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ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 1 CONCURSO PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS Elaborada Rigorosamente Conforme EDITAL 002/2019 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 2 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios........................................................................................................................................03 2. Organização administrativa do estado..............................................................................................09 3. Administração direta e indireta.........................................................................................................11 4. Agentes públicos: espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas, cargo, emprego e função públicos..............................................................................................................................................16 5. Poderes administrativos.....................................................................................................................18 6. Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação...........19 7. Controle a responsabilização da administração: controle administrativo, controle judicial, controle legislativo, responsabilidade civil do Estado....................................................................................25 8. Licitação: princípios, modalidades, dispensa e inexigibilidade........................................................30 ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 3 1.ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA FINS E PRINCIPIOS. A Administração Pública é formada por um conjunto de entidades, pessoas jurídicas, agentes públicos e órgãos públicos que tem por finalidade exercer a função administrativa (planejar, dirigir, organizar e controlar) do Estado, ou seja, obedecer os objetivos do governo, de forma a atingir o bem comum. A palavra administração ad (direção), minister (obediência), vem do latim e significa administrar obedecendo a vontade de uma autoridade. No caso da Administração Pública, o administrador público irá realizar o seu serviço visando atender as necessidades da comunidade que o elegeu para esse cargo. Desde os primórdios da sociedade a administração fez parte do cotidiano dos indivíduos. Na Pré História, o homem já se organizava de acordo com a sua necessidade, evoluindo com o passar dos tempos. Há teorias que sugerem indícios de gestão dentro da Bíblia Sagrada. Um exemplo disso, trata a Teoria da Criação, quando no princípio, Deus criou o homem e os abençoou para que fossem fecundos. Outros exemplos são documentos históricos como os papiros egípcios e as parábolas de confúcio, documentos que mostram as formas de organização e administração do governo egípcio e chinês. Essas mudanças exigiram que o governo e sua administração evoluíssem na sua forma de governar, afim de atender as necessidades do povo. Um dos conceitos fundamentais para se entender a administração pública é compreender os elementos fundamentais do Estado. São eles: Governo – responsável por administrar e dirigir um Estado. Ele é importante para que o poder seja executado e cumprido dentro da sociedade. Povo – formado pelos indivíduos que habitam um determinado local. Território – é uma área delimitada e dominada por um governo. Soberania – é representado pela autoridade suprema de organizar e conduzir de acordo com a vontade do povo, cumprindo as decisões tomadas, até mesmo com o uso da força. O Estado é formado pelos detentores dos poderes políticos, econômicos e ideológicos e é uma organização capaz de aplicar normas e regras que devem ser cumpridas pelos indivíduos. Quando a democracia não faz parte do Estado, este tende a beneficiar apenas as classes privilegiadas. Assim, com a evolução, o Estado Moderno passou a também se sujeitar às leis. A administração pública é uma atividade constante e importante para a resolução dos problemas da sociedade no tempo. Assim, é função do administrador público estar aberto à essas mudanças e não se acomodar com uma administração fixa, mas entender as relações entre os cidadãos, e destes com o Estado. As Formas de Governo Alguns filósofos da antiguidade já eram influenciados pelas organizações do Estado como Sócrates, Platão, Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu. Cada um apresentava seu conceito sobre as formas de organização do Estado. Atualmente, os sistemas de governo presentes na democracia são: Parlamentarismo – nesse sistema, o chefe de Estado e o chefe de Governo não são semelhantes. O chefe de Estado, não participa das decisões políticas, mas é a figura central desse governo. Já o chefe de governo é convocado pelo chefe de Estado para fazer parte do governo, se ele for aprovado pelo parlamento se tornará chanceler (Alemanha), presidente do conselho(Espanha) ou primeiro-ministro (Inglaterra). Em momentos de crise o parlamento poderá substituí-lo. Para governar, é preciso ter o apoio da maior parte dos membros do parlamento (Poder Legislativo), se não houver essa maioria ele poderá ser substituído. Os membros, no parlamentarismo, podem apoiar o chefe de governo ou eleger um novo. Presidencialismo – sistema em que um presidente (chefe do Poder Executivo) é eleito para realizar as funções do chefe de Governo e de Estado. Ele não depende do Poder Legislativo, como no parlamento e o presidente poderá governar, mesmo não tendo a maioria dos votos do Poder Legislativo. Os parlamentares podem se aproximar do Poder Executivo, quer seja por ideologia, quer seja por defenderem ou para alcançar benefícios. http://pre-historia.info/ http://origem-da-filosofia.info/mos/view/S%C3%B3crates/ http://origem-da-filosofia.info/mos/view/Plat%C3%A3o/ http://origem-da-filosofia.info/mos/view/Arist%C3%B3teles/ ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 4 Saiba Mais No Brasil, em 1993, foi feito um Plebiscito para decidir se iria continuar o regime presidencialista. O povo decidiu dar continuidade a esse sistema de governo. Divisão dos Poderes As ideias sobre divisões dos poderes surgiram na antiguidade com os filósofos. Primeiro, Aristóteles comentou sobre essa divisão em seu livro A Política, abordando que na estrutura dos poderes, deveria fazer parte os magistrados, os juízes e a assembleia dos cidadãos. Já John Locke, decidiu basear-se pela Constituição Inglesa, defendendo que o Poder Executivo deveria estar separado do legislativo e que este teria o poder de exercer o poder público para defender os cidadãos e seus membros das injustiças dos governantes. Por último, Montesquieu, em seu livro Espírito das Leis. Segundo ele, os poderes do Estado deveriam ser divididos em Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário, e o Estado, por meio deles, dividir suas funções para cada poder, sendo independentes a ponto que um não pudesse impedir o outro de exercer a sua função. Na sociedade civil, a teoria da tripartição dos poderes do Estado, proposta por Montesquieu, passou a fazer parte da forma de organização dos poderes, presente na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e na Constituição Federal Brasileira de 1988. Poder Executivo O Poder Executivo administra aquilo que é público e é responsável por gerir as ações e os recursos de um país com o objetivo de trazer o bem comum. Poder Legislação O Poder Legislativo é responsávelpor criar leis. Assim, esse poder, em algumas monarquias e repúblicas é formado por congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. Outra função do poder legislativo é fiscalizar o Poder Executivo. Poder Judiciário O Poder Judiciário é responsável por julgar, ou seja, realizar julgamentos e resolver os conflitos originados das ações do Poder Legislativo ou Executivo para que a legislação possa ser cumprida, além dos conflitos da sociedade, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo, de forma imparcial e que resolva determinado conflito. Isso é feito por meio do processo judicial, baseado na jurisprudências, das leis e dos bons costumes e da doutrina. ESTADO E GOVERNO. O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 41 do Código Civil). O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Povo é o componente humano do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 5 A organização do Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados. No Estado Federal, que é o que nos interessa, a organização política era dual, abrangendo unicamente a União (detentora da Soberania) e os Estados-membros ou Províncias (com autonomia política, além da administrativa e financeira). Agora, a nossa Federação compreende a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, que também são entidades estatais, com autonomia política reconhecida pela Constituição da República (art. 18), embora em menor grau que a dos Estados- membros (art. 25). Na nossa Federação, portanto, as entidades estatais, ou seja, entidades com autonomia política (além da administrativa e financeira) são unicamente a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal. Governo é a condução política dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e órgãos como manifestação da Soberania. A constante, porém, do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. O Governo atua mediante atos de Soberania ou, pelos menos, de autonomia política na condução dos negócios público ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Administração Pública é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração pratica, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos. O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por intermédio de suas entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de decisão) e de seus agentes (pessoas físicas investidas em cargos e funções). CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado, ou ainda, é o conjunto de normas que regem a Administração Pública. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSIDERAÇÕES INICIAIS As fontes do Direito Administrativo são as responsáveis diretas pela criação, elaboração e aperfeiçoamento de toda ciência administrativista, produzindo, aprimorando e até justificando, suas Leis, normas internas e decisões judiciais. Em se tratando do Direto Administrativo propriamente dito, é importante ressaltar, dentre outras, quatro principais espécies de fontes jurídicas: a Lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes. AS LEIS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL A lei, considerada em seu sentido amplo, representa importante fonte do Direito e, em se tratando do Direito Administrativo especificamente, representa a sua principal fonte jurídica. Tal como ocorre aos demais ramos do Direito, a Constituição Federal é a principal fonte do Direito ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 6 Administrativo. É na Constituição Federal que se encontram todos os fundamentos e princípios jurídicos que irão servir de base para a criação das outras normas jurídicas. Por exemplo, os artigos 37 e 38, ambos da Constituição Federal, trazem as disposições gerais concernentes aos princípios e normas que devem ser seguidos por toda a Administração Pública. A Constituição Federal também dispõe acerca de outras questões relacionadas ao Direito Administrativo, como por exemplo, os Servidores Públicos que é tratado em seus artigos 39 até 41. AS OUTRAS LEIS Todavia não somente a Constituição Federal constitui uma fonte jurídica para o Direito Administrativo. As Leis, os regulamentos, as instruções normativas, as resoluções e até mesmos as portarias expedidas pela Administração Pública, também, figuram como fontes jurídicas para o Direito Administrativo. Em se tratando de Leis, especificamente, deve-se citar como exemplo, a Lei 8112/90 que dispõe acerca do regime jurídico dos servidores civis da União ou a Lei 8666/93, que dispõe acerca do processo licitatório. Na realidade, para facilitar a compreensão, deve-se entender que constitui fonte do direito, todas as normas expedidas pela ou para a Administração Pública, desde a Constituição Federal até os regulamentos. A DOUTRINA Quando estudiosos do Direito publicam seus estudos, pesquisas ou suas interpretações jurídicas acerca de determinada ponto da Lei, isso quer dizer, que foi publicada uma doutrina acerca daquele tema. Doutrina é a interpretação dada pelos operadores do Direito acerca de determinada questão jurídica. Desta forma, não se engane, a doutrina, não se presta somente a interpretar a Lei, mas também a todas as outras questões relacionadas ao Direito, tais como sua origem, seus princípios, objetivos e sua evolução. Existe certa divergência jurídica, quanto ao fato da doutrina representar uma fonte do Direito. Para estes autores, entender que doutrina representa uma fonte do Direito significa em afronta direta ao princípio da Legalidade. Todavia, para a maior parte dos autores, a doutrina constitui uma fonte do Direito, não havendo qualquer empecilho neste sentido.Inclusive, não se pode olvidar que a doutrina é constantemente utilizada quando da realização dos julgamentos pelos Tribunais. JURISPRUDÊNCIA Quando uma decisão judicial é proferida de forma reiterada, pode-se considerar que foi formada uma jurisprudência naquele sentido, ou seja, jurisprudência, nada mais é que uma reunião de várias decisões judiciais, acerca determinada matéria. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 7 Uma jurisprudência se cristaliza, ou seja, se pacifica, quando determinada matéria é julgada sempre no mesmo sentido. A jurisprudência é uma importante fonte do Direito, em se tratando de Direito Administrativo. As decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em questões relacionadas ao Direito Administrativo é um bom exemplo de jurisprudência do Direito Administrativo. OS COSTUMES Os costumes, também, representam importante fonte do direito. Surgem através de comportamentos, atos ou condutas praticados reiteradamente que com o passar do tempo começam a integrar o cotidiano das pessoas. Em se tratando do direito Administrativo especificamente, é importante ressaltar a questão da "prática administrativa" como importante fonte do Direito Administrativo. É que ante a ausência de norma legal específica para a solução de determinado "caso", o administrador público decide por sempre solucionar esta questão, desempenhando determinado procedimento. Desta forma, como o passar do tempo, a "solução" dada pelo administrador público e sua aplicação reiterada, poderá se tornar "praxe" em toda Administração Pública, sendo assim, aplicada na resolução de todas as questões semelhantes. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assumir funções primordiais à coletividade, no interesse desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível o interesse público visado. Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Administração direitos e obrigações que não se estendem aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa posição de superioridade em relação a estes. A Administração Pública, na maioria de suas relações, possui um regime jurídico diferenciado. Para que possa exercer, de forma eficaz, as funções a ela determinadas, o interesse público está sobreposto a interesses particulares. Tal regime denomina-se Regime Jurídico Administrativo. Os princípios da Administração Pública são regras que surgem como parâmetros para a interpretação das demais normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o ordenamento jurídico. Quando houver mais de uma norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibiliza com os princípios elencados na Constituição Federal, ou seja, interpreta-se, sempre, consoante os ditames da Constituição. Os princípios que a Administração deverá seguir estão dispostos no art. 37, caput, da CF/88. O disposto no referido artigo constitucional é rol meramente exemplificativo; logo, existem outros princípios que poderão ser invocados pela Administração, como o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, o princípio da isonomia, entre outros. Com relação à sua abrangência, os princípios básicos da Administração alcançam a Administração Pública direta e indireta de quaisquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88), possuindo, portanto, amplo alcance. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 8 São cinco os princípios da Administração Pública previstos no Artigo 37, caput, da Constituição Federal. Além destes princípios, há os previstos em legislações esparsas e os definidos pelos doutrinadores. Dispõe o Artigo 37, caput, da Constituição Federal: Artigo 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e também ao seguinte:(…) a) Legalidade – a Administração pública só pode fazer o que a lei permite (poder-dever). b) Moralidade – a atuação do administrador deve obedecer a padrões éticos e justos de probidade e decoro. c) Impessoalidade – o mérito dos atos pertence à Administração e não às autoridades que as executam. Pode aparecer associado (ou utilizado como sinônimo) ao termo finalidade. d) Publicidade – divulgação dos atos praticados pela Administração, para conhecimento do público e início dos efeitos. e) Eficiência – introduzido na CF pela EC 19/98 – Reforma Administrativa – não basta a instalação de um serviço público, o mesmo deve atender as necessidades para as quais foi criado. Como já dito, além dos princípios da Administração Pública, trazidos por nossa Carta Magna em seu art. 37, temos outros princípios previstos em legislações esparsas e os definidos pelos doutrinadores, sendo eles: a) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos - em razão de ter o Estado assumido a prestação de determinados serviços, por considerar que estes são fundamentais à coletividade, mesmo os prestando de forma descentralizada ou ainda delegada, deve a Administração, até por uma questão de coerência, oferecê- los de forma contínua, ininterrupta. Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Estado é obrigado a não interromper a prestação dos serviços que disponibiliza. b) Princípio da Motivação - é a obrigação conferida ao administrador de motivar todos os atos que edita, sejam gerais, sejam de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido processo legal, pois a fundamentação surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da Administração. c) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular e Princípio da Indisponibilidade - por força dos interesses representados pela Administração, é certo que todos os princípios básicos previstos no art. 37 da Constituição Federal se aplicam na atuação desta; todavia, na maioria das vezes, a Administração, para buscar de maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar em um patamar de superioridade em relação aos particulares, numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao princípio da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irrenunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do Poder Público, mas sim “dever” de atuação. Por tal princípio, sempre que houver conflito entre um interesse individual e um interesse público coletivo deve prevalecer o interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, porque esta atua por conta de tal interesse. Como exemplos podemos citar a existência legal de cláusulas exorbitantes em favor da Administração, nos contratos administrativos; as restrições ao direito de greve dos agentes públicos; a encampação de serviços concedidos pela Administração etc. d) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade - os princípios acima surgem de idéias como a limitação de direitos, isto é, “todo direito pressupõe a noção de limite”, e da proibição do excesso, usada como meio de interpretação de tais princípios, pois visam a evitar toda forma de intervenção ou restrição abusiva ou desnecessária por parte da Administração Pública. Com efeito, tal análise deve ser realizada ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 9 utilizando-sedos critérios e “valores atinentes ao homem médio. Na doutrina, prevalece a noção de que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade se entrelaçam e se completam, ou seja, não são considerados separadamente. Assumem grande importância quando da atuação administrativa por meio do poder de polícia, e em geral na expedição de todos os atos de cunho discricionários. 1. Planejamento Estudo e estabelecimento de diretrizes e metas que deverão orientar a ação governamental, por meio de um plano geral de governo, programas globais, setoriais e regionais de duração plurianual, de orçamento- programa anual e de programação financeira de desembolso. 2. Coordenação Harmoniza todas atividades da Administração, submete-as ao que fora planejado e visa poupar desperdício. Na Administração superior, a coordenação é de competência da Casa Civil da Presidência da República. O objetivo é propiciar soluções integradas e em sincronia com a política geral e setorial do Governo. 3. Descentralização Descongestiona a Administração Federal por meio de: Desconcentração Administrativa: divide funções entre vários órgãos (despersonalizados) de mesma Administração, sem ferir a hierarquia; Delegação de execução de serviço Pode ser particular ou pessoa administrativa, mediante convênio ou consórcio; Execução indireta Mediante contratação de particulares; precedido de licitação, salvo nos casos de dispensa por impossibilidade de competição. 4. Delegação De Competência autoridades da Administração transferem atribuições decisórias a seus subordinados, mediante ato próprio que indique a autoridade delegante, a delegada e o objeto da delegação. Tem caráter facultativo e transitório, apoiando-se em razões de oportunidade, conveniência e capacidade do delegado. Apenas é delegável a competência para prática de atos e decisões administrativas. Não pode ser delegado: Atos de natureza política (sanção e veto); Poder de tributar; Edição de atos de caráter normativo decisão de recursos administrativos; Matérias de competência exclusiva dos órgãos ou autoridade. 5. Controle No âmbito da Administração direta, prevê-se os seguintes controles: Controle de execução e normas específicas é feito pela chefia competente; Controle do atendimento das normas gerais reguladoras do exercício das atividades auxiliares são organizadas sob a forma de sistemas (pessoal, auditoria) realizada pelos órgãos próprios de cada sistema; Controle de aplicação dos dinheiros públicos é o próprio sistema de contabilidade e auditoria realizado, em cada Ministério, pela respectiva Secretaria de Controle Interno. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 10 2.ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ÓRGÃOS São centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Função = é o encargo atribuído ao órgão. É a atividade exercida pelo órgão. Agentes = são as pessoas que exercem as funções, e os quais estão vinculados a um órgão; Cargos = são os lugares criados por lei. São reservados aos agentes. Características dos Órgãos não tem personalidade jurídica; expressa a vontade da entidade a que pertence (União, Estado, Município); é meio instrumento de ação destas pessoas jurídicas; é dotado de competência, que é distribuída por seus cargos; Classificação dos Órgãos: QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL Órgãos Independentes: se originam da previsão constitucional. São os representativos dos 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Não tem qualquer subordinação hierárquica; Suas funções são políticas, judiciais e legislativas; Seus agentes são denominados Agentes Políticos; Exs.: Congresso Nacional, Câmara de Deputados, Senado Órgãos Autônomos: são os localizados na cúpula da Administração, imediatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamente subordinados a seus chefes; tem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica; são órgãos diretivos, de planejamento, coordenação e controle; seus agentes são denominados Agentes Políticos nomeados em comissão; não são funcionários públicos; Exs.: Ministérios, Secretaria de Planejamento, etc. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 11 Órgãos Superiores: são os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando, subordinando-se a um órgão mais alto. não gozam de autonomia administrativa nem financeira; liberdade restringida ao planejamento e soluções técnicas, dentro de sua esfera de competência; responsabilidade pela execução e não pela decisão política ; Exs.: Gabinetes, Coordenadorias, Secretarias Gerais, etc. Órgãos Subalternos: são os órgãos subordinados hierarquicamente a outro órgão superior; realizam tarefas de rotina administrativa; reduzido poder de decisão; é predominantemente órgão de execução; Exs.: Repartições, Portarias, Seções de Expediente. QUANTO À ESTRUTURA Órgãos Simples: UM SÓ centro de competência. Exs.: Portaria, Posto Fiscal, Agência da SRF. Órgãos Compostos: VÁRIOS centros de competência (outros órgãos menores na estrutura). A atividade é desconcentrada, do órgão central para os demais órgãos subalternos. Exs.: Delegacia da Receita Federal, Inspetoria Fiscal. QUANTO À ATUAÇÃO FUNCIONAL Singular: são os que decidem através de um único agente. Exs.: os Ministérios, as Coordenadorias, as Seccionais. Colegiado: decidem por manifestação conjunta da maioria de seus membros. Exs.: Tribunais, Legislativo, Conselho de Contribuintes. 3.ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA. ENTIDADES Entidade Estatal PJ de Direito Público, que integra a estrutura constitucional do Estado, e tem poder político e administrativo. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 12 tem autonomia política, financeira e administrativa; fazem parte da Administração Direta; APENAS a UNIÃO tem soberania; Exs.: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Autarquias PJ de Direito Público; é um serviço autônomo criado para auxiliar a Administração Pública a executar atividades típicas da Administração. CRIADA por Lei Específica; orçamento, patrimônio e receita próprios (desvinculados da matriz); gestão administrativa e financeira DESCENTRALIZADA; não tem subordinação hierárquica com a entidade que as criou; fazem parte da Administração Indireta; submetem-se à supervisão do Ministério competente - controle finalístico; executa serviços próprios do Estado; administra a si mesma; funcionários são estatutários (em regra), mas podem ser admitidos pela CLT (excepcionalmente); proibidos de acumular cargos remunerados na Adm. Pública; obedecem às normas do concurso público; os contratos são realizados através de LICITAÇÃO; privilégios imunidade de impostos, prescrição qüinqüenal de suas dívidas, impenhorabilidade de seus bens, prazo em dobro para recorrer e em quadruplo para contestar; Exs.: Banco Central, DER, IAPAS, SEMAE, Imprensa Oficial do Estado, etc. Fundações Públicas PJ de Direito Público; é a personalização jurídica de um patrimônio, instituídas e mantidas pelo Poder Público para executar atividades, obras ou serviços sociais, ou seja, atividades atípicas da Administração Pública. criada por Lei Autorizativa; orçamento, patrimônio e receita próprios (desvinculados da matriz); gestão administrativa e financeira descentralizada; não tem subordinação hierárquica com a entidade que as criou; fazem parte da Administração Indireta; submetem-se à supervisão do Ministério ou Secretaria competente - controlefinalístico; executa serviços sem fins lucrativos; administra a si mesma; funcionários são estatutários (em regra), mas podem ser admitidos pela CLT (excepcionalmente); proibidos de acumular cargos remunerados na Adm. Pública, obedecem às normas do concurso público; os contratos são realizados através de LICITAÇÃO; ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 13 privilégios imunidade de impostos, prescrição qüinqüenal de suas dívidas, impenhorabilidade de seus bens, prazo em dobro para recorrer e em quadruplo para contestar; Exs.: FEBEM, UNB, USP Entidades Para-Estatais PJ de Direito privado, cuja criação é feita através de Lei Autorizativa, para a realização de obras, serviços ou atividades econômicas de interesse coletivo. Fazem parte da Administração Indireta. São empresas para-estatais: Empresas Públicas , Sociedades de Economia Mista e Serviços Sociais Autônomos. Empresa Pública PJ de Direito Privado, destinadas à prestação de serviços industriais ou atividades econômicas em que o Estado tenha interesse próprio ou considere convenientes à coletividade. Exs.: Correios, CEF. autonomia administrativa e financeira - o patrimônio próprio pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma regulamentar ou estatutária; capital exclusivo do poder público; criadas por Lei Autorizativa; vale-se dos meios da iniciativa privada para atingir seus fins de interesse público; ficam vinculadas e não subordinadas aos respectivos Ministérios; são supervisionadas e controladas finalisticamente pelos Ministérios; Contratos – realizados através de LICITAÇÃO Funcionários são sempre CELETISTAS (nunca estatutários) e são considerados funcionários públicos; é proibida a acumulação de cargos PÚBLICOS remunerados (exceção: 2 cargos de professor, 2 cargos na área da saúde ou 1 cargo de professor outro de técnico); Não tem privilégios administrativos ou processuais; Pagam tributos; Sociedade de Economia Mista PJ de Direito Privado, autorizada para a exploração de atividade econômica, sob a forma de S/A (sempre), cujas ações com direito a voto pertençam, EM SUA MAIORIA (50% + 1) ao poder público. Exs.: Banco do Brasil. autonomia administrativa e financeira - o patrimônio próprio pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma regulamentar ou estatutária; capital (50% + 1) pertencente ao poder público; criadas por Lei Autorizativa; destinadas a atividades de utilidade pública, mas de natureza técnica, industrial ou econômica em que o Estado tenha interesse próprio na sua execução, mas resulta inconveniente ou inoportuno ele próprio realizar; ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 14 ficam vinculadas e não subordinadas aos respectivos Ministérios; são supervisionadas e controladas finalisticamente pelos Ministérios; Contratos – realizados através de LICITAÇÃO Funcionários - são sempre CELETISTAS (nunca estatutários) e são considerados funcionários públicos; é proibida a acumulação de cargos remunerados. Não tem privilégios administrativos ou processuais; Pagam tributos; Serviços Sociais Autônomos PJ de Direito Privado, criadas para prestar serviços de interesse social ou de utilidade pública, geridos conforme seus estatutos, aprovados por Decreto e podendo arrecadar contribuições parafiscais. Exs.: SESC, SENAI, SENAC, SESI, etc. não estão sujeitas à supervisão ministerial, mas se sujeitam a uma vinculação ao ministério competente; utilizam-se de verbas públicas; devem prestar contas conforme a lei competente; Tabela simplificada ENTIDADE Função & Características PJ Direito Administração Funcionários Exemplos Criação p/ Gestão - Integra a estrutura constitucional do ENTIDADE Estado, com Poder Político e PJ D Público Adm. Direta União, Administrativo; Estatutários Estados, DF ESTATAL - tem autonomia política, financeira e Constituição Centralizada e Municípios administrativa; - apenas a UNIÃO tem SOBERANIA; - atividades típicas da Administração; Banco Central, - imunidade de impostos; DER, INSS, - sem subordinação hierárquica; PJ D Público Adm. Indireta Estatutários AUTARQUIA - orçamento, patrimônio e receitas Imprensa próprios; Lei Específica Descentralizada (podem ser CLT) Oficial do - submetem-se à supervisão do Estado, Ministério competente – controle SEMAE, etc finalístico; ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 15 - atividades atípicas da Administração - executa serviços sem fins lucrativos; - sem subordinação hierárquica; PJ D Público Adm. Indireta Estatutários FUNDAÇÕES - imunidade de impostos; FEBEM, USP, PÚBLICAS - orçamento, patrimônio e receitas UNB próprios; Autorização Descentralizada (podem ser CLT) - submetem-se à supervisão do Ministério competente – controle finalístico; - prestação de serviços industriais ou atividades econômicas de interesse Sempre CLT do Estado, ou consideradas como PJ D Privado Adm. Indireta EMPRESA convenientes à coletividade; Correios CEF - vinculadas e não subordinadas aos PÚBLICA Nunca respectivos Ministérios; Autorização Descentralizada estatutários - sem privilégios administrativos ou processuais; - pagam tributos - exploração de atividade econômica na forma de S/A (sempre); Sempre CLT SOCIEDADE - destinadas a atividades de utilidade PJ D Privado Adm. Indireta pública, mas de natureza técnica, ECONOMIA industrial ou econômica; Nunca Banco do Brasil MISTA - Capital Estatal (50%+ 1 das ações) Autorização Descentralizada estatutários - vinculadas e não subordinadas aos respectivos Ministérios; - pagam tributos - criadas para prestar serviços de interesse social ou de utilidade ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 16 SERVIÇOS pública; PJ D Privado Adm. Indireta SESC, SENAI, - vinculadas e não subordinadas aos SOCIAIS respectivos Ministérios; Descentralizada SESI, SENAC, AUTÔNOMOS - geridos conforme seus estatutos; Autorização SEST - podem arrecadar contribuições parafiscais (através do INSS); - utilizam-se de verbas públicas; 4.AGENTES PÚBLICOS. AGENTES PÚBLICOS. A expressão “agentes públicos” abrange todas as pessoas que se encontram dentro da Administração, podendo citar, como exemplo, desde os juízes e candidatos eleitos para o Legislativo e o Executivo, verdadeiros agentes políticos; os servidores da Administração, assim considerados os agentes administrativos; até os jurados, mesários na eleição, denominados agentes honoríficos, entre outros. Com efeito, a tradicional classificação de agentes públicos abrange: Os agentes políticos: são os componentes do Governo em seus primeiros escalões, desempenhando funções estabelecidas na Constituição e em Leis Especiais. São agentes políticos os Chefes do Executivo e seus auxiliares imediatos, os membros do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, os Representantes Diplomáticos e as demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho de suas atribuições. Os agentes administrativos: são aqueles que se vinculam ao Poder Público por relações profissionais,sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico único (Lei 8112/90) ou CLT. Tal categoria de agentes públicos é composta por três espécies de agentes: Servidor público: é o agente que titulariza um cargo, sob regime estatutário; Empregado público: é o agente que titulariza um emprego público, sob regime celetista; ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 17 Servidor temporário: é aquele contratado diante de uma situação de excepcional interesse público (artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal). Seguindo tal classificação, faz-se necessário definir as expressões: cargo, emprego e função: Cargo: É a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente com vínculo estatutário; Emprego público: É o núcleo de encargo de trabalho permanente a ser preenchido por agente contratado para desempenhá-lo sob o regime celetista; Função Pública: O conceito de função pública é obtido de maneira residual. Trata-se do conjunto de atribuições estatais às quais não corresponde um cargo nem um emprego. Os agentes honoríficos: são cidadãos convocados, designados ou nomeados, para prestar, transitoriamente, serviços ao Estado, sem vínculo empregatício ou estatutário e geralmente sem remuneração. Exemplos: mesários, jurados, comissários de menores. Durante o desempenho da “função pública”, sujeitam-se à disciplina e hierarquia, podendo receber “pro labore” e contar o período de trabalho como serviço público. Os agentes delegados: são particulares que recebem a incumbência da realização de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente fiscalização do delegante. São os casos de concessão e permissão, por exemplo. Respondem objetivamente pelo dano causado e são considerados “autoridades” para fins de mandado de segurança. Os agentes credenciados: são os que recebem a incumbência da Administração para representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do Poder Público credenciante. Gestor de negócios: Agem nessa qualidade os particulares que assumem uma função pública em razão de uma situação excepcional. PROVIMENTO DE CARGOS. Provimento, “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular”. Pode ser: Provimento originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação anterior com o Cargo Público. Dá-se pela nomeação (art. 9º da Lei 81122/90); Fases: Concurso. Provimento do cargo pela nomeação. Posse: ato que confere as prerrogativas do cargo. Exercício: início efetivo das atribuições. Provimento derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Administração. Subdivide- se em: - Provimento derivado horizontal: ocorre de um cargo para outro sem ascensão na carreira. Trata-se da readaptação. Ocorre quando o servidor, estável ou não, havendo sofrido uma limitação física ou mental em suas habilidades, torna-se inapto ao exercício do cargo que ocupa, mas, por não ser caso de invalidez permanente, pode ainda exercer outro cargo para o qual a limitação sofrida não o inabilita (art. 24 da Lei 81122/90); - Provimento derivado vertical: o provimento se dá com ascensão na carreira. Trata-se da promoção, quando o servidor assume outro cargo, dentro da mesma carreira, com aumento de vencimentos em razão do maior grau de complexibilidade das novas funções. Como exemplo, podemos citar o professor, que passa de assistente para mestre, doutor, titular e livre docente; - Provimento derivado por reingresso: nosso ordenamento jurídico contempla quatro formas de provimento derivado por reingresso, sendo elas: reversão, reintegração, recondução e aproveitamento: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 18 - Reversão: Trata-sedo retorno ao serviço do servidor aposentado, sendo que só poderá ser realizada em duas hipóteses (art. 25 da Lei 8112/90): a) quando o servidor havia se aposentado por invalidez, e junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; b) no interesse da administração, desde que o servidor, estável quando na atividade, tenha solicitado a reversão da aposentadoria voluntária nos cinco anos posteriores a aposentação e haja cargo vago; - Reintegração: é o retorno ao serviço do servidor afastado por decisão considerada ilegal. A determinação para que reassuma o cargo pode efetivar-se por decisão judicial ou administrativa, em sede recursal, acarretando ao servidor direito à integral indenização por todos os prejuízos sofridos pela decisão ilegal (art. 28 da Lei 8.112/90 e § 2º do art. 41 da CF/88); - Recondução: é o direito do servidor estável de retorno ao seu cargo de origem, no primeiro caso, em virtude da reintegração ao serviço do antigo ocupante do cargo e, no segundo por haver sido reprovado em estágio probatório de outro cargo para qual pedira vacância (art. 29 da Lei 8112/90); - Aproveitamento: consiste na designação do servidor colocado em disponibilidade, por ter sido se Ou cargo extinto, para outro posto, se possível idêntico, ou em outro com vencimentos e atribuições semelhantes (arts. 30 e 31 da Lei 81122/90 e § 3º do art. 41 da CF/88). 5.PODERES ADMINISTRATIVOS. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO. ASPECTOS GERAIS. Diversamente dos poderes do Estado, que são estruturais e orgânicos, os poderes da Administração são instrumentais. Constituem instrumentos conferidos à Administração pelo ordenamento jurídico, para que possa atingir sua finalidade única, qual seja, o interesse público. Os poderes da Administração são prerrogativas decorrentes do Princípio da Supremacia do interesse público sobre o interesse particular. Sempre que o administrador, quando da utilização desses instrumentos, exceder os limites de suas atribuições ou se desviar das finalidades administrativas, incorrerá em abuso de poder e será responsabilizado. O abuso de poder divide-se em duas espécies: excesso de poder e desvio de finalidade. RENÚNCIA. Esses poderes são atribuídos à Administração Pública para que ela os exerça em benefício do interesse público, o que os torna irrenunciáveis. Desta forma, a Administração, quando for necessária a utilização desses poderes, deverá fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O exercício é obrigatório, indeclinável, pois, em se tratando de Administração Pública, não há propriamente faculdade de agir, mas verdadeiro dever de atuação. ESPÉCIES DE PODERES DA ADMINISTRAÇÃO. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 19 1.3.1. PODER DISCIPLINAR. Poder disciplinar é o poder conferido à Administração que lhe permite impor penalidades aos seus agentes em razão da prática de infrações funcionais. Somente poderão ser aplicadas sanções e penalidades de caráter administrativo expressamente previstas em lei, a exemplo de advertências, suspensão, demissão etc. PODER HIERÁRQUICO. Poder hierárquico é o poder conferido à Administração para organizar a sua estrutura, distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, bem como ordenar e rever a atuação dos seus agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia e subordinação entre eles. O Poder Hierárquico assume importante papel na Administração, sob dois enfoques, conforme se vê a seguir: A) Internamente: possibilita ao agente, desde que ingressa na Administração, saber quem deve cumprir ordens e quais ordens devem ser cumpridas, otimizando funções e compondo de maneira satisfatória os quadros do Poder Público. B) Externamente: desdobra-se para que se possa apreciar a validade do ato publicado, concluir se deverá ou não ser cumprido e saber contra quem se ingressará comremédios judiciais, caso haja a ofensa de direitos legais e constitucionalmente protegidos. USO E ABUSO DE PODER. O uso (normal) de poder é a utilização adequada à lei, pelos agentes públicos, das prerrogativas (vantagens ou privilégios em razão da função) que lhe são dadas pelo ordenamento jurídico. Já o abuso de poder surge quando essas prerrogativas são empregadas em desacordo com a lei, fora dos limites de competência do agente ou com desvio da finalidade a ser atingida, de interesse público. A cada uma dessas duas hipóteses corresponde um tipo de abuso de poder: Excesso de Poder – Ocorre quando o agente, “embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, a sua competência legal e, com isso, invalida o ato”. Desvio de Poder (ou desvio de finalidade) – Surge nas situações em que o agente pratica o ato visando a um fim diferente daquele previsto na lei. O exemplo clássico de abuso de poder é a desapropriação que, apesar de feita em nome do interesse público, na verdade, tem sido imposta para prejudicar um inimigo ou mesmo para beneficiar a própria autoridade expropriante. 6.ATOS ADMINISTRATIVOS. ATOS ADMINISTRATIVOS. DEFINIÇÃO. Ato jurídico, segundo o art. 185 do CC, “é todo ato lícito que possui por finalidade imediata adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos”. Ato administrativo é espécie de ato jurídico, é ato infralegal. Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça as vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se concluir que os atos administrativos não são definidos pela condição da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público. PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 20 ATO ADMINISTRATIVO PERFEITO. É o ato concluído, acabado, que completou o ciclo necessário à sua formação. ATO ADMINISTRATIVO VÁLIDO. É o ato praticado de acordo com as normas superiores que devem regê-lo. ATO ADMINISTRATIVO EFICAZ. É aquele ato que está apto a produzir os seus efeitos. As causas que podem determinar a ineficácia do ato administrativo são três: A subordinação do ato a uma condição suspensiva, ou seja, o ato estará subordinado a um fato futuro e incerto. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz; A subordinação do ato a um termo inicial, ou seja, o ato estará subordinado a um fato futuro e certo. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz; A subordinação dos efeitos do ato à prática de outro ato jurídico. REQUISITOS. São as condições necessárias para a existência válida do ato. Nem todos os autores usam a denominação “requisitos”; podem ser chamados elementos, pressupostos, etc. Do ponto de vista da doutrina tradicional, os requisitos dos atos administrativos são cinco: Competência: agente capaz; Objeto lícito, certo, possível e mora; Motivo: este requisito integra os requisitos dos atos administrativos tendo em vista a defesa de interesses coletivos; Finalidade: o ato administrativo somente visa a uma finalidade, que é a pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso de poder; Forma: somente a prevista em lei. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO. Atributos são prerrogativas que existem por conta dos interesses que a Administração representa, são as qualidades que permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos jurídicos. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. É a presunção de que os atos administrativos devem ser considerados válidos até que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso não quer dizer que não se possa contrariar os atos administrativos, o ônus da prova é que passa a ser de quem alega. IMPERATIVIDADE. Poder que os atos administrativos possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados, independente da concordância destes. É a prerrogativa que a Administração possui para impor, exigir determinado comportamento de terceiros. EXIGIBILIDADE OU COERCIBILIDADE. É o poder que possuem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cumprimento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade, em regra, nascem no mesmo momento. Excepcionalmente o legislador poderá diferenciar o momento temporal do nascimento da imperatividade e o da exigibilidade. No entanto, a imperatividade é pressuposto lógico da exigibilidade, ou seja, não se poderá exigir obrigação que não tenha sido criada. AUTO-EXECUTORIEDADE. É o poder que possuem os atos administrativos de serem executados materialmente pela própria administração independentemente de recurso ao Poder Judiciário. A auto-executoriedade é um atributo de alguns atos administrativos, ou seja, não existe em todos os atos (p. ex: procedimento tributário, desapropriação etc.). Poderá ocorrer em dois casos: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 21 Quando a lei expressamente prever; Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso deverá haver a soma dos requisitos de situação de urgência e inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão). TIPICIDADE. É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei. Trata-se de decorrência do princípio da legalidade, que afasta a possibilidade de a Administração praticar atos inominados; estes são possíveis para os particulares, como decorrência do princípio da autonomia da vontade. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. QUANTO AOS SEUS DESTINATÁRIOS: Atos gerais ou regulamentadores - São os atos administrativos expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato em relação aos seus preceitos. São os regulamentos, instruções normativas, circulares, ordens de serviços, etc. Atos individuais ou especiais - São, ao contrário, todos aqueles que se dirigem a determinados destinatários (um ou mais sujeitos certos), criando-lhes uma situação jurídica particular. Ex.: Decretos de desapropriação; atos de nomeação; de exoneração, etc. QUANTO AO SEU ALCANCE: Internos - São atos administrativos destinados a produzir efeitos no âmbito das repartições públicas, destinados ao pessoal interno, como portarias, instruções ministeriais, etc., destinados aos seus servidores. Podem ser mesmo assim, gerais ou especiais, normativos, ordenatórios, punitivos, etc., conforme exigência do serviço. Externos ou de efeitos externos - São todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, até mesmo os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração. Tais atos só entram em vigor após sua publicação em órgão oficial (diário oficial) dado seu interesse público. QUANTO AO SEU OBJETO: De império ou atos de autoridade - São todos aqueles atos que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou sobre o servidor, impondo-lhes atendimento obrigatório. É o que ocorre nas desapropriações, nas interdições de atividade e nas ordens estatutárias. Podem ser gerais ou individuais, internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade onipotente do Estado. Atos de gestão - São os que a Administraçãopratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários, tal como ocorre nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos atos negociais com os particulares, como, por exemplo, as alienações, oneração ou aquisição de bens, etc., antecedidos por autorizações legislativas, licitações, etc. Atos de expediente - São os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial, praticados geralmente por servidores subalternos. QUANTO AO SEU REGRAMENTO: Vinculados ou regrados - São aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização, limitando a liberdade do administrador que fica adstrita aos pressupostos do ato legal para validade da atividade administrativa. Desviando-se dos requisitos das normas legais ou regulamentares, fica comprometida a ação administrativa, viciando-se a eficácia do ato praticado que, assim, toma-se passível de anulação Ex.: cobrar impostos, conceder isenção ou anistia, entre outros. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 22 Discricionários - São aqueles atos que a Administração pode praticar escolhendo livremente o seu conteúdo, o seu destinatário, a sua conveniência, a sua oportunidade e o modo da sua realização. A rigor, a discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas no poder que Administração tem de praticá-lo quando e nas condições que repute mais convenientes ao interesse público. Não se confunde com ato arbitrário. Discrição é liberdade de ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação que excede à lei e por isto, contrária a ela. O ato discricionário, quando permitido pelo direito, é legal e válido; o ato arbitrário, porém, é sempre ilegítimo e inválido. Manifesta-se em função do poder da Administração em praticá-lo nas condições que julgar conveniente: abrir um concurso público escolhendo o número de vagas, pavimentar uma estrada, etc. QUANTO À NATUREZA: Simples - O que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Complexos - São os atos que se formam pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo. Em outras palavras são aqueles que, realizados por um órgão, requerem, para a sua validade - e não para a formação da vontade - a aprovação de outro órgão; os que dependem de pareceres de órgãos consultivos, preceituados em lei; os que se compõem de atos elementares, como seja uma concorrência pública, cuja decisão pelo Ministério ou Secretaria de Estado requer uma série de atos elementares precedentes e autônomos, aos quais essa decisão está de certa forma vinculada. Compostos - Que resulta da vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte de outro, para se tornar exeqüível. Ex.: autorização que depende de visto de uma autoridade superior. QUANTO AO FIM: Declaratórios de direito - São os atos que declaram a legalidade de uma situação já existente e de conseqüência irremovíveis diante do Direito. Constitutivos de direito - São os atos que dão estabilidade jurídica a um fato até então de resultados aleatórios. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS. Atos normativos: São aqueles que contêm um comando geral do Poder Executivo visando à correta aplicação da lei. São atos infralegais que encontram fundamento no poder normativo (art. 84, IV da CF). Ex: Decretos; Regulamentos; Portarias e etc. Atos ordinatórios: São aqueles que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta de seus agentes no desempenho de suas atribuições. Encontra fundamento no Poder Hierárquico. Ex: Ordens, Circulares, Avisos, Portarias, Ordens de serviço e Ofícios. Atos negociais: São aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração visando concretizar negócios jurídicos, conferindo certa faculdade ao particular nas condições impostas por ela. É diferente dos negócios jurídicos, pois é ato unilateral. Atos enunciativos: São aqueles que contêm a certificação de um fato ou emissão de opinião da Administração sobre determinado assunto sem se vincular ao seu enunciado. Ex: Certidões, Atestados, Pareceres e o apostilamento de direitos (atos declaratórios de uma situação anterior criada por lei). Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela Administração àqueles que infringirem disposições legais. Encontra fundamento no Poder Disciplinar. Ex: Interdição de estabelecimento comercial em vista de irregularidade; Aplicação de multas e etc. FORMAS DE EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. São formas de extinção dos atos administrativos: a anulação, a revogação, a cassação, a caducidade e a contraposição. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 23 ANULAÇÃO. a) Definição: Todo ato administrativo para ser válido deve conter os seus cinco elementos ou requisitos de validade (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) isentos de vícios (defeitos). Caso um desses elementos apresente-se em desacordo com a lei, o ato será nulo. O pressuposto da anulação é que o ato possua um vício de legalidade em algum de seus requisitos de formação. Com isso, podemos defini-la como sendo o desfazimento de um ato por motivo de ilegalidade. A anulação decorre do controle de legalidade dos atos administrativos. b) Quem pode ANULAR ato administrativo? A anulação de um ato que contenha vício de legalidade pode ocorrer tanto pelo Poder Judiciário ( controle externo) quanto pela própria Administração Pública ( controle interno). Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá ser anulado tanto pelo próprio Poder Legislativo (Administração Pública) quanto pelo Poder Judiciário. A invalidação por via judicial dependerá, sempre, de provocação do interessado. Já a via administrativa poderá resultar do Poder de Autotutela do Estado, que deve extingui-lo, muito embora proveniente da manifestação de vontade de um de seus agentes, contenha vício de legalidade. c) Efeitos da Anulação: Uma vez que o ato administrativo ofende a lei, é lógico afirmarmos que a invalidação opera efeitos ex-tunc, retroagindo à origem do ato, ou seja, fulmina o que já ocorreu, no sentido de que se negam hoje os efeitos de ontem. REVOGAÇÃO. a) Definição: Ocorre no momento em que um ato válido, legítimo e perfeito torna-se inconveniente e inoportuno ao interesse público. O ato não possuía qualquer vício de formação, porém, não atende mais aos pressupostos de conveniência e oportunidade. É importante ressaltarmos que o conceito de revogação guarda estreita relação com o de ato discricionário, visto ser o Poder Discricionário da Administração o fundamento de tal instituto. Além disso, os atos vinculados são classificados, pelos grandes autores, como atos irrevogáveis, visto que neles a lei não deixou opção ao administrador, no que tange à valoração da conveniência e da oportunidade. Sendo assim, concluímos que a revogação decorre do controle de mérito dos atos administrativos. b) Quem pode REVOGAR ato administrativo? Por depender de uma avaliação quanto ao momento em que o ato tornou-se inoportuno e inconveniente, a revogação caberá à autoridade administrativa no exercício de suas funções. Seria inadmissível imaginar que o Poder Judiciário pudesse revogar ato administrativo, pois tal competência depende da experiência/ vivência do administrador público que decidirá quanto à oportunidade e conveniência da prática do ato. Porém, é importante reforçarmos que, atipicamente, o Poder Judiciário também emite atos administrativos (quando exerce a função administrativa).Nesse caso, caberá ao Poder Judiciário revogar os seus próprios atos administrativos. Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá ser revogado, apenas, pelo próprio Poder Legislativo. c) Efeitos da Revogação: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 24 A revogação opera efeitos ex-nunc (proativos), ou seja, a partir de sua vigência. O ato de revogação não retroagirá os seus efeitos, pois o ato revogado era perfeitamente válido, até o momento em que se tornou inoportuno e inconveniente à Administração Pública. d) Atos Irrevogáveis O Poder Discricionário dado à Administração Pública de revogar seus atos administrativos, por questões lógicas não é ilimitado. Alguns atos são insuscetíveis de revogação, ou seja, são atos ditos irrevogáveis. Assim temos: Os atos consumados, que já exauriram seus efeitos; Os atos vinculados, pois nesse o administrador não tem escolha na prática do ato; Os atos que geram direitos adquiridos os atos que integram um procedimento administrativo; Os atos administrativos declaratórios ou enunciativos (certidões, pareceres, atestados) CASSAÇÃO. Na verdade a cassação e a anulação de um ato administrativo possuem efeitos bem semelhantes. A diferença básica é que na anulação o defeito no ato ocorreu em sua formação, ou seja, na origem do ato, em um de seus requisitos de validade; já na cassação, o vício ocorre na execução do ato. Trata-se da extinção do ato porque o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica. Como exemplo, temos a cassação de uma licença, concedida pelo Poder Público, sob Determinadas condições, devido ao descumprimento de tais condições pelo particular beneficiário de tal ato. É importante observarmos que a cassação possui caráter punitivo (decorre do descumprimento de um ato). CADUCIDADE. A caducidade origina-se com uma legislação superveniente que acarreta a perda de efeitos jurídicos da antiga norma que respaldava a prática daquele ato. A retirada funda-se no advento de nova legislação que impede a permanência da situação anteriormente consentida. Ocorre, por exemplo, quando há retirada de permissão de uso de um bem público, decorrente de uma nova lei editada que proíbe tal uso privativo por particulares. Assim, podemos afirmar que tal permissão caducou. CONTRAPOSIÇÃO. Também chamada por alguns autores de derrubada. Quando um ato deixa de ser válido em virtude da emissão de outro ato que gerou efeitos opostos ao seu, dizemos que ocorreu a contraposição. São atos que possuem efeitos contrapostos e por isso não podem existir ao mesmo tempo. CUMPRIMENTO (EXAURIMENTO) DE SEUS EFEITOS. Ocorre quando o ato administrativo alcança os efeitos almejados. Como exemplo, podemos citar o ato que libera o servidor para gozar férias, isto é, partir do momento que referido servidor goza suas férias, o ato é extinto, visto que cumpriu seus efeitos. RENÚNCIA. Ocorre quando o beneficiário do ato renuncia os seus efeitos. CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. Ocorre a convalidação de um ato administrativo, quando a Administração Pública torna válido um ato administrativo que possua um vício sanável e seu efeito é retrospectivo (ex tunc). Ato Administrativo é toda manifestação voluntária, lícita e unilateral da Administração Pública, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar ou impor obrigações. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 25 Alcance Administrados e a própria administração. Segundo Hely Lopes Meirelles, dividem-se em: Instruções Ordens escritas e gerais emanadas do superior hierárquico, com finalidade de atingir e orientar seus subordinados em relação ao modo e forma de execução de um determinado serviço; Circulares Ordens de serviço escritas, de caráter uniforme, expedidas a determinados funcionários, incumbidos de certos serviços, ou de desempenho de determinadas atribuições, em circunstâncias especiais; Avisos Atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos afetos aos seus Ministérios. Atualmente, também são utilizados como instrumento destinado a dar conhecimento de assuntos relacionados à atividade administrativa; Portarias Atos internos pelo quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados ou designam servidores para funções ou cargos secundários ou instauração de sindicância e processos administrativos; Ordens de serviço Determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos autorizando o seu início, ou, a admissão de operários, a título precários, desde que haja verba destinada a esse fim; Ofícios Comunicações escritas de autoridades entre si, entre subalternos e superiores e entre a Administração e particular, em caráter oficial; Despacho Decisões proferidas pela autoridade executiva, judiciária ou legislativa em função administrativa, em requerimentos e processos administrativos sujeitos à sua administração. A principal confusão que a maioria dos candidatos fazem é entre REVOGAÇÃO e ANULAÇÃO. Esses tipos de cancelamento de Atos Administrativos não se confundem. A seguir, listaremos algumas diferenças importantes sobre eles. Revogação de Atos Administrativos Usado em Atos que ainda estão Válidos; Serve para rever os critérios de Conveniência e Oportunidade; Faz Análise de Mérito; Usado em Atos Discricionários; Excepcionalmente para Atos Vinculados (por exemplo, Supremacia do Poder Público sobre o Privado, na concessão de licenças); Quem pode revogar um ato? Somente a Administração Pública, de qualquer Poder; Poder Judiciário não revoga ato administrativo; Geralmente é ex-nunc (não retroage); Respeita direito adquirido. Anulação de Atos Administrativos Usado em Atos considerados Ilegais ou Viciados; Usado em Atos Discricionários ou Vinculados; Quem pode anular um ato? A Administração Pública (se provocado ou por ofício) e o Poder Judiciário (somente se provocado); Geralmente ex-tunc (pode retroagir até o início do ato ou a qualquer momento entre o ato e o tempo presente); ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 26 Tem prazo decadencial de 5 anos (Lei 9.784/99) para se anular um ato, se for de interesse público, esse prazo se estende para 10 anos; Os atos podem ser Convalidados (tornar-se válidos); Respeita os parceiros de boa-fé. Observações: Ato Válido: possui todos os elementos de formação, é completo, tem efeitos efetivos; Ato Viciado ou Ilegal: possui problemas de formação do ato; Autorização é um ato discricionário; Licença é um ato vinculado; Ação Popular: movida por qualquer cidadão que julgue que há prejuízo à moralidade pública, patrimônio público, etc; Prazo Decadencial: o prazo não interrompe, a contagem do tempo é corrida; Prazo Prescricional: a contagem do tempo pode ser suspensa ou pode-se iniciar novamente o prazo. Outros tipos de cancelamento de atos administrativos Cassação - para Atos válidos. Na formação, o Ato é legal , mas na sua execução torna-se ilegal. Tem natureza de punição, sanção, contanto sempre existirá o princípio da ampla defesa e do contraditório. Caducidade - para atos válidos. Na formação, o Ato é valido, porém, lei superveniente, que é contrária, faz o ato ficar caduco. Contraposição - retirada do ato pela edição de um outro. Extinção Natural - o prazo do ato terminou. Ex: Ato de posse de servidor público. Extinção Subjetiva - o sujeito do ato extinguiu-se ou não existe mais. Ex: servidor, sujeito do ato faleceu. ExtinçãoObjetiva - o objeto do ato extinguiu-se . Ex: prédio ou área pública, objeto do ato não existe mais. 7.CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Conceito: é a faculdade de vigilância, orientação e correção que UM PODER, ÓRGÃO OU AUTORIDADE exerce sobre a conduta funcional de outro. Espécies de Controle 1. quanto à extensão do controle: CONTROLE INTERNO: é todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria administração. · exercido de forma integrada entre os Poderes · responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle interno, quando deixarem de dar ciência ao TCU de qualquer irregularidade ou ilegalidade. ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 27 CONTROLE EXTERNO: ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Administração DIVERSA daquela de onde a conduta administrativa se originou. · controle do Judiciário sobre os atos do Executivo em ações judiciais; · sustação de ato normativo do Poder Executivo pelo Legislativo; CONTROLE EXTERNO POPULAR: As contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. 2. quanto ao momento em que se efetua: CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO: é o que é exercido antes de consumar-se a conduta administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação prévia, por parte do Senado Federal, do Presidente e diretores do Banco Central. CONTROLE CONCOMITANTE: acompanha a situação administrativa no momento em que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fiscalização de um contrato em andamento. CONTROLE POSTERIOR OU CORRETIVO: tem por objetivo a revisão de atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou, somente, confirmá-los. ABRANGE ATOS como os de aprovação, homologação, anulação, revogação ou convalidação. 3. quanto à natureza do controle: CONTROLE DE LEGALIDADE: é o que verifica a conformidade da conduta administrativa com as normas legais que a regem. Esse controle pode ser interno ou externo. Vale dizer que a Administração exercita-o de ofício ou mediante provocação: o Legislativo só o efetiva nos casos constitucionalmente previstos; e o Judiciário através da ação adequada. Por esse controle o ato ilegal e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado. CONTROLE DO MÉRITO: é o que se consuma pela verificação da conveniência e da oportunidade da conduta administrativa. A competência para exercê-lo é da Administração, e, em casos excepcionais, expressos na Constituição, ao Legislativo, mas nunca ao Judiciário. 4. 5. quanto ao órgão que o exerce: · Controle Administrativo; · Controle Legislativo; · Controle Judicial CONTROLE ADMINISTRATIVO: é exercido pelo Executivo e pelos órgãos administrativos do Legislativo e do Judiciário, sob os ASPECTOS DE ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 28 LEGALIDADE E MÉRITO, por iniciativa própria ou mediante provocação. Meios de Controle: Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é inerente ao poder hierárquico. Supervisão Ministerial: APLICÁVEL nas entidades de administração indireta vinculadas a um Ministério; supervisão não é a mesma coisa que subordinação; trata-se de controle finalístico. Recursos Administrativos: são meios hábeis que podem ser utilizados para provocar o reexame do ato administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Recursos Administrativos: em regra, o efeito É NÃO SUSPENSIVO. Representação: denúncia de irregularidades feita perante a própria Administração; Reclamação: oposição expressa a atos da Administração que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado; Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame dirigida à mesma autoridade que praticou o ato; Recurso Hierárquico próprio: dirigido à autoridade ou instância superior do mesmo órgão administrativo em que foi praticado o ato; é decorrência da hierarquia; Recurso Hierárquico Expresso: dirigido à autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora expressa. CONTROLE LEGISLATIVO: NÃO PODE exorbitar às hipóteses constitucionalmente previstas, sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes. O controle alcança os órgãos do Poder Executivo e suas entidades da Administração Indireta e o Poder Judiciário (quando executa função administrativa). Controle Político: tem por base a possibilidade de fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e organizacional. Controle Financeiro: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Campo de Controle: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 29 valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. TCU: é órgão integrante do Congresso Nacional que tem a FUNÇÃO DE auxiliá-lo no controle financeiro externo da Administração Pública. Obs.: No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária. CONTROLE JUDICIAL: é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce ESPECIFICAMENTE sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança, basicamente, os atos administrativos do Executivo, mas também examina os atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade administrativa. Obs.: É VEDADO AO JUDICIÁRIO apreciar o mérito administrativo e restringe-se ao controle da legalidade e da legitimidade do ato impugnado. Atos sujeitos a controle especial: - atos políticos; - atos legislativos; - atos interna corporis. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Conceito Considerações sempre que alguém sofrer (HC Repressivo) ou se pode sem impetrado pela achar HABEAS CORPUS ameaçado de sofrer (H C própria pessoa, por menor ou Preventivo ) violência ou coação em por estrangeiro. sua LIBERDADE D E LOCOMOÇÃO, por ilegalidade ou abuso de poder. HABEAS DATA para assegurar o conhecimento a propositura da ação é de informações relativas à pessoa gratuita; do impetrante, constante de registro ou banco de dados de é uma ação personalíssima entidades governamentais ou de caráter público; serve também para retificação de dados, quando NÃO se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 30 42 judicial ou administrativo. para proteger direito líquido e Líquido e Certo: o direito certo não amparado por HC ou não desperta dúvidas, está MANDADO DE SEGURANÇA HD, quando o responsável pela isento de obscuridades. ilegalidade ou abuso de poder for qualquer pessoa física ou autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de jurídica pode impetrar, mas atribuições do Poder Público. somente através de advogado. Legitimidade para
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