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Gemelaridade 1 ♊ Gemelaridade 1. Introdução Presença simultânea de 2 ou mais conceptos no útero ou fora dele → Prenhez gemelar Prevalência de 20-25% de todos os nascimentos prematuros Aumento da incidência da prenhez gemelar devido ao uso de medicações indutoras da ovulação, de técnicas de reprodução assistida e pela avançada idade materna Gêmeos MZ Frequência de 4:1000 Não altera segundo idade materna, paridade e diferenças etnicorraciais Apresenta relação com medicamentos que induzem ovulação Gêmeos DZ Frequência de 1:80 Apresenta relação com idade materna avançada 2. Conceituação de zigotia e corionia Zigotia MZ → Gêmeos verdadeiros, uniovulares, univitelinos; cerca de 1/3 dos gemelares; fertilização de um único óvulo com um único SPTZ dividindo-se o zigoto antes ou depois da implantação no útero; a depender de quando ocorre a divisão se classifica a corionicidade; gêmeos MZ têm o mesmo genótipo (sexo, grupo sanguíneo, características físicas e tendências patológicas iguais) DZ → Gêmeos fraternos, biovulares ou bivitelinos; cerca de 2/3 dos gemelares; fertilização de dois óvulos por dois SPTZ; placentação Gemelaridade 2 obrigatoriamente dicoriônica, porém a placenta pode se apresentar fusionada Corionia Tipo de placentação Gêmeos DZ são sempre dicoriônicos podendo a placenta se apresentar fusionada Gêmeos MZ podem apresentar qualquer tipo de placentação a depender do tempo de divisão Divisão dentro dos três primeiros dias (30% dos gêmeos MZ) → Dicoriônicos e Diamnióticos Divisão entre o 4º-7º dias (70% dos gêmeos MZ) → Monocoriônicos e Diamnióticos Divisão entre o 8º-12º dias (<1% dos gêmeos MZ) → Monocoriônicos e Monoamnióticos Divisão além do 12º dia (raro) → GEMELIDADE IMPERFEITA OU GÊMEOS ACOLADOS → Monocoriônicos e Monoamnióticos obrigatoriamente! 3. Diagnóstico de gemelidade ou gemelaridade Suspeição e Diagnóstico de gemelaridade Suspeição quando ao exame físico se apresenta um útero engrandecido em discordância com a IG Diagnóstico ao USG preferencialmente entre a 6ª-9ª semana quando se apresentam um ou mais sacos gestacionais 🚨 Importante destacar a associação de ovo anembrionado coexistente com a gestação normal (gêmeo evanescente) → Bom Px Diagnóstico de zigotia Pouco importante MZ → Achado de placenta monocoriônica (20%) Gemelaridade 3 DZ → Achado de sexo discordante e placenta dicoriônica (35%) IND → Achado de sexo concordante com placenta dicoriônica (45%) Diagnóstico de corionia Gestação gemelar tem placenta monocoriônica em 20% com mortalidade perinatal é 3-5x maior que a placenta dicoriônica Melhor fase para cumprimento diagnóstico é 6-9sem → SG duplo (dicoriônica) e SG único (monocoriônica) Época de 11-14sem em análise de TN é outra época de avaliação da corionicidade Corionicidade segundo os achados de USG MC → Sinal do T e espessura < 2mm Determinar se mono ou diamniótica Âmnio visível somente após 8sem de gesta Nº de vesículas vitelínicas → Se único (monoamniótica), se duas (mono ou diamniótica) Gemelaridade 4 DC → Sinal do twin peak ou lambda e espessura > 2mm Pode estar ausente entre 16-20sem Conclusivo se sexos discordantes → Dicorionia + Dizigotia 🚨 Recomenda-se a avaliação da corioamnionicidade antes das 14sem 4. Complicações na gravidez gemelar Êmese e hiperêmese gravídica Toxemia tardia Anemia Polidramnia Dispneia Edema suprapúbico e dos MMII, varizes das pernas e da vulva Estrias gravídicas Abortamento RAMO TPP RNBP PP Hemorragia pós-parto Gemelaridade 5 Crescimento fetal discordante Ocorrência em 1/4-1/3 de mulheres com prenhez gemelar USG é método de eleição para diagnóstico Crescimento dos fetos em prenhez gemelar é igual ao crescimento de feto em prenhez única até 30-32sem, após isso há uma redução da taxa de crescimento Discordância do crescimento fetal é quando há diferença entre o peso dos gêmeos > 20% Em gestas monocoriônicas suspeita-se de STFF, já em dicoriônicas suspeita-se de insuficiência placentária Após 20sem, realizar USG a cada 3-4sem para avaliar CIUR ou STFF (em monocoriônicas) Se presente CIUR, realizar USG a cada 2sem Associar com PBF e doppler para avaliação de vitabilidade fetal Induzir parto após 32sem com administração prévia de CTP Malformação discordante Gemelidades discordantes para anencefalias, com placenta dicoriônica, há grande risco para polidramnia Controle com USG seriado para diagnóstico precoce Tratamento com amniodrenagem ou feticídio seletivo (injeção de KCl intracardíaca) Risco de abortamento após feticídio é de 5% antes de 16sem, se após 16sem esse risco aumenta para 15% Gemelidades discordantes para anencefalias, com placenta monocoriônica Tratamento expectante ou feticídio terapêutico por ligação de cordão fetoscópica (não usar), coagulação a laser fetoscópica (usar abaixo de 20sem) ou coagulação bipolar do cordão guidado por USG (melhores resultado) Não se pode injetar KCl nesses casos devido passagem desse medicamento para o feto viável Diagnóstico de aneuploidias Gemelaridade 6 Exame USG da TN entre 11-14sem Na gesta dicoriônica, cada feto apresenta risco individualizado, havendo possibilidade de aneuploidia discordante Na gesta monocoriônica, o risco é dado pelo concepto que apresenta a maior TN, e, se presente aneuploidia, os dois fetos são acometidos Diagnóstico feito pela cariotipagem do LA por amniocentese ou BVC Em gêmeos dicoriônicos, realiza-se cariotipagem dos dois produtos conceptuais Em gêmeos monocoriônicos, realiza-se BVC e estudo cariótipo por esse Morte unifetal Morte unifetal até o fim do 1º trimestre está associada à reabsorção do ovo com ausência de evidência de prenhez gemelar no decorrer da gestação Se concepto morre depois do 1º trimestre porém longe do termo, a gestação continua com feto morto e gêmeo vivo → No momento do parto, observa-se feto morto e seus anexos (fetus compressus ou papyraceus) Px varia a depender da corionicidade do cogêmeo → Em gesta dicoriônica, há risco de TPP devido liberação de mediadores inflamatórios pela placenta degenerada com risco geral de decesso ou sequelas de 5-10%; já na monocoriônica, esse risco é de 25% Risco de dessangramento do feto vivo → morto Gemelaridade monoamniótica Gêmeos que se dividem após o 8º dia de concepção com 1 cavidade amniótica, 1 placenta e 2 cordões justapostos → 1% de todos os gemelares com alta taxa de perda fetal Quando associado a longa data, aumenta-se a taxa de mortalidade perinatal, sendo as principais causas: entrelaçamento de cordão, prolapso de cordão e malformações fetais Entrelaçamento de cordões → Suspeita-se no USG pelo achado de massa comum contendo vasos umbilicais Conduta Gemelaridade 7 CTG basal diária ou no mínimo 3x/sem a partir da 26ª sem USG Doppler 1x/sem a partir da 26ª sem Parto cesáreo com 32sem ou antes de SFA Gemelaridade imperfeita Incidência de 1:50-100mil sendo cerca de 1:600 gemelares → 1% dos gêmeos monocoriônicos Gemelogênese favorece a anomalias do desenvolvimento quando tardias (após 12d) → Gêmeos acolados Tipos Xifópagos → Fusão de tórax Onfalópagos → Fusão de abdome Pigópagos → Fusão de pelve Cefalópagos → Fusão de cabeça Cerca de 50% são natimortos, 1/3 dos NV não são susceptíveis à cirurgia e morrem no período neonatal, aos que resistem à cirurgia 60% sobrevivem Gemelaridade multifetal Incidência → Prenhez 2 (1:90), 3 (1:8000), 4 (1:700000) e 5 (1:60000000) Terapêutica de anovulação com clomifene e gonadotrofinas humanas com alta incidência de gemelidade Aumento do risco de abortamento, paralisia cerebral e mortalidade perinatal Redução seletiva Feticídio seletivo com injeção de KCl intracardíaco guiado por USG entre 11-14sem Síndrome da Transferência Feto-Fetal (STFF) ou Síndrome da Transferência Gêmelo-Gemelar (STGG) Perda fetal em gesta monocoriônica é atribuída a STFF que ocorre em 15-20% dos casos de gemelaridade monocoriônica diamniótica Gemelaridade 8 Dx por USG a cada 15d que visualiza polidramnia e alteraçõesfluxométricas na A. umbilical, duto umbilical e V. umbilical com o intuito de evitar complicações decorrentes do TPP, hidropisia fetal ou morte fetal intrauterina STGG → Presença de uma (ou mais) comunicações arteriovenosas em combinação com escassez de anastomoses artério-arteriais ou veno-venosas Comunicação arteriovenosa não representa anastomose real, sendo que o cotilédone que é alimentado por uma artéria do doador é drenado por uma veia do receptor (3ª circulação) DOADOR: CIUR devido insuficiência placentária assimétrica 1ª fase → Shunt placentário permanece não funcionante, quando a resistência da perfusão placentária no doador ultrapassa o valor do shunt placentário torna-se funcionante Diagnóstico precoce por USG de 11-14sem podendo encontrar TN > 2,5mm em um dos gêmeos ou discordância da TN > 0,5mm ou duto venoso zero/reverso Tratamento por laser-coagulação por fetoscopia → Interrompendo a comunicação dos vasos na placa corial com sucesso em 80% dos casos Avaliação da gravidade da STFF/STGG pelos critérios de Quintero Sequência perfusão arterial reversa do gemelar ou Sequência TRAP Prevalência da TRAP ou gemelaridade acardíaca é de 1:35000 ou 1% das gemelaridades monocoriônicas Caracteriza-se por disrupção vascular e do desenvolvimento do gêmeo receptor acardíaco devido a anastomose arterial do gêmeo doador bomba Gemelaridade 9 50% dos doadores morrem por IC ou pelo parto pré-termo por consequente polidramnia Diagnóstico por USG Gêmeo acardíaco → Massa disforme, com MMII deformados, MMSS e cabeça rudimentares ou quase sempre ausentes e cordão com vasos Gêmeo bomba → CMG, polidramnia, hidropisia, derrame pleural e pericárdico Px → Gêmeo bomba pode morrer em 50% dos casos que não se institui terapia; normalmente gêmeo bomba apresenta grave IC com sinais de hidropisia, regurgitação tricúspide, Doppler venoso anormal Tx → Intervenção profilática entre 16-18sem por meio de coagulação bipolar do cordão do feto acardíaco ou ablação por radiofrequência (RFA) Proposição de terapia minimamente invasiva às 12sem de gestação com laser intrafetal Sequência anemia-policitemia do gemelar ou Sequência TAPS TAPS é a diferença de Hb nos fetos quando ausente a discordância de volume de LA entre os fetos (TOPS ou Sequência oligo-polidramnia do gemelar) Ocorre espontaneamente em 5% das gestas monocoriônicas e em 13% das gestas após terapia de STGG Diagnóstico é USG com Doppler da ACM VSmáx) que mostra discordância: VSmáx 1,5 MoM o gêmeo anêmico e VSmáx < 1,0 MoM o gêmeo policitêmico Acompanhamento com USG Doppler da ACM a cada 2sem a partir da 16ª sem Tx → Antes das 30sem, deve-se realizar TIV no gêmeo anêmico; após esse período, interrompe-se gestação Px → Bom, sendo um problema no período neonatal 5. Acompanhamento da prenhez gemelar Datação da IG 1º trimestre com avaliação do CCN; 2º trimestre com avaliação do DBP Gemelaridade 10 Padronizar o maior feto como regra para indicar a IG Rastreamento de aneuploidias Avaliação da TN no 1º trimestre Rastreamento de anomalias 2-3x mais comuns em gêmeos + Anomalias próprias da gemelaridade USG morfológico de 18-22sem Rastreamento de TPP Colo curto favorece a uma maior morbimortalidade Indica-se acompanhamento da espessura do colo de útero por meio de USG TV Avaliação do crescimento fetal Crescimento fetal discordante que necessita de acompanhamento sonográfico intensivo para prevenir complicações fetais/neonatais Diferença > 20% do peso estimados entre os fetos Avaliação do bem-estar fetal USG seriada em monocoriônicos deve ser realizada a cada 2-3 semanas, a partir de 16sem; já em dicoriônicos, a cada 3 a 4 semanas a partir de 18- 22sem 6. Parto gemelar Parto transpélvico Permitido quando 1º concepto cefálico e o outro cefálico ou pélvico Presencia-se hipossistolias e hipertonias sendo indicado ocitocina 2-8mU/min Analgesia intraparto é importante, mas deve ser usado com parcimônia Ao nascer o 1º concepto, o cordão deve ser pinçado e seccionado com cuidado para evitar perdas sanguíneas no segmento placentário o que pode iniciar o dessangramento do 2º concepto Evitar realizar manobras de delivramento placentário, à exceção quando placentas completamente separadas, devendo o parteiro apenas receber a Gemelaridade 11 placenta Após a expulsão completa do 1º gêmeo com certo tempo, reinicia-se a contração com IIP de minutos a dias Procede-se então com amniotomia (caso não monoamniótica), devendo avaliar adaptação e insinuação e por durante todo IIP auscultar o feto Se procedimento de descida > 30min ou presença de prolapso de cordão ou bradicardia fetal acentuada < 100bpm, deve-se proceder com parto com cesariana de emergência Para evitar parto misto, deve-se infundir ocitocina 10ml/min e acompanhar descida → Quando cabeça fetal em plano +2 ou mais baixo, realiza-se fórcipe Em cefálico/pélvico, se o peso do 2º gemelar não for 25% maior que o 1º, indica-se extração por nádegas Parto cesariana Se 1º gemelar em apresentação de nádegas ou qualquer um deles em apresentação córmica
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