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GEMELARIDADE Gestação proveniente de um ou mais ciclos ovulatórios, resultando no desenvolvimento intrauterino de mais de um zigoto, ou na divisão do mesmo, independente do número final de neonatos. INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA: Incide em 1% das gestações. História familiar. 25% das gestações gemelares são provenientes de reprodução assistida. Maior risco materno e fetal. Idade materna. Paridade. Grupo racial: na raça negra 1:79, orientais 1:155, branca 1:1000. TIPOS DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS Classificadas segundo a zigoticidade e corionicidade. Zigoticidade: relacionada com o número de óvulos. Corionicidade: número de placentas. ZIGOTICIDADE DIZIGÓTICOS: resultam da fecundação de mais de um óvulo, com materiais genéticos distintos, representa 2/3 das gestações gemelares. Definida somente pelo estudo genético, exceto em gêmeos com sexos diferentes. Gêmeos com sexo iguais podem ser monozigóticos ou dizigóticos. GÊMEOS DIZIGÓTICOS: Dois zigotos. Podem ou não ser do mesmo sexo. Dois corions. Dois aminions. Duas placentas. MONOZIGÓTICAS: Resulta da divisão da massa embrionária, constituindo produtos conceptuais com material genético idêntico, representa 1/3 das gestações gemelares. Sexo idêntico. CORIONICIDADE MONOCORIÔNICA: Formação de um saco gestacional e uma placenta. DICORIÔNICA: Formação de 2 sacos gestacionais e 2 placentas. AMNIOTICIDADE MONOAMNIOTICA: Quando forma 1 bolsa de líquido amniótico. DIAMMINIÓTICA: Quando formam 2 bolsas de líquido. 1 – Dizigótica, dicorionica e diamniótica. 2 – Dicorionica (lambda) e diamniótica. 3 – Monocorionica e diamniótica. 4 – Monocoriônica e monoamniótica, automaticamente, monozigótica. Desenvolvimento da gestação múltipla – corionicidade e zigoticidade: Dizigótica – é dicorionica e diamniótica. Monozigótica – pode ser dicorionica e diamniótica ou mono mono. DESENVOLVIMENTO Dicorionica e diamniótica: ¼ dos casos, divisão ocorre até 72h. Monocorionica e diamniótica: 74% dos casos, divisão ocorre entre o 4 e 8º dia após a fecundação. Monocorionica e monoamniótica: 1% dos casos, divisão do blastocisto ocorre entre o 8 e 13º dia após a fecundação. Gêmeos unidos: resulta da falha de separação completa dos embriões. Processo de divisão tardio, entre 15 e 17º dia pós fecundação. DETERMINAÇÃO DA CORIONICIDADE Conhecimento fundamental para avaliação do risco. Melhor período durante 1º trimestre de 6 a 8 semanas. Exame US por via transvaginal (USVT) – depois não consegue observar. Gestação dicorionica: sinal do lambida. Gestação monocorionica: sinal do T. GEMELARIDADE IMPERFEITA Separação incompleta dos embriões. Classificação: thoracopagus (75%), isquiopagus (6%), pigopagus (18%), xifópagos (34%), craniopagus (2%). FETOS UNIDOS - Gestação monozigótica. Divisão tardia do polo embrionário, acima de 12sem. Prognóstico perinatal individualizado. Realizar morfologia fetal. Imprescindível ecocardiografia. Nos casos sem possibilidade de sobrevida pós natal, oferecer interrupção da gestação com autorização judicial. DIAGNÓSTICO Sinais Clínicos: Aumento do volume uterino (5cm maior), presença de 2 polos cefálicos, ausculta de 2BCF com frequências diferentes, ultrassonografia no 1º trimestre mais fidedigno. ACOMPANHAMENTO PRÉ NATAL Consultas com intervalos de 3 a 4 sem até 30sem, a cada 2sem entre 30 a 34sem e individualizado após 34sem. Exames laboratoriais são os mesmos das gestações únicas. Aumento de 300kcal em comparação com as únicas. Ganho de peso pode ser entre 16 a 24kg. Suplementação de ferro e folato essencial. Avaliação dos níveis de Hb materna em cada trimestre. A urocultura deve ser repetida no início do 3º trimestre. Pesquisa de infecção materna para Streptoccoco B entre 30- 32sem (única é com 34). US mensal nas gestações dicorionicas e a cada 2 ou 3 semanas nas monocorionicas. Rastramento para cromossomopatias no 1º trimestre. Avaliação morfológica no 2º trimestre deve ser antecipada, 18 a 24sem. Avaliação do colo uterino entre 20 a 24sem. Após 28 sem, avaliação do crescimento e vitalidade fetal. Cardiotocografia quando necessário, deve ser realizado simultaneamente nos dois fetos. Perfil biofísico fetal. Avaliação do líquido amniótico através do maior bolsa. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PREMATURIDADE Principal complicação, incidindo em metade das gestações gemelares. No pré-natal, deve orientar quanto ao repouso, reduzir jornada de trabalho, especialmente no 3º trimestre. Avaliação do comprometimento do colo uterino entre 20 a 24sem, sendo considerado curto o valor abaixo de 24mm. Diante do diagnóstico de colo curto, deve-se orientar repouso. A utilização de progesterona anda necessita de comprovação cientifica, porém nas com colo curto parece ter valor significativo. A cerclagem somente em casos de incompetência istmo cervical. Corticoterapia diante de risco eminente de TTP, entre 25 a 34sem. Tocólise com antagonista da ocitocina (terbutalina). Após inibição do TP, acompanhamento ambulatorial, com recomendação de repouso e antiespasmódico se necessário. RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO FETAL Peso médio do nascimento menor. Restrição de crescimento cerca de 10x maior. Diante do diagnóstico, recomenda-se avaliação através da US e vitalidade fetal semanal ou quinzenal, ou diário caso tenha alterações no Doppler. Em casos de alteração grave da vitalidade ou óbito de um dos fetos, indica resolução da gestação. Nas dicorionicas, com feto restrito, realiza-se o parto quando feto maior apresentar pelo menos 30sem ou peso maior que 1500kg. ÓBITO DE UM DOS FETOS Situação rara, 2,5% a 5% das gestações gemelares. Mais prevalente nas monocorionicas. Vanishing twin, quando acontece no 1º trimestre, com prognóstico bom, porém com prematuridade mais prevalente. No 2 ou 3º trimestre, o risco para o feto vivo, depende da corionicidade. Nas monocorionicas, pode ocorrer hipotensão grave e anemia imediata, devido a anastomose placentária, causando em 10% óbito do feto vivo, bem como sequela neurológica em 10 a 30%. Antes da viabilidade: conduta expectante, com pesquisa de sinais de anemia no feto vivo. Nas dicorionicas: não costuma apresentar riscos para o feto sobrevivente, pois não existe anastomose placentária. Porém tem maior risco de parto prematuro. Nestes casos, conduta expectante, com parto ao termo. Coagulação intravascular disseminada - CIVD rara. MALFORMAÇÃO FETAL Aumento considerável de parto prematuro. Polidrâmnio associado. Manejo individualizado. Em diagnóstico precoce com defeito letal, pode-se solicitar fetocídio seletivo, a fim de evitar prematuridade do feto viável. Em diagnóstico tardio, conduta expectante. Realizar ecocardiografia fetal nas monocorionicas, devido risco aumentado em 9x de anomalias cardíacas. SÍNDROME FETO-FETAL Complicação exclusiva das monocorionicas. 8 a 10% ocorre nas monocorionicas diamnióticas. Anastomose arteriovenosas leva a transferência de sangue de um feto (doador) para outro (receptor). Diagnóstico ultrassonográfico. Taxa de sobrevida varia de 40 a 80%, com 20% dos sobreviventes apresentando sequelas neurológicas. DOADOR: Oligoamnio/anidramnio. Bexiga urinária persistentemente vazia. Aumento da resistência ao fluxo da artéria umbilical. Restrição de crescimento fetal. Intestino hiperecogenico. RECEPTOR: Polidramnio. Bexiga urinária distendida. Coração hipertrófica, dilatado e discinético (ICC). Ducto venoso com fluxo ausente ou reverso. TRATAMENTO: Ammniodrenagem de alívio – nos casos raros tardios, acima de 26 sem. Ablação a laser dos vasos comunicantes – através da fetoscopia, sobrevida de 50 a 80%, com diminuição de 5% das sequelas neurológicas - feito antes da 26sem. Twin anemia-polycythemia sequencie – forma rara de transfusão feto-fetal. 3 a 6% das gestaçõesmonocorionicas- diamniotícas. Ocorre grande diferença de hb entre os fetos. Sem oligopolidraminio. Identificada no final do 2 a 3% trimestre. Policitemia grave leva a trombose placentária. Hidropisia nas formas mais graves. Diagnóstico através do Doppler. GESTAÇÃO COM UM FETO ARCÁDICO Complicação exclusiva das monocorionicas. Denominada “sequência da perfusão arterial venosa”. Alteração da perfusão arterio venosa de um dos fetos, levando ao não desenvolvimento do coração e cérebro, porém com desenvolvimento do tronco e extremidades devido a perfusão sanguínea retrógrada vindo do doador. 50% dos receptores desenvolve ICC grave, levando ao óbito gemelar normal. TRATAMENTO: ligadura vascular endoscópica ou coagulação a laser dos vasos umbilicais do feto arcádico e ou embolização com álcool absoluto dos vasos intra pélvicos. Realização do parto em diagnóstico tardio. GESTAÇÕES MONOAMNIÓTICA Fetos ocupam mesma cavidade amniótica. Risco aumentado para óbito súbito e espontâneo devido entrelaçamento dos cordões umbilicais. Maior risco de malformações estruturais. Não se realiza intervenção para redução do líquido amniótico. Exames US devem ser feitos a cada 2sem até o parto. Considerar parto com 32 a 34sem. Nos casos com malformação confirmada de um dos fetos, preconiza parto com 32sem. PARTO Dicorionicas – 38 sem. Monocorionicas e diamnióticas – 36sem. Monoamnióticas – cesariana até 34sem. PARTO VAGINAL PRÉ-REQUISITOS Primeiro feto cefálico. Peso entre 1500 a 4kg. Diferença de peso até 20%. Diamnióticas. Equipe experiente e completa. US recente com determinação do peso e apresentação. Sala preparada para cesariana de emergência. Monitorização fetal continua em ambos fetos. PUERPÉRIO – Drogas uterolíticas, atentar para atonia uterina, seguimento puerperal igual nas gestações únicas.
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