10.826/2003, art. 14). Sustentava a impetração que, se 
a arma de fogo com numeração raspada é de uso permitido, configurar-se-ia o delito 
previsto no art. 14 e não o do art. 16, parágrafo único, IV, ambos do Estatuto do Desarma-
mento. Observou-se que, no julgamento do RHC n. 89.889/DF (DJE 5/12/2008), o Plená-
rio do STF entendera que o delito de que trata o mencionado inciso IV do parágrafo único 
do art. 16 do Estatuto do Desarmamento tutela o poder-dever do Estado de controlar as 
armas que circulam no país, isso porque a supressão do número, da marca ou de qual-
quer outro sinal identificador do artefato potencialmente lesivo impediria o cadastro, 
o controle, enfim, o rastreamento da arma. Asseverou-se que a função social do refe-
rido tipo penal alcançaria qualquer tipo de arma de fogo e não apenas de uso restrito ou 
proibido. Enfatizou-se, ademais, ser o delito de porte de arma com numeração raspada 
delito autônomo – considerado o caput do art. 16 da Lei n. 10.826/2003 – e não mera 
qualificadora ou causa especial de aumento de pena do tipo de porte ilegal de arma de 
uso restrito, figura típica esta que, no caso, teria como circunstância elementar o fato de 
a arma (seja ela de uso restrito, ou não) estar com a numeração ou qualquer outro sinal 
identificador adulterado, raspado ou suprimido. HC n. 99.582/RS, rel. Min. Carlos Britto, 
8/9/2009.
E ainda:
[...] o tipo do inciso IV do parágrafo único do art. 16 [...] é um tipo novo [...]. Assim, a nova 
figura teria introduzido cuidado penal inédito do tema, tipificando o portar, possuir ou 
transportar a arma com a supressão ou alteração de número de série ou de outro sinal 
de sua identificação, independentemente, de arma de fogo ser uso restrito, proibido ou 
permitido, tendo por objeto jurídico, além da incolumidade, a segurança pública, ênfase 
especial dada ao controle pelo Estado das armas de fogo existentes no país, pelo que o 
relevo ao municiamento ou não da munição da arma que se põe nos tipos previstos no 
caput do arts. 14 e 16 (RHC n. 89.889/DF, Pleno, Rel. Min. Cármem Lúcia, 14/2/2008 – 
Info. n. 494)
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Tema importante para a prova objetiva da Polícia Federal é a questão da observação do 
prazo de aplicação do instituto abolitio criminis ao delito de posse de arma de fogo com nu-
meração raspada. Vejamos o que dispõe a Súmula n. 513 do STJ:
A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma 
de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou 
explosivo a criança ou adolescente;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. O criminoso deve ter ciência de que está vendendo uma 
arma de fogo para um menor.
• Sujeito passivo: coletividade e secundariamente os menores de 18 anos.
• Elemento subjetivo: dolo.
• Objeto jurídico: a incolumidade pública e secundariamente a integridade física do 
menor.
• Objeto material: arma de fogo, acessório, munição ou explosivo.
É admissível a modalidade tentada.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni-
ção ou explosivo.
É importante ressaltar que o § 4º do art. 23 do Estatuto do Desarmamento rege que as ins-
tituições de ensino policial e as guardas municipais referidas nos incisos III e IV do caput do 
art. 6º da lei e no seu § 7º está disposto que poderão adquirir insumos e máquinas de recarga 
de munição para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante autorização 
concedida nos termos definidos em regulamento.
• Objeto material: munição ou explosivo.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: coletividade.
• Elemento subjetivo: dolo.
É possível a tentativa em todas as condutas.
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É importante você memorizar que às condutas do art. 16 também se aplicam as causas 
de aumento do art. 20, I e II. Ou seja, a pena aumenta-se da metade se o crime é praticado 
por integrante dos órgãos públicos e empresas privadas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º ou se o 
agente é reincidente específico em crimes dessa natureza.
1.8. análIse do § 2º. Forma QualIFICada
Dispõe o § 2º do art. 16:
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso 
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Trata-se de novidade do Pacote Anticrime! Antes dessa redação não havia esse tratamen-
to mais rigoroso às armas de fogo de uso proibido. A diferenciação entre armas de uso per-
mitido, restrito e proibido é feita pelo art. 2º do Decreto n. 9.847/2019. Geralmente, as provas 
não chegam a cobrar detalhes técnicos dos calibres e especificações das armas de fogo de 
uso permitido, restrito ou proibido, pois esses detalhes normalmente são dados pelo próprio 
enunciado. Mas é bom você lembrar que o referido Decreto de 2019 flexibilizou esses critérios, 
ampliando o rol de armas de fogo de uso permitido, caracterizando novatio legis in mellius. De 
um lado, o Decreto amplia o rol de armas de fogo de uso permitido, de outro, o Pacote Anticri-
me recrudesce as penas para o porte ilegal de armas de uso proibido.
1.9. ComérCIo Ilegal de arma de Fogo
Dispõe o art. 17 da lei em tela:
Art. 17. Adquirir, alugar, receber,transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, 
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 12 (oito) anos, e multa.
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de 
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em 
residência.
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§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfar-
çado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Primeiramente, cabe ressaltar que a redação transcrita está de acordo com o Pacote Anti-
crime, que produziu duas alterações importantes no dispositivo: aumentou os limites de pena 
mínima e máxima cominados para esse tipo penal e inseriu o § 2º para conferir respaldo legal 
à atividade de policial disfarçado.
Sujeito ativo: é crime próprio. O agente deve ser comerciante de armas ou industrial que 
as produz. Se a venda for feita por particular, responderá pelo crime previsto no art. 14, se 
arma de fogo, acessório ou munição for de uso permitido, ou pelo art. 16, se de uso restrito. 
Se vender para o exterior (tráfico), responderá pelo crime previsto no art. 18, também não im-
portando se a arma de fogo, acessório ou munição é de uso permitido ou restrito.
A pena será aumentada da metade se o crime for praticado por integrante dos órgãos e 
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º do Estatuto do Desarmamento, conforme art. 20, I, do 
Estatuto. O Pacote Anticrime inseriu ainda como causa de aumento de pena a hipótese de o 
sujeito ativo ser reincidente específico em crimes dessa natureza (art. 20, II).
Não é crime habitual, a habitualidade é do comércio, e não da venda ilegal de arma.
• Sujeito passivo: a coletividade.
• Elemento subjetivo: trata-se de crime doloso.
É possível a figura tentada em tese, porém de difícil ocorrência na prática.
• Objeto jurídico: incolumidade pública.
• Objeto material: arma de fogo de uso restrito, permitido ou proibido.
A pena será aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso 
proibido ou restrito, nos termos do art. 19 do Estatuto.
O comércio ilegal de armas também estará configurado se o sujeito ativo entregar arma 
de fogo, acessório ou munição a agente policial disfarçado. É a redação do § 2º do art. 17, 
acrescida pelo Pacote Anticrime. O dispositivo exige ainda que haja elementos probatórios 
razoáveis de conduta criminal preexistente. Ou seja, no curso da investigação deve haver um 
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conjunto indiciário robusto da prática de outros crimes. Não haverá crime de comércio ilegal 
se o flagrante se der unicamente com base na ação do policial disfarçado. O dispositivo veio 
para legitimar a técnica de investigação do policial disfarçado, que é distinta do procedimento 
de infiltração de agente da Lei das Organizações Criminosas, que é muito mais complexo e 
exige maior planejamento e controle.
Com o Pacote Anticrime, o comércio ilegal de armas de fogo do art. 17 do Estatuto passa a 
constar do rol de crimes hediondos. Isso com certeza será cobrado em provas!
1.10. tráFICo InternaCIonal de arma de Fogo
Dispõe o art. 18 do Estatuto do Desarmamento:
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de 
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 8 (quatro) a 16 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou mu-
nição, em operação de importação, sem autorização de autoridade competente, a agente policial 
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Aqui você também deve ficar atento(a) com as mudanças do Pacote Anticrime. Primeiro, 
o crime teve a sua pena duplicada com a nova redação (antes era reclusão de 4 a 8 anos), 
revelando uma forte reação do legislador ao aumento do tráfico de armas. Segundo, aqui 
também foi introduzido dispositivo referente à ação do policial disfarçado (parágrafo único).
• Sujeito ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. A pena será 
aumentada da metade se o crime for praticado por integrante dos órgãos e empresas re-
feridas nos arts. 6º, 7º e 8º do Estatuto do Desarmamento. A causa de aumento também 
será aplicada se o sujeito ativo for reincidente específico em crimes dessa natureza.
• Sujeito passivo: é a coletividade.
• Elemento subjetivo: é o dolo.
• Objeto jurídico: incolumidade pública.
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Sérgio Bautzer
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
• Objeto material: arma de fogo, acessório ou mu nição. A pena será aumentada da me-
tade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito, nos 
termos do art. 19.
A competência para julgamento do crime de tráfico internacional de arma de fogo, aces-
sório ou munição é da Justiça Federal.
Cuidado: também compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de porte ilegal de 
arma de fogo de procedência estrangeira.
Nas condutas importar ou exportar, o crime é material.
Na conduta de favorecer a entrada ou saída do território nacional, o crime é formal, pois 
basta que ocorra o favorecimento, ainda que não haja a efetiva entrada ou saída das armas, 
acessórios ou munições.
É admissível a tentativa, se for possível o fracionamento do iter criminis.
Vale lembrar que 1ª Turma do STF entendeu que não é cabível o princípio da insignificân-
cia no crime de tráfico internacional de munição, conforme se depreende da leitura do Infor-
mativo n. 606:
A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia a aplicação do 
princípio da insignificância para trancar ação penal instaurada contra o paciente, pela 
suposta prática do crime de tráfico internacional de munição (Lei n.10.826/2003, art. 18). 
A defesa sustentava que seria objeto da denúncia apenas a apreensão de 3 cápsulas 
de munição de origem estrangeira, daí a aplicabilidade do referido postulado. Aduziu-
-se que o denunciado faria do tráfico internacional de armas seu meio de vida e que 
teriam sido encontrados em seu poder diversos armamentos e munições que, em situ-
ação regular, não teriam sido objeto da peça acusatória. Nesse sentido, não se poderia 
cogitar da mínima ofensividade da conduta ou da ausência de periculosidade social da 
ação, porquanto a hipótese seria de crime de perigo abstrato, para o qual não importa-
ria o resultado concreto. Vencido o Min. Marco Aurélio, que deferia a ordem por reputar 
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Sérgio Bautzer
Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
configurado no caso o crime de bagatela, tendo em vista que a imputação diria respeito 
tão somente às 3 cápsulas de origem estrangeira, mas não a todo o material apreendido.
HC n. 97.777/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26/10/2010. (HC n. 97.777).
Destacamos ainda que, com o Pacote Anticrime, foi introduzido o parágrafo único, pelo 
qual o crime se configura em ação

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