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CURSO INTERVENÇÃO PRECOCE BASEADA NO MODELO DENVER Material de Estudo Professora Responsável: Psicopedagoga Jéssica Cavalcante www.institutoneuro.com.br INTERVENÇÃO PRECOCE BASEADA NO MODELO DENVER Curso com carga horária de 60 horas. Elaborado e ministrado por Jéssica Cavalcante. Disponível em www.institutoneuro.com.br A autora reserva-se no direito de proibir o compartilhamento e distribuição desse documento. Protegido por direitos autorais. Manuseio exclusivo dos alunos do curso, vinculados no site do Instituto Neuro. Todo o conteúdo apresentado nesse documento foi baseado em livros renomados e artigos científicos. Algumas citações são feitas ao longo do documento, outras estão apresentadas na seção de Referências, no final do mesmo. INTERVENÇÃO PRECOCE BASEADA NO MODELO DENVER O modelo DENVER (Rogers & Dawson) de cuidados precoces baseia-se no conhecimento atual sobre a aprendizagem das crianças pequenas e os efeitos do autismo no desenvolvimento. O objetivo deste modelo é reduzir a gravidade dos sintomas e acelerar o ritmo de desenvolvimento em todos os níveis, com ênfase nos domínios cognitivo, social-emocional e linguístico. Um dos aspectos mais importantes deste modelo é a evidência científica em que se baseia, já que muitos dos programas que são usados para intervir com este tipo de criança não o têm. O DENVER permite a integração de outras técnicas como o PECS (Picture Exchange Communication System), TEACCH (Treatment and Education of Autistic related Communication Handicapped Children), etc., em sua dinâmica. Principais objetivos - Reduzir a gravidade dos sintomas. - Acelerar o ritmo de desenvolvimento infantil em todos os níveis, com ênfase especial no nível cognitivo, socioemocional e lingüístico. O modelo DENVER é desenvolvido para proporcionar uma intervenção precoce abrangente e intensiva para crianças a partir de 12 meses de idade. As principais características do modelo são as seguintes: - Equipe multidisciplinar, que é responsável pela implementação de um currículo de desenvolvimento que aborda todas as áreas. - A interação pessoal é de grande importância. - O objetivo é conseguir uma imitação natural, fluida, recíproca e espontânea de gestos, movimentos e expressões faciais. Além do uso de objetos. - Ênfase no desenvolvimento da comunicação verbal e não-verbal. - Interesse nos aspectos cognitivos das brincadeiras realizadas através de rotinas de brincadeiras diádicas. - Colaboração e participação plena das famílias. Este modelo foi desenvolvido para ser entregue por educadores da primeira infância, psicólogos educacionais, psicólogos clínicos ou de desenvolvimento, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, analistas de comportamento e outros que foram treinados e supervisionados por estes profissionais. Em outras palavras, é um modelo multidisciplinar no qual uma grande variedade de profissionais trabalham juntos, incluindo não apenas os mencionados acima, mas também um neuropediatra para garantir que as necessidades de saúde dessas crianças sejam atendidas. A família também é uma parte importante da equipe, não devemos esquecer o papel fundamental que as famílias desempenham no desenvolvimento ideal de seus filhos, pois sua presença é considerada fundamental para o sucesso das intervenções. O diferencial – O coordenador ou “COORDENADOR DE CASO” A figura do coordenador do caso pode ser exercida por qualquer um dos diferentes profissionais envolvidos, levando em conta o contexto e as necessidades da criança. Entre suas funções, encontramos as seguintes: - Avaliar a criança usando a "Curriculum Checklist". - Desenvolver objetivos a prazo, análise de tarefas para cada objetivo, atividades e sistemas de coleta de dados. - Registrar isso em um caderno dedicado à intervenção que está sendo realizada. - Manter contato constante com a família. - Trabalhar diretamente com a criança. - Garantir que a intervenção esteja ocorrendo com sucesso e que a criança esteja fazendo progressos. - Revisar os dados coletados semanalmente. - Dirigir todas as mudanças apropriadas na abordagem do ensino. - Desenvolver e implementar planos de reforço para comportamentos positivos. - Consulte outros profissionais quando precisar de informações sobre sua disciplina. - Fornecer o treinamento necessário para o pessoal auxiliar, quando necessário. Levando em conta todas as suas funções, pode-se dizer que o coordenador do caso tem um papel fundamental e muito necessário na intervenção. É essencial que haja uma figura de referência neste tipo de intervenção, na qual a equipe é multidisciplinar, pois alguém deve estar encarregado de organizar todo o processo e representar cada um desses profissionais. Além disso, a existência do coordenador do caso é importante tanto para a família quanto para a própria criança. Desta forma, a comunicação com a família é facilitada. Esta comunicação constante que ocorre entre a família e o responsável pelo caso não só os incentiva a falar sobre como a intervenção está indo, mas também beneficia outros aspectos, tais como a confiança que é criada entre eles, um sentimento de segurança em relação ao trabalho que está sendo realizado com seus filhos, etc. Esta relação mais estreita que é formada entre ambas as partes aumentará o sucesso da intervenção, pois é muito provável que desta forma a família esteja mais envolvida na intervenção. Quanto ao benefício para a criança, temos que levar em conta as características das crianças pequenas com autismo, de modo que o fato de haver apenas uma pessoa encarregada principalmente de sua intervenção também lhes proporcionará mais confiança, segurança e continuidade. A figura do coordenador do caso facilita que a intervenção seja mais organizada e estruturada, dando assim melhores resultados. O fato de ser uma pessoa que está encarregada de refletir a avaliação na Checklist e planejar a intervenção, fornece informações muito mais claras e precisas sobre as necessidades que a criança pode apresentar, pois se cada profissional estivesse encarregado de realizar sua parte e depois comunicá-la aos outros, muitos dados relevantes seriam perdidos, levando em conta a dificuldade que pode estar envolvida em reunir todos os profissionais ao mesmo tempo, o tempo todo. Desta forma, o responsável pelo caso pode detectar mais rapidamente quais são as necessidades da criança, suas características, como ela está evoluindo e se a intervenção é benéfica. O currículo que segue este modelo é obtido através do "Curriculum Checklist". Nesta lista aparecem as várias habilidades específicas, ordenadas de acordo com o nível de desenvolvimento, dentro de cada uma das diferentes áreas: 1. comunicação expressiva, 2. comunicação receptiva, 3. atenção conjunta, 4. imitação, 5. habilidades sociais, jogo, 7. habilidades cognitivas, 8. habilidades motoras finas, 9. habilidades motoras brutas, e finalmente, 10. habilidades de autocuidado. Embora levando em conta algumas dessas habilidades, deve-se observar que o modelo DENVER dá mais peso a cinco delas: imitação, comunicação não verbal (incluindo atenção conjunta), comunicação verbal, desenvolvimento social e jogo. No início do programa, as habilidades da criança são avaliadas para determinar seu nível atual, usando a Curriculum Checklist. Uma vez coletados todos esses dados, são desenvolvidos objetivos de aprendizagem, com o objetivo de que a criança possa atingí-los durante as próximas 12 semanas. No final deste período, o procedimento é o mesmo novamente, outros objetivos de aprendizado são reescritos para as 12 semanas seguintes. A fim de tornar esta intervenção o mais individualizada possível, os seguintes aspectos devem ser levados em consideração: - Desenvolver um currículo de desenvolvimento que leve em conta as necessidades de aprendizagem de cada criança. - Prestar atenção às preferências e interesses da criança a fim de individualizar materiais e atividades. - Acrescentar os valores, necessidades e preferênciasda família aos objetivos da criança, facilitando assim o uso do programa em casa e em outros ambientes comunitários. - Usar uma árvore de decisão que permita ao terapeuta fazer mudanças apropriadas nos procedimentos de ensino que estão sendo usados quando o progresso é muito lento. Em termos dos procedimentos didáticos utilizados, o ensino neste modelo é integrado a partir de atividades lúdicas. Vários objetivos de diferentes domínios de desenvolvimento são abordados e tudo isso ocorre a um ritmo muito rápido. A importância é colocada no "ensino eficiente", pois estas crianças têm muito a aprender, mas a janela de tempo disponível para elas é muito limitada. Além disso, esses procedimentos reproduzem situações que são reais e naturais para a criança, o que permite que elas sejam ensinadas em uma variedade de ambientes, tais como contextos familiares, escolares e clínicos. O modelo DENVER é projetado para crianças que iniciam a intervenção aos 1-3 anos de idade e continuam até os 4-5 anos de idade. Um aspecto importante do projeto é que ele não contempla a intervenção com crianças maiores de 5 anos, mesmo que suas habilidades de desenvolvimento atuais correspondam às do programa. A razão é que este tipo de currículo não é considerado apropriado para crianças mais velhas. Recomenda-se que este programa seja utilizado com crianças que demonstrem interesse em objetos, assim como ser capazes de realizar ações simples com objetos, como colocá-los e retirá-los. Formular objetivos de ensino A criança é avaliada utilizando a "Curriculum Checklist“ (AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO). O coordenador de casos é responsável pelo desenvolvimento de dois a três objetivos para cada um dos diferentes domínios de desenvolvimento na lista de verificação. A intenção é que estes objetivos possam ser alcançados dentro das próximas 12 semanas. O objetivo pedagógico é ajustado com o passar do tempo, levando em conta os dados que foram coletados durante as sessões. Quando as 12 semanas tiverem passado, estes objetivos são revistos usando os resultados obtidos como referência, que são reavaliados usando a Checklist. Finalmente, novos objetivos de aprendizado são estabelecidos ou aqueles que não foram capazes de alcançar são revisados. Análise de tarefas e fases de ensino Cada objetivo é dividido em diferentes fases, através de uma análise da tarefa de desenvolvimento. Estas fases são uma seqüência de passos que devem ser seguidos para se atingir o objetivo, elas também servem como um guia para saber no que trabalhar em cada sessão. As sessões se concentram no ensino de cada uma dessas etapas. Durante as sessões, o coordenador deve fazer uma pausa em intervalos regulares (a cada 15 minutos) para registrar o progresso da criança no "resumo diário". Este resumo reflete os objetivos de 12 semanas, a análise de tarefas e o desempenho individual da criança. Esta é uma maneira muito útil e eficaz de acompanhar o que foi ensinado e como a criança está aprendendo. Caderno de Intervenção – “o programa” Ela inclui os objetivos propostos, análise de tarefas, resumos diários e qualquer informação considerada relevante para o caso. Neste caderno, também são feitas anotações sobre o desenvolvimento das sessões, em termos de problemas que possam ter surgido, aspectos a serem destacados, perguntas para outros profissionais, etc. Deve ser mantido onde a maioria das sessões ocorre e ser acessível a cada um dos profissionais. Planos e estruturas para o ensino Os procedimentos de ensino podem ser divididos em duas fases. A primeira é tornar-se um parceiro de brincadeira para a criança, ou seja, a presença do adulto é útil e serve como reforço, para que a criança possa eventualmente assumir um papel mais ativo na brincadeira. A segunda fase consiste em desenvolver o jogo de tal forma que sejam produzidas rotinas de atividade conjunta, tanto com quanto sem objetos. Tornando-se um Playmate – O companheiro de jogo “amiguinho (a) de brincar” A motivação é essencial para ensinar e interagir com qualquer criança, e no caso de crianças com TEA, seus padrões de motivação podem ser muito diferentes dos de outras crianças. Neste programa, a motivação da criança é muito importante, pois seu interesse em algo é o que inicia uma atividade. A questão é: o que motiva as crianças com TEA? Eles geralmente são menos motivados socialmente, eles não dão importância à atenção ou aprovação social. Portanto, seu interesse está mais voltado para o ambiente físico ao seu redor. Eles são normalmente motivados por obter objetos, manipular seus objetos favoritos, criar efeitos com eles, etc. Por outro lado, há crianças que gostam de atividades sociais que envolvem contato físico, como cócegas, ou jogos musicais. Nesta intervenção é necessário ter materiais e atividades que estimulem o interesse, a energia, o humor positivo e a aproximação da criança. Para descobrir o que motiva uma criança você tem que colocá-la em uma situação onde há muitos objetos apropriados à sua idade, bem organizados e acessíveis, e depois observar o que acontece. O comportamento deles nos mostrará quais objetos ou atividades eles acham interessantes. Uma criança motivada é uma criança focada, atenta e ansiosa para aprender. Outros objetos ou atividades que podem ser motivadores para estas crianças são: brinquedos sociais sensoriais que criam efeitos físicos ou sensoriais muito marcantes (bolhas, pompons, maracas, etc.), jogos físicos (saltar em um trampolim, jogos de dedos, etc.) ou alimentos. Não é suficiente que as crianças se concentrem em objetos. Para poder aprender com as pessoas, é essencial que sua atenção esteja na pessoa, ou seja, devemos entrar em seu centro de atenção. Devemos chamar a atenção da criança para nossos olhos e rosto, nossas ações corporais, vozes, sons e palavras. Para fazer isso, devemos eliminar quaisquer distrações no ambiente físico, caso contrário, elas podem se tornar fortes concorrentes. Os objetos que não estão sendo usados devem ser guardados, embora o ideal seja que a sala não tenha nada dentro, exceto uma mesa, cadeiras e um armário ou prateleiras fechadas. A presença de outras pessoas também pode afetar este aspecto. Uma técnica muito eficaz é a comunicação social, que é dada através dos olhos e do rosto. É importante que as crianças olhem para nós, que tenham uma visão clara de nosso rosto, nossas expressões, etc. Por esta razão, é recomendável que nos coloquemos frente a frente com a criança, no mesmo nível de visão, mantendo os materiais entre nós. Se a criança esconde os olhos ou vira a cabeça para nos evitar, a melhor coisa a fazer é se afastar. Uma vez que estamos frente a frente, temos que olhar para a criança com interesse, acenando e sorrindo, tudo de uma forma natural, enquanto acrescentamos palavras simples e efeitos sonoros. Também podemos descrever as ações que a criança está fazendo, usando uma linguagem adaptada ao nível da criança. Quando a criança está acostumada com a nossa presença, podemos começar a ajudá-la com o que ela quer alcançar, como trazer um brinquedo que ela quer mas está fora de alcance. Quando virmos que a criança se sente confortável, começaremos a assumir um papel durante o jogo. Você pode começar imitando a criança tomando materiais idênticos aos que ela está usando e imitando o que ela está fazendo, isto é chamado de "brincadeira paralela". As crianças com TEA geralmente mostram respostas positivas quando são imitadas. Se a criança quiser seus materiais, nós os daremos a ela, levaremos outros e começaremos de novo. É importante que haja dois conjuntos de cada material. Outra forma de imitação é entrar no jogo e estabelecer metas conjuntas. Por exemplo, uma criança está construindo uma torre, nós acrescentaremos um bloco. Se ele protestar, voltaremos ao jogo paralelo. Criar variações no jogo para torná-lo mais complexo também é útil, pois torna a atividade mais interessante ao acrescentar algo novo. Por exemplo, se a criança estiver brincando com um trem e seuscarros, podemos adicionar mercadorias a cada um deles para transportar. A fim de adquirir um papel mais ativo no jogo, dois aspectos são importantes: controlar os materiais e jogar por turnos. Por um lado, uma vez que a criança tenha escolhido os materiais com os quais quer brincar, nós manteremos todos os outros. Tê-los em nossas mãos e dá- los quando eles precisam, nos permitirá controlar os reforços, fazendo de nós o centro das atenções. Por outro lado, jogar por turnos pode parecer mais intrusivo e difícil. Vamos esperar que a criança comece uma atividade, quando ela estiver brincando há dois ou três minutos, daremos uma breve volta dizendo "é minha vez“, ao mesmo tempo em que estendemos a mão para pegar o material. Em seguida, nós o devolveremos rapidamente à criança enquanto lhe dizemos que é a sua vez. Caso eles não queiram deixar o material conosco, nós o trocaremos por uma alternativa por algum tempo, até que eles entendam que o material que for levado para jogar uma vez será devolvido imediatamente. ROTINAS DE ATIVIDADE CONJUNTA Uma atividade conjunta é aquela em que duas pessoas fazem a mesma atividade cooperativa juntas, com os mesmos objetivos. Os parceiros de atividade se olham, dão materiais uns aos outros, comunicam-se entre si, compartilham sorrisos e diversão. Há diferentes fases: 1. Fase de abertura ou preparação: As ações que precedem o início da primeira atividade conjunta do jogo, ou seja, em que consistirá o jogo. 2. Tema: O período da primeira atividade lúdica. A criança e o adulto se envolvem em uma atividade lúdica definida, concentrando-se em um objeto ou brincadeira social. 3. Fase de desenvolvimento: Adicionar variações à atividade para manter a atenção e a motivação. Permite ao adulto ampliar a atenção da criança, incentivar a flexibilidade, desenvolver a criatividade e abordar diferentes áreas de habilidade. 4. Encerramento: Quando a atenção diminui ou o valor pedagógico da atividade se esgota. Os materiais são guardados e a atividade é alterada. - No MODELO DENVER estas atividades são de grande importância, pois toda uma série de atividades conjuntas são as que moldam a sessão, começando com uma atividade de saudação, uma variedade de atividades diferentes, até chegar à rotina de despedida. - Há vários tipos de rotinas de atividades conjuntas. Rotinas baseadas em objetos Neste tipo de rotina, são os materiais que fornecem o tema do jogo. Consiste em duas pessoas compartilhando intenções, atenção e diversão com os objetos. Desta forma, as crianças demonstram sua consciência da atenção conjunta através de diferentes ações como dar, compartilhar, mostrar e apontar os materiais, alternar o olhar entre os objetos e o adulto, etc. Rotinas sociais sensoriais A atenção de cada participante é voltada para a outra pessoa, e não para os objetos. Nesses jogos há um alto grau de interação e ambas as partes desfrutam dela. É uma atividade diádica, ou seja, duas pessoas estão envolvidas na mesma atividade e reciprocamente se revezam brincando, imitando uma à outra, comunicando-se verbalmente, por gestos ou expressões faciais. Nas rotinas sociais sensoriais, os objetos ficam em segundo plano, sendo a troca social o tema principal. Exemplos são jogos de colo, bolinhas de sabão etc. Rotinas de saudação e despedida Cada sessão deve começar com uma rotina de saudação e terminar com uma rotina de despedida. Você começa com ações muito simples, como chamar a atenção da criança, acenar com a mão e dizer "olá" ou "adeus", sugerindo à criança que a repita. Gradualmente estas ações se tornarão mais complexas, elaborando uma pequena seqüência de atividades que consiste em sentar, tirar os sapatos, colocá-los em uma caixa, acenar, dizer ou cantar "olá" com uma canção de boas-vindas e imitar os movimentos e talvez executar uma rotina social sensorial. Rotina de coleta É importante que os materiais sejam coletados e guardados no final de cada atividade, pois é conveniente deixar o espaço relativamente vazio, de modo que o adulto seja aquele que atrai a atenção da criança. No início será o adulto que será responsável pela coleta, colocando os materiais em um recipiente. Mais tarde, esta rotina se tornará mais complexa, pois a criança terá que abrir caixas, colocar os materiais, fechar caixas, etc. Também podem ser feitas variações, por exemplo, contando os elementos que estão sendo mantidos, dando ordens à criança sobre onde colocar cada material, classificando por forma ou cor, etc. Rotina do Almoço Tanto o adulto quanto a criança fazem essa atividade alimentar ao mesmo tempo. Muitas habilidades de comunicação e outras habilidades podem se desenvolver durante este tempo. Podemos servir a comida para a criança, e fazer com que ela a sirva para nós. Podemos trabalhar em alguns objetivos linguísticos receptivos pedindo um guardanapo, um garfo, um copo, etc. O uso de talheres para trabalhar as habilidades motoras finas. Ao comer, faremos ruídos como “hummm" ou "ahhh" para incentivar a imitação vocal. As habilidades de comportamento adaptativo também podem ser abordadas, tais como limpar, colocar a mesa, servir, derramar, cortar, espalhar com uma faca, etc. É importante que todos esses tipos de rotinas sejam alternadas, pois cada uma delas proporciona um tipo de aprendizagem para a criança. Rotinas centradas em objetos facilitam o ensino de habilidades cognitivas, imitação, comunicação e linguagem, habilidades motoras finas e brutas. Por outro lado, as rotinas sociais sensoriais se concentram mais nas habilidades sociais, de comunicação, de linguagem e de imitação. Outros aspectos importantes dentro dos procedimentos de ensino são a gestão de comportamentos indesejados e a organização e planejamento da sessão. OS COMPORTAMENTOS Como administrar comportamentos indesejados Os comportamentos indesejados têm conseqüências sociais que podem afetar negativamente o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, por isso é aconselhável substituí-los por outros comportamentos que sejam mais aceitos e compreensíveis socialmente. O primeiro passo é identificar quais são esses comportamentos indesejados e registrar com qual freqüência eles ocorrem. Será desenvolvida uma intervenção com o objetivo de reduzí-los. As famílias também recebem aconselhamento e treinamento para que também elas possam administrar esses comportamentos. No caso de comportamentos perigosos ou destrutivos, o analista de comportamento deve ser contatado imediatamente. O modelo DENVER se baseia nos princípios do reforço positivo do comportamento, ou seja, tem uma abordagem positiva. Primeiro, é necessário identificar a funcionalidade que o comportamento indesejado tem para a criança e encontrar outro comportamento que ele possa usar para atingir seus objetivos. A criança é ensinada ativamente a usar este comportamento simulando a situação e dando-lhe uma pista para executar o comportamento antes que ele use o comportamento indesejado. Reforçar o comportamento desejado e ignorar o indesejado aumentará o uso espontâneo do novo, bem como melhores resultados. É importante destacar o comportamento estereotipado (estereotipias). É considerado indesejável, quando em excesso, de forma que atrapalhe a rotina e a vida da criança, pois embora não cause lesões ou destruição, absorve a atenção da criança e interfere no seu aprendizado e interação social com os outros. Portanto, o modelo DENVER visa substituir este tipo de comportamento por outros mais adaptativos. Para isso é necessário encontrar uma recompensa extrínseca que seja mais poderosa do que o estereótipo em si. No caso de não haver um reforço tão forte, será necessário eliminar esse objeto da intervenção. O objetivo não é eliminar todas as estereotipias, mas aumentar o repertório de comportamentos espontâneos adaptativos da criança. Se este repertório funcional aumentar, as estereotipias representarão uma proporção muito menor das atividades totais da criança com objetos. As estereotipias são trabalhadas quando sua intensidade,freqüência ou foco são limitantes para a pessoa; aqueles que não são limitantes mas relaxam a criança serão permitidos. PLANEJAMENTO DAS TERAPIAS Organização e planejamento da sessão: Uma sessão de intervenção do modelo DENVER é estruturada por uma série de atividades conjuntas, com uma duração de 2 a 5 minutos cada. Com o passar do tempo, as atividades serão mais longas, com duração de até 10 minutos. Durante uma sessão, todas as metas da criança podem ser trabalhadas e as habilidades já dominadas podem ser revistas. As sessões devem começar e terminar com as rotinas de saudação e despedida. Além disso, as rotinas de objetos e rotinas sociais sensoriais devem ser alternadas. Em termos de atividades, as mudanças de espaço e atividade são muito importantes, pois regulam os níveis de energia e os interesses das crianças. Em cada atividade trabalhamos através dos objetivos das diferentes áreas, incluindo dois ou três objetivos diferentes em cada atividade. Além disso, um deles deve ser sempre um objetivo de comunicação. Por exemplo, as rotinas de vestir e despir podem ser acompanhadas por rotinas de saudação e despedida. EXEMPLO DE UMA SESSÃO Materiais necessários Saudação: Rotina de saudação Atividade 1 e seus objetivos: Rotina Social Sensorial 1 Atividade 2: Atividade Motora Livros Lanche Atividade de objeto 3: Rotinas sociais sensoriais Adeus: Rotina de Encerramento NUNCAS ESQUECER DAS HABILIDADES 1.Comunicação expressiva. 2. Comunicação receptiva. 3. Atenção conjunta. 4. Imitação. 5. Habilidades sociais. 6. jogar. 7. Habilidades cognitivas. 8. Habilidades motoras finas. 9. Habilidades motoras brutas. 10. Independência pessoal. SESSÃO DE 30 MINUTOS 1. Rotina de saudação. 2. Atividade - 1: Comunicação expressiva. 3. Atividade 2: Comunicação receptiva. 4. Atividade de imitação. 5. Rotina de despedida. SESSÃO DE 60 MINUTOS 1. Rotina de saudação. 2. Atividade 1: Comunicação receptiva. 3. Atividade 2: Comunicação expressiva. 4. Atividade 3: Comunicação receptiva. 5. Lanche manipulador. 6. Atividade 4: Comunicação expressiva. 7. Atividade de imitação. 8. rotina de despedida. EXEMPLO HIPOTÉTICO DE OBJETIVOS NOME DA CRIANÇA: K ÁREA DE COMUNICAÇÃO RECEPTIVA Reconhecimento, discriminação e compreensão de sons e palavras, assim como informações recebidas por meios não verbais. OBJETIVOS: 1. desenvolver a resposta do nome; o aluno K olhará para o orador, fazendo contato visual em resposta ao nome. 2. incentivar a indicação de proximidade, respondendo adequadamente de acordo com a ação (virar-se, aproximar-se, etc.). 3. Incentivar a conclusão de, pelo menos, 5 instruções simples e diferentes com seu corpo (levante-se, sente-se, venha aqui, etc.). 4. Promover a resposta apropriada ao chamado do adulto; K se voltará, olhará para o adulto e depois para o objeto que o adulto lhe mostra. 5. incentivar a resposta a instruções verbais negativas. Quando lhe for dito "K, pare" ou "K, espere", ele responderá adequadamente, cessando a atividade. ÁREA DE COMUNICAÇÃO EXPRESSIVA Estamos falando da produção e utilização de sons, palavras ou gestos como meio de transmissão de informações. OBJETIVOS: 1. para trabalhar a fase IV do PECS: o estudante tem que ser capaz de apontar as imagens durante sua leitura em cada intenção comunicativa. 2. Para completar a frase, introduzindo atributos, enriquecendo assim seu vocabulário. 3. Discriminar entre (até 4) atributos diferentes em cada ato comunicativo. ÁREA DE DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS Eles são o conjunto de hábitos e/ou estilos que nos permitem relacionar-nos com nosso ambiente de maneira consciente e coerente. OBJETIVOS: 1. incentivar a manutenção e a atenção nas rotinas sociais por pelo menos 2 minutos. Responder com comportamentos motores apropriados, contato visual, etc... 2. Para desenvolver a resposta à saudação. K deve ser capaz de responder adequadamente através do PECS ao gesto e verbalização do "olá" e do "adeus". ÁREA DE DESENVOLVIMENTO DA IMITAÇÃO É um tipo de desempenho, que consiste em copiar ou reproduzir algo que já existe, o que nos ajudará no aprendizado de certas habilidades. OBJETIVOS: 1. melhorar a imitação das ações dentro das atividades lúdicas. 2. Desenvolver a imitação dos movimentos corporais, durante rotinas sociais sensoriais, canções, etc. 3. Incentivar a imitação de movimentos orais-faciais simples: abrir e fechar a boca, soprar beijos, sair e enfiar na língua, etc. ÁREA DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO É a capacidade dos seres vivos de processar informações através da percepção. OBJETIVOS: 1. discriminar grupos de até 8 objetos de acordo com sua identidade (cor, forma, tamanho, etc.). 2. Combine até 8 imagens idênticas de forma independente. 3. Identificar até 8 elementos diferentes, após solicitação verbal. ÁREA DE JOGO SIMBÓLICA Tem muito a ver com imitação; engloba as diferentes habilidades do estudante para imitar situações da vida real e colocar-se no lugar de outras pessoas. OBJETIVOS: 1. desenvolver pelo menos 5 atividades lúdicas simbólicas diferentes baseadas em atividades diárias (banho, escovação de cabelo, escovação de dentes, etc.). 2. incentivar o jogo por turnos; K deve ser capaz de manter até 5 turnos no mesmo jogo. 3. Organizar diferentes materiais, após a atividade, coletando-os e classificando-os em seu lugar correspondente (independentemente). ÁREA DE COORDENAÇÃO MOTORA FINA Esta é a coordenação de movimentos musculares finos e pequenos que ocorrem em coordenação com os olhos, por exemplo, a escrita. OBJETIVOS 1. empilhar e separar até 5 blocos ou lego, usando a pinça digital (movimento de pinça). 2. Construir torres de até 10 blocos, independentemente, usando as pinças digitais. ÁREA COORDENAÇÃO MOTORA GROSSA Estes são os movimentos musculares maiores; a capacidade que a criança adquire de mover seu corpo no espaço enquanto mantém o equilíbrio. OBJETIVOS: 1. imitar diferentes ações motoras brutas de forma consciente, em várias posições (sentado, em pé ou em movimento). 2. pular sobre obstáculos colocados no chão, para frente e após a modelagem de adultos. ÁREA DE INDEPENDÊNCIA PESSOAL Inclui as diferentes faculdades que o estudante está adquirindo para desenvolver diferentes atividades da vida diária de forma autônoma. OBJETIVOS: 1. para favorecer a capacidade de retirar e vestir o casaco. 2. Desenvolver a rotina de "lavagem das mãos", seguindo diferentes instruções. 3. Desenvolver a rotina de "lavagem facial", seguindo diferentes instruções. PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES (CASO HIPOTÉTICO) Deve ser realizado após a avaliação da criança, após definir os objetivos. Atividade 1: rotina de saudação (início) OBJETIVOS: - Para desenvolver a resposta ao nome; o aluno K olhará para o interlocutor, fazendo contato visual em resposta ao nome. - Para desenvolver a imitação de movimentos corporais, durante os movimentos sensoriais rotinas sociais sensoriais, canções, etc. - TRABALHAR COM PECS (EXEMPLO) ATIVIDADES: Para começar, K irá para o local apropriado e tirará seu casaco, pendurando-o debaixo de sua foto correspondente. Em seguida, ele será informado através de imagens o que vai fazer (“Let's sing the hello song” - cantar a canção "olá"). Enquanto a criança canta, é dada uma ajuda física para os movimentos da canção. Quando acabamos de cantar, vamos nos cumprimentar com o com a ajuda do PECS. Apresentaremos uma “faixa" com a imagem "olá" + "foto de K". Nós temos que apontar, então a criança nos responderá, usando a imagem "olá" + nossa foto. ÁREA DE DESENVOLVIMENTO: Comunicação receptiva. Comunicação expressiva. Imitação. RECURSOS Pessoal: - orientar a atividade. Materiais: - Livro de comunicação. - Números TEMPO: 3 MINUTOS Referências Bibliográficas FIORE-CORREIA, O. B. A aplicabilidade de um programa de intervenção. Curso de Pós-graduação em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ. GAIATO, M. S.O.S. Autismo: Guia completo para entendero transtorno do espectro autista. 2. ed. São Paulo: nVersos, 2019. 254 p. LAMPREIA, C. A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 24, n. 1, p. 105 – 114, 2007. ISSN ISSN 1982-0275. LAMPREIA, C. Os Enfoques Cognitivista e Desenvolvimentista no Autismo: Uma Análise Preliminar. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(1), pp.111-120, 2004. MALHEIROS, G. C., et al. Benefícios da intervenção precoce na criança Autista. Revista Científica da FMC. Vol. 12, nº 1, julho de 2017 ROGERS, SALLY J.; DAWSON, GERALDINE. Intervenção Precoce em Crianças com Autismo. Lidel, 2014. 376p. CARPENTER, M.; NAGELL, K.; TOMASELLO, M. Social cognition, joint attention, and communicative competence from 9 to 15 months of age. Monographs of the Society for Research in Child Development, 63 (Serial nº . 255), Chicago: The University of Chicago Press., 1998. ROGERS, S.; DAWSON, G. Early Start Denver Model . New York: The Guilford Press, 2010 ROGERS, S.; DAWSON, G.; VISMARA, L. An early start for your children with autism. New York: The Guilford Press, 2012. Vismara, L. A., & Rogers, S. J. (Dezembro de 2008). The Early Start Denver Model - A Case Study of an Innovative Practice. Journal of Early Intervention, pp. 91-108. Vivanti, G., Paynter, J., Duncan, E., Fothergill, H., Dissanayake, C., & Team, t. V. (2014). Effectiveness and Feasibility of the Early Start Denver Model Implemented in a Group-Based Community Childcare Setting. Journal of Autism and Developmental Disorders.
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