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PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS SOCIOASSISTENCIAIS COM FAMÍLIAS NAYLANE BARBOSA DE JESUS A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Feira de Santana 2019 1 NAYLANE BARBOSA DE JESUS A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de Artigo Científico, apresentado a Universidade Candido Mendes (UCAM), como requisito obrigatório para a conclusão do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Projetos Sociassistenciais com Famílias. Feira de Santana 2019 2 A ATUAÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NAS UNIDADES PÚBLICAS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PERANTE A REALIDADE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Naylane Barbosa de Jesus1 RESUMO O objetivo desse artigo científico é dissertar sobre a gravidez na adolescência, enfatizando o papel do(a) Assistente Social dentro desse contexto nas unidades públicas executoras do Sistema Único de Assistência Social do Brasil - CRAS, CREAS e Centro POP. Atualmente, a gravidez na adolescência é considerada como um problema social e de saúde pública devido a sua grande incidência, principalmente nas camadas mais pobres da sociedade. O tabu das conversas sobre sexo na família, a descoberta precoce da sexualidade e a influência do meio social e da mídia podem ser alguns dos fatores que levam os adolescentes a iniciarem a sua vida sexual mais cedo; e o uso incorreto ou a não utilização dos métodos contraceptivos podem ser apontados como uma das principais causas da gestação precoce não desejada. Em tempos de mudanças na sociedade, as mulheres e os homens estão decidindo ter filhos cada vez mais tarde para focar na carreira profissional, a gravidez na adolescência em condições financeiras e emocionais desestruturadas se torna um problema social. A imaturidade dos jovens pais, a falta de estrutura financeira e a evasão escolar podem ser consideradas as principais consequências da gravidez precoce nas famílias em situação de risco e/ou vulnerabilidade social, sendo que estas duas últimas causam fortes impactos socioeconômicos na sociedade. Nesse contexto, o Assistente Social pode atuar na proteção social básica, na unidade CRAS, e proteção social especial – nos equipamentos CREAS e Centro POP. Palavras-chave: Gravidez precoce. Assistente Social. CRAS. CREAS. CENTRO POP. INTRODUÇÃO A gravidez na adolescência não é um fato recente, no entanto, hoje em dia, é visto como um problema social e de saúde pública, devido a sua grande incidência no Brasil e no mundo, suas implicações socioeconômicas e seus riscos para a mãe e o bebê. A adolescência é considerada a transição entre a infância e a fase adulta, caracterizada pelas mudanças físicas, sociais e psicológicas, em que, geralmente, os adolescentes têm conflitos externos e internos. Com as transformações fisiológicas, inicia-se a puberdade, que além do contato com a sexualidade, dá condições biológicas para a reprodução humana. O tabu das conversas sobre sexo no meio familiar, a descoberta precoce da sexualidade e a influência do meio social e midiático podem ser alguns dos fatores 1 Graduada em Serviço Social pela UNIFACS em 2017 e Pós graduanda em Gestão de Projetos Sociassistenciais com Famílias. Assistente Social do Município de Cairu-Ba. 3 que levam os adolescentes a iniciarem a sua vida sexual mais cedo; e o uso incorreto dos métodos contraceptivos ou a não utilização deles podem ser uma das principais causas da gestação não desejada. Esse problema, inclusive, causa um forte impacto socioeconômico visto as consequências sociais que a gestação precoce nas famílias em situação de risco e/ou vulnerabilidade social acarreta. O Serviço Social, então, se faz presente nesse contexto a fim de contribuir para a tentativa de diminuição da incidência da gravidez e para a atenção às gestantes que já estão com os vínculos familiares e comunitários rompidos. A atuação do(a) Assistente Social depende dos níveis de complexidade em que se encontra trabalhando: proteção social básica e especial. A proteção básica, de modo geral, é destinada para prevenir situações de vulnerabilidade e risco social, visando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a superação dessas situações. Já a proteção especial é dividida em média e alta complexidade e tem como finalidade a contribuição da reconstrução de vínculos familiares e comunitários, o fortalecimento de potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de risco pessoal e social, por violação de direitos. A primeira seção é intitulada “Adolescência e Gravidez Precoce: Possíveis causas e consequências sociais” contém dados gerais sobre essa fase da vida humana, enfatizando as causas mais prováveis da gravidez precoce ser algo tão presente na atualidade e as consequências sociais que implicam na vida dos pais adolescentes e consequentemente na sociedade. Logo após, há a seção “Gravidez Na Adolescência e Políticas Públicas: Papel do(a) Assistente Social no CRAS, CREAS e Centro POP Frente a Questão da Gravidez na Adolescência”, que aponta o cerne do artigo, abordando primeiramente a visão do Estado em relação a esse problema social, e depois dissertando acerca da intervenção do Profissional de Serviço Social diante dessa demanda dentro das unidades públicas da Assistência Social, que são o CRAS, CREAS e o Centro POP. Sendo assim, o objetivo desse artigo científico é discorrer, através de pesquisa bibliográfica, em sites e artigos, sobre a gravidez na adolescência, enfatizando o papel do(a) Assistente Social nesse contexto dentro do CRAS, CREAS e Centro POP, que são as unidades públicas executoras do Sistema Único de Assistência Social do Brasil. 4 ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ PRECOCE: POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS A adolescência marca a transição da infância para a fase adulta e é caracterizada por mudanças físicas, emocionais, sociais e sexuais. De acordo com Eisenstein (2005), a Organização Mundial da Saúde (OMS) define os limites cronológicos da adolescência entre 10 e 19 anos, e a Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos, sendo que esse último é mais usado para fins estatísticos e políticos. No Brasil, a Lei Nº 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), considera como adolescentes pessoas com a faixa etária de 12 anos incompletos a 18 anos de idade. A etimologia da palavra adolescência decorre do latim “ad” (para) + “olescere” (crescer), significando, então, “crescer para”, referindo-se à ideia de desenvolvimento e de preparação para o futuro (PEREIRA & PINTO, 2003). Portanto, essa fase é marcada por conflitos internos e externos associados pelas mudanças corporais e fisiológicas, gerando inquietação, ansiedade e insegurança devido a nova etapa que o adolescente está descobrindo (MOREIRA et.al., 2007). Além disso, com a adolescência vêm novas responsabilidades, anseios e transformações psicológicas, emocionais, morfológicas e fisiológicas. Uma dessas mudanças está ligada à sexualidade, deparando-se com situações que antes não existiam como o início da puberdade. A puberdade é um fenômeno biológico que está ligado às mudanças corporais e hormonais que caracterizam a adolescência. Freud (1905 apud DADOORIAN, 2003) afirma que nesse período acontece a maturidade sexual que tem como objetivo a reprodução da humanidade. Surge, assim, o interesse pelo sexo, que se não houver precação, pode ocorrer uma gravidez indesejada. Sabe-seque a adolescência é a fase em que é comum o surgimento de namoros e experiências sexuais, porém, geralmente, os adolescentes não sabem lidar com o descobrimento da sexualidade. Atualmente, os adolescentes iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo. Segundo o Relatório “Situação da População Mundial 2013”, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), 26,8% da população sexualmente ativa (15-64 anos) iniciou sua vida sexual antes dos 15 anos no Brasil (MS/PCAP, 2013). 5 Esse fato pode estar associado ao avanço e fortalecimento dos meios de comunicação de massa, levando os adolescentes a agirem e a se comportarem segundo uma realidade ilusória transmitida pela mídia, não tomando as devidas precauções para não acontecer uma gravidez indesejada. Além disso, Santos et. al. (2010), afirma que a diminuição da idade da primeira menstruação e da primeira relação sexual bem como o adiantamento do desenvolvimento corporal podem causar o aumento da incidência da gravidez na adolescência. Ainda são abordados como causas da gravidez precoce a falta de conhecimento sobre o sexo, de diálogo no âmbito familiar sobre o assunto e a não utilização – ou a utilização inadequada – de métodos contraceptivos. (GURGEL et. al., 2008). Vitalle e Amancio (2005) afirmam que o contexto familiar tem ligação direta com a época em que se inicia a atividade sexual visto que muitas adolescentes repetem a história das suas mães e avós, que tiveram filhos também na adolescência, sendo assim, dentro desse contexto social, a gravidez precoce é vista como natural por já estar enraizada nos costumes familiares. Ou seja, mesmo atingindo todas as classes sociais, a gestação entre adolescentes há uma forte relação entre a pobreza e baixa escolaridade, isto é, destacam-se os aspectos socioeconômicos. Apesar de ser o século XXI, a maioria das adolescentes ainda sente “dificuldade de falar com os pais sobre sexo” (UNICEF BRASIL, 2011, p.14), portanto é comum que elas não assumam a sua sexualidade diante da família e nem o uso de métodos contraceptivos, que denuncia uma vida sexual ativa, por receio de ser repreendida e mal vista. Antigamente era considerado normal uma adolescente se casar e, dentro do matrimônio, engravidar ainda jovem. No entanto, diante das recentes e diversas mudanças na sociedade, principalmente na formação familiar em que os homens e as mulheres decidem ter filhos cada vez mais tarde, a gravidez precoce em condições financeiras e emocionais desestruturadas se torna um problema social. As principais consequências da gravidez na adolescência são a falta de estrutura financeira e maturidade dos jovens pais, fazendo com que, na maioria das vezes, seus familiares colaborem com a situação, ajudando-os a assumir tamanha responsabilidade. Ademais, muitas vezes os pais adolescentes abandonam a escola para cuidar da nova família e prover o seu sustento. 6 Ribeiro (2008) afirma que o índice de evasão escolar aumenta, quando a gestação precoce ocorre com adolescentes em situação de vulnerabilidade social, o que reduz o nível de escolaridade desses pais e, consequentemente, a oportunidade de obter um emprego que ofereça maior conforto e segurança para a nova família. Desse modo, a gravidez na adolescência é um problema com repercussões individuais, familiares e sociais, indicando que deve ser assistido pelo Estado através das políticas públicas. GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: PAPEL DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS, CREAS E CENTRO POP FRENTE A QUESTÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA De acordo com Cavasin e Arruda (1999), a faixa etária entre 12 e 18 anos, no Brasil do século passado, não era vista como uma fase de transição para a fase adulta, assim meninas a partir de 12 anos de idade já eram consideradas aptas para o casamento e para a procriação. Diferente dessa concepção, atualmente, a gravidez na adolescência possui outra dimensão, pois esse período hoje é considerado como uma etapa de desenvolvimento anatômico, fisiológico, psicológico e social do indivíduo. Cavasin e Arruda (1999) relacionam essa nova interpretação à atribuição da sociedade à atividade escolar e a preparação profissional dos adolescentes e jovens, impondo novos projetos de vida aos adolescentes e consequentemente rompendo com a ideia da maternidade como natural nessa fase, emergindo como um problema social e de saúde pública a ser enfrentado. Inscreve-se nas entrelinhas a norma de que é preciso atingir a maioridade, terminar os estudos, ter melhor trabalho e melhor salário, para então estabelecer uma relação amorosa duradoura; de que a responsabilidade pelos/as filhos/as, além de ser atribuída à idade adulta, fica restrita ao âmbito da família. (CAVASIN E ARRUDA, 1999) Naturalmente, começou-se a discutir sobre o impacto da gravidez na adolescência na vida dos adolescentes, principalmente naqueles que vivem em situação de risco e/ou vulnerabilidade social. Por isso, a gravidez na adolescência é 7 caracterizada como um fenômeno que sofre rebatimentos econômicos, políticos e sociais, que irão impactar a realidade dos adolescentes e suas famílias no Brasil. O Estado, atualmente, tenta prevenir a gravidez precoce com a implantação de políticas públicas voltadas à prevenção, como a distribuição de métodos contraceptivos e a educação sexual. Atualmente, por exemplo, foi instituída pela Lei nº 13.798/2019 a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana que inclui o dia 1º de fevereiro, tendo como finalidade “disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência” (BRASIL, 2019). Os riscos ligados à gravidez precoce estão mais associados aos problemas de acesso aos serviços de saúde, ausência de rede de proteção, situações de pobreza das mães, do que as condições fisiológicas e psicossociais próprias da adolescência (MIOTO, 2005). Segundo o IBGE apud Caetano (2017), no ano de 2012, cerca de 22.768 adolescentes com menos de 15 anos tiveram filhos em todo país e três anos depois, no ano de 2015, esse número cresceu para 23.187, mostrando que o índice de gravidez na adolescência cresceu no país. Devido a isso, é necessário que haja um suporte familiar e socioassistencial às mães precoces, tanto no período da gestação quanto no momento posterior, quando o bebê nasce. A Constituição Federal de 1988 respalda essa perspectiva quando afirma em seu Art. 203 que Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes. Assim como está no Art. 227 da CF/88 no Cap. VII e no Art. 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069/1990): Art. 227. É dever da família, da sociedade e do estado assegurar a criança, ao adolescente e ao jovem, como absoluta prioridade, o direito a vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 8 No entanto, no corpo do ECA não há menções específicas de políticas públicas para as adolescentes gestantes, o que é uma falha devido aos impactos não somente sociais, mas também psicológicos, familiares e de saúde da adolescente gestante que a gravidez precoce acarreta. Assim sendo, a gravidez na adolescência é caracterizada como uma das expressões da questão social quando acontece dentro das famílias das classes menos favorecidas, cujas condições socioeconômicas e o acesso aos bens econsumos produzidos são precários. É nesse contexto de dificuldade das famílias em situação de vulnerabilidade social, que o(a) Assistente Social se insere, disponibilizando aos usuários o acesso às Políticas Públicas Sociais através da Política de Assistência Social (IAMAMOTO, 1997). A Assistência Social é uma política pública organizada pelo Sistema Único de Assistência Social - SUAS cujo objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos mediante serviços, benefícios, programas e projetos que auxiliam os indivíduos, famílias e comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, além da promoção e defesa de direitos. O SUAS organiza as ações da Assistência Social em dois tipos de proteção social: a Básica e a Especial. A Proteção Social Básica foca na prevenção de riscos pessoais e sociais, a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social. Já a Proteção Social Especial é destinada a famílias e indivíduos que já se encontram em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de abandono, maus-tratos, abuso sexual, situação de rua e trabalho infantil, cumprimento de medidas socioeducativas, entre outras situações de violação de direitos. Levando em consideração os níveis de agravamento, a natureza e a especificidade do atendimento ofertado, há dois níveis de complexidade na Proteção Especial: média complexidade e alta complexidade. Na Proteção Social Básica, cujo equipamento é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, o(a) profissional de Serviço Social trabalha e intervém com e através de serviços, programas, projetos e benefícios da Assistência Social com o objetivo de “prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (BRASIL, 2011), reforçando a inserção de famílias e indivíduos na rede socioassistencial e em outras políticas setoriais. 9 Sendo assim, esse profissional deve estar cada vez mais informado(a) dos aspectos psicossociais dos adolescentes a fim de que a prevenção da gravidez não planejada seja realizada com mais eficiência. Ademais, é fato que o(a) Assistente Social deve ser um profissional criativo e propositivo, não apenas executor de tarefas, construindo propostas de trabalho de acordo com a realidade vivenciada pela comunidade (IAMAMOTO, 1998) e para isso, é necessário que esse profissional realize um diagnóstico territorial, identificando a ocorrência do problema a nível local a fim de ter um respaldo maior acerca da melhor intervenção que pode ser feita e aproximando, desse modo, o assunto da realidade das famílias da comunidade. Nesse equipamento, há o Programa de Atendimento Integral às Famílias – PAIF, e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, e através deles, o(a) Assistente Social pode atuar com oficinas, rodas de conversa, atendimento e acompanhamento das famílias e dos adolescentes com o objetivo de fortalecer a conscientização sexual e consequentemente estimular a prevenção da gravidez precoce. Além disso, é importante articular as políticas públicas a fim de enfrentar essa problema social, pois envolve questões relacionadas à educação, assistência social e saúde. Portanto, o trabalho educativo pode ser realizado nos espaços onde os jovens frequentam e com ações envolvendo a família dos adolescentes. Por outro lado, a Assistente Social na Proteção Especial acompanha as adolescentes grávidas e suas famílias através de atendimentos individualizados e em grupo nos equipamentos e/ou visitas domiciliares, além de realização de palestras e projetos conscientizando os envolvidos sobre o processo da gravidez, o pós-parto e seus direitos dentro desse contexto. A Proteção Especial de Média Complexidade conta com os seguintes equipamentos: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e Centro-Dia, no entanto o enfoque será somente no CREAS e no Centro POP visto que o Centro-Dia é voltado para maiores de idade. A Proteção Especial de Alta Complexidade não dispõe de unidades públicas para atendimentos, ofertando somente serviços especializados. Nesses equipamentos, o(a) Profissional de Serviço Social, além de fazer o costumeiro acompanhamento individual e/ou coletivo, pode, por meio de um trabalho 10 interdisciplinar com a Saúde Municipal, realizar projetos, oficinas e palestras temáticas a fim de proporcionar conhecimentos essenciais às gestantes e esclarecer dúvidas acerca da gravidez, dos cuidados no pré-natal e puerpério auxiliando na efetivação dos seus direitos como gestante e na prevenção de sua violação. Além de proporcionar informação, o(a) Assistente Social também pode trabalhar, juntamente com o(a) Psicólogo(a) do equipamento, com grupos de reflexão com a finalidade de oferecer um suporte emocional para as gestantes e suas famílias, ajudando-as com os processos que envolvem esse momento e com o fortalecimento dos vínculos familiares rompidos. Assim como na Proteção Básica, é importante que o(a) Profissional de Serviço Social tenha conhecimento das condições de vida e do grupo social que pertence o adolescente para a compreensão de como vivenciam a gravidez, fazendo com que as ações de atenção às adolescentes gestantes sejam eficazes. CONSIDERAÇÕES FINAIS A reflexão sobre o tema discutido nesse artigo leva a considerar a gravidez na adolescência é uma das expressões da questão social haja vista as suas implicações no indivíduo e na sociedade, destacando a sua incidência nas famílias em situação de risco e vulnerabilidade social. A gravidez precoce em condições financeiras e emocionais desestruturadas, como é o caso da gravidez na adolescência nas camadas mais desfavoráveis da sociedade, se torna um problema social e com isso deve ter uma atenção especial por parte das políticas públicas. Diante disso, é necessário debater sobre o tema, considerando as mudanças físicas e psicológicas da adolescência, a descoberta da sexualidade e o contexto social onde os(as) adolescentes estão inseridos. Nesse contexto, está inserido o(a) Assistente Social, importante profissional no que tange à questão das ações de prevenção e de atenção à adolescente gestante, sendo fundamental a articulação das políticas públicas, da sociedade e do trabalho com a família para a efetivação dos direitos da adolescente gestante e sua família. 11 Para isso, é imprescindível que o(a) Assistente Social reflita e pesquise continuamente acerca desse assunto para que o profissional possa construir intervenções efetivas, considerando as reais necessidades da comunidade onde está inserido(a), seja nos equipamentos da proteção social básica quanto nas unidades da proteção social especial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLONE, GJ. Gravidez na Adolescência. In. PsiqWeb, Internet. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/?Area=NO/LerNoticia&idNoticia=137>. Acesso em novembro de 2019. BRASIL. Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas da População Brasileira (PCAP). 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