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RGO-2008-1063

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Carga protética imediata ou precoce sobre implante dental 
osseointegrável: estudo retrospectivo de cinco anos
ORIGINAL | ORIGINAL
RESUMO
Objetivo: Avaliar após um período de cinco anos a utilização de carga precoce em 24 pacientes, em clínica privada. 
Métodos: Foram realizadas 103 fixações e reabilitação protética em 24 pacientes, com média de idade de 38 anos (mínima de 23 e 
máxima de 72 anos), sendo onze do gênero feminino e treze do gênero masculino nos quais foram efetuadas respectivamente 50 e 53 
fixações.
Resultados: O sucesso obtido entre prótese unitária e de prótese esplintada sobre implante foi semelhante ao redor de 92%. 
Conclusão: A previsibilidade entre protocolo de dois estágios distintos e o protocolo de carga imediata ou precoce funcional é semelhante; 
a estabilidade inicial do implante desempenha papel fundamental no protocolo de carga imediata ou precoce funcional.
Termos de indexação: osseointegração; implantes dentários; estudos retrospectivos.
ABSTRACT
Objective: After a period of five years, evaluate the use of early load in 24 patients at a private clinic. 
Methods: One hundred and three fixations and prosthetic rehabilitations were performed in 24 patients, with a mean age of 38 years 
(minimum of 23 and maximum of 72 years), eleven being women and 13 men, in whom 50 and 53 fixations respectively, were performed.
Results: The success obtained among single dentures and splinted implant supported dentures was similar, around 92%. 
Conclusion: The predictability between the protocol of two separate stages and the protocol of immediate or early functional load is similar; 
the initial stability of the implant plays a fundamental role in the immediate or early functional load protocol.
Indexing terms: osseointegration; dental implants; retrospective studies.
 
Immediate or early functional loading on dental osseointegratable implants:
a restrospective clinical study with 5-year follow-up
Fernando Esgaib KAYATT1 
Daniel Lima KAYATT2
Idelmo Rangel GARCIA JUNIOR3 
1 Sindicato dos Odontologistas do Estado de Mato Grosso do Sul. Rua Pedro Celestino, 306, Centro, 79004-560, Campo Grande, MS, Brasil. Corres-
pondência para / Correspondence to: FE KAYATT (fkayatt@terra com.br).
2 Cirurgião-dentista. Base Aérea de Campo Grande. Campo Grande, MS, Brasil.
3 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Araçatuba, SP, Brasil. 
INTRODUÇÃO
O	 uso	 de	 implante	 dental	 osseointegrável	 tem	
demonstrado	elevado	nível	de	previsibilidade	e	sucesso	clínico	
através	do	protocolo	de	dois	estágios	cirúrgicos,	separados	por	
um	período	de	reparo	responsável	pela	estabilização	da	interface	
osso/implante	antes	do	carregamento	protético	funcional	para	
casos	de	desdentado	total	ou	perdas	dentárias	parciais1-2.
De	 acordo	 com	 Branemark	 et	 al.1	 e	 Adell	 et	 al.3 
a	 obtenção	 de	 uma	 interface	 osseointegrada	 dependeria	
fundamentalmente	 da	 realização	 de	 um	 procedimento	
cirúrgico	com	menor	 trauma,	fixações	submersas	durante	o	
período	 de	 osseointegração	 e	 cicatrização	 livre	 de	 qualquer	
tipo	de	carga	direta	sobre	os	implantes.
Modificações	 têm	 sido	 propostas	 ao	 protocolo	
original,	tais	como:	a	utilização	de	implantes	não-submersos,	
carregamento	protético	precoce	ou	imediato	funcional.
O protocolo de carga imediata ou precoce funcional 
é	definido	pelo	inicio	da	reabilitação	protética	imediatamente	
após	 a	 cirurgia	 de	 instalação	dos	 implantes,	 onde	o	 trauma	
cirúrgico	deve	ser	o	menor	possível,	os	implantes	devem	ter	
posicionamento	adequado	e	estabilidade	primária	elevada,	o	
qual	tem	sido	utilizado	com	freqüência4-6,	buscando	simplificar	
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o	tratamento	com	implantes,	sem,	contudo,	comprometer	os	
objetivos	 estéticos	 e	 funcionais	 alcançados	 pelo	 tratamento	
com protocolo tradicional7.
O	objetivo	deste	estudo	foi	avaliar	o	comportamento	
clínico	 do	 implante	 dental	 osseointegrável,	 realizada	 com	
protocolo	de	inserção	de	carga	protética	imediata	ou	precoce	
por	período	de	cinco	anos.
A	 aplicação	 de	 carga	 imediata	 em	 implante	 dentário	
osseointegrável	foi	proposta	por	Schnitman	et	al.4	procurando:	
menor	número	de	intervenções	cirúrgicas,	redução	do	tempo	de	
tratamento	e	assim	promovendo	maior	satisfação	do	paciente.
Os	critérios	para	a	utilização	de	implantes	com	carga	
imediata	 são:	1)	qualidade	do	 tecido	ósseo;	2)	propriedades	
macroscópicas	do	 implantes;	3)	propriedades	microscópicas	
do	 implantes;	 4)	 estabilização	bicortical;	 5)	 distribuição	dos	
implantes;	6)	uso	cauteloso	de	cantilevers.
Kayatt	et	al.8	realizaram	um	estudo	com	a	finalidade	
de	 comparar	 o	 comportamento	 da	 interface	 osso-implante,	
em	 cão.	 Decorrido	 um	 ano	 da	 instalação	 da	 prótese,	
observaram	 ao	 exame	microscópico	 que	 os	 implantes	 com	
superfície	 de	 TPS	 quando	 submetidos	 à	 carga	 funcional	
apresentaram	interface	osseointegrada	de	excelente	qualidade,	
evidenciada	por	 espaços	medulares	 reduzidos,	 confirmando	
uma	 remodelação	 óssea.	O	 implante	TPS	não	 submetido	 à	
carga	 proporcionou	 uma	 interface	 osseointegrada,	 porém	
com	 espaços	 trabeculares	 amplos.	 Osso	 submetido	 a	
micromovimentos	 cíclicos	 promove	 um	 melhor	 padrão	 de	
reparo	tecidual	do	que	o	não	estimulado	mecanicamente9.
Lenharo6	após	avaliar	a	técnica	da	carga	imediata	em	
mandíbula	 de	 cães,	 observou	 que	 a	 interface	 osso-implante	
apresentava	morfologia	de	tecido	ósseo	lamelar	e	organizado	
onde	o	contato	osso/implante	foi	em	média	77,5%.
Meyer	 et	 al.9	 após	 observarem	 32	 implantes	 sendo	
16	 submetidos	 à	 carga	 imediata	 em	 cães	 observaram	 que	
o	 protocolo	 de	 carga	 imediata	 pode	 ser	 executado	 sem	
comprometimento	da	biologia	óssea.
A	 densidade	 óssea	 desempenha	 papel	 fundamental	
à	 determinação	 da	 técnica	 de	 eleição	 e	 previsibilidade	 do	
implante.	Dos	fatores	envolvidos,	a	estabilidade	primária	pode	
ser a mais importante para determinar o sucesso do protocolo 
de	carga	imediata.	Cuidados	durante	a	realização	da	cirurgia	
também	são	elementos-chave	para	o	sucesso	da	técnica10-11.	
A	qualidade	do	tecido	ósseo,	a	instalação	cuidadosa	e	
a	adaptação	adequada	das	próteses	são	fatores	que	interferem	
no	 sucesso	 inicial	 de	 implantes	 de	 fase	 única	 ou	 de	 carga	
imediata,	podendo	ser	equiparável12.	A	inserção	de	implantes	
envolvendo	duas	superfícies	ósseas	aumenta	a	estabilidade	do	
implante13.	
Os	implantes	com	superfície	rugosa	apresentam	uma	
maior	porcentagem	de	contato	osso-implante14-15.
Micromovimentos	na	interface	osso/implante	maior	
que	150µm	resultam	em	tecido	conjuntivo	fibroso	ao	invés	de	
osseointegração10,16.	A	esplintagem	entre	os	 implantes	reduz	
as	forças	mecânicas	deletérias,	a	união	rígida	em	arco	reduz	
macromovimentos17.
Investigações	 de	 implantes	 de	 carga	 imediata	 ou	
precoce,	com	prótese	provisória	fixa	ou	removível	têm	sido	
relatada,	 indicando	 a	 fixação	 entre	 forames	 mentonianos.	
Novum	Alternativas	 reabilitadoras	 com	 barra	 pré-fabricada	
Neopronto11	e	carga	oclusal	imediata:	DIEM	(Immediate Occlusal 
Loading)	 sistema	 IOL	 de	 prótese	 provisória	 em	 protocolo	
permitindo	simplificar	o	uso	de	carga	imediata18.
Ericsson	et	al.19	após	avaliarem	14	implantes	unitários	
durante	18	meses	observaram	sucesso	de	86%.	Chaushu	et	
al.20	analisou	28	implantes,	sendo	19	inseridos	após	exodontia	
e	9	implantes	imediatos	em	sítios	sadios.	Após	24	meses	a	taxa	
de	sucesso	foi	de	82%	e	100%	respectivamente.	O	resultado	
foi	semelhante	aos	estudos	de	Proussaefs	et	al.21	que	avaliaram	
10	implantes	de	carga	imediata	em	elementos	unitários	após	
um	ano	da	cirurgia,	com	100%	de	sucesso.
Grisi	&	Marcantonio	Jr.13 sugerem os seguintes fatores 
a	serem	considerados	quando	da	indicação	da	carga	imediata:	
seleção	 rigorosa	 dos	 pacientes;	 quando	 possível,	 um	maior	
número	de	 implantes	deve	ser	utilizado	para	conferir	maior	
estabilidade	 e	maior	 resistência	 as	micromovimentações;	 osimplantes	devem	ser	conectados	por	estruturas	metálicas	rígidas	
ou	através	de	próteses	fixas	bilaterais,	a	fim	de	minimizar	a	
movimentação	dos	mesmos;	no	caso	de	utilização	de	implante	
unitário,	a	 retenção	da	prótese	através	de	parafuso	deve	ser	
utilizada	 sempre	 que	 possível;	 as	 cargas	 oclusais	 devem	 ser	
direcionadas	 no	 sentido	 axial,	minimizando	 a	 incidência	 de	
forças	no	sentido	horizontal;	implantes	com	boa	estabilidade	
primária	(torque	≥	40Ncm	)	podem	receber	carga	 imediata;	
implantes	com	valores	de	torque	<	a	40Ncm,	comprimento	
<	10mm	e	associados	ao	uso	de	enxertos	ósseos	devem	ser	
submersos;	um	enceramento	diagnóstico	deveria	ser	utilizado	
como	 guia	 para	 confecção	 de	 prótese	 provisória;	 próteses	
provisórias,	 uma	 vez	 cimentadas,	 não	 devem	 ser	 removidas		
durante	o	período	de	cicatrização	(quatro	meses	na	mandíbula	
e	 seis	 meses	 na	 maxila);	 os	 implantes	 devem,	 sempre	 que	
possível,	ser	avaliados	quanto	ao	grau	de	mobilidade,	através	
do	Periotest.						
F.E. KAYATT et al.
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MÉTODOS
Após	 exame	 clínico,	 radiográfico	 e	 anamnese	
detalhada,	foram	realizados,	em	clínica	privada,	103	implantes	
em	24	pacientes,	com	média	de	idade	de	38	anos	(mínima	de	
23	 e	máxima	de	 72	 anos),	 sendo	onze	do	 gênero	 feminino	
e	 treze	 do	 gênero	 masculino	 nos	 quais	 foram	 efetuadas	
respectivamente	50	e	53	fixações,
O	procedimento	cirúrgico	padronizado	com	a	mesma	
equipe,	precedida	por	anti-sepsia	extra	e	intra-oral,	colocação	de	
campos	estéreis,	anestesia	terminal	infiltrativa	paraperiostal	com	
lidocaína	2%	com	vaso-constrictor	adrenalina	1:100.000		(DFL®).	
O	 acesso	 cirúrgico	 foi	 executado	 através	 de	 incisão	 muco-
periostal,	 com	 lâmina	 nº	 15	 (Feather®,	 Feather	 Safety,	 Japan)	
montada	em	cabo	de	bisturi	nº	3,	sobre	mucosa	ceratinizada	do	
rebordo	alveolar,	seguido	de	descolamento	total	do	retalho.		Foi	
estabelecido	o	protocolo	de	carga	precoce	funcional,	definida	
pelo	 inicio	 da	 reabilitação	 protética	 imediatamente	 após	 a	
cirurgia	 de	 instalação	 dos	 implantes	 buscando	 estabilidade	
primária	 não	 inferior	 do	 que	 40Ncm,	 com	 menor	 trauma	
cirúrgico	possível.	Padronizado	o	motor	elétrico,	micro-motor	e	
contra-ângulo	redutor.	Kit	cirúrgico	e	implante	dental,	da	mesma	
marca	comercial	(Implant	Innovations	Inc	3I®,	Florida,	USA),	
conforme	o	protocolo	de	 instalação	 sugerido	pelo	 fabricante.	
Foi	 estandardizados	 o	 diâmetro	 de	 3,75mm	e	 a	 superfície	 de	
assentamento	 com	 hexágono	 externo.	 O	 comprimento	 foi	
estabelecido	conforme	a	quantidade	óssea.	
Foram	utilizadas	dois	tipos	de	superfície	de	implante:	
superfície	 usinada	 (Standard,	 3I®	 Implant	 innovations	
Inc.,	 Florida,	 USA)	 e	 modificada	 (Osseotite,	 3I®	 Implant	
innovations	Inc.,	Florida,	USA),	de	acordo	com	a	qualidade	
óssea	presente	(Tabela	1).	
A	localização	de	inserção	dos	implantes,	bem	como	
a	reabilitação	protética	(Tabela	2),	foi	definida	de	acordo	com	
o	planejamento	adequada	a	necessidade	de	cada	paciente,	em	
ambas	arcadas,	sendo	que	o	espaço	de	tempo	entre	inserção	
cirúrgica	do	implante,		confecção		e	instalação	da	prótese	não	
ultrapassou	72	horas.	
O tecido mole foi reposicionado e suturado por 
pontos	 interrompidos	 utilizando	 nylon	 5.0.	 (Mononylon®,	
Etchicon®,	 Johnson	&	Johnson®,	São	José	dos	Campos,	SP,	
Brasil).
Na	 terapêutica	 medicamentosa	 e	 cuidado	 pós-
operatório	ficou	estabelecido	o	seguinte	critério:	Amoxicilina	
500mg	de	8	em	8	horas,	por	sete	dias,	Dipirona	Sódica	500mg		
de	6	em	6	horas,	em	caso	de	dor,	por	2	dias	e	Digluconato	
de	Clorexidina	0,12%	bochechos	por	1	minuto,	 com	10mL	
da	solução,	de	12	em	12	horas,	30	minutos	após	escovação	
dentária,	durante	10	dias.
Análise de implantes com carga imediata
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Paciente	 com	 histórico	 de	 alergia	 à	 penicilina	
estabeleceu-se	antibioticoterapia	com	Clindamicina	300mg	de	
8	em	8	horas,	por	sete	dias.
No	local	da	cirurgia	eram	indicadas	compressas	frias	
por	 15	minutos,	 de	 hora	 em	hora,	 a	 cabeceira	 elevada	 30°.	
Dieta	alimentar	geral,	com	orientação	de	não	cometer	esforço	
excessivo	mastigatório.
Foi	 realizado	 exame	 radiográfico	 com	 tomada	
periapical	 no	 momento	 da	 realização	 da	 moldagem	 de	
transferência,	após	a	instalação	da	prótese,	7,	30,	60,	90,	180	
dias	e	anual.	Foi	observada	a	remoção	da	estrutura	protética	
em	um	período	não	 inferior	 a	 quatro	meses	 em	mandíbula	
e	 não	 inferior	 a	 seis	 meses	 em	 maxila,	 para	 avaliação	 do	
critério	 de	 sucesso	 e	 insucesso.	 Foram	 analisados:	 exame	
radiográfico	(ausência	de	radiolucência	ao	longo	do	implante),	
mobilidade	clínica	(ausência),	sinais	e	sintomas	(dor,	infecção,	
neuropatias,	parestesia)	e	tecido	mole	periimplantar	(ausência	
de	 sangramento).	 O	 tempo	 de	 acompanhamento	 clínico	 e	
radiográfico	foi	de	cinco	anos.
Os	dados	obtidos	foram	analisados	estatisticamente,	
através	 do	 teste	 paramétrico	 t	 de	 Student,	 realizado	 pelo	
programa	GMC	2002®	.
RESULTADOS
Os	 comprimentos	 e	 as	 superfícies	 dos	
implantes	 utilizados,	 assim	 como,	 o	 resultado	 obtido	
daqueles	 denominados	 sucesso	 (osseointegração)	 e	 dos	
denominados	 insucesso	 (não	 osseointegração),	 estão	
contidos	na	Tabela	3.
Os	valores	obtidos,	quanto	ao	sucesso,	nos	implantes	
de	superfície	usinada	e	os	de	superfície	modificada,	quando	
comparados,	encontramos	valor	de	t=0,07	com	probabilidade	
de	 igualdade	 de	 99,98%,	 onde	 o	 resultado	 não	 foi	 esta-
tisticamente	 significante	 alfa>0,05,	 estão	 representados	 na	
Figura	1.
A	porcentagem	de	êxito,	relativa	ao	tipo	de	prótese	
utilizada,	t=0,05	não	foi	estatisticamente	significante	alfa>0,05,	
está	inserida	na	Figura	2.
Os	 valores	 obtidos	 quando	 analisamos	 a	 região	
da	 maxila	 e	 da	 mandíbula	 que	 recebeu	 o	 implante	 estão	
representados	na	Figura	3.	Onde	t=4,0	com	probabilidade	de	
igualdade	 de	 29,38%	 e	 o	 resultado	 não	 foi	 estatisticamente	
significante	alfa>0,05.
A	porcentagem	de	sucesso	na	maxila	foi	de	91,5%	e	
na	mandíbula	de	92,5%.
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DISCUSSÃO
O	 processo	 de	 osseointegração	 depende,	 além	 de	
outros	fatores,	da	ausência	de	micromovimentações	na	interface	
implante/tecido	ósseo	durante	o	período	cicatricial	inicial,	pois	
movimentos	acima	de	100µm	para	implantes	sem	tratamento22 
e	150µm	para	implantes	rugosos23 geram	a	formação	de	tecido	
fibroso	 ou	 fibrocartilaginoso	 interfacial	 ao	 invés	 de	 tecido	
F.E. KAYATT et al.
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Tebela 1.	Distribuição	dos	implantes	utilizados.	
Figura 1.	Superfície	utilizada.
Figura 2.	Prótese	utilizada.
Figura 3.	Região	implantada.
Tebela 2.		 Local	de	inserção	dos	implantes	e	tipo	de	prótese	utilizada	com	respectiva	 
	 localização	na	arcada	dentária.
Tebela 3.	Distribuição	dos	 implantes	utilizados,	especificando	o	comprimento,	 
	 superfície	 usinada,	 modificada	 e	 o	 seu	 resultado	 quanto	 a	 
	 osseointegração.
141
ósseo.	 Szmukler-Moncler	 et	 al.24	 considera	 o	 como	 tolerável	
entre	50	a	150µm,	Skalak16	acredita	que	a	osseointegração	estaria	
prejudicada	se	houvesse	micromovimentação	acima	de	20µm.
O	implante	de	superfície	modificada	tem	um	maior	
contato	entre	tecido	ósseo	e	implante,	apresentando	sucesso	
superior	quando	comparado	ao	de	superfície	lisa,	apesar	dos	
estudos,	 não	 indicarem	 diferenças	 estatísticas	 significativa	
de sucesso entre estas14-15	concorde	à	nossa	análise.	Porém,	
não constatamos essa superioridade de forma contundente 
em	nossos	estudos.	Encontramos	resultado	idêntico	ao	de	
Buser	et	al.15.
Tarnow	 et	 al.5	 não	 observou	 diferença	 em	 relação	
aos	implantes	da	mandíbula	e	maxila,	desde	que	os	implantes	
sejam	 rigidamente	 esplintados.	 Nossos	 resultados	 vão	 de	
encontro	com	o	autor.
Os	 trabalhos	 de	 carga	 imediata	 descritos,	 de	 forma	
geral,	enfatizam	a	tese	que	a	esplintagem	rígida	dos	implantesatravés	de	 infra-estrutura	metálica	é	condição	necessária	para	
a	 viabilidade	 dos	 procedimentos5,	 tenham	 a	 sua	 distribuição	
em	forma	de	arco	e	que	a	oclusão	seja	balanceada25.	Embora	
acreditemos	ser	ocasional,	verificamos	que	não	houve	diferença	
estatística	entre	esplintagem	rígida	através	de	estrutura	metálica	
ou	unida	por	acrílico	e	fibras	disponíveis	que	venham	facilitar	o	
protocolo	sem	prejuízo	do	resultado,	porém	o	arranjo	e	o	ajuste	
oclusal	são	fundamentais	para	o	sucesso.	
É	 compreensível	 que	o	 esquema	oclusal	 favoreça	 a	
colocação	 de	 implantes	 unitários	 com	 carga	 imediata	 ao	 se	
comparar	com	situações	de	desdentado	total,	contanto	que	os	
dentes	naturais	possam	proteger	a	prótese	do	trauma	oclusal	
durante	 a	 fase	 inicial	 de	 reparo.	 Entretanto	 essa	 hipótese	
permanece não comprovada26.
Kayatt	&	Mosele2	atribuíram	as	causas	de	insucesso	
ao	planejamento	 e	 técnica	 cirúrgica	 inadequados,	 colocação	
em	 função	 prematuramente,	 carga	 da	 prótese	 provisória,	
contaminação	pós-operatória,	estresse,	debilidade	sistêmica	do	
paciente	e	pobre	qualidade	óssea.	Concluiram	que	o	desenho	
do	implante	é	importante	na	indicação	da	área	a	ser	implantada	
e	que	a	região	posterior	da	maxila	é	a	área	mais	afetada	pelo	
insucesso.	 No	 presente	 estudo	 não	 confirmamos	 todos	 os	
dados	que	levantamos	no	passado,	pois	colocamos	em	função	
em	um	período	inferior	à	72	horas	e	a	região	de	maxila	não	
revelou	diferença	estatística	quando	comparada	à	mandíbula,	
desde	que	não	coloquemos	em	questão	a		qualidade	óssea.
Chaushu	 et	 al.20	 observaram	 falha	 em	 20%	 nos	
implantes	 realizados	 de	 carga	 imediata	 após	 exodontia.		
Carvalho	et	al.27	acreditam	que	se	houvessem	4mm	de	tecido	
ósseo	 saudável	 garantiria	 a	 estabilidade	 do	 implante.	 Na	
presente	 investigação,	 embora	 o	 remanescente	 ósseo	 fora	
considerado,	verificamos	que	o	fracasso	esteve	 intimamente	
relacionado	com	inserção	realizada	após	exodontia,	apesar	da	
estabilidade	inicial	conseguida.
Brunski28 recomenda o uso de implantes com o 
mínimo	 de	 10mm	 de	 comprimento.	 Apesar	 do	 número	 de	
implantes	 que	 utilizamos	 com	 8,5mm	 não	 ser	 expressivo,	
nosso	 resultado	 quando	 comparamos	 o	 comprimento	 de	
implante	 utilizado,	 o	 valor	 de	 t=1,2	 com	 probabilidade	
de	 igualdade	 de	 50%,	 o	 resultado	 não	 foi	 estatisticamente	
significante	alfa>0,05,	não	confirmando	os	de	Brunski28.
O	uso	do	Periotest	é	dispensável,	desde	que	utilizemos	
ferramenta	 capaz	 de	 quantificar	 o	 torque	 no	 momento	 de	
inserção	do	implante	discordando	de	Grisi	&	Marcantonio	Jr13.	
O protocolo de implante com carga imediata apresenta 
evidências	 científicas	 que	 justifiquem	 a	 sua	 utilização,	 este	
procedimento	 não	 deve	 ser	 considerado	 como	 substituto	
da	 técnica	 convencional,	mas	 sim	 como	uma	 alternativa	 de	
tratamento	para	aqueles	casos	em	que	os	seus	princípios	estão	
bem	indicados13.
A	sobriedade	nas	decisões,	durante	o	procedimento	
cirúrgico	e	no	acompanhamento	pós-operatório,	maximiza	o	
sucesso.	
Amparado na revisão da literatura e em nossos 
resultados,	a	decisão	de	realizar	o	protocolo	da	carga	imediata	
ou	 precoce	 somente	 poderá	 ser	 tomada	 durante	 o	 ato	
cirúrgico	 e	 está	 diretamente	 relacionado	 com	o	 travamento	
do	 implante,	podendo	 ser	um	substituto	da	 técnica	de	dois	
estágios	distintos,	desde	que,	como	em	tudo	na	vida,	façamos	
uso	do	bom	senso.	
CONCLUSÃO
Baseado	 neste	 estudo	 é	 possível	 concluir	 que	 a	
previsibilidade	 entre	 protocolo	 de	 dois	 estágios	 distintos	
e	 o	 protocolo	 de	 carga	 imediata	 ou	 precoce	 funcional	 é	
semelhante;	 a	 estabilidade	 inicial	 do	 implante	 desempenha	
papel fundamental no protocolo de carga imediata ou precoce 
funcional.
O	 sucesso	 entre	 prótese	 unitária	 e	 de	 prótese	
esplintada	 sobre	 implante	 de	 carga	 imediata	 ou	 precoce	
funcional	é	semelhante.	A	decisão	da	escolha	entre:	protocolo	
de	 dois	 estágios	 distintos	 e	 o	 protocolo	 de	 carga	 imediata	
deverá	ser	tomada	durante	o	ato	cirúrgico.
Colaboradores
F.E.	KAYATT	participou	na	elaboração	e	execução	do	
artigo.	D.L.	KAYATT	colaborou	na	execução	e	proservação	
dos	casos	clínicos,	assim	como	nos	exames	pós-operatórios.	
I.R.	GARCIA	JUNIOR	realizou	a	análise	estatística.	
Análise de implantes com carga imediata
RGO, Porto Alegre, v. 56, n.2, p. 137-142, abr./jun. 2008
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REFERÊNCIAS 
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Recebido	em:	12/2/2008
Aprovado	em:	3/5/2008
F.E. KAYATT et al.
RGO, Porto Alegre, v. 56, n.2, p. 137-142, abr./jun. 2008

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