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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DA CIDADE “Z” MARTA, estado civil, profissão, inscrita sob o CPF nº e RG nº, com endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua..., por seus advogados que estes subscrevem, conforme procuração anexa vem, respeitosamente a presença do Juízo, com fulcro no art. 1.767 e seguintes do Código Civil c/c art. 747 e seguintes do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE INTERDIÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de JOANA, viúva, profissão, inscrita sob CPF nº e RG nº, com endereço eletrônico residente e domiciliada na Rua , no Bairro “X”, da cidade “Z”, nos termos a seguir alinhados: I. OS FATOS A interditanda, viúva, senhora idosa, de 90 (noventa anos), reside atualmente com sua filha, ora autora, a qual lhe presta toda a assistência material necessária. Ocorre que, em virtude da idade avançada, a interditanda vem sido acometida por diversas limitações mentais, necessitando do auxílio de sua filha para lhe dar banho, alimentos, bem como ministrar os vários remédios que controlam sua depressão, mal de Alzheimer e outras patologias psíquicas, conforme relatórios médicos anexado nos autos. Nessa seara, a interditanda não possui mais condições de exercer pessoalmente os atos da vida civil e a pensão previdenciária que recebe é fundamental para cobrir as despesas com medicamentos, ficando as demais despesas suportadas pela autora. Todavia, recentemente, chegou à sua residência, uma correspondência do INSS comunicando que a interditanda deveria comparecer ao posto da autarquia mais próximo para recadastramento e retirada de novo cartão de benefício previdenciário, sob pena de ser suspenso o pagamento. Assim, a autora, por meio dessa ação, vem a fim de evitar a supressão da pensão, regularizar a interdição de sua mãe mediante o estabelecimento da curatela, haja vista que necessária administração dos bens de sua mãe, bem como realizar o procedimento junto ao INSS. Posto isto, a fim de cumprir com o requisito determinado pelo art. 750, do CPC, junta aos autos, laudo médicos que comprovam a incapacidade da interditanda. II. DA PRELIMINAR II. I. DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO - PESSOA IDOSA Dentre as prerrogativas legais, nos termos o art. 71 da lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), a prioridade na tramitação abrange os processos e procedimentos e na execução dos atos, diligência judicial, em qualquer instância, vê-se: Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. Assim, conforme infere-se do artigo supracitado, a interditanda faz jus a prioridade de tramitação, haja vista ser pessoa idosa, possuindo mais de sessenta anos de idade. No mesmo sentido, cediço que o art. 1.048 do CPC, estabelece que tenham prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais em que figurem como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Ante o exposto, requer a parte autora que o processo tramite com prioridade, com fulcro nos arts. 71 da Lei nº. 10.741/03 c/c O art. 1.048 do CPC. II. II. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A autora não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, se junta declaração de hipossuficiência. Por tais razões, requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV, bem como art. 98 do CPC. II. III. DA NECESSIDADE DO COMPARECIMENTO PESSOAL NO LOCAL DA INTERDITANDA Conforme preconiza o art. 751 do CPC: “O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas” Destarte, a interditanda não possui condições físicas de comparecer presencialmente em juízo, devendo incidir o § 1º do mesmo artigo, que irá prever: Art. 751 - § 1º Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver. Posto isto, nos termos do art. 751, § 1º do CPC, requer o comparecimento presencial do juízo no local da interditanda. DO DIREITO III. I. INCAPACIDADE DA INTERDITANDA E DA NECESSÁRIA CURATELA Ab initio, o Código Civil em seu art. 3º e art. 4º estabelecem a quem se recai a incapacidade, absoluta ou relativa, para o exercício dos atos da vida civil. Nesse sentido, do art. 1.767 ao art. 1.783 do Código Civil são estabelecidos as regras da curatela. Art. 1.767 - Estão sujeitos a curatela: I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (...) Assim, tendo em vista as graves limitações sofridas pela interditanda, que necessita da ajuda de sua filha, ora autora, para as mais variadas necessidades cotidianas justificam a interdição que é uma medida que se impõe para proteger a incapaz. Ora Excelência, a idade avançada impede a interditanda de tomar condutas inclusive de administração de bens, o que demonstra a importância da interdição. Nesse sentido, entende o TJMG: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - INTERDIÇÃO - PESSOA IDOSA ACOMETIDA DE ALZHEIMER - EXTREMA INCAPACIDADE - CURATELA PARA TODOS OS ATOS DA VIDA CIVIL - COMPATIBILIDADE COM O ESTATUTO PROTETIVO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA - OBSERVÂNCIA DA PROPORCIONALIDADE - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - RECURSO NÃO PROVIDO. - A Lei n. 13.146/2015 (Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência), ao alterar a Teoria das Incapacidades, incluiu as pessoas que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir a sua vontade na categoria dos relativamente incapazes, resguardando, contudo, o instituto da curatela, conquanto não mais na forma como anteriormente previsto. - Malgrado tenha sido expressamente estabelecida pela Lei n. 13.145/2015 a natureza "extraordinária" da curatela, inclusive limitando-a aos direitos de natureza patrimonial e negocial, a observância da busca pela concretização do direito à autodeterminação deve ser compatibilizada com as possibilidades reais ostentadas pelas pessoas com deficiência. - Em casos excepcionais, a restrição ao exercício da curatela apenas aos atos de natureza negocial e patrimonial pode colocar a pessoa com deficiência em situação de vulnerabilidade - e abandono - não compatível com o primado da dignidade da pessoa humana que buscou o Estatuto Protetivo implementar. - O estabelecimento da curatela para todos os atos da vida civil mostra-se adequado à situação de extrema incapacidade - embora relativa - vivenciada pela interditada, havendo de ser, portanto, mantida. - Recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.18.042700-7/001, Relator(a): Des.(a) Corrêa Junior , 6ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 24/07/2018, publicação da súmula em 01/08/2018) Ainda, data venia, a autora é filha da interditanda, sendo, portanto, parte legítima para a conduta, nos termos do art. 747 ao art. 758 do CPC. Por esses motivos, visando o direito à proteção do interditando, requer sua devida interdição e a nomeação da autora como sua curadora. III. II. DA TUTELA DE URGÊNCIA Conforme dispõe o CPC, a tutela de urgência será concedida quando se ''houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.'' (art. 300, CPC). No presente caso, data venia, Excelência, o direito invocado está evidente na necessidade da interditanda de interdição, haja vista suas limitaçõespsíquicas e físicas ocasionadas pelo avanço da idade. Todos os documentos que instruem a inicial são legítimos e comprovam a necessidade. Não obstante, o perigo de dano está consubstanciado na incapacidade da autora em realizar determinados negócios jurídicos em decorrência do fato, inviabilizando o exercício dos mais variados atos da vida civil, inclusive a manutenção de seu benefício previdenciário, que demanda comparecimento presencial para sua não interrupção. Assim, é de lídima justiça a concessão de antecipação de tutela (art. 300, § 1º, CPC) para conceder à autora a curatela da interditanda. DOS PEDIDOS a) a concessão de antecipação de tutela, nomeando-se a autora curadora provisória; b) a prioridade na tramitação do processo por ser a interditanda pessoa idosa; c) a concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do CPC; d) o comparecimento pessoal do Juízo no local onde se encontra a interditanda, nos termos do art. 751, § 1º do CPC; e) no mérito, a decretação da interdição e a nomeação da autora como curadora definitiva; f) a intimação do Ministério Público para atuação como fiscal da lei; g) requer a produção de provas por todos os meios em direito admitidos, em especial a prova pericial. Dá a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para fins de alçada. Pede deferimento, Cidade, dia de mês de ano. Advogada OAB EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DA CIDADE “Z”
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