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Resumo Ferrugens - Fitopatologia - Agrios 2005

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Agronomia – Fitopatologia – 
Autor: Gabriel Cubas Castro – 
Resumo da seção “Ferrugens” 
livro Plant Pathology, Agrios, 
2005.
 
Ferrugens 
Ferrugens são tipos de doenças causada por fungos do filo Basidiomycota, da ordem 
Uredinales, e, segundo a classificação de George McNew, se enquadram no grupo IV, 
que estão entre as aquelas que interferem no processo fotossintético das plantas. As 
ferrugens, portanto, são causadas por patógenos altamente específicos que atacam 
determinada família botânica, ou até certas variedades de uma espécie, e, como será 
abordado no presente resumo, apresentam uma enorme importância agronômica. 
Por ser uma doença que tipicamente interfere na capacidade fotossintética das plantas 
infectadas, o ataque desses fungos ocorre em folhas e caules, e como características 
gerais, esse tipo de doença apresenta pústulas nas áreas infectadas, formando 
inúmeras pontuações de aspecto pulvurulento, geralmente com coloração alaranjada, 
amarelada ou até mesmo esbranquiçada, daí vem a relação com materiais 
enferrujados, que originou o nome popular desse tipo de patologia. 
Os diferentes tipos de ferrugens pertencem a alguns gêneros e são capazes de 
infectar diversas espécies de plantas, sendo mais ou menos notáveis quanto à 
importância agrícola, dependendo da espécie vegetal hospedeira. A seguir são 
listados os principais gêneros, com os respectivos hospedeiros: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As espécies de fungos que são morfologicamente iguais, porém que infectam 
diferentes espécies, recebem na classificação a alcunha f. sp., ou seja formae 
Puccinia: Talvez o gênero de maior importância agrícola, que engloba espécies 
responsáveis pelas ferrugens em gramíneas, como P. graminis, causadora da 
ferrugem do colmo (em trigo) e outras pequenas gramíneas; P. striiformis, 
causadora de ferrugem em centeio; P. hordei, em cevada; P. polysora, em milho; 
outras espécies do gênero são especializadas para sorgo, cana-de-açúcar e até 
mesmo em algodão (apesar de esta espécie não pertencer à família das 
gramíneas); 
Hemileia: Causadora de uma ferrugem devastadora em cafezais, H. vastatrix; 
Uromyces: Que abarca espécies causadoras de ferrugens em leguminosas, como 
U. appendiculatus, ocasiona a ferrugem do feijoeiro; 
Phakopsora: Gênero de P. pachyrhizi, causadora da ferrugem em plantas de soja, 
com potencial catastrófico; 
Tranzschelia: Causa ferrugem do pessegueiro, T. discolor. 
specialis, para fim de distinção, por exemplo: Puccinia graminis f. sp. tritici, para trigo e 
P. graminis f. sp. hordei, para cevada. 
Quanto ao tipo de vida, as ferrugens são parasitas obrigados, apesar de já existirem 
meios de cultura específicos para o seu crescimento in vitro. A maioria das espécies 
produz cinco tipos estruturas de frutificação que originarão cinco tipos de esporos 
distintos, em uma sequência definida. Todos os fungos de ferrugens produzem 
teliósporos e basidiósporos, os fungos de ferrugens que apenas produzem esses dois 
tipos, são chamados microcíclicos ou de ciclo curto. Os outros tipos de fungos de 
ferrugens, além dos dois tipos supracitados, também produzem espermácias, 
eciósporos e uredósporos (= urediniósporos ou uredinósporos). Esses fungos causam 
ferrugens macrocíclicas. Alguns fungos macrocíclicos apresentam ausência de 
espermácias, uredósporos, ou ambos, em seu ciclo. 
Cada tipo de esporo é formado em estruturas de frutificação distintas e elas são: 
Télias formam os teliósporos; basídia, basidiósporos; urédia, urediósporos; 
espermagônia, espermácias e écio, formam eciósporos. 
Os basidiósporos, eciósporos e uredósporos podem infectar plantas hospedeiras, 
enquanto os teliósporos servem apenas como estágio sexual, períodos de hibernação 
(devido sua parede celular ser mais espessa), e quando germinam, originam as 
basídias, que por sua vez dão origem a quatro células haplóides de basdiósporos 
(com pool genético distintos entre si, devido à ocorrência de uma divisão meiótica). Já 
as espermácias, que são originadas nas espermagônias, cumprem a função de 
“gametas masculinos”, fertilizando hifas específicas, ditas receptivas, desde que estas 
não pertençam a mesma espermagônia da espermácia que irá fertilizá-la. Portanto, 
esse tipo de esporo é incapaz de realizar infecção em plantas hospedeiras. O 
resultado da fertilização de uma hifa receptiva por uma espermácia é a origem de uma 
hifa dicariótica (n+n). Esse micélio dicariótico forma écios, que produzem eciósporos, 
estes, quando se espalham no tecido do hospedeiro produzem mais micélios 
dicarióticos, que por sua vez irá originar as urédias. Esse último produz, como já 
mencionado, uredósporos que podem originar mais urédias, ou, perto da fase de 
senescência do hospedeiro, transformam-se em télias e teliósporos, o ciclo, então está 
completo. 
Algumas ferrugens macrocíclicas são capazes de completar seu ciclo em uma única 
espécie hospedeira, a estas se denomina ferrugens autoécia, enquanto aquelas que 
necessitam de duas diferentes espécies hospedeiras para completar seu ciclo se 
denominam ferrugens heteroécias. 
Quanto à forma de dispersão, é mais comum os esporos serem disseminados pelo 
vento, apesar de insetos, animais e chuva desempenharem um papel nessa etapa. 
Alguns esporos são capazes de viajar longíssimas distâncias até encontrar novas 
plantas hospedeiras, um exemplo notável é que há evidências da ferrugem do cafeeiro 
ter chegado da África à América por meio de correntes de ar ascendentes, 
atravessando o oceano atlântico. 
O controle da doença é atingido com a combinação de alguns procedimentos, como a 
resistência genética em algumas variedades, tentativa de remover o hospedeiro 
alternativo, o emprego de fungicidas sistêmicos efetivos contra ferrugens, controle 
biológico, por meio de fungos, bactérias antagonistas ou mesmo de vírus que 
aumentam a resistência à infecção nas plantas. Agrios salienta que nas condições 
tecnológicas atuais, a tentativa de controle sem empregar pelos menos algumas 
dessas técnicas está longe de ser bem sucedida. 
Abaixo, encontra-se o quadro com algumas das principais ferrugens de importância agrícola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Puccinia graminis – Ferrugem do colmo (= ferrugem do trigo) 
O trigo é uma cultura largamente cultivada no mundo, sendo base alimentar de muitas 
civilizações. Devido à importância da cultura, sua ferrugem associada torna-se também 
importante. A ferrugem do colmo causou pandemias devido às perdas de produção 
associadas ao contágio com o patógeno, por exemplo, daquelas ocorridas no continente 
africano. Já nos EUA, estima-se assustadora soma de que mais de um milhão de toneladas 
de trigo são perdidos devido à ferrugem do colmo, anualmente. 
P. graminis é ferrugem macrocíclica, heteroécia, que produz espermagônias e écios em 
bérberi (Berberis vulgaris) e urédias e télias em trigo e outras gramíneas. As pústulas são de 
coloração aranjada, causa raquitismo das plantas e grãos do trigo e quando a infecção é 
severa, há o risco de tombamento das espigas. No Brasil não foi relatado presença de 
espermácias e eciósporos, pois, o bérberi não é uma planta natural da região, a doenças 
dissemina-se e persiste por meio de teliósporos e uredósporos. 
Uromyces appendiculatus – Ferrugem do feijoeiro 
Está presente em todo o globo terrestre, podendo ser severa em regiões tropicais úmidas e 
subtropicais. Se a infecção ocorre nos estágios iniciais de desenvolvimento das plantas, 
pode apresentar perda quase total da produção. 
U. appendiculatus é o patógeno causador da ferrugem, macrocíclica e autoécia, com 
pústulas vermelho-amarronzadas (uredósporos), que frequentemente podem tornarem-se de 
cor amarela e teliósporos de coloração negra. Quando o ataque é severo, as folhas caem, 
deixando a planta fraca de subdesenvolvida, comprometendo sua produção. Apresenta 
grande variedade genética, contendo mais de 300 raças, muitas delas coexistindo na mesma 
área. Seu controledepende do uso de variedades resistentes às raças do patógeno existente 
na área, rotação de culturas com emprego de espécies não hospedeiras, eliminação dos 
restos culturais a fim de reduzir o inóculo no campo e o uso de fungicidas específicos. 
Phakopsora pachyrhiza - Ferrugem da soja 
O gênero causador da ferrugem na soja pode infectar mais de trinta espécies de 
leguminosas e possui a particularidade, pois as ferrugens pertencentes ao gênero 
Phakopsora penetram no tecido foliar diretamente e não via estômatos, como os demais. A 
ferrugem da soja apresenta pústulas vermelho-amarronzadas, podendo ocorrer nas duas 
faces da folha, o ciclo do patógeno aparenta ser microcíclica, sendo observada apenas a 
produção de uredósporos e teliósporos, e autoécia. As perdas pela doença são de 10-50% 
da produção, podendo chegar a 80% em casos extremos. Muitos países mantêm-se alertas e 
apresentam a doença em estado quarentenário, como é o caso dos EUA. Seu controle se dá 
de forma análoga as demais ferrugens, priorizando o uso de variedades resistentes, rotação 
cultural adequada e aplicação de fungicidas específicos para o combate do patógeno. 
 
Imagens:
 Figura 1. Sintomas e sinais da ferrugem do colmo 
(trigo), pústulas laranja em evidência. Retirada de 
Agrios, 2005. p.566. 
 
Figura 2. Teliósporo de Puccinia graminis, note a 
parede celular espessa, esporo bicelular com um 
septo transversal, em que a célula do ápice 
germinará, no período de senescência do 
hospedeiro, e originará o um basídio. Retirada de 
Agrios, 2005. p.568. 
 
Figura 3. Basídio, formando na extremidade 4 
basidiósporos genéticamente distintos. Retirada de 
Agrios, 2005. p. 568. 
 
 
Figura 4. Corte histológico de uma espermagônia de 
um fungo causador de ferrugem. 
 
Figura 5. Urédia e uredóporos de Puccinia graminis, 
micrografia eletrônica de uma pústula de ferrugem 
do trigo. Retirada de Agrios, 2005. p. 569. 
 
Figura 6. Pústulas de ferrugem da soja, causada por 
Phakopsora pachyrhiza . Retirada de Agrios, 2005. 
p. 574. 
 
Figura 7. Pústulas de Uromyces appendicualtus em 
folhas de feijoeiro. Retirado de Agrios, 2005.p.572.

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