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Artigo Gravidez na Adolescência

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PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS SOCIOASSISTENCIAIS COM 
FAMÍLIAS 
 
 
 
 
 
 
NAYLANE BARBOSA DE JESUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES 
PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A 
REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Feira de Santana 
2019 
1 
 
NAYLANE BARBOSA DE JESUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES 
PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A 
REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de 
Artigo Científico, apresentado a Universidade 
Candido Mendes (UCAM), como requisito obrigatório 
para a conclusão do curso de Pós-graduação Lato 
Sensu em Gestão de Projetos Sociassistenciais com 
Famílias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Feira de Santana 
2019 
2 
 
A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES 
PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A 
REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 
 
Naylane Barbosa de Jesus1 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo desse artigo científico é dissertar sobre a gravidez na adolescência, enfatizando o papel 
do(a) Assistente Social dentro desse contexto nas unidades públicas executoras do Sistema Único de 
Assistência Social do Brasil - CRAS, CREAS e Centro POP. Atualmente, a gravidez na adolescência 
é considerada como um problema social e de saúde pública devido a sua grande incidência, 
principalmente nas camadas mais pobres da sociedade. O tabu das conversas sobre sexo na família, 
a descoberta precoce da sexualidade e a influência do meio social e da mídia podem ser alguns dos 
fatores que levam os adolescentes a iniciarem a sua vida sexual mais cedo; e o uso incorreto ou a 
não utilização dos métodos contraceptivos podem ser apontados como uma das principais causas da 
gestação precoce não desejada. Em tempos de mudanças na sociedade, as mulheres e os homens 
estão decidindo ter filhos cada vez mais tarde para focar na carreira profissional, a gravidez na 
adolescência em condições financeiras e emocionais desestruturadas se torna um problema social. A 
imaturidade dos jovens pais, a falta de estrutura financeira e a evasão escolar podem ser 
consideradas as principais consequências da gravidez precoce nas famílias em situação de risco e/ou 
vulnerabilidade social, sendo que estas duas últimas causam fortes impactos socioeconômicos na 
sociedade. Nesse contexto, o Assistente Social pode atuar na proteção social básica, na unidade 
CRAS, e proteção social especial – nos equipamentos CREAS e Centro POP. 
 
Palavras-chave: Gravidez precoce. Assistente Social. CRAS. CREAS. CENTRO POP. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A gravidez na adolescência não é um fato recente, no entanto, hoje em dia, é 
visto como um problema social e de saúde pública, devido a sua grande incidência 
no Brasil e no mundo, suas implicações socioeconômicas e seus riscos para a mãe 
e o bebê. 
 A adolescência é considerada a transição entre a infância e a fase adulta, 
caracterizada pelas mudanças físicas, sociais e psicológicas, em que, geralmente, 
os adolescentes têm conflitos externos e internos. Com as transformações 
fisiológicas, inicia-se a puberdade, que além do contato com a sexualidade, dá 
condições biológicas para a reprodução humana. 
 O tabu das conversas sobre sexo no meio familiar, a descoberta precoce da 
sexualidade e a influência do meio social e midiático podem ser alguns dos fatores 
 
1 Graduada em Serviço Social pela UNIFACS em 2017 e Pós graduanda em Gestão de 
Projetos Sociassistenciais com Famílias. Assistente Social do Município de Cairu-Ba. 
3 
 
que levam os adolescentes a iniciarem a sua vida sexual mais cedo; e o uso 
incorreto dos métodos contraceptivos ou a não utilização deles podem ser uma das 
principais causas da gestação não desejada. 
 Esse problema, inclusive, causa um forte impacto socioeconômico visto as 
consequências sociais que a gestação precoce nas famílias em situação de risco 
e/ou vulnerabilidade social acarreta. 
 O Serviço Social, então, se faz presente nesse contexto a fim de contribuir 
para a tentativa de diminuição da incidência da gravidez e para a atenção às 
gestantes que já estão com os vínculos familiares e comunitários rompidos. 
 A atuação do(a) Assistente Social depende dos níveis de complexidade em 
que se encontra trabalhando: proteção social básica e especial. A proteção básica, 
de modo geral, é destinada para prevenir situações de vulnerabilidade e risco social, 
visando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a superação dessas 
situações. Já a proteção especial é dividida em média e alta complexidade e tem 
como finalidade a contribuição da reconstrução de vínculos familiares e 
comunitários, o fortalecimento de potencialidades e aquisições e a proteção de 
famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de risco pessoal e social, 
por violação de direitos. 
A primeira seção é intitulada “Adolescência e Gravidez Precoce: Possíveis 
causas e consequências sociais” contém dados gerais sobre essa fase da vida 
humana, enfatizando as causas mais prováveis da gravidez precoce ser algo tão 
presente na atualidade e as consequências sociais que implicam na vida dos pais 
adolescentes e consequentemente na sociedade. 
Logo após, há a seção “Gravidez Na Adolescência e Políticas Públicas: Papel 
do(a) Assistente Social no CRAS, CREAS e Centro POP Frente a Questão da 
Gravidez na Adolescência”, que aponta o cerne do artigo, abordando primeiramente 
a visão do Estado em relação a esse problema social, e depois dissertando acerca 
da intervenção do Profissional de Serviço Social diante dessa demanda dentro das 
unidades públicas da Assistência Social, que são o CRAS, CREAS e o Centro POP. 
 Sendo assim, o objetivo desse artigo científico é discorrer, através de 
pesquisa bibliográfica, em sites e artigos, sobre a gravidez na adolescência, 
enfatizando o papel do(a) Assistente Social nesse contexto dentro do CRAS, 
CREAS e Centro POP, que são as unidades públicas executoras do Sistema Único 
de Assistência Social do Brasil. 
4 
 
ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ PRECOCE: POSSÍVEIS CAUSAS E 
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS 
 
A adolescência marca a transição da infância para a fase adulta e é 
caracterizada por mudanças físicas, emocionais, sociais e sexuais. De acordo com 
Eisenstein (2005), a Organização Mundial da Saúde (OMS) define os limites 
cronológicos da adolescência entre 10 e 19 anos, e a Organização das Nações 
Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos, sendo que esse último é mais usado para fins 
estatísticos e políticos. No Brasil, a Lei Nº 8.069/1990, Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), considera como adolescentes pessoas com a faixa etária de 12 
anos incompletos a 18 anos de idade. 
A etimologia da palavra adolescência decorre do latim “ad” (para) + “olescere” 
(crescer), significando, então, “crescer para”, referindo-se à ideia de 
desenvolvimento e de preparação para o futuro (PEREIRA & PINTO, 2003). 
Portanto, essa fase é marcada por conflitos internos e externos associados pelas 
mudanças corporais e fisiológicas, gerando inquietação, ansiedade e insegurança 
devido a nova etapa que o adolescente está descobrindo (MOREIRA et.al., 2007). 
Além disso, com a adolescência vêm novas responsabilidades, anseios e 
transformações psicológicas, emocionais, morfológicas e fisiológicas. Uma dessas 
mudanças está ligada à sexualidade, deparando-se com situações que antes não 
existiam como o início da puberdade. 
 A puberdade é um fenômeno biológico que está ligado às mudanças 
corporais e hormonais que caracterizam a adolescência. Freud (1905 apud 
DADOORIAN, 2003) afirma que nesse período acontece a maturidade sexual que 
tem como objetivo a reprodução da humanidade. Surge, assim, o interesse pelo 
sexo, que se não houver precação, pode ocorrer uma gravidez indesejada. 
 Sabe-seque a adolescência é a fase em que é comum o surgimento de 
namoros e experiências sexuais, porém, geralmente, os adolescentes não sabem 
lidar com o descobrimento da sexualidade. 
 Atualmente, os adolescentes iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo. 
Segundo o Relatório “Situação da População Mundial 2013”, do Fundo de 
População das Nações Unidas (UNFPA), 26,8% da população sexualmente ativa 
(15-64 anos) iniciou sua vida sexual antes dos 15 anos no Brasil (MS/PCAP, 2013). 
5 
 
 Esse fato pode estar associado ao avanço e fortalecimento dos meios de 
comunicação de massa, levando os adolescentes a agirem e a se comportarem 
segundo uma realidade ilusória transmitida pela mídia, não tomando as devidas 
precauções para não acontecer uma gravidez indesejada. 
 Além disso, Santos et. al. (2010), afirma que a diminuição da idade da 
primeira menstruação e da primeira relação sexual bem como o adiantamento do 
desenvolvimento corporal podem causar o aumento da incidência da gravidez na 
adolescência. Ainda são abordados como causas da gravidez precoce a falta de 
conhecimento sobre o sexo, de diálogo no âmbito familiar sobre o assunto e a não 
utilização – ou a utilização inadequada – de métodos contraceptivos. (GURGEL et. 
al., 2008). 
 Vitalle e Amancio (2005) afirmam que o contexto familiar tem ligação direta 
com a época em que se inicia a atividade sexual visto que muitas adolescentes 
repetem a história das suas mães e avós, que tiveram filhos também na 
adolescência, sendo assim, dentro desse contexto social, a gravidez precoce é vista 
como natural por já estar enraizada nos costumes familiares. Ou seja, mesmo 
atingindo todas as classes sociais, a gestação entre adolescentes há uma forte 
relação entre a pobreza e baixa escolaridade, isto é, destacam-se os aspectos 
socioeconômicos. 
 Apesar de ser o século XXI, a maioria das adolescentes ainda sente 
“dificuldade de falar com os pais sobre sexo” (UNICEF BRASIL, 2011, p.14), 
portanto é comum que elas não assumam a sua sexualidade diante da família e nem 
o uso de métodos contraceptivos, que denuncia uma vida sexual ativa, por receio de 
ser repreendida e mal vista. 
 Antigamente era considerado normal uma adolescente se casar e, dentro do 
matrimônio, engravidar ainda jovem. No entanto, diante das recentes e diversas 
mudanças na sociedade, principalmente na formação familiar em que os homens e 
as mulheres decidem ter filhos cada vez mais tarde, a gravidez precoce em 
condições financeiras e emocionais desestruturadas se torna um problema social. 
 As principais consequências da gravidez na adolescência são a falta de 
estrutura financeira e maturidade dos jovens pais, fazendo com que, na maioria das 
vezes, seus familiares colaborem com a situação, ajudando-os a assumir tamanha 
responsabilidade. Ademais, muitas vezes os pais adolescentes abandonam a escola 
para cuidar da nova família e prover o seu sustento. 
6 
 
 Ribeiro (2008) afirma que o índice de evasão escolar aumenta, quando a 
gestação precoce ocorre com adolescentes em situação de vulnerabilidade social, o 
que reduz o nível de escolaridade desses pais e, consequentemente, a oportunidade 
de obter um emprego que ofereça maior conforto e segurança para a nova família. 
 Desse modo, a gravidez na adolescência é um problema com repercussões 
individuais, familiares e sociais, indicando que deve ser assistido pelo Estado 
através das políticas públicas. 
 
 
GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: PAPEL DO(A) 
ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS, CREAS E CENTRO POP FRENTE A QUESTÃO 
DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 
 
De acordo com Cavasin e Arruda (1999), a faixa etária entre 12 e 18 anos, no 
Brasil do século passado, não era vista como uma fase de transição para a fase 
adulta, assim meninas a partir de 12 anos de idade já eram consideradas aptas para 
o casamento e para a procriação. 
Diferente dessa concepção, atualmente, a gravidez na adolescência possui 
outra dimensão, pois esse período hoje é considerado como uma etapa de 
desenvolvimento anatômico, fisiológico, psicológico e social do indivíduo. Cavasin e 
Arruda (1999) relacionam essa nova interpretação à atribuição da sociedade à 
atividade escolar e a preparação profissional dos adolescentes e jovens, impondo 
novos projetos de vida aos adolescentes e consequentemente rompendo com a 
ideia da maternidade como natural nessa fase, emergindo como um problema social 
e de saúde pública a ser enfrentado. 
 
Inscreve-se nas entrelinhas a norma de que é preciso atingir a maioridade, 
terminar os estudos, ter melhor trabalho e melhor salário, para então 
estabelecer uma relação amorosa duradoura; de que a responsabilidade 
pelos/as filhos/as, além de ser atribuída à idade adulta, fica restrita ao 
âmbito da família. (CAVASIN E ARRUDA, 1999) 
 
 Naturalmente, começou-se a discutir sobre o impacto da gravidez na 
adolescência na vida dos adolescentes, principalmente naqueles que vivem em 
situação de risco e/ou vulnerabilidade social. Por isso, a gravidez na adolescência é 
7 
 
caracterizada como um fenômeno que sofre rebatimentos econômicos, políticos e 
sociais, que irão impactar a realidade dos adolescentes e suas famílias no Brasil. 
 O Estado, atualmente, tenta prevenir a gravidez precoce com a implantação 
de políticas públicas voltadas à prevenção, como a distribuição de métodos 
contraceptivos e a educação sexual. Atualmente, por exemplo, foi instituída pela Lei 
nº 13.798/2019 a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a 
ser realizada anualmente na semana que inclui o dia 1º de fevereiro, tendo como 
finalidade “disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que 
contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência” (BRASIL, 
2019). 
Os riscos ligados à gravidez precoce estão mais associados aos problemas 
de acesso aos serviços de saúde, ausência de rede de proteção, situações de 
pobreza das mães, do que as condições fisiológicas e psicossociais próprias da 
adolescência (MIOTO, 2005). 
 Segundo o IBGE apud Caetano (2017), no ano de 2012, cerca de 22.768 
adolescentes com menos de 15 anos tiveram filhos em todo país e três anos depois, 
no ano de 2015, esse número cresceu para 23.187, mostrando que o índice de 
gravidez na adolescência cresceu no país. 
Devido a isso, é necessário que haja um suporte familiar e socioassistencial 
às mães precoces, tanto no período da gestação quanto no momento posterior, 
quando o bebê nasce. A Constituição Federal de 1988 respalda essa perspectiva 
quando afirma em seu Art. 203 que 
 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por 
objetivos: 
I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes. 
 
 Assim como está no Art. 227 da CF/88 no Cap. VII e no Art. 4 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069/1990): 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do estado assegurar a criança, 
ao adolescente e ao jovem, como absoluta prioridade, o direito a vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
8 
 
 
 No entanto, no corpo do ECA não há menções específicas de políticas 
públicas para as adolescentes gestantes, o que é uma falha devido aos impactos 
não somente sociais, mas também psicológicos, familiares e de saúde da 
adolescente gestante que a gravidez precoce acarreta. 
Assim sendo, a gravidez na adolescência é caracterizada como uma das 
expressões da questão social quando acontece dentro das famílias das classes 
menos favorecidas, cujas condições socioeconômicas e o acesso aos bens econsumos produzidos são precários. É nesse contexto de dificuldade das famílias 
em situação de vulnerabilidade social, que o(a) Assistente Social se insere, 
disponibilizando aos usuários o acesso às Políticas Públicas Sociais através da 
Política de Assistência Social (IAMAMOTO, 1997). 
A Assistência Social é uma política pública organizada pelo Sistema Único de 
Assistência Social - SUAS cujo objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos 
mediante serviços, benefícios, programas e projetos que auxiliam os indivíduos, 
famílias e comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, além da promoção e 
defesa de direitos. 
O SUAS organiza as ações da Assistência Social em dois tipos de proteção 
social: a Básica e a Especial. A Proteção Social Básica foca na prevenção de riscos 
pessoais e sociais, a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social. Já 
a Proteção Social Especial é destinada a famílias e indivíduos que já se encontram 
em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de 
abandono, maus-tratos, abuso sexual, situação de rua e trabalho infantil, 
cumprimento de medidas socioeducativas, entre outras situações de violação de 
direitos. Levando em consideração os níveis de agravamento, a natureza e a 
especificidade do atendimento ofertado, há dois níveis de complexidade na Proteção 
Especial: média complexidade e alta complexidade. 
 Na Proteção Social Básica, cujo equipamento é o Centro de Referência de 
Assistência Social – CRAS, o(a) profissional de Serviço Social trabalha e intervém 
com e através de serviços, programas, projetos e benefícios da Assistência Social 
com o objetivo de “prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários” (BRASIL, 2011), reforçando a inserção de famílias e 
indivíduos na rede socioassistencial e em outras políticas setoriais. 
9 
 
Sendo assim, esse profissional deve estar cada vez mais informado(a) dos 
aspectos psicossociais dos adolescentes a fim de que a prevenção da gravidez não 
planejada seja realizada com mais eficiência. Ademais, é fato que o(a) Assistente 
Social deve ser um profissional criativo e propositivo, não apenas executor de 
tarefas, construindo propostas de trabalho de acordo com a realidade vivenciada 
pela comunidade (IAMAMOTO, 1998) e para isso, é necessário que esse 
profissional realize um diagnóstico territorial, identificando a ocorrência do problema 
a nível local a fim de ter um respaldo maior acerca da melhor intervenção que pode 
ser feita e aproximando, desse modo, o assunto da realidade das famílias da 
comunidade. 
Nesse equipamento, há o Programa de Atendimento Integral às Famílias – 
PAIF, e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, e através 
deles, o(a) Assistente Social pode atuar com oficinas, rodas de conversa, 
atendimento e acompanhamento das famílias e dos adolescentes com o objetivo de 
fortalecer a conscientização sexual e consequentemente estimular a prevenção da 
gravidez precoce. 
 Além disso, é importante articular as políticas públicas a fim de enfrentar essa 
problema social, pois envolve questões relacionadas à educação, assistência social 
e saúde. Portanto, o trabalho educativo pode ser realizado nos espaços onde os 
jovens frequentam e com ações envolvendo a família dos adolescentes. 
 Por outro lado, a Assistente Social na Proteção Especial acompanha as 
adolescentes grávidas e suas famílias através de atendimentos individualizados e 
em grupo nos equipamentos e/ou visitas domiciliares, além de realização de 
palestras e projetos conscientizando os envolvidos sobre o processo da gravidez, o 
pós-parto e seus direitos dentro desse contexto. 
 A Proteção Especial de Média Complexidade conta com os seguintes 
equipamentos: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, 
Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro 
Pop) e Centro-Dia, no entanto o enfoque será somente no CREAS e no Centro POP 
visto que o Centro-Dia é voltado para maiores de idade. A Proteção Especial de Alta 
Complexidade não dispõe de unidades públicas para atendimentos, ofertando 
somente serviços especializados. 
 Nesses equipamentos, o(a) Profissional de Serviço Social, além de fazer o 
costumeiro acompanhamento individual e/ou coletivo, pode, por meio de um trabalho 
10 
 
interdisciplinar com a Saúde Municipal, realizar projetos, oficinas e palestras 
temáticas a fim de proporcionar conhecimentos essenciais às gestantes e esclarecer 
dúvidas acerca da gravidez, dos cuidados no pré-natal e puerpério auxiliando na 
efetivação dos seus direitos como gestante e na prevenção de sua violação. 
Além de proporcionar informação, o(a) Assistente Social também pode 
trabalhar, juntamente com o(a) Psicólogo(a) do equipamento, com grupos de 
reflexão com a finalidade de oferecer um suporte emocional para as gestantes e 
suas famílias, ajudando-as com os processos que envolvem esse momento e com o 
fortalecimento dos vínculos familiares rompidos. 
Assim como na Proteção Básica, é importante que o(a) Profissional de 
Serviço Social tenha conhecimento das condições de vida e do grupo social que 
pertence o adolescente para a compreensão de como vivenciam a gravidez, fazendo 
com que as ações de atenção às adolescentes gestantes sejam eficazes. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A reflexão sobre o tema discutido nesse artigo leva a considerar a gravidez na 
adolescência é uma das expressões da questão social haja vista as suas 
implicações no indivíduo e na sociedade, destacando a sua incidência nas famílias 
em situação de risco e vulnerabilidade social. 
 A gravidez precoce em condições financeiras e emocionais desestruturadas, 
como é o caso da gravidez na adolescência nas camadas mais desfavoráveis da 
sociedade, se torna um problema social e com isso deve ter uma atenção especial 
por parte das políticas públicas. 
 Diante disso, é necessário debater sobre o tema, considerando as mudanças 
físicas e psicológicas da adolescência, a descoberta da sexualidade e o contexto 
social onde os(as) adolescentes estão inseridos. 
 Nesse contexto, está inserido o(a) Assistente Social, importante profissional 
no que tange à questão das ações de prevenção e de atenção à adolescente 
gestante, sendo fundamental a articulação das políticas públicas, da sociedade e do 
trabalho com a família para a efetivação dos direitos da adolescente gestante e sua 
família. 
11 
 
 Para isso, é imprescindível que o(a) Assistente Social reflita e pesquise 
continuamente acerca desse assunto para que o profissional possa construir 
intervenções efetivas, considerando as reais necessidades da comunidade onde 
está inserido(a), seja nos equipamentos da proteção social básica quanto nas 
unidades da proteção social especial. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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<http://www.psiqweb.med.br/site/?Area=NO/LerNoticia&idNoticia=137>. Acesso em 
novembro de 2019. 
 
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<http://www.unfpa.org.br/Arquivos/Gravidez%20Adolescente%20no%20Brasil.pdf>. 
Acesso em: novembro de 2019. 
 
_______. Lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019. Brasília, DF, 2019. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13798.htm>. Acesso 
em: dezembro de 2019. 
 
_______. Lei 12.435, de 6 de julho de 2011. Brasília, DF, 2011. Altera a Lei 8. 742 
que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12435.htm>. Acesso 
em: dezembro de 2019. 
 
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2017. Disponível em: 
<https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/4691/1/DayaneNC_Monografi
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CAVASIN, Sylvia e ARRUDA, Silvani. Gravidez na adolescência: desejo ou 
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<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/156_04PGM2.pdf>. Acesso em outubro 
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DADOORIAN, Diana. Gravidez na adolescência: um novo olhar. Psicol. cienc. 
prof., Brasília, v. 23, n. 1, p. 84-91, Mar. 2003. Disponível em: 
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98932003000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: setembro de 2019. 
 
EISENSTEIN, Evelyn. Adolescência: definições, conceitos e 
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http://www.psiqweb.med.br/site/?Area=NO/LerNoticia&idNoticia=137
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/156_04PGM2.pdf
12 
 
Disponível em: <http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=167>. 
Acesso em: setembro de 2019. 
 
GURGEL, Maria Glêdes Ibiapina; ALVES, Maria Dalva Santos; VIEIRA, Neiva 
Francenely Cunha; PINHEIRO, Patrícia Neyva da Costa; BARROSO, Grasiela 
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