PARENTESCO E CRUZAMENTOS

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Melhoramento Animal
Maria Eduarda Rocha 
PARENTESCO E CRUZAMENTOS
PARENTESCO:
- Quando indivíduos possuem pelo menos um ascendente em comum. 
- Expressa o quanto os animais são semelhantes entre si. 
· Coeficiente (grau) de parentesco: probabilidade de dois indivíduos apresentarem genes iguais, por serem advindos de um mesmo gene, presente em um ascendente comum.
- Grau de parentesco entre pai e filho: 50%
Rxy = Ʃ(0,5)n, em que:
R = grau de parentesco entre indivíduos
	x = indivíduo 1
	y = indivíduo 2
	Ʃ = somatória (quando há mais de um ascendente em comum)
n = número de gerações
Cada “setinha” indica uma geração. 
A é mãe de X e Y. 
ENDOGAMIA OU CONSANGUINIDADE:
- União de indivíduos com certo grau de parentesco. 
- Diminui cada vez mais a heterose dos animais. 
- Tipo de acasalamento em que se utilizam animais consanguíneos. 
- Utilizar o mesmo macho reprodutor aumenta a ocorrência de consanguinidade. 
Exemplo: o pai cruza com a mãe, com a filha, com a neta, com a bisneta, e etc. 
· Coeficiente de consanguinidade: metade do grau de parentesco entre os pais.
- 0,25/2= 0,125 = Estima-se que o animal possui 12,5% alelos em homozigose a mais que a média da população, por ter ascendente parentes.
No mercado, o coeficiente de consanguinidade aceitável é de até 11%, porém o ideal é até 6%. 
· Vantagens da consanguinidade:
- Aumento da homozigose.
- Seleção eficiente (eliminação dos piores).
- Formação de linhagens consanguíneas distintas, que podem ser posteriormente acasaladas.
- Fixação de características desejáveis.
Exemplos de alterações patológicas causadas por consanguinidade
Agnatia, acondroplasia, lábio leporino, desvio lateral de mandíbula, entre outros. 
Geralmente são alterações incompatíveis com a vida. 
· Desvantagens da consanguinidade:
- Redução da fertilidade.
- Redução da sobrevivência.
- Redução do tamanho da leitegada.
- Redução da produção de leite.
HETEROSE:
- Vigor híbrido. 
- “Choque de sangue”. 
- Superioridade média dos filhos em relação à média dos pais.
- Consegue-se níveis mais altos de heterose em características de baixa herdabilidade (fertilidade, sobrevivência).
- Oposta à endogamia. 
- Consiste no acasalamento entre indivíduos diferentes geneticamente. 
- A inserção de genética diferente no rebanho garante o aumento da heterose. 
- ↓ heterozigose; ↓ heterose. 
· Fatores que afetam a heterose:
Níveis de heterozigose
Distância genética entre os envolvidos
Frequências gênicas na população
Características de interesse e suas relações com o ambiente
· Grau de heterose: 
Média dos pais = média da mãe X média do pai / 2 
Um animal meio sangue possui mais heterose que um animal 5/8. 
O resultado significará que o filho é tantos por cento superior que os pais, em relação à alguma característica. 
Exemplo: Suponha que vacas Angus (AN) com peso médio de 170 kg ao desmame são acasaladas com touros Charolês (CH) com média de 190 kg ao desmame. Se os terneiros ANCH pesarem 200 kg ao desmame, qual
o grau de heterose?
CRUZAMENTOS:
 - Os cruzamentos são realizados com a finalidade de reunir em um só animal as características desejáveis de duas ou mais raças, assim como explorar a heterose que é observada na maioria das características de importância econômica. 
- Acasalamento entre animais da mesma espécie, porém de raças diferentes. 
Exemplo: cruzamento industrial entre bovinos da raça Angus e Nelore. 
Hibridação
Acasalamento entre animais de espécies diferentes. 
Exemplo: tigres X leões (ligres); zebra X cavalo. 
OBS: teoricamente todos os híbridos são inférteis, porém em casos de mutação podem ser férteis. 
Jumento X égua = mula ou burro
Cavalo x jumenta = bardoto (macho ou fêmea) 
OBS: há sim casos de mulas férteis. 
Os cruzamentos servem para buscar animais mais adequados ao ambiente. 
Angus X Nelore: alta produtividade, suculência e adaptabilidade
Pit bull x Husky = força, beleza e resistência
· Objetivos do cruzamento:
Produção de heterose. 
Explorar variação genética entre as raças
Complementariedade
Formação de raças sintéticas
- Formação de raças sintéticas:
A raça sintética deve ser formada por 3/8 de uma raça + 5/8 de outra raça que seja obrigatoriamente europeia (taurina). 
· CRUZAMENTO CONTÍNUO – ABSORVENTE
- Tem como objetivo a substituição de raças. 
- É uma forma de se obter animais puros por cruza (PC). 
- Envolve apenas duas raças: a que se quer substituir e a raça melhoradora.
Exemplo: cruzamento entre vaca criolla e touro Angus, em que a porcentagem de material genético do Angus aumenta cada vez mais com a ocorrência de cruzamentos. 
· CRUZAMENTO SIMPLES – INDUSTRIAL
- A população de interesse (produtiva) é a F1, ou seja, a progênie é utilizada para produção.
- Exploração comercial da heterose. 
- Para reprodução, deve-se adquirir novos animais.
- Nesse cruzamento, a finalidade não são reprodutores, e sim produtores.
- ↑ heterose → acasalamento entre linhagens bem diferentes.
- Mantém-se os reprodutores puros (endogâmicos).
Exemplo:
· CRUZAMENTO ROTACIONAL – ALTERNATIVO
- Possibilidade de gerar animais Tricross (cruzamento triplo). 
- Consiste em colocar a progênie do cruzamento para acasalar com outra raça.
· CRUZAMENTO ROTACIONAL – SIMPLES
- É aquele em que a raça do pai é alternada a cada geração. Pode ser de duas ou mais raças. Neste caso, é importante que as raças sejam semelhantes para algumas características como tamanho corporal e produção de leite. 
- O Girolando é resultado do acasalamento entre 5/8 Holandês ou 3/8 Gir X 5/8 Holandês ou 3/8 Gir. 
O puro sintético deve ser acasalado com puros sintéticos, ou com graus de sangue que sejam meios para se chegar ao puro sintético. 
Como escolher qual cruzamento usar?
- Número de vacas disponíveis
- Disponibilidade de pastagem
- Disponibilidade de mão de obra
- Facilidade do uso de biotecnologias da reprodução
- Mercado que se pretende atender
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
- Não existe o melhor sistema de cruzamento, e sim o mais adequado para cada situação.
- Sempre analisar o efeito da seleção.
- Nos sistemas de acasalamento, o número efetivo da população é fundamental para manter o controle da consanguinidade.